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Artigo

MÚSICA: HISTÓRIA E CULTURA Por Marília Luana Pinheiro de Paiva

Resumo: Este artigo busca discutir o objeto música enquanto uma produção artística e cultural. Compreende a sua historicidade e seus aspectos técnicos, mas, sobretudo trata a música como um elemento social e histórico. A música é técnica é linguagem, cenário performance. A música permeia os espaços da sociedade e subjetividade, marca a vida das pessoas. Ela está presente nos momentos pessoais, nas festas religiosas e profanas. Nesse sentido o presente artigo procura pontuar essas questões subjetivas e históricas compreendendo a música no tempo e espaço no Brasil. A música é uma filha do seu tempo, traz consigo marcas culturais e também integra o cenário histórico. Palavras-chave: Música, História e subjetividade. Abstract: This paper discusses the object music as an artistic and cultural production. It comprises its historicity and its technical aspects, but above all treats the music as a social and historical element. Music is art is language, setting performance. Music permeates the spaces of society and subjectivity, marks the lives of people. It is present in personal moments, religious and secular parties. In this sense the present article tries to score these subjective and historical issues including the music in time and space in Brazil. Music is a child of its time, it brings cultural brands and also integrates the historical setting. Keywords: Music, History and subjectivity

A

música é formada por um conjunto de

Schafer chama a atenção para a textura de uma

materiais que se diferencia de ruídos,

composição

musical

que

é

definida

pelos

como os sons incidentes, como a buzina

instrumentos que estão sendo tocados em certo

de um carro, por exemplo. “Schopenhauer disse

momento,

que a sensibilidade do homem para a música varia

importância de observar os sons do nosso dia-a-dia

inversamente de acordo com a quantidade de ruído

(quase tudo tem um som). É importante que

com a qual é capaz de conviver”. O ruído seria

sejamos capazes de identificar aquilo que o autor

aquilo que não tem a intenção de ser música,

define como ruído, sendo qualquer som que

barulhos que interferem naquilo que queremos

interfira naquilo que queremos ouvir em nossa

ouvir. (SCHAFER, 1992, p. 52).

volta. O autor comenta: “Para o homem sensível aos

assim

como

também

levanta a

sons, o mundo está repleto de ruídos” (Schafer,


G N A R U S | 62 1992, p. 69). Schaufer discorre que silêncio é a

configuração única, na qual há mensagens e letras

ausência de sons e que tem um papel importante na

tão expressivas como vagas. Estas despertam em

música, seguido por espaços de tempo em suas

cada momento percepções e reações diferentes,

composições, assim como em dias atuais o silêncio

bem como interpretações distintas. Excitam

é tão apreciado devido a grande poluição sonora

diversas

emergente. O timbre é peculiar do objeto, é a sua

correspondem a aspectos muitas vezes políticos,

qualidade, que o identifica, e a partir do timbre

sociais e históricos.

conseguimos distinguir um instrumento de outro. A melodia é o fluxo do som, tendo diferentes frequências, podendo haver qualquer combinação, é visível e representada por gráficos e desenhos, ou seja, uma linguagem. A amplitude, segundo o autor, se refere ao som e a sua proporção. Essa variante pode ser usada em música como um recurso expressivo. A textura produzida pela conversação de melodias é designada como contraponto. As melodias contrários,

possuem já

o

movimentos

oblíquos

contraponto

pode

e ser

manifestações

e

imaginação,

que

“Então por que se arraigou a ideia de que há algo de peculiarmente inexprimível na música? A explicação pode não estar na música, mas em nós mesmos. A partir de meados do século XIX, as plateias se acostumaram a adotar a música como uma espécie de religião secular ou política espiritual, investindo-a com mensagens tão urgentes quantas vagas. As sinfonias de Beethoven prometem liberdade política e pessoal; as óperas de Wagner inflamam a imaginação de poetas e demagogos; os balés de Stravinsky liberam energias primais; os Beatles incitam uma revolta contra antigos costumes sociais. Em qualquer momento da história, existem alguns compositores e músicos criativos que parecem deter os segredos da época.” (ROSS, 2011, p. 12)

compreendido como elementos opostos, mas que se articulam e não retiram a pureza do discurso. Já

A música, além se seus acordes, melodias, ritmos,

o ritmo é dividido em regulares e irregulares, que se

harmonia, também é formada em sua maioria por

perduram durante o decorrer do tempo. O autor

letras, palavras cantadas formando um discurso

exemplifica como o movimento dos dedos que

articulado. As letras das canções expressam ideias,

aproxima tensões rítmicas; o estalar os dedos e a

comportamentos e representações, documentando

associação a movimentos corporais. (SCHAUFER,

a seu modo as questões vividas de seu tempo

1992 p. 74)

histórico. Ross (2010, p. 19) ressalta:

Solano Ribeiro (2003, p. 18) ressalta que a música é uma obra de arte, dotada de códigos e símbolos, com a intenção de comunicar, podendo alterar o comportamento e até a visão de mundo daquele de seus receptores. Enquanto Bennett (1986, p.12),

“A música pode ser grande e séria, mas grandeza e seriedade não são suas características definidoras. Ela também pode ser estúpida, vulgar e insana. Os compositores são artistas, não colunistas de etiqueta; eles têm o direito de expressar qualquer emoção, qualquer estado mental.”

outro crítico da música, define que a música é formada por melodia, harmonia, ritmo, timbre, tessitura e letra.

As músicas possuem um cunho subjetivo, e que está ligado com aquilo que o compositor cria, obras

Ross tem um posicionamento diferente dos

com varias tradições de execução. “[...] Ela abrange

demais críticos abordados, pois aponta que há

o alto, o baixo, o imperial, o clandestino, a dança, a

muito de subjetivo nas músicas. Cada música

oração, o silêncio, o ruído.” (ROSS, 2010, p. 21). A

assume um papel e explica-se com uma


G N A R U S | 63 música é uma arte de elementos e gestos e imensas

temporalidade característica da música é que faz configurar o sentir. O sentir é tempo e não espaço. “Uma pintura não se realiza senão no movimento, na temporalidade que a anima; um poema é tempo em sua emotividade (ou na sua estrutura). A música é apenas tempo: por isso, o mais alto nível de uma emotividade que se faz razão tanto na medida em que é absorvida, memorizada, ou radicalizada, como no estágio em que sugere um phatos que pode ser determinada historicamente.” (WISNIK, 2004, p.16)

Wisnik define música, segundo a passagem, como a forma mais elevada de expressão de um sentimento passional e racional. Outro elemento que se entra na música é o ethos. O pathos musical pode conduzir o ethos, logo o pathos também é o

ethos. Nesse sentido cultural, Geertz conceitua o dimensões.

que venha a ser o ethos: o tom, caráter e qualidade

Wisnik (2004, p.15) e Ross (2011, p. 12) levantam

de sua vida, modo de ser, disposições morais e

a subjetividade como traço presente nas músicas,

estéticas, que está ligado as concepções que temos

assim como a sensibilidade que suscita em cada

da vida, ligado à subjetividade de cada indivíduo e

uma delas. O “sentir” é fortemente marcado nas

à cultura de cada sociedade. (GEERTZ, 2008, p. 66)

músicas, como em nenhuma outra arte, afirma

Para Richard Wagner, ou para os nacionalistas

Wisnik, sendo ela envolvente. Esse autor também

brasileiros isso foi fundamental. Confirma a

compartilha da ideia de que a música está atrelada

possibilidade de uma espacialização da música,

a concepções de cada época da histórica, o que

tornando-a co-participoante, da vida, do real na

Ross (2010, p. 19) também salienta em seu conceito

sua espacialidade, na sua temporalidade histórica e

de música, pois destaca que compositores e

sobrepunha a todo o resto a questão do “ethos”.

músicos transmitem os elementos e características

Wisnik aponta que a música nacionalista é mais

de cada época, com seus traços e segmentos.

“encarnada” considerando alguns nomes principais

Wisnik ainda aponta a racionalidade existente no Wolfgang Amadeus Mozart

desse cenário nacionalista como: Carlos Gomes,

rococó, na música de Mozart. Bethoven afirmou

musicalidade que transmite um ethos próprio, no

certa vez que a música dizia mais que a filosofia,

caso um ethos nacional específico devido à

pois é certo que o pathos1 de uma época está

localização em um tempo e espaço de um país.

presente mais na música do que em quaisquer

(WISNIK, 2004, p. 16)

Nepomuceno e Villa-Lobos fazem parte de uma

outras manifestações artísticas e intelectuais. A

Pathos para Aristóteles significa paixão, aquilo que move e impulsiona o homem para a ação (práxis). Nas dimensões das paixões estão presente sensações acompanhadas de dor ou de 1

prazer. Pode ser considerada como mecanismo que guia o agir humano, estando relacionado com a moral e a virtude. (ALMEIDA, 2007, p. 32).


G N A R U S | 64 A música está associada à cultura, ou pelos valores que transmite, ou por ser passada de gerações a gerações, pelo seu próprio texto, sua origem, e dentre tantos outros elementos que está presente em cada canção. A cultura, como aponta Geertz, é vasta e se refere a uma série de significados transmitidos historicamente, repassados através de símbolos, sendo um padrão de concepções construídas no tempo, que vão sendo incorporadas, herdadas e expressadas de forma simbólica na comunicação. O significado, o símbolo e a comunicação são elementos pensados de forma indissociáveis no campo cultural. (GEERTZ, 2008, p. 66).

investigando as expressões indentitárias sobre a geração dos anos 80 e seus temas correlatos. Vinci de Moraes qualifica a música como um objeto cultural produzido e partilhado por diversos grupos e culturas; ela é um elemento presente no contexto social, repleta de suas contradições e tensões, mediante a qual os agentes sociais, em suas relações coletivas e individuais, reconstroem através dos sons segmentos da sua realidade social e cultural. (MORAES, 1997, p. 212) A música, segundo Napolitano, não é apenas boa para se ouvir, mas boa para se pensar. Por exemplo, o que nós chamamos de música popular, e que particularmente chamamos de canção, é um

Vinci de Moraes (1997, p. 211) aponta: “[...] Porque a música, além do seu estado de imateridade, atinge os sentidos do receptor, estando, portanto, fundamentalmente no universo da sensibilidade. Por se tratar de um material marcado por objetivos essencialmente estéticos e artísticos, destinado à fruição pessoal e/coletiva, a canção também assume inevitavelmente a singularidade e características especiais próprias do autor e do seu universo cultural.”

Os compositores, assim como todos os artistas, são filhos do seu próprio tempo e espaço; as músicas (letra e música) são assim frutos da história e dos próprios hábitos e ideologias que permeiam a sociedade e a cultura em um determinado período histórico. De um ponto de vista político, a música pode ter uma característica tanto engajada como alienada e sem nenhum sentido, como pode ser problematizadora

e

politizada,

transmitindo

anseios e insatisfações de determinados grupos, classes ou segmentos sociais. Da mesma forma há diferentes estilos de músicas como, por exemplo, que vai deste o samba ao rock. É neste último estilo que pretendo me ater a uma série de músicas de rock brasileiro com letras de cunho político e social,

produto histórico do século XX. (NAPOLITANO, 2002, p.8) Já Tiago de Oliveira Pinto (2001, p. 223) define que “Música é manifestação de crenças, de identidades, é universal quanto à sua existência e importância em qualquer que seja a sociedade. Ao mesmo tempo é singular e de difícil tradução quando apresentada fora de seu contexto ou de seu meio cultural.”

A música tem a função de comunicar, através da sua linguagem, suas letras e seus códigos. O que faz dela grande propagadora de culturas, crenças e um conjunto de ideias presente no seu tempo, afirmando-se como produto identitário de um grupo ou segmento social, de uma classe, de um povo, expressando valores e fragmentos históricos da realidade vivida por produtores e receptores. Em suma, a música pode ser considerada uma forma de comunicação, dotada de símbolos e signos atrelados à cultura, ao tempo e ao espaço, à história de uma coletividade. Em outros termos, as músicas são fontes de representações culturais do seu tempo, como também um meio de interação social e de comunicação entre indivíduos e grupos. Conforme Oliveira Pinto (2001, p. 223),


G N A R U S | 65 “Na realidade música raras vezes apenas é uma organização sonora no decorrer de limitado espaço de tempo. É som e movimento num sentido lato (seja este ligado à produção musical ou então à dança) e está quase sempre com estreita conexão com outras formas de cultura expressiva.”

considerada como uma forma de comportamento, que não se restringe apenas a eventos musicais, teatrais, mas que perduram em muitos domínios da vida social. Paul

A música permeia os espaços da sociedade e marca a vida das pessoas, de forma subjetiva; ela está presente nos momentos pessoais, nas festas religiosas e profanas. Também possui valor comercial, um produto popularmente acessível através das mídias. Essas características fazem dela um objeto pertinente de investigação e estudo.

Zumthor

(2007)

argumenta

que

a

performance está ligada a valores. Exemplifica com a sua própria experiência na infância ao relatar da época de 1930: nas ruas de Paris, era comum estar sempre cercado por grandes cantores de rua. Zumthor era espectador e ouvinte das canções de rua; mas a pergunta que o inquietava era: o que percebíamos dessas canções? Além da melodia, havia um texto, o espetáculo e o homem este que

Há um campo de saber interdisciplinar que se

vendia as canções ao final passando o seu chapéu.

debruça sobre o estudo do som e da sonoridade que

Também havia o grupo: a plateia que comprava,

The

assim como também havia o cenário em volta, o dia

Anthropology of Music de 1964, o antropólogo

e as nuvens, tudo isso fazia parte da canção. Era a

Alan P. Merrian formulou uma “teoria da

canção. (ZUMTHOR, 2007, p. 27)

se

chama

etnomusicologia.

No

livro

etnomusicologia”, na qual ele define música como um instrumento de interação social feita por especialistas, os produtores, e destinada a outras pessoas,

os

receptores.

A

música

é

um

comportamento compreendido em que sons são organizados, permitindo uma maneira simbólica de comunicação entre o individual e o coletivo. (Apud OLIVEIRA PINTO, 2001, 224) Portanto, a música está inserida em uma cultura, expressando a cultura de grupos sociais, suas peculiaridades e valores transmitidos entre as gerações. Já o estudo da performance musical compreende a música como um processo e não como um produto. Um processo que permeia as estruturas para além dos aspectos

O que constituí a canção, além de todos os seus aspectos em torno, é também o cenário e a forma, não sendo fixos e nem estáveis. Para estes pesquisadores da perfomance, o objeto de estudo é uma manifestação cultural lúdica, seja a canção, o conto, a dança, o rito. Para estes pesquisadores a performance é o alvo central no estudo da comunicação oral. Performance implica em uma presença e uma conduta, é uma ordem de valores presentes em um corpo vivo. Zumthor (2007, p. 37) A performance refere se a realização de um material tradicional conhecido como tal, traduzo performance é reconhecimento. A performance realiza, concretiza, faz passar algo que conheço, da virtualidade a atualidade.

sonoros e que possui um significado social; referese a ações musicais, conjunção e função dentro de uma comunidade, com sentido processual de um acontecimento cultural. Segundo Oliveira Pinto (2001, p. 228), citando Schechner, a performance envolve aspectos étnicos e interculturais, históricas e históricas, estéticas e rituais, políticas e sociais. É

É na performance que também encontramos a ritualização do sagrado; a análise dos rituais contribui para a construção de uma etnografia da performance, estruturada no tempo e espaço da cultura. (PINTO, 2001, p. 230)


G N A R U S | 66 Tendo em vista que a música é um produto

ser lembrada na civilização homérica como

cultural expressivo de uma identidade, dotado

memória e poesia cantada, com a construção de um

muitas vezes de um discurso de cunho ideológico,

saber

ela se caracteriza como símbolo e representação

possíveis em várias culturas de tradições orais.

presentes na sociedade. É o caso das culturas

(ASSIS et. al., 2009, p. 8)

nacionais. Segundo o crítico cultural Stuart Hall, “As culturas nacionais são compostas não apenas por instituições culturais, mas também de símbolos e representações. Uma cultura nacional é um discurso, um modo de construir sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos.“ (HALL, 2011, p. 50).

mito-poético.

Encontram-se

analogias

Na Europa, as estruturas das relações com a sociedade medieval e suas formas históricas de estrutura do feudalismo e as formas de se relacionar, com a passagem entrando em um novo quadro de vida urbana sobre o regime de relações da produção pré-capitalista, que eliminava o interesse do coletivo em prol de um interesse

No século XIX se constituiu a musicologia como

particular, assim se manifestaria também no campo

disciplina acadêmica. O estudo da música

cultural. Os cantos e danças do mundo rural se

atualmente compreende várias ciências, algumas

configuram a constituir as manifestações coletivas,

ligadas ao fazer artístico musical e outras ao modo

enquanto que a musica urbana se constituía em

específico de se relacionar com o objeto musical. A

expressar a canção solo, apenas o individual,

música “não é matéria dócil, isto é, não se deixa

inserido em um mundo burguês (TINHORÃO, 2005,

manejar facilmente para se encaixar em objetivos e

p.18)

intenções pré-determinadas”. A música não é totalmente transparente. Ainda autores afirmam:

A música é uma manifestação onipresente na cultura brasileira. José Ramos Tinhorão trata da

“A música se transformou, não é exatamente um deserto à espera de conquistadores que já trazem consigo suas próprias verdades; pelo contrário, é o terreno onde vicejam certos mistérios da condição humana, exigindo daquele que chega o cuidado e a gravidade de quem deve colocar a si mesmo em questão.” (ASSIS, et al. 2009, p.8)

música popular brasileira inserida como uma luta

Ao visualizar a história e a música no mesmo

também a cultura, e a substituição do campo pela

patamar, entendemos que a história está atrelada a

cidade, assim até os mesmos instrumentos como no

uma dinâmica temporal, relacionada com o homem

campo a viola, na cidade seria substituída por novos

e as suas ações no tempo. A música é vista como um

instrumentos que configurava uma nova fase da

fenômeno universal, como a linguagem, estando

música popular. (TINHORÃO, 2005, p.27)

de classes e que a música popular urbana se constitui em um estado de dominação, o que está ligado ao desenvolvimento no Brasil. A urbanização crescia e da mesma medida se tornou individual

presente em todas as culturas e em todas as épocas.

O advento do rádio, veículo de difusão e

Elas estão compartilhadas com a mesma afinidade

transmissão sonora das músicas, nos trouxe a

em relação ao tempo. E poderíamos dizer que

percepção e ampliação da sensibilidade e da

música é história no sentido da reprodução da

imaginação. Diferentemente da apresentação

relação com o homem; ela é temporal na mesma

apenas da imagem, a música, por si só, nos permite

medida em que é um fenômeno criado pelo

uma interação com a possibilidade de imaginação e

homem. A relação da história com a música pode

interpretação, assim como o livro que provoca uma


G N A R U S | 67 interpretação e uma divagação a cada leitor. Até

Brasil,

quando a história de um livro é transformada em um

contextualizada no final do século XIX e começo do

filme, é corriqueiro ouvir relatos que o livro é

XX, relacionada ao crescimento da urbanização e

melhor, pois o livro permite que o leitor vá além do

das classes médias e populares. A emergência de

que lhe é dado e seja criativo em sua percepção

uma nova estrutura capitalista ocasionou o

(RIBEIRO, 2002, p. 22) E assim também a música.

interesse por certo tipo de música, ligada a este

Os povos africanos contribuíram na música com o gesto, aspecto básico da sua música e dança; é através da expressão corporal que constituem a sua cultura. Foi no campo do trabalho escravo que a música e o ritmo se fortaleceram, à medida que era marcado pela busca pela “amenização” do sofrimento com o trabalho escravo. Musicalmente, a contribuição do negro vem com o gesto, que muitas vezes se funde com o ritmo. (WISNIK, 2004, p. 45)

a

origem

da música

popular

está

meio cultural urbano. A música popular se fortaleceu por meio de uma peça instrumental ou cantada, a partir de partitura e do fonograma. Uma função social significativa que a música sempre desempenhou é a dança, reuniões coletivas desde as danças de salões, aos famosos arrasta-pés, passando pelas tradições familiares e casas noturnas, a música popular foi alimentada pelas danças de salão. Napolitano acredita que para se pensar a música

Nas cartas em que alguns estrangeiros se referem às danças dos escravos do século passado a tônica é sempre a mesma “a incidência do gesto”, ou antes, a estranheza do gesto insólito advindo do próprio sistema de produção do escravo. A música “civilizada” tinha naturalmente de se chocar com uma manifestação que de um certo modo era denunciadora: representava na forma maneirada da música do branco a realidade do trabalho escravo.(WISNISK, 2004, p. 45)

Na música assim como na dança dos escravos, o gesto conotava de forma mais transparente a sexualidade em torno de cada ritmo, o que diferenciava e chocava os brancos a priori; suas manifestações

eram

mais

expressivas

corporalmente, enquanto na dança dos brancos era marcada pela sublimação. No século XIX, com o fim da escravidão e com a libertação dos escravos, ampliaram-se as possibilidades de manifestações e abriram-se os salões para a música de origem negra.

popular, devido as suas ramificações, é preciso pensá-la como um todo, não de maneira isolada, separando o erudito e o popular. É preciso não cair na

hierarquização

e

nem

na

dicotomia,

compreendendo que a música popular possui suas especificidades e suas tensões, e precisa ser analisada dentro do seu âmbito musical como um ramo da música ativa, viva e não derivada, conforme a sua realidade histórica e social. (NAPOLITANO, 2002, p. 9) O mesmo autor ainda salienta que a produção musical brasileira do século XX difundiu várias novas sociabilidades, vindas da urbanização,

da

modernização,

expressando

valores nacionalistas no Brasil, assim como conflitos sociais. Portanto, produzindo e disseminando sentido ideológico e estético em suas canções. As expressões são visíveis através de suas letras significativas, as quais muitas trazem uma série de valores,

discursos

e

representações.

Sendo

A música popular urbana reúne uma vasta gama

produtos de uma situação histórica, ela assume um

de elementos musicais, poéticos e performáticos da

papel não apenas para ouvir, mas também para

música erudita e folclórica (dança camponesa,

refletir. Conforme aponta Napolitano (2002, p. 5).

narrativas orais, música religiosa, entre outras). No

A música é boa para pensar.


G N A R U S | 68 “[...] a música tem sido, ao menos em boa parte do século XX, a tradutora dos nossos dilemas nacionais e veículo de nossas utopias sociais. Para completar, ela conseguiu ao menos nos últimos quarenta anos, atingir um grau de reconhecimento cultural que encontra poucos paralelos no mundo ocidental. Portanto, arrisco dizer que o Brasil, sem dúvida uma das grandes usinas sonoras do planeta, é um lugar privilegiado não apenas para ouvir música, mas também para pensar a música.” (NAPOLITANO, 2002, p. 5)

no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Assim como a Casa Edison, houve outras empresas fonográficas como a Casa Faulhaber, a Brazil-Grand Record, a Savério Leonetti, a Popular, a Phoenix e as americanas Victor e Columbia. Porém, nenhuma delas conseguiu se fortalecer no mercado: a Casa Edison já tinha conquistado o espaço. Entre 1902, data da criação da empresa fonográfica, até 1927

A introdução do disco no Brasil se inicia no começo do século XX, mais precisamente no ano de 1902; Os jornais da época vincularam a notícia que foi considerada a maior novidade da época. Os jornais Gazeta de Notícias, o Jornal do Brasil e o

foram lançados cerca de 7 mil discos, grande parte com os selos Odeon. Acervo este que se mantém e se caracteriza como um valoroso documento para se estudar a produção musical da época. (SEVERIANO, 2013, p.59)

Correio da Manhã anunciavam a chegada na Casa

O artigo sonoro industrial comercial, ou seja, a

Edison, de chapas para gramofones e zonophones.

música popular brasileira, passou a acompanhar o

Essas chapas somavam 228 e era o primeiro

Brasil desde o começo do século XX, juntamente

catálogo de discos brasileiros, gravados na própria

com o lançamento de produtos musicais nacionais

Casa Edison e prensados em Berlim pela

em concorrência com os produtos internacionais e

Internacional Zonophone Co. Os discos registravam

até o final do século XIX a única forma que se

as modinhas, lundus, tangos, valsas, em grande

comercializava a música popular era através da

parte interpretadas na voz dos cantores chamados

venda de partituras para piano, no qual

Bahiano e Cadete. Entre as músicas estavam

compreendia uma serie de interesses limitados aos

grandes sucessos da época como “As laranjas da

do autor, aos editores e a fabricantes de

Sabina”, “Perdão, Emília”, “O gondoleiro do amor”

instrumentos musicais. Porém, com o aparecimento

e o lundu “ Isto é bom”. (SEVERIANO, 2013, p. 58)

das gravações primeiramente em cilindros, depois

Assim se criava a base da nossa indústria

em forma de discos, a produção e o acesso à música

fonográfica, na cidade do Rio de Janeiro, seis anos

popular se ampliaram, tanto no meio artístico

após a entrada dos discos no Brasil. Frederico

quanto

Figner, proprietário da Casa Edison, foi o primeiro a

profissionalização

investir nesse meio, das vendas das gravações da

participação de instrumentos como orquestras,

música brasileira. (SEVERIANO, 2013, p.59)

bandas e conjuntos, houve o aparecimento das

Esse investimento foi um pulo certeiro, pois a sua empresa dominou durante 30 anos o mercado

no

industrial. dos

Assim,

cantores,

com

a

uma maior

fábricas sonoras. Com a reprodução mecânica da música,

fonográfico no Brasil. Mais tarde Figner substituiu

aumentaram

as marcas de seus discos de Zon-O-Phone pela

expandiram-se as condições de reprodução

marca Odeon em 1904 (ano em que foi criada na

material da arte; o cinema mudo ganhou o som, a

Alemanha). A Casa Edison fortaleceu a sua

rádio possibilitou ouvir as musicas dos discos à

hegemonia a partir de 1913. Sua fábrica se situava

distância, a televisão juntou o som e a imagem, e

as

pesquisas

tecnológicas,


G N A R U S | 69 gravação em fitas e em videotapes. A expansão da

tango argentino e do bolero mexicano que são de

indústria

origem europeias.

comercial

e

novas

condições de

possibilidades de expansão da expressão musical contribuiu com a música como forma de produto, pois o campo artístico da música acabou-se por reger-se a padrões estéticos ditados pelo mercado, ou seja, a música popular passou em sua produção a reger-se pelas leis do mercado (TINHORÃO, 2013, p. 260).

O campo musical popular desenvolvido nas Américas apontou para peculiaridades nacionais e regionais; constituiu formas musicais fundamentais para a expressão cultural das nacionalidades, em um processo de afirmação e construção de uma identidade e de suas bases étnicas. O século XX foi um momento histórico que estava em busca de uma

Fred Figner, produtor musical de grande renome

afirmação cultural e politica e da articulação da

do século XX recrutou uma serie de artistas para

sociedade de massa. Como já afirmado, a

gravações de discos, vários deles já vinham fazendo

concretização da música popular expressou novas

gravações em cilindros. Com a indústria comercial

sociabilidades e ganhou espaço devido aos

fonográfica criava-se uma nova classe: os cantores

processos de urbanização e industrialização.

de discos. Ou seja, nesse sentido a produção

Valores nacionalistas se foram reafirmados;

musical constituía a partir dos padrões das

surgiram novos espaços demográficos, assim como

indústrias e se vigorava um novo segmento da

novos conflitos sociais. A música popular foi alvo de

sociedade, o disco. (SEVERIANO, 2013, p. 60)

discussões, apropriações e apreciações, e atraía

Apesar da crítica negativa por parte de um grupo de críticos eruditos contra a música popular, cantada ou instrumental, esta ganhou o gosto das novas camadas urbanas, nas classes médias, nas classes

trabalhadoras

que

cresciam

significativamente com a expansão industrial do século. Porém, nas Américas incorporou-se estilos e formas musicais dos europeus, o ritmo, a sonoridade consonâncias

homofônica

das

harmônicas

cordas,

as

compuseram

os

compassos da experiência da musica popular. Mas

músicos bons e talentosos que se consolidou nas décadas 20 e 30 a “musica popular”. Tinhorão (2013) converge com Napolitano (2002) quanto às novas sociabilidades, urbanização

e fatores

tecnológicos e comerciais que possibilitaram a disseminação, repercussão e fortalecimento da música popular. Ambos apontam a importância da indústria fonográfica, a expansão da radiofonia comercial (no Brasil, 1931-1933), assim como fazem referência ao cinema sonoro (1928-1933). (NAPOLITANO, 2002, p.13)

nas classes populares não se firmava apenas um

Os primeiros cantores a gravar pela gravadora

padrão étnico de origem europeia; foram

Edison foram Manoel Pedro dos Santos, o Bahiano,

desenvolvidas e constituídas novas formas musicais

Manoel Evêncio da Costa Moreira e ainda Eduardo

de origem indígenas e negra, formadas a partir de

das Neves, o artista negro de maior sucesso do

tradições não europeias. O jazz norte americano, o

início do século XX. Foi este último que se destacou

son e a rumba cubana, o samba brasileiro, a cuenca

por

chilena

personagens da vida brasileira.

são

produtos

afro-americanos

que

absorveram técnicas europeias, diferentemente do

incorporar

em

suas

canções

fatos

e

Nesse contexto histórico do século XX, um grande evento modificou a estrutura cultural no Brasil, a


G N A R U S | 70 Semana da Arte Moderna, em 1922. A semana da

platônica, a proposta de Villa-Lobos era a difusão

arte moderna foi compreendida como uma

dos ideais nacionalistas por meio pela educação

manifestação coletiva pública, que pregava um

musical, que contribuía para a formação dos

espírito novo e moderno em oposição à cultura

sujeitos em sua composição cívica e moral.

conservadora e elitista. Foi realizado no Teatro

(AMATO, 2007, p.213)

Municipal de São Paulo, com a participação de vários artistas de diferentes áreas. Este evento foi

Em relação à produção cultural, o nacionalismo brasileiro buscou a sua articulação espelhando-se nos

países

desenvolvidos;

então

podemos

compreender que foi mais um processo de adaptação e equiparação no cenário cultural. Villa-Lobos e Magdalena Tagliaferro foram grandes

ícones

da

música

brasileira

que

contribuíram para a disseminação da cultura nacional no cenário internacional, ou seja, a internacionalização da música brasileira. Por meio de apresentações e organizações na Europa, onde tiveram

contato

com

grandes

músicos,

apresentaram seus trabalhos e assim ganharam experiências

que

contribuíram

para

o

enriquecimento da cultura do Brasil. No contexto pós 1930, Getúlio Vargas estava no um resultado de discussões já vindas desde 1910, e

poder. O fortalecimento do nacionalismo e do

que defendiam novas articulações da arte em torno

desenvolvimento econômico se consolidava cada

de novas abordagens e olhares.

vez mais, em razão de uma industrialização e do

O contexto dos anos XX foi marcado por uma onda nacionalista; destacou-se a músicas de Heitor Villa-Lobos, as Bachianas Brasileiras. A efetivação do movimento nacionalista se deu por volta de 1928, quando Mario de Andrade propôs um projeto nacional-erudito-popular considerando aspectos principais como o nacionalismo e contrastes folclóricos, sendo esses elementos indispensáveis

desenvolvimento econômico e cultural. A época de Vargas foi marcada por caraterísticas nacionalistas. O

presidente

efetivou

em

seu

mandato

principalmente frente aos sindicatos e direitos trabalhistas. Na cultura, o movimento nacionalismo caminhava do mesmo modo, com a valorização das expressões culturais internas. (FAUSTO, 1995, p. 333)

para o ingresso do artista na república musical

Uma história da música brasileira se tornou

nesse contexto. Essa onda nacionalista tinha a

recente no meio acadêmico a partir do século XX

intenção de fazer a composição erudita beber nas

devido a memorialistas, cronistas, jornalistas e

fontes populares, porém essa passagem do erudito

colecionadores que compuseram o quadro dos

ao popular teve suas barreiras. Sob uma ótica

primeiros

historiadores

da

música

popular

brasileira. José Geraldo Vinci de Moraes refere-se


G N A R U S | 71 aos pioneiros, em especial Mariza Lira e Almirante

A música perpassa gerações, e está presente

que colaboraram juntamente com lembranças e

destes tempos remotos, vem acompanhada de

registros para construir o acervo sobre a música

valores sociais, assim como demonstra um episódio

popular brasileira. (MORAES, 2010, p. 217)

que aconteceu com Themístocles em uma festa

Almirante, figura significativa no contexto dos anos de 1930 e 1960 no Brasil, tinha vários

grega ao se recusar a tocar harpa foi considerado um homem sem educação.

urbana, caracterizando uma espécie de memória da

A música foi de toda a arte que mais atingiu o seu apogeu, não obstante ter sido desde os tempos mais remotos a companheira inseparável do homem, na paz, na guerra, no lar, na dança, no trabalho, no teatro, etc. Houve um tempo em que, quando um homem não sabia cantar e tanger uma lyra ou uma harpa, era considerado sem educação e indigno da sociedade.(MELLO, 1908,p. 12)

música. O radialista Almirante ajudou na vinculação

Considerada a arte mais sociológica e a

programas de rádio, o que ajudava a disseminar a música popular, dentre eles o mais popular era

Curiosidades Músicais, programa transmitido pela rádio Nacional em 1938, que contribuiu para se firmar o conhecimento sobre a música popular

de

linguagem mais leal do sentimento humano e nesse

comunicação da época a partir de 1938. Assim

sentido que Schopenhauer argumenta sobre a

também valorizou os grandes artistas da música e

música: que através da música que nos deparamos

agregou valores ao campo cultural e social,

com o oculto do sentimento expresso pelas palavras

construindo e representando uma chamada “época

ou pela ação representada, revela a natureza e

de ouro”. (MORAES, 2010, p. 261) A música popular

verdadeira, a alma dos acontecimentos e dos fatos.

brasileira, consagrada a partir dos anos 30 e 40 com

Em diferentes partes do mundo a música é

Mário de Andrade e Gilberto Freyre, caminhava

distinta, não marcando uma homogeneização.

para uma arte mais nacional. (ABREU, 1997, p. 1)

Assim com a vinda dos jesuítas para o Brasil novos

Entre o século XIX e o século XX se trabalhou na

aspectos musicais também se estruturaram e uma

construção de uma identidade nacional musical,

miscigenação maior, a fusão do indígena,

definindo-a como um produto de mestiçagem de

português o africano e o espanhol. (ABREU, 1997,

índios, portugueses e negros, mas também se

p. 10)

das

músicas,

nos

importantes

meios

evidencia os traços e a impossibilidade de homogeneização da música popular.

As entonações musicais nacionalistas ecoaram principalmente na música de Villa-Lobos (1887-

Os povos indígenas, assim como os africanos e

1959), o qual teve o folclore como inspiração. As

europeus, contribuíram para a miscigenação da

Bachianas Brasileiras, a fusão do estilo de Bach e da

música popular. Os povos indígenas tinham não só

música folclórica. A efetivação do movimento

músicas de dança, mas também música de guerra,

nacionalista brasileiro foi em por volta de 1928 por

assim como músicas religiosas cantadas geralmente

Mario de Andrade quando propôs um projeto

em rituais e festas, assim descreviam os primeiros

nacional-erudito- popular para o país, colocando o

missionários que vieram para o Brasil. Os índios

alvo nacionalista sendo então condição essencial

tupinambás se destacavam na música com grande

para a entrada e a permanência do artistana

atuação em cantos.

república da música.


G N A R U S | 72 Foi a partir dos anos 60 que a música popular se fortaleceu não só como arte, mas como estudos acadêmicos. Ela nasce por volta no século XX com marcas e criticas, pois críticos acreditam que a musica popular não tinha uma identidade pois ela é influenciada pela música internacional, assim também permitia que qualquer compositor fizesse sucesso, era o que os críticos da música redutiva apontava, qualquer um poderia compor uma música, e também deteriorava o próprio ouvinte que ouvia essas músicas, que caracterizavam com formulas comerciais, nas quais restringia o compositor da liberdade de criação, assim era a principal critica feita pelos especialistas e adeptos da música erudita, assim apontavam ela rudimentar e repetitiva. Folcloristas e eruditos partilhavam da concepção que a música popular era decadente e não mantinha as heranças da música ocidental e suas formas que eram tanto apreciadas pela camada elitista da sociedade como as óperas, sinfonias, concertos. Também colocava em cheque a sua originalidade uma vez que se enquadrava em moldes comerciais, e da mesma maneira era composta

por

uma

mescla

de

tradições.

(NAPOLITANO, 2002, p. 10) Sobretudo compreendemos a música como é um elemento social que se manifesta através da

Referências ALMEIDA, Santana Juliana. O Estatuto das paixões segundo Aristóteles. Polymatheia- Revista de Filosofia, Fortaleza, Vol. III, N º 3, 2007, p.31-42 AMATO, Rita de Cássia Fucci, Vila-Lobos, Nacionalismo e Canto Orfeônio: Projetos Musicais e Educativos no Governo Vargas Revista HISTEDBR, Campinas n. 27, p 210-220, set 2007- ISSN: 1676-2584. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo; Editora da Universidade de São Paulo, 1995. GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio Janeiro: LTC, 2008 HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2011. MELLO, Guilherme Theodoro Pereira de. Música no Brasil. Desde os tempos coloniais ate o primeiro detemio da República: Typhographia de S. Joaquim, Bahia, 1908. MORAES, Jose Geraldo Vinci de; SALIBA, Elias Thomé (orgs. História e Música no Brasil. São Paulo: Alameda, 2010. MORAES, José Geraldo Vinci de. Metrópole em sinfoniahistória, cultura e música popular em São Paulo nos anos 30. Tese apresentada com exigência parcial para a obtenção de Doutor em História. Universidade Estadual de São Paulo, 1997. NAPOLITANO, Marcos. História & Música. História cultural da música popular. Autêntica: Belo Horizonte, 2002. PINTO Tiago de Oliveira. Som e Música. Questões de uma Antropologia Sonora. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 2001, V. 44 nº 1. SEVERIANO, Jairo. Uma história da música popular brasileira. Das origens a modernidade. São Paulo: Editora 34, 2013. RIBEIRO, Solano. Prepare seu Coração. A história dos grandes festivais. São Paulo: Geração Editorial, 2003.

linguagem, melodia e ritmo mas que sobretudo é

ROSS, Alex. Escuta só: do clássico ao pop. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

histórico e revê-la nas grandes contribuições

SCHAFER, Murray. R. O ouvido pensante. São Paulo: Fundação editora da UNESP, 1992.

históricas como sociais. A música é instrumento de socialização e instrumento de fonte do historiador para investigar os ditos e os não ditos no processo de subjetivação no tempo. Marília Luana Pinheiro de Paiva é Graduada em História, especialista em Metodologia no Ensino de Sociologia e Filosofia. Aplicadas UEPG e Mestre em Ciências Sociais.

TINHORÃO, José Ramos. História da música popular brasileira. São Paulo: Editora 34, 2010. ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. São Paulo: Cosac Naify, 2007 WINISK, José Miguel; SQUEFF, Enio. O Nacional e o popular. Na cultura brasileira. São Paulo; Editora Brasiliense, 2004.


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