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Artigo

ENCONTRO DE BOIS DE OLINDA – UMA TRADIÇÃO INVENTADA? Por Lucio Enrico Vieira Attia

Resumo: Este artigo é fruto de pesquisa realizada no Programa de Pós Graduação em Cultura e Territorialidades da Universidade Federal Fluminense. A dissertação teve como eixo central o conceito de “Culturas Viajantes” proposto por James Clifford. Refletiu sobre como as culturas se deslocam e se desdobram em outras práticas diferentes das anteriores ao descrever o “Encontro de Bois” que acontece toda noite de Quarta Feira de Cinzas em frente à casa de Dona Dá, na Rua da Boa Hora, no bairro do Varadouro, Sítio Histórico de Olinda, Pernambuco. Aqui neste texto apresento um dos aspectos da investigação que questionava se esta prática cultural seria uma tradição inventada, tendo como referencial o conceito cunhado por Eric Hobsbawn e Terence Ranger.

O

presente

artigo

a

preocupação de omitir “tropeções”, “confusões”,

construção da reflexão que buscou

“perdas” ou “surpresas de viagem”. Em “tom”

responder

o

dialógico, esta “obra aberta” intenciona abrir uma

“Encontro de Bois de Olinda” uma tradição

conversa. Caso você sinta vontade, entre em

inventada? O texto ressalta o caráter processual do

contato pelo e-mail lucioenrico@hotmail.com para

questionamento; e certo de que não somos pastas,

que possamos continuar nossa comunicação.

ao

visa

problema:

relatar seria

arquivos físicos ou digitais separados, onde tentamos classificar as coisas e o tempo1, trarei nele meu relato vivido na aprendizagem cotidiana articulando experiências e fontes bibliográficas, na tentativa de dar concretude e sentido às questões apresentadas.

Ciente

da

complexidade

das

categorias com as quais tenho que lidar nesse campo 1

desenvolverei

o

trabalho

sem

a

Esta imagem faz referência à descrição utilizada por Stela Guedes Caputo ao concluir sua pesquisa de doutorado relatada

Tenho alguns motivos pelos quais resolvi escrever este texto. Um deles se deve à sensação de que, por inúmeras vezes, parece-me que diversos autores [de diferentes campos do saber] têm utilizado o conceito de invenção das tradições sem o devido zelo. Em minha opinião, embora ele tenha sentido

no livro “Educação nos terreiros e como a escola se relaciona com as crianças de Candomblé”. Editora Pallas. 2012.


G N A R U S | 46 amplo, Hobsbawn e Ranger o criam com contornos

que talvez não se tratasse disso. A “pá de cal” foi

bem definidos; contudo, vejo há anos textos que

lançada quando, já “balançado” sobre a utilização

utilizam esta concepção sem caracterizá-la em sua

do conceito, passei a entrevistar os interlocutores

plenitude, “diminuindo” o pensamento e a

da pesquisa. Afinal, nada melhor que o “campo”

“ajustando” de tal forma elástica, que ela passa a

para “derrubar” qualquer elucubração abstrata. Em

dar conta de qualquer acontecimento no âmbito

todo caso, por via das dúvidas, levei à questão à

cultural. Como se, a partir do momento em que o

banca de qualificação - da qual duas historiadoras

livro foi publicado, para falar de tradição, fosse

participaram - e decidimos; juntos, não utilizar este

necessário “pagar pedágio”. Nesta lógica basta

pensamento.

dizer a senha: “toda tradição é inventada” e assim toda elaboração intelectual acerca da categoria tradição se dá por “sacramentada”. Só que não. No contexto do autor ela define um olhar específico dentro de um contexto que discutirei mais à diante. Mas este é apenas um dos porquês. Outro motivo é que eu mesmo, durante a elaboração do então projeto de pesquisa, passei por esse “lugar” e apresentei a invenção das

tradições como questão chave para entender o

Imagine minha surpresa quando na banca de defesa outro historiador estranhou o fato de eu não ter utilizado a invenção das tradições! Ah, a academia... Este artigo surge desse cisma. Por todas as idas e vindas que o conceito passou na pesquisa, resolvi retornar ao livro e verificar se realmente não deixei escapar um ponto importante de análise. E assim, aqui estamos nós, neste artigo, “Encontro de Bois de Olinda – uma tradição inventada?” (CUIDADO:

“Encontro de Bois”. Naquele momento eu já

SPOILER A SEGUIR - SE NÃO DESEJA SABER O FIM

participava do “Encontro” por dez anos, em sete

DA

deles brinquei em um dos “bois”, nos três seguintes

TRAMA

PASSE

PARA

O

PRÓXIMO

PARÁGRAFO2). Uma flexão que poderia também

decidi mudar de posição e observar a festa como

chamar-se: “Porque não considero invenção das

um todo. Talvez pela influência das leituras que

tradições um conceito aplicável ao ‘Encontro de

outros autores e autoras fazem a respeito do conceito de Hobsbawn e Ranger às quais eu tinha acesso, talvez pela minha experiência em um dos grupos; o fato é que meu olhar se dirigia para buscar compreender a noite de Quarta de Cinzas na Rua da Boa Hora a partir desta questão. Quando iniciei de fato a pesquisa no Programa, passei a aprofundar minha leitura no livro e percebi A palavra spoiler é utilizada no campo das artes para avisar que no trecho seguinte haverá revelação de informação importante sobre o desfecho da obra podendo prejudicar sua apreciação pela primeira vez. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Spoiler_(m%C3%ADdia). Acesso em: 22 de junho de 2016. 3 Devido às restrições de espaço para escrever este artigo, optei por incluir nesta parte do texto uma brevíssima descrição do “Encontro”. Para uma narrativa mais detalhada, conferir na 2

Bois de Olinda’”. Sigamos com uma pequena descrição do “Encontro” 3: Ano após ano, em um crescimento contínuo, no estado

de

Pernambuco,

uma

prática

de

sociabilidade4 tem se firmado em uma data bastante esperada.

dissertação disponível em: https://www.academia.edu/19653870/ENCONTRO_DE_BOIS _DE_OLINDA_A_FESTA_DA_QUARTA_DE_CINZAS_%C3%89_ NA_CASA_DA_DONA_D%C3%81_Ponto_de_converg%C3%A Ancia_para_m%C3%BAltiplas_culturas_viajantes_ 4 Prática de sociabilidade aqui entendida como associação de indivíduos onde ocorrem trocas simbólicas. Segundo RESENDE (2001, p. 1), na teoria social, a noção de sociabilidade se refere geralmente a situações lúdicas em que há congraçamento e


G N A R U S | 47 Com o término oficial do Carnaval, toda Quarta-

Hora para visitar a moradora. Alguns levam

feira de Cinzas, por iniciativa própria, ao cair da

presentes a ela, que permanece em pé, os

noite, as ladeiras de Olinda recebem uma série de

recepcionando do começo ao fim da festa - que tem

brincantes5 e turistas provenientes de diferentes

durado cerca de 6 horas, em média. Interessante

manifestações populares e lugares (do país e do

ressaltar que antes da realização do “Encontro” a

mundo) para realizar o “Encontro de Bois6”, em

moradora não tinha relação específica com a

frente à casa de Dona Dá7.

brincadeira do “boi”.

Uma característica peculiar dos “bois” que vão até

Ao chegar à residência de Dona Dá, após o grupo

a casa da moradora é que, em geral, os

anterior finalizar sua brincadeira, o grupo seguinte

componentes dos grupos possuem outras funções

se instala em frente à moradora e tece seus versos

durante a Folia de Momo: são artistas que ocupam

dedicados à dona da casa, a fatos cotidianos e/ou

a cena nos palcos com grandes shows, que brincam

ao tempo que o grupo percorre sua via festiva.

nos terreiros – forma como são chamados os

Quando terminam, as lideranças dos “bois”

espaços onde ocorrem as

brincadeiras8;

ruas, por

recebem de Dona Dá, família, amigos e amigas

exemplo, ou ainda criadores que transitam pelos

ofertas de frutas diversas, vinho, cachaça, água, e o

dois campos. Na Quarta de Cinzas, todos se

troféu que sela o compromisso - e que a cada ano

encontram.

tem um formato e é confeccionado por um artista

O que todos os “bois” e “blocos” têm em comum,

diferente.

mesmo aqueles que não têm trajeto predefinido, é

Praticamente todo ano surge “boi” novo na

a convergência à Rua da Boa Hora e mais

brincadeira. Alguns se inspiram em tradições

especificamente à casa de Dona Dá. Neste sentido

presentes em outros ciclos comemorativos9, como

poderíamos dizer que os “bois” vão à Rua da Boa

o Ciclo Natalino ou o Junino, outros são compostos

confraternização entre as pessoas. A autora cita Aries (1981) para afirmar que este conceito refere-se a visitas, encontros e festas que envolvem trocas afetivas e comunicações sociais em que música e dança são elementos comuns, e a comensalidade aparece quase como uma obrigatoriedade. 5 Pessoa que participa de folias, folguedos e festas. Disponível em: http://www.cnfcp.gov.br/tesauro/00000190.htm Acesso em 28 de setembro de 2013. 6 As brincadeiras de “boi” podem ser encontradas em diversas regiões brasileiras e abrigam nesta categoria uma ampla gama de variantes. Segundo CAVALCANTI (2009, p.93) os folguedos do “boi” exigem intensa atividade corporal como o uso de fantasias, música e dança. Neles os grupos brincantes – cujas dimensões, indumentárias e formação característica diferem muito – reúnem-se para brincar em torno de um boi-artefato bailante. Vale dizer ainda que por “boi” entende-se tanto genericamente o festejo, quanto a representação plástica do animal [podendo ser feito com diferentes materiais] e o grupo de pessoas que se organiza em torno dela. (CARVALHO, L., 2009, p.115) [acréscimo nosso]. 7 Jodecilda Airola de Lima, popularmente conhecida como Dona Dá, atualmente com 78 anos, foi homenageada do Carnaval de Olinda em 2004. Primeira mulher a receber esta deferência. A escolha se deu mediante voto popular. Dona Dá atingiu a marca de 3.643 votos com o slogan “Carnaval sem Dona Dá não dá”. Mais informações em http://www.old.pernambuco.com/diario/2004/02/04/urbana 5_0.html. Em 2011 foi homenageada pelo boneco gigante mais

famoso do Carnaval de Olinda, o Homem da Meia Noite. Informações em http://unacomo.blogspot.com.br/2011/01/homem-da-meianoite-escolhe-hmenageados.html Ambos os acessos em 10 de maio de 2014. 8 Brincadeira é uma categoria muito comum nas expressões populares para expressar atividades que mesclam múltiplas interfaces do cotidiano. Conforme CARVALHO as motivações místicas e religiosas, por exemplo, não se chocam com as dimensões de lazer, jogo, diversão, teatro e festa, com a fartura de comidas e bebidas, e com os excessos de gozos corporais que reforçam o caráter lúdico das encenações populares. [...] [contudo] trata-se, pois de uma brincadeira levada a sério. [...] Os participantes se autodenominam brincantes. (CARVALHO, L., 2009, p.116) [inserção minha]. Tenderini reforça: “As brincadeiras são algo muito sério. Mas são também divertimento” (TENDERINI, 2003, p. 20). 9 O tempo cíclico. Aquele que, ao contrário do tempo cronológico - pautado pela sequência de anos que ocorrem sucessivamente e não retornam - vai e volta. É aquele que nos lembra de que “é época de...”. Tempo do eterno retorno. Aquele que marca nossos períodos festivos e orienta nossas práticas sociais cotidianas. De acordo com Barbero: O tempo cíclico é um tempo cujo eixo está na festa. As festas com sua repetição, ou melhor, com seu retorno balizam a temporalidade social [...] Cada estação, cada ano possui a organização de um ciclo em torno do tempo denso das festas, denso enquanto carregado pelo máximo de participação, de


G N A R U S | 48 por características de manifestações populares

refere-se, sobretudo, à apropriação e criação por

presentes no Ciclo Carnavalesco pernambucano, e

parte das elites/do Estado que busca, em meio às

há ainda grupos que nem “bois” são. Na noite da

mudanças de seu cotidiano, criar condições através

Quarta de Cinzas, a parte de cima da Rua da Boa

de práticas e rituais para alcançar uma estabilidade;

Hora é completamente tomada pelos brinquedos.

construindo ideologias legitimadoras de seus status por meio da difusão de práticas e rituais. O

Seria o “Encontro de Bois de Olinda” uma tradição

inventada?

Em seu livro, “A invenção das tradições”, Eric John Ernest Hobsbawn e Terence Osborn Ranger (2012), mostram como no contexto do Estado-Nação,

a

noção

de

tradição foi um importante elemento de estabilidade em sociedades que atravessaram um rápido e profundo processo de

Hobsbawn, na introdução do livro, afirma que “muitas vezes, ‘tradições’ que parecem ou são antigas,

são

bastante recentes, quando não são inventadas” (idem, ibidem, p.11).

O

diferentes tradições, consideradas muito antigas, foram criadas e são mantidas por estes atores sociais. Os textos apresentados nos capítulos seguintes ilustram esta teoria abordando a utilização das saias escocesas e da gaita de fole; os costumes pitorescos do País de Gales, os rituais de realeza da Monarquia britânica, a representação da autoridade na Índia Vitoriana, a

mudança.

consideradas

argumento principal do livro é demonstrar como

argumento

que

perpassa todo o livro é de que desde a Revolução Industrial, muitas vezes, foram criadas e desenvolvidas tradições por parte das elites nacionais a fim de justificar a existência e importância de suas nações. Neste sentido, as

tradições inventadas têm objetivos ideológicos e legitimadores de status nas sociedades de classes com a finalidade política de manter a ordem social. A primeira questão que ficou mais clara ao me reaproximar do texto, lendo finalmente todo o livro, e que desejo ressaltar aqui, foi que o conceito

vida coletiva. A festa não se constitui, contudo, por oposição à cotidianidade; é, antes, aquilo que renova seu sentido, como se a cotidianidade o desgastasse e periodicamente a festa viesse

invenção da tradição na África colonial e ainda a produção em massa de tradições. O termo “tradição inventada” inclui tanto as “tradições” realmente inventadas, construídas e formalmente institucionalizadas, quanto as que surgiram de maneira mais difícil de localizar num período limitado e determinado de tempo às vezes coisa de poucos anos apenas - e se estabeleceram com enorme rapidez. [...] Por “tradição inventada” entende-se um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácitas ou abertamente aceitas; tais práticas, de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente; uma continuidade em relação ao passado. Aliás, sempre que possível, tenta-se estabelecer continuidade com um passado histórico apropriado. [...] Em poucas palavras, elas são reações a situações novas que ou assumem a forma de referência a situações anteriores, ou estabelecem seu próprio passado através da repetição quase que obrigatória. É o contraste entre as constantes mudanças e inovações do mundo moderno e a tentativa de estruturar de maneira imutável e invariável ao menos alguns recarregá-lo novamente no sentido de pertencimento à comunidade. (MARTÍN-BARBERO, 2003, p. 136).


G N A R U S | 49 aspectos da vida social que torna a “invenção da tradição” um assunto tão interessante para os estudiosos da história contemporânea (idem, ibidem, p. 11-12).

“participa” do “Encontro”, não seu “ator” central, conforme olhar ao qual minha percepção se dirigira anteriormente. A Prefeitura de Olinda divulga o evento e, de vez em quando, oferece algum apoio à

Confabulando com os trechos acima temos os

festa. Sem nenhuma influência ou intervenção

primeiros motivos pelos quais não considero o

específica permanente. Posso afirmar que a noite

“Encontro de Bois” uma tradição inventada.

de Quarta de Cinzas, na Rua da Boa Hora continua

Trata-se de uma prática cultural criada e mantida pelos interlocutores da pesquisa. Neste sentido não se refere a uma criação por parte das elites/do Estado com a finalidade de legitimar seu status por meio da difusão de práticas e rituais. O “Encontro de Bois de Olinda” inclusive, nunca foi pensado,

sem estar formalmente institucionalizada no sentido de vinculada ou dependente do poder público para acontecer. Muito pelo contrário, essa forma de autogestão é considerada por grande parte dos interlocutores um dos pontos fortes de sua realização.

deliberado, planejado. Ele aconteceu. É fruto do

Outro ponto de discordância é que embora

entrecruzamento entre o desejo de moradores da

existam muitas histórias para a origem do que hoje

Rua da Boa Hora de homenagear blocos e troças

conhecemos como “Encontro de Bois de Olinda”, é

que passassem pela rua tocando no Carnaval, na

possível localizá-la no tempo. Sua data de origem, a

década de 1980, posteriormente acrescido do

depender de qual versão que será abordada, pode

desejo de artistas de manipular, recriar as práticas

ser situada em 1992, 1993, 1995, 1996, 1999 ou

culturais com as quais se identificavam, nos anos 90.

2000.

Conforme desenvolvi na dissertação, no caso do

Segundo Hobsbawn, um dos elementos de apoio

“Encontro de Bois” o que me parece ter acontecido

para a sustentação das tradições inventadas é a

foi a criação de um espaço de sociabilidade de livre

criação de rituais com a finalidade de reforçar sua

trânsito simbólico que é realizado por meio de um

existência. Como vimos, considero o ritual de

ritual lúdico-festivo que acontece anualmente na

visitação à casa de Dona Dá como momento ápice

noite de Quarta de Cinzas. Desta forma, outro

do “Encontro”; porém não acredito que este

motivo por que considero que a festa não se

aspecto seja suficiente para considerar o “Encontro

enquadra como tradição inventada é por não

de Bois” uma tradição inventada. Especificamente

acreditar haver sujeição, submissão de classe; pelo

no que diz respeito a esta questão [ainda que

contrário, penso haver a dissolução do status de

desejasse forçar para que a noite de Quarta de

nossa sociedade classista. Desde a primeira vez que

Cinzas na Rua da Boa Hora coubesse nesse

vi o “Encontro”, em 2003, percebo, de uma maneira

conceito], não percebo neste ritual a força de

geral nos brinquedos tanto cortadores de cana

prática imposta, aflitiva, que estão contidas nas

quanto universitários e artistas, crianças, jovens e

sentenças “visam inculcar certos valores e normas

idosos, brancos e negros, pessoas de ambos os sexos

de comportamento através da repetição, o que

e dos mais variados gêneros brincando reunidos.

implica, automaticamente; uma continuidade em

No âmbito da participação do Estado, conforme fui

relação ao passado” (idem, ibidem, p.11) ou ainda

realizando a pesquisa, percebi que ele é somente

“a invenção de tradições é essencialmente um

mais um dos atores dentre os interlocutores que


G N A R U S | 50 processo

ritualização,

Dona Dá e os moradores da Boa Hora estivessem

caracterizado por referir-se ao passado, mesmo que

buscando resgatar uma prática perdida visando

apenas pela imposição da repetição” (idem, ibidem,

continuidade em relação ao passado? Quem sabe

p. 15). No “Encontro de Bois” ocorre ritual, sim; por

estariam se utilizando desta memória para

adesão, acordo, consentimento, ligação. De acordo

legitimar este ritual? A vida não é tão simples.

com as entrevistas realizadas, ninguém participa

Quando fui buscar informações, a moradora não

desta noite obrigado ou visando algum retorno que

tinha mais elementos, só soube de “ouvir falar” e

não seja a alegria do reencontro e o prazer de

mesmo assim anos depois que o “Encontro” já era

brincar com seus amigos no fechamento do

realizado, por volta de 2011-2012, quando um novo

Carnaval. O que me parece acontecer é que

vizinho, que participara daquele “boi” - que

anualmente, na noite de Quarta de Cinzas, tanto a

posteriormente descobri ser da década de 70 -

moradora-símbolo do Carnaval de Olinda reafirma-

mudou-se para a rua. Esta história, inclusive é

se como madrinha dos “bois”, quanto estes

motivo de brincadeira entre os moradores.

brinquedos

de

formalização

comprometem-se,

e

a

partir

da

Apresento agora meu principal motivo do por que

apropriação de múltiplos elementos culturais, a

não considero o “Encontro de Bois” uma tradição

serem reconhecidos [e se reconhecerem entre si

inventada. Abro um diálogo entre tradição, no

neste local], mantendo a vitalidade do “Encontro de Bois”. Outro aspecto importante que Hobsbawn cita, inclusive, como mais interessante no caso de

invenção das tradições é “a utilização de elementos antigos na elaboração de novas tradições para fins bastante originais” (idem, ibidem, p. 17). Quando entrevistei Dona Dá pela primeira vez ela iniciou sua fala dizendo: “passou um ‘boi’ por aqui...”. Fiquei intrigado com esse “boi” que circulava por sua porta em algum momento do passado. Chamou-me atenção o fato de que ao mesmo tempo em que ela menciona esse momento anterior, Dona Dá estabelece em sua narrativa o início do “Encontro de Bois” no ano 2000. Fiquei

sentido que Hobsbawn a utiliza, e a forma pela qual tenho utilizado ao longo da vida. Para Hobsbawn: A “tradição” [...] deve ser nitidamente diferenciada do “costume”, vigente nas sociedades ditas “tradicionais”. O objetivo e a característica das “tradições”, inclusive das inventadas, é a invariabilidade. O passado real ou forjado a que elas se referem impõe práticas fixas (normalmente formalizadas), tais como a repetição. O “costume”, nas sociedades tradicionais, tem a dupla função de motor e volante. Não impede as inovações e pode mudar até certo ponto, embora evidentemente seja tolhido pela exigência de que deve parecer compatível ou idêntico ao precedente. Sua função é dar a qualquer mudança desejada (ou resistência à inovação) a sanção do precedente, continuidade histórica e direitos naturais conforme o expresso na história [...] O “costume” não pode se dar ao luxo de ser invariável, porque a vida não é assim nem mesmo nas sociedades tradicionais (idem, ibidem, p. 13).[grifos meus].

pensando se não haveria ligação entre estes “bois” de agora e mesmo ainda o troféu oferecido [que

Como

se

pode

perceber,

tradição,

para

também teve formato de “boi” no primeiro ano],

Hobsbawn, no âmbito da invenção das tradições,

com o “boi” anterior. Será que seria o caso do que

remete-nos

Hobsbawn afirma serem “reações a situações novas

fixação; ao passo que sua leitura de costume

que assumem a forma de referência a situações

relaciona-se com princípio estimulador. Sendo

anteriores [...] através da repetição quase que

assim, estabelece-se mais uma diferença entre as

obrigatória”? (idem, ibidem, p. 12) Quem sabe

propostas; pois na ótica com a qual tenho

à

cristalização,

invariabilidades,


G N A R U S | 51

trabalhado o conceito tradição, segundo diferentes

reiterada, transformada e atualizada. Tradição

autores IPHAN (2006), SODRÉ (1988), COUTINHO

relaciona-se a princípio não no sentido de origem,

(2002), TENDERINI (2013),10 a tradição é quem tem

início dos tempos, começo histórico, mas ao

a função de motor e volante. Desta forma, o que

impulso inaugural da força de continuidade do

para o autor é costume, em nossa leitura [minha e

grupo. Neste sentido, a tradição é vista como força

dos autores supracitados] é, na verdade, nossa

propulsora e não como um fardo; é manifestação

leitura da tradição. Explico melhor: na forma como

portadora de elementos dinamizadores da vida

tenho utilizado o conceito tradição quer dizer

cultural. É ação criadora do sujeito sobre as formas

“através do tempo”, esta, é constantemente

do passado. Processo pelo qual o homem, por meio

10

tanto origem como destino. (SODRÉ, 1988 apud CAPUTO, 2012, p. 117-118). Eduardo Coutinho distingue tradição de duas maneiras. Estas possuem implicações políticas distintas, correspondendo a diferentes práticas de reelaboração do passado e de interpretação da história. A visão metafísica da tradição, um conhecimento geral e abstrato, visa prolongar um passado no presente, conservando as relações sociais existentes, refletindo o conservadorismo dominante ao pensar a cultura como objeto, peça de coleção ou mercadoria; aproximando-se assim do tradicionalismo [e para mim, mais próxima da definição de invenção das tradições de Hobsbawn]. Já a visão dialética apresenta-se na prática e nos discursos libertários. É inspirada na teoria hegeliana que afirma que no universo tudo é movimento e transformação, e que as transformações das ideias determinam as transformações da matéria. Sob esta perspectiva, a tradição é vista como ação criadora do sujeito sobre as formas do passado. Um operador político capaz de refazer a história como patrimônio das camadas populares ao considerar o processo pelo qual o homem, por meio de sua práxis criadora, transforma ativamente a realidade cultural. (COUTINHO, 2005).

Segundo o IPHAN, tradição, tomada em seu sentido etimológico de “dizer através do tempo”, abarca as práticas produtivas, rituais e simbólicas que são constantemente reiteradas, transformadas e atualizadas, mantendo, para o grupo, um vínculo do presente com o seu passado. Fonte: Resolução 001, de 03 de agosto de 2006. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=690. Acesso em 31 de agosto de 2013. Muniz Sodré relaciona tradição a princípio; pois Arkhé, em grego, tem esse significado - não no sentido de origem, início dos tempos, começo histórico, mas “eterno impulso inaugural da força de continuidade do grupo”. Arkhé é também traduzido por tradição, transmissão da matriz simbólica do grupo. Neste sentido, a tradição não implica necessariamente a ideia de um passado imobilizado, passagem de conteúdos inalterados de uma geração para outra, implica antes, em uma ação plena, aberta para o estranho, o mistério, para todas as temporalidades e locais possíveis, sem obstruir transformações. Segundo o autor, toda mudança transformadora, toda revolução, ocorre no interior de uma tradição com o objetivo de retomar o livre fluxo das forças necessárias à continuidade do grupo. Sendo assim, Arkhé está no passado e no futuro, é


G N A R U S | 52 de sua prática criadora, transforma ativamente a

diversos aspectos - apesar das históricas condições

realidade cultural. Nesta leitura, o passado está

precárias de vida na qual sobrevivem os

vivo, acessível, e tem seu lugar. Podemos ir até ele

criadores/mantenedores destas tradições - elas

buscar o que nos serve hoje. Assim, o passado nem

seguem

mesmo é passado. Esse passado, do qual estou

especificamente um elo direto entre a criação do

falando, ao invés de nos “puxar pra trás”, nos“

“Encontro de Bois” e uma possível debilitação ou

empurra para frente” alimentando a tradição que é

destruição dos padrões sociais das anteriores. Ao

acionada positivamente e vista como um legado,

contrário, os atores sociais parecem circular entre

um testamento, um patrimônio; e o indivíduo, na

os dois universos. No “Boi Marinho11” - para citar

função de mediador, representa o elo ativo e

somente um dos muitos exemplos possíveis entre os

participante de uma cadeia de outros seres que o

grupos que participam do “Encontro”, o grupo

sucederam

o

brinca em Condado, na considerada “terra do

ultrapassarão no tempo e no espaço. A tradição

Cavalo Marinho” - segundo slogan da Prefeitura -

enfim, está aqui por que permanece viva, e continua

ao mesmo tempo em que componentes dos

viva por ainda fazer sentido no aqui e agora.

“Cavalos Marinhos” - que aprenderam a brincar

e

que

consequentemente

Outro aspecto que considero fazer com que o “Encontro de Bois” não se alinhe às proposições de Hobsbawn diz respeito ao motivo que o autor cita para a criação de novas tradições: Provavelmente, não há lugar nem tempo investigados pelos historiadores onde não haja ocorrido a “invenção” de tradições [...]. Contudo, espera-se que ela ocorra com mais frequência: quando uma transformação rápida da sociedade debilita ou destrói os padrões sociais para os quais as “velhas” tradições foram feitas, produzindo novos padrões com os quais essas tradições são incompatíveis. Quando as velhas tradições, juntamente com seus promotores e divulgadores institucionais, dão mostras de haver perdido grande parte da capacidade de adaptação e da flexibilidade; ou quando são eliminadas de outras formas. Em suma, inventam-se novas tradições quando ocorrem transformações suficientemente amplas e rápidas tanto do lado da demanda quanto da oferta. (idem, ibidem, p. 16) [grifos meus]

fortalecidas

não

parecendo

haver

junto às suas famílias – participam no “Boi Marinho” em Olinda. Parece que a brincadeira [no sentido do “Boi Marinho”] e a tradição [no sentido do Cavalo Marinho] dialogam entre si e tem claro que “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”, como se diz popularmente. Concordo com Hobsbawn ao acreditar que o aspecto mais interessante em sua teoria “é a utilização de elementos antigos na elaboração de novas tradições inventadas para fins bastante originais” (idem, ibidem, p. 17), neste sentido o “Encontro de Bois”, na figura dos vários “bois” participantes, claramente, conforme vimos, dialoga com as tradições precedentes. “Sempre se pode encontrar, no passado de qualquer sociedade, um amplo repertório destes elementos; e sempre há uma linguagem elaborada, composta de práticas e

Em minha opinião, as “tradições-base” que

comunicações simbólicas” (idem, ibidem, p. 18).

“alimentam” os diversos “bois” que participam do

Caminho junto ao autor quando ele afirma que “por

“Encontro” vão “muito bem, obrigado”. Sobre

outro lado, a força e a adaptabilidade das tradições

11

integra representação, música, dança e poesia. Mais informações em: http://www.recife.pe.gov.br/especiais/brincantes/8c.html. Acesso em 07 de setembro de 2013.

De Hélder Vasconcelos, “boi” que brinca no Carnaval com elementos do “Cavalo Marinho”, autopopular da Zona da Mata Norte de Pernambuco, de ocorrência predominantemente no Ciclo Natalino. A brincadeira costuma durar cerca de 8 horas e


G N A R U S | 53 genuínas não devem ser confundidas com a

acabei chegando às Culturas Viajantes, de James

‘invenção de tradições’. Não é necessário recuperar

Clifford e prossegui com ele até o fim.

nem inventar tradições quando os velhos usos ainda se conservam” (idem, ibidem, p. 20). Foi exatamente este aspecto que tentei “ilustrar” no parágrafo anterior.

E após a pergunta do historiador que participou de minha banca de defesa e que questionou o porquê d’eu não ter trabalhado o conceito, acabei colocando uma nota no texto final afirmando que

Para finalizar esta reflexão sobre se o “Encontro

optei por utilizar o termo “criação de uma tradição”

de Bois” se enquadraria; se caberia ser analisado no

e não “invenção de uma tradição” - embora aquele

âmbito do conceito12 de invenção das tradições,

não fosse o problema final da pesquisa - para

espero ter deixado claro que percebi mais

demarcar que não considero o “Encontro de Bois de

diferenças do que semelhanças entre o que os

Olinda” uma “tradição inventada” no sentido

autores propõem e a prática cultural que participo

desenvolvido por Hobsbawn e Ranger.

e me dediquei a estudar. De acordo com minha “leitura”, o “Encontro de Bois” não se encaixa nem no que poderíamos considerar, de acordo com a gramática Hobsbawniana, nem no campo das “tradições genuínas”; nem na sua definição de “tradição inventada”. Em síntese, no final das contas, em busca de um conceito que se adequasse à questão da dissertação

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Sobre o conceito, admito que tenho mesmo até dificuldade de encontrar no Brasil uma situação que exemplifique uma tradição inventada em nosso país. Talvez o Desfile Militar de 7 de Setembro para confirmar o Estado Democrático de Direito, com as forças armadas subordinadas à Presidência da República; ou, para ficar no campo das “culturas Populares” a contribuição de Mário de Andrade à narrativa sobre nosso Estado-Nação a partir das manifestações populares tradicionais. Sobre este caso, a categoria folclore ocupou lugar estratégico na proposta nacional-cultural de Mário de Andrade ao tentar aliar a busca do Modernismo às raízes culturais brasileiras. Mais informações em: http://www.centrocultural.sp.gov.br/Colecoes_Missao_de_Pes quisa_Folclorica.html . Acesso em 29 de agosto de 2013. Livros bastante conhecidos do autor são: “O turista aprendiz” e “As danças dramáticas do Brasil”. Segundo ARAGÃO (2011) os ideais de Mário de Andrade inspiraram o Movimento Folclórico, que ganharia peso por volta da década de 40 ganhando força ao criar, conforme recomendações da UNESCO, suas Comissões Estaduais. (VILHENA, apud ARAGÃO, 2010 p.2) Disponível em: http://www.encontro2010.rj.anpuh.org/resources/anais/8/12 78679105_ARQUIVO_ArtigoAnpuhRio.pdf Acesso em 03 de setembro de 2013. Cf. VILHENA, “Projeto e Missão: o movimento folclórico brasileiro (1947-1964)”. Disponível em: http://www.cnfcp.gov.br/interna.php?ID_Secao=100. Acesso em 03 de setembro de 2013. Sua interlocução com o Estado, por exemplo, produziu uma gama de práticas materiais e espaciais que criaram e reverberam até hoje em conhecimentos, histórias, tradições de pesquisa,

Acredito que se quiséssemos insistir na questão da tradição como categoria central para compreender o “Encontro de Bois” poderíamos pensar nele como um espaço de “criação de uma tradição”; afinal toda tradição começa de algum lugar. Estaríamos nós, ao contemplar o “Encontro de Bois de Olinda”, vivenciando o processo de criação de uma nova tradição? Já temos outra pesquisa...

comportamentos etc. Você já ouviu alguma vez uma história sobre o “auto do boi”: Catirina, grávida, com desejo de comer a língua do “boi” preferido de seu amo, faz com que Mateus [ou Pai Francisco, a depender da região] corte a língua do animal que padece até ser ressuscitado pelo Pajé ou outro personagem? Pois é, CAVALCANTI no seu texto “Tempo e narrativa nos folguedos do boi” (2009, p. 82) ao mencionar o trabalho de Luciana Carvalho, afirma que o “auto do boi” na verdade trata-se mais de uma “ilusão do auto”, por que, através de constatação etnográfica, este auto, em sua suposta integridade dramática parece nunca ter existido. A autora afirma que a relação do folguedo com as encenações dramáticas que eventualmente elabora não é a de obediência a um roteiro de um enredo pré-estabelecido tal qual nos faz pensar a farta bibliografia, entre elas, a de Mário de Andrade, contendo a insidiosa ideia de fundo: de que esses folguedos corresponderiam à encenação de um “auto do boi” apresentando a trama baseada na lenda da morte e ressurreição de um precioso boi a partir do desejo de uma negra grávida. Poderia citar também o olhar incisivo sobre o eminente desaparecimento das tradições populares, chamado por José Reginaldo Gonçalves de “retórica da perda”; afinal as tradições estão “morrendo” desde que a universidade começou a estudá-las. Cf.: A retórica da perda: os discursos do patrimônio cultural no Brasil. José Reginaldo Santos Gonçalves. Rio de Janeiro. ED. UFRJ/IPHAN. 1996. 156p.


G N A R U S | 54 Lucio Enrico Vieira Attia é Mestre em Cultura e Territorialidades pela Universidade Federal Fluminense. lucioenrico@hotmail.com

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como a escola se relaciona com crianças de Candomblé. Rio de Janeiro: Pallas, 2012. 296p.

CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro e. Tempo e narrativa nos folguedos de boi. In: CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro e (org): As festas e os dias: ritos e sociabilidades festivas. Rio de Janeiro: Contracapa. 2009, 28p. Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/inde x.php/rpcsoc/article/view/810. Acesso em 28 ago 2013. CENTRO NACIONAL DE FOLCLORE E CULTURA POPULAR. Tesauro_Brincante. Disponível em: http://www.cnfcp.gov.br/tesauro/00000190.ht m Acesso em 28 set 2013. COUTINHO, Eduardo Granja. Os sentidos da tradição in: PAIVA e BARBALHO, Raquel e Alexandre (orgs.). Comunicação e cultura das minorias. São Paulo: Paulus, 2005. Disponível em: http://www.pos.eco.ufrj.br/docentes/publicaco

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Bois é uma das pedidas da Quarta de Cinzas.

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Cavalo Marinho na fronteira traçada entre Brincadeira e Realidade. 98 f Dissertação (Pós-

Graduação em Antropologia) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Pernambuco. 2003. Disponível em: http://www.liber.ufpe.br/teses/arquivo/20031 222103007.pdf Acesso em 14 jun 2016.


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