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Artigo

RELENDO PAULO. REFLEXÕES METODOLÓGICAS PARA OS ESTUDOS PAULINOS. Por: Juliana B. Cavalcanti Resumo: O artigo visa prescrever alguns apontamentos sobre a importância de se estabelecer um diálogo transdisciplinar entre diferentes campos do saber (Teologia, História, Sociologia, Antropologia, Arqueologia, entre outras) nos estudos paulinos. De forma, a ampliar e repensar diferentes temáticas no interior deste campo. Possibilitando assim a formulação de uma interessante metodologia capaz de evitar leituras teleológicas e/ou distorcidas da documentação, permitindo ainda lê-la de forma plural e não monolítica. Em outras palavras, através da transdisciplinaridade é possível se pensar o texto dentro de seu contexto e seu Sitz in Leben (“lugar de vida”). Neste sentido, será importante nos ancorarmos nos trabalhos de John Dominic Crossan (1991, 1998) um importante teólogo e historiador que guiado pela percepção da relevância do caminho transdisciplinar propõe três níveis teórico-metodológicos para problematizar os palecristianismos de forma geral, são eles: microcósmico, mesocósmico e macrocósmico. Palavras-Chaves: Paulo, Crossan, Metodologia Abstract: The paper aim to speak about the importance of establish a transdisciplinary dialogue between different areas of knowing (Theology, History, Sociology, Anthropology, Archaeology, etc) in the Pauline’s studies. Making possible the formulation of an interesting methodology able of to avoid theological interpretations and/or distorted of documentation, allowing still to read of form plural and not monolithic. In other words, through of transdisciplinary is possible to known the text in of your context and your Sitz in Leben. In the respect, will be important the works of John Dominic Crossan (1991, 1998), a great theologian and historian that to see the relevancy of transdisciplinary camp propose three levels theoretical and methodological to problematize the Christianity of the general form, they are: microcosmic, mesocosmic, macrocosmic. KeyWords: Paul, Crossan, Methodology.


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E

m outro momento, ao falar sobre a

E estamos falando de discursos, mas se

historiografia dos estudos sobre mulheres

quiséssemos pensar o impacto de Paulo sobre o

em Paulo1, ponderei que a relevância dos

cinema e nas artes de uma forma geral igualmente

estudos sobre a personagem e toda a produção

não seria uma tarefa dolorosa de ser realizada até

existente sobre o mesmo se dá, em primeiro lugar,

que obtivéssemos resultados consideráveis. Robert

por talvez ser a figura mais importante na história

Jewett em “St. Paul at the Movies: The Apostle's

dos Cristianismos, sejam eles Católico, Protestante

Dialogue with American Culture” (1993) fez um

ou Evangélico, após Jesus. E, em segundo lugar, por

mapeamento do pensamento paulino ou ideias que

conta da série de títulos ou agremiações que o

são legadas a Paulo em dez filmes voltados a cultura

apóstolo vem recebendo ao longo dos séculos.

de massa. Demonstrando que estes filmes

Com um pouco de paciência podemos perceber

perpetuam um tipo de interpretação de Paulo que

as inúmeras referências, diretas ou indiretas, ao

contribui para a construção de uma sociedade que

nome de Paulo e não apenas em contexto religioso.

tem como um dos discursos de preservação e/ou

Ou melhor, sua relevância foi capaz de ultrapassar

manutenção das desigualdades e controle de

os muros dos ambientes religiosos e acabou se

produtos escassos a retórica religiosa ou divina, mas

tornando como parte de uma tradição ocidental. O

sem

que

apropriação.

acaba

tornando

completamente

deixar

claro,

evidentemente,

a

sua

compreensível a evocação de 2Tm 4: 7, uma fala

Contudo, há de se indagar se toda esta memória

atribuída a Paulo, nas últimas eleições presidenciais

acionada, direta ou indireta, de Paulo dialoga e/ou

no Brasil pelo então candidato do Partido da Social

condiz com o Paulo Histórico ou se todas estas

Democracia Brasileira (PSDB), Aécio Neves. A frase

referências são fruto da história da domesticação

empregada por ele em seu pronunciamento frente

do apóstolo. Para isto, se faz necessário buscar uma

à derrota na campanha eleitoral foi: “Combati o

metodologia capaz de levar em conta estas

bom combate, cumpri minha missão e guardei a

questões, de forma que possamos pensar se os usos

fé”.2

de Paulo condizem com a personagem histórica. E

Ou ainda lembrarmos uma série de teólogos que

mais se todos os textos atribuídos a ele são

produziram diferentes trabalhos entre as décadas

realmente seus ou se há produções que não

de 1920 e 1940, uma produção capaz de usar Paulo

condizem com o mesmo. Neste sentido, o presente

como a principal argumentação de que os judeus

artigo visa discutir uma metodologia para o Paulo

em sua essência eram maus e desvirtuantes das

Histórico.

normas e regras divinas, sendo o judaísmo-cristão apenas mais uma tentativa dos judeus de corromper com os ensinamentos de Jesus. O verdadeiro

Paulo ou Paulos? Explanações Metodológicas para os Estudos Paulinos.

cristianismo seria o gentílico pautado na tese de Paulo da justificação pela fé (ELLIOTT, 1998: 15-16;

A busca pelo Paulo Histórico tal como o do Jesus Histórico tem suas bases com o advento do

GERDMAR, 2009: 10-12). 1

O referente artigo é: CAVALCANTI, J. “Mulheres em Paulo. Observações metodológicas e um breve balanço historiográfico”. In: Fatos e Versões, 2014 (Prelo).

2

É possível conferir a fala completa do referido candidato a presidência da República do Brasil de 2014 em: http://www.psdb.org.br/aecio-neves-combati-o-bomcombate-cumpri-minha-missao-e-guardei-fe/


G N A R U S | 131 Iluminismo e foram intensificadas em meados à

mas também acabou por evocar a primordialidade

finais do século XIX com teorias darwinistas sobre o

de uma metodologia, principalmente no contexto

modelo ou a forma de se fazer ciência. E se a busca

pós-Segunda Guerra. Momento em que todas as

se entende dentro do campo do científico ou do

Ciências Humanas começam a serem revistas de

acadêmico, estamos querendo dizer que os estudos

forma a ponderar a necessidade da construção de

paulinos perpassam pelo crivo da razão, do lógico.

modelos teóricos que fossem capazes de se

Logo, a pesquisa delimita uma clara distinção entre

produzir conhecimento não associadas ao horror do

o Paulo dá fé e o Paulo dos centros acadêmicos ou

que foi a Segunda Guerra Mundial.

o Paulo Histórico. O que não significa dizer que não seja possível

O resultado disto foi, num primeiro momento, a percepção de que tanto Jesus quanto Paulo passavam por filtros de leitura ao logo do desenvolvimento dos respectivos estudos. O que fomentou a analogias e ao entendimento de que em ambos os casos era possível adotar o mesmo tratamento metodológico. Em outras palavras, ao se perceber que tal como Jesus a personagem Paulo também foi e é utilizada como uma projeção dos valores e concepções dos indivíduos e/ou grupos buscou-se num primeiro momento adotar um conjunto de critérios análogos ou muito próximo dos mesmos adotados para a pesquisa do Jesus Histórico, que são eles: (a) Dessemelhança: útil para distinguir as tendências das ‘tradições’ ou memórias

São Paulo (por Diego Velázquez)

cristãs forjadas para atender as demandas fruto de tensões entre comunidades ou

traçar paralelos entre estes dois tipos de Paulo,

lideranças rivais. Tendo a imagem do

muito pelo contrário a discussão aqui passa pelo

apóstolo como um meio de impor uma

campo metodológico. Ou melhor, na compreensão

verdade

do que é ciência e na necessidade de promulgar um

oficial/verdadeiro

modelo de estudo que seja capaz de remover todas

Estabelecendo assim que “a não ser que seja

as camadas temporais e discursivas até se chegar à

requerido claramente pelas cartas genuínas

camada mais dura de objeto de pesquisa: o Paulo

de Paulo, interpretações que assimilam o

do século I EC que teve uma experiência mística

pensamento e a práxis de Paulo aos

com o Jesus ressuscitado e que viajou e escreveu a

propósitos

comunidades distintas.

pseudopaulinas,

As diferentes fases da busca pelo Paulo Histórico acabaram trazendo novos olhares sobre o campo,

ou

um (Erhman,

ensinamento 2013:

reconhecidos devem-se

duvidosas” (Elliott, 1999: 117).

17).

das considerar


G N A R U S | 132 (b) Inteligibilidade Histórica: busca interpretar

reconhecemos que este primeiro modelo não só é

Paulo a partir de um ambiente judaico, onde

uma reposta consistente a virada dos estudos

interpretações ou leituras que implicam em

paulinos a partir dos anos 1950, bem como

suposição prévia de que o pensamento

apresenta aspectos positivos ao tentar criar

paulino era antijudaico devem-se considerar

elementos lógicos para o desenvolvimento da

duvidosas. Em outras palavras, leituras que

pesquisa.

busquem afirmar ou ler (1) o centro do

No entanto, eles não pensam ou não comportam

pensamento paulino como contra a lei

uma análise mais completa e/ou aprofundada do

(Torá), (2) a lei (Torá) para Paulo não tendo

contexto e do “lugar de vida” (sitz in leben) dos

mais peso ou significado prático ou (3) a

textos. Em suma, estes critérios tomam por vezes

literatura judaica não constituindo nenhuma

uma perspectiva muito mais teleológica do que

fonte para elucidar as cartas, segundo este

propriamente

critério devem ser desconsideradas ou

metodologia aplicadas às Ciências Sociais, onde a

colocadas em dúvida.

disciplina História se situa. E por tender a

dito

uma

teoria

e/ou

uma

(c) Inteligibilidade Retórica: visa respeitar o

desconsiderar corre o risco de acabar por

contexto das cartas de Paulo, entendendo

obscurecer determinadas questões ou anula a

que leituras que não trazem a concepção de

possibilidade de novas indagações sobre um

que Paulo não escreveu buscando persuadir

mesmo assunto.

os leitores e/ou ouvintes devem ser questionadas.

Neste sentido, se faz necessário recorrermos a outro modelo que abarque as questões deixadas de lado ou não consideradas pelo arquétipo de Meier.

Estes critérios apresentados por Meier (1992: 19-

Crossan (1991, 1998) propõe três níveis teórico-

23) em muitos sentidos nos parecem em parte

metodológicos para pensar os cristianismos

interessantes, já que eles oferecem bases para

originários3, são eles:

tentar problematizar o Jesus Histórico, os paleocristianismos, o Paulo Histórico, bem como toda a documentação a ele atribuída. Tais critérios, no entanto, apresentam também determinadas ‘deficiências’

e/ou

delimitações.

Em

outras

palavras, tais pressupostos disponibilizados por Meier são importantes para o estudo dos

(a)

Microcósmico.

Ele

está

ligado

à

documentação literária, uma análise dos textos sem o contexto, buscando perceber memórias ou ‘tradições’ formadas de e sobre Paulo levando em conta a datação dos mesmos.

cristianismos por apresentar ou tentar se apresentar

(b) Mesocósmico. Ele busca uma reconstrução

como um modelo científico e que entende que o

histórica do ambiente e do tempo em que

Jesus de século I EC não é o Jesus existente no

Paulo viveu; teríamos assim um estudo do

interior de igrejas e congregações. Assim sendo, 3

Os níveis foram num primeiro momento proposto em suas obras O Jesus Histórico (1991) e O nascimento do Cristianismo (1998). O intuito de Crossan era assim pensar as memórias de e sobre Jesus nos primeiros anos de cristianismo que se seguiram após a morte de Jesus e o momento anterior aos escritos de

Paulo em meados dos anos 50 do primeiro século da era comum. Ao se voltar à personagem Paulo, Crossan em seu livro Em busca de Paulo (2004) transporta estes níveis para os estudos paulinos.


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Conversão do procônsul Sérgio Paulo, de quem Saulo pode ter tomado emprestado o nome. Por Rafael, no Victoria and Albert Museum, em Londres. contexto sem os textos. Cabe aqui conhecer

(c) Macrocósmico. Ele envolve uma análise do

a realidade político-social, religiosa e

movimento paulino na perspectiva da

econômica da Bacia Mediterrânica nos

Antropologia Social e Cultural. Busca-se

séculos I e II EC. Uma realidade distinta da

reconstruir a dinâmica e a estrutura social

Palestina deste mesmo período, que estaria

que Paulo viveu. Um mundo norteado por

vivendo uma violenta tensão sociopolítica e

relações de honra e vergonha e patronato

econômica, em particular no campesinato

em grandes centros urbanos cosmopolitas,

judaico. Abrindo espaço para resistências

contando com uma intensa mobilidade de

judaicas entre elas de bandidos sociais,

pessoas e mercadorias, beneficiados pela

profetas e messias. O Mediterrâneo, por

integração estabelecida no Mediterrâneo

gozar neste mesmo período de uma maior

tanto por via marítima quanto terrestre, e

estabilidade

tendo consequentemente uma enorme

econômica,

e

integração

acabou

por

político-

conhecer

ou

florescer outras lógicas de organização religiosa.

circularidade cultural e de ideias. Estes níveis, especialmente o último, nos parecem interessantes, pois nos permitem traçar um


G N A R U S | 134 comparativismo construtivo, como diria Detienne

conceitos.

(2004: 9), para se pensar/problematizar os

metodologia transdisciplinar abrimos espaço em

documentos pertencentes ao estudo do Paulo

primeiro lugar para um ambiente plural de ideias e

Histórico. De forma que ao se admitir que não há

acima de tudo de autores que são entendidos como

um valor implícito para a construção do que pode

agentes de seu tempo e por isto mesmo a

ou nãoser ‘comparável’, passamos a ver todo o

documentação não é esgotável, pois a todo o

objeto não como algo exclusivo, particular ou

momento e a luz de novos olhares novas questões

isolado de um todo, mas como parte de vetores

irão emergir.

próprios da experiência humana: tempo e espaço. Ou

seja,

ampliam-se

as

bases

Em

outras

palavras,

com

uma

E é este caminho comparativista que devemos

teórico-

percorrer para apreender a busca pelo Paulo

metodológicas ao inserir percepções advindas de

Histórico. Sob este víeis poderemos dar respostas

diferentes campos, como da Antropologia, da

mais plausíveis sobre os rituais de iniciação e

Arqueologia e da Sociologia.

manutenção

nas

comunidades

paulinas,

ou

O que também implica dizer que o olhar sobre a

compreender todos os textos existentes no cânon

documentação também deve ser repensada, ou

cristão são realmente de Paulo ou não e quais as

melhor, a fonte não deve ser pensar como um

razões nos levam a delegá-los ou não como de

relato, mas como um inventário (VEYNE, 1983: 34).

Paulo e se não o são quais as razões para a produção

De forma, assim, a romper com a ideia de relato

de textos sendo atribuídos ao apóstolo. E mais do

contínuo. Relato contínuo este que é fruto da

que isto, nos indagar se tal postura era comum e

individualização dos acontecimentos pelo tempo

como era vista pelos contemporâneos da produção.

que acaba por impedir comparações. Uma vez que

Esta proposta metodológica vislumbra ainda

se compreende a documentação por inventário ao

perceber que o Paulo Histórico falou, pensou e

invés de relatos, o autor afirma que a história passa

escreveu a partir de uma herança cultural

a ser compreendida como a ciência que estuda os

compartilhada. Um ótimo exemplo disto está na

materiais humanos subsumidos nos conceitos. Em

historieta do corpo (1Cor 12:12-27), onde a igreja é

outras

das

comparada ao corpo humano. Destacam-se neste

comparáveis advém da análise que se faça das

ponto específico três aspectos: (a) o corpo seria

fontes. A priori, nada é incomparável. Pois

composto por uma multiplicidade de membros,

dependendo da perspectiva em que se compara,

onde cada um deles é diferente do outro,

podem aparecer ou não comparações. Já que como

desempenhando funções bem definidas; (b) a

diz

essencialmente

necessidade que cada uma das partes do corpo tem

comparativista. E a história se estabelece por

de se mutuamente para que o corpo na sua

intermédio das comparações que são feitas

inteireza possa sobreviver; e (c) tal como o corpo

constantemente.

humano é composto de diferentes partes e cada

palavras,

Veyne,

o

o

estabelecimento

homem

é

Assim sendo, ao admitir tal percepção teórico-

uma delas concorre para a manutenção do corpo,

metodológica compreende-se que o que é dito e

assim também a igreja deve superar as partes para

falado é fruto dos interesses do Cientista Social, em

que o todo sobressaia.

que a pesquisa é sempre materialmente escrita com

Sem esta metodologia transdisciplinar a análise

fatos e formalmente, com uma problemática e

final seria a exposta acima com a leitura de que a


G N A R U S | 135 fala de Paulo é original, uma invenção paulina e

elementos da personagem histórica, mas que ela

distante de qualquer possível diálogo com o seu

também esteve e está constantemente sujeita a

ambiente. Contudo, ao nos voltarmos para os textos

recriações e sob outras lentes de leitura que não

de dois analistas romanos, Dionísio de Halicarnaso

necessariamente atendem as propostas do apóstolo

e Tito Lívio, vislumbramos que essa história na

que viveu como um judeu no contexto político-

realidade

por

econômico e social da Bacia Mediterrânica de

inúmeras culturas mediterrânicas tocadas pela

século I EC. E a chave para a construção desta

civilização grega (CHEVITARESE, 2011: 83-87). Em

perspectiva sobre os estudos paulinos, está a nosso

outras palavras, o que se percebe é que a

ver, na adoção dos três níveis do historiador e

originalidade paulina não estava na historieta, mas

teólogo John Crossan.

era

amplamente

empregada

na forma em que foi empregada. Uma vez que, o apóstolo soube se valer de metáforas e analogias próprias de seu tempo para transmitir uma determinada

mensagem

e

Juliana B. Cavalcanti é Mestranda em História no PPGHC-IH/UFRJ, pesquisadora do Laboratório de História das Experiências Religiosas (LHER-IH/UFRJ).

garantindo,

consequentemente, que ela fosse compreendida por seus ouvintes e/ou leitores. Referências Bibliográficas. Conclusão. O Historiador italiano Carlo Ginzburg observa e tenta discutir em seu livro “Mitos, Emblemas, Sinais” (1982) a construção silenciosa de um novo modelo epistemológico a partir do final século XIX: o paradigma indiciário. Que pode ser facilmente traduzido pela comparação feita pelo mesmo, ele diz: “O conhecedor de arte é comparável ao detetive que descobre o autor do crime (do quadro) baseado em indícios imperceptíveis a maioria” (GINZBURG, 1982: 145). Com esta fala o autor nos sugere a documentação, independentemente de ser oral, escrita ou visual, deve ser pensada sempre dentro de um todo. Ou melhor, entender que o objeto está contido dentro de uma ampla e complexa rede e não como algo independente, desvinculado. E para isto se faz necessário imprimir uma lente nos pequenos detalhes sempre recorrendo a comparações ou paralelos com a macroestrutura em que se constituiu esta microestrutura. Garantindo assim, a interpretação de que é possível se acessar a

CAVALCANTI, J. “Mulheres em Paulo. Observações metodológicas e um breve balanço historiográfico”. In: Fatos e Versões, 2014 (Prelo). CHEVITARESE, A. Cristianismos. Questões e Debates Metodológicos. Rio de Janeiro: Kline, 2011. CROSSAN, J. O Jesus Histórico. A Vida de um Camponês Judeu do Mediterrâneo. Rio Janeiro: Imago, 1994. CROSSAN, J. O Nascimento do Cristianismo. São Paulo: Paulinas, 1998. CROSSAN, J. e REED, J. Em Busca de Paulo: Como o apóstolo de Jesus opôs o Reino de Deus ao Império Romano. São Paulo: Paulinas, 2007. DETTIENNE, M. Comparar o Incomparável. Aparecida: Letras e Ideias, 2004. ELLIOTT, N. Libertando Paulo. A justiça de Deus e a política do apóstolo. São Paulo: Paulus, 1998. EHRMAN, B. Quem escreveu a Bíblia? Por que os autores da Bíblia não são quem pensamos que são. Rio de Janeiro: Agir, 2013. GERDMAR, A. Roots of Theological Anti-Semitism. Leiden: Brill, 2009. GINZBURG, C. Mitos, Emblemas, Sinais. São Paulo: Companhia das Letras, 1986. JEWETT, R. St. Paul at the Movies: The Apostle's Dialogue with American Culture. Louisville: John Knox Press, 1993. MEIER, J. Um Judeu Marginal. Repensando o Jesus Histórico (vol. 3, livro 1). Rio de Janeiro: Imago, 1992.


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