O inovador

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O I n OVADOR

Histórias e excentricidades do Seu Bibi, Dr. Edem e Dr. Anderson

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IDOs DE 1800 IDOs DE 1800

Emílio Alves de Souza tinha um trapiche onde negociava algodão e outros produtos que vendia para o sul. Ele também comprava e guardava mercadorias no armazém do Trapiche. Até que um incêndio destruiu o armazém.

Acontece que o Sr Emílio, que primava pela honestidade, tinha um sócio. Como o armazém estava no seguro, após o incêndio,

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Ancestrais

esse sócio quis que o Sr Emílio dissesse que o armazém estava lotado de mercadorias, mas o Sr Emílio só queria declarar o que de fato havia lá. O sócio não gostou.

Passado algum tempo, o Sr Emílio foi chamado para um encontro de negócios no Rio de Janeiro, na Rua do Acre. Por não conhecer a cidade, acabou se atrasando. Era uma armadilha. Os amigos do Sr Emílio souberam e chamaram a polícia (os meganhas) e

MaceióBarcos

Porto de Maceió

os malfeitores fugiram. Depois desse episódio, Sr Emílio (meu avô) voltou para Maceió e continuou seu negócio. Então aconteceu sua morte natural e o Agenor (seu filho) assumiu o negócio aos 12 anos de idade. O Agenor (meu pai) nasceu em 2 de julho de 1900, na virada do século 19 para o século 20. Como não entendia muito de negócio, ele se encarregou do barco que levava e trazia as mercadorias dos navios. Ainda não havia porto e os navios ficavam no mar, durante o embarque e desembarque das mercadorias.

Agenor era o prático que conduzia o navio. Ele notou que o pessoal dos navios só falava inglês ou alemão, já que as economias mais fortes da época eram a Inglaterra e a Alemanha. Assim, o Agenor resolveu estudar inglês. Na época, apenas o padre ensinava inglês. Então, ele estudava com ele à noite. A igreja ficava bastante distante de sua casa e, como ele tinha medo, ficava com os tamancos na mão (não havia sapatos) e ia correndo para a igreja.

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Agenor

Por falar inglês, seu barco era sempre o escolhido. Assim, resolveu aprender também alemão. Com isso seu trabalho melhorou muito. Com os marujos, ele aprendeu a beber e a procurar mulher em um puteiro. Minha mãe Inêz e suas irmãs tiveram que segurá-lo até 1929 quando ele passou no concurso do Banco do Brasil. Assim, atravessamos o século e chegamos ao nascimento do Inovador. O ano foi marcado pela passagem do cometa riscando o céu e as estrelas inquietas se mexiam muito. Parecia uma festa para celebrar o nascimento do inovador. O seu nome de batismo é Edmilson Alves de Souza. Foi o 4º filho, o do meio dos sete irmãos. Pela ordem: Edson, Maria Tereza (Lita), Wilson, Edmilson, Nelson, Edna, Thompson e Agenor. Só

estão vivos a Maria Tereza e Edna (as mulheres vivem mais), seu Bibi (que teima em continuar a viver), Thompson e Agenor.

A parteira foi até nossa casa e meu pai assistiu ao parto. Às 9h30 do dia 9 de julho de 1933, a casa dos Alves de Souza estava em festa. Foi minha chegada ao meu ninho. O inovador começava sua escalada, seu despertar para a vida. Na casa dos Alves de Souza quando nascia uma criança vinha uma babá (Marina) e ficava em nossa casa até a criança fazer três anos. E lá estava sempre nascendo criança. Sete sobreviveram.

A visão do Inovador até os quatro anos era confusa. Era uma casa com muita gente: os pais, três irmãos e quatro empregadas. Com essa idade, meus irmãos me levaram no quartel para ver as cabeças cortadas de Lampião, Maria Bonita e Corisco.

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Cometa 1933 Cangaceiros capturados

sOBRE InFÂnCIA sOBRE InFÂnCIA

Assim, aos quatro anos acordei para a vida. A visão das cabeças de Lampião, Maria Bonita e Corisco, em cima de uns caixotes no quartel da polícia de Maceió, deixou os irmãos e amigos tristes, pois eles, do bando do cangaço, eram nossos heróis.

Entrou para o nosso bando, o Circo do Agenor, como era chamada a nossa casa: nossa família, quatro empregadas, casa própria e um carro de praça à nossa disposição, pois naquela época só havia carros importados e eram uma coisa rara.

O Seu Bibi era um comerciante nato. Ajudava seu pai (Agenor) em seus negócios – vendia e comprava arroz e outros produtos do sul e vendia os produtos da terra (coco, etc). O Seu Bibi ia a Great Western para levar uma espécie de telegrama e ficava esperando a resposta: se o negócio tinha sido fechado ou não.

Nos fins de semana, na parte da manhã, na nossa lagoa, vinham as barcaças e as canoas. Havia um canal que ia até o Mercado de onde saiam Edmilson pequeno

e entravam as mercadorias, E a gente, o nosso bando (os Alves de Souza) se acabava por conta da maluquice e doideira.

Era tudo o que gostávamos: salada de frutas e frutas raspadas com gelo que sobrava da fábrica de gelo. Os menores do bando se encarregavam de ir perto do mar para roubar as frutas dos vizinhos. E as queixas iam lá para casa. Meu irmão mais velho, o Edson, era encarregado de resolver as queixas. Ele morava em Recife e só vinha para casa no final de semana. Então, no sábado de manhã tinha uma fila para apanhar de tamanco do rosário.

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Mercado público de Maceió Maceió antiga

Nesta altura do campeonato, nossa mãe ficou doente com câncer aos trinta e três anos. Ficamos muito tristes. Foi a primeira morte na família. Antes dela morrer, meu pai Agenor se casou com ela no hospital em uma cerimônia muito triste, mas era o sonho de nossa mãe que logo depois veio a falecer. Foi uma confusão: tingiram nossas roupas de preto (era o costume da época) e, durante um ano, nossa família parecia um bando de urubus.

Meus irmãos ficaram revoltados com a chegada da madrasta e abriram guerra contra ela. Foi uma confusão da peste, mas o seu Bibi, que era esperto demais, não entrou na guerra. Pensou: se meu pai gosta da minha madrasta por que eu ficaria contra? Como estava do lado dela na guerra não sofreu nenhuma perseguição por parte dela.

Aí veio nossa madrasta para dar ordem na casa: dona Luty Gardes que era muito bonita. Era uma mãezona alagoana queria sempre estar dominando, mas ela tinha que andar na linha, senão dançava, pois o marido não deixava ninguém maltratar seus filhos.

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Mãe Inez

b RE E stu DO sObRE EstuDO

Os Alves de Souza eram ligados pela escola da Dona Marieta e sua palmatória: resposta errada e lá vai bolo. Ela tinha um irmão que era doido e ficava falando sozinho no meio das plantas do quintal. Ele sempre procurava o traidor do rei. O grupo combinou e fomos no quintal e falamos para ele que a Dona Marieta era a traidora do rei. E apontamos para ela. Ele entrou na sala e deu uma gravata nela. A velha gritava e estrebuchava e nosso grupo se divertiu muito.

sObRE Os iRmãOs sObRE Os iRmãOs

A família era muito especial, o mais equilibrado era maluco, mas uma maluquice sadia que só trazia coisa boa. Era uma família alegre, com todos convergindo para o mesmo ponto de vista: o amor aos pais. Alguns irmãos já se foram, mas deixaram lembranças boas.

O Edson era o irmão que controlava os outros irmãos depois que a mãe faleceu. Foi pai e mãe dos irmãos, cuidando da família toda.

O Nelson era bonachão, só queria saber de futebol, festa. A casa dele foi permanentemente uma festa.

Aí saímos da escola de Dona Marieta. Fim da palmatória, das idas à padaria e da bagunça no recreio, derrubando latas de lixo para atiçar os cachorros. Uma baita confusão, mas sentimos falta do que ficou para trás.

No Colégio Marista Diocesiano (de padres) onde passou a estudar, Seu Bibi era considerado rico, pois na casa do Seu Bibi não faltava dinheiro e nem por isso sua família era considerada besta. Pelo contrário, tinha entre seus amigos garotos que as outras mães de amigos não aceitavam em suas casas. E lá vai palavrão da molecada para os merdas, metidos a cagar cheiroso. Isso era muito bom, para não dizer ótimo.

O Wilson era um amigo da Natureza, vivia perto dos animais e com as plantas, mas tinha um coração imensamente grande, cabendo todas as pessoas que precisassem. Ele estava sempre pronto para ajudar os outros.

A Lita era a mãezona. Quando a mãe faleceu cuidou de todos muito bem e todos são muito agradecidos.

A Edinha era aquela pessoa que não sabia se ia ou se ficava, queria sempre agradar a todo mundo: aos irmãos, aos pais, os amigos, os parentes. É uma pessoa fora de série.

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s
O

sObRE A viDA sObRE A viDA

Foi no Colégio Marista Diocesiano que conheci o Eduardo Jorge sem saber que ele era meu primo. Meu pai tinha dois irmãos e a Eulália, minha tia mais nova, casou com o Murilo que também era negociante como meu pai. E toda quarta-feira meu pai almoçava com as irmãs. Até que um dia o Eduardo Jorge apareceu com um retrato do meu pai e me mostrou. Eu quis brigar com ele. Por que a pessoa desconhecida era meu pai. Ao chegar em casa, falei para meu pai que respondei que o Eduardo era meu primo, filho da irmã dele. Aí no colégio foi uma festa. Já éramos amigos e, assim, ficamos amigos a vida toda.

Nisso entrou a irmã dele, a Mariza que fez parte de nossa família até sua morte e a do Eduardo.

Colégio Marista Diocesiano

A

vin

DA p ARA O R i O A vin DA p ARA O R i O

Saí de Alagoas e vim para Minas e depois para o Rio.

O nosso caminhar ao lado de amizades vem até os nossos dias. Eu Jadiel e Josue, Neta e Maroca. Estávamos sempre juntos nos apertos. Foi uma época muito boa e até hoje continuamos ligados, os que ainda estão vivos.

Foi através deles que conheci a Neuza que tinha 14 anos. Começamos a namorar, aos seus 15 anos ficamos noivos (se usava naquela época) e com 16 anos nos casamos. De onde veio nossa prole de 5 filhos, 10 netos e 3 bisnetas.

Todos formados e educados o que me causa um certo orgulho por todos eles. O que Deus uniu, homem algum poderia separar.

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Pirapora Copacabana Palace Rio de Janeiro

sObRE cAsAmEntO E fAmíliA

sObRE cAsAmEntO E fAmíliA

No dia 12 de maio de 1956, aconteceu o casamento do Dr Anderson com a Stela Maris na Igreja Nossa Senhora das Graças em Marechal Hermes.

Partiram em lua de mel para São Paulo. Não havia riqueza, mas com certeza suas almas estavam super felizes e, se alguma vez já houve um amor verdadeiro na terra, ali aconteceu.

A vida foi começar em São Paulo: um jovem de 22 anos e uma jovem muito linda de 16 primaveras (realmente primaveras).

Igreja N.Sra das

Aí veio nossa primeira filha, Cristina, e nossa vida passou a ser a três. Nós não tínhamos experiência com crianças. Compramos o livro Mãe e Filho e mês a mês, fomos aprendendo a cuidar da Cristina (uma benção de Deus).

São PauloIpiranga

Cada dia que passava nossa criança ficava mais linda. Foi um caminhar muito feliz. Fomos olhados por Deus.

Cristina bebê

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Foi em São Paulo que aprendi como é importante morar próximo ao trabalho. Em cinco minutos ficava a agência Ipiranga do Banco do Brasil.

viemos morar. Aí começou o sufoco: o dinheiro acabou e tivemos que morar na casa inacabada. Comprei uma bicicleta que nos levava aos lugares necessários. Farmácia, açougue, médicos tudo dentro do Jardim América.

Com a família próxima, o início do nosso casamento foi muito feliz. Mas a Stela Maris sentia saudades dos irmãos que eram pequenos e dos pais. E sempre pensava em voltar para o Rio.

E vieram novos filhos: Marina, depois o Guilherme que, ao nascer, soube que era um menino, ela desmaiou de emoção, O nascimento do Maurício que um presente dos céus, um garoto muito bonito, sadio e alegre o que ele é até hoje. E o Eduardo que é a pessoa que teria que vir para completar a família. Ele veio na raspa do tacho, achávamos que não teríamos mais filhos.

seu josé, sogro, com filhos

Edmilson jovem

Outros ventos de mudanças sopraram e novos caminhos foram tomados. E voltamos para o Rio de Janeiro. Fui trabalhar no Banco do Brasil em Caxias.

E tinha comprado um terreno no Jardim América que ficava próximo a Caxias. Comecei, então, a construir uma casa onde

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sObRE A cOnstRuçãO DA cAsA

sObRE A cOnstRuçãO DA cAsA

Os construtores de nossa casa foram os amigos Jadiel e Josce, sempre juntos e alegres.

O Josce que era inventor de besteiradas fez uma jangada feita com garrafas vazias de pet e foi passear com ela na Lagoa Rodrigo de Freitas. Lá foi filmado e apareceu no Bom Dia Rio.

FNM, fábrica de veículos que fabricava o carro JK, uma beleza de carro. NA FNM quando um carro apresentava um problema, os engenheiros chamavam o Jadiel que resolvia o problema.

Cristina com bicicleta Guilherme e Marina

Na casa do Josce, que seu Bibi chamava de hospício, já tinha energia solar antes de todos terem que iluminava a casa e fornecia água quente para o banheiro.

O irmão dele era o Jadiel, um mecânico muito bom. Trabalhava na

Para a construção de sua casa, Seu Bibi chamou os dois amigos. Foi uma luta para acabar a obra, mas conseguiram. Ali, Seu Bibi, sua mulher e seus três filhos – Cristina, Marina e Guilherme –foram muito, muito felizes.

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Edmilson, Neuza e 3 filhos

Josce e Jadiel construíram suas casas em um terreno deles em Marechal Hermes. Eles seguiram juntos, decidindo juntos sobre todas as coisas. Viviam em um mundo à parte, somente deles, mas sempre zelosos e cuidadores de suas famílias.

s O b RE c ARRE i RA s O b RE c ARRE i RA

A f A cul DADE DE E c O n O mi A A f A cul DADE DE E c O n O mi A

Fiz a Faculdade de Economia – siri cozido – onde vim a ser o Seu Bibi e o Dr Edem e nunca mais nos separamos. O Seu Bibi era uma cabra muito esperto. O que ele fez: eu/ele, Dr Edem e mais uns colegas procuramos os professores. E o Seu Bibi falou que nós estávamos muito interessados na matéria dele, mas não conseguíamos acompanhar bem, preocupados com as notas das matérias. Então o professor falou para não nos preocuparmos com as notas que ele resolvia.

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Edmilson com carro

Assim, fomos a todos até os professores e acertamos os ponteiros.

Até hoje somos destaques absolutos. Seu Bibi era um cara arretado e sabia fazer as coisas bem feitas

b A nc O DO b RA sil b A nc O DO b RA sil

A trajetória do Seu Bibi na Faculdade Siri Cozido e sua aplicação no Banco do Brasil onde trabalhava.

Seu Bibi começou a trabalhar no Banco do Brasil no Rio de Janeiro em Caxias, depois foi transferido para a agência 1º de Março, no Centro.

Ao chegar nessa agência havia um grande tumulto: tinha terminado uma greve dos bancários e os serviços estavam acumulados.

Seu Bibi só conseguiu sair às 10 horas da noite e quase perdeu o último ônibus que saía às 11horas. E o próximo ônibus só sairia no dia seguinte. Fui reclamar com o Sr Renan e pediu calma, pois aquele momento iria passar e a seção de Depósito (DEPOS) iria se normalizar como de fato aconteceu.

Ficou tudo bem, tudo ótimo, até que o chefe chamado Galo de Campina por causa de sua crista no cabelo. E o subchefe Glauco me pediu para não tirar a hora do almoço e disse que pagaria por essa hora trabalhada. No dia seguinte, o Galo de Campina chamou Seu Bibi e falou: você trabalhou

Edmilson de terno

uma hora só e quer receber? Não vou pagar não! O Seu Bibi respondeu que não estava entendendo que senhor falou. Ele, então, repetiu: não vou pagar uma hora só!

Seu Bibi continuou a dizer que não estava entendendo o que ele estava dizendo. O chefe respondeu: Por que? O Seu Bibi respondeu que o senhor nunca me pagou nada. Só o Banco do Brasil pode se negar a pagar, o senhor não. No dia seguinte o Seu Bibi foi despachado para outra seção.

Ele foi para a Seção de Conferência. O chefe dessa seção era pernóstico e cismou com Seu Bibi apenas porque ele era formado em Economia e o chefe não. Seu Bibi procurou saber qual era função daquela seção em relação ao Banco e disseram

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que era para processar diferentes documentos. Seu Bibi logo compreendeu que era um absurdo uma seção só para procurar diferenças quando o que deveria fazer era evitar tais diferenças.

O Seu Bibi mudou o sistema e acabou com as diferenças e a seção foi extinta. Alguns funcionários reclamaram, pois em outro lugar não teriam um horário semelhante. Seu Bibi pediu desculpas, mas considerava primordial o interesse do Banco.

Seu Bibi foi enviado para a RESPO (responsabilidade de títulos). Ao entrar na nova seção, viu que as mesas estavam cheias de livros. Ele pensou “uma seção de intelectuais”. Sem que ninguém percebesse, ele folheou os livros e, com alívio, constatou que eram apenas catálogos de telefones de todo o Brasil. Seu Bibi ficou encarregado do setor durante a parte da manhã: de 7h às 13h. No segundo dia, ele chegou as 7h e não havia ninguém na seção. Cada um chegava em um horário diferente e iam sempre tomar café e bater papo. Seu Bibi disse para os funcionários: vocês podem entrar no horário que quiserem, mas só vão receber pelas horas da chegada e da saída de vocês. O horário certo, santo remédio: uns tinham faculdade, outros compromissos à tarde e, assim, o caso do horário foi resolvido. O funcionário olhou com raiva para Seu Bibi que no dia seguinte estava fora da seção, outra paulada no Seu Bibi. E lá foi ele para uma nova seção- o DEGOV que abastecia os caixas. Aí as mulheres puderam fazer concurso para o Banco do Brasil. E o banco ficou florido – uma concorrência desleal, pois elas

eram novas, bonitas e competentes. Os marmanjos tiveram muitas dificuldades em garantir seus cargos, pois as mulheres sempre levavam a melhor. Seu Bibi passou a coordenar o trabalho das funcionárias. E não é que elas aprenderam bem rápido e se tornaram excelentes funcionárias. Até que uma delas jogou seus encantos em cima do Seu Bibi. Ele delicadamente a chamou para almoçar. E aí ele abriu o jogo, dizendo que não era certo ter um outro relacionamento. Era importante separar o trabalho do pessoal. E disse para ela que ela era uma mulher maravilhosa, e que era importante manter a nossa amizade. Seu Bibi decidiu ajudá-la, mas sem envolvimento emocional. E, assim, tudo ficou certo e bem entendido.

Banco do Brasil

Aí aconteceu que os gastos e ganhos do Seu Bibi estavam quase empatados. Então, o seu Bibi começou a fazer novos cursos para supervisor e, passado um tempo (seis meses) foi pra Brasília fazer cursos de especialização. Início de uma nova era, longe da família.

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O Seu Bibi viu que os colegas de curso, saiam ao final do curso, cerca de 18h. Então, ele escreveu no quadro: “aqueles que quiserem, podemos descer juntos para o bar.” Aí desceram todos para o bar que ficava no térreo, inclusive os professores e, assim, o tempo passava rápido, com chopp gelado acompanhado de belisquetes bem gostosos. E ficavam lá até as 20h quando saiam para não perder o jantar na pensão.

Só que ele não sabia que o outro avalista seria o Otelo, subgerente de toda a agência e, como era a agência Central, de todo o Banco do Brasil. E a grana iria ser distribuída entre o Geraldo e o subgerente Otelo. A partir daí, foi feita uma grande perseguição ao Seu Bibi no banco. Foram criadas inúmeras dificuldades para sua administração. Um grande sufoco!

A pensão era de um funcionário que buscava os bancários no aeroporto com uma Kombi e, também, os levava para o curso e trazia de volta para a pensão, com tudo incluído no valor pago. Uma maravilha!

Mais uma vez a liderança do Seu Bibi se destacou e uma aluna (casada) se apaixonou por ele. Novamente o Seu Bibi delicadamente declinou sem magoar a moça.

Seu Bibi sente muita saudade daquela época, com o grupo saindo junto e conversando muito. Voltou ao Rio de Janeiro para a agência Centro do Banco do Brasil onde foi ser supervisor da seção em que trabalhava. Só que mais vez o coordenador do Seu Bibi, Sr Geraldo, não foi com a cara dele. Ele veio pedir para Seu Bibi ser avalista de uma promissória para tirarem empréstimo em outro banco em que a garantia era bem grande. Seu Bibi respondeu que não poderia ser avalista porque se o empréstimo não fosse pago, ele não teria condições de pagar.

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s O b RE f A míli A s O b RE f A míli A

s O b RE O s cunh ADO s s O b RE O s cunh ADO s

s O b RE A s O g RA

Dona Nair era uma pessoa da família, a dela e de todas as outras famílias que estavam em volta. Ela queria abarcar e proteger todo mundo. Porém, ela não tinha recursos para isso. Ficou sem nada, mas com o carinho de todos nós.

s O b RE O s O g RO

s O b RE A s O g RA s O b RE O s O g RO

Dona Nair seu josé

O Seu José, o Zeca como era chamado pela Dona Nair, era uma pessoa muito especial, muito tranquilo. Era um excelente profissional, marceneiro perfeito, aplicado e focado em seu ofício. Como pai e como filho foi a melhor coisa que podia existir. A família da Dona Nair constituída era perfeita. Só houve mudança quando Seu José ficou doente.

Era a família Dó-Ré-Mi. Quando eu cheguei na família eles eram praticamente crianças. E eu entrei como um paizão dele. Tudo o que queriam fazer me procuravam para saber o que tinham que fazer e como deveriam fazer. FUI UM PAIZÃO DE TODA A FAMÍLIA. Eu fiquei cuidando de todos até o Seu José falecer e depois disso.

Therezinha

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s O b RE O s filh O s s O b RE O s filh O s

Cristina e pai

C R istin A

Cristina é uma pessoa muito equilibrada, com objetivos determinados. Ela procura não errar para não prejudicar ninguém, mas sempre centrada nas coisas certas e corretas.

Guilherme pequeno

M AR in A

A Marina veio com toda a força minha, toda a teimosia minha, todas as variantes de mentalidade minhas. A Marina é a minha cópia e é muito difícil viver com alguém igual a mim, mas a gente se dá bem. A nossa briga é porque somos dois polos iguais que quando se encontram tendem a se polarizar, gerando confusão.

Marina

Guilherme com pai

O Guilherme foi um presente tão grande que recebemos que quando ele nasceu. De tanta emoção, ela perdeu os sentidos, porque nós só tínhamos até o momento filhas e aí veio um homem para a nossa família.

É em tudo um excelente filho, só do jeito dele, mas cada um tem seu jeito, é isso que caracteriza as pessoas. O jeito dele é meio civil, meio militar.

O Guilherme é, do lado masculino, o primogênito. Sempre procurou ser certinho até certo ponto.

Quando criança era muito endiabrado. No domingo a gente não ia para casa de parentes, amigos ou vizinhos porque se o Guilherme

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não quisesse ir para aquela casa e a gente insistia em levá-lo, ele entrava na casa quebrando as coisas. Então, passamos a leva-lo apenas onde ele queria: passeios ao ar livre, como a Quinta da Boa Vista, ou a casa onde ele queria ir, para uma festa ou aniversário.

Agora ele quer as coisas certinhas. Um colega do banco já tinha me avisado para ter calma, porque ele vai colocar tudo para fora e aí vai virar o garoto mais certinho que já existiu.

m A u R íci O

Maurício é muito esperto, uma ótima pessoa. Entre todos os filhos, ele foi o que mais me seguiu nos negócios. Quando eu começo a falar sobre negócios, ele já entendeu tudo. Ele é muito esperto para negócios, mas muito caído para as mulheres. Assim temos ficar de olho nele se não ele passa de um barco para outro. Na confusão em que eu estava comprando apartamentos foi o único que me entendeu.

Maurício

e pai

ED u ARDO

O Eduardo é um garoto especial, ele veio para completar a minha vida, pois se ele não viesse eu agora estaria praticamente sozinho.

E com ele eu me sinto amparado e com uma companhia prazerosa. Muito atencioso, muito cuidadoso, mas tem os seus percalços. Ele é muito observador e por ser jornalista, ele fica focado em várias coisas e em vários lugares ao mesmo tempo, coisa que a gente normalmente não percebe. Aprecio muito o modo dele ver as coisas e relatar com precisão.

Deus sabe o que faz e mandou o Eduardo para me fazer companhia na velhice e na pandemia.

Eduardo pequeno

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s O b RE O s n E t O s s O b RE O s n E t O s

RA f AE l

Logo a seguir dentro de um maior tumulto, para apaziguar, para dar tranquilidade, veio o Rafael. Ele é o que a própria palavra fala a tranquilidade personificada. Ele tem nos ajudado muito, é um neto que não esperava que fosse tão bom como ele tem sido.

A lin E

Aline foi uma festa, pois quando ela chegou já estava todo mundo crescido, não tinha mais ninguém pequeno na família. Ela chegou chamando toda a atenção do mundo para ela. Foi super festejada e recebida com muita alegria na nossa família.

PEDRO E clARA

Pedro e Clara, dois em um, aí a coisa pegou fogo e a família ficou em atividade permanente, sempre esperando o que eles iam aprontar. A Clara era mais passiva, mas o Pedro era levado e descontava tudo nela e a família corria para proteger a Clara, mas foi uma festa muito bonita.

A Clarinha é uma boneca falante, parece com a Penélope Charmosa, é uma pessoa muito charmosa, muito bonita, muito inteligente e discreta, pois não mostra a sua inteligência.

Clara e Pedro com avô

Pedro pequeno com avô

Rafael e avô

Clara pequena

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Aline e avô

GAbRi ElA

Ela é minha filha neta, a Gabriela veio dar vida para eu e a Neuza que já estávamos sem crianças, e voltamos tudo à estaca zeromamadeiras, fraldas, etc - uma maravilha. Ela curte muito a vida e escolheu uma carreira que gosta e está dando certo. Quando a pessoa faz uma coisa com fé, criatividade e astúcia, vai vencer na vida. E ela já está vencendo.

gAbRiEl

Gabriel é um garoto muito esperto. Ele veio em um tumulto em que quase não sobreviveu no nascimento, mas Deus ajudou e o Gabriel se tornou um neto que está completando nossa família.

Luisa pequena com avô

luisA

A Luisa é uma incógnita, sempre foi e sempre será. Ela esconde o jogo, a gente nunca sabe o que ela vai aprontar ou o que vai acontecer, mas tudo o que ela faz é bem pensado, ela é uma garota especial.

ARthuR

O Arthur é um garoto diferente dos demais, é muito centrado, muito observador, muito perspicaz e tem uma capacidade fora do comum. É o neto que eu gostaria de ter e que, graças a Deus, eu recebi, ganhei esse presente.

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Gabriela com avô Vô, vó e Gabriel na igreja Arthur pequeno com avô

júliA

A Júlia é sempre uma menina muito discreta e entendida da vida. Eu não pensava isso, mas eu vi que ela entende muito da vida.

Júlia

miguEl

É o neto que é último dos moicanos que condensou todas as energias, que ainda flutuavam, para ele, por isso nós esperamos muito que se apresente, nos apronte e nos dê de presente.

s O b RE A s bisn E t A s s O b RE A s bisn E t A s

As bisnetas Luiza, Eva e Alice foram um presente que veio de outro planeta, todas as três são muito diferentes e iguais. São três meninas muito lindas, especiais, inteligentes, carinhosas e bastante humanas. Elas vão nos prender com tanta coisa boa que elas trouxeram para o nosso humano.

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Miguel Alice, Luiza e Eva Alice Eva e Luiza com bisavô

s O b RE O ut RA s p E ss OA s qu E

m AR c ARA m su A vi DA s O b RE O ut RA s p E ss OA s qu E m AR c ARA m su A vi DA

mARizA

Eu e Mariza nos gostávamos muito. Só que naquela época existia o mito que casamento entre pessoas da mesma família, os filhos saiam uns monstros. Ela casou e também, mas nos amávamos – um segredo só nosso – e caminhamos assim na vida. Sempre juntos. Fiquei viúvo e ela também, mas achamos melhor ficar como estávamos.

O espírito vivo de minha esposa, muito amada e querida, com quem eu converso todas as noites antes de dormir, e sonho muito com ela, ainda é o elo que ajuda a criar nossos filhos. Que benção foi tê-la como esposa!

DOmingOs ARAutO

Ia a todos os enterros e seguia sempre na frente, abrindo caminho até o cemitério. Lá chegando, chorava e bebia muito, ficando bêbado ao final. Em uma ocasião, adormeceu ao lado da sepultura e o cemitério fechou as portas.

Eu falava para meu sobrinho Ricardo: - Marizinha e Adriana olhem bem. Não sou eu, é sua mãe quem está me paquerando. Ela fazia meu prato e me servia bebida, cheia de carinho.

De madrugada, ainda bem escuro, Dominguinho subiu o muro do cemitério e lá vinha o padeiro cheio de medo. Aí o Dominguinho falou: Me dá um pão. O padeiro viu aquela aparição e jogou o cesto do pão no chão e deu um carreirão da peste. E durante muito tempo não passou mais por aquelas bandas com medo daquela aparição. O fato ficou conhecido em toda Maceió como o Fantasma do Dominguinho.

Saíamos à noite para jantar e sempre nos deixavam a sós. Havia uma espécie de namoro. Fomos eternos namorados, mesmo que viúvos. A Mariza era uma gata, linda. O nosso amor preencheu as nossas almas.

Mas voltemos ao real. Eu morava no Rio e ela em Maceió. Minha família está aqui e a dela lá. Amava demais a minha família e se a vida não nos separou, nunca vai separar.

cOtA

Talvez haja exagero, mas o que eu sei sobre a personagem Cota, uma negra que nasceu no mesmo dia que a Princesa Isabel, e só andava a pé. Assim, ia e vinha de sua casa. Lembro que seu caminhar era lento, parava no caminho para conversar e jogar no bicho. Até que aconteceu algo que não posso esquecer, pois assim me

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contaram: Roubaram a casa onde meu pai morava e levaram dinheiro e documentos que fariam muita falta.

Aí entrou a cota. Falou que o ladrão iria devolver tudo o que roubou. Passado alguns dias, o ladrão voltou chorando, pedindo perdão e devolvendo tudo o que tinha roubado. Não sei qual foi a reza forte, mas deu certo.

Em outra ocasião, ele ficou mostrando os peixinhos dourados do lago da praça e juntou gente para ver. Ele disse que se as pessoas se abaixassem veriam melhor. E quando elas se abaixaram, ele empurrou todas para dentro do lago.

E, mais uma vez, o maluco sumiu. Falaram que ele foi passar férias no Caribe ou na Ilha de Bora Bora.

A Cota marcou presença em nossa memória. Fumava um cachimbo que até hoje parece que sinto o cheiro...

s E u A ntôni O

vAlfRiDO

Outro personagem esquisito, mais querido, famigerado e temido era maluco Valfrido.

Quando ele aparecia a mãe escondia os filhos e ficavam aguardando a confusão que viria...Quando ele aparecia, eu e meus irmãos adorávamos. Em uma ocasião, o Valfrido – ao falar o nome dele as pessoas se benziam – estava na Praça Deodoro quando uma banda veio tocar no coreto. Aí o Valfrido arranjou uns alfinetes de fralda e prendeu as saias das mulheres uma na outra.

Seu Antônio era dono de um ferro velho. Bom negócio na época da guerra em que faltavam metais. De repente, vinha um metal ótimo e o Sr Antônio bombava. Vivia em altos e baixos. Na alta, ia para o Clube Português e era mesa farta com tudo do bom e do melhor. Na baixa, ele juntava revistas e jornais velhos e vendia para arranjar dinheiro para o cinema. – Flash Gordon, Dr Zarkor e tantos outros.

A família – Mi, Dó, Ré – os aloprados e muito loucos, assim era a prole do Sr. Antônio.

Ao terminar a apresentação da banda, as mulheres se separaram e suas saias rasgaram, Foi um grande vexame. Os pais, namorados e parentes correram atrás de Valfrido que desapareceu e só voltou a dar as caras quando a poeira baixou.

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s O b RE O s s E us p ER s O n A g E ns s O b RE O s s E us p ER s O n A g E ns

O trio Anderson, Seu Bibi e Dr Edem se juntaram no Rio e começam a trabalhar.

sEu bibi

Seu Bibi era o personagem mais presente e suas genialidades, deboches, gracejos e muitas outras coisas foram relatadas acima.

Os filhos e seus amigos se reuniam para ouvir o Dr Anderson e aprendiam muito com ele. Os três trabalhavam juntos – Dr Anderson, Seu Bibi e Dr Edem – ajudando Dr Anderson em seu novo posto na Prefeitura do Rio.

Fizeram muitas mudanças que incomodavam as outras administrações. Mesmo assim, uma nova era surgiu.

DR . A n DER s O n nA pREfEituRA

Ao chegar no Rio, o Dr Anderson foi colocado na administração a pedido dos políticos locais. Ao chegar foi estudar Economia e Administração, e junto com Seu Bibi e Dr Edem, se tornaram um trio inseparável. O Siri Cozido era a cadeira de balanço que os embalavam na pensão da Dona Mailise onde foram morar.

A família do Dr Anderson já tinha crescido - com a Cristina, a Marina e o Guilherme – e o Dr Anderson e sua mulher, a Stela Maris, adoravam as crianças.

O Seu José, pai da Stela Maris, já tinha falecido. A mãe dela ficou viúva e foi orar com eles. Agora era muita gente em uma casa alegre e movimentada. As crianças e seus amigos formavam um pandemônio, mas tudo bem : que confusão Lurdinha! (palavras do Álvaro Bico. Doido varrido que frequentava a nossa casa).

A área administrativa bombou e o setor do trio deixou a ver navios os outros setores. Os políticos quando procuravam os eleitores sempre ouviam: - Você está com Dr Anderson? Se na tiver não terá o nosso apoio.

Dr Anderson foi eleito deputado com alta margem de votos. Os políticos logo entenderam que se não estivessem com o Dr Anderson, seriam um “João Ninguém”. Ficou muito difícil para eles, pois o sol só iluminava o trio.

Seu Bibi, muito exibido, mostrava toda a sua maluquice e doideira, mas sempre com muita inteligência e esperteza. Ficou difícil conter o trio que parecia uma locomotiva sem freio. A cidade do Rio de Janeiro crescia e, com ela, um vento alísio levava para cima seus moradores.

Uma grande alegria dominou aquela gente e, a cada dia, o trio criava novas melhorias, bem-estar e lazer para os cariocas. Um mundo maravilhoso varreu a cidade como uma cavalgada desenfreada e o progresso chegou aos cantos mais obscuros do Rio.

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Os incomodados que se mudem. Assim, todas as pessoas contrárias se foram e um mundo melhor surgiu ao redor do Cristo Redentor que parecia sorrir, contagiado com a felicidade que estava nos corações daqueles que antes eram explorados.

DR . A n DER s O n nO gOvERnO fEDERAl

Dr Anderson, após consultar os outros dois, decidiu que cada nota fiscal de R$50,00 seria trocada por ações ao portador nos postos de troca – bancas de jornal, farmácias, agências do Correio, etc. Assim, as empresas com o crescimento das ações, se capitalizaram rapidamente. Novos polos econômicos apareceram, gerando grande crescimento local. Cada brasileiro trabalhava com um salário que dava para viver bem. Os políticos ficaram mordidos com isso, pois ao se candidatarem, o povo sempre perguntava se Dr Anderson, após consultar os outros dois, decidiu que cada nota fiscal de R$50,00 seria trocada por ações ao portador nos postos de troca – bancas de jornal, farmácias, agências do Correio, etc. Assim, as empresas com o crescimento das ações, se capitalizaram rapidamente. Novos polos econômicos apareceram, gerando grande crescimento local. Cada brasileiro trabalhava com um salário que dava para viver bem. Os políticos ficaram mordidos com isso, pois ao se candidatarem, o povo sempre perguntava se tinham o apoio do Dr Anderson. Assim, os políticos lançaram a candidatura do Dr Anderson ao senado. Eles achavam que ele iria perder e sairia do cenário. Dr Anderson teve muitos votos que daria até para ser presidente da república. O Brasil todo ficou besta.

Dr Anderson passou a ser o homem mais importante do país. Por ele, não haveria mais pobres, nem miseráveis e o Estado cuidaria de todos. O que veio a acontecer depois, já era esperado: o Dr Anderson se elegeu presidente da república.

Nesta altura do campeonato, os brasileiros estavam mais felizes e as outras nações passaram a seguir os novos caminhos indicados pelo presidente do Brasil. Vejam o que ele fez na Educação: todo cidadão tinha direito a uma educação de qualidade e os professores, entusiasmados, passaram a levar o ensino para todos os trabalhadores, de todos os cantos do país. Cada trabalhador disporia de três horas diárias para estudar em seus locais de trabalho: Fábricas, empresas, et. E, assim, o povo foi instruído.

O país progredia, com a Economia bem cuidada. Era o FMI quem pedia a nossa ajuda. Quanto à energia, o Dr Anderson fez construir um aqueduto, com a água bombeada para todos os lados. Água e energia para todos e Seu Bibi e fim dos focos de incêndio. A Amazônia, pulmão do mundo, passou a purificar o ar do planeta. E o mundo agradeceu ao Brasil.

Tudo florescia: a cultura e as artes se desenvolviam e novas ideias nasciam de um povo feliz e responsável. Então foi lançado o grande projeto: a Amazônia não seria mais tocada. O transporte da região seria feito através de super estradas rolantes que não geravam poluição e eram construídas acima das copas das árvores. Um fundo especial das nações financiaria o projeto. Um mundo melhor para todos, sem guerras e com paz duradoura.

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DR . EDEm O qu E O t R i O DE ix A DE l E g ADO ?

Dr Edem em suas andanças de pesquisa, viu que haveria uma melhoria na vida das pessoas se tomassem água à noite, pois os rins funcionariam muito bem. A bexiga esvaziada deixa de ser pressionada e a micção flui normalmente de maneira sadia e sem infecção. Assim, tudo se normaliza e a bexiga, os rins e os intestinos funcionam super bem. E o sono se torna um passeio nas nuvens, beleza pura.

Assim, urinando bem, se alivia o intestino e os gases, e a vida será mais duradoura e alegre. E adeus mau humor.

O Dr Edem, obcecado pela cura de qualquer doença, sempre a partir de observações próprias, nos deixou conhecimento prático.

O Seu Bibi com tudo “na mais profunda desordem” era o centro do redemoinho e ficava à frente das decisões do grupo.

histó R i A RE sumi DA DO t R i O

Dr Anderson, o Inovador, era metódico e ótimo planejador. Ele e sua mulher Stela Maris formavam o casal perfeito. Tinha tudo para dar certo!

A partir daí entramos na ficção. Todos os nossos sonhos, de acordo com o modo de pensar do trio, se tornam realidade e espelha o que poderíamos ser. Se tivéssemos conseguido romper os grilhões e, livres do sistema financeiro que destrói os seres humanos, seríamos capazes de viver melhor. Mas o dinheiro muda tudo. E o trio permaneceu ligado, apesar das ambições em volta, pois eram muito superiores, mas, ao mesmo tempo, humanos. Até demais.

Assim, caminharam juntos até a pandemia – ou pandemônio

As pessoas mantidas presas como animais se transformaram, como Diógenes e sua lanterna à procura do homem, e os grupos tiveram medo. Vou consultar minha mulher, pois as mulheres são mais espertas que os homens desde o início do mundo.

O Seu Bibi, junto com sua mulher Mercedes – a criatura mais dócil do mundo, era o homem mais feliz do mundo.

O que ficou, na visão do Dr Edem e dos companheiros de viagem que formavam o quinteto junto com ele, é que a natureza é quem comanda o nosso corpo

O Dr Edem mostra a melhora ao deixar o corpo seguir seu ritmo natural: caminhar, fazer exercícios respiratórios, as idas ao banheiro, entre outras ações.

Os movimentos do corpo e a observação da natureza nos levam a um aprendizado, se desligando das obrigações e desconcentrando o que se acumulou, assim como é preciso limpar a área da sua casa para a sujeira não se acumular.

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O Dr Edem via um mundo perfeito, sempre gerido pela natureza.

O universo mostra as mutações estelares. A luz vai e vem no universo e ele nos ensina a como viver bem. Basta observar.

E agora o conceito final: as coisas são como tem que ser. Não podemos moldar o universo ao nosso jeito.

s O b RE A D it AD u RA s O b RE A D it AD u RA

A quartelada de 64 e mudou tudo. O medo da prisão permeou nosso país. A imprensa estava sob controle, vigiada e os lazeres controlados. Foram anos de chumbo e levamos 50 anos para sair daquela escuridão.

O mito da casa própria que foi imposto ao nosso povo brasileiro, uma grande desumanidade.

Em 64, poucos militares saíram de Juiz de Fora – uma bela cidade, mas palco de nossa desgraça. Roberto Campos (Bob Field), nosso ministro do Planejamento apoiava o golpe e era assecla dos americanos. A frota americana fazia manobras em nossos mares, com os canhões apontados para nós. E os traidores da pátria saíram de seus buracos para bater, prender e desaparecer com os brasileiros que chamavam de comunistas, mas eram os verdadeiros patriotas que defendiam os nossos interesses ou eram simplesmente pobres que tinham visto alguma chance de melhoria em suas vidas.

Os nossos irmãos humilhados, o abuso do uso da força contra a população, pessoas presas a troco de nada e famílias destruídas.

De repente, o grito de liberdade ecoou em todos os cantos do Brasil e a nossa democracia voltou. E com ela, voltaram o sorriso, a música e flores naqueles corações magoados. Gritos e lamentos se confundiam com uma exuberante alegria que

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cantava em nossos corações. Os exilados voltavam à pátria, para nunca mais voltar a viver essa escuridão.

Viva a Liberdade! Era o grito que saía de nossas entranhas, de nosso solo que tinha sido regado de lágrimas. Celebramos a volta da nossa pátria, exaurida e dilapidada, mas a nossa pátria.

Sobrevivemos e hoje, com 88 anos de vida – e cinco filhos, dez netos e três bisnetas, mantenho os olhos bem abertos para que nada de mal chegue até eles.

s O b RE A p A n DE mi A s O b RE A p A n DE mi A

Conforme a visão do Seu Bibi sobre a pandemia, o vírus foi posto em circulação pelo sistema financeiro internacional (FMI, Banco Mundial, etc) com a finalidade de eliminar os idosos. Um genocídio consciente para diminuir os gastos com a previdência. Um crime!

A primeira dose da vacina levou uma parte dos idosos, a segunda fez parte deles embarcarem para o além e, por último, veio a terceira dose. Uma invenção do cão para raspara sobra. Somente alguns resistiram, mas por pouco tempo. O povo está cego e não vê o que está acontecendo. Os laboratórios internacionais estão enriquecendo, faturando com a ladroeira. Os hospitais colaboram para que os idosos internados não escapem e, mesmo sabendo que eles irão morrer, adiam a internação, fazendo procedimentos desnecessários para encher a burra de dinheiro. Safadeza pura!

Nos cemitérios, novos defuntos é o que não falta. Lembra Adolfo Hitler e o genocídio dos judeus. Os coveiros com muito trabalho e as lojas de flores do entorno bombando. Um horror perante os céus! Apaga essa mancha senhor. Mande algo que elimine esses urubus que se alimentam da miséria dos seres humanos que morreram. O mundo enlouqueceu completamente. Seu Bibi não entendeu- como se fosse possível entender – por que a mídia não chamou a atenção para o fato de que tantas

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pessoas estão lucrando com a pandemia. Um lucro exagerado, um enriquecimento ilícito. Que Deus não os perdoe jamais! E o mal que fizeram, revertam contra eles. Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe.

As mortes dos idosos, pais e avós, não podem ter uma aceitação tão fácil, alimentando esse comércio indecente. Os efeitos colaterais das vacinas continuam, mas cada vez tem mais doses. Até quantas iremos suportar?

E píl O g O E píl O g O

Mas o quinteto sobreviveu a essa loucura, por sua pureza, por saber lidar com isso tudo que aconteceu. Passaremos um mundo renovado e purificado para as novas gerações, E só Deus sabe o que acontecerá a partir daí.

Agora, o trio se senta ao ar livre e vêm as lembranças, as alegrias e um novo caminho a traçar nas chegadas ao futuro em todos os nossos sonhos e realidades – o passado nos conforta, o presente e o futuro agora se confundem. E o caminhar com tanta experiência, sabedoria e inteligência, os três amigos só olham para frente. São os jovens mais velhos que apreciam o caminho e dizem: Viva a vida que vale a pena. Triste retrato do brasileiro, triste ironia - que o senso comum diz que ele nasce e morre pagando ao estado – com tanta exploração.

Por que meu Deus tanto sofrimento? A escravidão ainda não acabou. Qual a liberdade foi dada ao Brasil? Os grilhões do passado da escravidão a tilintar em suas almas com tanta exploração. Abaixo a exploração! Nos afaste senhor de tanto mal!

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