Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais

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Donatella D'Anniballe, Mercado Waterlooplein, Amsterdão, Holanda, 2018

Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais 23 de abril

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Departamento de Português | Biblioteca Escolar – 2020 / 2021 Coletânea de apreciações críticas elaboradas por alunos do Externato Ribadouro

Já perdi a conta de todos os livros que li. Infinitos volumes viraram as páginas nas minhas mãos, sentiram o conforto da minha cama. Já li muitos livros e, ainda assim, vejo-me incapaz de escolher um favorito. Se me perguntarem de qual livro é que eu gosto mais, trago uma pilha até ao teto de histórias. Se me perguntarem qual é o livro mais importante da minha vida, dou-lhes a minha biblioteca. Porque os livros são a minha família: imperfeita, quebrada, desejosa e, tal como não posso escolher qual o meu familiar favorito, também não posso escolher qual o meu livro favorito. Posso dizer com quais passo mais tempo, posso dizer quais espero ansiosamente reencontrar, mas amo-os a todos de igual forma, com aquele amor puro e singelo que só podemos ter por alguém (ou algo) que nos viu crescer.

Joana Matos 12.º A2

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O Invisível, Rui Lage, Gradiva, 2018 O autor Rui Lage (Porto, 1975) é autor de poesia, com vários livros publicados entre 2002 e 2016, bem como ensaios, crítica literária e ficção infantojuvenil. Foi deputado na Assembleia Municipal do Porto e membro do Conselho Municipal de Cultura. Doutorou-se em Literaturas e Culturas Românicas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Atualmente, trabalha no Parlamento Europeu, alternando a sua vida profissional entre Bruxelas e Estrasburgo. O Invisível. Venceu o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís 2017 e o Prémio SPA de Melhor Livro de Ficção Narrativa 2018. A obra A narrativa, passada em 1931, faz menção a uma povoação pobre, uma aldeia algures na serra do Alvão, cheia de assombrações que gritam às portas das casas e que desenterram os mortos. Então, o padre daquela aldeia – Cova do Sapo –, por conselho do abade de Baçal, decide procurar alguém que resolva todas aquelas ameaças e assombrações. Esse alguém é Fernando Pessoa, auxiliado pelo seu sócio, Augusto Ferreira Gomes. Rui Lage inspirou-se no interesse pela visão astral e pelo espiritualismo que o poeta tanto valorizava. Ao longo da ação, o autor aflora os anos passados por Pessoa em Durban, em África do Sul, durante a sua infância e boa parte da sua juventude, onde o poeta se fascinou pelo misticismo e pelas ciências ocultas, fruto da influência das tribos sul-africanas autóctones, com que contactou. É impressionante como Rui Lage nos traz um complexo Fernando Pessoa, mostrando aos leitores uma versão do poeta não só ligada à poesia, mas também ao espiritismo, esoterismo e a várias outras dimensões da sua complexa personalidade. Além desta abordagem particular ao poeta, as descrições imaginativas e notáveis e as criativas recriações de ambientes, presentes na narrativa, permitem visualizar e interpretar toda a magia e fantasia que esta obra aborda, a cada instante. As metáforas predominam e nelas destaca-se a dimensão sobrenatural que Rui Lage pormenoriza. A narrativa revela-nos o efeito da sensação visual e auditiva, pelas descrições de assombrações, criaturas e ambientes, mas também apela à procura do invisível, da imaterialidade. Daí o título da obra. A rigidez do estilo narrativo deixa o leitor um pouco desnorteado, inicialmente, e o vocabulário é um pouco difícil de acompanhar. Contudo, quando Pessoa chega à aldeia cujos habitantes lhe pediram auxílio, a magia começa a ser retratada e a narrativa prende o leitor até à última linha, pelo visualismo que Rui Lage imprime à ação, para além de trazer uma profundidade inesperada, mas impressionante, que cativa o leitor. Percebe-se, então, que a imaginação não reside apenas na história, mas também em cada imagem e em cada descrição. Ao longo da ação, menciona-se, ainda, uma história de amor entre Fernando Pessoa e uma alemã, Hanni Jaeger. Em suma, não só Rui Lage abordou a narrativa de uma forma mágica e cativante como também a leitura desta obra enriquece o vocabulário e apela à imaginação de quem ler esta magnífica narrativa.

Leonor Cardoso, 10.º A4, abril de 2021

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Filho da Mãe, Hugo Gonçalves, Companhia das Letras, 2019 Filho da Mãe é uma autobiografia escrita pelo jornalista e guionista Hugo Gonçalves. Este perdeu a sua mãe aos nove anos e desde esse momento que adiou a jornada de autodescoberta que a morte de alguém tão próximo suscita. Assim, perto dos quarenta anos, procura explorar, com o auxílio de relatos familiares, fotos, cassetes e memórias, o mistério que é a sua mãe e a vida dela. O autor revisita lugares e momentos, relatando tudo de uma forma objetiva, mas sofrida. Numa viagem emocional e íntima, revela como o luto afetou a sua vida e as suas relações, procurando fazer as pazes com o passado. Primeiramente, este livro aborda temas universais como o luto, a perda e a despedida, mostrando todas as pequenas ações e sentimentos que se experiencia devido a eles. O autor, de uma forma simples e crua, consegue evocar memórias no leitor e fazer com que este se identifique com o que escreve. Por exemplo, Hugo Gonçalves confessa que fazia promessas ou desafios sem sentido na esperança de que, caso os conseguisse realizar, a sua mãe melhorasse. Na minha opinião, é algo inato a todos nós procurarmos maneiras de tentar aliviar a dor de quem nos é próximo, auxiliando -nos, por vezes, de ações inúteis («Se conseguisse enfiar a bola de ténis entre o reposteiro e a parede, três vezes seguidas, deus compensaria o meu talento atlético apagando as metástases. Se andasse pela casa de joelhos, esfolando a pele, as minhas feridas substituiriam as da minha mãe.»). Em segundo lugar, o autor consegue, tanto através da forma como escreve, como através dos temas que aborda, apelar ao lado emocional do leitor. Esta obra explora relações interpessoais e o monólogo interior de Hugo Gonçalves, captando a atenção de quem lê e provocando no leitor os mesmos sentimentos que o autor experienciou. Veja-se o modo com Hugo Gonçalves relata episódios da sua infância. Com um tom amargo e sincero, consegue criar uma atmosfera nostálgica que faz o próprio leitor viver um infância que não é a sua. Este tom saudoso está presente especialmente quando o autor relata histórias que envolvem o seu irmão («Aquilo que mais nos aproxima, desde o tempo em que dividíamos o quarto e bebíamos leite com mel antes de dormir, é a certeza que, apesar da perda, e por causa dela, se estabeleceu muito cedo a unicidade desta partilha.»). Para além disso, a linguagem e escrita do autor é extremamente rica e interessante. De facto, a sua formação como jornalista permite um equilíbrio perfeito entre uma narração clara e objetiva dos factos e descrições belas e poéticas. Adicionalmente, a utilização de fragmentos e memórias soltas mostram a dor e confusão de uma criança cuja mãe morreu, fazendo uma clara distinção entre Hugo Gonçalves, o escritor de meia-idade, e o rapaz de nove anos que perdeu a pessoa mais querida e importante para ele. Em suma, Filho da Mãe é um livro comovedor e pungente, fazendo o leitor refletir e analisar como a perda modifica as suas vidas. Joana Matos, 12.º A2, abril de 2021

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A memória da árvore, Tina Vallès, Dom Quixote, 2018 A memória da árvore de Tina Vallès é uma história mágica e terna, construída de forma inteligente, que consegue colocar o leitor na pele de uma criança que ajuda o avô a lutar contra a perda de memória, sendo uma das obras premiadas da Tina Vallès que, desde que aprendeu a escrever, começou a contar histórias, primeiro aos pais e aos amigos, e mais tarde, aos leitores. Lançou o seu primeiro livro em 2006 (L'aeroplà del Raval) e desde aí não parou de escrever obras brilhantes. Atualmente, a autora é uma filóloga espanhola que se dedica não só à escrita como também à revisão e tradução de obras. Esta obra retrata o mundo de Jan e do seu avô, cheio de passeios, árvores e letras com mais significado do que parece, nos quais Tina Vallès oferece um retrato emotivo da família, da infância, da passagem do tempo e das suas consequências. Além disso, aborda a transmissão de memórias, de como estas são fabricadas e conservadas, onde se guardam e como se podem perder, realçando a importância do olhar simples de uma criança, em comparação com o olhar complexo de um adulto, para que haja espaço suficiente dentro de cada um de nós, para o preenchermos com memórias, guardando-as. Esta obra conquistou-me por completo por diversas razões. Primeiramente, pela forma exímia e exemplar como a autora coloca uma criança como narrador, afastando-se de uma escrita infantilizada e aproximando-se de uma escrita complexa – quer na sintaxe, quer no léxico. Em segundo lugar, pelo ambiente familiar presente na obra, caracterizado por relações familiares tão próximas e cúmplices que me levaram a sentir-me mais um elemento daquela família. Por último, pela temática presente nesta obra, que provoca uma constante emoção à medida que se vai lendo o livro, causada pela relação de ternura e magia entre um neto e um avô. Em conclusão, recomendo vivamente esta obra pelas razões já enunciadas, principalmente se o leitor gostar de relações entre crianças e pessoas mais velhas. Por todos estes motivos, considero que o prémio Anagrama atribuído a esta obra foi mais que merecido. Ana Catarina Faria 12.º A2, abril de 2021

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Dentro do Segredo – Uma Viagem na Coreia do Norte, José Luís Peixoto, Quetzal Editores, 2012 No âmbito do projeto individual de leitura, li o livro Dentro do Segredo, do autor português José Luís Peixoto. Esta obra foi escrita e publicada em 2012 e relata a viagem feita pelo autor à Coreia do Norte, nesse mesmo ano. Esta visita foi permitida devido à comemoração do centésimo aniversário de Kim-Il Sung, antigo presidente do país. Ao longo da obra, o autor descreve de forma detalhada e minuciosa tudo o que vê e vivencia na sua estadia. Durante a sua permanência neste país, José Luís Peixoto tem a oportunidade de não só assistir às celebrações do aniversário de Kim-Il Sung, como também de visitar locais emblemáticos, como é o caso da capital Pyongyang, e remotos, dando-se, como algumas aldeias no interior da Coreia do Norte, cujos habitantes nunca tinham visto estrangeiros antes. Para além disso, o autor pôde, também, privar com alguns norte coreanos e entender o seu modo de vida, tentar perceber melhor a sua cultura e constatar a existência de muitas diferenças e desigualdades em relação à nossa civilização. Por um lado, a leitura deste livro levou-me a fazer uma introspeção sobre o quão privilegiados somos. Muitas vezes, queixamo-nos de situações insignificantes, criando problemas inexistentes e esquecemo-nos de que, noutro local, como é o exemplo da Coreia do Norte, a grande maioria da população vive em condições precárias e não tem acesso a água em casa. Em diversas ocasiões tomamos a nossa liberdade como garantida e não somos gratos por termos aquilo que temos. Na Coreia do Norte pode-se ir preso por dobrar um jornal incorretamente, ou por cortar o cabelo de uma forma que não é permitida. Estas e outras situações são impensáveis para nós, cidadãos portugueses, mas há milhões de pessoas a experienciá-las. No fundo, esta obra levou-me a refletir sobre muitos aspetos e a valorizar mais aquilo que tenho. Por fim, gostaria de salientar um excerto do livro que me cativou e interessou bastante e que, de certa forma, consegue resumir muito bem a mensagem transmitida pela obra «Os segredos estão dentro de nós. Como tudo o que sabemos, também os segredos nos constituem. Também os segredos são aquilo que somos. Quando os seguramos, quando somos mais fortes e os contemos, alastram-se em nós. Desde dentro, chegam à nossa pele. Depois, avançam até sermos capazes de os distinguir à nossa volta. E, no silêncio, somos capazes de os reconhecer. Então, nesse momento, já não são apenas os segredos que estão dentro de nós, somos também nós que estamos dentro dos segredos.»

Mafalda Torgal, 12.º B1, abril de 2021

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O Vendedor de Passados, José Eduardo Agualusa, Dom Quixote, 2007 No âmbito do projeto de leitura, li o livro O Vendedor de Passados de José Eduardo Agualusa. Esta obra é narrada por uma osga, chamada Eulálio, que conta o dia a dia de Félix Ventura, um angolano albino cuja profissão é vender passados falsos. Ele cria passados notáveis e dignos de admiração, começando por fazer uma nova árvore genealógica. Geralmente, quem recorre a Félix Ventura são pessoas com um presente de orgulho, mas um passado desonrado. A história sobre a qual gira esta obra é a de um estrangeiro misterioso que um dia aparece em casa de Félix Ventura. Este era fotógrafo de guerra e queria uma identidade nova. Depois de Félix Ventura terminar a sua árvore genealógica, este passou a chamar-se José Buchman, um homem angolano que têm a particularidade de se convencer de que é mesmo o outro que acabou de comprar, ou seja, julga mesmo ser José Buchman, assumindo esta nova personalidade sem qualquer medo, muito pelo contrário, repleto de orgulho. Por um lado, considero que esta é uma obra muito original, não só pelo facto de o narrador ser uma osga, o que é desde logo peculiar, mas também pelas personagens insólitas que cria e pelas histórias que lhes atribui, glorificando os seus passados e abordando alguns temas pesados da forma simples. Por outro lado, o que me chamou também a atenção durante a leitura desta obra foi o facto de o autor criticar certos temas tão subtilmente, mas passando uma mensagem tão clara. Por exemplo, critica a sociedade angolana do passado e do presente, dizendo que é um povo que procura a sua identidade, sendo que é exatamente isso que Félix Ventura faz, vende passados a quem deles precisa por alguma razão, criando-lhes, assim, uma nova identidade. Por fim, penso que a maneira como José Agualusa aborda alguns acontecimentos marcantes é feita de um modo subtil e muito bem pensado. Por exemplo, a osga é uma reencarnação humana no corpo deste animal, que viveu no tempo da Angola colonizada pelos portugueses. Assume, assim, um papel mediador entre duas épocas: a de Angola colonial e a de Angola pós-guerra civil, ainda marcada pelas lutas que se seguiram à independência. Assim, considero que o título O Vendedor de Passados está totalmente adequado à história desta obra, uma vez que Félix Ventura vendia passados falsos a quem a ele recorresse.

Maria Leonor Amorim, 12.º B1, abril de 2021

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O alquimista, Paulo Coelho, Pergaminho, 2004 O livro que li, O alquimista, retrata a viagem de Santiago, um pastor, na procura de um tesouro com o qual já havia sonhado inúmeras vezes. Ao longo desta, a personagem confronta-se com diferentes pessoas, entre elas amigos e amores, bem como com dificuldades e obstáculos no seu caminho. Deve-se enfatizar a personagem Melquisedeque, que dizia ser rei de Salém e ler a mente ao pastor. Este incentivou Santiago a iniciar a sua jornada, ajudando, de certa forma, no começo da ação. Grande parte da obra passa-se num oásis, no qual Santiago procura o alquimista e encontra Fátima, pela qual se apaixona imediatamente. No final, o pastor encontra as pirâmides onde estaria o tesouro, no entanto, o mesmo enfrenta um último obstáculo, um grupo de salteadores, que o deixa perto da morte. Todavia, leva-o à conclusão de que o tesouro que tanto procurara não era físico, mas sim algo intrínseco e imaterial, nomeadamente toda a sua viagem até ele e os valores e conhecimentos que ganhou ao longo desta. A escrita do autor mostra-se bastante simples, com um vocabulário pouco complexo e um discurso contínuo e de fácil compreensão. Apesar destes aspetos, penso que o autor foi capaz de potenciar uma leitura cativante, fazendo o leitor sentir-se presente na ação e no percurso de Santiago, através da referência aos sentimentos e pensamentos da personagem. Esta obra possui um caráter bastante filosófico e reflexivo, algo que, tradicionalmente, não seria do meu interesse pessoal, porém, acabou por me surpreender pela positiva, sendo que leva o leitor a refletir sobre o valor dos bens materiais, o poder da mente, entre outros tópicos. Em modo de conclusão, recomendo vivamente a leitura desta obra, visto que levou a uma mudança na minha perspetiva sobre vários temas raramente retratados. Margarida Madureira Coelho, 12.º B1, abril de 2021

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1984, George Orwell Bárbara Santos Ferreira, 11.º A15 O autor Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo pseudónimo George Orwell, nasceu na Índia Britânica, em 1903, e morreu em Londres, no Reino Unido, em 1950, aos 46 anos, de tuberculose. Foi escritor, jornalista e ensaísta político e ficou conhecido pelas suas obras 1984 e A Quinta dos Animais. Estes dois títulos juntos venderam mais cópias do que os dois livros mais vendidos de qualquer outro escritor do século XX. A influência de Orwell na cultura contemporânea perdura até hoje. Este autor deu origem ao termo “orwelliano”, uma palavra usada para definir qualquer prática social autoritária ou totalitária, devido à forte oposição de Orwell ao totalitarismo e ao Estalinismo. A obra 1984 é uma obra literária narrativa que tem como personagem principal Winston Smith, um homem cujo emprego consiste em falsificar documentos públicos e literatura, de modo a perpetuar o governo da sua sociedade pelo chamado “Partido” e pelo seu líder, o Grande Irmão (em inglês, Big Brother). No entanto, ao longo da obra, Smith passa de uma inicial indiferença pela sociedade totalitária em que vive para uma crescente oposição ao sistema. Assim, juntamente com outra personagem, Júlia, por quem se apaixona, junta-se a uma organização que quer a revolta contra o sistema. No entanto, acaba por descobrir que esta organização, bem como a própria revolta, são fomentadas pelo Partido no poder. Aliás, O’Brien, o membro do Partido que convida Winston para aderir à organização, acaba por revelar-se apoiante do governo totalitário, denunciando Winston, que é aprisionado. Smith é, então torturado, acabando por, no fim da obra, apoiar o regime e, nas suas palavras, “amar o Grande Irmão”. Na minha opinião, 1984 é extremamente bem conseguido e de leitura essencial. Aliás, em 2017 este livro foi colocado pelos editores da Amazon em primeiro lugar da lista “100 livros para ler antes de morrer”, uma classificação que considero justificada. Em primeiro lugar, penso que a grande qualidade desta obra se reflete na herança cultural que deixou, bem como pela sua relevância atual, 72 anos depois da sua publicação. Este livro já foi adaptado ao cinema, à rádio, ao teatro, à ópera, ao ballet e tendo até dado origem ao famoso reality show “Big Brother”. Em segundo lugar, considerei muito positivo o pormenor com que os aspetos da sociedade foram pensados nesta obra, o que deu muito realismo ao enredo. Um exemplo destes pormenores é o da “novilíngua”, a língua apoiada pelo Partido, que tem como objetivo limitar o pensamento da população, através da eliminação de palavras, como, por exemplo, a palavra “liberdade”. No entanto, existem alguns aspetos negativos nesta obra. Aquele que considero mais óbvio é uma certa falta de desenvolvimento das personagens. Achei Winston uma personagem demasiado simples e, por esse motivo, não me identifiquei com ele. O mesmo aconteceu, na minha opinião, com a sua relação com Júlia. Considerei esta relação pouco pormenorizada e a sua inserção no enredo foi ligeiramente apressada, podendo, até, parecer um pouco forçada. Em suma, achei 1984 uma excelente obra, para refletir sobre o nosso dia a dia, a nossa sociedade e sobre alguns ideais políticos.

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Refugiado, Alan Michael Gratz Francisco Oliveira, 11.º A15 O autor Alan Michael Gratz nasceu no dia 27 de janeiro de 1972 (tem atualmente 49 anos) em Knoxville, no Tennessee. O autor judeu, estudou e licenciou-se na Universidade de Tennessee, é bacharel em escrita criativa e mestre em educação inglesa. Alan Gratz atualmente vive em Asheville, na Carolina do Norte. A obra Este livro retrata a história de três crianças em épocas diferentes com uma missão em comum: fugir. Josef é um rapaz judeu que vive na Alemanha nazi, na década de 1930. Com a crescente ameaça dos campos de concentração, ele e a sua família embarcam num navio rumo ao outro lado do mundo. Isabel é uma rapariga cubana em 1994. Com motins e distúrbios a proliferarem no seu país, ela e a sua família partem num bote, esperando encontrar segurança na América. Mahmoud é um rapaz sírio em 2015. Com a sua pátria dilacerada pela violência e destruição, ele e a sua família encetam uma longa viagem em direção à Europa. Estas três crianças protagonizam angustiantes viagens em busca de refúgio e de uma vida diferente, tornando-se refugiados. Vão todas deparar-se com perigos inimagináveis - desde afogamentos a bombardeamentos e traições. Mas há sempre a esperança do amanhã. E apesar de Josef, Isabel e Mahmoud estarem separados por continentes e por décadas, factos chocantes acabam por ligar as suas histórias no final. Na minha opinião, este livro não só é mais um livro a descrever as aterrorizadas vividas nos dias de hoje em relação ao tema dos refugiados, mas sim um livro diferente de todos que fala de crianças que presenciam diariamente coisas inimagináveis. Em primeiro lugar, este livro está muito bem direcionado em relação ao público principal, com isto quero dizer que o autor ao dar exemplos verídicos de crianças a passarem estas dificuldades e situações nunca desejadas a alguém, como fugir para sobreviver, ou seja um dos objetivos do autor ao publicar e escrever este livro é dar a conhecer a sorte que crianças e adolescentes como nós de não termos de passar por isto e dar-nos a perceção da realidade. Em segundo lugar, logo desde o começo é evidente a importância e o valor da palavra “fugir” na vida das personagens (refugiados). Em todo o mundo, quando se muda de país ou de vida, tem-se como principal objetivo procurar melhores condições de vida, no entanto, estas personagens têm como objetivo sobreviver, devido às condições de vida que lhes foram proporcionadas no seu país de origem. Por fim, a mensagem que este livro nos transmite faz-nos refletir e olhar para o que temos com consciência de que a qualquer momento poderemos perder tudo, como aconteceu a estas personagens, e assim começamos a dar o devido valor às condições de vida que temos.

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Orgulho e preconceito, Jane Austen Maria Teresa Soares, 11.º A15

A autora Jane Austen nasceu a 16 de dezembro de 1775 em Inglaterra, e faleceu a 18 de julho de 1817. A autora ganhou um lugar entre os clássicos apreciados pelos académicos e entre os autores mais lidos pelo grande público. É considerada uma das mais importantes romancistas inglesas. A sua obra mais famosa é o Orgulho e Preconceito, escrito em 1797 e publicado em 1813. A obra A ação decorre na zona rural de Longbourn, Inglaterra, no século XIX e foca-se na família Bennet, composta pelo casal e as suas cinco filhas: Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia. Charles Bingley, um jovem rico que tinha alugado a propriedade de Netherfield, chega à cidade acompanhado de um amigo, Sr. Darcy. Esta chegada despoleta a preocupação quase obsessiva da Sra. Bennet em casar as suas filhas com maridos capazes de as sustentar. Num baile, a Sra. Bennet apresenta as suas filhas a Bingley, que se apaixona por Jane. Darcy, torna-se também motivo de conversa, pela sua riqueza, no entanto, a sua arrogância desvanece o fascínio inicial. Elizabeth despreza-o, uma vez que ele recusou dançar com ela. Jane e Bingley começam a passar muito tempo juntos. Mais tarde, Collins, um jovem clérigo que vai herdar a propriedade do Sr. Bennet, vem visitar a família e pede Elizabeth em casamento, mas esta recusa a oferta. Entretanto, Elizabeth conhece George Wickam, um oficial militar com quem passa a conviver e que lhe conta histórias pouco favorecedoras de Darcy. Bingley parte repentinamente para Londres com o amigo. Na primavera, Darcy encontra Elizabeth e pede-a em casamento, mas ela recusa. Devido às acusações que esta lhe faz, Darcy escreve-lhe uma carta, justificando as suas ações e revelando também a verdade sobre Wickham. Após ler a carta, Elizabeth admite que as suas impressões sobre Darcy não estavam certas. Algum tempo depois, Bingley e Darcy voltam e pedem em casamento, respetivamente, Jane e Lizzie, que aceitam. Nesta obra está presente uma crítica à sociedade da época e às relações por interesse, pois os casamentos eram vistos quase como acordos comerciais, sobretudo devido à lei do morgadio, segundo a qual a herança da família é transmitida ao primogénito masculino. Desta forma, o casamento com um homem de posses é crucial para garantir a sobrevivência das mulheres. Podemos considerar a obra feminista devido ao facto da protagonista, Elizabeth Bennet, se distinguir das mulheres do seu tempo, recusando pedidos de casamento, pois está determinada a casar por amor. Na minha opinião, o título da obra relaciona-se com o facto de todas as personagens terem orgulho e preconceito em relação a algo. Por exemplo, o preconceito de Elizabeth vem do seu orgulho ofendido pelo facto de Darcy recusar dançar com ela e fez com que ela interpretasse mal as atitudes de Darcy. O orgulho de Darcy provém do seu intelecto superior e da sua ascendência nobre, que originam o preconceito com as famílias mais pobres, como a família Bennet.

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Por fim, considero esta obra intemporal, pois continua a ser cativante e ensina-nos que devemos ser fiéis a nós próprios e que não nos devemos focar nas primeiras impressões, pois estas podem estar erradas.

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O fio da navalha, Somerset Maugham, Asa, 2010 O fio da navalha, uma das inúmeras obras de Somerset Maugham, constitui o retrato perfeito da sociedade inglesa, francesa e americana, as suas falhas e virtudes. Maugham é, na minha opinião (e sem dúvida absolutamente nenhuma), um puro retratista. Ao longo da obra, o autor retrata a história de Larry Darnell, um jovem americano da alta burguesia que conhecera a morte nos campos de batalha da Primeira Guerra e que volta para a cidade onde nascera (Chicago) em estado de choque. Larry abandona tudo, todos os confortos materiais, em busca do sentido da vida, embarcando numa profunda aventura espiritual. O início da leitura deste livro é extremamente difícil e, de certa forma, até um pouco frustrante, uma vez que só a meio do livro se percebe a verdadeira intenção do autor. Contudo, este livro presenteia-nos com um mistério constante, não um mistério ficcional, mas real e humanista. Na minha opinião, o que dá substância a este livro, para além do retrato satírico da sociedade da altura, é o intimismo na forma como as personagens se relacionam e conseguem contar a sua história. Entre Paris, Londres e Chicago, passando pela Primeira Guerra Mundial, o autor, através da romantização das personagens, dá-nos a conhecer a verdadeira essência do ser humano e a forma como este deve vivenciar as experiências e a forma como deve lidar com a mudança. Esta obra proporcionou-me algo que, pessoalmente, vai ao encontro das minhas preferências de leitura: uma moral forte. O constante confronto entre o materialismo e a espiritualidade, o pragmatismo e o romantismo, estas duas visões antagónicas da vida que as personagens encarnam ao longo de toda a obra. O mistério da vida e da morte surge implícito no título O fio da navalha, que pretende transmitir um ideal de ataraxia e de aproveitamento da vida e da mudança. Em suma, recomendo vivamente a leitura desta obra que me abriu, sem dúvida alguma, os horizontes no que concerne à leitura. Maria Leonor Correia Jesus, 12.º B1, abril 2021

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Filhos da Droga oferece-nos o relato de uma pré-adolescente que, com apenas 13 anos, enveredou pelo caminho da droga. Christiane cresceu, até aos 6 anos de idade, numa pequena aldeia onde o ambiente era calmo, natural e humilde. Posteriormente, Christiane e a sua família mudaram-se para Berlim. Efetivamente, o ambiente era oposto: uma zona degradada, sem espaços verdes onde as crianças pudessem brincar e, por isso, claustrofóbica. Com o avançar do tempo, a família começou a desmoronar-se. Christiane ficou de tal forma abalada e desnorteada com toda esta situação que procurou formas de se afastar da realidade em que vivia. Começou por recorrer ao tabaco, álcool e, de seguida, às drogas consideradas leves que adquiria na casa do centro. Depressa ficou dependente da droga e recorreu à prostituição para sustentar o seu vício, chegando a ser presa inúmeras vezes. Este livro ensina-nos muito, não apenas sobre a droga e o desespero, mas também sobre a deterioração do mundo de hoje. À medida que fui lendo este livro, envolvi-me cada vez mais na história. Efetivamente, tive a possibilidade de entender a perspetiva parental, contada pela mãe de Christiane, compreendendo o desespero e a inquietação de todos os pais que passam por uma situação semelhante com os filhos. Por outro lado, percebemos a dificuldade em largar vícios tão aliciantes, como foi o caso de Christiane, que tentou inúmeras reabilitações sem sucesso. Este livro marcou-me, pois permitiu-me conhecer um mundo completamente diferente do que eu imaginava. Estes jovens toxicodependentes são apenas crianças que misturam os seus sonhos e aspirações infantis num mundo seguro com comportamentos adultos. No entanto, os conflitos tão típicos da puberdade são compensados pela fixação física e psíquica na droga. Fogem de todos os momentos críticos da sua vida refugiando-se na droga e, quando esta falha, recorrem à prostituição para conseguirem sustentar o seu vício. Na minha opinião, isto choca qualquer ser humano. Como é que crianças com 14 anos se encontram nesta vida? A leitura do livro provocou-me uma revolta constante, uma vez que, se tivessem conversado com Christiane e abordado os temas perigosos que nos rodeiam, talvez esta não sentisse a necessidade de se afastar de toda aquela realidade, isto é, talvez não tivesse seguido o caminho das drogas. Considero Os Filhos da Droga uma obra revolucionária e intemporal, na medida em que se abordam temas que ainda hoje são visíveis, tais como o consumo de drogas, mortes por overdose e prostituição, que são assuntos presentes na realidade em que vivemos. Francisca Canto, 12.º A15

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O rapaz do rio, de Tim Bowler No início da narrativa, uma jovem chamada Jess encontra-se numa piscina a nadar quando o seu avô se sente mal e tem um ataque cardíaco, o que o debilita seriamente. Após esse acontecimento, o avô, teimoso, decide passar alguns dias de férias com toda a família na casa onde cresceu para poder acabar um quadro que tinha começado anteriormente. Apesar do entusiasmo de Jess, a alegria desvanece-se quando ela descobre que o seu avô se encontra em estado terminal. Assim que recebe esta triste notícia, o seu objetivo passa a ser ajudar o avô a terminar a sua obra, O rapaz do rio. É em redor deste quadro que se desenrola toda a história e que se percebe a relação entre o avô e a sua neta. Efetivamente, esta obra aborda a relação especial e profunda entre avós e netos. Depois da sua leitura, vejo a relação estreita e única que tenho com os meus avós uma vez que os senti sempre muito presentes enquanto lia a obra. Para além disso, senti como se fosse minha a dor que Jess carregava perante a certeza de que um dia os meus avós não estarão mais comigo. Sofri por ela e por mim e acompanhei de nó na garganta os últimos momentos de cumplicidade, de amor, de carinho de uma ligação, que apesar de rompida pela morte, nunca se desfaz. Para concluir, esta obra centra-se em quatro ideias principais que marcam o desenvolvimento de toda a história. O rapaz do rio tem metáforas espirituais sobre a vida, sobre a morte, sobre a perda de alguém que nos é querido e sobre a forma como esse momento influencia o desenvolvimento de uma pessoa. Deste modo, aconselho a leitura do mesmo! Emma Duarte 10.º A5

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O sol também é uma estrela é um livro da autora jamaicana Nicola Yoon, e também um bestseller do New York Times. Este romance juvenil ocorre nas ruas de Nova York e as suas personagens principais são Natasha e Daniel. Natasha é uma rapariga jamaicana, a viver em Nova York desde os oito anos, que está prestes a ser deportada com a sua família. Acredita na ciência e nos factos, e não no destino ou nos sonhos que nunca se concretizam. Não acredita no amor, pensa que é uma coisa irrelevante, em que as pessoas apenas acreditam para que as suas vidas tenham algum sentido e, de certa forma, não sejam uma completa tragédia. Daniel é filho de pais coreanos, mas nasceu na América. Ele é o bom filho, o bom estudante, o que sempre correspondeu às expectativas dos seus pais, ao contrário do seu irmão. Os seus pais querem que ele seja médico e que realize o sonho da família. No dia em que Daniel ia fazer a entrevista de admissão para medicina em Yale não estava muito animado. Na verdade, ele nem sabia se queria comparecer, pois a sua grande paixão era a poesia. Como a maioria dos poetas, e ao contrário de Natasha, Daniel é um sonhador, acredita no amor e, acima de tudo, acredita no destino, que as pessoas se cruzam por algum motivo, e que as coisas têm uma razão para acontecerem. Natasha captou a sua atenção, porque no meio das confusas e agitadas ruas de Nova York, esta jovem estava a apreciar e a observar as coisas boas que aquela cidade ainda tinha e, de certa forma, isso não o deixou indiferente. Este é um bom livro, porque remete para o problema dos imigrantes por vezes obrigados a regressar aos seus países de origem e a deixar aquilo que construíram durante anos em países que realmente lhes mostraram o que era uma casa e o que era viver de forma mais tranquila. As pessoas têm de deixar as suas casas, os seus empregos, os seus amigos e lugares que lhes proporcionaram algumas das suas melhores memórias. Penso que este é um livro extraordinário e cativante, que nos mostra muito sobre a vida dos imigrantes, a cultura de algumas das personagens, que nos faz perceber outros pontos de vista e, acima de tudo, que apesar das diferenças e das diferentes formas de pensar conseguimos fazer com que, por vezes, os outros, eventualmente, mudem as suas opiniões. Para concluir, neste romance conseguimos perceber que se estamos felizes a fazer aquilo que gostamos e com as pessoas que queremos, apesar das diferenças, ninguém nos pode dizer que não somos bem sucedidos. Recomendo este livro a todos os que gostem de um bom romance! Rita Severino 10.º A5

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John Green é o autor de uma das mais brilhantes obras, A culpa é das estrelas. Publicado em 2012, este livro enfatiza que a vida pode ser empolgante e fascinante, apesar de existirem alguns obstáculos. É a obra mais comovente e surpreendente que este premiado autor escreveu. Efetivamente, esta obra narra o romance de dois adolescentes, Hazel e Augustus, destacando através desta história de amor um olhar realista sobre o que é viver com uma doença tão cruel como é o cancro e, consequentemente, a revolta e as dificuldades que os jovens doentes enfrentam. Para além disso, estão presentes sentimentos como a tristeza, a revolta e a raiva de quem procura superar os preconceitos da doença. Por outro lado, há uma repetição constante de acontecimentos passados, que se pode tornar cansativa, e algumas reviravoltas desnecessárias, acabando por tornar a leitura deste livro sinuosa. Em suma, a mensagem final que este admirável autor tenta passar com esta obra é que devemos aproveitar todos os bons momentos que a vida nos proporciona, desvalorizando os acontecimentos menos bons. Ana Sofia Guedes 10.º A5

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A história de Seleção desenrola-se em Iléia, nome dado aos Estados Unidos após a terceira guerra mundial, onde foram criadas 8 castas, remetendo cada uma delas para um estado financeiro. América, a personagem principal deste livro, é uma menina de casta 5, isto é, uma casta constituída por artistas e músicos. A sua família não tem muito dinheiro, apesar de viverem com poucas dificuldades. O príncipe de Iléia, Maxon, seleciona trinta e cinco mulheres com o propósito de, entre elas, escolher a sua esposa. Entre as selecionadas está incluída América. Efetivamente, para estas raparigas, a “Seleção” é uma oportunidade de uma vida nova. A mulher que fosse escolhida pelo príncipe ia subir de casta e viver no castelo, rodeada de luxo e sendo sustentada financeiramente. Mas, para América, sair de sua casa e deixar Aspen, o seu namorado, e a sua família para ir viver para o castelo e disputar com outras mulheres um homem que não desejava e a sua coroa, era um grande pesadelo. Esta personagem é forte e determinada, características que notamos logo no primeiro dia dentro do castelo quando pede ao príncipe para deixá-la ficar na competição, ainda que só desejasse a sua amizade. Estar na competição significava que a sua família receberia dinheiro, para além de poder usufruir da comida do castelo. Para concluir, este livro é direcionado para jovens adolescentes a quem recomendo vivamente a sua leitura. A sua linguagem é simples, não é muito massudo e é muito cativante. Ana Sofia Paulino 10.º A5

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“O livro da minha vida” Em 2021, no dia 27 de janeiro, comemoraram-se 72 anos da libertação dos campos de concentração, por isso escolhi o livro O rapaz no cimo da montanha, pois esta história é sobre um rapaz chamado Pierrot que quando órfão foi habitar com Adolf Hitler. Este livro faz-nos pensar em coisas como a importância da família, dos amigos, da lealdade para com aqueles que nos querem bem, da esperança de um mundo melhor, sem medos e sem destruição. Esta obra tem a grande vantagem de nos fazer conseguir ver e sentir o sofrimento que as pessoas passavam na altura, daí surgir a pergunta “O que aconteceu a Pierrot não poderia também acontecer a cada um de nós?”. Assim, a história baseia-se no tema do Holocausto, mas visto de uma perspetiva de uma criança, com toda a inocência que ela possui. Eram cometidos assassinatos em massa, onde eram infelizmente exterminadas pessoas por terem diferenças étnicas, raciais ou religiosas, levadas para campos de concentração e submetidas a trabalho escravo até morrerem por exaustão ou doença. Em suma, John Royne, conseguiu passar-me a dor e a tristeza que o menino teve ao longo da sua vida, desde muito pequeno, acabando por me fazer conhecer melhor quem foi Hitler e o que era o Nazismo.

Isa 10.º A5

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O livro A lua de Joana foi escrito por Maria Teresa Maia e a primeira edição data de 1994. O livro narra a história de uma rapariga chamada Joana e todas as dificuldades que ela passou na vida, especialmente após a morte da melhor amiga Marta por overdose, algo que Joana nunca entendeu e nunca conseguiu perdoar. A obra é redigida em forma de cartas/diário que Joana escreve a Marta contando-lhe todas as suas peripécias e vivências, tanto na escola como no ambiente familiar. Fala-lhe de como se sente ignorada pelos pais que trabalham excessivamente, da impossibilidade que é comunicar com o irmão de quem ela apelidou de "Pré-histórico", e de como a única pessoa que lhe dá o devido valor é a avó Ju. Durante a história, Joana lida com todo o tipo de problemas, como a morte da avó e a forma como a fez sentir-se ainda mais triste e vulnerável. Ao longo da obra Joana acaba por se relacionar com o irmão da Marta, Diogo, e com uma amiga de ambos, Ana Rita, responsável por encaminhar Marta para o mundo das drogas. Tanto Diogo como Joana acabam por ceder ao mundo das drogas sendo notável as diversas diferenças ocorridas na personagem principal tanto a nível físico como a nível psicológico. Só no fim da sua vida é que Joana entendeu os motivos que levaram a melhor amiga a cometer semelhantes erros que ela acabara por cometer também e percebeu que a vida pode tomar um rumo diferente daquele que é expectável. Eu gostei bastante deste livro, pois apesar de não ser propriamente recente, demonstra uma realidade extremamente atual uma vez que vários jovens continuam a perder-se e ainda muitos se perderão no vício causado por estas substâncias. Demonstra muito bem o poder que as mesmas têm no nosso organismo e como é difícil abandoná-las depois de as experimentar. A obra transmite vários ensinamentos, como o perdão, e oferece-nos uma outra perspetiva de como é sentirmo-nos sozinhos na nossa própria casa, rodeados da nossa própria família. Dá-nos, ainda, a oportunidade de ver as diferenças sentidas ao longo da adolescência e os malefícios que as experiências da droga nos podem trazer. Em suma, é um livro que recomendo muito por todas as perspetivas que nos apresenta de uma vida que não conhecemos e através da leitura ajuda-nos a entender as consequências da dependência de substâncias ilícitas. João Afonso 10.º A5

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Misery é um dos mais bem-conceituados livros da vasta obra literária de Stephen King. Este livro é um thriller de terror psicológico lançado em junho de 1987, tendo sido traduzido para mais de setenta idiomas e vendido milhares de cópias por todo o mundo. Este foi tão bem recebido pelo público, que se tornou no décimo-quinto livro mais popular da década em que foi lançado. Para além disso, foi, ainda, adaptado para o cinema, onde foi igualmente bem recebido. Neste livro, o famoso escritor Paul Sheldon finaliza a escrita da sua aclamada saga de novelas best-sellers e, durante o seu festejo, sofre um grave acidente de carro que o deixa paralisado. Para sua desgraça, foi resgatado do acidente por uma enfermeira reformada chamada Annie Wilkes, autointitulada a sua fã número um, mas também psicologicamente perturbada. Assim, Paul Sheldon vê-se preso em casa da sua “maior” fã e obrigado a ressuscitar Misery, a personagem principal das suas novelas. Na sua busca pela possibilidade de fuga, Paul descobre, graças à sua criatividade, segredos perturbadores sobre Annie e, por esse motivo, sofre graves consequências. Este foi o primeiro livro que li deste estilo e, a meu ver, foi uma boa escolha. Com uma história cativante e de fácil leitura, fiquei rapidamente preso às páginas do livro sempre com vontade de descobrir o que iria acontecer a seguir. Stephen King consegue, através da descrição, tornar os distúrbios e crimes de Annie tão reais que conferem à história uma enorme veracidade. Em suma, consegui viver momentos de suspense e intriga sem nunca perder o interesse e a vontade de ler. Assim, recomendo vivamente a sua leitura a qualquer um que tenha interesse em começar a ler este género literário, mas não sabe por onde iniciar. Luís Leal 10.º A5

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O Instituto é mais uma das belas obras de Stephen King. Embora este livro seja de terror, não é um livro de terror clássico. Ao contrário das grandes obras de Stephen King, este livro não fala sobre palhaços assassinos, criaturas mitológicas ou mutantes. O verdadeiro monstro nesta obra é o ser humano. A história fala sobre crianças com superpoderes, como telepatia e telecinese, que são raptadas e colocadas num instituto, onde lhes fazem experiências para lhes tentarem extrair os poderes. Mais tarde, as crianças são levadas para a outra parte do Instituto denominada por Metade de Trás, de onde nunca voltam, o que deixa Luke, uma das crianças com talentos especiais, muito preocupado e com mais vontade de encontrar uma saída daquele lugar. Contudo, essa façanha será difícil porque nunca ninguém foi capaz de fugir daquela prisão. Este livro lê-se rapidamente, pois é muito cativante. O enredo é sombrio e assustador, embora estivesse à espera de mais destaque dado sobrenatural. Esta obra mostra o lado mais negro da espécie humana, levando-nos a perceber o que somos capazes de fazer quando confrontados com o que consideramos ser anormal ou diferente. Stephen King escreveu este livro de modo que refletíssemos sobre o que é ‘bom’ e o que é ‘mau’ e o que é ‘certo’ ou ‘errado’. Para concluir, aconselho vivamente a leitura deste livro e espero que gostem tanto como eu gostei.

Maria Benedita 10.º A5

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A escola do bem e do mal é um livro de fantasia criado pelo incrível escritor Soman Chainani. A trilogia, por ter sido um sucesso, suscitou o desenvolvimento desta criativa e cativante história havendo um total de seis livros até ao momento. Esta obra apresenta a história de Sophie e Agatha, duas melhores amigas que passaram de uma vida normal em Gavaldon para uma mágica realidade nas escolas do bem e do mal. Neste livro, o autor tentou reescrever as antigas, mas conhecidas histórias de princesas, príncipes, bruxas e feiticeiros como Arthur, Brier Rose, Peter Pan e muitos outros, mostrandonos onde tudo começou, nas escolas para onde as melhores amigas foram levadas. É nessas escolas que as futuras personagens de histórias, vilões ou heróis, são treinadas para um dia puderem sobreviver ao seu conto de fadas. Soman traz-nos uma nova perspetiva do bem e do mal e de como as aparências iludem pelo olhar das personagens principais. Sophie, uma bela, empenhada e ambiciosa rapariga, e Agatha, pálida, antissocial e rude, na verdade, contra todas as expectativas, são obrigadas, respetivamente, a ir para a escola do mal e a outra para a do bem. Esta é uma história muito importante, pois considero-o o meu livro de infância. Adorei lê-lo quando era mais nova, apesar de ser massudo, mas voltei a lê-lo recentemente e não consigo deixar de ficar viciada na trilogia até a acabar de ler. Por experiência própria, acho os livros acessíveis a todas as idades e aconselho vivamente esta leitura. Para concluir, a narrativa foi incrivelmente bem construída e a história dá umas voltas completamente inesperadas que nos fazem ficar em êxtase e nos fazem querer reler o livro vezes sem conta. Maria de Sousa Cardoso 10.º A5

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A Coragem de Cilka é a continuação narrativa do bestseller internacional O tatuador de Auschwitz. Esta obra, escrita por Heather Morris, é um romance baseado em factos conhecidos sobre o período em que Cilka Klein esteve detida em Auschwitz e nos testemunhos de prisioneiras nos campos de trabalhos forçados na Sibéria. A Coragem de Cilka não é uma simples história de como uma rapariga sobreviveu aos nazis. É a história do depois, aquela que, normalmente, nunca nos é contada. Em 1942, e com apenas dezasseis anos, Cilka é levada para o campo de concentração de AuschwitzBirkenau onde fica por cerca de três anos. Aí, ela faz todos os possíveis para ver o amanhã, até mesmo atos incomensuráveis que, mais tarde, ditaram o seu futuro. Quando a guerra acabou e o campo foi libertado pelos russos, Cilka não conseguiu alcançar a liberdade: foi acusada de colaborar com os nazis e posteriormente levada para um campo de trabalhos forçados na Sibéria, onde permaneceu cerca de dez anos. Lá, Cilka confrontou o terror e a morte todos os dias, no entanto, encontrou uma força que nunca soube que tinha. Entretanto, ela conhece uma médica que a ensina a cuidar dos prisioneiros doentes, mas é quando ela trata de um homem chamado Aleksandr que descobre que, apesar de tudo, ainda há espaço no seu coração para o amor. Este não é um livro com significados universais, é um livro que afeta cada um de nós de forma diferente. Afeta a nossa essência, requer coragem para navegar na sua leitura, para senti-la…. É um livro com uma linguagem bastante simples, no entanto, posso dizer que, por vezes, chega a ser uma escrita cruel de tão transparente que é, já que nos obriga a confrontar a realidade e a senti-la. A coragem de Cilka é uma obra que me levou às lágrimas, me tirou o fôlego e, ao mesmo tempo, me deixou encorajada e inspirada pela determinação de uma rapariga que, contra todas as possibilidades, sobreviveu. Este é, sem dúvida alguma, um livro que recomendo, não só pela extraordinária história de vida de Cilka, mas também por ser um livro que nos faz recordar o lado humano do Holocausto, contribuindo, assim, para que o passado nunca seja esquecido. Mariana Rocha 10.º A5

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A culpa é das Estrelas é um livro da autoria de John Green, publicado em 2012. Este livro, ainda que apresente uma grande semelhança com os romances clássicos entre adolescentes, tem um final bastante imprevisível e chocante. A emoção e, ao mesmo tempo, a simplicidade que o autor utiliza no seu vocabulário são as principais características que marcam a diferença em relação aos outros livros deste género, tornando-o tão especial. Por outro lado, o autor recorre a personagens com mais complicações do que o que estamos habituados, mas com um toque de ironia, que nos alerta e relembra, de uma forma mais subtil, de como a vida deve ser vivida sem medos. Desta forma, a sua leitura faz-nos olhar não só para o livro e para a sua história, mas também para a nossa vida de uma forma diferente. Faz-nos refletir e pensar sobre as nossas prioridades, sobre o que realmente tem importância e como devemos tentar aproveitá-la ao máximo, independentemente de todos os contratempos e dificuldades que possam surgir. Com isto, acho que devemos dar uma oportunidade à leitura deste livro, pois ainda que o conteúdo não pareça ser inovador, sendo apenas mais um romance “lamechas”, acaba por nos surpreender bastante e não desiludir de todo em relação às expectativas criadas. Matilde Monteiro 10.º A5

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O tatuador de Auschwitz, escrito por Heather Morris, é um romance que retrata as vivências e o funcionamento dos campos de concentração na época do Holocausto. Esta história desenvolve-se em torno de um judeu chamado Lale. Este foi parar ao campo de concentração de Auschwitz, onde a sua função era tatuar os prisioneiros com uma sequência de números no braço, mal estes chegavam ao campo. Ao fim de algum tempo este conhece Gita, uma das novas prisioneiras, e fica imediatamente apaixonado por ela. Esta história de amor foi fundamental a ajudar o casal a superar um dos episódios mais negros da humanidade, repleto de medo e horrores. Na minha opinião, este livro é avassalador, comovente e pungente. Neste vemos relatada a história de dois prisioneiros judeus em Auschwitz, Lale e Gita. O facto de o amor destas duas personagens ter brotado do medo e do horror leva-nos a pensar se eles teriam encontrado a sua “cara-metade” se não fossem submetidos a tantos horrores. Para além disso, verificamos que a verdadeira antítese desta história é esta: o amor ter surgido do medo. Para mim, este livro foi dos mais marcantes que já li, pois fez-me refletir acerca de diversos assuntos retratados como a dificuldade da vida naqueles tempos, a falta de liberdade que era imposta e acima de tudo relembrou-me que o mundo não pode voltar a cair no erro de eleger pessoas como Adolf Hilter, por exemplo, para governar um país. Para concluir, recomendo a leitura deste romance a todos, pois é impactante pelo facto de ser o primeiro livro que retrata os limites do comportamento humano, onde atos de violência intencionais ocorrem a par de atos de amor altruístas. Miguel Pinto 10.º A5

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Os Maias, obra-prima resultante do brilhantismo de Eça de Queirós, representa para muitos, incluindo para mim, um dos melhores romances da literatura portuguesa. Influenciado pelo Realismo, Os Maias não deixam de ser uma obra complexa e rica no que diz respeito aos momentos descritivos, tanto das personagens como dos espaços físicos, mas também cronologicamente, denotando-se de forma clara a passagem temporal. Todo este conjunto de características intimamente ligadas a esta obra proporcionam assim uma leitura interessante, capaz até de captar a atenção do mais distraído leitor. O enredo deste livro desenvolve-se à volta da família Maia, de origem aristocrata, em Lisboa, revelando episódios da vida social e pessoal dos mesmos. Nesta obra dá-se ênfase ao relacionamento amoroso entre Carlos da Maia, intelectual da área da medicina e amante nato, e Maria Eduarda, mãe afetuosa, elegante e culta. Ambas apresentam um forte caráter, o que torna por vezes o enredo imprevisível, porém surpreendente. A obra termina com uma sequência de revelações impensáveis, repentinas, chocantes e, em parte, catastróficas, que tornam esta obra ainda mais dramática e notável. N’Os Maias não podemos de facto ignorar a sua dimensão crítica, tal que deu origem, pelo menos na minha experiência de leitura, a um conflito interno acerca dos valores e problemas sociais aí contidos. Ainda que alguns deles não estejam presentes na atualidade, somos capazes de os adaptar e relacionar com outras situações mais atuais. Isto, faz desta obra um meio fascinante para refletir individualmente e perceber o funcionamento da sociedade na época em que o enredo se passa. Assim, este livro permanecerá como uma das obras mais icónicas da literatura portuguesa, permitindo aos mais audazes continuar a viajar por realidades e épocas do passado. Por vezes, pergunto-me se Os Maias não serão de facto uma máquina do tempo. Tomás Barrigão 10.º A5

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No final morrem os dois é um romance contemporâneo de Adam Silvera que criou um marco na literatura juvenil. A sua publicação deu-se a 5 de setembro de 2017 e até agora prevalece como um êxito no New York Times bestsellers, destacando-se devido à inclusão de diversas comunidades sociais. No geral, o tema da obra revolve em torno morte e por isso pode ser considerado difícil de transpor para um romance sem tornar o conteúdo demasiado mórbido. Contudo, através da utilização de linguagem corrente e acessível e de momentos humorísticos a ação é vivenciada de forma pessoal e intensamente. Além disso, esta obra tem tido grande sucesso entre os jovens, pois as personagens principais são descritas de uma forma realista o que possibilita a identificação dos leitores com as mesmas. Assim, a forma como este romance é protagonizado torna-se tocante e cria uma conexão entre o leitor e a narrativa. Na minha opinião, as duas personagens principais, Mateo e Rufus, representam a dualidade existente na sociedade naquilo que consideramos a melhor forma de viver. Isso leva a que elas reflitam características e defeitos humanos que deixam o leitor a repensar certas decisões tomadas ao longo do tempo. O autor mostra-nos duas realidades de vidas completamente distintas e conclui com uma reflexão acerca dos arrependimentos e das consequências que cada uma delas tem, deixando o leitor a questionar a forma como interage com o mundo e até consigo próprio. Em suma, apesar do final trágico, esta obra foi bem concebida ao ponto de a sua leitura não se tornar aborrecida, mas sim deveras marcante. Recomendo a sua leitura a todas as faixas etárias, pois independentemente da idade conseguimos retirar sempre uma lição de vida deste livro. Rita Fernandes 10.º A5

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O livro Os filhos da droga retrata a vida de uma pré-adolescente que, infelizmente, foi por caminhos tenebrosos. Christiane F., sob a influência de substâncias ilícitas, recorre à prostituição como meio de sustento, facto que trouxe diversas consequências, tanto para Christiane, como para a sua mãe. “Sobre a Minha Cama havia um poster que representava a mão de um esqueleto a agarrar uma seringa. Por baixo estava escrito “Isto é o Fim. O princípio foi a curiosidade.” Esta frase retrata o que o livro em si representa e ajuda-nos a entender a situação da autora. Esta faz uso da mesma para demonstrar a realidade em que se encontrava e que, possivelmente, um de nós possa, eventualmente, viver. A obra não é apenas uma história, mas uma experiência verídica que exemplifica uma terrível e sombria vida de forma única. Christiane F. expõe as razões que a levaram tanto às drogas como à prostituição, assim como as suas consequências. A autora dá a conhecer as suas ideias em relação a estes aspetos e explica algumas das suas dificuldades ao longo do seu trajeto, dando mais importância, por exemplo, à dificuldade que teve para sair deste estado de autodestruição. Em suma, o livro alerta para algo que ninguém deve passar, independentemente de jovens ou adultos, para as dificuldades a serem ultrapassadas e para algumas das razões que levaram a autora a cometer esse erro. Pedro Afonso 10.º A5

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O Recruta, de Robert Muchamore O Recruta, escrito por Robert Muchamore, é o livro que recomendo. Esta obra é a introdução à série de livros da CHERUB, uma organização secreta que utiliza crianças e adolescentes para enfrentar criminosos, pois, afinal, “quem irá suspeitar de uma criança?”. Tem como personagem principal James, um “típico” adolescente inglês que, mais tarde, se tornará um agente secreto, tendo como outras personagens principais Kerry, Lauren e Kyle. Na verdade, este é um livro fantástico e que eu realmente recomendo. Um livro extremamente detalhado e “realista” que fala das situações típicas do dia-a-dia dos agentes da CHERUB. A história começa com a morte da mãe de James e Lauren, que, mais tarde são enviados para adoção, mas as coisas mudam quando ambos acordam de repente num complexo fora do vulgar: têm na cama uma t-shirt cor de laranja com a insígnia CHERUB… no local, está um conjunto adolescentes e crianças vestidos com as mesmas t-Shirts, mas de cores diferentes. É revelado a James e Lauren o objetivo da CHERUB…. Caberá, então, a James decidir aceitar a proposta e sobreviver a um período de treino de 100 dias infernais… Será que James sobrevive?

Adriano Sun 12.º B3

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Encantador- Raquel Jaramillo O livro que eu recomendo chama-se Encantador e foi escrito pela escritora Raquel Jaramillo, sob o pseudónimo R. J. Palacio. Para escrever esta obra, a escritora baseou-se numa experiência da sua filha, que teve uma reação de choro quando viu outra criança com uma deformação no rosto. Com efeito, este livro é um romance infantil e conta a história de Auggie Pullman, um menino que sofre da síndrome de Treacher Collins, que causa deformação facial. Auggie vai enfrentar, pela primeira vez, uma escola verdadeira e sofrerá várias vezes pela sua diferença em relação às outras crianças. Além disso, foi adaptado para o cinema com a representação da atriz Julia Roberts, como a mãe, Jacob Tremblay como o filho, e Owen Wilson, como o pai. Por um lado, eu acho este livro intenso e emocionante e, apesar de ser grande, não é “massudo”, pois a autora tem uma escrita que permite uma fácil leitura e também nos faz “viver” na pele dos personagens a perspetiva dos seus sentimentos. O livro acaba, também, por nos interessar logo de início, pois apresenta uma divisão pouco comum: está dividido em oito partes, sob o ponto de vista do Auggie, da sua irmã, e dos amigos, Summer, Jack, Justin e Miranda. Cada personagem relata como é o convívio com Auggie e todos os diálogos convergem para um único ponto, finalizando assim com a narração principal do Auggie. Por outro lado, o filme foi, na minha opinião, dos livros que li e que foram adaptados, uma das melhores adaptações para cinema, pois as personagens surgem tão emocionantes quanto no livro e a divisão de capítulos por personagens mantém-se – está incrivelmente bem feito. Para além disso, os papéis foram muito bem interpretados, principalmente pelo ator Jacob Tremblay, no entanto, todo o elenco está espetacular e o desenrolar do filme é tão emocionante quanto o livro. Para concluir, eu recomendo este livro a todos, até porque apresenta uma grande moral: a verdade vem de dentro, e não de fora! Francisca Costa 12.º C2

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O Vendedor de Passados, de José Eduardo Agualusa A obra que eu recomendo é O Vendedor de Passados, do escritor, jornalista e editor angolano, José Eduardo Agualusa. É uma das obras que faz parte do Plano Nacional de Leitura, recomendada para o Ensino Secundário. Este livro, publicado em 2004, é narrado por uma personagem insólita, uma osga (lagartixa) chamada Eulálio, que outrora havia sido um ser humano, e que conta a história de Félix Ventura, um angolano albino. Este não sabe quem é, foi encontrado por Fausto Bendito Ventura, alfarrabista, dentro de um caixote cheio de livros do Eça de Queirós – “Eça foi o meu primeiro berço”. Na verdade, este livro galardoado pelo Independent Foreign Fiction Prize de 2007 é constituído por pequenos capítulos quase como se fossem contos. Exige uma leitura atenta, pois, caso não aconteça, pode tornar-se um pouco confuso, uma vez que a relação entre os capítulos nem sempre é óbvia ou sequer existe, o que faz com que se torne difícil a sua compreensão. De modo surpreendente, a história fala de Félix Ventura, um vendedor de passados falsos, alguém que arranja passados ilustres a quem os deseje. Os seus clientes são, essencialmente, empresários, políticos, generais, enfim, a emergente burguesia angolana que quer aparentar ser o que não é. Este aspeto é e será sempre atual, pois os altos cargos políticos gostam de ostentar um bom passado e, quando o não têm, omitem-no por vergonha, pois acham que isso lhes dará mais credibilidade e estatuto aos olhos da sociedade. Então, Félix Ventura fabrica-lhes uma genealogia de luxo e memórias felizes. É o caso, por exemplo, do Ministro da Panificação e Lacticínios, que ascendeu ao poder graças à falsa genealogia engendrada por ele. Certa noite, Félix Ventura recebe a visita de um homem “estrangeiro” que lhe solicitou, a troco de uma grossa quantia de dólares, uma identidade angolana. Esta visita, que se irá chamar José Buchmann, vai desencadear uma série de acontecimentos que nos vão sendo narrados pela osga. Este homem será natural de Chibia (Angola), filho de Cornélio Buchmann e Eva Miller e é fotógrafo profissional. A busca da sua suposta mãe, aquarelista norte-americana, a narrativa do corredor cheio de espelhos e da sua povoada solidão no apartamento em Nova Iorque, a aquarela encontrada e o anúncio engendrado por ele da sua morte na Cidade do Cabo (África do Sul), tudo vai colorindo e recheando essa nova identidade, tornando-a verosímil. Na parte final do livro (Sonho nº6), acabamos por saber que Buchmann era, afinal, um lisboeta chamado Pedro Gouveia que foi preso em Angola por um agente da Segurança do Estado. A mulher deste foi também interrogada, mas antes assistiu à tortura bárbara que fizeram à sua recém-nascida. Já em liberdade, Pedro Gouveia quer vingar-se do seu malfeitor, Edmundo Barata dos Reis. Tirou o curso de repórter fotográfico, viajou pelo mundo e regressou a Angola rico, com o firme propósito de vingança. Um dia, numa mesa de bar do hotel, onde estava hospedado, viu um bilhete de Félix Ventura que dizia “Dê aos seus filhos um passado melhor”, e resolveu procurá-lo para que ele lhe fabricasse uma biografia que lhe permitisse executar o seu plano. Por isso, acaba por matar o seu carrasco e conhecer

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a sua filha, Ângela Lúcia, em casa de Félix Ventura, que se tinha apaixonado por esta. No fundo, assistimos a uma estratégia para poder vingar as torturas infligidas aos seus familiares, por isso se compreende a necessidade de mudar de identidade e ter outro passado. Trata-se, com certeza, da discriminação racial ocorrida em Angola. O já referido narrador, a osga (Eulálio), mantém com a sua casa uma relação visceral. É o seu universo possível e seguro, distante dos campos minados de Angola, onde são revelados os segredos e fantasias que criam o presente para os que buscam novos passados. Também é o ambiente protegido para o resgate da vida de Eulálio, um ser comum que viveu quase um século na pele de homem sem se sentir inteiramente humano e que agora se lamenta desses quinze anos com a alma presa ao corpo de lagartixa. No final da obra, a osga morre, sendo a sua morte o símbolo representante da guerra travada pelos angolanos, pois como os africanos morrem combatendo na guerra na defesa do seu país, ela também morre na defesa do seu território, juntamente com o seu invasor inimigo, o lacrau. Após a leitura deste livro, destaco como pontos positivos a originalidade em relação ao narrador da história e a escrita. É uma história, aparentemente simples, mas que exige muita atenção. Percebi que o escritor usa um estilo muito próprio, numa escrita muito peculiar e poética. Utiliza muitos termos africanos, o que dificulta ainda mais a leitura mas também a torna mais rica e interessante, dos quais destaco alguns: “pópilas”(expressão que exprime espanto, surpresa, impaciência, irritação), “bessanganas” (senhoras angolanas da classe média), “jindungo”(piripiri), “musseque” (bairros suburbanos de Luanda), entre muitos outros. No início, estranhei bastante o estilo narrativo, mas acabei por me familiarizar. No cômputo geral, gostei da obra, sendo o balanço positivo, pois nunca tinha lido nada deste escritor lusófono. Leonor Laviada 12.º B3

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Crãonicas Num dia da minha vida de patudo e que eu que nunca mais esquecerei passou a ser sempre fim de semana. Eu amo o fim de semana, as horas passam e os meus donos nunca fogem de casa. O problema é sempre a segunda-feira. Os meus donos fazem-me partidas e fogem, mas fogem durante muitas horas... Exceto ao fim de semana em que nunca lhes apetece fugir! Mas à segunda-feira, eles vestem casacos e quando calçam os sapatos bonitos de sair, demoram todo o dia!... Eu bem tento encontrar uma saída e fugir com eles numa correria, mas eles levam esta brincadeira muito a sério e dizem: – Fica, Baltazar! Eu abano a minha cauda e levanto as orelhas (mas sei que sou maroto...), porque eu só quero que me levem com eles ou, então, que alguém prefira ficar comigo. Isso nunca acontece... Fico em casa todo o dia. Sentado, quieto, preocupado e triste. Sempre muito pensativo... Quando é que chegam a casa? Onde estão? Para onde terão fugido? E que brincadeira é esta que eu não os consigo encontrar? Fico sempre tão triste... Completamente triste e perdido. Se ao menos entendesse o que é para fazer nesta brincadeira... Se ao menos eu soubesse falar, eu perguntava... Por isso, nunca tenho apetite quando estou sozinho e nunca me apetece brincar. De repente, ouço vozes, sons, tanto ruído... São eles. São os meus donos. Tenho a certeza. Eles fazem tanto barulho!... O miúdo é o mais ruidoso, mas é o meu melhor amigo. Dá-me grandes abraços e distrai-se sempre que tem as bolachas de chocolate na mão. É para ver se eu também quero. Ah, mas eu quero sempre! Quando o miúdo está triste, chama-me para o quarto e eu sei que é para desabar comigo sobre as complicações da vida. Deito-me na cama dele e sei que sou feliz. Seremos felizes para sempre. Eu e o meu miúdo. Agora que ele nunca mais calçou os sapatos para sair brincamos durante muitas horas. Acho que ele entendeu que eu não achava graça afinal que ele fugisse... Sinto que ele tem muito orgulho em mim. Diz a toda a gente que eu sou o melhor cão. O mais veloz. O mais astuto. E a miúda? A miúda tinha medo de mim... Eu ladrava e dava beijinhos com a minha língua para fazer cócegas, mas a miúda achava que eu me podia transformar num grande monstro que a engolia para sempre. Ah, ah, ah, ah, ah... Ela é a mais querida e muito protetora.... Eu de monstro não tenho nada. A única coisa que eu sei fazer é abanar a cauda e ladrar....

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Quando faço isso, a mãe faz-me festinhas. A mãe é a melhor. Ela faz-me festinhas na barriga. Como é que ela sabe que eu adoro aquelas festinhas?! É tão bom!... Mas às vezes também ralha. Acho que é por eu nunca estar quieto e saltar de emoção. Se eu conseguisse falar, explicava-lhe isso mesmo. O homem da casa sabe que eu adoro quando chegam. Dá-me logo um biscoito por eu ter tido paciência e ter esperado pelo fim da brincadeira deles... Eu adoro aqueles biscoitos, mas agora que eles estão sempre em casa, dispenso. Eu troco um camião de biscoitos por eles. Sou mesmo um cão muito maluco, não sou?! A verdade é que na cozinha há sempre alguma coisa boa a cair do balcão e na minha função de souschef tenho de provar as iguarias antes de irem para a mesa. Mnham, mnham... Ah, no fim, também adoro fazer a pré-lavagem da loiça, mas sem a mãe ver, porque ouço um grande grito... — BALTAZAR!... – e sinto a minha vida em perigo... Mas basta baixar as orelhas e lá vêm as festinhas na barriga…. Mas nem tudo ficou igual. Agora que é sempre fim de semana, os meus donos arranjaram outra brincadeira. Ficam muitas horas em frente a um computador de onde saem muitas vozes diferentes e onde eu vejo muitos rostos de muitos meninos e meninas. Dá-me logo vontade de ir dizer um oláaaaa! Mas se eu me aproximo para entrar na brincadeira, eles não deixam. Estão com um ar muito concentrado, ignoram a minha presença e todos dizem: — Sai daqui, Baltazar! É um código. E eu percebo que tenho de me comportar muito bem para não os prejudicar. Já insisti e eles ficaram muito nervosos. Deve ser um jogo muito sério... Se eles me explicassem, se eles falassem baltazês, também eu poderia ajudar... Mas, pronto, prefiro este jogo ao outro. Às vezes fico um pouco preocupado, porque parece que eles vão calçar os sapatos. Mas não acontece...Ufa! Sou o cão mais feliz do mundo. Aúuuuuuu...........

Baltazar 🐾🐾

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