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Diálogos entre arte e público
Por André Aquino e Joana D’Arc Souza Lima*
O tema da formação do público de artes visuais entrecruza-se aos discursos da democratização e universalização do acesso à cultura e à educação. Grosso modo, essas falas estão na origem da idéia de mediação, que implica na consideração da diversidade e especificidades, tanto dos interlocutores, quanto das situações de interlocução. “Dar acesso” à cultura não seria, simplesmente, “favorecer o contato” com produtos culturais e ampliar o público de artes visuais, mas tomar parte na formação desse público e de sua educação estética. Integrar os campos da cultura e da educação, nessa perspectiva, significa deles participar, entrar em suas estruturas e delas sair com uma atitude crítica e com um olhar atento e curioso; acreditar, com Ana Mae Barbosa, que “uma sociedade só é cultural e artisticamente desenvolvida quando, paralelamente a uma produção cultural e artística de alta qualidade, existe também uma alta capacidade de acesso e entendimento dessa produção por parte do público”; tarefa que é compartilhada, numa compreensão alargada, por diversos atores, em diferentes frentes. * André Aquino é Gerente de Serviços de Formação Visual em Artes Visuais da Prefeitura da Cidade do Recife. Joana D’Arc Souza Lima é mestre em história da arte pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordena o setor educativo do Instituto Ricardo Brennand.
Pensar como o SPA das Artes do Recife e iniciativas similares vêm se apropriando do espaço da cidade, e como ele vem participando da formação de seus públicos alinha-se a reflexões que integram várias agendas na atualidade. Não por acaso, a 12ª edição da documenta de Kassel, um dos mais respeitados