[1ED] Mangue Zine

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mangue zine

Edição #001 1 de maio de 2020


Questiona-se: quantas lacunas deixadas pela exploração nosso corpo aguenta? Estamos sós, isoladamente sós sem nenhuma resposta das perguntas vomitadas pelos ralos de nossos banheiros. Ora, não nos interessa de maneira igual o futuro da humanidade? Ou mais, clichê: não deveria ser do povo o que o povo produz? O questionamento e a solitude, a dúvida e a solidão. É o olhar direcionado ao reflexo no espelho que se questiona, quanto nosso corpo aguenta? A forma de exploração de trabalho radicalmente transformada pela internet e avanço da automação nos faz pensar em como será o mundo nos próximos anos. Aliás, onde estará sendo empregada a imensa energia laboral existente em nosso corpo humano? Alguns,com sorte, poderão direcioná-la para as pernas ao impulsionar o pedal de uma bicicleta, correndo para entregar o pedido recebido por um aplicativo. Uns sentados atendendo telefone para bancos e streams, outros em assentos automotivos como motoristas enquanto não se automatiza também essas funções.


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Por exemplo: pelo toque do botão estou te acionando, é nessa rede de comunicação que estancamos nosso diálogo sucinto. Ninguém já se conhece tão bem, sinto falta da palavra que morreu têm dias e já não sabemos em que pé a conversação humana se encontra. Sinto falta, sem saber ao certo onde mora minha memória e que pedaço arrancado mais dói nessa estrutura. Você também sente, não existe mais individualidade no sofrimento, todos tropeçaram naquela pedra e agora caem devagarinho nesse fosso. Conto os segundos para aterrissar, conto os segundos para me estraçalhar no chão. Ninguém se conhece tão bem, e esse é meu conforto por não conseguir decifrar a imagem do que me tornei. Cecília já não gosta mais dos pães carteiras que ficam na quina, José acha intragável seu cigarro fininho da caixa vermelha e branca, Mariana deixa o cabelo crescer e eu corto o meu por impulso toda quarta-feira às onze da manhã. Te aciono pelo toque do botão, já não sou mais o mesmo e ninguém aceita chamadas de desconhecidos


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c i v i l ação i 9 1 d i v o c vilizaçãoci v civilizaçãoilização De caçadores e coletores, passamos a nos fixar a terra, tornando-nos agricultores. O desenvolvimento da história nos transforma em produtores, e hoje parece nos levar até um mundo de montadores e entregadores.


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DESTAQUE @marianamarianarianama

Mariana é artista, dorme cedo, ama legumes e assistir documentários sobre a natureza. Apareceu no mundo no ano de 1995 na cidade de Maceió-AL e, desde então, não parou quieta em lugar nenhum. Atualmente reside em Parnamirim-RN, é graduanda na Licenciatura em Artes Visuais e em seu trabalho artístico explora a palavra, as questões sociais que a atormentam e o processo criativo como um fenômeno existencial.

@zinemangue Edição Poster e seleção das artes: Alcino Fernandes Texto biográfico: Mariana Pedrosa Texto: Alcino Fernandes e Arthur Carvalho Capa e Diagramação: Arthur Carvalho

Artes: 1 e 2 Alcino Fernandes, 3 e 5 Mariana, 4 Arthur Carvalho.



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