NOVAS BABILÓNIAS

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Acรกcio de Carvalho Gil Maia Mafalda Santos Manuela Pimentel Paulo Moreira Sรณnia Carvalho

NOVAS

BABILร NIAS NEW BABYLONS



NOVAS

BABILÓNIAS NEW BABYLONS

ACÁCIO DE CARVALHO (n.1952) GIL MAIA (n.1974) MAFALDA SANTOS (n.1980) MANUELA PIMENTEL (n.1979) PAULO MOREIRA (n.1968) SÓNIA CARVALHO (n.1978)

6 de julho a 7 de setembro de 2019 July 6 to September 7, 2019

NOVAS BABILÓNIAS

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TECHNICAL INFORMATION

Novas Babilónias // New Babylons Exposição Coletiva // Collective Exhibition 6 de julho a 7 de setembro, 2019 July 6 to September 7, 2019

Artistas // Artists Acácio de Carvalho Gil Maia Mafalda Santos Manuela Pimentel Paulo Moreira Sónia Carvalho Curadoria // Chief Curator Helena Mendes Pereira Comunicação e Produção Executiva // Communication and Executive Production Catarina Martins Apoio à Comunicação e Produção Executiva // Communication and Executive Production Support Vanessa Ribeiro

Tradução // Translation Rita Oliveira // Photography and Video // Catalog Print

// Number of Copies 300 exemplares // 300 copies 02 | NEW BABYLONS


NOVAS

BABILÓNIAS

- Conhece-la? Onde é? Qual é o seu nome? - Não tem nome nem lugar. Repito-te a razão por que a descrevi: do número das cidades imagináveis temos de excluir aquelas cujos elementos se somam sem um fio condutor que os ligue, sem uma regra interna, uma perspectiva, um discurso. São cidades como sonhos: todo o imaginável pode ser sonhado mas também o sonho mais inesperado é um enigma que oculta um desejo, ou o seu contrário, um terror. As cidades como os sonhos são construídas de desejos e de medos, embora o fio do seu discurso seja secreto, as suas regras absurdas, as perspetivas enganosas, e todas as coisas escondam outra.1

A cerca de 100 km a sul de Bagdad (Iraque) encontramos a atual cidade de Al-Hillah onde resistem as ruínas da Babilónia, palco principal da civilização Babilónica, na antiga Mesopotâmia. Babel (em hebraico) ou Bavel (em árabe) terá sido, primeiro por volta do século XVIII a.C. e, depois, no século VI a.C. a maior cidade do mundo, onde existiram alguns dos mais emblemáticos monumentos da Antiguidade, numa área de cerca de 10 km2 , defendidos por imponentes muralhas. Entre o século VII e VI a.C., o Antigo Testamento descreve-nos o exílio de grupos de judeus do antigo Reino de Judá para a Babilónia, lugar que instigou imagens semelhantes às irrigadas pelos rios Tigre e Eufrates, textualmente citados na descrição do paraíso. Localizadas numa região fértil e num entroncamento de importantes rotas comerciais, as cidades da Babilónia eram comercialmente e culturalmente desenvolvidas, tendo promovido uma civilização complexa, cosmopolita, poliglota, monumental e com uma aposta na educação, na ciência e na arte. O supra citado exílio de parte da elite judaica abriu, inclusive, novos horizontes aos judeus, tanto em termos de organização política como ao nível do conhecimento sobre o funcionamento da máquina estatal. Os registos escritos feitos por estes exilados tornaram-se fundamentais e a sistematização da Bíblia hebraica começa ainda na Babilónia. Na (re)descoberta do Levante, outrora berço, em migrações do litoral para o interior, dos grandes centros urbanos para as cidades de média dimensão, preferindo os jardins aos elevadores, o espaço à localização, há uma nova geração que, instigada pelas consequências dos processos de gentrificação, turistificação e especulação imobiliária, se revê nas periferias e nos arrabaldes e que num tempo da designada “internet das coisas”, não sente a extrema necessidade da proximidade do caos urbano, substituído por filosofias de vida mais vinculadas à natureza e à presença de exercícios de comunidade e partilha que a solidão imposta pela sofreguidão das cidades, não permite. Esta será a primeira condição unificadora do grupo de artistas que protagonizam a exposição NOVAS BABILÓNIAS: seres da viagem, do mundo e das suas rotas, herdeiros e influenciados pelo caos urbano, criam na extrema vertigem dos silêncios, procurando a exatidão, o detalhe e (des)construção do pensamento em segmentos 1

CALVINO, Italo – As Cidades Invisíveis. Lisboa: Editorial Teorema, 1996 (2ª Edição). Páginas 45 e 46. NOVAS BABILÓNIAS

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plásticos e visuais densos. Atuam numa espécie de periferias e tangentes da vanguarda, sem afirmações neoconceptuais simples e partindo antes de processos complexos de produção, que recorrem a uma plêiade de meios e de técnicas que fundem, de formal percetível e impercetível, o vídeo, a fotografia, a performance, a música, o ready made (enquanto processo e não enquanto fim), a colagem e a agregação, caminhando para contextos de observação do detalhe comportamental, laboral e cenográfico, variando entre campos urbanos abertos e fechados, planimétricos ou objetuais. Todos eles recolhem e apropriam-se de iconografias ou elementos físicos de configuração e memória urbana e/ou industrial, agregados visual e plasticamente de diferentes formas, elegendo a pintura como prática primordial e o desenho como base de criação indispensável. Antropologicamente, radicam-se na urbe e nas suas imagens e semânticas para divergirem, depois, em escolhas – metodológicas, plásticas e conceptuais – que aqui são apresentadas como roteiro a uma reflexão feita projeto de curadoria. É verdade que, ocasionalmente, muitas culturas parecem reconhecer semelhantes equações simbólicas mas, quando é o caso, a razão parece estar na partilha de experiências que sugerem paralelismos entre os diferentes fenómenos. Essa experiência comum de modo algum nega o papel essencial da cultura na codificação dos paralelismos. Há uns simples grupos de traços, um dos quais é a cor, e as partes do corpo, outro, que todas as culturas reconhecem. Porquanto as funções corporais são comuns ao género humano, e as cores se podem rapidamente associar aos fenómenos naturais bem conhecidos – como a noite e o dia – as diferentes culturas, quando utilizam esses traços de forma metafórica, produzem muitas vezes analogias semelhantes.2 De gerações e com percursos diferentes, a seleção destes seis artistas foi, assim, ditada na tentativa de resposta (ou amplificação da pergunta) sobre que novas Babilónias estamos nós, afinal, a construir? Confrontamo-nos, todos os dias, com a volatilidade com que perdemos o direito aos territórios de que fomos pertença e nos quais somos identidade. O tempo e o espaço da cidade transformam-se à velocidade da luz, tendo em nós o impacto da neblina que cai sobre a nostalgia em que mergulha o nosso olhar. Sonhamos e desejamos aquele paraíso perdido, cosmopolita e bairrista, repleto mas que comunga com o silêncio que nos urge. Queremos, no fundo, o fervilhante ambiente multicultural da Babilónia de há quatro milénios, às margens do Eufrates, com os jardins suspensos da nossa imaginação e aquele sentimento, que nos é descrito por Plínio, o Velho (23-79) do vislumbre do paraíso. Hoje perdemos esse olhar do Levante que nos parece distante do ocidente que pretendemos afirmar. Enquanto proposta expográfica, NOVAS BABILÓNIAS reúne as cenografias imaginadas, surreais e futuristas, de Acácio de Carvalho (n.1952); os ambientes desconstruídos de Gil Maia (n.1974); a minúcia, feita de desperdício industrial, das pinturas-objeto, sem pintura, de Mafalda Santos (n.1980); as referências azulejares, que tocam a pop e o dada, de Manuela Pimentel (n.1979); as palavras de ordem e a cidade em pedaços que dão forma à plasticidade violenta de Paulo Moreira (n.1968); e as mulheres feitas corpo, feitas casa e feitas tudo e nada que o desenho de Sónia Carvalho (n.1978) revela. 2

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LAYTON, Robert – A Antropologia da Arte. Lisboa: Edições 70, 2001. Página 154.


A recolha e agregação no suporte de marcas industriais e urbanas é um dos denominadores comuns a este grupo de criadores, todos eles entusiastas das fixações e opções humanas não convencionais, pensadores sobre o seu tempo e espaço de atuação, não apenas enquanto artistas, mas no âmbito mais alargado da cidadania ativa e da construção de alternativas ao caos dominante. Paulo Moreira e Manuela Pimental são, de formas diferentes, objetivamente sintomáticos desta tendência. No caso de Paulo Moreira é evidente o referencial da rua, da urbe nas suas composições e na seleção de elementos. Contudo, o corpo de trabalhos que integra NOVAS BABILÓNIAS é agora mais depurado, com uma maior presença do branco e dos singelos recortes de desenho, mantendo as palavras de ordem e a colagem como método. Poderíamos sugerir que a depuração é uma espécie de desejo de calma ou mesmo um apelo a uma ocupação das margens e das periferias, fazendo proliferar novos centros, novos paraísos. O fundamental na pintura de Paulo Moreira é a redefinição do espaço (urbano), do suporte, e o contraste de uma certa geometria com a profusão de conceitos. Não raras vezes, o artista arrisca em processos criativos que exploram o vídeo, a fotografia e a performance e que servem de alicerces à compreensão e indagação das suas reflexões e explosões plásticas. Em NOVAS BABILÓNIAS apresenta-nos também um exercício vídeo que parte do som associado ao funcionamento de uma máquina de lavar roupa para depois nos questionar sobre as possibilidades e impossibilidades do nosso corpo e da nossa condição humana literal, tendo como protagonista um escaravelho em luta com a lei da gravidade. Manuela Pimental, por seu turno, tem o azulejo tradicional português como referente, que recria em exercícios de acumulação de papel-matéria sobre o suporte. A recolha vem do território e dos contextos e contrapõe um método de guerrilha com uma apologia a um voltar a olhar para as raízes e para as iconografias tradicionais, recuperando identidades e significâncias clássicas. Manuela Pimental (re)liga estórias e sinais, combina encruzilhadas e derruba pré-conceitos. As obras que integram NOVAS BABILÓNIAS não são avessas ao ready made, consequente da acumulação do que encontra e lhe interessa, plástica ou simbolicamente. Manuela Pimentel reinventa a nossa relação com o azulejo como marca dos momentos históricos que cruzam a imagética das nossas cidades, devolve-nos e, ao mesmo tempo, retira-nos quando nos desafia a contemplá-la. O trabalho de Mafalda Santos, como o de Manuela Pimentel, tem como ponto chave o detalhe e a minúcia. Não obstante, na obstinada Mafalda Santos os suportes são marcados por um jogo de tensões e forças entre linhas verticais e horizontais e pelas gradações de cor que criam efeitos perspéticos. Não raras vezes, o trabalho tem uma dimensão narrativa e de situação, como noutras, sobretudo nas da emergência do desenho, é marcado por uma afirmação de Liberdade. O desenho é, de facto, crucial em toda a produção artística de Mafalda Santos. A série de trabalhos apresentada em NOVAS BABILÓNIAS parte de uma recolha de resíduos industriais, muito em particular, restos de papel impresso em empresas gráficas, provenientes do corte e do normal ajuste que as publicações sofrem, depois de impressas. Cada lote destes resíduos contém um desenho, um padrão, uma forma que Mafalda Santos combina meticulosamente em suportes dinâmicos, que a expandem do campo mais estreito da pintura ou do desenho. O processo acontece no recato imperturbável do atelier ou não tivesse a artista no seu percurso, um constante recuo face ao caos das grandes cidades, que a levaram ao Alentejo e agora ao Alto Minho. O trabalho de Mafalda Santos carrega uma originalidade que combina a exigência do traço com a semiótica da cor que mantém na série constituída por Cadernos e Vitórias, sintomática das variações da sua linguagem e da evolução da sua, quase, caligrafia. NOVAS BABILÓNIAS

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Óleos sobre tela de linho, imaginados e executados no mais clássico dos ambientes e itinerários do fazer, as obras de Gil Maia poderiam ser, neste contexto, os planos abertos de uma visão da urbe, com as suas variantes geométricas e orgânicas que fariam dela idílico. Gil Maia é minucioso e atento. Na verdade, uma predisposição para o detalhe e para o recurso à base do saber-fazer no campo das artes plásticas e visuais, é comum a estes seis artistas. Com fortes azuis, por vezes cores quentes, Gil Maia sabe usar a paleta para criar transferências, jogos ilusórios e contradições. Em NOVAS BABILÓNIAS, tal como acontece com Paulo Moreira, a seleção é mais depurada, menos tensa, sempre equilibrada e com laivos de uma liberdade gestual que abre a sua pintura para um possível novo caminho. Readymade Choises é a proposta de Sónia Carvalho que, pela primeira vez, expõe aguarela sobre papel. O trabalho de Sónia Carvalho parte sempre da performance, do olhar através da fotografia, por vezes do vídeo que depois se consubstancia na exploração de uma paleta RGB, numa alusão ao branco-luz consequente da fusão. Há uma dimensão espiritual indissociável do seu trabalho, através da qual se procuram fazer escolhas. O cubo, símbolo feminino mas também de uma concentricidade plural, aparece-nos aqui como paradigma das escolhas da mulher, podendo aquela mesa ser a secretária de uma executiva ou a base de ação numa cozinha. Na evolução da cor, a personagem parece levitar, afastar-se do real superlativo. De desenho puro e limpo, o trabalho de Sónia Carvalho retira-nos da subjetividade visual de Gil Maia e devolve-nos ao quotidiano e ao real intersubjetivo dos dias. Prepara-nos, de certa forma, para as cenografias de Acácio de Carvalho, artista para além do seu tempo geracional, com uma capacidade acima da média de se reinventar, e que aqui nos propõe uma seleção evolutiva de obras que nos trazem de uma figuração, em escala ampliada, de pequenos de lugares construídos, até às Absides da sua produção mais recente. Formatos generosos que ampliam o nosso horizonte da memória e do futuro e nos restituem a esperança de encontrarmos (em nós) esse tal paraíso, um porvir aberto, com possíveis infinitos. Podemos compreender que o ser social é aquilo que foi; mas também que aquilo que uma vez foi ficou para sempre inscrito não só na história, o que é óbvio, mas também no ser social, nas coisas e nos corpos. A imagem do provir aberto, com possíveis infinitos, dissimulou que cada uma das novas opções (mesmo tratando-se das opções não-feitas do deixa-fazer) contribuiu para restringir o universo dos possíveis ou, mais exactamente, para aumentar o peso da necessidade instituída nas coisas e nos corpos, com a qual deverá contar uma política orientada para outros possíveis e, em particular, para todos aqueles que foram, a cada momento, afastados. 3 Novas Babilónias erguem-se do pó / Tudo é novo e velho num vaivém de espuma / Tudo se refunde no brilho do bruma proclamam os Clã, em 1996, através do seu primeiro álbum LusoQUALQUERcoisa. Recuperada a melodia e o pressuposto de que regressamos à tal busca e de que na ordem do dia se questionam as cidades que temos, as que queremos e as que podemos escolher para viver, esta exposição lança a pergunta: como queremos que sejam os lugares onde desejamos viver e não apenas existir? Helena Mendes Pereira 3

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BABYLONS

-Do you know it? Where is it? What is its name? -It has neither name nor place. I shall repeat the reason why I described it to you: from the number of imaginable cities we must exclude those whose elements are assembled without a connecting thread, an internal rule, a perspective, a discourse. They are cities resembling dreams: everything imaginable can be dreamed, but even the most unexpected dream is a riddle that conceals a desire or, its reverse, a terror. Cities are like dreams, made of desires and fears, even though the thread of their discourse is secret, their rules absurd, their perspectives deceitful, and everything conceals something else.1 About 100 km south of Baghdad (Iraq) we can find the current city of Al-Hillah where the ruins of Babylon, once known as the main stage of the Babylonian civilization in ancient Mesopotamia, still lie. Babel (in Hebrew) or Bavel (Arabic) came to be, for the first time in the XVIII century BC and once again in the VI century BC, the biggest city in the world, where in an area of about 10km2, stood some of the most emblematic monuments from Ancient times, defended by imposing walls. Between the VII and VI centuries BC, according to the Old Testament, groups of Jews were exiled from the Ancient Kingdom of Judah to Babylon, a place that recalled images similar to those surrounded by the Tigris and Euphrates rivers, sites that were once proclaimed as being part of the description of paradise. Located in a fertile region, on a crossroad of important commercial routes, the cities of Babylon were commercially and culturally developed, having promoted a complex, cosmopolitan, polyglot, monumental civilization with its focus on education, science and art. The abovementioned exile on part of the Jewish elite opened new horizons to Jews, both in terms of political organization and a thorough knowledge regarding the proper functioning of the State. It was still in Babylon that the systematization of the Hebrew Bible began, thus reinforcing the importance of the written records left by such exiles.

In the (re)discovery of the Levante, once considered a cradle, in migrations from the coast to the interior, from large urban centers to medium-sized cities, in preferences of gardens over lifts and spaces over locations, a new generation arises. This group instigated by the consequences of gentrification, touristification and real estate speculation identifies itself with the peripheries and suburbs. Even at a time of the so called “internet of things”, this generation does not feel the necessity of proximity to urban chaos as it has been replaced by philosophies of a life closer to nature and to the presence of sharing within a community that the solitude imposed by an urban lifestyle does not allow. This will be the first unifying requirement for the group of artists who lead the exhibition NEW BABYLONS: inquisitive travelers, beings of the world and its routes, heirs from and influenced by urban chaos, constantly creating in the absolute vertigo of quietude, searching for accuracy, the detail and the (de)construction of thought in plastic segments and dense visuals. 1

CALVINO, Italo – As Cidades Invisíveis. Lisboa: Editorial Teorema, 1996 ( 2nd Edition). Pages 45 and 46. NOVAS BABILÓNIAS

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Acting as a tangent of the avant-garde, starting not with simple neoconceptual affirmations but with complex processes of production, which resort to a cluster of means and techniques that merge, both in a perceptible and imperceptible way, video, photography, performance, music, ready-made (as a process and not as a finished product), collage and aggregation, moving towards contexts of behavioral, labor and scenographic observation, alternating between planimetric or objectual, opened and closed urban fields. All of them collect and take hold of iconographies or physical elements of configuration and urban/industrial memory, visually and plastically combined in different forms, electing painting as the primordial practice and drawing as the indispensable foundation. Anthropologically, they establish themselves in the city, in its images and semantics, to later diverge into methodological, plastic and conceptual choices that are here presented as a scrip to a reflection that is turned into a project of curatorship. Occasionally, It is true that many cultures seem to recognize similar symbolic equations, but when this is the case, the reason seems to be in the sharing of experiences which suggest parallels between different phenomena. This common experience in no way denies the essential role of culture in codifying parallels. There are a few simple groups of traits, one of which is color and another, body parts, which all cultures recognize. Therefore, bodily functions are common to mankind, and colors can quickly be associated with well-known natural phenomena such as night and day; when utilizing these traits metaphorically, different cultures often produce similar analogies.2 The selection of these six artists from different generations with different backgrounds, was made in an effort to answer the question: which Babylons are we now, after all, building We are confronted every day with the volatility in which we lose the right to territories that were once ours and in which we exist. The city’s time and space transform at the speed of light having in us the impact of a mist falling into the nostalgia in which our vision is immersed. We dream and long for that lost paradise, cosmopolitan and parochial, replete but with the silence we so urgently desire. We ultimately yearn for the burning multicultural environment of Babylon 4 millennia ago, on the banks of the Euphrates River with the suspended gardens of our imagination and that sentiment of the glimmer of Paradise, described by Pliny the Elder (23-79). Today we have lost the Levantine gaze which seems distant from the west we intend to affirm. NEW BABYLONS, thus, emerges as an expographic proposal that brings together the imaginary, surreal and futuristic scenographies produced by Acácio de Carvalho (born in 1952); the deconstructed environments of Gil Maia (born in 1974); the details, composed of industrial waste, of colorless object paintings, by Mafalda Santos (born in 1980); the ceramic tile references close to pop and data by Manuela Pimentel (born in 1979); the slogans and fragmented city which shape the violent plasticity created by Paulo Moreira (born in 1968); and the woman made to be a body, a home, made to be everything and nothing which Sónia Carvalho (born in 1978) represents in her drawings. The collection and aggregation within the support of industrial and urban brands is one of the common denominators amongst this group of creators, all enthusiasts of the unconventional 2

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craze and human options, constantly thinking about their time and place of performance, as artists, in a wider scope of active citizenship as well as in the construction of alternatives to the dominant chaos. In different ways, Paulo Moreira and Manuela Pimentel are undoubtedly indicators of this tendency. Regarding Paulo Moreira, the allusion to the street and the city is evident in his compositions and his selection of elements. Nevertheless, the collection of works that joins NEW BABYLONS is now purified, with a larger presence of whites and simple drawing cutouts, maintaining slogans and collage as a method. We could evoke that the purification is a form of yearning for tranquility or even an appeal to the occupation of the margins and peripheries, spreading to new centers and new paradises. What is essential in Paulo Moreira’s art is the redefinition of (urban) space, of the support, and the contrast between a certain geometry and the abundance of concepts. Not unusually, the artist takes chances in creative processes that explore video, photography and performance which serve as a foundation to the understanding and investigation of his own reflections and plastic explosions. In NEW BABYLONS he presents us with a video exercise starting with the sound of a washing machine and then goes on to question us about the possibilities and impossibilities of our body and our literal human condition, having as main character a beetle in a struggle with the law of gravity. On the other hand, Manuela Pimentel, has the traditional Portuguese tile as a reference, which she recreates over stands in works of accumulation of paper and matter. The collection comes from the territory and contexts, it contraposes a guerrilla war method with an apologia of a comeback to look at the roots and iconographies, recovering identities and classical significance. Manuela Pimentel (re)links stories and signals, combines crossroads and breaks down preconceptions. The works of art that integrate NEW BABYLONS are not averse to the ready made, consequence of the accumulation of what it finds and is of interest, plastically or symbolically. Manuela Pimentel reinvents our relationship with the tile as a mark of historical moments that cross the imagery of our cities, giving it back to us while simultaneously taking it away as we are challenged to contemplate it. As in Manuela Pimentel’s work, Mafalda Santos focuses on detail and minuteness. Notwithstanding, Mafalda Santos firmly provides supports which are marked by a game of tension and forces between vertical and horizontal lines and by color gradations that create perspective effects. Not seldom, the work has a narrative and situational dimension and at times, especially when drawing is urgent, the work is marked by a statement of freedom. The art of drawing is, in fact, crucial in Mafalda Santos` complete artistic production. The series of pieces presented in New Babylons stem from a collection of industrial waste, particularly scraps of printed paper from graphic companies, resulting from the cutouts and normal adjusting processes that publications undergo after being printed. Each batch of this waste contains a drawing, a pattern, a form that Mafalda Santos meticulously combines in dynamic supports, that expand her from the narrower field of painting or drawing. The process takes place in the imperturbable privacy of the studio, faithfully characterizing the artist`s journey, a constant retreat from the chaos of big cities leading her to the Alentejo and more recently the Alto Minho region. Mafalda Santos` work carries an originality that combines the demands of the trace with color semiotics which prevail in the series that constitute Cadernos and Vitórias symptomatic of the variations within her language and the evolution of her “almost” calligraphy. NOVAS BABILÓNIAS

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Oils on linen canvas, imagined and executed in the most classic of environments and itineraries of what needs to be done, Gil Maia`s works of art could be, in this context, open plans of a vision of the city, with its geometric and organic variants that would make it idyllic. Gil Maia is meticulous and attentive. As a matter of fact, a certain predisposition to detail and to the resource based in the know-how of the field of plastic and visual arts is common among these six artists. Through the use of strong blues, sometimes hot colors, Gil Maia knows how to use the palette to create transfers, illusory games and contradictions. In NEW BABYLONS, just as it happens with Paulo Moreira, the selection is more purified, less tense and always balanced with a glimmer of gestural freedom that opens his paintings to a new possible path. Readymade Choises is a proposal by Sónia Carvalho who, for the first time, exhibits watercolor on paper. Sónia Carvalho´s work always stems from the performance, the look through the photograph, at times the video which then consubstantiates in the exploration of a RGB palette in an allusion to the white-light resulting from the fusion. There is a spiritual dimension which is inseparable from her work through which choices are sought to be made. The cube, feminine symbol holding a plural concentricity, appears here as a paradigm of female choices, once that table can be seen as a businesswoman’s desk or the central stage of a kitchen. Through the evolution of color, the character appears to levitate and to depart from the most exact absolute. Of pure and clean designs, the work of Sónia Carvalho detaches us from Gil Maia’s visual subjectivity and takes us back to the everyday lifestyle and to a daily intersubjective reality. It prepares us, to an extent, for Acácio de Carvalho’s scenographies, an artist who has surpassed his generation, with an above average capacity to reinvent himself, who provides us with an evolutionary selection of pieces that bring us, on an enlarged scale, from figuration and from small built spaces to the Absides of his most recent production. Generous formats that magnify our horizon of remembrance and future and restore in us the hope of finding (within ourselves) such paradise, an open future, with possible infinities. We can comprehend that the social being is what it was; but also that what it once was remained forever inscribed not only in history, which is obvious, but also in the social being itself, in things and in bodies. The image of an open future, with possible infinities, concealed that each one of the new options (even when it comes to options that people do not make and do not interfere in) contributed to restrict the universe of the possible alternatives or, more precisely, to increase the weight of necessity found in things and bodies, which should count on a policy oriented towards other possibilities, in particular, for all those who were, at any moment, estranged.3 New Babylons rise from dust/ Everything is old and new moving back and forth in a foam of clouds/ Everything emerges in the brilliance of the mist as proclaimed by Clã in 1996, in their first album LusoQUALQUERcoisa. Having recovered the melody and the presupposition that we return to the quest and that we now question the cities we have, the ones we want and those we may choose to live in, this exhibition poses the question: What type of places do we want to live and not merely exist in? Helena Mendes Pereira

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n.1952

ACÁCIO DE CARVALHO

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Acácio de Carvalho Sem título, 1999 Acrílico sobre tela Acrylic on canvas 104 x 130 cm

Acácio de Carvalho Sem título, 1999 Acrílico sobre tela Acrylic on canvas 130 x 100 cm NOVAS BABILÓNIAS

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Acácio de Carvalho Sem título, 1999 Acrílico sobre tela Acrylic on canvas 180 x 200 cm 14 | NEW BABYLONS


Acácio de Carvalho Sem título, 1999 Acrílico sobre tela Acrylic on canvas 200 x 160 cm NOVAS BABILÓNIAS

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Acácio de Carvalho Abside II, 2017 Acrílico sobre tela Acrylic on canvas 97 x 130 cm 16 | NEW BABYLONS

Acácio de Carvalho Abside IV, 2017 Acrílico sobre tela Acrylic on canvas 97 x 130 cm


n.1974

GIL MAIA

NOVAS BABILÓNIAS

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Gil Maia Novas Babilónias 1, 2019 Óleo sobre linho Oil on linen 120 x 160 cm NOVAS BABILÓNIAS

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Gil Maia Novas Babilรณnias 2, 2019 ร leo sobre linho Oil on linen 120 x 160 cm 20 | NEW BABYLONS


Gil Maia Novas Babilónias 3, 2019 Óleo sobre linho Oil on linen 140 x 140 cm NOVAS BABILÓNIAS

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Gil Maia Novas Babilónias 5, 2019 Óleo sobre linho Oil on linen 70 x 107 cm 22 | NEW BABYLONS

Gil Maia Novas Babilónias 4, 2019 Óleo sobre linho Oil on linen 70 x 107 cm


n.1980

MAFALDA SANTOS

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Mafalda Santos Caderno V, 2018 Papel impresso e madeira Print paper and wood 45 x 38 x 20,5 cm 24 | NEW BABYLONS


Mafalda Santos Caderno VI, 2018 Papel impresso e madeira Print paper and wood 45 x 38 x 20,5 cm

Pag. 26 | 27 Mafalda Santos Caderno V, 2018 (detalhe/detail) Papel impresso e madeira Print paper and wood 45 x 38 x 20,5 cm NOVAS BABILĂ“NIAS

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Mafalda Santos Victรณria 1.3, 2018 Papel impresso e madeira Print paper and wood 50 x 50 cm

Mafalda Santos Victรณria 1.3, 2018 (detalhe/detail) Papel impresso e madeira Print paper and wood 50 x 50 cm NOVAS BABILร NIAS

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Mafalda Santos Victรณria 1.2, 2018 Papel impresso e madeira Print paper and wood 50 x 50 cm 30 | NEW BABYLONS

Mafalda Santos Victรณria 1.4, 2018 Papel impresso e madeira Print paper and wood 50 x 50 cm x 25 cm


n.1979

MANUELA PIMENTEL

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Pag. 30 | 31 Manuela Pimentel As Paredes Têm Ouvidos, 2013 Tríptico / Triptych 70 x 30 cm + 100 x 100 cm + 25 x 25 cm 34 | NEW BABYLONS

Manuela Pimentel Dentro da parede há os suspiros dos amantes esperando e as traições ao serviço do futuro. RG, 2017 Néon + acrilico e verniz s/cartazes de rua s/tela Neon, acrylic and varnish on street posters on canvas 110 x 80 cm


Manuela Pimentel Cuidado com o Cão, 2019 Acrilico e verniz s/cartazes de rua s/tela Acrylic and varnish on street posters on canvas 130 x 100 cm NOVAS BABILÓNIAS

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Manuela Pimentel Font of My Imagination, 2017 Cartazes de rua, azulejos, roda de bicicleta, torneira, flores secas e cimento s/ tela Street posters, tiles, bicycle wheel, faucet, dried flowers and concrete on canvas 60 x 60 x 10 cm 36 | NEW BABYLONS


n.1968

PAULO MOREIRA

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Paulo Moreira Up Grade, 2018 Acrilico, spray, oil bar e papel sobre tela Acrylic, spray, oil bar and paper on canvas 138 X 146 cm Fotografia / photography: AndrĂŠ Lemos Pinto 38 | NEW BABYLONS


Paulo Moreira Some New Kind of Kick Acrílico, spray e cimento sobre tela Acrylic, spray and concrete on canvas 100 X 100 cm Fotografia / photography: André Lemos Pinto NOVAS BABILÓNIAS

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Paulo Moreira Punk`s Not Dead + Baile da Favela, 2019 Acrilico, spray e papel sobre madeira Acrylic, spray and paper on canvas 130 X 260 cm 40 | NEW BABYLONS


Paulo Moreira No Time, 2019 Acrilico, spray, oil bal e papel sobre madeira Acrylic, spray, oil bal and paper on wood 141 X 157 cm NOVAS BABILÓNIAS

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Paulo Moreira Periferia, 2019 Acrilico, spray, oil bal e papel sobre tela Acrylic, spray, oil bal and paper on canvas 100 X 70 cm 42 | NEW BABYLONS


n.1978

SÓNIA CARVALHO

NOVAS BABILÓNIAS

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Registo fotogrรกfico da performance Readymade Choices por Sรณnia Carvalho. Performance photo registration Readymade Choices by Sรณnia Carvalho. 44 | NEW BABYLONS


Sรณnia Carvalho Readymade Choices #3, 2019 Aguarela sobre papel Watercolour on paper 106 x 150 cm NOVAS BABILร NIAS

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Sรณnia Carvalho Readymade Choices #1, 2019 Aguarela sobre papel Watercolour on paper 106 x 150 cm 46 | NEW BABYLONS

Sรณnia Carvalho Readymade Choices #2, 2019 Aguarela sobre papel Watercolour on paper 106 x 150 cm


Fotografia da performance Readymade Choices por Sónia Carvalho Performance Photography Readymade Choices by Sónia Carvalho Impressão em acrílico Print on acrylic 21 x 29,5 cm NOVAS BABILÓNIAS

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Horário // Opening time 14:00 | 19:00 · segunda a sábado (exceto feriados) Outros horários mediante marcação 2:00 pm | 7:00 pm · monday to saturday (except holidays) Other schedules by appointment

Contactos // Contacts info@zet.gallery (+351) 253 116 620 www.zet.gallery

Morada // Address Rua do Raio, 175 4710-923 Braga Portugal

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