Edição de 18/11/2012

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Gazeta do Oeste 11

Mossoró, domingo, 18 de novembro de 2012

Polícia

CPEAMN reativa projetos de ressocialização FOTOS: EDNILTO NEVES

Unidade conta hoje com mais de 400 apenados, incluindo o pavilhão especial para mulheres

Sayonara Amorim Da Redação

Q

uando o assunto é presídio, a primeira ideia que se tem é uma unidade onde presos são encarcerados e ficam trancados em celas coletivas e individuais aguardando o cumprimento de suas penas. Porém, alguns presídios investem em projetos de ressocialização com o objetivo de transformar presos em novos cidadãos com oportunidade de retorno à vida em sociedade. Essa vem sendo a meta da atual direção do Complexo Penal Estadual Agrícola Mário Negócio (CPEAMN), localizado na zona urbana de MossoróRN, que conta atualmente com 458 detentos distribuídos nos sistemas:semiaberto,fechado e pavilhão especial feminino. O atual diretor da unidade major Humberto Pimenta, iniciou a reativação e implantação de novos projetos que visam utilizar a mão de obra do próprio presídio em vários segmentos. Recentemente foi reati-

Apenados trabalham no cultivo de frutas e hortaliças

vado o projeto agrícola, uma das áreas fortes da unidade. Coordenado diretamente pelo agente penitenciário, graduado em Gestão Publica e Técnico Agrícola Expedito Rocha, o setor já conta com 15 hectares de área plantada onde estão sendo cultivados mamão, banana, pimentão, coentro e capim para alimentar o gado que é criado no Complexo Mário Ne-

gócio e é responsável pela produção de leite que abastece o presídio. Segundo Expedito Rocha, todo o trabalho vem sendo executado pelos próprios detentos que são recrutados para trabalhar e recebem benefícios pelas atividades que desenvolvem. "O apenado que se engaja num projeto como este tem a oportunidade de aprender técnicas de cultivo que po-

Modernas técnicas são aplicadas no projeto agícola do presídio

dem ser aplicados quando ele terminar de cumprir a pena, sem contar que dependendo da colheita os apenados ainda participam dos lucros nas vendas e na redução de pena", ressaltou. AMPLIAÇÃO - Expedito Rocha acrescenta que o projeto agrícola do Complexo Penal Mário Negócio será expandido em breve, segundo ele, está prevista a inclusão do cultivo de tomate

Igreja Evangélica possibilita curso de eletricista para apenados Como parte do processo de ressocialização, o Complexo Penal Estadual Agrícola Mário Negócio (CPEAMN) conta ainda com o apoio de vários parceiros que fazem parte do Conselho da Comunidade. E através dessa parceria, a Igreja Evangélica está possibilitando o curso de eletricidade para os detentos do Presídio Mário Negócio. O curso teve início no dia 9 deste mês acontecendo sempre às sextas-feiras com oito horas/aula.O curso tem como objetivo levar o conhe-

cimento teórico e prático sobre instalação elétrica predial e residencial. As aulas estão sendo ministradas pelo professor José Maria Dantas, mais conhecido como "Baiano", com larga experiência no ramo e professor do Senai e Funger. De acordo com José Maria, o curso prepara o aluno para atuar tanto em projetos de instalação simples como também em áreas complexas como prédios. "Em todas as aulas são feitas demonstrações práticas onde os alunos têm a oportunidade de pra-

ticar e com isso assimilar com mais rapidez o conteúdo ministrado", explicou. O curso de eletricidade que está sendo ministrado no Complexo Penal Mário Negócio está contemplando 20 apenados,dos regimes semiaberto,fechado e quatro mulheres. As aulas acontecem durante todo o dia, sendo quatro horas no turno da manhã e quatro à tarde durante seis semanas,sempre nas sextas-feiras. Nos próximos dias, segundo o diretor do presídio, serão implantados mais dois

cursos: produção de vassouras a partir de garrafas plásticas e a reativação de uma mini-marcenaria destinada à fabricação de portas de madeira. Outro projeto que está em estudo é o trabalho de separação de lixo reciclável que deverá acontecer em parceria com o sistema de coleta seletiva de Mossoró. "Temos muitos projetos a serem postos em prática e estamos arregaçando as mangas para alcançar o objetivo da unidade que é a ressocialização de presos", acrescentou Humberto Pimenta. FOTOS: EDNILTO NEVES

Professor José Maria ensina instalação predial e residencial

Alunos recebendo instruções teóricas no curso de eletricidade

cereja, alface e beterraba. Produtos de fácil comercialização na região. "Estamos investindo e buscando parceiros para ampliação de outros projetos, porque tudo depende de querer e de buscar meios para que dê certo", concluiu Expedito. O diretor do Complexo Mário Negócio, major Humberto Pimenta, explicou que o grande objetivo da unidade é transformar, res-

socializar. "Se temos meios de tentar mudar a realidade dos detentos que chegam aqui com históricos diversos de violência e transformálos em novos cidadãos com direito de retorno à vida social então vamos fazer isso. Essa é a nossa meta,e se conseguirmos transformar dez presos do total de 458, já é um resultado importante para nós", ressaltou Humberto Pimenta.

Conselho da Comunidade realizará II Exposição de Telas pintadas por detentas Membros do Conselho da Comunidade na Execução Penal da Comarca de Mossoró e da Penitenciária Federal de Mossoró estarão organizando a II Exposição de Telas (II EXPOTELAS) confeccionadas as apenadas do Complexo Penitenciário Estadual Agrícola Mário Negócio (CPEAMN). O evento acontece no dia 22 de novembro, às 16h, na sala do Júri do Fórum Desembargador Silveira Martins em Mossoró. Durante a exposição, que estará aberta para imprensa e toda a comunidade de Mossoró, as detentas autoras da telas receberão seus certificados do "Curso de Pintura a Óleo". O curso é ministrado por uma agente penitenciária estadual e surgiu a partir de uma parceria entre o "Projeto Filosofart", executado pelos alunos da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

(UERN), a direção da Mário Negócio e membros de Conselho da Comunidade na Execução Penal, com apoio do Juiz Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros, da Vara das Execuções Penais da comarca de Mossoró. As apenadas receberão certificado com carga horária de 20 horas/aula. O projeto tem o objetivo de intensificar as ações no processo de reinserção do apenado na sociedade. A presidente do Conselho da Comunidade na Execução Penal da Comarca de Mossoró e da Penitenciária Federal de Mossoró, professora Rozalina Fernandes revelou que o projeto de pinta já revelou vários talentos. "Já é a segunda exposição que organizamos, sempre no mês de novembro. O projeto tem revelado talentos, surpreendido os incrédulos e conseguido reintegra as reeducadas na sociedade", finalizou.


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