Zahil Maio/Junho 2014

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MAIO/JUNHO DE 2014

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Foto: Gladstone Campos

Caros amigos,

Uma publicação ZAHIL VINHOS Conselho Editorial Serge Zehil, Antoine Zahil, Bianca Veratti, Bernardo Silveira Coordenação Editorial Regina Bernardi (Agência Madalena) Direção de Arte Leandro Cattani (Agência Madalena) Fotos Gladstone Campos

Ilustração Eric Peleias Colaboradores Jorge Lucki, Regina Bernardi, Regina Ricca, Priscila Sabará, Nina Loscalzo, Bernardo Silveira, Roberto Urbano Revisão Técnica Bernardo Silveira, Bianca Veratti

Nem as grandes transformações das últimas décadas conseguiram mudar a essência do mercado de vinhos: este é um negócio para quem tem respeito, dedicação, paciência, investimentos e disposição para estar muito perto dos consumidores. Reunindo tudo isso, ainda é preciso um passo a mais, garantindo a capacidade de renovação. Começamos 2014 desenvolvendo um novo projeto editorial, mais moderno, com objetivo de valorizar assuntos

que se relacionam a vinhos e ao nosso dia-adia, sejam eles técnicos, culturais, gastronômicos, turísticos, de tendências atuais e tantos outros. Investimos para levar a você mais informação relevante, atualizada e organizada em seções. Renovamos visualmente a apresentação dos produtos, buscando alojá-los em contextos diferentes, representativos dos momentos em que apreciamos um vinho com amigos, familiares

ou em atividades profissionais. Queremos chegar à sua casa com um produto editorial equivalente, em qualidade, ao selecionado portfólio de vinhos construído em quase três décadas de atividades – e em constante renovação. No catálogo, depositamos a mesma dedicação com que gerimos nosso negócio. E reforçamos nossa antiga convicção de que a proximidade com nossos clientes nos torna cada dia mais eficientes e melhores. Antoine Zahil e Serge Zehil


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VENDA PROIBIDA PARA MENORES DE 18 ANOS

Foto: Gladstone Campos

Foto: divulgação

VINHOS NESTA EDIÇÃO

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Queijos, vinhos e deliciosas combinações para a sua mesa.

ÍNDICE

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EDITORIAL

CAROS AMIGOS

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EM PAUTA

VINHO FUTEBOL CLUBE

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A REVOLUÇÃO QUE ESTÁ MUDANDO, PARA MELHOR, OS VINHOS CHILENOS.

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NOVIDADES

O QUE TEMOS DE NOVO PARA A SUA ADEGA

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TENDÊNCIAS

OS VINHOS CHILENOS ESTÃO MUDANDO. VOCÊ SABE POR QUÊ?

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PERFIL

EM TORNO DO VINHO

PORTO SANDEMAN

UM JEITO MUITO PRÓPRIO (E BOM) DE FAZER QUEIJOS

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NA COZINHA

ARROZ DE PATO

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EXPERIÊNCIAS

DELÍRIOS GASTRONÔMICOS

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A GENTE GOSTA A GENTE RECOMENDA

ARTIGO

A GRANDE BELEZA DO VINHO

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PROMOÇÕES

DESTILADOS

CHEGOU O Nº1

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EM PAUTA

VINHO FUTEBOL CLUBE

Uma seleção de futebol é tão mais competitiva quanto talentosos forem os seus jogadores, desde que enquadrados em um eficiente esquema tático. Assim também é no mundo dos vinhos. Para obter o melhor, buscamos craques com características diferentes, vindos de várias partes do mundo. Assim, nosso time terá um Tannat e um Sangiovese na defesa, apoiando um meio de campo com Merlot e Syrah e deixando espaço para o brilho do onipotente Cabernet Sauvignon e de um excelente Malbec argentino. Uma equipe, sem dúvida, para vencer qualquer campeonato.

P

ara celebrar a Copa do Mundo no Brasil, que acontece a partir de 12 de junho de 2014, elegemos 11 vinhos para comporem a seleção do Vinho Futebol Clube. Inicialmente, pedimos ao especialista em vinhos – e apaixonado por futebol – Jorge Lucki, que fizesse um paralelo entre as habilidades requeridas para cada posição de um time de futebol, com os principais estilos e variedades de vinho. Por exemplo, na defesa a torcida prefere um jogador mais durão, austero. No gol, a segurança terá

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mais valor do que a pura exuberância e carisma. Já o meio de campo é lugar de reunir versatilidade com personalidade - é aqui que os blends podem se dar muito bem. Na linha de frente, um ataque impetuoso e exuberante pode aumentar – e muito – as chances de vitória da equipe. Com tais características em mãos, optamos por montar uma equipe com a formação 1-4-3-3, com bom poder ofensivo. E, por fim, elegemos aqueles que são os acompanhantes

perfeitos para a celebração da torcida. Nestes dias em que o Brasil estará acompanhando os lances das melhores seleções do mundo até chegar àquela que será a campeã da Copa, convide seus amigos e compartilhe os vinhos que, para você, são igualmente campeões. Descubra nas próximas páginas a nossa seleção e prepare-se para beber ótimos vinhos durante a Copa. Visite a nossa loja ou entre no site pelo www.zahil.com.br. Você irá encontrar tudo o que precisa para ter um time campeão.

Eric Peleias

ENTENDA A NOSSA ESCALAÇÃO GOLEIRO – A posição exige seriedade. Segurança é a palavra-chave. DEFESA – É o alicerce do time. Aqui, não dá pra brincar em serviço. Os vinhos têm que ser mais austeros, sérios, sempre com integridade garantida. MEIO DE CAMPO –O jogador do meio de campo é dinâmico: está em todas as partes armando as jogadas, indo ao ataque e voltando para apoiar a defesa. O vinho deve se adaptar bem às diversas ocasiões, mas sempre com personalidade. ATAQUE – É bom ter espírito alegre, impetuosidade e exuberância. TORCIDA – Alegre, descontraída, sempre pronta para celebrar – antes, durante e depois de cada vitória.

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EM PAUTA

NOSSA SELEÇÃO Tannat de Reserva O Tannat de Reserva reforça a defesa de nossa seleção com taninos firmes e sabores concentrados. Sua performance é constante de jogo em jogo (ou de safra em safra). R$ 68,00

Rosso di Montalcino Altesino Em Montalcino a uva Sangiovese apresenta casca mais grossa que confere ao vinho mais estrutura, essencial para defender as jogadas do time adversário. R$ 155,00

Les Granges des Domaines Rothschild Bordeaux e Edmond de Rothschild: pode confiar que aqui temos garantia de qualidade. Equilíbrio, aromas elegantes de frutas e notas tostadas formam o caráter do nosso goleiro. R$ 138,00

Duque de Viseu Tinto Um vinho que representa a integridade e solidez da região do Dão. Taninos sólidos e acidez viva lhe dão o equilíbrio necessário para atuar nesta posição. R$ 69,00

Rutini Cabernet/Syrah Aqui encontramos um meio de campo com personalidade mas de ofensiva controlada: a base dada pela Cabernet que ganha maciez e um certo “tempero” com a adição de Syrah. R$ 82,00

The d’Arrys Original The d’Arrys Original é um australiano de carteirinha: exuberante e intenso, que garante deleitar a torcida que busca personalidade com descontração. R$ 128,00

Viña Alberdi Reserva Viña Alberdi seria o nosso “camisa 10”: com elegância e harmonia no toque de bola, encanta os paladares mais exigentes com acidez equilibrada e taninos polidos. R$ 163,00

Los Boldos Gran Reserve Carménère Um Carménère feito com inspiração francesa confere a este vinho taninos poderosos pelo estágio em barricas de carvalho, que auxiliam na retaguarda de nosso time. R$ 84,00

MUITA ALEGRIA PARA COMEMORAR EM GRANDE ESTILO! 8

Domus Aurea Se estamos buscando um gol, o Domus Aurea é o vinho que dará este prazer. Intenso, macio e complexo ele foi eleito o melhor Cabernet do Chile pelo Guia Descorchados 2013. R$ 315,00

Don Abel Reserva Merlot Escalamos o Don Abel Reserva Merlot para representar o Brasil na nossa seleção. Se buscamos versatilidade no meio de campo, a Merlot é a uva que melhor desempenha o papel. R$ 43,00

Espumantes são o investimento certo para garantir a comemoração. Aposte no Callia Extra Brut para o dia a dia. Faça a festa com uma leve e saborosa Cava Castillo Perelada. E, para fechar em grande estilo, nada melhor do que uma sofisticada Champagne Drappier Carte d´Or.

Numina Gran Corte Mesmo no ataque precisamos ter sutilezas e refinamento. Numina Gran Corte une estas qualidades e completa o trio de ataque garantindo uma partida com belas jogadas ao gol. R$ 129,00

Callia Extra Brut R$ 45,00

Cava Castillo Perelada Rosé R$ 113,00

Drappier Carte d’Or R$ 265,00

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O QUE TEMOS DE NOVO PARA A SUA ADEGA

Vinho, determinaram os deuses, foi criado para nos dar prazer. Para fazer jus a essa nobre e sublime missão, é preciso deixar-se levar por novos aromas e sabores. É com prazer, então, que apresentamos e convidamos você a conhecer quatro novos rótulos que acabam de se incorporar ao portfólio Zahil.

A

s novidades desembarcaram diretamente das vinhas de nossos vizinhos sul-americanos, produzidas por bodegas de renome. Do Chile, vindo da vinícola-boutique Viña Aquitania, apresentamos o Reserva Chardonnay (veja mais na página 14). Já a Argentina é representada pela jovem Bodegas Callia, nascida em 2003 na província de San Juan. Da Callia chegam dois tintos frutados – o Callia Magna Malbec e o Callia Magna Shiraz, de paladares agradáveis e mais uma vez em franca

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Fotos: Gladstone Campos

NOVIDADES

AQUITANIA RESERVA CHARDONNAY A Viña Aquitania volta a surpreender com este Chardonnay, que vem de Traiguén, no Vale do Malleco, dos mesmos vinhedos do seu célebre Sol de Sol, seguidamente premiado como o melhor Chardonnay do Chile. É o próprio Felipe de Solminihac a decidir as mesclas a serem usadas, para extrair um vinho elegante, delicado e refrescante, que surpreende pela qualidade e pelo preço. Viña Aquitania Vale do Malleco, Chile R$ 59,00

harmonia com o que espera o público brasileiro. Em sua décima geração de bodegueiros, a família Carrau, que comanda uma das maiores e mais modernas bodegas do Uruguai, compartilha o seu Grand Tradición 1752, ano de sua fundação na Catalunha (Espanha). O vinho volta, após alguns anos, ao portfólio da Zahil, agora com visual renovado e estilo mais moderno. Descubra nas próximas páginas essas deliciosas novidades e compartilhe conosco as que você gostaria de recomendar aos amigos.

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GRAND TRADICION 1752

Fotos: Gladstone Campos

NOVIDADES

O 1752 é um tinto levemente encorpado, resultado da combinação das uvas francesas Tannat, Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon. Um dos mais tradicionais vinhos da família Carrau, volta ao Brasil com estilo renovado. Bodegas Carrau Cerro Chapeu, Uruguai R$ 119,00

CALLIA MAGNA MALBEC CALLIA MAGNA SHIRAZ Os vinhos produzidos nos vales de San Juan conseguem expressar com elegância seus aromas e sabores. As vinhas do Callia Magna Malbec e do Callia Magna Shiraz estão localizadas na base da Serra de Pie de Palo, e se estendem a 50 metros acima do nível do mar, se beneficiando de todo o sol do deserto, seus ventos suaves e secos e da água que desce das montanhas. Além dos já tradicionais vinhos de Malbec, a região se destaca pelos Shiraz intensos e frutados. Bodegas Callia San Juan, Argentina R$ 58,00 cada garrafa

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Foto: divulgação

TENDÊNCIAS

OS VINHOS CHILENOS ESTÃO MUDANDO. VOCÊ SABE POR QUÊ? O

lhando para o Chile no mapa múndi, o que se vê é um país latino-americano esticado no sentido norte-sul, comprido e fino, medindo 4270 km de alto a baixo. Nem é tão pouco assim – o Brasil, de dimensões

entre Rio de Janeiro e Búzios, São Paulo e Rio Claro, entre outras tantas viagens curtas que se faz no Brasil. Neste trecho espremido de terra acontece tudo o que diferentes variedades de

Os últimos 30 anos marcaram profundas transformações na indústria de vinhos do Chile. Foi quase uma revolução deslanchada com a completa renovação tecnológica nos anos 80, o boom de exportação nos 90 e o desenvolvimento de novos terroirs iniciado na década de 2000. continentais, tem 4.180 km do Oiapoque ao Chuí. De leste a oeste, porém, a história é outra. Seus 177 km entre a costa e a imponente cordilheira são equivalentes à distância

uva adoram. A topologia particular do Chile combina a influência exercida pelos ventos gelados do Pacífico e a muralha da Cordilheira dos Andes e o que se vê, na prática, são 7 Regiões e 17

Sub-Regiões espalhadas por três grandes Áreas, recémdenominadas de Costa, Entre-Cordilheiras e Andes. Há um rico mosaico de terroirs, diferentes tipos de solos e micro-climas. Nas encostas, nos platôs ou nos vales, cerca de 50 tipos diferentes de uvas – das quais 75% são tintas – transformam-se em vinhos exportados para mais de 100 países. Se não bastasse o presente da natureza, a indústria exportadora local é bem-organizada e seu forte é o vinho, o maior embaixador do país. Os planos são ambiciosos para 2020 – tornar o Chile

o produtor número 1 em termos de sustentabilidade e diversidade de vinhos premium no Novo Mundo, atingindo a marca de US$ 3 bilhões em exportação (três vezes mais do que hoje). Para tanto, os vinicultores, segundo a organização Vinos de Chile, trabalham para construir também uma nova imagem, que seria expressa na frase “O melhor do Novo Mundo para o mundo todo”. Até algum tempo atrás, a maior parte das vinícolas se dedicava a produzir em quantidades para o mercado exportador, explorando muito – e quase de forma onipresente – o potencial da Cabernet Sauvignon, a mais antiga e cultivada no país. Era uma produção voltada para atender em volume e qualidade com bom custo-benefício, mas sem foco na criação de vinhos de personalidade marcante, com uma boa dose de nobreza e diferenciação. O cenário mudou. Novos investimentos e o olhar apurado de alguns vinicultores e winemakers vêm alterando – literalmente – a paisagem local. A tendência agora é tirar o máximo das particularidades

do terroir: reconhecer e explorar as diferenças de um Chardonnay ou Pinot Noir cultivado na Costa ou no Sul andino; explorar as nuances climáticas provocadas pelo Pacífico, pela imponente Cordilheira, pelos vales que cortam o país; ou apostar nas particularidades dos solos vulcânicos que guardam memória do derrame de lavas ocorrido há milhões de anos. É assim que os vinhos chilenos vão ficando cada vez melhores. E é assim que a indústria vai ganhando fôlego mundo afora. Conheça três dos melhores exemplos desta “nova” indústria chilena, com vinícolas-boutique, forte expertise européia atuando no Novo Mundo e investimentos de grupos sólidos e de famílias nas muitas particularidades dos terroirs. VIÑA CASA MARIN A agrônoma e enóloga Maria Luz Marín comanda uma joia rara: uma vinícola-boutique que vem conquistando prêmios e a reverência de especialistas na produção de vinhos de clima fresco. Ninguém colocou muita fé quando, há 14 anos, ela

fincou sua produção na cidade de Lo Abarca, no Vale De San Antonio, a 4 km do Oceano Pacífico, constantemente atingida por ventos gelados e coberta por uma névoa tanto no inverno quanto verão. Um lugar pouco recomendável para quase tudo – menos para produzir vinhos de altíssima qualidade. E lá Maria Luz e seu filho Felipe exploram ao máximo as particularidades de 50 hectares de colinas e vales, com 8 seções divididas em 38 blocos, cada um com características geológicas e geográficas distintas e próprias para variedades distintas de uva. Na seção Casona, na orla da cidade Lo Abarca, o espesso solo argiloso escuro dá vida à ítaloalemã Gewürztraminer. O resultado é o Casa Marin Casona Gewürztraminer, um vinho complexo e quente, com muitas camadas de sabor de melão, uvas de mesa, casca de laranja, flores e lichia. Excelente persistência, com final fresco e limpo. O projeto pessoal de Maria Luiz se concentra em Pinot Noir e variedades brancas, como Sauvignon Blanc, Riesling, Gewürztraminer Casa Marin Casona Gewürztraminer Viña Casa Marin R$ 125,00

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TENDÊNCIAS

chilenos nunca mais foram os mesmos e Sol de Sol virou referência.

Fotos: Gladstone Campos

Sol de Sol nasceu depois de uma viagem de Felipe de Solminihac à Nova Zelândia. Dando-se conta de que estava em terras com clima parecido às

solo mantêm vivas marcas vulcânicas de mais de 200 milhões de anos. A evolução geológica deixou para os tempos atuais solos de boa estrutura, drenagem e aporte mineral. Lá, florecem, com muitas particularidades, Syrah, Carignan, Grenache y Mourvèdre, que a enóloga Pilar Diaz transforma em vinhos ricos, saborosos e orgulhosos de sua origem vulcânica.

e Sauvignon Gris. E a vinícola usufrui ao máximo da proximidade com o oceano Pacífico para produzir grandes vinhos, como o Casa Marin Litoral Pinot Noir. Combina uma certa rusticidade à fruta madura e criterioso uso da madeira, fazendo um vinho atraente e único. BODEGA VOLCANES DE CHILE Terroirs atípicos também surgiram no Chile graças à presença de vulcões como o Parinacota. Explorar as marcas vulcânicas no solo é o desafio da Bodega Volcanes de Chile, com seus vinhos que trazem aromas, sabores e texturas complemente diferentes, complexos e únicos.

Com 82% de Syrah e 18% de Carignan, o Parinacota exibe um vermelho intenso e brilhante, é encorpado e apresenta taninos estuturados e profundo caráter. Levemente defumado e mineral, seu aroma é rico em frutos negros e azeitonas. VIÑA AQUITANIA

No centro-sul do país, a 400 km de Santiago, está Cauquenes, no Vale do Maule, onde as rochas do Litoral Pinot Noir Viña Casa Marin R$ 169,00 16

Lazuli e Sol de Sol são duas jóias da produção Parinacota Bodega Volcanes de Chile R$ 128,00

nacional. Não poderia ser diferente com oito mãos muito especiais: os enólogos Bruno Prats e Paul Pontallier, vindos de Bordeaux, Ghislain de Montgolfier, da Champagne, e o franco-chileno Felipe de Solminihac já deram o que falar com sua pequena, ultra-selecionada e fenomenal cultura de Cabernet Sauvignon, que produz o estrelado Lazuli aos pés da Cordilheira dos Andes. Quando adquiriram 18 hectares na Quebrada de Macul, no Alto Maipo (hoje inserida na área de Maipo Andes), fincaram raízes naquela que é considerada a melhor zona para produção de Cabernet no Chile. Escolheram um terreno de solo pobre e bem drenado, que permite que as raízes cresçam em profundidade. A exposição solar é ideal e as noites são frescas: os

terras frias e chuvosas do sogro, na região sul do Chile, Felipe decidiu experimentar o cultivo de Chardonnay em Traiguén, mesmo contra a vontade dos sócios. O resultado foi um dos maiores sucessos da enologia chilena. •

Andes contribuem com seus ventos frios, formando uma barreira natural que protege as plantações do sol da manhã; o pacífico traz uma brisa que suaviza o sol da tarde. O Lazuli vem se tornando mais elegante e concentrado, graças ao envelhecimento dos vinhedos. Trata-se de um vinho potente, de grande estrutura, inspirado nos melhores de Bordeaux. Os quatro mosqueteiros que comandam a Viña Aquitania mantêm a ambição inicial: produzir o melhor Cabernet do país. Para muitos experts, já chegaram lá. A 650 km de Santiago, na região austral do país, nasceu o Sol de Sol, o Chardonnay da Viña Aquitania que colocou no mapa Traiguén, no Vale do Malleco. Depois do seu surgimento, em 2000, os Chardonnays Lazuli Viña Aquitania R$ 129,00

Sol de Sol Chardonnay Viña Aquitania De R$ 153,00 por R$ 122,40 PROMOÇÃO PÁGINA 48 17 ZAHIL


PORTO SANDEMAN

Fotos: divulgação

PERFIL

The Don – não há quem ignore a figura dramática do homem em sua esvoaçante capa negra, típica de estudantes portugueses de Coimbra, e o sombrero de abas largas dos caballeros de Jerez, na Espanha. Na mão, um copo de Porto ruby. Sensualidade, mistério, um clima noir. Assim é Sandeman. Para descobrir e saborear!

A

té na criação da logomarca, a história de Sandeman tem charme. Isso porque, quando em 1928 o escocês George Massiot Brown criou a figura que mais tarde passaria a ser chamada The Don, sabia que os ilustradores franceses é que estavam em alta no mercado. Por isso, preferiu assinar o seu trabalho como G. Massiot para dar um certo glamour francês à sua identidade. A Sandeman foi criada em 1790 por George Sandeman, um jovem nascido em Perth, cidade do centro da Escócia. Com 300 libras emprestadas pelo pai, fundou em Londres um negócio de comercialização de vinhos. Assim nascia The House of Sandeman, que começou comercializando vinhos de alta qualidade provenientes de Portugal e Espanha – o Porto e o Jerez. Já na sétima geração e hoje parte do universo Sogrape, a Sandeman continua

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dedicada à produção, envelhecimento e comercialização de grandes vinhos do Porto. Os vinhos nascem na Região Demarcada do Douro, onde a Sandeman tem as suas vinhas, e são vinificados na Quinta do Seixo. Depois, na primavera seguinte à vindima, são transportados para as caves em Vila Nova de Gaia, na margem sul do rio Douro, onde há mais de 200 anos envelhecem os melhores vinhos do Porto Sandeman, sempre sob o olhar atento da equipe de enologia liderada atualmente por Luís Sottomayor. Conversamos com George Sandeman, da sétima geração da família fundadora, e com enólogo-chefe da casa, Luís Sottomayor, responsável pelos vinhos que passam a ser importados exclusivamente pela Zahil no Brasil. Veja o que eles nos contaram nas próximas páginas.

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PERFIL

PALAVRA DE EXPERT

Vinhos Sandeman, por George Sandeman.

GEORGE SANDEMAN Foto: divulgação

O senhor já esteve no Brasil? O que mais chamou a sua atenção aqui?

Don – foi uma criação dessa época (1928), de um jovem escocês, George Massiot Brown. The Don mantevese com a marca até hoje, e é considerado um dos maiores ícones da indústria de bebidas alcoólicas.

Já estive no Brasil em duas ocasiões como Chanceler da Confraria do Vinho do Porto – a primeira vez em São Paulo e neste ano no Rio de Janeiro. Em ambas, a Confraria decidiu entronizar um conjunto de personalidades brasileiras. Pode ser que em 2015 se realize programa semelhante. É sempre bom visitar o Brasil!

Sandeman Ruby Porto jovem, frutado e equilibrado, perfeito para todos os dias, servido sobre gelo com uma rodela de laranja! Descomplicado! R$ 98,00.

Os vinhos Sandeman se diferenciam dos demais vinhos do Porto em quais quesitos? Eles têm intensidade e frescor, criando uma vivacidade apreciada por conhecedores em todo o mundo. Perfeitamente equilibrados entre fruta e estrutura, são vinhos com longo final de boca, que prometem companhia sem pressa.

A arte e o design sempre foram usados como forte expressão da Sandeman. Em um mundo de forte apelo visual como o de hoje, como a marca pode se diferenciar?

A tradição pesa muito na hora de o consumidor do Porto escolher o seu vinho?

A Sandeman foi, desde a sua criação, em 1790, uma marca pioneira. Foi a primeira do setor a gravar seu logotipo nos barris comercializados e das primeiras no mundo a fazer publicidade na imprensa. Convidou jovens artistas para criar para a marca. É a estes artistas e a este período – início do século 20 – que devemos figuras icônicas da marca, como o Centaur ou a Dancing Woman. O próprio logotipo e personagem principal da marca – The

O Vinho do Porto tem uma história rica em tradição, mitos e fatos. É um mundo de emoções que o distinguem. Mas o que a mim emociona e dá prazer é o estado de espírito, o lugar onde estou, a companhia que tenho, o que estou a comer... Mais do que a tradição, a emoção e reputação têm um peso importante na escolha de uma marca. A partir daí, é ser criativo!

Sandeman Founders Reserve Um Porto Ruby Reserva, intenso, sofisticado e equilibrado – cheio na boca com boa fruta. Servir à temperatura fresca. Sempre bom ter em casa. R$ 147,00.

Sandeman LBV 2009 Porto intensamente frutado com boa estrutura, de taninos macios. Fruto de uma única colheita. Perfeito para acompanhar sobremesas de chocolate ou queijos cremosos. R$ 187,00

Sandeman Tawny 10 Anos Um Tawny que apresenta alguma evolução dos anos que passou envelhecendo nas pipas que repousam nas Caves Sandeman, em Vila Nova de Gaia. Complexo e refinado, com aromas e sabores de especiarias, baunilha e mel. Perfeito servido fresco ou com sobremesas de caramelo. R$ 433,00.

GEORGE SANDEMAN Administrador, Board Member, Relações Públicas e Representante Institucional 20

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PERFIL

LUÍS SOTTOMAYOR Qual o espaço ocupado pelos vinhos do Porto no cenário mundial do vinho hoje? Como enólogo, creio que o Vinho do Porto deveria ocupar lugar de maior destaque. Na região do Douro fazemos vinhos fantásticos, com enorme diversidade de estilos e versatilidade. Falar do Porto é falar de vários tipos de vinhos, com caraterísticas distintas, que se adequam aos mais variados momentos. De forma geral, as pessoas não conhecem bem o Vinho do Porto, e se juntarmos a isso o esforço que está sendo feito para rejuvenescer o setor, o Porto poderá ter espaço maior do que tem hoje. Quais tipos de uvas são utilizadas na produção dos vinhos do Porto? São as tradicionais do Douro, onde temos mais de 80 variedades com incidência para a Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Tinto Cão e Sousão, nos vinhos tintos; e Códega, Viosinho, Rabigato, Malvasia Fina e Arinto, para os vinhos brancos. A proveniência pode ser de toda a região do Douro,

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Foto: divulgação

mas no caso da Sandeman tem mais relevância a Sub-Região do Cima Corgo, nomeadamente a zona do Pinhão e o Vale do Rio Torto, onde está a Quinta do Seixo e acreditamos ser a zona mais propícia à produção dos melhores Portos. O que mais o empolga nesse trabalho de produção do vinho do Porto ? Produzir vinhos é apaixonante. Dependemos da natureza e todos os anos encontramos situações diferentes às quais temos que nos adaptar, o que é um desafio. Pensar que estamos criando um produto que pode durar 100, 200 anos, como é o caso dos Vintages, é misterioso e sedutor. É sempre um novo desafio por nunca haver dois anos iguais. Desde o LBV ou Vintage, resultado daquela vindima específica, ao Tawny 10 anos ou Founders Reserve, que independentemente do lote são sempre consistentes, o dia a dia na sala de provas é emocionante. Quais são os maiores mercados consumidores do Porto, e onde o Brasil se encaixa neste ranking?

Segundo o relatório de dezembro de 2013 do IVDP são França, Holanda, Portugal, Reino Unido e a Bélgica. O Brasil ocupa a 11ª posição, com base no volume de garrafas vendidas. Qual a importância de ter nas mãos uma marca tão tradicional como a Sandeman, que existe há mais de 200 anos e sempre teve forte imagem no mercado do Porto? Produzir vinhos com um nome tão forte, com uma história tão antiga

LUÍS SOTTOMAYOR Diretor de Enologia – Douro. e com tradição aumenta a responsabilidade, mas são desafios que gostamos e que nos estimulam. A produção do Porto é ainda tradicional, baseada em técnicas antigas ou vem incorporando novas técnicas? A técnica tradicional e ancestral de produção

é a vinificação em lagares, que por anos foi esquecida, pois obrigava uma utilização de mãode-obra em grande quantidade. Hoje, com novas tecnologias, voltamos a utilizar a vinificação em lagares, permitindo melhor extração e obtenção de vinhos de excelente qualidade. A pisa a pé ainda se faz, mas só para vinhos realmente especiais.

O vinho do Porto vem melhorando na qualidade? Penso que sim. Hoje, temos vinhos com mais qualidade não só graças a uma melhor e mais cuidada tecnologia, mas principalmente devido a uma viticultura mais atenta e mais respeitadora da qualidade da uva. •

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Foto: Gladstone Campos

NA COZINHA

ARROZ DE PATO

Reuniões familiares e com amigos em torno da mesa provocam sempre a mesma dúvida, caso você seja o anfitrião: o que fazer de especial e diferente para os convidados? Não é preciso ser um chef, daqueles estrelados, para encarar o fogão e as panelas e transformar a reunião num evento gastronômico cheio de sabor e charme. E se o menu for harmonizado com bons vinhos, a refeição com certeza será um sucesso. Um arroz de pato, receita que escolhemos desta vez, irá surpreender os seus convidados, e o melhor de tudo: é de fácil preparo. Então, mãos à obra, gourmands!

Ingredientes: 1kg 2½ 1½ 2 200gr. 300gr.

de pato desfiado xícaras de arroz branco litro de caldo de pato colheres de azeite bacon em cubos azeitona verde

1 peça de chorizo cortado em fatias na diagonal 1 cabeça de alho (esmagado ou picado) 1 taça de vinho branco seco Tomilho a gosto Louro a gosto

Pré-preparo: Pato: Cozinhe o pato no salsão, cenoura, cebola, tomilho, louro, sal, bacon e vinho tinto. Quando ficar bem macio, depois de mais ou menos 2 horas, tire da panela, deixe esfriar a desfie a carne.

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Caldo de pato: Utilize a carcaça do pato. Coloque em uma panela com sal, pimenta do reino, cenoura, salsão, tomilho e água. Deixe cozinhar por 3-4 horas para ficar bem grosso. Apague o fogo, retire a carcaça e coe o restante do caldo. Utilize o caldo para regar o arroz de pato.

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NA COZINHA

 Deixe o vinho evaporar um pouco e adicione devagar o caldo de pato, mexendo de vez em quando. Foto: Gladstone Campos

 Acrescente o arroz e, depois de bem refogado, coloque o pato desfiado e a taça de vinho branco.

 Adicione ao refogado o tomilho e o louro e deixe tomar gosto.

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 Acrescente as azeitonas e leve ao forno por 10 minutos em panela fechada para terminar o cozimento (cuidado para não deixar ressecar!). Sirva em seguida. 27 ZAHIL


Foto: Gladstone Campos

ARROZ DE PATO

NA COZINHA

O

segredo do sucesso de uma receita passa não só pelos ingredientes e pelo preparo mas também pela seleção dos vinhos que vão acompanhá-la. Para harmonizar com Arroz de Pato, selecionamos quatro

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vinhos distintos, para você experimentar. Começamos com um Vinho Verde, Morgadio da Torre Alvarinho, passamos pelo Salentein Reserve Pinot Noir, de Mendoza, e vamos até a Espanha

para destacar o Finca San Martin Crianza. Não deixe de experimentar a receita também com um autêntico alejantano, o Herdade do Peso Colheita, cujos detalhes você encontra na seção Promoção, na página 50.

MORGADIO DA TORRE ALVARINHO

Salentein Reserve Pinot Noir

Finca San Martin

Considerado um dos primeiros varietais portugueses, o Alvarinho surgiu na sub-região de Monção. A variedade é capaz de produzir vinhos mais intensos e ricos que as outras uvas tradicionais da região.

Um vinho perfumado e delicado, com aromas de violetas, morangos e framboesas, com notas de cedro e pinho, de uvas cultivadas em vinhedos mais altos no Valle de Uco.

O Finca San Martin é um delicioso “Crianza”, com envelhecimento prolongado, elaborado numa bodega “de Pago”, ou de vinhedo único, exclusivamente com Tempranillo.

Sogrape Vinhos Vinho Verde, Portugal R$ 94,00

Bodegas Salentein Mendonza, Argentina R$ 78,00

Torre de Oña Rioja, Espanha R$ 87,00

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EM TORNO DO VINHO

UM JEITO MUITO PRÓPRIO (E BOM) DE FAZER QUEIJOS

Foto: Gladstone Campos

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xistem muitas formas, receitas secretas e técnicas para produzir um ótimo queijo a partir do leite de cabra ou de vaca. E existe o jeito cuidadosamente aprimorado, nos últimos 25 anos, pelo paulistano Airton Gianesi da Costa, detentor das marcas Paulocapri, Serra das Antas e Chevre d´Or. Obstinado, este engenheiro mecânico de 50 anos alimenta com orgulho sua vocação de queijeiro. Como vinho tem tudo a ver com queijo, fomos conhecer de perto esta história.

Nas câmeras de maturação, ficam acomodados queijos à espera do momento certo para embalagem e comercialização (na foto, exemplares de raclette e chevrotin). Lá o tempo passa devagar. Cada queijo tem seu tempo. Como dizem os mineiros, pra quê a pressa?

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EM TORNO DO VINHO

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m Bueno Brandão, MG, aos pés da Serra das Antas, que batiza sua linha de queijos de leite de vaca, Airton instalou seu laticínio, de onde saem 24 produtos diferentes, todos inspirados nos modos francês e italiano de produção. “Procuro sempre fazer o certo”, afirma. O certo, para ele, é estar o mais próximo possível da receita original dos europeus. É difícil, requer técnica e intuição, uma dose de ousadia, dedicação para ouvir os clientes, tempo para viajar e paciência para obter

todas as licenças exigidas pelo governo federal, que controla com mão de ferro a produção de derivados de leite. “Já pensou em desistir alguma vez?”, perguntamos a Airton. “Todos os dias. Mas, aí, o dia termina e penso: vou deixar para desistir amanhã” afirma, com sorriso aberto, este paulistano com jeitão de mineiro. No final dos anos 80, um grupo de produtores de leite de cabra reuniu-se em torno da marca Paulicapri. Pauli era muito próxima da marca

Paulista, na época já consolidada. O jeito de resolver o problema foi mudar para Paulocapri e assim ficou até hoje. “Inicialmente, a produção de leite de cabra era destinada a crianças alérgicas. Quando começou a aumentar, decidimos fabricar queijos para escoar o excedente.”, conta Airton. Um a um os queijos foram surgindo a partir do início dos anos 90, época em que os criadores de cabras, reunidos em uma cooperativa, assinaram convênio com uma Associação de

Produtores Franceses de Cereais (FERT), responsável por abrir muitas – e fundamentais – portas nos laticínios da França. Lá, Airton começou a se aprofundar no “jeito certo” de fazer. “Em 1991, fiquei 40 dias na França, estudando, conhecendo, experimentando. Aquele foi um momento decisivo para nós”, recorda Airton, que vende nas melhores casas do ramo em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Rio de Janeiro e Salvador, além de dezenas de restaurantes. Cinco toneladas de queijos

saem semanalmente da fazenda em Bueno Brandão (MG) e viajam 200 km até o bairro da Bela Vista, em São Paulo. De lá, são distribuídas para a capital e demais cidades. A cooperativa não existe mais. Airton toca o negócio com a ajuda da mulher, Waldeci, responsável pela programação de produção e contabilidade, e mais 32 funcionários.

de fermentos importados da Itália e da Dinamarca. A temperatura, o leite e o fermento são apenas algumas das variáveis controladas para definir se o queijo será azul, de massa mole ou dura, por exemplo.

A jornada começa às 6 da manhã, horário em que 5 mil litros de leite são pasteurizados e separados em tanques para receber um dos 15 tipos diferentes

O desafio diário é controlar as variáveis nos tanques e, na sequência, nas câmaras de maturação, onde o armazenamento se dá por períodos distintos. Na

Airton Gianesi da Costa

programação da produção é preciso considerar que há queijos vendidos frescos, logo após a embalagem, e outros que devem aguardar o ponto correto da maturação, que varia

Fotos: Gladstone Campos

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Logo após a pasteurização o leite recebe os fermentos e o coalho, depois é cortado em pequenos cubos para agilizar a expulsão do soro.

Uma pequena “cachoeira” de soro cai do tanque de fabricação, enquanto a coalhada decanta. Posteriormente as formas serão enchidas.

Este pequeno parmesão está sendo envolto em um dessorador para completar a prensagem e depois seguirá para salga e maturação de um ano. 33 ZAHIL


EM TORNO DO VINHO

O QUE COMBINA COM O QUE? de algumas semanas, caso do Taleggio ou Brie, até um ano para o Parmesão. Outro grande segredo é o cuidado que cada variedade deve receber durante a maturação. Entre eles estão as viragens, lavagens e escovação, que às vezes são diárias. Nesta fase, a paciência se redobra. Cada queijo tem seu tempo. Airton persegue com paixão e disciplina a produção dos seus queijos experimentais. Na lista do que vem sendo pacientemente testado e re-testado estão um Comté – “uma instituição na França, não produzido no Brasil” –, um Parmesão e um Gorgonzola “dolce”. “O que me desafia é

1 5 Years Full Rich - 500 ml Henriques e Henriques Madeira, Portugal R$ 87,00

2 Áster Crianza

Bodega Áster Ribera Del Duero, Espanha. R$ 172,00

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fazer um gorgonzola como os italianos. Este é um queijo de grande consumo e muito mal trabalhado no mercado brasileiro. Mas eu estou chegando lá”, garante. Não lhe falta empenho para perseguir seus sonhados queijos. Nas viagens de “turismo” ao exterior, a rotina é sempre a mesma. Airton e Waldeci entram nos mercados, supermercados e fromageries, compram queijos diversos, sentam nas praças e se deliciam com os sabores. “Já estive várias vezes em Paris e nunca fui à Gallerie Lafayete. Em compensação, visitei todas as lojas de queijo que consegui”, afirma Airton. •

1 GORGONZOLA

4 CHABICHOU

Leite de vaca, massa cremosa com mofo azul, levemente picante e salgado. A harmonização é feita por oposição, usando a doçura do Madeira 5 Anos da Henriques & Henriques.

Leite de cabra, massa mole e mofo branco, sabor suave e mineral. A textura do queijo pede um vinho de alta acidez, como encontrado no Muscadet da Domaine La Haute Févrie, que oferece mineralidade que se unirá à do queijo.

2 PARMESÃO Leite de vaca, massa dura quebradiça, levemente salgado. O vinho deverá ter sabores intensos, frescor e taninos polidos, tal como o Áster Crianza.

3 ST. MARCELLIN Leite de vaca, cremoso levemente picante. Um vinho aromático como o Trimbach Gewürztraminer, com bom frescor e corpo médio é a dica para acompanhar o Saint Marcellin.

5 BRIE Leite de vaca, massa mole e mofo branco, sabor suave amanteigado. É necessário um vinho de corpo médio, sedoso e refrescante e o Duque de Viseu Branco estará em pé de igualdade com o Brie.

6 CHÈVRE À L´HUILE Leite de cabra, massa fresca, ligeiramente ácida e mineral. O sabor vivo de fruta fresca, ervas e especiarias do MJ Janeil Rosé se integra ao

3 Trimbach Gewürztraminer Maison Trimbach Alsácia, França. R$ 169,00

4 Muscadet de Sèvre-et-Maine sur Lie Domaine La Haute Févrie Loire, França R$ 75,00

Foto: Gladstone Campos

queijo e é especialmente ressaltado pela pimenta rosa presente no óleo onde o chèvre está imerso.

7 PONT L´EVÊQUE

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Leite de vaca, massa mole de casca lavada, sabor e aroma pronunciados que devem ser acompanhados por um vinho igualmente intenso, com frutas em destaque e taninos leves, como no Le Orme Barbera d’Asti de Michele Chiarlo.

8 1 5 4

8 TALEGGIO Leite de vaca, massa mole de casca lavada, sabor lácteo suave. Salentein Reserve Chardonnay é encorpado e untuoso, com toques lácteos, criando um único sabor com o queijo.

7

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5 Duque de Viseu Branco

7 Le Orme Barbera D´Asti

6 MJ Janeil Rosé

8 Salentein Reserve Chardonay

Quinta dos Carvalhais Dão, Portugal. R$ 69,00

Domaines François Lurton Languedoc, França R$ 59,00

Michele Chiarlo Piemonte, Itália. R$ 89,00

Bodegas Salentein Mendonza, Argentina. R$ 78,00

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Fotos: divulgação

Foto: divulgação

EXPERIÊNCIAS

DELÍRIOS GASTRONÔMICOS P

ara quem não perde a oportunidade de celebrar os grandes – e pequenos – prazeres da vida, explorando novas possibilidades de encontros e sensações, o projeto Expedições ao Léo é literalmente um prato cheio. Organizada pela agência FoodPass, de São Paulo, a primeira edição foi até a Fazenda Adelaide, em Morungaba, interior de São Paulo, uma referência no plantio e comercialização de produtos orgânicos. Expedições ao Léo é um convite do chef Leo Botto à conexão com a natureza através de visitas aos pequenos produtores. A ideia é proporcionar um resgate da alimentação em sua forma mais ancestral, fazendo com que as pessoas entrem em contato não só com a

origem dos ingredientes, mas também com técnicas simples de cocção, como a do fogo de chão. Leo Botto é um chef inquieto, aventureiro e curioso que vem realizando um trabalho detalhado de pesquisa sobre ingredientes e fornecedores nacionais no segmento de alimentos orgânicos. “O almoço é um convite para a reflexão. Quantas pessoas passam anos sem ter colhido uma cenoura? É somente através do contato direto que as pessoas valorizam o trabalho e desafios dos produtores rurais”, afirma o chef.

os cheiros instigam os participantes a começarem o passeio na imaginação.

de queijo quentinho, bolos caseiros, frutas frescas, sucos naturais e café.

Um par de horas depois, a paisagem ao redor colore os olhos atentos de quem chega. O proprietário da fazenda, David Ralitera, e sua equipe recebem os convidados com calor e simpatia. Uma mesa de café da manhã típica da roça espera pelo grupo, com fartura de pão

É chegada a hora de conhecer a horta. Conduzido por David e por Léo, o tour é uma verdadeira aula sobre agricultura, métodos de cultivo e os cuidados necessários para o plantio isento de agrotóxicos. David, que sabe tudo sobre o assunto, vai soltando seu português carregado de um sotaque francês para explicar como trabalha com cada alimento nas estações do ano. Já o chef Leo explica suas pesquisas e desafios de manter ingredientes orgânicos nos menus dos restaurantes. O horário do almoço se aproxima e a fome também. Os vinhos selecionados para a ocasião, um branco e um tinto da Rutini Wines, são servidos para aguçar os paladares numa linda mesa campestre que recebe os convivas para o

O roteiro começa com a saída de São Paulo num micro-ônibus que leva os aventureiros para a jornada. Durante a viagem, a paisagem, a música e Trumpeter Chardonnay

Rutini Wines Mendoza, Argentina R$ 55,00 36

grande banquete. O extenso menu inclui desde beterrabas inteiras com folhas assadas na laranja servidas geladas com coalhada caseira, a linguiças artesanais de Bragança Paulista. A Costela de Kobe grelhada, assada no chão, é acompanhada de farofa de saúva da fazenda, arroz cateto integral, vegetais grelhados no fogo de chão e salada com folhas da horta. Para fechar a refeição, nada mais natural do que servir crostatas de frutas da estação com doces e compotas da fazenda. As horas passam relaxadas e o pôr do sol é vislumbrado na companhia de café fresco. É hora de voltar para a cidade trazendo na bagagem uma boa história para contar. Se você quer saber mais sobre Expedições ao Léo, visite o site da foodpass.com.br. • Trumpeter Malbec/Syrah

Rutini Wines Mendoza, Argentina R$ 55,00

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A GENTE GOSTA A GENTE RECOMENDA

Convidamos nossos clientes para fazer uma seleção dos vinhos que recomendariam para comemorar em grande estilo o Mês das Mães e o Dia dos Namorados.

Minha escolha para comemorar o Dia dos Namorados em clima bem romântico é um champagne Drappier, Brut ou Rosé. É um vinho que evoca o clima romântico que a data sugere, tem sabor supercomemorativo. Você pode bebê-lo sozinho, acompanhado ou acompanhando um jantar mais sofisticado, porque é um vinho gastronômico que vai superbem com uma série de pratos. Tiago Locatelli Vice-campeão Concurso Pan-Americano de Sommeliers

Minha mãe é minha rainha, pessoa meiga e amorosa, então para beber com ela no seu dia eu escolheria um tinto francês da região da Borgonha, levemente encorpado, como um Nuits Saint George – Clos de Porrets. Um clássico, de uma região com pequenas vilas, ruas estreitas, casinhas modestas, sem prédios, que me faz lembrar de minha infância. Já para o Dia dos Namorados, os espumantes podem ser boa opção, mas como é uma época do ano que já deve estar mais fria, escolheria um tinto mais encorpado para ser saboreado em um ambiente mais aconchegante, como o Amat Tannat e Salamandra Tempranillo. Edu Corsi Júnior Empresário

No Dia das Mães, o vinho que eu quero degustar e indicar muitíssimo é o Dolcetto D’Alba. Eu tomei esse vinho pela primeira vez na Itália, em Cernobbio, perto de Como, no norte da Itália. Estava na companhia do meu marido, em uma viagem romântica, e de amigos que lá residem. É um vinho que acompanha bem massas e carnes leves, e eu gosto muito de degustá-lo acompanhado de um prato de queijos tipo Granna Padano ou Parmegiano Reggiano, com pão. Tenho muito prazer em brindar com esse vinho os momentos felizes da vida, tanto quanto gosto de fazer planos para ir degustá-lo novamente na Itália.

Drappier Carte d’Or Maison Drappier Champagne, França R$ 265,00

Maria Luiza Esper Professora

Le Coste Dolcetto d’Alba Michele Chiarlo Piemonte, Itália R$ 118,00 38

Nuits Saint Georges Clos des Porrets 1er. Cru Henri Gouges, Borgonha, França R$ 455,00

Amat Tannat Bodegas Carrau Cerro Chapeu, Uruguai R$ 169,00

Salamandra Tempranillo Bodegas François Lurton Castilla y León, Espanha R$ 59,00 39 ZAHIL


A GENTE GOSTA A GENTE RECOMENDA Aquitania Reserva Carménère Viña Aquitania Maipo, Chile R$ 59,00

Um vinho especial para tomar no Dia das Mães, e que a minha com certeza vai gostar, é um malbec, de preferência argentino, pela qualidade da uva. O Rutini é um dos melhores, cai muito bem, e vai ser a minha opção. Adoro bebê-lo porque me lembra da Argentina e por ser um vinho mais encorpado. Sem contar que a garrafa é muito bonita para se presentear, e vai com certeza chamar a atenção da minha mãe.

Um vinho fácil de agradar, que com certeza minha mãe vai gostar muitíssimo para tomarmos juntas no dia dela, é um Salentein Portillo Malbec. Um vinho leve, gostoso, fácil de combinar com vários pratos, e de paladar muito leve. Minha mãe já o conhece e vai adorar se eu leva-lo para o nosso almoço especial.

Jorge Salomone Analista do mercado de capitais

Rutini Malbec Rutini Wines Mendonza, Argentina R$ 127,00

Confesso que escolher um vinho para o Dia dos Namorados foi infinitamente mais fácil que conseguir uma foto nossa. A experiência mais fascinante que vivemos no mundo do vinho foi na Andaluzia, na Espanha. A gastronomia, as pessoas, as paisagens e, claro, os vinhos refletem a forte personalidade da região, ainda mais acentuada em Sanlúcar de Barrameda. Para nós, a Manzanilla La Guita possui um tripé de complexidadepreço-versatilidade que é imbatível. É uma das melhores compras que temos no mercado hoje.

Marcel Miwa Jornalista

Manzanilla La Guita Hijos de Rainera Perez Marin/La Guita Andaluzia, Espanha R$ 89,00

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Haedus Rosé Chateau Ferry-Lacombe Provence França R$ 89,00

Martha Almeida Kuhl Editora

Para tomar com a minha esposa, minha eterna namorada, no Dia dos Namorados, o meu vinho sem sombra de dúvida é o Aquitania Reserva Carménère. É um vinho especial, de uma uva única. Tem um sabor incomparável e um custo-benefício dos melhores do mercado.

Não gosto de vinhos fortes, e por isso um vinho leve, gostoso, ideal tanto para acompanhar os aperitivos como o almoço é o Haedus Rosé 2009. O ideal é servi-lo bem gelado. Experimentem, ele desce macio, é delicioso. Minha mãe vai adorar, até porque ela adora vinhos.

Luís Rabello Gerente de segurança da informação

Portillo Malbec Bodegas Salentein Mendonza, Argentina R$ 39,50 – Confira a promoção do final do catálogo

Kiki Goés Sócia da Casa Itaim, espaço para eventos

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DESTILADOS

CHEGOU O Nº1

A Zahil Importadora está trazendo, com exclusividade para o Brasil, The London Nº 1, Gin Ultra Premium, integrante do exclusivo grupo de gins produzidos na cidade de Londres. Trata-se de um Original Blue Gin, uma das muitas jóias raras que levam a assinatura dos ingleses, sempre orgulhosos das suas tradições.

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cor azul, como de uma água marinha, e o método totalmente artesanal de produção fazem desta uma bebida realmente exclusiva. The London Nº 1 é elaborado com 12 ingredientes botânicos cuidadosamente selecionados em vários pontos do mundo e destilado em alambiques. A palavra Gin é derivada de geniève (francesa) e genever (holandesa), que significam zimbro, uma fruta azulesverdeada altamente aromatizada, de um arbusto inexistente no Brasil, e que confere o conhecido travo seco e amargo da

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bebida. Vem da Croácia o zimbro usado em The London Nº 1. A ele, adiciona-se bergamota e raízes de lírio, trazidos da Itália, e cassia de Hong Kong. Cada produtor de gin cria sua própria combinação – por esta razão, The London Nº 1 tem uma personalidade tão marcante e única. Poucas outras bebidas ganham naturalmente a cor azul (graças à infusão de gardênias, feita em um processo 100% artesanal). Ou proporcionam a mesma experiência para a visão, olfato e paladar.

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DESTILADOS

UM POUCO DE HISTÓRIA Zimbro já era uma planta medicinal usada em partes da Europa desde a antiguidade e coube aos holandeses, no século 16, o trabalho de misturá-lo a bebidas destiladas em alambiques, juntamente com outras ervas e especiarias. Nascia, assim, o gin. Graças aos soldados que voltavam das guerras, o gin chegou a Londres – lá, caiu, definitamente, no gosto dos locais. Efervescente, Londres no século XVIII

era um inigualável centro mercantil de ervas e especiarias. Enquanto taxava outros destilados, o governo britânico liberava a produção do gin sem licença e não tardou para a bebida rivalizar com a cerveja em preferência. O problema é que a legião de fãs não só bebia como produzia gin de qualidade sofrível. Entre idas e vindas, o governo regulou, desregulou, incentivou, coibiu e pouco se entendeu sobre o que fazer com o consumo crescente da bebida. Finalmente, em 1742 os governantes estabeleceram nova política, regularam impostos e distribuição e ajustaram o mercado, que só cresceu. Desde então o gin virou alvo de um caso de amor dos ingleses e ganhou ardorosos fãs no mundo todo. Dos loucos anos 20 à era dourada de Hollywood, o Martini sempre foi o clássico dos clássicos entre a infinita coleção de coquetéis. No cinema – e também na literatura – o gin fez a cabeça de gerações. Não é para menos. É com uma garrafa de gin que Rick se consola – e se desespera – quando reencontra

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a doce Ilse, no genial Casablanca, o filme que consagrou definitivamente Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. O cineasta espanhol Luís Buñel, em seu livro O Último Suspiro, recomendava colocar gotas de vermute sobre o gelo e depois adicionar gin – nesta ordem obrigatoriamente. Outro famoso e notório apreciador da bebida gostava de brincar quando alguém lhe pedia qual a melhor receita de Martini. “Se você estiver perdido na selva africana ou no deserto do Saara, não se desespere. Comece a preparar um Dry Martini e eu lhe garanto que em menos de 5 minutos vai aparecer alguém dizendo que a dosagem de gin e vermute está errada!”, dizia o escritor Ernest Hemingway. Bem, você não precisa ir tão longe. Nos melhores bares das grandes cidades o gin vem (re) ocupando lugar de destaque entre os bartenders – ou, mixologistas, como são chamados os verdadeiros artistas das coqueteleiras. Martini faz relembrar os clássicos. Já o gin-tônica se faz presente para uma noite embalada com amigos.

Não se esqueça de usar um copo de boca larga – “moda atual” para sentir todas as notas aromáticas da bebida. Ou simplesmente recorra a uma tradição very british – copo alto com apenas uma casca de limão. Por falar em very british, há 50 anos, James Bond faz do dry-martini uma de suas muitas armas de sedução, invariavelmente “batido, não mexido”. Mas 007 nem sempre usou gin na composição do seu coquetel favorito, trocando-o por vodka com vermute em vários filmes. Seu criador, o escritor Ian Flemming, não era um grande apreciador de bebidas e reza a lenda que mal sabia escolher um vinho. Ele gostava mesmo era da sonoridade da frase “shaken, not stirred” (batido, não mexido). Mais atual do que nunca, 007 alterna momentos de depressão, revolta e, claro, muita sedução em Operação Skyfall, filme de 2013. Entre muitos tabus que quebra, responde assim quando lhe perguntam se quer seu dry-martini “batido ou mexido”: “ Pouco me importa”, rebate irritado. Importa. Bond, importa. •

The Perfect Gin & Tônica • Coloque gelo no copo com uma rodela de limão. Mexa o gelo até resfriar o copo. • Coloque London Nº 1 aos poucos. • Acrescente lentamente tônica – 4 medidas de tônica para cara uma de gim. • Aromatize com uma casca de limão verde ou lima e acrescente umas raspas de zimbro. • Relaxe e aproveite seu perfeito gin-tônica.

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ARTIGO

PROMOÇÕES

A grande beleza do vinho

Quatro chilenos, quatro argentinos e um português compõem as promoções válidas até 30 de junho de 2014. Atenção para o estupendo Sol de Sol, da Viña Aquitania, o vinho que há uma década mudou o patamar dos Chardonnays do Chile.

Bernardo Silveira, AIWS

“Descobri que o vinho podia mesmo ter a ver com a beleza. Ele era capaz despertar sentimentos. Era interminavelmente mutável e - como a música - se desdobrava em variações sobre temas maravilhosas. Não era somente algo agradável, era interessante.” Quando li pela primeira vez estas palavras de Terry Theise, um importador americano especializado em pequenas maravilhas enológicas, tive a sensação de encontrar publicado o meu próprio sentimento de atração pelo vinho. Reconheci ali o motivo básico pelo qual me aprofundei sem volta nesse mundo: um magnetismo irresistível, resultado da combinação do componente humano com uma variedade infinita, a vivacidade do próprio vinho e o efeito do álcool. É impossível - ou desonesto - não dar ao efeito do álcool a importância que ele tem na atração que o vinho causa. Já há milênios o motivo fundamental pelo qual se bebe em todo mundo é a sensação de relaxamento e a redução dos nossos entraves psicológicos. Mas não é o único, nem deveria ser o mais importante – pelo contrário: a cultura do excesso e a irresponsabilidade trazem graves consequências. A melhor resposta ao consumo imoderado de álcool que já li vem de Émile Peynaud, um dos mais importantes personagens da enologia moderna. Ele vincula o excesso à falta de qualidade dos vinhos e vice-versa: “Os bons vinhos incitam à sobriedade, e o alcoolismo é a sanção do mal-beber. Beba menos, mas seja exigente em sua escolha. Cada vez que você escolher um vinho indigno, estará prejudicando a causa do vinho”. Desde tempos imemoriais o vinho serve de combustível para rituais religiosos; os gregos o tornaram um estímulo para seus debates; os romanos fizeram dele parte intrínseca da alimentação de inúmeros povos; monges em toda a Europa o refinaram a ponto de assegurar o sustento de famílias séculos depois.

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Para mim, a verdadeira “causa do vinho” é a cultura que se desenvolveu ao redor dessa bebida milenar: é de longe uma das mais ricas e sedutoras formas de “entretenimento” que a humanidade criou. Capaz de abranger história, geografia, literatura, artes plásticas, música, gastronomia, física, química, biologia, filosofia e mais, o “vinho” atrai pessoas com interesses completamente diferentes entre si. Não é irresistível? Paradoxalmente, para muita gente não é. O vinho perde o posto de bebida agradável e relaxante e se torna motivo de ansiedade, da sensação de obrigatoriedade de saber e compreender essa riqueza, até de gastar o que não se tem. Pessoas que gostam de vinho, que bebem vinho, estão deixando de se envolver, de descobrir. Simplesmente se embriagam com o que é fácil, óbvio e barato. Faço aqui então um par de convocações: aos apaixonados, Foto: Gladstone Campos aos profissionais, aos que estão realmente envolvidos com o vinho, não se esqueçam de que por trás do que nos atrai e nos mantém ao redor de nossas garrafas e taças, existe o trabalho de agricultores, feito com o objetivo simples de dar-lhes sustento e alegrar as pessoas. Aos bebedores casuais, a quem não descobriu ainda os encantos do vinho e a quem se sente incomodado com todo esse bafafá, não permitam que os exageros e excessos alheios lhes tolham a chance de se maravilharem – como Terry Theise e tantos outros de nós.

RUTINI WINES Mendoza, Argentina

Rutini Cabernet/Malbec Tinto agradável, equilibrado e de perfumes sutis, bem à moda europeia, é levemente encorpado e tornou-se grande sucesso no mercado brasileiro. É composto por 50% de uvas Cabernet Sauvignon, que contribuem com a estrutura, e 50% de uvas Malbec

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Bernardo Silveira especializou-se em vinhos em Londres, pelo Wine&Spirits Education Trust. Hoje é estudante do Institute of Masters of Wine e Diretor Técnico da Zahil Importadora.

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PROMOÇÕES

VIÑA AQUITANIA Chile

BODEGAS SALENTEIN Mendoza, Argentina DE

Aquitania Reserva C. Sauvignon

39,50

Vale do Maipo DE

POR

Dos vinhedos da Viña Aquitania surge mais um presente – esse 100% Cabernet Sauvignon, de cor vermelho-rubi, que revela toda a elegância da fruta característica desta cepa cultivada no Maipo, a mais tradicional região do Chile para esta variedade. Combina frutas vermelhas frescas, cassis e especiarias, com acidez fresca e taninos macios.

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Sol de Sol Chardonnay Vale do Malleco Ícone da vinícola chilena, Sol de Sol é considerado um dos principais vinhos do Chile, elaborado com uvas Chardonnay de um dos vinhedos mais ao sul do país, em Traiguén. Combina com frutos do mar, saladas tropicais, entradas leves e queijos macios como camembert, brie, maasdam e gouda (leia mais sobre Viña Aquitania nas páginas 14,15,16,17).

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Portillo Malbec

Portillo Cabernet Sauvignon

Portillo Sauvignon Blanc

É frequentemente escolhido pelos especialistas como a melhor compra de Malbec argentino, em termos de custo-benefício. É acessível, de taninos redondos e aveludados e aromas característicos da variedade.

Para quem não abre mão de um Cabernet Sauvignon no dia a dia, a Salentein prepara com cuidado este vinho no Alto Valle de Uco. Ideal para carnes vermelhas condimentadas, massas picantes, queijos duros e semiduros.

Leve, impecavelmente fresco e saboroso, além de perfumado, esse 100%Sauvignon Blanc da Portillo é produzido com uvas da Finca El Oasis, a uma altitude de 1.050 m, colhidas durante a madrugada para aproveitar o clima fresco.

49 ZAHIL


PROMOÇÕES

Herdade do Peso Alentejo, Portugal

Herdade do Peso Colheita O que distingue esse aromático Colheita na Herdade do Peso é o cuidado na seleção das uvas (Aragonês, Alicante Bouschet e Syrah). Com sabores de frutas negras, leves notas florais marcam este grande vinho do Alentejo. Perfeito para acompanhar pratos de sabor marcante, como o arroz de pato que mostramos nas páginas 24 a 29.

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Loja São Paulo R. Manoel Guedes, 294 São Paulo - SP www.zahil.com.br (11) 3071.2900

Aprecie com Moderação. Venda proibida para menores de 18 anos. Se for beber, não dirija. Preços sujeitos a alteração sem aviso prévio. Consulte-nos sobre as safras disponíveis. Ofertas válidas até 30 de junho de2014 ou término do estoque. Todas as garrafas contêm 750 ml.,exceto quando indicado o contrário. Imagens meramente ilustrativas. Foto: Gladstone Campos.

SE FOR BEBER, NÃO DIRIJA


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