Itaú

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Jor­nal dos Em­pre­ga­dos do itaú Unibanco | Sin­di­ca­to dos ­BancÁ­rios e Fi­nan­ciÁ­rios de SÃo Pau­lo, Osas­co e re­giÃo | CUT | novembro 2013

Mauricio morais

BANCÁRIO DO ITAÚ, A LUTA CONTINUA!

serjÃo carvalho

danilo ramos

Mauricio morais

G

arra e muita luta. Esse é o resumo da atuação dos bancários do Itaú durante a greve da categoria, que durou 23 dias. O trabalhador que esteve na assembleia dos bancos privados que colocou fim à paralisação e aprovou a proposta deste ano sabe que os bancários de agências e concentrações do Itaú marcaram presença com sua força. Mas essa batalha é ininterrupta e a campanha por valorização dos funcionários do Itaú, “Esse cara sou eu!”, continua firme e forte. Motivos não faltam. Os empregados da maior instituição financeira brasileira sofrem com problemas como a falta de condições de trabalho, mas também enfrentam transtornos maiores e mais sérios, como o assédio moral, a pressão abusiva para venda de produtos, regras inatingíveis no Agir e também no Prad. A campanha por valorização começou em abril de 2013. No entanto, muitas

Mobilização foi forte na greve e segue a todo vapor em diversos locais de trabalho. Na foto, CTO, ITM, CAT e CA Raposo

questões não foram resolvidas. “Enquanto o banco não responder às demandas dos trabalhadores, a campanha continua. Tivemos avanços, como a abrangência maior das bolsas de estudos. Mas ainda temos uma longa jornada de luta contra as demissões e contamos com o apoio dos trabalhadores do Itaú”, comenta a diretora executiva do Sindicato Ivone Silva, lembrando também da aprovação do PCR (leia mais na página 2). Uma das exigências da campanha é que todos os funcionários tenham acesso à previdência complementar. Os trabalhadores também cobram negociação para o Plano de Cargos e Salários (PCS), parcelamento do adiantamento das férias, melhorias no plano de saúde, fim do horário estendido nas agências, mais contratações, debate dos programas próprios de remuneração (Prad e Agir), fim das metas abusivas e combate à terceirização.

"O cara que está todo o tempo querendo vender. Porque já não sabe mais se o emprego vai ter."

Sindicato relança Campanha de Valorização dos Funcionários em meio à revolta dos bancários com as demissões no Itaú e com o descaso da direção do banco em resolver os problemas

Campanha por valorização é permanente. Fique sócio e fortaleça a luta! www.spbancarios.com.br


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Itaunido • novembro 2013

dinheiro no bolso

Avanços no PCR é conquista Fotos: DANILO RAMOS

Bancários do Itaú receberam R$ 1.950 neste ano e receberão R$ 2.080 em 2014, a título de PCR, além de mais acesso a bolsas de estudo Quanto o bancário do Itaú recebeu de antecipação da PLR CCT + PCR Salário

Antecipação Regra Básica2

Antecipação Parcela Adicional3

PCR

Total a receber

1.648,12

1.906,38

1.694

1.950

5.550,38

2.229,04

2.220,08

1.694

1.950

5.864,08

3.000

2.636,40

1.694

1.950

6.280,40

3.500

2.906,40

1.694

1.950

6.550,40

4.000

3.176,40

1.694

1.950

6.820,40

4.500

3.446,40

1.694

1.950

7.090,40

5.000

3.716,40

1.694

1.950

7.360,40

6.000

4.256,40

1.694

1.950

7.900,40

7.000

4.796,40

1.694

1.950

8.440,40

8.000

5.336,40

1.694

1.950

8.980,40

9.000

5.452,49

1.694

1950

9.096,49

10.000

5.452,49

1.694

1.950

9.096,49

(1) As duas primeiras faixas correspondem aos pisos de escriturário e caixa (2) A antecipação da regra básica corresponde a 54% do salário + 1.016,40, com teto de 5.452,49 (3) A antecipação da parcela adicional corresponde a divisão linear de 2,2% do lucro do semestre, com teto de 1.694,00

Dirigentes explicam conquistas do PCR em assembleia com bancários A proposta de PCR (Programa Complementar de Resultado) arrancada da direção do banco foi aprovada por unanimidade no dia 22 de outubro (foto ao lado). Com isso, os trabalhadores receberam no dia 25 do mesmo mês R$ 1.950 e receberão R$ 2.080 em 2014, ambos sem desconto

da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) geral da categoria. Confira na tabela acima. O novo valor representa reajuste de 8,33% sobre o valor de 2012, quando os bancários receberam R$ 1.800. Já o total a ser pago em 2014 significa reajuste de 6,67% sobre o montante de 2013.

“A mobilização e a participação dos trabalhadores sempre traz conquistas. Primeiro com a nova CCT, que conquistou novamente aumento real e valorização da categoria, e agora com o PCR”, afirma o dirigente sindical Jair Alves, que participou da construção da proposta.

CAT

Sindicato cobra mais segurança para bancários Entidade entrega ofício à PM solicitando patrulhamento ostensivo e cobra providências do Itaú

A violência continua assombrando os bancários do CAT (Centro Administrativo Tatuapé). A concentração do Itaú conta com cerca de 5.500 trabalhadores e funciona

24 horas por dia. Representantes do Sindicato entregaram, no início de setembro, um ofício à Polícia Militar exigindo mais segurança no entorno do complexo. O dirigente sindical Sérgio Lopes, o Serginho (na foto, ao lado da diretora do Sindicato Ana Tércia Sanches), conta que em abril, após inúmeros casos de violência contra os bancários, o Sindicato, em reunião com representantes do banco, cobrou medidas para coibir a criminalidade, como instalação

de câmeras nos muros em torno do local, melhoria da iluminação e contratação de seguranças. Os casos de violência contra os bancários do CAT continuam. Em setembro, uma bancária reagiu a uma tentativa de assalto e foi agredida na saída da concentração, sem contar os inúmeros relatos de trabalhadores que tiveram seus veículos furtados. O Sindicato exige urgência de medidas preventivas, antes que aconteçam incidentes mais graves com os bancários.

Segunda graduação e pós Outra conquista dos funcionários do Itaú foi a abrangência das bolsas de estudo, que passam a contemplar, além da primeira graduação, a pós ou a segunda graduação. Em 2012 eram apenas 3.500 vagas em todo o Brasil. Agora, são 5 mil bolsas no valor de R$ 320 ao mês cada, sendo mil reserva-

das para pessoas com deficiência. “Os trabalhadores devem ficar de olho nos prazos e critérios para a concessão do auxílio-educação. As regras serão divulgadas no portal do banco. Qualquer dúvida o bancário também pode contatar o Sindicato”, esclarece o diretor executivo Daniel Reis.

FUNDAÇÃO ITAÚ-UNIBANCO Outra conquista dos funcionários neste ano foi a eleição da Fundação Itaú-Unibanco. Agora, os participantes contam com representantes eleitos na entidade

no Conselho Deliberativo e Fiscal e para Comitê de Planos, todos apoiados pelo Sindicato. Leia mais: www.spbancarios.com.br/ Noticias.aspx?id=5152


novembro 2013 • Itaunido

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emprego

Lucro para o banqueiro e desemprego para o bancário Itaú lucra R$ 11,156 bilhões somente nos nove primeiros meses de 2013, é visto como empresa sustentável, mas continua demitindo no Brasil danilo ramos

as avaliações e não falta trabalho nos departamentos da TI. As demissões também atingem outras áreas do Itaú. “Os bancários de agências e departamentos estão sobrecarregados. Para lucrar mais, o Itaú está sucateando áreas da empresa, da mesma maneira como acontece na tecnologia. Funcionários que trabalham há 20, 30 anos no Itaú, já não reconhecem a empresa que os contratou, são pessoas decepcionadas com a falta de valorização. Enquanto isso o banco tenta vender a imagem de empresa ícone da sustentabilidade”, ressalta a dirigente sindical Valeska Pincovai.

Um dos protestos contra demissões no CA Raposo realizado em novembro Mesmo com as conquistas deste ano, foi travada uma luta contra demissões e por valorização. Com lucro líquido recorrente de R$ 11,156 bilhões nos nove primeiros meses de 2013, crescimento de 5,8% em relação ao mesmo período do ano passado, o Itaú continua demitindo e reduzindo postos de trabalho. De 104.022 trabalhadores em março de 2011, o banco diminuiu

o quadro nacional para 87.440 em setembro de 2013 – corte de 16.582 postos de trabalho no período. Ou seja, a extinção de mais de 522 vagas por mês nos 30 meses anteriores. No início de novembro, dois prédios administrativos, o Centro Tecnológico Operacional (CTO) e o Centro Administrativo Raposo Tavares (CA Raposo), ficaram fechados em protesto do

Sindicato contra as demissões na área de tecnologia (Atec). No dia 13, novo protesto foi realizado fechando o CA Raposo. Desde o início do processo de reestruturação, com a construção do novo centro tecnológico em Mogi Mirim, interior de São Paulo, o banco pratica demissões consideradas imotivadas pelo movimento sindical, uma vez que os dispensados possuem bo-

OPERAÇÃO TAPA-BURACO Diante de tantas demissões, fica inviável o atendimento em agências mais movimentadas do Itaú. O Sindicato constatou a prática de esquemas de contingenciamento, com envio de funcionários de uma unidade para outra, ou triagem de clientes na porta. Agências da zona norte foram flagradas com poucos funcionários, o que dificulta o serviço a três segmen-

tos: preferencial, normal e Uniclass, que deveria ter atendimento exclusivo, conforme promessa do banco. A orientação do banco foi para que os trabalhadores fechassem a unidade e fizessem triagem dos clientes, autorizando a entrada de poucas pessoas por vez. No caso, quem procura a agência no guichê de caixa é orientado a dirigir-se ao autoatendimento, pagar contas nas lotéricas ou em outros bancos, voltar no dia seguinte, ou ainda, esperar outros clientes saírem da agência para, então, poder entrar. A suspeita é que o mesmo esteja ocorrendo em outras regiões, uma vez que as demissões são em todo o país. O resultado do transtorno é adoecimento para quem fica e dor de cabeça para os clientes. O remanejamento às pressas de funcionário de uma agência para outra, bem como o fechamento de unidades para triagem de clientes são irregulares e o Sindicato orienta que os trabalhadores denunciem a prática pelo “Fale Conosco” do www.spbancarios.com.br em “site”.

C A PATRIARCA NO ALVO DE SETÚBAL Outro alvo da direção do Itaú é o Centro Administrativo Patriarca, que fica na região central da cidade. Em plena greve da categoria alguns trabalhadores já relatavam o medo da terceirização. Segundo denúncias do ACC - Desacordo Comercial Prevenção e Intercâmbios, departamento localizado no prédio, o setor passa por processo de terceirização. Somente em novembro já foram 19 dispensas. O Sindicato cobra posição da instituição financeira sobre o assunto, mesmo diante de representantes do RH do Itaú “desconhecerem” o processo de reestruturação.

A luta da CUT e do Sindicato contra o projeto de lei 4330/2004, de autoria do deputado federal e empresário Sandro Mabel (PMDBGO), continua intensa. O projeto saiu da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, sem ser apreciado, e seguiu para a Coordenação de Comissões Permanentes, de onde pode ir a votação no plenário. Porém, a CUT conseguiu o compromisso das bancadas do PT, do PCdoB e de parlamentares de outros diversos partidos de barrarem a tramitação da proposta pelo menos até as eleições de 2014.


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Itaunido • novembro 2013

saúde

GT sobre causas de adoecimento na categoria vira realidade paulo pepe

Primeira reunião do grupo formado por representantes dos bancários e dos bancos foi positiva, próxima é dia 28 Para discutir as causas do adoecimento entre a categoria bancária foi instituído um grupo de trabalho formado por representantes dos trabalhadores e dos banqueiros. Conquista da Campanha 2013, o GT reuniu-se pela primeira vez no dia 7 de novembro, em São Paulo, e uma nova reunião já está marcada para o dia 28. “A instalação desse grupo foi uma conquista importante da nossa mobilização. É necessário fazer de fato uma radiografia da categoria para entendermos os reais motivos e causas desses adoecimentos. Essa primeira reunião foi considerada muito positiva”, avalia a secretária de Saúde do Sindicato, Marta Soares.

Marta informa que a Fenaban se comprometeu a fornecer dados dos funcionários afastados por CID (Classificação Internacional de Doenças), gênero, idade, tempo de banco e função, por agência e departamentos. “O tema saúde é prioridade para o movimento sindical. Precisamos de fato entender as causas para que elaboremos propostas de prevenção e mais, de promoção de saúde junto aos bancários”, diz. A reunião seguinte já contará com a participação de técnicos da saúde. “Esses profissionais ajudarão no debate e, principalmente, na metodologia desse processo”, destaca a dirigente sindical.

JURÍDICO

Itaú condenado em um milhão de reais Uma batalha foi vencida contra o adoecimento gerado pela sobrecarga de trabalho, um verdadeiro pesadelo instaurado na rotina do Itaú e que até então parecia impune. Em ação movida pelo Sindicato ao lado do Ministério Público, a Justiça do Trabalho paulista condenou o banco a cumprir integralmente diretrizes do Ministério do Trabalho e Emprego que estabelecem requisitos ergonômicos para um ambiente de trabalho saudável aos funcionários. A decisão vale para todos os departamentos e agências localizados no estado. “O Sindicato constatou que o banco não está cumprindo as determinações da

Justiça. Estamos monitorando o andamento da ação”, informa o secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato, Carlos Damarindo (foto). Está decidido que o Itaú terá de pagar indenização por dano moral coletivo, no valor de um milhão de reais. A instituição financeira deve fazer levantamento ergonômico condizente com a realidade de seus estabelecimentos e ainda terá de estabelecer pausas de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados para digitadores, sem descontar da jornada. A Justiça determinou também que o Itaú emita a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho)

para os empregados que apresentem sintomas ou suspeitas de LER/Dort, comprovados por atestado ou exames médicos.

maurÍcio Morais

Justiça entende que banco descumpriu diretrizes ergonômicas do Ministério do Trabalho; banco recorreu da decisão, mas condenação é um marco, acredita especialista

PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO E SAÚDE O Itaú deverá elaborar um programa de controle médico e saúde ocupacional (PCMSO) que contenha a descrição detalhada de cada função exercida pelos seus funcionários, com os respectivos riscos e a periodicidade dos exames médicos. A instituição financeira não poderá rescindir contrato de trabalho de empregados acometidos por LER/Dort e que estejam em

tratamento de saúde, gozo de auxílio-doença ou reabilitação profissional. Leia reportagem completa: www.spbancarios.com. br/Noticias.aspx?id=5541

itaunido@spbancarios.com.br • Editado pela Secretaria de Imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região-CUT • Presidenta: Juvandia Moreira • Diretor de Imprensa: Ernesto Shuji Izumi • Diretores responsáveis: Adriana Oliveira Magalhães, Aladim Takeyoshi Iastani, Aline Molina (Fetec-CUT), Ana Tércia Sanches, André Luis Rodrigues, Antônio Alves de Souza, Andréa Aniela (Fetec-CUT), Andréa Barcelos (Fetec-CUT) Antônio Inácio Pereira Junior, Antonio Soares (Fetec-CUT), Carlos Alberto Garcia (Fetec-CUT), Carlos Miguel B. Damarindo, Clarice Torquato Gomes da Silva, Daniel Santos Reis, Érica Godoy (Fetec-CUT), Francisco Cezar B. de Lima (Contraf-CUT), Ivone Maria da Silva, Jair Alves dos Santos (Fetec-CUT), José do Egito Sombra, Julio Cesar Silva Santos, Luis Claudio Marcolino (Honorário), Maikon Azzi (Contraf-CUT), Manoel Elídio Rosa, Márcia do Carmo Nascimento Basqueira, Maria Cristina Castro, Maria Helena Francisco, Marta Soares dos Santos, Mauro Gomes, Nelson Ezídio Bião da Silva, Onísio Paulo Machado, Paulo A. Silva (Fetec-CUT), Rogério Castro Sampaio, Sérgio Francisco, Sérgio Luis Lopes (Fetec-CUT), Valeska Pincovai (Fetec-CUT) e Valter Madalena (Fetec-CUT) • Redação: Gisele Coutinho • Diagramação: Yone Shinzato • Correspondência: Rua São Bento, 413, 2º andar, Subsecretaria de Bancos • CEP 01011-100 • Tel. 3188-5200, fax 3104-3354 • Impresso na Bangraf 11 2940-6400.

O Sindicato sempre ressalta a importância de os bancários fazerem parte da entidade e participarem da luta por mais conquistas. Atualmente, a entidade representa mais de 142 mil trabalhadores em São Paulo, Osasco e região. Para isso, emprega dezenas de funcionários, divididos em sete regionais, que cobrem todas as regiões de São Paulo e das demais 15 cidades da sua base. Estrutura necessária para manter a mobilização e luta permanente pela garantia e ampliação de direitos dos trabalhadores. Acesse www.spbancarios.com.br e clique em Sindicalize-se ou procure um dirigente sindical.


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