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O trabalho busca compreender o papel da arquitetura no auxílio da ruptura do ciclo de violência e abusos contra a mulher, e desta forma proporcionar um ambiente considerando suas particularidades e necessidades, promovendo uma nova vivência para quem utiliza o espaço, priorizando sua segurança e recuperação.

O propósito é a implantação de um Centro de Cidadania e Abrigo à Mulher com a intenção de proporcionar segurança ao mesmo tempo que acolhe, empodera, (re)insere e conscientiza, contribuindo com a luta feminina de seus direitos, segurança, equidade entre os gêneros, autonomia econômica e outras questões, juntamente com um ambiente acolhedor e humanizado que proporciona um contato com a natureza e uma ambição pela normalidade de rotina dentro do edifício.

A intenção de evidenciar o tema e conscientizar as pessoas que frequentam o entorno com a existência do equipamento, sobre a presença feminina na sociedade, suas dificuldades e conquistas.

Por mais espaços para mulheres, pensado por mulheres.

Por mais espaços públicos e privados acolhedores.

Por mais vivência feminina na cidade.

Por mais direitos e segurança.

É singularidade, experiências variadas conforme local, categorias sociais, biológicas, religiões e muitas variáveis, em comum são barreiras invisíveis de diversos níveis que limitam e regem o ser mulher, muitas vezes tendo seu corpo objetificado e invadido com violências mascaradas.

É luta, é resistência, é feminino, é ser.

Aquela cujas características definem o ser feminino: para Simone e Beauvoir, “não se nasce mulher, torna-se mulher”.

Podendo ser definido cientificamente como ser humano do sexo feminino ou do gênero feminino, dotado de inteligência e de linguagem articulada, bípede, bímano, classificado como mamífero da família dos primatas, com a característica da posição ereta e de considerável dimensão e pesodo crânio.

Compreender o ato ou efeito da ação de aproximar, o compromisso com a outro, suas dores, no âmbito da saúde, a humanização das relações no serviço, escuta e vínculo como ações terapêuticas.

O acolhimento, segundo Carlota e Carlão (2006), na questão da violência contra a mulher é o responsável, em muitos casos pela quebra do ciclo de violência.

É diferente entre cada mulher, perante suas experiências de vida, contexto histórico, social, raça, religião, subordinação e localização, “para compreender o empoderamento, é preciso verificar que este não é um processo linear, com início e fim definidos, que ocorre de maneira igual para todas as diferentes mulheres” León (2000).

O ato de inserir ou reinserir é a inclusão de alguém em algo, especialmente no sentido de introduzir (novamente) um grupo ou indivíduo em sociedade. Durante as construções históricas e sociais as mulheres sofrem descriminação, principalmente no âmbito do trabalho, tendo sua imagem vinculada com lar e família, um vínculo de dependência e subordinação, como diz os estudos de Garcia (2009), é necessário “assegurar oportunidades e facilidades à mulher, com a correlata garantia de direitos essenciais a uma vida digna.”

. acolhimento a mulher

Acolhimento é compreendido como um ato ou efeito de uma ação de aproximação. “Acolher é dar acolhida, admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito, agasalhar, receber, atender, admitir” (FERREIRA, 1975). O compromisso com o outro, com suas dores, no âmbito da saúde, a humanização das relações no serviço, escuta e vínculo como ações terapêuticas.

Martins e Silva (2016) analisam o acolhimento da mulher vítima de violência de algumas formas, na condição de postura, de quem faz a recepção e orienta outra pessoa, acolhimento como técnica, nos procedimentos, organização e agilidade, e acolhimento como organização, um projeto institucional que direciona e auxilia nas necessidades que venham aparecer, de saúde, jurídica, residencial, financeira, entre outras.

Carlota e Calão (2006) apontam que no âmbito da violência contra a mulher, o acolhimento é o responsável, em muitos casos, pela quebra do ciclo de violência capaz de impedir que o feminicídio ocorra, dando continuidade à vida dessas mulheres, que muitas vezes, não acredita ou não sabe sobre as políticas públicas do governo para o auxílio, o que leva ao silêncio e permanecimento na situação. Com a ajuda de um profissional, a mesma consegue sair do ciclo de violência, sem isso a cada violação, a vítima tende a diminuir sua autoconfiança, gera baixa autoestima, aumentando cada vez mais sua vulnerabilidade perante ao agressor.

Tendo como perspectiva o acolhimento como lugar, é importante ser um ambiente seguro e aconchegante para as vítimas, que em sua maioria ainda estão muito fragilizadas, de forma física ou psicológica, em um momento de exposições de algo que foi doloroso e um processo muito complicado que vem pela frente, como cita Martins (2017):

Os espaços nos quais uma mulher pode ser condicionada até conseguir atendimento eficaz seja em uma delegacia (que em muitos casos não são especializadas), centro de acolhimento entre outros; podem ser desagradáveis, fazendo com que a mesma continue vivenciando situações estressantes. Considera-se também, um processo doloroso, uma vez que a vítima é afastada de sua realidade (família, filhos, amigos) alterando hábitos e rotinas.

Com isso, em todas as formas de acolhimento, precisam ser humanizados, no que diz respeito ao local, de acordo com Kalache (2014):

A expressão ‘ambiente humanizado’, em geral, refere-se a ambientes ‘aconchegantes’ ou que trazem uma ‘sensação de bem-estar’

[...] Quase sempre, o termo vem seguido da descrição física, com destaque para as cores, a iluminação, as texturas, os objetos decorativos e a presença de vegetação.

Empoderamento Feminino

Segundo Martins (2003), empoderamento tem origem do termo emporwement da língua inglesa, “que diz respeito a transformação de um sujeito em agente ativo, por meio de processos que variam de acordo com a situação e o contexto”.

O empoderamento feminino é diferente entre cada indivíduo, perante suas experiências de vida, contexto histórico, social, raça, religião, subordinação e localização, como diz León (2000), “para compreender o empoderamento, é preciso verificar que este não é um processo linear, com início e fim definidos, que ocorre de maneira igual para todas as diferentes mulheres”.

A análise de Batliwala (1997) diz que:

Os objetivos do empoderamento das mulheres são desafiar a ideologia patriarcal (dominação masculina e subordinação da mulher), transformar as estruturas e instituições que reforçam e perpetuam a discriminação de gênero e a desigualdade social (a família, a raça, a classe, a religião, os processos educativos, as instituições, os sistemas, as práticas de saúde, as leis e os códigos civis e os processos políticos) e capacitar as mulheres pobres para que tenham acesso e controle da informação e dos recursos materiais.

Com base nesses conceitos, Mageste, Melo e Ckagnazaroff (2008) propõem o pensamento do empoderamento em três níveis: o individual, o relacional e o contextual, em uma relação espiral, onde a mudança em um dos níveis gera mudança e adaptação no outro, esse processo pode começar em qualquer uma das instâncias.

No individual, “a é a tomada de consciência pela mulher de que lhe falta meios para realizar seu potencial por completo e o desejo de mudança” (MAGESTE; MELO; CKAGNAZAROFF, 2008), seguindo com o ideal de Martins (2003) que também analisa que a conscientização não acontece da mesma maneira para todas as mulheres. No nível relacional, é preciso pensar além do indivíduo, identificar seu contexto e relações de poder, os valores culturais transmitidos durante a vida, o processo leva ao “questionamento dos valores e das atitudes que a maioria das mulheres tem internalizado desde a infância e que as levam a participar em sua própria opressão através de um tecido complexo”. O nível contextual, é amplo, abrange diversos temas e alcances como a questão do bem-estar, segurança econômica, reconhecimento social, individual e coletivo, entra questões como a participação equitativa das mulheres na tomada de decisão, inserção na política, em organizações, e tantos outros âmbitos de debate.

Com isso, o empoderamento feminino é um processo único de cada indivíduo movido por diversos fatores, que busca romper barreiras e tomar consciência de todos seus meios, escolhas e poderes. Processo muito importante no momento de cicatrização e reintrodução de uma mulher vítima de violência e abuso.

O significado de inserção diz “adição de algo numa outra coisa; inclusão de alguém ou de uma classe menos favorecida” e reinserção como “ação de reinserir, de inserir de novo, especialmente no sentido de introduzir novamente um grupo ou indivíduo em sociedade”, segundo o Dicio (Dicionário Online de Português).

Durantes a construções históricas e sociais as mulheres sofrem discriminação em questões vinculadas ao ambiente de trabalho, tendo sua imagem vinculada com as atividades do lar e da família, com isso, o sistema precisa auxiliar na inserção da mulher em diversos âmbitos, assim como citado por Garcia (2009):

Em relação à mulher, tem-se uma sistemática constitucional sensível à sua histórica situação de dependência e subordinação, justificando os tratamentos diferenciados que ela diretamente contemplou e permitindo que o legislador infraconstitucional venha a ampliálos, sempre pautado pela base axiológica que dá sustentação às medidas de proteção e inserção da mulher.

A lei nº 11.340/2006 tem como uma das ordens de medidas a inserção da mulher, assim como a prevenção, proteção e coibição, a partir da análise de Garcia (2009):

As medidas de inserção, que, além de não constituírem o principal objetivo da lei, assumem contornos essencialmente programáticos, estando condicionadas à adoção de políticas públicas específicas, buscam assegurar oportunidades e facilidades à mulher, com a correlata garantia de direitos essenciais a uma vida digna.

Como já citado, cada processo e situação de uma mulher vítima de violência é único, sendo importante compreender que muitas não trabalhavam ou tem poucas experiências, outras estão tentando permanecer no mercado. Com isso, se faz necessário políticas de inserção, auxilio na reinserção e permanecimento no mercado de trabalho, tendo como objetivo a independência financeira e melhoria na qualidade de vida, criando uma rede de contatos entre as mulheres dentro de um abrigo com outras pessoas externas, nos limites de cada tipo de abrigo.

Com as competências cada vez mais altas para se manter no mercado, Cantú (2003) afirma que as novas gestões e organizações “estão procurando cada vez mais profissionais com qualificações mais elevadas, e que a alta qualificação profissional tem se mostrado um elemento estratégico na reinserção no mercado de trabalho”, assim como as capacidades comportamentais também são importantes.

Em relação a necessidade de criação de network dentro de um abrigo para as mulheres, se faz presente como facilitador para a inserção no mercado, que de acordo com Oliveira e Piccinini (2011) “56% dos postos de trabalho são preenchidos através de contatos pessoais”, por mais que as estatísticas e os cenários mudaram no decorrer dos anos, ainda ajuda nessa mobilidade, além dos contatos, “revelouse como um aspecto facilitador na reinserção no mercado de trabalho o próprio fato de já se ter trabalhado em uma empresa” (Machado, 2018), o que leva a uma análise de o abrigo conseguir proporcionar alguns períodos de serviço para as mulheres que estão no local, assim como auxilio para as mulheres que estão com filhos no equipamento.

Foram ditas como submissas, histéricas, perseguidas, queimadas, mutiladas, silenciadas, apagadas.

“ignoramos nossa verdadeira estatura até nos pormos de pé”

O silenciamento historiográfico perante as mulheres é nítido, o patriarcado e o machismo dominaram o cenário criando uma hierarquia masculina, os detentores do poder primário e das funções de liderança, tanto nas decisões do que cada um deveriam fazer como também contaram a história pela sua perspectiva.

O que é ser mulher na nossa sociedade e quais as consequências que carregam, as lutas diárias, que muitas antes de nós foram abrindo o caminho para permitir o que é Ser atualmente com todas suas singularidades. Os direitos vêm sendo alcançados, ainda de forma privilegiada sem alcançar todas, a batalha ainda continua.

“a batalha pelos direitos individuais das mulheres é de longa duração e nenhum de nós deverá tolerar qualquer coisa que a detenha.”

O termo gênero é utilizado nas pesquisas e práticas feministas para separar a parte biológica de mulheres e homens para suas questões psicológicas, emocionais e sociais.

Gênero tem o conceito para pensar e elaborar a igualdade, para compreender o recorte do que é ser mulher é necessário analisar outros termos e suas relações:

“Gênero é a definição cultural da conduta tida como apropriada aos sexos em uma determinada sociedade e em um dado momento.”

Gerda Lerner

Percepção individual de cada indivíduo sobre si, independente do sexo, é relacionado ao gênero, como se identifica socialmente, feminino, masculino ou não binário.

Referência anatômica a fisiologia da genitália, vagina ou pênis, definido através da combinação dos cromossomos.

Indica a quais gêneros uma pessoa sente atraída, de forma afetiva ou sexual, seguindo os termos das orientações sexuais como homossexual, heterossexual, bissexual, pansexual, assexual.

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