O Menino do Pijama Listrado - John Boyne

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John Boyne “Bem, estamos em casa, Bruno”, disse por fim numa voz gentil. “Haja-Vista é a nossa nova casa.” “Mas quando poderemos voltar a Berlim?”, pergunta Bruno, com o coração apertado após a resposta do pai. “Lá é muito mais gostoso.” “Ora, vamos”, disse o pai, não querendo entrar naquele jogo. “Deixe disso, está bem?”, pediu ele. “Nossa casa não é uma construção, ou uma rua, ou uma cidade, ou coisa alguma tão artificial quanto os tijolos e a argamassa. O lar é onde mora a família de alguém, não é mesmo?” “Sim, mas...” “E a nossa família está aqui, Bruno. Em Haja-Vista. Ergo, este é o nosso lar.” Bruno não entendeu o que significava ergo, mas não precisava entender, pois tinha uma resposta inteligente para o pai. “Mas o vovô e a vovó estão em Berlim”, ele disse. “E os dois são parte da nossa família. Então, aqui não pode ser o nosso lar.” O pai ponderou sobre isso e acenou com a cabeça. Esperou um longo tempo antes de responder. “É verdade, Bruno, eles estão lá. Mas você, e eu, e a mamãe e Gretel somos as pessoas mais importantes da nossa família, e é aqui que moramos agora. Em Haja-Vista. Agora pare de ficar emburrado por causa disso! (pois Bruno estava fazendo uma cara deliberadamente emburrada). Você nem mesmo deu uma chance a este lugar. É capaz de gostar daqui.” “Eu não gosto daqui”, insistiu Bruno. “Bruno...”, disse o pai com a voz cansada. “Karl não está aqui e nem Daniel e nem Marin, e não há outras casas nas redondezas e nada de bancas de frutas e legumes nem ruas e cafés com as mesas postas do lado de fora, e ninguém para nos empurrar de poste em poste nas tardes de sábado.”

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