Midnight Breed 02
TambĂ©m sentiu um peculiar calor na nuca, que a fez estremecer-se como se se tratasse de uma descarga elĂ©trica. Chegou-lhe atĂ© a medula, em cada uma de suas veias. Estava ansiosa por trocar de tema, muito consciente do calor que surgia dele enquanto a conduzia distraĂdamente para a porta da cafeteria. — É uma surpresa te encontrar aqui, Dante. Vive perto? —NĂŁo muito longe. E vocĂŞ? —Apenas a um par de quadras —disse ela, caminhando junto a ele ao ar frio da noite. Agora que voltava a estar a seu lado, nĂŁo podia deixar de pensar no estranho encontro cheio de carga sexual que tinham tido na exposição. Ela tinha estado pensando nesse breve e incrĂvel momento quase constantemente apĂłs, perguntando-se se ele teria sido tĂŁo somente um produto de sua imaginação, surto de algum lugar escuro de suas fantasias. Entretanto, aĂ estava, de carne e osso. TĂŁo real que podia tocá-lo. E lhe surpreendiam as vontades que tinha de fazĂŞ-lo. Isso a desconcertou, pondo-a nervosa e preocupada. Fazendo-a desejar afastar-se antes de que o desejo se voltasse ainda mais forte. —Bom —disse, enquanto inclinava o copo de fumegante capuchino em sua direção. — Obrigado de novo pelo açúcar e a cafeĂna. Boa noite. Enquanto se girava para subir a calçada, Dante alcançou seu braço. Sua boca se curvou em um divertida e suspicaz sorriso. —Sempre está fugindo de mim, Tess. Isso fazia? E em realidade, por que deveria fazĂŞ-lo? Apenas o conhecia, e o que conhecia dele parecia pĂ´r seus sentidos a toda máquina. —NĂŁo estou fugindo de vocĂŞ... —EntĂŁo me deixe te acompanhar a casa. Ele tirou um pequeno chaveiro do bolso de sua jaqueta, e um Porche negro estacionado junto ao meio-fio fez um chiado, e suas luzes cintilaram em resposta. Bonito carro, pensou ela, sem que lhe surpreendesse realmente que conduzisse um veĂculo lustroso, rápido e caro. —Obrigado, mas... eu estou bem, sĂ©rio. É uma noite tĂŁo bonita que de fato vou caminhar um momento. —Posso ir contigo? Se ele tivesse insistido dessa maneira tĂŁo confiada e dominante, Tess o tivesse rechaçado. Mas o estava pedindo educadamente, como se entendesse atĂ© onde podia empurrá-la. E apesar de que Tess tinha desejos de estar sozinha, aquela noite mais que nunca, quando tratava de procurar desculpas para separar-se dele, as palavras simplesmente nĂŁo lhe saĂam. —Claro. Suponho que sim. Se vocĂŞ quiser. —Nada eu gostaria mais. Começaram a passear lentamente pela calçada, simplesmente um casal mais em uma rua cheia de turistas e residentes desfrutando da pitoresca vizinhança do North End. Durante um comprido momento, nenhum dos dois falou. Tess bebia seu capuchino e Dante observava a zona com uma intensidade agressiva que a fazia sentir-se nervosa e de uma vez protegida. Ela nĂŁo via perigo em nenhum dos rostos que passavam perto, mas Dante tinha um ar de feroz vigilância que indicava que estava preparado para qualquer situação. —A outra noite nĂŁo me disse como ganhava a vida. É polĂcia ou algo assim? Ela olhou com expressĂŁo sĂ©ria enquanto caminhavam. —Sou um guerreiro. —Guerreiro —disse ela, cĂ©tica pelo antiquado do tĂ©rmino. — O que significa isso exatamente... um militar? Forças especiais? Vigilante? 62