Midnight breed 02 o beijo carmesim

Page 112

Midnight Breed 02

Não, o que começava a sentir pela Tess ia muito além disso. Percorria todo o caminho até seu coração.

—Maldita seja, Tess. Te levante! A voz do Ben Sullivan era aguda, tremente, e todo seu corpo tremia de maneira incontrolável como se acabasse de passar por um intenso trauma. —Merda! Vamos, responde. Achava-se em um asqueroso telefone público em uma das piores zonas da cidade, agarrando com seus dedos ensangüentados o auricular e mastigado seu próprio sangue com crostas de sujeira. Com a mão que ficava livre e sujeitava um lado do pescoço, pegajoso pela espantosa dentada que tinha recebido. Tinha o rosto torcido pelos selvagens golpes que lhe tinham dado e lhe doía horrivelmente a parte posterior da cabeça, onde tinha um galo do tamanho de um ovo de ganso pelo golpe contra o guichê do Land Rover. Não podia acreditar que não tivesse morrido. Estava seguro de que aquele tipo ia mata-lo, apoiando-se na fúria com que o tinha atacado. Sentiu-se aturdido quando o tipo —Deus, acáso era humano?—, ordenou-lhe que saísse do veículo. Pôs-lhe a fotografia do menino que andava procurando na mão, e lhe fez saber que se esse Cameron, ou Camden ou como seja que se chamasse aparecia morto, Ben seria o único responsável. Agora Ben devia encarregar-se de lhe ajudar a encontrá-lo, devia assegurar-se de que o menino retornasse a sua casa são e salvo. Sua própria vida dependia disso, e por muito que desejasse sair disparado da cidade e esquecer-se de que alguma vez tinha ouvido falar do carmesim, sabia muito bem que aquele lunático que o tinha atacado o encontraria. O tipo tinha jurado que o faria, e Ben não tinha vontades de pôr a prova sua ira em um segundo assalto. —Maldita seja —grunhiu no momento em que saltou a secretária eletrônica de Tess. Tão mal como estava agora —tão fundo na merda como tinha ficado esta noite— sentia a obrigação moral de alertar Tess sobre o tipo com quem se estava vendo. Se seu amigo era um monstro lunático, Ben apostava a que o outro tinha que ser igual de perigoso. «Deus, Tess.» Depois do zumbido que vinha depois da saudação da secretaria de voz, Ben explicou precipitadamente os sucessos da noite, da emboscada surpresa dos dois valentões em sua casa até o ataque de que acabava de ser vítima. Sem pensá-lo, soltou que a tinha visto com um dos tipos a outra noite e que lhe preocupava que estivesse arriscando sua vida se continuava vendo-o. Podia ouvir as palavras derramando-se dele em um monólogo ofegante, sua voz com um tom mais alto do normal, o medo bordeando a histeria. No momento em que acabou de dizer tudo e pendurou de um golpe o auricular no banguelo aparelho, logo que podia respirar. Apoiou-se contra o painel da cabine de telefone, coberto de grafiti e dobrou seu corpo para diante, fechando os olhos enquanto tratava de acalmar seu agitado sistema. Uma chuva de sensações foi a ele como uma onda gigante: pânico, culpa, impotência, um terror que lhe gelava os ossos. Desejava que o tempo voltasse atrás: os passados meses, tudo o que tinha ocorrido, tudo o que tinha feito. Se pudesse retornar ao passado e apagar as coisas, as fazer bem. Acaso então Tess estaria com ele? Não sabia. E não importava nada, porque simplesmente não havia modo de voltar atrás. Quão único podia fazer agora era tentar sobreviver. Ben respirou profundamente e se esforçou por endireitar-se. Saiu da cabine de telefone e começou a caminhar pela escura rua, com um aspecto espantoso. Um vagabundo se separou dele quando cruzou o meio-fio e se dirigiu 112


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.