Revista Xonguila Nº56

Page 1

SALT

Sabores da alta gastronomia Serving high gastronomy

A voz que não se calará The voice that will not be silenced

Piloto nacional é destaque no cenário mundial Homegrown racing driver stands out on the world stage

Publicação mensal • Março - March 2023 • Ed. 56 • Ano 06 • 300 MZN • xonguila.co.mz
ALMEIDA
AZAGAIA MILIBANGALALA O paraíso aqui tão perto Paradise is near RODRIGO

MILIBANGALALA

O PARAÍSO AQUI TÃO PERTO

A Xonguila esteve lá e adorámos a experiência

Fotografia: Mariano Silva
O Milibangala foi construído no mato cerrado da encosta dunar e desenvolve-se ao longo de robustos passadiços de madeira.

O principal objectivo do resort é permitir relaxar e abstrair-se das correrias do quotidiano.

MILIBANGALALA

O PARAÍSO AQUI TÃO PERTO

A Xonguila esteve lá e adorámos a experiência

Se procura um lugar afastado da azáfama citadina, rodeado de natureza intacta, mas que lhe permita usufruir de conforto como em sua casa, as cinco estrelas do Milibangalala Bay Resort oferecem-lhe a opção que satisfaz todos esses requisitos. A estância foi inaugurada pelos presidentes das repúblicas de Moçambique e de Portugal, em Março de 2022, o que demonstra a sua importância no cenário turístico de Moçambique.

Deixando para trás as formalidades, vamos ao que realmente interessa. O “Mili”, como carinhosamente lhe chamamos, fica no Parque Nacional de Maputo, na ponta Milibangalala. São necessárias entre uma hora e meia e duas horas de viagem, desde a entrada do parque por estradas arenosas que desafiam a tracção dos 4x4 obrigatórios para chegar lá. Com sorte, poderá cruzar-se com fauna bravia – é quase certo que verá girafas e zebras, mas, se espera avistar os esquivos elefantes, diga-se de passagem, isso depende da própria vontade dos animais. Quase no fim da jornada, o bosque dá lugar a uma pradaria, onde se pode adivinhar o quão perto se está de chegar, pois o aroma da brisa do mar anuncia as boas-vindas a um lugar de que certamente não se irá esquecer e que será motivo de conversa com a família e amigos.

O Milibangala foi construído no mato cerrado da encosta dunar e desenvolve-se ao longo de robustos passadiços de madeira que permitem chegar a cada uma das villas da estância. Há várias tipologias disponíveis, desde T0 a T2+2. Todas as opções, excepto T0, dispõem de cozinha, para o caso de precisar de preparar as suas próprias refeições, seja em férias ou num escape de fim-de-semana. Mas não deixe de experimentar o restaurante, que

tem ao seu dispor uma ampla sala com luz natural e vista para o Índico, receita infalível para uma formidável experiência gastronómica, como, aliás, já mencionámos numa das nossas edições anteriores.

Ali mesmo ao lado, com uma

vista "infinita" sobre o oceano, a piscina proporciona uma agradável "união" visual entre as águas calmas e cristalinas e as ondas serenas do Índico, quebrando precisamente em frente. Quem não gosta de sentir o sal na pele tem aqui uma excelente opção para relaxar

Março - March 2023 • Ed. 56 © Revista Xonguila | 7
Fotografia: Mariano Silva

que não fica nada atrás da concorrência: o magnífico areal ao longo de todo o resort. O bar de praia irá dar-lhe todo o apoio de que necessita para usufruir em plenitude das espreguiçadeiras plantadas à beira-mar.

O principal objectivo do Milibangalala é permitir relaxar e abstrair-se das correrias do quotidiano, e há coisa melhor do que uma massagem de casal no deck elevado do spa com vista privilegiada para o mar? Pode mencionar alguma, mas garantimos-lhe que iremos discordar.

Ao final do dia, suba ao veículo safari 4x4 que a estância tem disponível e percorra os trilhos até ao topo da colina mais alta da região. Irá deslumbrar-se com um magnífico pôr-do-sol sobre as planícies do parque. A brisa do mar mesclada com o aroma de um bom vinho irá tornar este momento único e inesquecível.

A noite dá os primeiros passos e o pulsar do firmamento faz-se anunciar cada vez mais forte. A ausência da luz das grandes cidades permite admirar a panóplia de estrelas salpicadas por toda a cúpula celeste, de entre as quais se destacam as cinco estrelas do Milibangalala Bay Resort. Após um dia de magníficas experiências, o conforto do quarto é bem-vindo. Amplo e bem decorado, é um bom presságio para uma noite bem passada. Quando nele se entra pela primeira vez, um pormenor ressalta à vista, mesmo aos mais distraídos: a banheira com vista panorâmica. Não se pode dispensar um banho de imersão com vista para a natureza.

As camas são bastante confortáveis e a insonorização da habitação é muito boa. O som da rebentação chega quase inaudível, mas é suficiente para embalá-lo num sono profundo e relaxado. Não se irá arrepender se acordar bem cedo pelo menos uma vez e assistir ao nascer do sol sobre o Índico. Dê as boas-vindas ao novo dia acompanhado de um café acabado de fazer e aprecie a magnífica vista sobre a praia banhada de tons laranja pelos primeiros raios de luz.

Facilmente alcançável a partir de Maputo, o "Mili" é, sem dúvida, um espaço a não perder e a revisitar. As experiências únicas que proporciona são um atractivo mais do que suficiente para tornar este resort um dos spots de eleição do turismo de alta gama no sul de Moçambique. Vá, explore e usufrua. Nós já conhecemos, e você, já conhece?

8 | Revista Xonguila © Ed. 56 • Março - March 2023
Fotografia: Mariano Silva

Ao final do dia, percorra os trilhos até ao topo da colina mais alta da região.

Irá deslumbrar-se com um magnífico pôr-do-sol sobre as planícies do parque.

A piscina proporciona uma agradável "união" visual entre as águas calmas e cristalinas e as ondas serenas do Índico.
Fotografia: Mariano Silva

MILIBANGALALA PARADISE IS NEAR

Xonguila paid a visit and loved the experience

If you are looking for a place away from the bustling city, a place that is surrounded by unspoilt nature and yet offers the same comforts as home, the five-star Milibangalala Bay Resort is here to meet all those requirements. The resort was inaugurated in March 2022 by the presidents of the Republic of Mozambique and Portugal respectively, demonstrating its importance in Mozambique’s tourism scene.

Formalities aside let’s get to what really matters. “Mili”, as we affectionately call it, is located at Ponta Milibangalala in the Maputo National Park. Travelling on sandy roads that defy the traction of the obligatory 4x4 vehicles, it takes between one and a half to two hours to reach the resort after crossing the Park’s entrance. If you are lucky, you may come across some wildlife – you will almost certainly see giraffes and zebras but, if you are hoping to spot the elusive elephants, that would be entirely up to the animals’ will. Towards the end of that journey, the forest gives way to a meadow and, soon after, you will know the destination is near when the fragrant sea breeze welcomes you to a place that promises to be unforgettable and a topic of conversation with family and friends.

Milibangalala was built among scrubland on the dune hillside and unfolds along robust wooden walkways that connect to each of the resort villas. There are several villa typologies on offer, ranging from T0 to T2+2. Save for the T0, all villas are fitted with a kitchen for guests to prepare their own meals if need be, during vacations or short weekend getaways. But be sure to try the restaurant, which features a large, naturally lit room and views over the Indian Ocean, an ideal combination for a great gastronomic experience – as indeed mentioned in a past edition

of this magazine.

Right next door to the restaurant, the infinity pool overlooks the ocean and provides a pleasant visual continuity between its calm, crystalline waters and the serene ocean waves breaking straight ahead. Those who don’t enjoy the feeling of salt on their skin can otherwise relax with an excellent alternative that is second to none: the magnificent expanse of beach sands, stretching along the entire length of the resort. The beach bar provides all that is necessary for guests to fully enjoy the waterside sun loungers.

Milibangalala’s main objective is to allow guests to relax and leave the hustle and bustle of everyday life behind – and with that in mind, is there anything better than a couples massage on the spa’s elevated deck overlooking the ocean?

You may think of something else, but we are likely to disagree.

Towards the end of the day, climb onto the resort’s 4x4 safari vehicle and follow the trails to the top of the highest hill in the region. You will be dazzled by a magnificent sunset over the Park’s expansive grounds. The sea breeze, mixed in with the fragrant aroma of a good wine, will make this moment unique and unforgettable.

Night begins to fall and ushers in a starry sky, gradually revealed with growing clarity. The absence of bright city lights allows you to admire the panoply of stars dotted around the celestial dome,

12 | Revista Xonguila © Ed. 56 • Março - March 2023

among which the five stars of Milibangalala Bay Resort stand out. After a day filled with magnificent experiences, the comfort of your room is nothing short of inviting. Spacious and well decorated, it

bodes well for a night well spent. When you first enter the room, a particular detail stands out, even to the most distracted: the bathtub with a panoramic view. One cannot do without a bath with

views towards nature.

The beds are very comfortable, and the soundproofing is very good. The sound of breaking waves is almost inaudible, just enough to lull you into a deep and relaxed sleep. You will not regret waking up very early at least once during your stay and watching the sunrise over the Indian Ocean. Welcome the new day with freshly brewed coffee and enjoy the magnificent view over the beach, bathed in the orange hues of daybreak.

“Mili” is within easy reach from Maputo and, without a doubt, a place not to be missed and rather revisit. The unique experiences it offers are more than attractive enough to make this resort one of the prime spots for high-end tourism in southern Mozambique. Go, explore, and enjoy. We’ve been there already – have you?

Março - March 2023 • Ed. 56 © Revista Xonguila | 13

The sound of breaking waves is almost inaudible, just enough to lull you into a deep and relaxed sleep.

You will not regret waking up very early at least once during your stay and watching the sunrise over the Indian Ocean.

Fotografia: Mariano Silva
high gastronomy
não se
that will not be
70 SALT Sabores da alta gastronomia Serving
20 MANO AZAGAIA A voz que
calará The voice
silenced
52 RODRIGO ALMEIDA Piloto de Moçambique é destaque no cenário mundial Mozambican racing driver stands out on the world stage
86 FOMENTANDO O EMPREENDEDORISMO
“Mulheres de negócios de zero aos 100" Businesswomen “from zero to 100”
4 MILIBANGALALA O paraíso aqui tão perto Paradise is near

102 KARINGANA

Textos livres com assinatura Signature freewriting

108 ALCANCE

As sugestões da Alcance para este mês

This month’s reading suggestions by Alcance

Editores

110 CINEMA 35MM

143 Sahara Street 143 Sahara Street

114 MAFENHA

Por Sérgio Zimba by Sérgio Zimba

44 ABSA

conquista prémio Melhor Marca

Empregadora de 2022 em África

Absa wins Africa’s Best Employer Brand Award 2022

34 CICLONE FREDDY

Mais uma catástrofe ambiental

Yet another environmental catastrophe

92 DIÁSPORA

Ivandro de Barros Ribeiro, um moçambicano em terra cabo-verdianas

Ivandro de Barros Ribeiro, a Mozambican in Cape Verde

98 DRINKS AND SHOTS

80 CONHEÇA OS NOSSOS EMPREENDEDORES

Waala, solucões vegetarianas

Waala, quality vegetarian solutions

FICHA TÉCNICA/BIOS

Propriedade/Property: Veludo & Mentol, Sociedade Unipessoal Lda • Conselho de Administração/Administrative Council: Omar Diogo, Nuno Soares, Mariano Silva • Director: Nuno Soares • Gestão de Conteúdos Editoriais/Editorial Content Management: Nuno Soares, Mariano Silva • Copy-desk (português): Fátima Ribeiro • Colunistas/Writers: Eliana Silva, Mariano Silva, Nuno Soares, Jaime Álvaro, Precidónio Silvério, Aayat Irfan • Tradução (Português-Inglês)/Translation (Portuguese-English): M. Gabriela Carrilho Aragão • Fotografia/

Photography: Mariano Silva • Design de Capa/Cover Design: Nuno Azevedo • Grafismo/Visuals: Omar Diogo • Infografia e Paginação/ Infographics and Pagination: Omar Diogo

• Produtores Audiovisuais/Audiovisual Producers: Nuno Lopes, Ana Piedade, Mariano

Silva • Gestão de Redes Sociais/ Social Media Management: Nuno Soares • Conteúdos de Marketing e Comunicação/ Marketing and

Communication Contents: Omar Diogo, Nuno Azevedo • Gestão de Homepage e Edição Online/Homepage Management and Online

Editing: Omar Diogo, Jorge Oliveira

• Impressão/Printing: Minerva Print

02/Gabinfo-dec/2018

• Departamento Comercial/Commercial Department: Nuno Soares - comercial@xonguila.co.mz

• Distribuição/ Distribution: Flotsam Moçambique, Lda

• ISSN: ISSN-0261-661 • Registo/Register:

• Registo de Propriedade Industrial/Industrial Property Registration: 35065/2017 - 35066/2017 (15/01/2018)

Os artigos com assinatura reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, requer a autorização expressa da empresa titular da revista.

The articles reflect the authors opinion, and not necessarily the magazine opinion. All transcript or reproduction, partial or total, requires the authorization of the company that owns the magazine

Sumário Março - March 2023 • Ed. 56 © Revista Xonguila | 17

Do Director / From the Director

Estimados leitores,

É com grande satisfação que apresentamos a edição número 56 da Xonguila, que marca o nosso quinto aniversário. Como muitos sabem, a nossa jornada não tem sido fácil, mas tem sido gratificante, e estamos orgulhosos do que alcançámos até agora. Por isso, gostaríamos de agradecer a todos os que continuam a apoiar-nos e acreditam na nossa missão de trazer informação e entretenimento de qualidade. O nosso agradecimento especial vai também para todos os elementos da nossa equipa, desde os escritores, revisores e editores até aos designers e fotógrafos, que trabalham incansavelmente para trazer qualidade e inovação a cada edição. Sem a sua paixão e compromisso, nada disto seria possível.

Este mês, com dias já menos quentes marcando o início do nosso “outono”, foi caracterizado pela continuação do longo e tremendo ciclone Freddy, que trouxe devastação a várias províncias e tragédia a inúmeras famílias moçambicanas, exigindo que as apoiemos e trabalhemos juntos para ajudar a reconstruir o país. A morte do conhecido rapper Azagaia, símbolo do activismo social na luta pelos direitos humanos e democracia, marcou também este Março, mês em que outra luta se assinala e incentiva anualmente – a da igualdade de direitos –, com a comemoração do Dia Internacional da Mulher.

Para este número, conversámos com Rodrigo Almeida, um piloto automóvel moçambicano em grande evidência no cenário automobilístico mundial. Visitámos Milibangalala e contamos-lhe como foi esta maravilhosa experiência. Damos-lhe a conhecer também o restaurante Salt, uma das mais recentes propostas de luxo e glamour na cidade de Maputo. Apresentamos ainda o workshop “Mulheres de Negócios de Zero aos 100”, uma iniciativa que procurou fornecer a mulheres empreendedoras ferramentas contemporâneas para alcançar maior empoderamento e auto-afirmação profissional e social. Além destes, não deixe de explorar nas próximas páginas outros artigos que achamos interessantes para si.

Mais uma vez, aqui deixamos o nosso muito obrigado a todos por nos terem acompanhado durante estes últimos maravilhosos cinco anos da nossa revista. Convidando-os a desfrutar esta edição comemorativa, esperamos continuar a ser uma das vossas fontes de informação e entretenimento preferidas. Votos de uma excelente leitura.

Dear readers,

It is with great pleasure that we present issue number 56 of Xonguila, which marks our 5th anniversary. As many of you know, our journey has not been easy, but it has been rewarding and we are proud of what we have achieved so far. We would like to thank everyone on our team, from the writers, proof-readers and editors to the designers and photographers, who work tirelessly to bring quality and innovation to every issue. Without their passion and commitment, none of this would be possible. We would also like to thank all our readers who continue to support us and believe in our mission to bring relevant information and quality entertainment. Without your loyalty and support, we would not have come this far.

This month, we celebrate International Women's Day, a date that highlights the importance of gender equality, and we also witness the arrival of the African autumn in Mozambique. Unfortunately, this month was also marked by the death of rapper Azagaia, a symbol of social activism, and by Cyclone Freddy, which brought devastation and tragedy to many Mozambican families. It is important to support the victims and work together to help rebuild the country.

In this edition, we have a selection of exclusive and fascinating stories. We talked to Rodrigo Almeida, a Mozambican racing driver who stands out in the world motoring scene. We visited Milibangalala and give you a detailed account of that wonderful experience. We tell you about Salt restaurant, a recently opened luxurious and glamorous dining spot in the city of Maputo. We also bring you the event ‘Mulheres de Negócios de Zero aos 100’, an initiative that seeks to provide women entrepreneurs with contemporary tools to achieve empowerment and greater professional and social self-affirmation. In addition to these incredible articles, be sure to explore the following pages for more interesting content.

Once again, we would like to express our sincere thanks to all of you for following us during these five wonderful years. We hope to continue being one of your favourite sources of information and entertainment, and we invite you to enjoy this special edition of Xonguila. Wishing you an excellent reading,

Com o apoio de:

Editorial 18 | Revista Xonguila © Ed. 56 • Março - March 2023

Passaram

de brincar com bonecas para se tornar numa referência da moda

Admiramos a sua dedicação, e acreditamos que tem potencial para chegar onde quiser.

Bem-vindo à Banca de Negócios do Absa. Fale connosco sobre como podemos ajudá-lo a fazer as coisas acontecerem.

Isso é Africanicidade. Isso é Absa.

Termos e Condições aplicáveis. Para mais informações ligue para 1223/21344400, ou visite absa.co.mz Absa Bank Moçambique , SA (registado sob o número 101220982) é regulado pelo Banco de Moçambique.

Azagaia (1984 - 2023)

Mano Azagaia A voz que não se calará

Azagaia foi muito mais que um rapper. Foi um africanista e defensor dos direitos humanos.

Com uma escrita vanguardista, progressista, combativa e revolucionária, ultrapassou a dimensão de crítico nacional para crítico universal.

Mano Azagaia A voz que não se calará

Seu nome significa arma de luta africana, mas nunca recorreu à força para fazer a revolução. Força foi usada, sim, muitas vezes contra si para o calar, mas não se calou. Continuou determinado por uma causa nobre – que outrora os que o combateram também defenderam –, a liberdade do povo, usando o seu instrumento de intervenção política, a música RAP. E, através do microfone, o rapper Azagaia fez ecoar a sua voz de denúncia das injustiças que o povo moçambicano vive no dia-a-dia. Era a voz do povo, aquela que não se cala. Chamou-se a si "eterno vencedor das causas perdidas", e perdeu a vida aos 38 anos, vítima de doença. Um dia ele disse que quando chegasse a sua hora não queria ser chorado, mas que fosse honrado o pacto celebrado com o seu povo, o de dar continuidade à sua luta.

“Eu sou da geração que não deixa o nó da gravata prender o grito de liberdade que explode na garganta”, Azagaia in “Geração da viragem” (2011)

"A sua passagem no mundo não foi em vão", citando as palavras do cantor angolano Big Nelo, que não ficou indiferente ao desaparecimento físico daquele que é considerado um dos maiores ícones da música moçambicana e da lusofonia. A morte prematura de Azagaia chocou Moçambique e todo o mundo lusófono. Através dos media e das redes sociais, chegaram inúmeras mensagens, não só da classe artística, mas de políticos, académicos e diversas personalidades de diferentes esferas socias dos PALOP, onde as músicas de forte intervenção social do rapper irreverente atravessaram, impactaram e influenciaram toda uma geração.

Azagaia foi muito além de um rapper. Foi um africanista e defensor dos direitos humanos. Com uma escrita vanguardista, progressista, combativa e revolucionária, ultrapassou a dimensão de crítico nacional para crítico universal. Escreveu vários temas que levaram a sociedade civil e a academia a reflectir e a estudar, como “A marcha”, “Combatentes da fortuna”, “Homem bomba”, “Geração da viragem”, “As verdades”, “Abc do preconceito”, “Maçonaria”, “Cão de raça”, “Ai de nós”, “Só dever” e “As mentiras da verdade”, de resto a música que o tornou famoso, entre outras composições.

Azagaia (1984 - 2023)
A composição “Povo no poder” veio a tornar-se a principal mensagem de Azagaia, sua causa, em todas as suas intervenções.
Escrito por: Jaime Álvaro

A VOZ DOS SEM VOZ

Azagaia era um contador de histórias destemido, que descrevia as narrativas, as vivências, a realidade do povo como ninguém. Na verdade, a música pela qual logo se destacou como interveniente destemido contra o poder do dia foi “As mentiras da verdade”, tema que integra o seu disco de estreia, “Babalaze” (‘ressaca’, na língua Changana), editado pela Cotonete Records, em 2007. Nela faz uma retrospectiva dos principais acontecimentos em Moçambique e critica o regime político instituído, elencando, entre outros, males sociais como a corrupção e o nepotismo e fazendo reflectir sobre eles. O álbum “Babalaze” bateu recordes de vendas. Azagaia tornou-se um “herói” para o povo e um apóstolo da desgraça, persona non grata para o regime. Em 2008, na sequência da revolta popular a 5 de Fevereiro daquele ano em Maputo, Azagaia apresentou o tema “Povo no poder”, que veio a se tornar a sua principal mensagem, sua causa, em todas as suas intervenções. O impacto da música “Povo no poder” lhe valeu uma intimação da Procuradoria-Geral da República, suspeito de atentado contra a Segurança de Estado. Foi absolvido no processo e não se acobardou. Continuou a colocar o dedo na ferida, explorando temas proibidos e incomodativos para os políticos. Mostrou ser um homem corajoso no “País do medo”. País esse que amou e pelo qual tanto lutou até a morte.

LENDAS NÃO MORREM

Edson da Luz, conhecido no meio musical pelo nome Azagaia, era filho de pai cabo-verdiano e mãe moçambicana. Nasceu na vila fronteiriça da Namaacha, província de Maputo, a 6 de Maio de 1984. Iniciou a sua carreira musical aos 13 anos de idade, integrando o grupo Dinastia Bantu com o Mc Escudo. Juntos lançaram o álbum “Siavuma”, em 2005. Depois de “Babalaze”, em 2013, Azagaia lançou o seu segundo álbum de originais “Cubaliwa” (que significa renascer, na língua Sena). Neste álbum, encontram-se nomes como Stewart Sukuma, Dama do Bling, a banda Licúti, Júlia Duarte, Ras Haitrim, MCK e Valete. Já em 2019, lançou o single “Só dever”, com participação da rapper moçambicana Gina Pepa. A música que retrata o escândalo das dívidas ocultas em Moçambique deu nome a esta EP, seu terceiro trabalho discográfico. O teor crítico das suas letras no geral levou a que ele fosse censurado na rádio e televisão pública moçambicana. Mesmo assim, a sua música cruzou o sul, o centro e o norte do país, o continente e a diáspora, deixando uma marca indelével. O seu legado é “imaterial”, como considerou o jornalista angolano Victor Hugo Borges, e “insubstituível” para Duas Caras, rapper com quem partilhou o microfone em vários projectos musicais ao longo da sua carreira. Azagaia faleceu a 9 de Março de 2023, após uma crise de epilepsia, sofrida

Fotografia: Mariano Silva

A música de Azagaia cruzou o sul, o centro e o norte do país, o continente e a diáspora, deixando uma marca indelével. O seu legado é insubstituível.

em casa, segundo a família do artista. O velório, que antecedeu o funeral, decorreu no dia 14 de Março, no Paços do Município da Cidade de Maputo, na Praça da Independência, e reuniu milhares de pessoas, de todas as idades e todas as camadas sociais, jovens na sua maioria, que quiseram prestar a última homenagem à “lenda”, como o descreveu Adriano Nuvunga: “Lendas não morrem. E Azagaia é uma lenda”. Em lágrimas, inconsoláveis e eufóricos, milhares de fãs do mano Azagaia, como era tratado, entoaram as suas músicas no último adeus, transmitido em directo pelas televisões privadas do país.

“Azagaia inspirou gerações na busca de respostas para os desafios da sociedade”, afirmou a ministra da Cultura e Turismo, Edelvina Materula, durante o velório do rapper. “Morreu um dos maiores rappers da língua portuguesa. Um dos seres humanos que mais admirei em toda a minha vida. Um verdadeiro patriota. Amou África e Moçambique como poucos. O irmão que nunca tive”, escreveu Valete na sua página oficial no Facebook. O rapper Gabriel o Pensador também reagiu usando a mesma plataforma. “Grande perda para nossa música e cultura hip hop. Seu legado é eterno, mano, descanse em paz. Obrigado por tudo”.

Durante todo o percurso até a última morada do rapper controverso, no cemitério de Muchafutene, a 25 quilómetros do centro da cidade, a multidão que se posicionou ao longo das avenidas por onde passou o cortejo fúnebre que acompanhava a urna com restos mortais de Azagaia assaltou literalmente a estrada para prestar a última homenagem ao artista cuja obra impactou profundamente a sociedade moçambicana. E todos com punho erguido no ar gritavam a sua principal mensagem, "Povo no Poder", repetidamente.

O ÚLTIMO DESEJO DE AZAGAIA

“Eu falo de povo para povo Porque eu sou povo e tu és povo Usamos a mesma linguagem E quando tu falas eu te oiço Quando eu falo tu me ouves Partilhamos as mesmas dores Se te cansaste de pedir favores Então venha para marcha” (Azagaia, in “Povo no poder”, 2008)

Em vida, Azagaia disse que a melhor forma de reagir ao seu desaparecimento físico era dar continuidade à sua causa, era continuar a marcha pela liberdade, pelos direitos fundamentais. “Ai de nós se desistirmos”, “ai de nós se não formos militantes”, “ai de nós se deixarmos calar” (Azagaia, in “Ai de nós”, 2022). Azagaia nunca se calou perante as injustiças sociais. Punha o dedo na ferida pelo bem do povo, a quem pediu, antes de partir, para cumprir o seu último desejo. Muitas vezes rotulado pelos políticos como “do contra”, “antipatriota”, “mensageiro da oposição”, Azagaia morreu a defender o que é certo, o que é justo.

“SOU DO PARTIDO DA VERDADE SEM LUGAR NO PARLAMENTO”

Vão-me acusar de fraude quando mostrar o meu pensamento” (Azagaia, in “Eu não paro”, Babalaze, 2007). A sua música transformou e conquistou os corações dos mais humildes, criou empatia até em pessoas assumidamente desinteressadas pelo RAP, pelo som das batidas em que a sua mensagem chegava. “Eu já não sou importante, porque o que tinha a fazer já fiz. Eu não quero que me aprovem como pessoa, eu só venho deixar as minhas ideias. Vamos fazer o que combinamos, colocar o povo no poder”, Azagaia 1984 - 2023.

Fotografia: Mariano Silva

Named after an African weapon of war, and yet never resorted to force to make the revolution. Instead, force was often used against him in an attempt to silence him, but silent he was not. Using RAP music – his instrument for political intervention – he remained steadfast in the pursuit of a noble cause, the same cause once fought for by those who now opposed him: the people’s freedom. Amplifying his voice via the microphone, rapper Azagaia denounced the everyday injustices endured by the Mozambican people. He was the voice of the people, the one that never shuts up. He who called himself the “eternal winner of lost causes” would come to lose his life at age of 38, due to illness. He once said that when his time came, he did not want to be mourned; instead, he wanted the pact made with his people to be honoured – that is, to continue the struggle.

“His passage through this world was not in vain”, in the words of Angolan singer Big Nelo, who was not indifferent to the physical disappearance of the one who is considered one of the biggest icons of Mozambican and Lusophone music. The premature death of the rapper Azagaia shocked Mozambique and the entire Lusophone world. Across the media and social networks, numerous messages were shared; not only from the art worlds, but also from politicians, academics and various personalities from different social spheres across the entire PALOP community, where the irreverent rapper’s songs of strong social intervention rippled through, impacted and influenced an entire generation. Azagaia was much more than a rapper. He was an Africanist and human rights defender. With his avant-garde, progressive, combative and revolutionary writing he went beyond the scope of national critic to become a universal critic. He wrote several songs that mobilized civil society and academia to reflect upon and study, such as: ‘A marcha’, ‘Combatentes da fortuna’, ‘Homem bomba’, ‘Geração da viragem’, ‘As ver-

dades’, ‘Abc do preconceito’, ‘Maçonaria’, ‘Cão de raça’, ‘Ai de nós’, ‘Só dever’, ‘As mentiras da verdade’ – the song that made him famous – among others.

THE

VOICE OF THE VOICELESS

Azagaia was a fearless storyteller who, like no one else, described the stories, the experiences and the reality of the people. He became known as a fearless actor against the powers that be with the song ‘As mentiras da verdade’ (‘The lies among the truth’), from his debut album ‘Babalaze’ (meaning ‘hangover’ in the Shangaan language), released by Cotonete Records in 2007. The song presents a retrospective of the main events in Mozambique and criticises the established political regime, whilst reflecting on social evils such as corruption and nepotism . The album ‘Babalaze’ broke sales records. Azagaia became a “hero” of the people and a prophet of doom, a persona non grata with the regime. In 2008, following that year’s popular uprising on February 5th in Maputo, Azagaia released “Povo no poder” (“Power to the people”), which became his cause and main message in all his speeches.

Março - March 2023 • Ed. 56 © Revista Xonguila | 29
O velório de Azagaia reuniu milhares de pessoas, de todas as idades e todas as camadas sociais, nos paços do Município e na Praça da Independência.
“I’m of the generation that doesn’t let the knot in the tie hold back the cry of freedom that explodes in the throat”, Azagaia in ‘Geração da viragem’ (2011)

The impact of the song “Povo no poder” earned him a summons to the Attorney General’s Office on suspicion of threatening the security of the State. He was acquitted of the charges and did not cower away. He continued to poke his finger into the wound, exploring forbidden and uncomfortable issues for politicians. He proved to be a courageous man in ‘País do medo’ (‘Country of Fear’). A country that he loved and fought for until his death.

LEGENDS NEVER DIE

Edson da Luz, the artist known as Azagaia in the music world, was the son of a Cape Verdean father and a Mozambican mother. He was born in the border town of Namaacha, Maputo province, on May 6th, 1984. He started his musical career at the age of 13, integrating the group Dinastia Bantu with Mc Escudo. Together they released the album ‘Siavuma’ in 2005. After ‘Babalaze’, Azagaia released his second album of originals ‘Cubaliwa’ (meaning ‘rebirth’ in Sena language) in 2013. This album features guest artists such as Stewart Sukuma, Dama do Bling, the band Licúti, Júlia Duarte, Ras Haitrim, MCK and Valete. In 2019 he released the single ‘Só dever’ featuring Mozambican rapper Gina Pepa. The song speaks of the “dívidas ocultas” (‘hidden debts’) scandal in Mozambique – deriving from foreign loans unsanctioned by Parliament – and lent its name to an EP, his third discographic work. The overall critical tone of the lyrics led him to be censored on Mozambican public radio and television. Even so, his music has crossed the south, centre and northern regions of the country, the continent and the diaspora, leaving an indelible mark. His legacy is “intangible”, in the words of Angolan journalist Victor Hugo Borges, and “irreplaceable” according to Duas Caras, rapper with whom he shared the microphone in several music projects throughout his career. He died this year on March 9th, due to an epileptic seizure at home, according to the artist’s family. The wake, which preceded the funeral, took place on March 14th at the Maputo City Hall in Praça da Independência, and brought together thousands of people

of all ages and all social strata, mostly young people, who wanted to pay their last respects to the “legend”, as Adriano Nuvunga described him: “Legends don’t die. And Azagaia is a legend”. In tears, inconsolable and euphoric, thousands of fans of Mano Azagaia (‘brother Azagaia’), as he was fondly known, chanted his songs in a last farewell broadcast live on private television stations throughout the country. “Azagaia inspired generations in search of answers to the challenges of society”, stated the Minister of Culture and Tourism, Edelvina Materula, during the rapper’s wake. “One of the greatest rappers of the Portuguese language has died. One of the human beings I most admired in my entire life. A true patriot. Loved Africa and Mozambique like few others. The brother I never had”, Valete wrote on his official Facebook page. Rapper Gabriel o Pensador also reacted using the same platform. “Great loss to our hip hop music and culture. Your legacy is eternal bro, rest in peace. Thanks for everything.”

All the way to the controversial rapper’s final resting place at Michafutene cemetery, located 25 kilometres from the city centre, the crowds flanking the avenues where the funeral procession passed, carrying the urn with Azagaia’s remains, literally stormed the roads to pay their last respects to the artist whose work had a profound impact on Mozambican society. And, with fists raised in the air, everyone chanted his main message: “Povo no Poder”, over and over again.

AZAGAIA’S

LAST WISH

“I speak from the people to the people

Because I’m [of the] people, and you’re [of the] people

We use the same language

And I hear you when you speak

And you hear me when I speak

We share the same pain

If you’re tired of asking for favours

Then come and join the march” – Azagaia in ‘Povo no Poder’, 2008.

When alive, Azagaia said that the best way to react to his physical demise would be to continue his cause, to continue

30 | Revista Xonguila © Ed. 56 • Março - March 2023

the march for freedom, for fundamental rights. “Woe betide us if we give up”, “woe betide us if we are not militant”, “woe betide us if we let ourselves be silenced”, said Azagaia in ‘Ai de Nós’ (‘Woe betide us’) (2022). Azagaia was never silent in the face of social injustice. He poked his finger into the wound for the benefit of the people to whom he asked, before he left us, to fulfil his last wish. Often labelled by politicians as “contrarian”, “unpatriotic”, “messenger of the opposition”, Azagaia died defending what is right, what is just.

“I am from the party of truth, without seats in the parliament”

“They will charge me with fraud when I reveal my thoughts”, Azagaia in ‘Eu não páro’ (Babalaze, 2007). His music transformed and conquered the hearts of the humblest among us and created empathy even in people assumedly uninterested in RAP, by virtue of the beats that carried his message.

“I am no longer important because I’ve already done what I had to do. I don’t want you to approve of me as a person, I’ve just come here to leave my ideas. Let’s do what we agreed to do: put the people in power” –Azagaia (1984 – 2023). aça da IndependênciUm dos seres humanos que mais admirei em to

Fotografia: Mariano Silva

Nos últimos anos, ciclones, cheias e outras catástrofes ambientais têm assolado

Moçambique com uma frequência alarmante, trazendo consigo um rasto de destruição e dor.

Ciclone Freddy

Mais uma catástrofe ambiental

Nos últimos anos, ciclones, cheias e outras catástrofes ambientais têm assolado Moçambique com uma frequência alarmante, trazendo consigo um rasto de destruição e dor. As consequências são devastadoras, milhares de pessoas perdem as suas casas, as suas terras e os seus bens, enquanto outras são forçadas a abandonar as suas comunidades em busca de abrigo. Significativo é também o impacto nas infra-estruturas, deixando muitas estradas e pontes inutilizáveis. Como resultado, o acesso a serviços essenciais, como hospitais, escolas e postos de saúde, pode ser severamente comprometido. O impacto emocional é igualmente devastador nas comunidades afectadas. Pessoas perdem amigos, familiares e entes queridos. A vida normal é interrompida e, muitas vezes, as pessoas ficam presas em abrigos improvisados, sem acesso a alimentos, água ou saneamento básico adequado.

No ano 2000, Moçambique enfrentou uma das piores cheias da história. Chuvas torrenciais causaram inundações generalizadas, afectando cerca de 2 milhões de pessoas e causando inúmeras mortes. Acredita-se que cerca de 75% da

área total do país foi afectada na altura, com prejuízos estimados em mais de 500 milhões de dólares americanos. Para além das inundações terem destruído casas e infra-estruturas, causaram graves problemas de saúde pública, como a disseminação de doenças como

Fotografia: Jeffrey Grospe

cólera e malária. Durante o tempo que se seguiu, fomos afectados por outros desastres: em 2019, a região de Sofala foi atingida por dois ciclones devastadores, o Idai e o Kenneth, eventos meteorológicos que deixaram um enorme rasto de destruição em seu caminho. O ciclone Idai foi o primeiro a atingir a região, em Março de 2019, com prejuízos estimados em mais de 2 mil milhões de dólares americanos. Foi considerado um dos piores desastres naturais da história do país, tendo feito mais de 1000 mortos e afectado cerca de 3 milhões de pessoas. O ciclone Kenneth atingiu a mesma região em Abril do mesmo ano, causando mais danos e deixando mais de 40000

pessoas desabrigadas. Muito recentemente, no início de 2023, a região da costa leste de África foi novamente atingida por um ciclone, o Freddy, que trouxe ventos devastadores de até 200 km/h e chuvas intensas que causaram inundações e deslizamentos de terra em Moçambique, Madagáscar e Malawi. Dados estatísticos revelam que este ciclone foi um dos mais fortes da história recente. Durou mais de 31 dias (o recorde até então), o que o torna o mais duradouro. Tal como nos outros países por que passou, causou mortes e inúmeros danos em Moçambique, aqui em diversas províncias, com maior incidência na província da Zambézia.

Milhares de pessoas perdem as suas casas, as suas terras e os seus bens, enquanto outras são forçadas a abandonar as suas comunidades em busca de abrigo.

Apesar da tristeza que acompanha todas estas catástrofes, há uma sensação de esperança e união que emerge. As pessoas unem-se para ajudar a reconstruir o que foi perdido e para apoiar aqueles que precisam. É um lembrete poderoso de quão vulneráveis somos diante da natureza e de que, mesmo nos momentos mais sombrios, a bondade humana pode brilhar intensamente. Embora

seja difícil prever quando o próximo “ciclone Freddy” ocorrerá, é importante que o governo e as comunidades locais estejam preparados para lidar com eventos climáticos extremos. As mudanças que o mundo sofre actualmente podem aumentar a frequência e a intensidade desses eventos, e é essencial que medidas de adaptação sejam tomadas para minimizar os danos causados.

A vida normal é interrompida e, muitas vezes, as pessoas ficam presas em abrigos improvisados, sem acesso a alimentos, água ou saneamento básico adequado.

Cyclone Freddy

Yet another environmental catastrophe

In recent years, cyclones, floods and other environmental disasters have struck Mozambique with alarming frequency, leaving behind a trail of destruction and pain. The consequences are devastating, with thousands of people losing their homes, land and property, while others are forced to leave their communities in search of shelter. The impact on infrastructure is also significant, leaving many roads and bridges unusable. As a result, access to essential services such as hospitals, schools, and health clinics can be severely compromised. The emotional impact is equally devastating on affected communities. People lose friends, family members, and loved ones. Normal life is disrupted, and people are often trapped in makeshift shelters without access to adequate food, water, or sanitation.

In 2000, Mozambique faced one of the worst floods in history. Torrential rains caused widespread flooding, affecting an estimated 2 million people and causing numerous deaths. It is believed that about 75% of the country’s total area was affected at the time, with damages estimated at more than US $500 million. In addition to the floods destroying homes and infrastructure, they caused serious public health problems, such as the spread of diseases like cholera and malaria. In the following years, we were affected by other disasters: in 2019, the Sofala region was hit by two devastating cyclones, Idai and Kenneth, major weather events that left a huge trail of destruction in their wake. Cyclone Idai was the first to hit the region, in March 2019, with damages estimated at over US $2 billion. It was considered one of the worst natural disasters in the country’s history, having claimed more than 1,000 lives and affected some 3 million people. Cyclone Kenneth hit the same region in April of the same year, causing more damage and leaving over 40,000 people homeless. Very recently, in early 2023, the east coast of Africa was again hit by a cyclone, Freddy, which brought devastating winds of up to 200 km/h and heavy rains that caused flooding and landslides in Mozambique, Madagascar and Malawi. Statistical data revealed that this cyclone was one of the strongest in recent history. It lasted more than 31 days (the standing record until then), making it the longest lasting. As in the other countries in its path, it caused deaths and numerous damages in Mozambique across several provinces, with greater incidence in Zambezia province.

Statistical data revealed that this cyclone was one of the strongest in recent history. It lasted more than 31 days (the standing record until then), making it the longest lasting.

Despite the consternation that accompanies all these disasters, there is a sense of hope and unity that emerges. People are coming together to help rebuild what has been lost and to support those in need. It is a powerful reminder of how vulnerable we are in the face of nature, and that even in the darkest moments, human kindness can shine brightly. While it is difficult to predict when the next “Cyclone Freddy” will occur, it is important that the government and local communities are prepared to deal with extreme weather events. The world is currently undergoing changes that may increase the frequency and intensity of these events, and it is essential that adaptation measures are taken to minimize damages caused.

Despite the consternation that accompanies all these disasters, there is a sense of hope and unity that emerges. People are coming together to help rebuild what has been lost and to support those in need.

Fotografia: Mariano Silva

O Absa é uma das organizações reconhecidas como mais inovadoras e que lideram o futuro do trabalho em toda a África.

Absa conquista prémio

MELHOR MARCA EMPREGADORA de 2022 em África

O Grupo Absa, uma organização financeira líder em África, foi recentemen te premiado pelo LinkedIn Talent Awards com o Best Employer Brand 2022 Award (Melhor Marca Empregadora de 2022), tornando-se assim uma das organizações reconhecidas como mais inovadoras e que lideram o futuro do trabalho em toda a África.

OLinkedIn Talent Awards é uma comunidade conectada pela paixão pelas pessoas e pelo desenvolvimento de talentos profissionais. O objectivo é destacar pessoas, marcas, empresas e organizações em todo o mundo que, empenhadas em criar espaços de trabalho inclusivos, constroem marcas empregadoras mais fortes e se focam na retenção dos colaboradores sem nunca perder o foco na aprendizagem e desenvolvimento.

O Absa é reconhecido pela inovação na aquisição de talentos e empregabilidade, bem como no desenvolvimento e retenção daqueles. A organização integra na sua cultura organizacional o trabalho híbrido com a filosofia de “open space” e lugares livres, bem como o uso de ferramentas digitais para dinamizar a comunicação entre as equipas de trabalho no seio do Banco.

Este prémio agora alcançado é a confirmação do empenho que o Grupo Absa tem em colocar as necessidades dos seus colaboradores em primeiro lugar, ao criar uma cultura de trabalho baseada no princípio da Africanicidade aliada à inovação no sector de gestão de pessoas. A instituição tem a convicção de que, para se manter na vanguarda das empresas de sucesso em África, deve continuar a investir no desenvolvimento e retenção de talentos, criando um ambiente de trabalho inclusivo e dinâmico para os seus

colaboradores.

O LinkedIn Talent Awards é uma referência no reconhecimento das melhores práticas de gestão de pessoas em todo o mundo, e o prémio atribuído é uma distinção de grande prestígio no sector empresarial e financeiro. A instituição tem orgulho em receber este prémio e compromete-se a continuar a investir no seu capital humano e na melhoria constante do ambiente de trabalho, mantendo-se na vanguarda da inovação e liderança empresarial em África.

46 | Revista Xonguila © Ed. 56 • Março - March 2023 Absa Bank
Fotografia: Mariano Silva

O Absa é reconhecido pela inovação na aquisição de talentos e empregabilidade, bem como no desenvolvimento e retenção desses talentos.

Absa distinguished with Africa’s BEST EMPLOYER BRAND Award 2022

Absa Group, a leading financial organization in Africa, was recently distinguished with a Best Employer Brand Award in the 2022 LinkedIn Talent Awards, making it one of the most innovative organizations leading the future of work across Africa.

The LinkedIn Talent Awards build a community around companies that share a passion for people and for the development of professional talent. They aim to spotlight people, brands, companies and organizations around the world that are committed to creating inclusive workspaces, building stronger employer brands and seeking employee retention, whilst maintaining a focus on continuous learning and development.

The Bank is renowned for innovations in talent acquisition and employability, as well as employee development and retention. The organization integrates hybrid work into its organizational culture, employs open space and hot desking and uses digital tools to streamline communication between work teams within the bank.

This award is a recognition of Absa

Group’s commitment to putting the needs of its employees first, by creating a work culture based on the principle of "Africanacity" combined with innovation in the people management sector. The institution has the conviction that, to remain at the forefront of successful companies in Africa, it must continue to invest in developing and retaining talent by creating an inclusive and dynamic work environment for its employees.

The LinkedIn Talent Awards are a reference in recognising the best people management practices worldwide, and receiving such a prize is a highly prestigious distinction in the corporate and financial sector. The institution is proud to receive this award and is committed to continue investing in its human capital and in the constant improvement of work environments, remaining at the forefront of innovation and business leadership in Africa.

Março - March 2023 • Ed. 56 © Revista Xonguila | 51 Absa Bank
This award is a recognition of Absa Group’s commitment to putting the needs of its employees first, by creating a work culture based on the principle of "Africanacity" combined with innovation in the people management sector.

PILOTO AUTOMÓVEL DE MOÇAMBIQUE É DESTAQUE NO CENÁRIO

MUNDIAL

Rodrigo Almeida, na primeira pessoa

“Decidi evoluir, começando a correr em carros maiores, e tenho competido um pouco por todo o mundo.”

PILOTO AUTOMÓVEL DE MOÇAMBIQUE

É DESTAQUE NO CENÁRIO MUNDIAL

Rodrigo Almeida, na primeira pessoa

Aminha paixão pelo desporto motorizado surgiu quando eu tinha 10 anos, mais precisamente há 9 anos. Foi num dia nublado em que eu e o meu pai estávamos a passar pelo ATCM e vimos alguns karts a andar na pista. Pedi ao meu pai para irmos vê-los de perto e ele levou-me. Depois de os observarmos durante algum tempo, perguntámos como me poderia inscrever. Comecei a treinar na academia com o instrutor Adelino Maposse.

As primeiras competições em que entrei foram com karts, na África do Sul. Gradualmente, fui participando nos campeonatos do mundo. O meu fascínio cresceu ainda mais quando comecei a competir na Europa. Passado algum tempo, decidi evoluir, começando a correr em carros maiores, e tenho competido um pouco por todo o mundo. O primeiro carro que me levou a participar em competições foi um carro de Fórmula 4, basicamente uma mini Fórmula 1,

tem, inclusive, semelhanças a nível de aspecto visual. Foi uma sensação incrível, sempre com um pouco de nervosismo à mistura, mas nada que me impedisse. Uma das provas em que mais gostei de participar foi a de 24 horas de Dubai e a Fórmula 4 em Abu Dhabi. Foram muitas as provas que me marcaram, mas houve uma, em 2022, que me marcou particularmente: a minha vitória no DTM Trophy, que correspondeu à única vitória da Mercedes naquele campeonato, no ano passado.

A cultura do desporto motorizado em Moçambique está a evoluir, mas ainda está muito longe do que é o desporto motorizado a nível internacional, especialmente no que diz respeito às corridas de circuito. Carregar uma bandeira nacional pelo mundo é uma grande responsabilidade, especialmente representando o país que amo e que sempre representarei enquanto for possível. Sempre que ergo a minha bandeira, em qualquer lugar do mundo, sinto

uma felicidade enorme porque é o país onde cresci e onde fiz a minha vida.

Posso afirmar com toda a certeza que o meu piloto favorito é o Lewis Hamilton. Um piloto que apresenta comportamentos excepcionais, os quais a maioria dos outros não demonstra. Seguindo uma trajectória semelhante à minha, ele começou nos kartings, passando posteriormente para as fórmulas, onde foi progredindo até chegar ao topo, sendo considerado o piloto com mais títulos da Fórmula 1 de todos os tempos. Sem dúvida, é uma pessoa que adoraria conhecer!

No que diz respeito aos meus projectos futuros, já anunciei nas minhas redes sociais e em algumas entrevistas que irei correr pela equipa Mücke Motorsport, este ano, no ADAC GT4 e em algumas provas do GT4 European Series. Na época passada, participámos no GTWinter Series, onde conquistei a vitória.

“A minha paixão pelo desporto motorizado surgiu quando eu tinha 10 anos, mais precisamente há 9 anos.”
Fotografia: Cortesia de Rodrigo Almeida

Foram muitas as provas que me marcaram, mas houve uma, em 2022, que me marcou particularmente: a minha vitória no DTM Trophy, que correspondeu à única vitória da Mercedes naquele campeonato, no ano passado.

- Rodrigo Almeida

Fotografia: Cortesia de Rodrigo Almeida
Fotografia: Cortesia de Rodrigo Almeida

MOZAMBICAN RACING DRIVER STANDS OUT ON THE WORLD STAGE

Rodrigo Almeida, in the first person

My passion for motorsports began when I was 10 years old, which was 9 years ago, to be exact. It was a cloudy day when my father and I went past ATCM and saw some go-karts on the track. I asked my father to go and see them up close, and he took me. After watching them for a while, we asked [the ATCM administration] if I could sign up. I started training at the academy with the instructor Adelino Maposse.

The first competitions I entered were with go-karts, in South Africa. Gradually, I began participating in world championships. My fascination grew even more when I started competing in Europe. After some time, I decided to evolve and started to race in bigger cars, and have since competed all over the world. The first car that took me to competitions was a Formula 4

car, which is basically a mini-Formula 1, since they’re visually similar. It was an incredible feeling, mixed with a bit of nervousness but nothing paralysing. One of the races I enjoyed the most was the 24H Dubai and Formula 4 UAE Championship in Abu Dhabi. Many races left a mark on me, but there was one in particular, in 2022, that stands out: my victory in the DTM Trophy, which was Mercedes’ only victory in that championship last year.

The culture of motorsports in Mozambique is evolving, but it’s still very far from what motorsports are at international level, especially when it comes to circuit racing. Carrying a national flag around the world is a great responsibility, especially because it represents the country I love and will continue to be so for as long as possible. Whenever I raise my flag, anywhere in the world, I feel an enor-

mous happiness because it’s the country where I grew up and where I made my life.

I can say, without a doubt, that my favourite driver is Lewis Hamilton. A driver who shows exceptional behaviour, unlike most. Following a similar trajectory to mine, he started in karting and then moved to formula racing, where he has gradually progressed to the top and is currently considered the driver with the most Formula 1 titles of all time. I would certainly love to meet him!

As far as my future projects are concerned, I have already announced in my social networks and in some interviews that I will race for the Mücke Motorsport team this year in the ADAC GT4 and in some races of the GT4 European Series. During the last season, we participated in the GT Winter Series, where I took home the victory.

Março - March 2023 • Ed. 56 © Revista Xonguila | 59
The culture of motorsports in Mozambique is evolving, but it’s still very far from what motorsports are at international level.
Fotografia: Cortesia de Millennium bim

MILLENNIUM BIM PATROCINA

BOLSA PARA JOVENS MULHERES COM POTENCIAL DE LIDERANÇA

MILLENNIUM BIM PATROCINA BOLSA PARA JOVENS MULHERES COM POTENCIAL DE LIDERANÇA

Neste que é o Mês da Mulher, o Millennium bim, pelo sexto ano consecutivo, através do seu programa de responsabilidade social “Mais Moçambique P'ra Mim", apoia a organização não governamental para o desenvolvimento Girl Move através de uma bolsa de impacto para frequência do programa premiado pela UNESCO Liderança e Inovação Social, dinamizado pela Associação Girl Move em Nampula, durante o ano de 2023. Não se traduzindo apenas num investimento no talento de uma jovem mulher moçambicana licenciada ou com mestrado (a "Girl mover") com vista a alavancar o seu potencial de liderança e agente de mudança social ao serviço do seu país, a referida bolsa irá também proporcionar uma transformação positiva nas vidas de 33 jovens sob a mentoria da "Girl mover" bolseira.

Em cumprimento do seu programa de responsabilidade social, o Millenium Bim fomenta a emancipação feminina através da educação das raparigas. É nesse âmbito que se insere o protocolo de apoio ao Programa de Liderança e Inovação Social da Girl Move, cujo efeito multiplicador contribui para o desenvolvimento inclusivo de Moçambique. A "Girl mover" bolseira irá acompanhar, directamente, um grupo de três raparigas universitárias e trinta "mwarusis" (jovens adolescentes entre os 12-15 anos de idade a frequentar o ano que antecede o ensino secundário e que vivem em contextos de maior vulnerabilidade nas comunidades urbanas e periurbanas na cidade de Nampula), promovendo a sua transição para o ensino secundário, o que contribuirá para a redução dos casamentos prematuros e prevenção de gravidezes precoces.

Para José Reino da Costa, PCE do

Millennium bim, "a renovação deste apoio à Girl Move decorre naturalmente, ao inscrever-se na defesa da igualdade de género, por um lado, e, por outro, na aposta do Banco na educação, designadamente das raparigas, enquanto alavanca de um desenvolvimento realmente inclusivo de Moçambique". O Banco sempre apostou na igualdade de género, desde a primeira hora, desenvolvendo iniciativas de emancipação da mulher e, até, produtos exclusivos para o segmento feminino, como o “Cartão Mulher”.

Por sua vez, para Alexandra Machado, representante da Girl Move, este investimento representa o reconhecimento do impacto do trabalho da Girl Move, cuja metodologia promove uma nova geração de jovens mulheres moçambicanas líderes que colocam o seu talento ao serviço do desenvolvimento e transformação positiva do seu país.

Março - March 2023 • Ed. 56 © Revista Xonguila | 65 Millennium bim
A bolsa concedida vai permitir que uma jovem mulher moçambicana participe no Programa de Liderança e Inovação Social da Girl Move Academy e contribua para uma transformação positiva da vida de outras 33 raparigas moçambicanas.
Fotografia: Cortesia de Millennium bim

O Banco sempre apostou na igualdade de género, desde a primeira hora, desenvolvendo iniciativas de emancipação da mulher e, até, produtos exclusivos para o segmento feminino, como o “Cartão Mulher”.

Fotografia: Cortesia de Millennium bim

MILLENNIUM BIM SPONSORS SCHOLARSHIP FOR YOUNG WOMEN WITH LEADERSHIP POTENTIAL

During this Women’s Month and for the sixth consecutive year, Millennium bim will once again support the non-governmental development organisation Girl Move, through its social responsibility programme “Mais Moçambique P’ra Mim”. The support translates into an impact scholarship to attend a programme run by the Girl Move Association in Nampula in 2023, a programme that was awarded by UNESCO Leadership and Social Innovation. This scholarship is not only an investment in the talent of a young Mozambican woman with a university degree or master’s degree (referred to as a ‘Girl mover’) to leverage her potential as a leader and agent of social change at the service of her country, but it also enables a positive transformation in the lives of 33 young people under the mentorship of the ‘Girl mover’ scholarship holder.

In line with its social responsibility programme, Millennium Bim fosters female emancipation through the education of girls. The protocol to support Girl Move’s Leadership and Social Innovation Programme, whose multiplier effect contributes to the inclusive development of Mozambique, falls under that directive. The Girl Move scholarship holder will directly supervise a group of three university-going young women and thirty “mwarusis”(adolescent girls between the ages of 12 and 15 attending the last year of middle school and living in contexts of greater vulnerability in urban and peri-urban communities in the city of Nampula), with a view to pro-

68 | Revista Xonguila © Ed. 56 • Março - March 2023

moting their transition to secondary education and thus contribute to reducing the incidence of early marriages and prevent early pregnancies.

For José Reino da Costa, PCE of Millennium bim, “renewing our contribution to Girl Move is a natural consequence of our support of gender equality and, on the other hand, of the Bank’s commitment to education, particularly for girls, as a lever for a truly inclusive development of Mozambique”. The Bank has always been committed to gender equality, from the very first

hour, thus developing initiatives for the emancipation of women, and even exclusive products for the female segment, such as the “Women’s Card”.

For Alexandra Machado, representative of Girl Move, this investment is a recognition of the impact that Girl Move’s work has, whose methodology promotes a new generation of young Mozambican women leaders who are putting their talent at the service of the development and positive transformation of their country.

Março - March 2023 • Ed. 56 © Revista Xonguila | 69
“Renewing our contribution to Girl Move is a natural consequence of our support of gender equality and, on the other hand, of the Bank’s commitment to education, particularly for girls, as a lever for a truly inclusive development of Mozambique”.
Fotografia: Cortesia de Millennium bim
Fotografia: Fernando Simões

Localizado na Avenida da Marginal, no Shopping Jardim Centenário, o restaurante Salt é uma das mais recentes propostas de luxo e glamour na capital moçambicana.

Salt

Localizado na Avenida da Marginal, no Shopping Jardim Centenário, o restaurante Salt é uma das mais recentes propostas de luxo e glamour na capital moçambicana, e apraz-nos dizer que seus fundadores têm trabalhado arduamente para refinar o seu conceito e menu. Procurando criar uma experiência gastronómica verdadeiramente única e inesquecível, o foco está em capturar a essência do rico património culinário de Moçambique e infundir no restaurante algo mais intangível, algo que possa elevar a experiência gastronómica a um novo patamar.

O chef principal, Mohamed Jawad, um dos co-fundadores, é um apaixonado por comida desde tenra idade. A sua paixão pela cozinha italiana, em particular, foi crescendo com o tempo, bem como o sentimento de que, a determinada a altura, gostaria de criar um restaurante que espelhasse o que tivesse aprendido. Com a ajuda do outro co-fundador, Youssef Chamas, conseguiu transformar o seu sonho em realidade, e, juntos, trabalharam incansavelmente para criar um espaço requintado cujo menu mistura cozinha internacional com um toque italiano, confeccionando-a com cuidado e atenção aos detalhes para garantir que cada prato seja uma obra-prima. Os ingredientes são frescos e susten -

táveis, obtidos localmente sempre que possível.

Para o Salt, criar uma grande experiência gastronómica não significa apenas servir boa comida. Hospitalidade e simpatia são tão importantes quanto o que está no prato. O restaurante foi concebido para ser acolhedor e familiar e onde cada cliente se sentisse valorizado e apreciado. A equipa é atenciosa e há uma atmosfera animada e contagiante. As vibrações positivas que ali se sentem fazem com que os clientes ali queiram regressar vez após vez. Com um inabalável compromisso com esse atendimento excepcional ao cliente, a equipa do Salt faz tudo o que pode para garantir que todos tenham uma experiência gastronómica verdadeiramente memorável. A intenção é que cada visitante se sinta em casa, independentemente de ali estar para um jantar romântico ou uma noite divertida com amigos.

O Salt é um lugar especial onde todos são bem-vindos e ali podem desfrutar de uma experiência gastronómica verdadeiramente única e memorável. Com a abertura deste novo restaurante de luxo, o panorama de Maputo em termos de restauração acaba de ficar ainda mais rico e emocionante.

Para mais informações: Instagram @salt_mz

Paladares à solta 72 | Revista Xonguila © Ed. 56 • Março - March 2023
Fotografia: Fernando Simões

Os fundadores do Salt têm trabalhado arduamente para refinar o seu conceito e o menu.

Fotografia: Fernando Simões

O menu mistura cozinha internacional com um toque italiano, confeccionando-a com cuidado e atenção aos detalhes para garantir que cada prato seja uma obra-prima.

Salt

Located on Avenida Marginal at the Jardim Centenário shopping mall, Salt restaurant is one of the latest luxurious and glamourous eating out spot in the Mozambican capital. Envisioning a truly unique and unforgettable dining experience, Salt’s founders have worked hard to refine the restaurant’s concept and menu. The focus is on capturing the essence of Mozambique’s rich culinary heritage and infusing the restaurant with something more intangible, something that would take the gastronomic experience to a new level.

Head Chef Mohamed Jawad, one of the co-founders, has always been passionate about food from a young age. His particular passion for Italian cuisine grew over time and he knew that at some point, he would want to create a restaurant to share what he had learnt. With the help of fellow co-founder Youssef Chamas, he was able to turn his dream into a reality, and together they worked tirelessly to create an exquisite space with a menu that blends international cuisine with an Italian twist, crafted with care and attention to detail to ensure each dish is a masterpiece. Ingredients are fresh and sustainable,

locally sourced whenever possible.

For Salt, creating a great dining experience doesn’t just mean serving good food. They believe that hospitality and friendliness are just as important as what’s on the plate. The restaurant is designed to be welcoming and homely, where every customer feels valued and appreciated. The staff are friendly and there is a lively and infectious atmosphere. The positive vibes keep customers coming back time and time again. With an unwavering commitment to exceptional customer service, the team at Salt does everything they can to ensure that every customer has a truly memorable dining experience. The aim is to create an environment where every visitor feels at home, regardless of whether they are there for a romantic dinner or a fun night out with friends.

Salt is a special place where everyone is welcome to enjoy a truly unique and memorable dining experience. Maputo’s vibrant culinary scene has just become even richer and more exciting with the opening of this new luxury restaurant.

For more information: Instagram @salt_mz

Palates on the loose Março - March 2023 • Ed. 56 © Revista Xonguila | 77
Fotografia: Fernando Simões
Fotografia: Fernando Simões

The staff are friendly and there is a lively and infectious atmosphere. The positive vibes keep customers coming back time and time again.

Fotografia: Mariano Silva

Conheça os nossos empreendedores

Waala

A Walla deseja promover um estilo de alimentação saudável, limar crenças ilusórias sobre o vegetarianismo e ensinar a aproveitar e utilizar alimentos e outros produtos de forma criativa e sustentável.

A Waala é uma empresa que trabalha na produção, processamento e comercialização de comida vegetariana, oferecendo igualmente serviços como catering em eventos privados e corporativos, planos de alimentação e consultoria nutricional. Foi criada num momento de reinvenção pessoal em que a fundadora, Nádia Nunes, ao iniciar um processo de transição alimentar para o vegetarianismo e constatando existirem escassas opções vegetarianas na cidade de Maputo, decidiu abraçar também o desafio de promover iniciativas para uma alimentação mais consciente e saudável.

São propósitos da Waala promover um estilo de alimentação saudável, limar crenças ilusórias sobre o vegetarianismo, ensinar e dar dicas sobre o aproveitamento e utilização dos alimentos e outros produtos de forma criativa e sustentável. Os pratos que confecciona são variados, considerando sempre a criatividade um factor chave. O seu público-alvo vai desde vegetarianos a pessoas que queiram ter um estilo de vida saudável.

A Waala tem uma equipa composta por 4 elementos: um chef-owner, responsável pela gestão da empresa, elaboração e execução dos menus e criação das receitas; um gestor encarregado da contabilidade e logística; uma equipa de marketing que resulta de uma parceria com a agência Balaia, co-responsável pela imagem e design da marca Waala e gestão das suas redes sociais, e o serviço de delivery, que tem como função fazer a entrega dos produtos.

Os maiores desafios que a Waala tem enfrentado são a falta de um espaço físico, a privação de produtos eco-amigáves e de produtos de origem não-animal, seja a nível de variedade, seja pelo preço, e a falta de conhecimento por parte de alguns clientes que solicitam que se

incluam produtos de origem animal nas comidas que confeccionam (carne, por exemplo). Nota-se, contudo, que, desde o início da actividade, tem vindo a aumentar a curiosidade e interesse e do público não-vegetariano em provar os pratos que confeccionam, assim como uma enorme satisfação da comunidade vegetariana, em constante crescimento.

Para o futuro, a Waala pretende tornar-se numa marca de referência em comida vegetariana 100% moçambicana e melhor servir os clientes. Deseja igualmente expandir-se para outras províncias de modo a abranger um maior número de pessoas a nível do país e desenvolver projectos de consciencialização e responsabilidade social para pessoas e famílias carenciadas. Tem ainda o objectivo de estabelecer parcerias com estabelecimentos e restaurantes não-vegetarianos, com vista a enriquecer a ementa desses locais com soluções vegetarianas.

A Waala, que presentemente tem uma base virtual, considera que o mundo digital tem um papel crucial na promoção da empresa e dos serviços oferecidos, pois é com base nas redes sociais que publicitam as refeições e promoções que oferecem e divulgam outras informações.

82 | Revista Xonguila © Ed. 56 • Março - March 2023
Março - March 2023 • Ed. 56 © Revista Xonguila | 83 Para contactar a Walla podem ser usadas as seguintes vias: Telemóvel e WhatsApp 85 911 4680 Instagram @waalamz Email waalaveg@gmail.com
Fotografia: Mariano Silva

Waala is a company that works in the production, processing and commercialization of vegetarian food, as well as offering services such as catering for private and corporate events, meal plans and nutritional consulting. It was created during a time of personal reinvention for the founder, Nádia Nunes, when she began transitioning to vegetarianism and saw that there were few vegetarian options in the city of Maputo, which led her to embrace the challenge of promoting initiatives for more conscious and healthy eating.

Waala’s objectives are to promote healthy eating habits, remove illusory beliefs about vegetarianism, teach and give tips on how to use food and other products in a creative and sustainable way. She makes a variety of recipes where creativity is always key, and targets audiences that range from vegetarians to people who simply want to have a healthy lifestyle.

Waala’s team consists of: a chef-owner, responsible for the management of the company, preparation and execution of menus and recipe development; a manager, in charge of accounting and logistics; a marketing team that results from a partnership with the agency Balaia, co-responsible for the design and image of the Waala brand and management of their social networks; and the delivery service, whose function is to distribute the products.

Some of the biggest challenges facing Waala today are the lack of a bricks-and-mortar space, few eco-friendly and non-animal origin products available – either in terms of variety or price range – and the lack of knowledge in some customers who request them to include animal-origin products in their food (such as meat, for example). It is noticeable, however, that since they began operating, there has been a lot more curiosity and interest by the non-vegetarian public in tasting the dishes Waala makes, not to mention the enormous satisfaction of the ever-growing vegetarian community.

Concerning the future, Waala intends to become a reference brand in 100% Mozambican-made vegetarian food and better serve its clients. It also wants to expand to other provinces in order to reach a larger number of people across the country, as well as develop awareness and social responsibility projects for people and families in need. In addition, it wants to establish partnerships with non-vegetarian establishments and restaurants in order to enrich their menus with vegetarian solutions.

Waala, which currently has a virtual base, considers that the digital world has a crucial role in promoting the company and services, because it is through social networks that they advertise their meal offerings and promotions, and disclose other information.

The following can be used to contact Waala:

Cellphone and WhatsApp – 85 911 4680

Instagram – @waalamz

Email – waalaveg@gmail.com

Concerning the future, Waala intends to become a reference brand in 100% Mozambican-made vegetarian food and better serve its clients.

Fotografia: Cortesia da organização do evento

“Mulheres de Negócios de Zero aos 100”

Mais de 150 mulheres participaram do workshop “Mulheres de Negócios de Zero aos 100” promovido pela Associação de Mulheres Empreendedoras Europa-África, AMEEA, e parceiros em comemoração do Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de Março.

O objectivo do evento foi compartilhar habilidades e reunir ferramentas contemporâneas para o desenvolvimento profissional e auto-afirmação social de mulheres de negócios e aspirantes ao empreendedorismo. A iniciativa teve a perspectiva de trazer valor acrescentado à sociedade, instigando o autodesenvolvimento feminino através do empreendedorismo, e enquadrou-se no panorama global dos 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas no que se refere à igualdade de género.

A delegada da AMEEA em Moçambique, Anna Sousa, destacou a importância do evento para agregar conhecimento, potencializar negócios, reunir contactos estratégicos e crescer de forma sustentável no mercado. Com o tema “Gestão

da marca pessoal e profissional”, Lizete Manguezele enfatizou que a capitalização de uma marca diz muito sobre os esforços feitos para a mesma. Segundo Anna Sousa, todas as pessoas podem ser uma marca, desde que descubram o seu real papel numa determinada área e o objectivo que se pretende alcançar no mercado com o trabalho que fazem.

Já Sheila Ibrahimo abordou o tema “Marketing digital como acelerador do empoderamento e posicionamento da mulher moçambicana”. A oradora destacou a importância de se definir estrategicamente o tipo de conteúdo a ser partilhado nas plataformas sociais de modo a agregar valor para o público de interesse. A sessão contou com a presença da analista de perfil comportamental, Andrea Cabral, bem como diversas

mulheres empreendedoras de ramos como restauração, banca, comunicação, marketing e sector têxtil, entre outros.

O evento foi uma oportunidade para que todas as participantes pudessem compartilhar conhecimentos e experiências e, dessa forma, continuar a desenvolver habilidades para crescerem nas suas carreiras profissionais e até nas suas vidas pessoais. Através de workshops e palestras inspiradoras, as participantes puderam adquirir novos conhecimentos e habilidades, além de se conectarem com outras mulheres empreendedoras e profissionais de sucesso. O evento serviu de lembrete de que o empreendedorismo pode ser uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento pessoal e profissional de mulheres em todo o mundo.

88 | Revista Xonguila © Ed. 56 • Março - March 2023
Março - March 2023 • Ed. 56 © Revista Xonguila | 89
Fotografia: Cortesia da organização do evento

Mulheres de Negócios de Zero aos 100”

More than 150 women attended the workshop ‘Mulheres de Negócios de Zero aos 100’ (‘Businesswomen from Zero to 100’) promoted by AMEEA – Associação de Mulheres Empreendedoras Europa-África (Association of Europe-Africa Women Entrepreneurs) and partners in commemoration of International Women’s Day, celebrated on March 8th.

The aim of the event was to share skills and assemble a toolkit of sorts for the professional development and social self-affirmation of businesswomen and aspiring entrepreneurs. The initiative’s ultimate goal was to add value to society by instigating female self-development through entrepreneurship, in line with the 17 Sustainable Development Goals as it pertains to gender equality.

AMEEA’s delegate in Mozambique, Anna Sousa, highlighted the importance of the event as a means to gain knowledge, boost business opportunities, make strategic contacts and support sustainable growth in the market. With the topic “Managing your personal and professional

brand”, Lizete Manguezele emphasized that the capitalization of a brand says a lot about the effort that went into building it. According to her, everyone can be a brand, as long as they discover their ideal role in a certain sector and the objectives they seek through the work they do.

Sheila Ibrahimo addressed the topic “Digital marketing as an accelerator for the empowerment and positioning of Mozambican women”. The speaker highlighted the importance of strategically defining the type of content to be shared on social platforms in order to add value for the target audience. The session was attended by the behavioural profile analyst, Andrea Cabral, as well as several women entrepre -

neurs from various sectors such as catering, banking, communications, marketing, and the textile sector, among others.

The event was an opportunity for all participants to share knowledge and experiences and thus continue to develop skills to grow in their professional careers and even in their personal lives. Through workshops and inspirational talks, participants were able to gain new knowledge and skills, as well as connect with other successful women entrepreneurs and professionals. The event served as a reminder that entrepreneurship can be a powerful tool for the personal and professional development of women around the world.

90 | Revista Xonguila © Ed. 56 • Março - March 2023
Fotografia:
da
do
Cortesia
organização
evento
Fotografia: Florian K
IVANDRO DE BARROS RIBEIRO, CABO VERDE

IVANDRO DE BARROS RIBEIRO, CABO VERDE

Escrito por: Eliana Silva

Com vontade de redesenhar o mundo, Ivandro Ribeiro saiu de Moçambique em 2004 e, entre idas e vindas, acabou por se inspirar nas suas origens cabo-verdianas e levar o Índico ao Atlântico, depois de uma passagem pelo Brasil. Trocou então o continente por uma vida insular.

Ivandro representa o melhor da lusofonia. Moçambicano com origens cabo-verdianas, estudou por 5 anos no Brasil. Hoje, aos 38 anos, concretiza a mistura de todas essas referências, já que, além das múltiplas influências que o caracterizam, instalou-se em 2008 na Praia, capital de Cabo Verde, onde trabalha na empresa Bonako.

Perito em resolver problemas, Ivandro Ribeiro, designer industrial, procura-os, tal como qualquer profissional de inovação, para desenvolver soluções que encaixem em qualquer habitat tecnológico e geografia. “A minha actividade consiste em identificar problemas e buscar soluções, mas acredito que os obstáculos encontrados no mercado são semelhantes em boa parte dos países africanos, como a falta de um governo ou estado comprometido com este sector, altos impostos para adquirir equipamentos de teste, escassez de mão-de-obra qualificada e outras dificuldades. No entanto, acredito que isso faz parte do processo e nos torna ainda mais lutadores”, explica-nos Ivandro. O seu olhar para sistemas que necessitem de ser melhorados é de tal forma relevante que, ao longo do seu percurso profissional, participou na criação de vários produtos em diversas iniciativas de inovação, como o primeiro Jet ski anfíbio do Brasil ou a primeira empresa de jogos cabo-verdianos, a Bonako, “que se tornou na primeira empresa a produzir aplicativos móveis dedicando-se exclusivamente a esta linha de produtos”.

Além disso, com a Bonako, Ivandro criou o primeiro aplicativo de streaming cabo-verdiano, o Muska, e o primeiro aplicativo de TV mobile, como a primeira plataforma de jogos Mobile focada no

mercado africano, o que acabou por levá-lo, a si e à sua equipa, ao conceituado evento de tecnologia Web Summit, por 4 anos. “Actualmente, estou a trabalhar na criação de um mapa global que inclui réplicas digitais de edifícios e pessoas, de forma a serem utilizados em um metaverso que também está em desenvolvimento por nós. Este metaverso terá diversas funcionalidades e aplicações para diferentes propósitos.”, confidencia-nos o designer.

Apesar de se encontrar do outro lado, o do Atlântico, Ivandro Ribeiro mantém o olhar sobre o que se passa deste lado do Índico. “Tenho sempre em mente como posso expandir os meus produtos para Moçambique, graças aos contactos e amigos que ainda aí mantenho. Tenho construído pontes tanto para o desenvolvimento de novos produtos quanto para a comercialização de produtos já desenvolvidos.”

Ivandro Ribeiro, além do seu projecto actual, o Muska, que é uma plataforma com várias ferramentas para ajudar os artistas a ganhar dinheiro com suas obras (música, vídeo, eventos, merchandising, etc.), tem como objectivo concentrar-se no mercado africano, alcançando o moçambicano em 2023. Embora ainda não tenha os métodos de pagamento focados para Moçambique e todos os artistas locais na plataforma, ele mantém o seu foco no mercado africano.

Assim, tal como no seu processo criativo, Ivandro Ribeiro adapta o seu olhar ao ambiente onde se move e procura soluções que encaixem nas necessidades daqueles com quem se cruza. Quando não as encontra, desenha-as.

“A minha actividade consiste em identificar problemas e buscar soluções”
– Ivandro de Barros Ribeiro

IVANDRO DE BARROS RIBEIRO, CAPE VERDE

Fuelled by a desire to redesign the world, Ivandro Ribeiro left Mozambique in 2004 and, between comings and goings, he ended up being inspired by his Cape Verdean origins and decided to relocate from the Indian Ocean to the Atlantic coast, after a passage through Brazil. He further traded the mainland for island life.

Ivandro represents Lusophony at its best. A Mozambican with Cape Verdean origins, he studied for 5 years in Brazil. Today, at 38, he embodies all those references since, in addition to his diverse heritage, he also settled in Praia, the Cape Verdean capital, in 2008, and works at the company Bonako.

An expert in solving problems, Ivandro Ribeiro, an industrial designer, actively seeks them out to develop solutions that can fit any technological environment and geography, just like any innovation professional would. “My work consists of identifying problems and seeking solutions [for them], but I believe that the obstacles encountered in this market are also found across a good number of African countries, such as the lack of government or state commitment to this sector, high taxes to acquire testing equipment, shortage of skilled labour, and other

difficulties. However, I believe that this is part of the process and makes us even more determined”, Ivandro explains. His ability to spot systems that need improvement is so relevant that, throughout his professional career, he has participated in the creation of several products in various innovation initiatives, such as the first amphibious Jet Ski in Brazil or the first Cape Verdean game company, Bonako, “which became the first company to produce mobile applications exclusively dedicated to this product line”.

In addition, with Bonako, Ivandro created the first Cape Verdean streaming app, Muska, and the first mobile TV app, as the first mobile gaming platform focused on the African market, which eventually led him and his team to attend the renowned technology event Web Summit for four consecutive years. “Currently, I am working on creating a global map that includes digital

Fotografia: Henrik Hedegaard

With Bonako, Ivandro created the first Cabo Verdean streaming App, Muska.

replicas of buildings and people to be used in a metaverse that is also under development by us. This metaverse will have various functionalities and applications for different purposes”, the designer confided.

Despite being stationed on the Atlantic coast, Ivandro Ribeiro keeps his eye on what is happening on our Indian Ocean side. “I always keep in mind how to expand my products to Mozambique, thanks to the contacts and friends I still have there. I’ve been building bridges for the development of new products, as well as to market products already developed”.

Ivandro Ribeiro, in addition to his current project, Muska – a platform with various tools to help artists make money from their work (music, video, events, merchandising, etc.) – wants to focus on the African market, in particular Mozambique, in 2023. The platform has yet to introduce payment methods suitable for Mozambique and onboard all local artists, but he is keeping his sights firmly trained on the African market.

In this way, and as with his creative process, Ivandro Ribeiro adjusts his vision to the environment he’s in and looks for solutions for the needs he identifies. When he doesn’t find such solutions, he designs them.

Fotografia: Mariano Silva

GODFATHER SOUR

INGREDIENTES:

CHIVAS 12 ANOS – 50 ML

AMARETTO – 25 ML

SUMO DE LIMÃO – 15ML

1 RODELA DE MAÇÃ DESIDRATADA

Coloque todos os ingredientes num shaker, agite bem e, de seguida, sirva numa taça de cocktail. Use a rodela maçã para decorar.

“Utilizei a bebida favorita do Marlon Brando no “Godfather” e dei-lhe um toque sour para ficar ainda mais elegante.”
– Hélder Alves, Shaker

GODFATHER SOUR

INGREDIENTS:

Chivas 12 Years – 50 ml

Amaretto – 25ml

Lemon juice – 15ml

1 Slice of dehydrated apple

Place all the ingredients in a shaker, shake well and serve in a cocktail glass. Garnish with the apple slice.

“I used Marlon Brando’s favourite drink in ‘The Godfather’ and gave it a sour twist to make it even more elegant.” – Hélder Alves, Shaker
Fotografia: Mariano Silva

Xonguila

Cinco anos se passaram, Desde que nasceu uma ideia, Um projecto editorial Que hoje é grande realidade.

Cinco anos de dedicação, De esforço e de paixão, Cinco anos de aprendizagem, De crescimento e de inovação.

A revista que nasceu do quase nada Hoje é grande e tem prestígio, Pois soube cativar seus leitores, com qualidade e determinada.

Cinco anos de histórias contadas, De ideias partilhadas e vividas, Cinco anos de transformações, De olhares renovados e descobertas.

Cinco anos, quem diria? Parabéns, Xonguila! Parabéns aos seus criadores, E a todos os colaboradores.

Que a revista continue a ser, Um veículo de cultura e de arte, Um meio de comunicação, Que nos ajuda a crescer e “à parte”.

Cinco anos são só o começo, Há muitas histórias por contar, Que a revista continue a ser, Um espaço de descoberta e de partilhar.

Pintado Gaspar

“TheSheKings” de Thobile Makhoyane

Centro Cultural Franco-Mocambicano

Nesta performance, em que se comemoram as vitórias de mulheres que trabalham em sectores informais normalmente dominados por homens, Thobile juntou artistas de diferentes disciplinas, nomeadamente, Edna Jaime, Jazz P, Katarina Rombe, Lenna Bahule, Rita Couto e Tina Krüger.

Fotografia: Avelino Assumate
Fotografia:Cortesia da UPA

A ABERTURA DO ANO LECTIVO NA ESCOLA PRIMÁRIA COMPLETA DO GUEBO

Na manhã do dia 31 de Janeiro de 2023, teve lugar a abertura do ano lectivo na Escola Primária Completa do Guebo, com participação da associação ambiental UPA, convidada pela DIGESCO (Diário do Gestor Escolar) em parceria com a PUPA (Pais Unidos pelo Ambiente).

A UPA foi desafiada a transmitir as suas principais mensagens a um público-alvo pouco comum: os encarregados de educação que compareceram não só para saber em que turma e sala os seus educandos tinham sido colocados, mas também para assistir à cerimónia. Para tal, a associação contou com a ajuda de dois especialistas em educação ambiental.

A UPA teve o privilégio de pôr em prática os seus principais objectivos, nomeadamente divulgar o amplo conceito de reciclagem e a importância de se dar uma nova vida a algo que consideramos inútil e, acima de tudo, enraizar uma mentalidade mais ecológica na comunidade ao mesmo tempo que dinamiza na escola actividades

para construir relações interpessoais com os encarregados de educação, professores, auxiliares de educação e todos aqueles que estiverem dispostos a aprender.

Foram vários os contributos apresentados e as entidades que proporcionaram momentos inesquecíveis e proveitosos naquela manhã de Janeiro, entre os quais os membros da UPA, os representantes da associação DIGESCO, dois ex-alunos da Universidade Eduardo Mondlane licenciados em educação ambiental, os elementos da nova direcção da Escola Primária Completa do Guebo (o Director e a Vice-Directora) e o chefe da delegação da polícia para fazer um apelo aos pais e encarregados de educação no sentido de estarem atentos ao uso de substâncias ilícitas.

Este belíssimo evento terminou com um plantio de quatro árvores, para assinalar não só o começo sustentável do ano lectivo de 2023 mas também o processo de crescimento, juntamente com as diversas aprendizagens que cada aluno deve ter.

Nas Bordas do Arco-íris

Quando, na província de Inhambane, um projecto social desenhado por uma ONG Francesa para prover água a um distrito que é assolado por uma seca prolongada falha de forma “inexplicável”, Gabrielle Galliard é enviada a Moçambique para averiguar as causas do fracasso. Esta busca impele-a a mergulhar num passado colonial, onde se vê imersa na complexa história de uma família que residiu no distrito onde o projecto foi implementado, e ela é obrigada a exumar um passado aparentemente esquecido. Para encontrar a resposta pretendida, Gabrielle percebe que terá também de questionar acerca da sua própria identidade e acerca das suas (in)certezas sobre a vida.

Nas Bordas do Arco-íris

(“At the Edge of the Rainbow”)

When a social project “inexplicably” fails in Inhambane province, a project designed by a French NGO to provide potable water to a district plagued by a prolonged drought, Gabrielle Galliard is sent to Mozambique to determine what caused the failure. The investigation propels her into a colonial past, where she finds herself immersed in the complex history of a family that resided in the same district where the project was implemented, and she is forced to exhume a seemingly forgotten past. To find the answer she is seeking, Gabrielle realizes that she will also have to question her own identity and her (un)certainties about life.

A actual Teresinha

A história contada neste livro é a continuação do primeiro, “Teresinha, uma vida em Moçambique”. Teresinha é uma linda mulher batalhadora, moça da vila de estatura média, cujos olhos castanhos, emocionados pelo mundo, vão ganhando a cor do mel. Em jeito de resumo, no primeiro livro fala-se de Teresinha como uma mulher de classe social baixa, a mais comum da sociedade moçambicana.

Teresinha é o retrato das muitas mulheres com que cruzamos pelo caminho, a vender tudo o que podem para o sustento da família. Nasce na Beira e, com quatro anos, vai viver para Maputo, onde cresce lutando por sustento, com os pais e irmãos, e conhece José, o vendedor de rua que aprende a pescar e se torna exclusivamente pescador. Teresinha e José namoram e casam-se. Após novas andanças e experiências de vida, Teresinha acaba por se formar em arquitectura e realizar os seus dois objectivos de vida: ter um viveiro de plantas e criar um projecto sociocultural benéfico para a sociedade moçambicana. Teresinha não veio ao mundo para subjugar ninguém.

A actual Teresinha (“Teresinha today”)

Teresinha’s story began in an earlier book, “Teresinha, uma vida em Moçambique”, and this second book is a continuation of the former. Teresinha is a beautiful woman, a village girl of medium height and brown eyes that, moved by the world, gradually take on the colour of honey. In brief, the first book talks about Teresinha as a woman of the lower classes, the most common in Mozambican society.

Teresinha represents many of the women we come across, selling everything they can to support their families. She was born in Beira and, at the age of four, moved to Maputo, where she grew up with her parents and siblings always struggling to make a living, and later meets José, a street vendor who learns how to fish and becomes a full-time fisherman. Teresinha and José go on dates and then marry. After new wanderings and life experiences, Teresinha ends up earning a degree in architecture and realizing her two goals in life: to have a plant nursery, and to create a socio-cultural project beneficial to Mozambican society. Teresinha did not come into this world to oppress others.

143 SAHARA STREET

"143 Sahara Street" é um filme que conta a história de um jovem imigrante subsaariano que chega à cidade de Túnis, capital da Tunísia, à procura de trabalho. É Fane, o personagem principal, através de cujos olhos testemunhamos a rotina e as árduas condições de trabalho num matadouro de camelos. Mas o filme não se limita a uma representação documental da realidade. Muito pelo contrário, remete-nos a uma reflexão sobre a vida, a morte, a migração e a identidade cultural. É um retrato autêntico da vida de trabalhadores rurais que deixam as suas casas em busca de melhor vida nas grandes cidades. As personagens são verdadeiramente cativantes, começando por Fane, que consegue conquistar o público nesta história de luta e determinação.

143 Sahara Street conta com um elenco formado por actores amadores que representam na perfeição a dura realidade da vida, desafiando-nos quanto à forma como vemos o mundo e levando-nos a reflectir sobre questões essenciais. Apesar de ter um roteiro simples, este filme dirigido pelo argelino Hassen Ferhani carrega um peso emocional que consegue comover profundamente. Dispõe de magnífica fotografia, que traduz de maneira espectacular as cores e paisagens do deserto tunisino. No que toca à trilha sonora, é bastante impactante, conseguindo conduzir as emoções do público nessa jornada.

Esta longa-metragem excepcional merece de facto ser vista. Todos aqueles que procuram uma experiência cinematográfica verdadeiramente emocionante não a devem perder.

143 Sahara Street remete-nos a uma reflexão sobre a vida, a morte, a migração e a identidade cultural.

143 SAHARA STREET

143 Sahara Street is a documentary film that tells the story of a young sub-Saharan immigrant who arrives in the city of Tunis, the Tunisian capital, in search of work. He is Fane, the main character, and through his eyes we witness the routine and arduous working conditions of a camel slaughterhouse. But the film does not limit itself to documenting reality. On the contrary, it invites us to reflect on life, death, migration, and cultural identity. It is an authentic portrait of the life of rural workers who leave their homes in search of a better life in the big cities. The characters are truly captivating, beginning with Fane, who manages to win the audience over in this story of struggle and determination.

143 Sahara Street has a cast of amateur actors who perfectly portray the harsh realities of life, challenging us on how we see the world and making us think about essential questions. Directed by the Algerian Hassen Ferhani and despite having a simple script, this film carries an emotional weight that is deeply moving. It has magnificent photography, which spectacularly translates the colours and landscapes of the Tunisian desert. As for the soundtrack, it is quite impactful, carrying the audience’s emotions on this journey.

This exceptional feature film is indeed worth seeing. All those looking for a truly thrilling cinematic experience shouldn’t miss it.

143 Sahara Street has a cast of amateur actors who perfectly portray the harsh realities of life, challenging us on how we see the world and making us think about essential questions.

WHAT WE DO

Real estate brokerage.

Planning and budgeting.

Management of relationships with the investor.

Property assessments.

Management of real estate projects.

Administrative management and support for due diligence.

116 | Revista Xonguila © Ed. 56 • Março - March 2023 Coimbra: Estádio Cidade de Coimbra l Rua D. Manuel I, nº92 Lisboa: Edifício Écran l Rua Sinais de Fogo, nº 6 l Parque das Nações Tel: +351 239 094 370 l Email: geral@euopto.pt

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.