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Conheça o LabHidro, referência na Hidroponia

TECNOLOGIA Produção de erva-sal e camarão marinho em Aquaponia

EVENTO

Tudo sobre o 11º Encontro Brasileiro de Hidroponia, em Florianópolis

novembro/2016

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ESPECIAL


HIDRONOTAS

ALIMENTOS HIDROPÔNICOS CONQUISTAM MERCADO Está cada vez mais fácil encontrar produtos hidropônicos em supermercados, feiras e sacolões. Um dos termômetros do mercado hortícola, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), reflete esse cenário positivo para o setor. Entre os alimentos hidropônicos mais comercializados na Ceagesp, se destacam o agrião e a rúcula. A distribuição de agrião, por exemplo, saltou de 570 toneladas em 2012 para cerca de 900 toneladas do produto em 2015, segundo o levantamento da companhia. Já a rúcula teve um volume de 2,1 mil toneladas comercializadas no ano passado. E, considerando o comportamento atual do consumidor e a regularidade de oferta de alimentos hidropônicos, a tendência é que setor continue a crescer, conforme a engenheira agrônoma Anita de Souza Dias Gutierrez, da Seção de Controle de Qualidade Hortigranjeira da Ceagesp.

LA NIÑA DE FRACA INTENSIDADE Nos próximos meses, os agricultores deverão ouvir falar muito do La Niña, fenômeno marcado pelo resfriamento do Oceano Pacífico, em uma região próxima à América do Sul. O La Niña influencia a circulação de ar e acaba trazendo umidade para a região. Existe a probabilidade de o fenômeno se formar nos próximos meses, mas especialistas acreditam que não será tão forte quanto o El Niño, que terminou em maio deste ano. Regiões que enfrentaram seca podem receber chuvas acima da média. O La Niña pode se desenvolver até fevereiro, mas a Organização Meteorológica Mundial (OMM) acredita que a intensidade será fraca, se comparado com o episódio de 2010-2011.

MERCADO PARA AS MINI-HORTALIÇAS As mini-hortaliças já são encontradas nas gôndolas dos supermercados e empórios de hortifrutis e estão cada vez mais presentes na mesa dos consumidores. Elas têm abocanhando entre 15% e 20% do mercado brasileiro de hortaliças a cada ano, mas ainda há muito espaço para crescer. O tamanho reduzido das mini-hortaliças pode ser resultado de uma semente com genética miniaturizada, que são importadas, ou do processamento do produto. Alguns ajustes no sistema de produção também interferem no tamanho da hortaliça como a colheita antecipada ou o plantio adensado. Embora os minitomates sejam o grande destaque desse nicho de mercado, outros produtos como pequenas abóboras e berinjelas, ou pequenas folhas de alface e rúcula, também despontam devido ao grande potencial para culinária.

DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS Aproximadamente 45% dos vegetais e frutas produzidos no mundo acaba na lixeira ou vai à mesa de pessoas em situação de vulnerabilidade social antes mesmo de serem comercializados, é o que indica o relatório de 2015 da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Somando os demais tipos de alimentos, 1,3 bilhão de toneladas de comida é desperdiçada por ano no planeta. No Brasil, a cada ano, 26,3 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo, sendo a maior perda (45%) de frutas e hortaliças, segundo os dados da FAO. As principais perdas de frutas e hortaliças estão concentradas nos níveis de manuseio e transporte (com 50%) e comercialização (com 30%). Os desperdícios no campo e de consumo somam 20%.

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REDAÇÃO EM PAUTA

Prêmio Brasil Hidroponia 2016 terá novidades Distinção ganhou duas novas categorias: Destaque Ação Social e Viveirista Destaque

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Prêmio Brasil Hidroponia 2016, uma iniciativa da Revista Hidroponia que tem o objetivo de reconhecer o trabalho e homenagear personalidades, lideranças, produtores, pesquisadores e fornecedores da cadeia hidropônica que se destacaram em 2016, terá novidades em sua segunda edição. Foram criadas duas novas categorias especiais: Destaque Ação Social e Viveirista Destaque. “Nós ouvimos a comunidade hidropônica e recebemos como sugestão a inclusão dessas duas novas categorias, que são muito importantes para o segmento”, ressalta o diretor-geral da Revista Hidroponia, Roberto Luís Lange. Nesta segunda edição, serão avaliadas duas modalidades: Técnica e Especial. A modalidade técnica é dividida em nove categorias: produtor destaque; pesquisador; fornecedor de insumos; fornecedor de estruturas; fornecedor de serviços de gestão; fornecedor de tecnologia e inovação; destaque parlamentar; destaque internacional e instituição de ensino. Já na modalidade especial serão escolhidas: hidroponias destaque (nacional e estaduais), destaque ação social e viveirista destaque. A modalidade especial é voltada para valorizar os produtores que desejam ter maior visibilidade para seus cultivos dentro do setor da Hidroponia. Prazos - Na primeira fase do prêmio, os Consultores Hidropônicos Avançados da Revista Hidroponia indicaram os cinco nomes para cada categoria da modalidade técnica. Ao

final das indicações, no dia 30 de setembro, foi feita a contabilização dos cinco nomes mais citados pelos Consultores Hidropônicos Avançados. Na segunda fase, desde o dia 10 de outubro, os cinco indicados de cada categoria técnica ficaram aptos a serem votados pelo público em geral no site oficial do prêmio. Na categoria especial, os produtores hidropônicos interessados em participar podem realizar as suas respectivas inscrições diretamente no site do prêmio desde o dia 10 de outubro, sem a necessidade de indicações. Só podem participar do prêmio aquelas instalações hidropônicas que estiverem devidamente registradas. O cadastro para participação pode ser feito no site oficial (www.premiobrasilhidroponia.com), na aba inscreva-se, por meio do preenchimento do formulário de inscrição. As informações de cada inscrito passarão por uma avaliação preliminar e, se aprovadas, automaticamente estarão concorrendo aos prêmios. A votação ocorre pelo site oficial. A votação está aberta até o dia 31 de dezembro no site oficial do prêmio (www.premiobrasilhidroponia.com). A divulgação dos vencedores ocorrerá no dia 12 de janeiro de 2016 pelo link ao vivo no Facebook da Revista Hidroponia, assim como nas redes sociais integradas – Linkedlin, Rede de Agrônomos, Twitter, Google+ e Instagram. O anúncio será feito às 14h (horário de Brasília). Uma edição especial da Revista Hidroponia será veiculada com o perfil e o trabalho de cada um dos destacados, que ainda receberão um certificado pela distinção. •

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LabHidro, Estrutura é responsável pelo desenvolvimento de muitas tecnologias que alavancaram o cultivo sem solo no país

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referência na

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ma crise de meia idade há 21 anos fez com que o professor doutor Jorge Barcelos começasse a pensar na criação de uma horta hidropônica no Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis (SC). Cheio de inquietações, ele, de repente, se viu em uma encruzilhada, tendo de decidir se ficava esperando a vida passar ou traçava novos objetivos. Felizmente, o gaúcho nascido em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, optou pela segunda alternativa e criou o primeiro laboratório brasileiro focado exclusivamente no sistema de cultivo hidropônico e no cultivo protegido. “A solução foi olhar para trás, reunir toda experiência acumulada entre tropeços e conquistas, olhar em volta para levantar questões pendentes e, então, partir para a definição do caminho a seguir. E assim, a criação do LabHidro foi só uma consequência”, afirma. A experiência acumulada por ser filho de produtor rural e ter passado sete anos em um internato em ginásio agrícola e em escola técnico-agrícola ajudaram. A isso se somaram o conhecimento de engenheiro agrônomo, de professor universitário e dos cursos de doutorado e de mestrado. Jorge Barcelos percebia, pela fisionomia do trabalhador rural, que a agronomia continuava sendo uma área carente e tinha a certeza de não era

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Produção de diferentes tipos de alface nas instalações no LabHidro

mais possível contentar-se apenas com o que lhe ensinaram a fazer. “Qualquer tentativa diferente valeria a pena”, avaliava. Ele definiu então que qualquer meta a ser traçada deveria atender às questões ergonométricas, ambientais e econômicas. Nascia ali o Laboratório de Hidroponia, conhecido internacionalmente como LabHidro, que funciona no bairro Itacorubi, na região central da capital catarinense. Desde então, a estrutura tem sido utilizada tanto para a produção e para ganho de experiência como para pesquisa direta. Mas o começo não foi nada fácil. A falta de equipamentos adequados era um grande problema. E os ataques de pragas e doenças o tiraram o sono várias vezes. Durante cerca de nove anos, ele lutou contra a pior praga de verduras como a alface: o tripes, que ocorre em períodos quentes e de baixa umidade relativa do ar. A praga foi controlada com o uso combinado de cola entomológica e uma prosaica fita adesiva (daquelas usadas em agências bancárias) no pé das bancadas de cultivo. Nesse caso, o velho jeitinho brasileiro se mostrou altamente eficaz. Difusão de tecnologia – Mesmo com dificuldades, ele foi em frente e o sucesso não demorou a chegar. Hoje, avaliando o trabalho à frente do LabHidro diz que o esforço valeu a pena e o fez amadurecer. “A sensação é de que pouco se sabe, mas mesmo assim, olhando para trás, percebe-se que houve bastante amadurecimento neste pe-


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ríodo. A maior virtude que caracteriza o LabHidro é ter se dado a oportunidade de tentar fazer, de errar, de tentar acertar, de tropeçar, sair mais forte a cada tropeço e dividir os conhecimentos adquiridos”, ressalta. As tecnologias geradas durante esse período de aprendizagem acabaram servindo de base para alavancar o cultivo hidropônico em todo o país. Hoje, não há um produtor hidropônico sequer que não utilize pelo menos uma técnica que tenha sido desenvolvida no LabHidro. “Mesmo que o agricultor não saiba, muitos produtos disponíveis hoje no mercado têm alguma influência ou inspiração do LabHidro”, salienta. “Ao visitarem o laboratório, as pessoas se deparam com a materialização das teorias que apresentamos no próprio Encontro Brasileiro de Hidroponia”, acrescenta. Um exemplo é a inclinação das bancadas. Antes, a recomendação era uma inclinação de 2,5% a 3%, mas hoje a inclinação mínima é de 4%. “Também contribuímos para a criação dos perfis aluminados, mais brancos, para evitar a formação de algas”, frisa Barcelos. Uma de suas maiores contribuições, no entanto, foi a criação do sistema de bancadas individuais voltado para o cultivo comercial. A tecnologia, que foi criada na UFSC em 2005, depois de três anos em produção, é considerada por alguns pesquisadores como uma evolução do sistema NFT. “As bancadas individuais foram, sem dúvida, a maior contribuição do LabHidro e ajudaram no combate ao Pythium, o mais poderoso dos fungos já verificados na Hidroponia”, sublinha. A diferença entre o NFT convencional e em bancadas individuais é que, no primeiro, todas as bancadas ou um número grande delas é atendido por um reservatório. Como todas as bancadas são interligadas, plantas em diferentes estágios são atendidas pela mesma solução nutritiva, o que torna baixa a oxigenação na solução nutritiva, devido ao tamanho do sistema, e principalmente em altas temperaturas. Isso também provoca um desequilíbrio nutricional nas plantas, pois as necessidades dos vegetais é diferente, conforme o estágio de desenvolvimento.

Maternidade do LabHidro

Produção de morango em potes de sorteve

Já no sistema de bancadas individuais, as plantas estão no mesmo tempo de desenvolvimento, com necessidades nutricionais iguais, o que torna a solução mais equilibrada. Outro ponto é que, nos sistemas interligados, caso haja contaminação de uma bancada, todas elas ficam contaminadas e o problema se espalha por toda a estufa. “Em bancadas individuais, caso uma bancada seja contaminada, essa contaminação fica restrita”, destaca Barcelos. Linha gourmet – Atualmente, o LabHidro possui duas estufas, onde o especialista e os alunos cultivam folhosas como alface e rúcula e frutas como tomate e morango, além de um experimento com Aquaponia usando tilápias. O cultivo do morangueiro pelo sistema NFT tem se mostrado um desafio. “Estamos trabalhando com morango desde 1999, mas a produção tem ficado bem abaixo do esperado e não apresenta uma uniformidade. O morango gosta de ficar num substrato totalmente umedecido”, salienta o pesquisador. Do lado de fora das estufas do LabHidro o visitante encontra várias espécies de árvores frutíferas conduzidas no sistema hidropônico, como banana, limão, pitanga e jabuticaba. Mas o especialista quer ir além e diz que o objetivo maior do LabHidro sempre foi reunir e gerar conhecimentos visando apontar para uma agricultura mais atraente e menos agressiva. Para permanecer neste caminho, a proposta é seguir acumulando e trocando experiências práticas. Outra meta é continuar reunindo e gerando conhecimentos, repassando e trazendo novidades. “Atualmente estamos trabalhando com verduras crocantes, fazendo pesquisas com a linha gourmet”, adianta.

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Até então, isto foi conseguido à custa de muito trabalho prático, onde se priorizou o ato de cultivar hidroponicamente, simulando um caso real de produtor. Agora, sem abdicar do cultivo hidropônico, pretende-se investir mais energia na pesquisa, trabalhando justamente os temas que foram levantados durante esse período inicial. Portanto, a próxima meta será priorizar a investigação científica (pesquisa), para que os resultados obtidos sejam repassados à comunidade externa (extensão) e interna (ensino) com cunho mais científico. Curso de Hidroponia – A ideia de repassar o conhecimento acumulado foi posta em prática já no final de 2001, com a criação do curso básico de Hidroponia da UFSC. “A tentação pela oferta de cursos dirigidos à comunidade começou a aparecer desde os primeiros meses de trabalho”, lembra. Por isso, foi necessário definir que os cursos seriam oferecidos somente após alguns anos de experiência prática, vivida diariamente. “A principal razão disto era primar pela qualidade do curso. O mais difícil foi definir a carga horária total mais adequada e quantas horas seriam destinadas para as aulas práticas”, recorda. A opção por cursos de dois dias de duração, sendo um dia só de aula prática, foi resultado de troca de ideias com a pessoa que primeiro praticou Hidroponia no Brasil: Raul Vergueiro Martins. A cada ano, são promovidos três cursos – em março, julho e novembro. Até o momento, já foram realizados 51 treinamentos e capacitadas aproximadamente 2 mil pessoas. O perfil dos alunos é bastante diversificado, com diferentes interesses, idade variada e de diversos locais. Participam da atividade desde engenheiro civil, elétrico, mecânico, de alimentos e mecânico industrial, técnico agrícola, gestor ambiental, biólogo e produtores hidropônicos novatos e experientes até advogados, aposentados, donas de casa, avicultores, jovens estudantes de matemática, física, química, agronomia e administração.

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Cultivo de pimenta e banana hidropônicos chama a atenção dos visitantes

Nos últimos cursos, porém, o perfil dos participantes vem mudando. “Temos notado uma maior participação de técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos que querem conhecer a o sistema de cultivo sem solo, além de proprietários e empregados das revendas que atuam no segmento hidropônico, em busca de maior conhecimento sobre a técnica”, diz. Desde o início, pela qualidade diferenciada, o curso de Hidroponia coordenado por Barcelos também atraiu o interesse de estrangeiros. “Já tivemos alunos da Argentina, Uruguai, França, Portugal”, salienta o coordenador do LabHidro. O especialista coordena o Encontro Brasileiro de Hidroponia, considerado o maior evento do setor na América Latina. Neste ano, o Encontro, realizado em Florianópolis, reuniu 382 pessoas, do Brasil e de países como Argentina, Colômbia, Estados Unidos, México, Paraguai e Uruguai. O evento, desde o início, foi um divisor de águas e alavancou o crescimento do cultivo sem solo no país, segundo Barcelos. “O encontro serviu para que as empresas que atuam no setor conhecessem o produtor e lançassem equipamentos para atender à demanda dos agricultores, além de ser uma oportunidade ímpar para a troca de experiências entre produtores, técnicos e pesquisadores”, ressalta o professor. •

Jorge Barcelos criou o LabHidro há 21 anos

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