Revista Taxi - Edição 24

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Raquel Garcia Del Antonio Nascida na cidade de São Paulo, filha de pai e mãe taxista, foi uma das fundadoras do ponto da 25 de março. Como foi seu começo no táxi? Eu não tinha ponto, batia lata e juntava as pratas, fui com a cara e a coragem. No primeiro mês batalhei e já consegui um ponto, fui rejeitada nesse ponto, fiquei meio chateada, claro, quem não fica. Então não quis mais ficar naquela região e desci pra 25 de março. Ali me apaixonei no meio daquele povo, aquela loucura, aquele trânsito, pensei é aqui que eu tenho que ficar! E estou lá há 10 anos.

Como é dirigir grávida? Dirigia grávida, com barrigão, e ela nasceu apressada de sete meses! Estava com uma passageira, num domingo; lembro como se fosse hoje, e falei pra ela: ‘não sei o que aconteceu e tal. Aí ela viu que minha bolsa tinha estourado: ‘Pelo amor de Deus, vamos para o hospital!’. Eu falava que ela não precisava se preocupar e ela insistia em me levar para o hospital. Eu só sei que ela pegou outro táxi e eu aguardei um colega taxista que estava ali na região, ele mesmo foi comigo no hospital e eu fiquei lá. Ele falou para o médico assim “Dr. não fala pra ela que tem passageiro aqui querendo ir para o aeroporto, se não ela não vai querer ter neném, vai querer ir para o aeroporto”.

Sônia Aparecida de Borba Paulistana, uma das primeiras mulheres a dirigir táxi na cidade, há 27 anos atua na praça. Você acha que existe alguma preferência para a mulher no trânsito? Eu acho que não, hoje em dia somos todas iguais. Tem mulher que eu tiro o chapéu pra ela realmente, como tem homem também, mas hoje em dia existe uma disputa muito grande no trânsito: nós no taxi pra dar atendimento ao cliente, o motorista do lado que ta indo para o trabalho ou levar o filho no médico, ou uma reunião, então a disputa é

grande, não tem privilégios. É possível administrar o trabalho com família? A gente tem que se virar nos 30, como diz o Faustão. Até porque 30 é pouco tem que ter muito mais, mas a gente dá conta, aliás, a gente dá muito bem. É muito gostoso você chegar com seu dinheirinho contente e cuidar dos filhos, apesar de que meu filho caçula vai fazer 30 anos e a minha filha 31, mas pra gente que é mãe eles nunca crescem. E eu sou pai e mãe, então pra eles eu sou tudo.

Francisco Antunes

Elaine de Jesus

O que mudou na sua vida com o trabalho no táxi

mais e se tornaram mais independentes, achei bem melhor.

Acabei dando mais independência para os meus filhos que eram muito dependentes de mim. Mas fui eu mesma quem criou essa dependência, para ir na esquina eu levava. Ia pra escola e eu levava e buscava. E agora de repente larguei, eles vão sozinhos, pegam ônibus. O meu companheiro também é taxista, ele entende, mas acha que eu devo fazer uma carga horária menor. Mas mas não adianta, às vezes a gente tem que pegar o filho na faculdade então um colabora com o outro. Mas, mas pra mim, foi melhor pela relação com os meus filhos, hoje eles me ajudam muito

Ainda tem gente que se espanta com mulher no táxi?

Bella Paulista

Tudo o que uma padaria pode oferecer de bom A um quarteirão da Avenida Paulista, a padaria Bella Paulista segue o exemplo de sua vizinha e não para: trabalha 24 horas, sete dias por semana, para atender com qualidade extraordinária os quase 5 mil clientes que recebe todos os dias. Decorada com toques nova-iorquinos e parisienses, a padaria deixa claro logo à primeira vista que qualidade e excelência são prioridades, impressão que se confirma nos produtos oferecidos.

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tÁxi! EDIÇÃO 24

Todo santo dia, pelo menos duas vezes eu escuto. Às vezes eu pego o mesmo passageiro e ele esqueceu que já falou e fala de novo: ‘ah taxista mulher, eu nunca peguei uma mulher, nossa tão difícil ver uma taxista mulher’. E aí começa a perguntar o que me levou a trabalhar no taxi, aí tem que contar a mesma história mais uma vez. Agora saindo numa revista, quem sabe parem de perguntar.


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