Projeto Arquitetônico Edifício em Altura: Habitação de Interesse Social para Erechim-RS

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O esquema ao lado exemplifica os primeiros estudos acerca da modulação integrada a propostas conceituais, sobretudo no que diz respeito a questões de conforto solucionadas naturalmente

O CONCEITO, O ENTORNO E A VIZINHANÇA A proposta conceitual para a habitação de interesse social fundamentou-se nas subtrações, alternância e transformação a fim de criar um ritmo alternado que pudesse assegurar plenas condições de conforto para a edificação em sua integridade, além de explorar e marcar as percepções espaciais do pedestre e também dos usuários da habitação (do entorno para a edificação, da edificação para o entorno). O formato se deu por subtrações do volume total, não apenas para melhorar as questões de conforto, mas também para reduzir o impacto visual de uma edificação de 8 pavimentos. Além de fazer com que a forma se transforme a medida em que se aproxima dos espaços públicos do entorno. INTENCIONALIDADES TEÓRICO

E

REFERENCIAL

A proposta conceitual surgira sobretudo das condicionantes identificadas no local, tais como a favorável orientação e ventilação do lote, o entorno marcado com espaços públicos, e os eixos visuais com áreas verdes. Neste sentido a principal intencionalidade fora a de se trabalhar forma e função, a fim de cumprir a função social do projeto, fazendo com que a edificação em si promova conforto e integre-se ao meio. Para auxiliar a proposição conceitual os principais autores que orientaram esta etapa foram H. Hertzberger, sobretudo no que diz respeito a informação arquitetônica e entendimento e respeito às relações sociais integradas a proposta arquitetônica; Francis D. K. Ching, no que diz respeito as potencialidades na criação de ambiências de acordo com a forma, sobretudo utilizando-se dos conceitos de transformação e ritmo e C. Alexander que auxiliou sobretudo nos aspectos de percepção da paisagem potencializado pela forma, tanto no sentido de emoldurações focais, tanto no sentido de hierarquia de eixos

Um dos principais marcos formais é a transformação estabelecida entre o público e o privado, ou seja, a transformação da forma ocorre a medida em que o privado vai se aproximando do público como forma de transição formal, de maneira a marcar os eixos visuais voltados para os espaços públicos e verdes (espaço das subtrações). Não apenas como informação arquitetônica, mas sobretudo como solução de conforto e relações com o entorno.

RELAÇÕES CONFORTO

COM

ENTORNO

E

A subtração fora um recurso formal compatível com as condicionantes do entorno e possibilitou uma alternância entre tipologias de plantas da Edificação proposta. Além do mais este recurso fora pensado desde o início com a compatibilização estrutural modular.

SOCIAL

DA

Levando em consideração o contexto brasileiro, sabe-se que centenas de pessoas não possuem moradia, e a maioria destas encontram-se em situação de pobreza, uma vez que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país é um dos mais desiguais do mundo (Seu índice de Gini, é de 0,525 numa escala de 0 a 1. Quanto mais elevado o valor, maiores são as disparidades de renda). A concentração fundiária e de renda são grandes agravantes históricos que se perpetuaram e caracterizam diversas formas de segregação até os dias atuais. Diante deste fenômeno a habitação de interesse social é um recurso capaz de minimizar desigualdades e aumentar as chances de algumas camadas socioeconômicas, sobretudo

Edifício Clara Nunes

as mais vulneráveis, acessarem uma moradia. Diante dos diversos aspectos que envolvem a economia urbana, sabe-se que o valor do solo e a valorização de determinadas áreas, a especulação imobiliária, os processos de gentrificação atrelados a determinações legais específicas podem contribuir para impossibilitar o acesso pleno e efetivo a cidade. Diante destes fatores a proposta para esta

PRIVADO

habitação procurou integrá-la aos demais espaços da cidade, sobretudo a espaços públicos e áreas verdes do entorno, uma vez que áreas cercadas por tais espaços

TRANSFORMAÇÃO

visuais. Estes três autores foram essenciais para as proposições aqui apresentadas e axiliaram no principal elemento norteador deste projeto:

A FUNÇÃO MORADIA

A VIZINHANÇA E A COLETIVIDADE NO EDIFÍCIO CLARA NUNES

APP

costumam ser mais valorizadas e custosas. A localização da Habitação de Interesse Social possui os seguintes recursos em seu entorno: ●

Integração entre a função social do espaço potencializado pela forma, conforto e aspectos de assimilação regional e cultural.

● ● ●

ALTERNÂNCIA

SUBTRAÇÃO

DIRETRIZES PROJETUAIS Atrelado ao conceito, as diretrizes projetuais estabeleceram-se em 4 grandes subconceitos, sendo eles:

PROGRAMA Áreas Íntimas: ● ● ●

REGIONALIDADE Dentro desta categoria identificou-se a importância de trazer para a habitação de interesse social elementos culturais regionais, sobretudo para criar-se ambiências familiares em toda a edificação. Optou-se por trabalhar este elementos com hortas, churrasqueiras e alguns materiais recorrentes na região, sem com isso tornar a edificação custosa;

Áreas Coletivas: ● ● ● ● ● ● ●

CONFORTO E SUSTENTABILIDADE O principal norteador desta categoria foi integrar forma e função a fim de assegurar, naturalmente, plenas condições de conforto para todos os apartamentos. Além do mais, assegurar ao menos uma medida de reaproveitamento e evitar desperdícios e geração de resíduos desde a construção também fazem parte desta diretriz.

INTEGRAÇÃO SOCIOESPACIAL Estabelecer uma transição entre público e privado, a fim de promover uma integração da habitação de interesse social com o entorno próximo, não isolando-a e sem com isso interferir na privacidade de moradores. Além do mais locá-la numa região próxima de espaços públicos, transporte público e espaços verdes também fora um recurso para assegurar tal.

COLETIVIDADE Promover espaços de uso comum integrado a edificação, ou seja, criar um espaço comum em todos os andares que funcione para atividades diversas, desde espaços para estudos, reuniões, até para confraternizações. Espaços que possam ser mutáveis, de acordo com a necessidade e desejo dos moradores

Apartamentos de 2 e 3 dormitórios; Apartamentos PNE; Apartamentos para Refugiados;

Salão de Festas; Horta Comunitária; Área de Churrasqueiras; Espaço de leitura; Espaço Comercial Autogestionado; DML; Garagem coberta;

PÚBLICO

Transporte Público Parque Linear APP Praça

Além do mais o lote encontra-se em situação de esquina e suas testadas principais são Nordeste e Noroeste

Neste croqui feito pelos autores, é possível notar a situação de esquina em que se encontra a habitação de interesse social (entre as ruas Chico Mendes e Clara Nunes), o eixo visual principal da edificação (Parque Linear e APP), Uma via principal pela qual o transporte público circula e possui ponto de ônibus nas proximidades, além de estar próximo a uma praça (Uma subcentralidade do conceito de loteamento) e jardins de chuva.

A VIZINHANÇA NO EDIFÍCIO, O PERTENCIMENTO, A REGIONALIDADE E A COLETIVIDADE O princípio conceitual de se trabalhar com áreas abertas ao longo a edificação não diz respeito a uma diretriz isolada da função social proposta, ou seja, o objetivo deste recurso formal fora o de trazer aspectos regionais presente em casas da região. A criação de halls comunitários com espaços de horta e áreas de churrasqueira, por exemplo, foram elementos que têm potencial de criar um aspecto de pertencimento e também contato com a vizinhança do edifício (se isso for do interesse dos moradores, o espaço permitirá tal). A HORTA, UM ESPAÇO ABERTO E INTEGRADOR No croqui ao lado feito pelos autores, está evidenciado a área de hortas do edifício. Ela funciona da seguinte maneira: É composta por duas grades (uma que possibilite a circulação dos moradores do andar acima, e uma para o cultivo de plantas que crescem em parreiras ou vasos suspensos). Além de possibilitar o cultivos de plantas comuns da na região, as grades permitem a entrada de luz solar e passagem da chuva. Este elemento fica ao lado da área de churrasqueiras e configura uma ambiência semelhante e familiar a tipologias de moradia da região. Além de trazer espaços verdes para a verticalidade da edificação, este espaço comum ocorre em todos os andares e configura uma espécie de "quintal" em cada andar . Os elementos coletivos da edificação não encontram-se num determinado espaço/sala isolado, mas funcionam como espaços de transição entre íntimo e privado ao longo dos pavimentos.

Área de Churrasqueira no Hall Comunitário

Grelha metálica Passagem da Chuva através das grelhas (área aberta)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO Disciplina: PROJETO URBANO E ARQUITETÔNICO ENTREGA FINAL – CONCEITO, ENTORNO E VIZINHANÇA. DOCENTES: Camila Laurett; Daiane Valentin; Gláucia Andrade DISCENTES: ESC:. Sem Escala Data: 05/07/2017

JULIANA R. FRANÇA E WESLEY C. KLUMB

Prancha: 1/11


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