DENGUE E O AEDES AEGYPTI_ ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E A INTEGRAÇÃO DA TECNOLOGIA WOLBACHIA NO ENFRENT

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FACULDADE UNINASSAU PETROLINA CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM

CÍCERA FABIANA DA SILVA

WEIDYA DAYANE CARVALHO SILVA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

DENGUE E O AEDES AEGYPTI: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E A

INTEGRAÇÃO DA TECNOLOGIA WOLBACHIA NO ENFRENTAMENTO AO VETOR

CÍCERA FABIANA DA SILVA

DENGUE E O AEDES AEGYPTI: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E A

INTEGRAÇÃO DA TECNOLOGIA WOLBACHIA NO ENFRENTAMENTO AO VETOR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade UNINASSAU

Petrolina, ao Curso de Bacharelado em Enfermagem como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Orientador(a): Ana Paula

Andrade Ramos Feitosa.

Co-Orientador: M.Sc.Victor

Hugo da Silva Martins

Dedicamos esse trabalho primeiramente a Deus que esteve ao nosso lado durante todo o processo, aos nossos familiares e amigos pelo apoio e incentivo, e a todos que contribuíram direto ou indiretamente para a construção desse estudo.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que nos permitiu diante de todas as dificuldades e obstáculos que entramos pelo caminho, chegarmos a reta final, a nossa família que esteve ao nosso lado nos apoiando, incentivando direta ou indiretamente em cada etapa deste longo processo, aos nossos professores por nos proporcionar o conhecimento não apenas racional, mas a manifestação do caráter e afetividade da educação no processo de formação profissional, por cada ensinamento nos oferecido durante todos esses anos de muita dedicação e troca de conhecimentos. A nossa orientadora Ana Paula Andrade Ramos Feitosa, nosso agradecimento especial por toda paciência e dedicação para conclusão desse trabalho, professor Victor Martins, obrigada por todas as críticas construtivas que fizeram com que melhorassem de forma positiva a construção do mesmo.

Ademais gratidão a Deus por nos dar força para percorrer esse caminho, não foi fácil, a vontade de desistir veio por diversas vezes, mas cremos nos planos do senhor em nossas vidas, então ele não plantaria um sonho em nossos corações se ele não fosse nos dar força para realizar. Aos nossos familiares essa conquista é nossa.

“Josué1:9Nãofuieuqueordeneiavocê?Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois, o senhor, o seu Deus, estará comvocêporondeandar”.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Periódicos utilizados na pesquisa ……………………….. 20

Tabela 2 - Notificação de incidência de casos prováveis de dengue em Petrolina-PE………………………………….. 21

Tabela 3 - Notificação de incidência de casos prováveis de dengue em Belo Horizonte-MG …………………...…….. 22

Tabela 4 - Notificação de incidência de casos prováveis de dengue em Niterói-RJ ……………………………………. 23

Tabela 5 - Notificação de incidência de casos prováveis de dengue em Campo Grande-MS………………………… 24

Tabela 6 - Notificação De Hospitalização em Petrolina-PE……… 25

Tabela 7 - Notificação De Hospitalização em Belo Horizonte-MG 25

Tabela 8 - Notificação De Hospitalização em Niteroi-RJ………… 26

Tabela 9 - Notificação De Hospitalização em Campo Grande-MS 27

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................

2 METODOLOGIA............................................................................................................................

2.1. Delineamento da Pesquisa e procedimentos de busca......................................................

2.2. Elegibilidade dos artigos........................................................................................................

3 RESULTADOS..............................................................................................................................

3.1. Análise gráfica de indicadores: Coeficientes de incidência de casos prováveis e proporção de casos graves de dengue........................................................

3.2. Análise de notificação de incidência de casos prováveis de dengue.............................................................................................................................................

3.3. Análise de notificação hospitalar incidência de casos da dengue. ..........................................................................................................................................................

4 DISCUSSÕES...............................................................................................................................

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................

REFERÊNCIAS................................................................................................................................

Introdução: Devido a constantes alterações climáticas e ambientais, além de ocupação desordenada de áreas urbanas, as arboviroses como dengue,

chikungunya e Zika vêm se consolidando como um importante problema de saúde pública mundial. Em razão destes e demais determinantes, novas tecnologias com potencial aplicação para o controle de vetores surgem constantemente. Uma destas tecnologias consiste na introdução da bactéria Wolbachia, atualmente está ganhando grande destaque em projetos de saúde pública e pesquisas, devido a sua habilidade de bloquear e proteger espécies de artrópodes de infecções virais, e pela sua capacidade de diminuir o tempo de vida de mosquitos transmissores da Dengue. Objetivo: Desenvolver pesquisa documental, obtendo visão global sobre os aspectos que norteiam a tecnologia do desenvolvimento da Wolbachia em cidades brasileiras.

Metodologia: Foi realizada uma pesquisa documental, utilizando as bases de dados PubMed, MEDLINE, LILACS e Periódicos CAPES e Google Scholar, no período de 2014 a 2024. Utilizando os descritores “Wolbachia” e “Aedes” empregando o operador booleano “AND”. Coclusão: O estudo evidencia que a integração da tecnologia Wolbachia no combate ao vetor Aedes aegypti tem alcançado significativos avanços na prevenção de arboviroses. A ampliação do método Wolbachia, integrada a políticas de controle vetorial e planejamento estratégico, tem o potencial de transformar o cenário epidemiológico no Brasil. Para tanto, são necessários investimentos em pesquisa, monitoramento e engajamento social, garantindo a eficácia e sustentabilidade das ações de combate às arboviroses.

Palavras-Chave: Wolbachia, Aedes aegypti, Arboviroses, Controle de vetores e Saúde pública

ABSTRACT

Introduction: Due to constant climate and environmental changes, as well as the unplanned occupation of urban areas, arboviruses such as dengue, chikungunya, and Zika have become a significant global public health issue. As

a result of these and other determinants, new technologies with potential applications for vector control are constantly emerging. One such technology involves the introduction of the Wolbachia bacterium, which is currently gaining significant prominence in public health projects and research due to its ability to block and protect arthropod species from viral infections and its capacity to reduce the lifespan of mosquitoes that transmit dengue. Objective: To conduct documentary research in order to gain a comprehensive overview of the aspects guiding the development of Wolbachia technology in Brazilian cities. Methodology: A documentary research was conducted using the PubMed, MEDLINE, LILACS, CAPES Journals, and Google Scholar databases, covering the period from 2014 to 2024. The descriptors “Wolbachia” and “Aedes” were used, employing the Boolean operator “AND.” Conclusion: The study shows that the integration of Wolbachia technology in combating the Aedes aegypti vector has made significant progress in the prevention of arboviruses. The expansion of the Wolbachia method, integrated with vector control policies and strategic planning, has the potential to transform the epidemiological landscape in Brazil. To achieve this, investments in research, monitoring, and social engagement are necessary to ensure the effectiveness and sustainability of arbovirus control efforts.

Keywords:Wolbachia, Aedes aegypti, Arboviruses, Vector control, Public health

1 INTRODUÇÃO

A Dengue é uma doença viral, sistêmica, infecciosa de febril aguda, do tipo arbovirose, transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedesaegypti, que pode, dinamicamente, apresentar-se sob um amplo espectro clínico, partindo desde infecções assintomáticas a manifestações graves, podendo, inclusive, serem seguidas de óbito. Demonstra-se em quatro distintos sorotipos, denominados, corriqueiramente: DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-

4 e DENV-5. Adquirido um deles, o indivíduo desenvolverá respectiva imunidade, bem como parcial ou temporária defesa contra os demais tipos; contudo, na hipótese de contágio subsequente por um tipo diferente, majorarse-á o risco de complicações graves no paciente. (BRASIL, 2023)

A doença, conforme disposição do Ministério da Saúde (2016), suportou uma nova reclassificação, destacando-se a Dengue com sinais de alarme e Dengue grave. Importa dizer que todos estão vulneráveis à contaminação e, ressalta-se que, entre os mais idosos, a possibilidade do desenvolvimento de outras complicações e risco de morte, a partir da contração da Dengue grave, é acrescida. Não obstante, os mesmos riscos aumentam quando a pessoa tem alguma doença crônica – como diabetes e hipertensão; ainda que em devido tratamento. (BRASIL, 2016).

A intervenção pode ser realizada mediante utilização de antitérmicos e analgésicos. Atualmente, existe uma vacina tetravalente como medida de controle antiviral, ministrada em três doses com intervalos a cada seis meses. Indeclinável dizer, no entanto, que a prevenção mediante a destruição de possíveis criadouros do vetor é a principal forma de se combater a transmissão. Destaca-se ainda a relevância da manutenção das condições sanitárias do domicílio (evitar o acúmulo de água parada, manter secos os pratos dos vasos de plantas e acondicionar o lixo de maneira apropriada, por exemplo) (CATÃO, 2012).

Entre 2015 e 2016, observou-se, em Pernambuco, uma epidemia de Dengue. Nos dois anos subsequentes, louvavelmente, o número de notificações foi drasticamente atenuado, voltando, contudo, a mostrar-se proeminente em 2019. Foi a partir dessa visualização que a Secretaria Estadual de Pernambuco (SES-PE) suscitou o Plano de Enfrentamento às Arboviroses 2020 (SES, 2020), com investimento aproximado de R$ 9 milhões direcionados, dentre outras finalidades, à compra de material de campo, insumos e equipamentos de proteção individual (EPI’s) para técnicos estaduais e municipais; educação permanente e confecção de material educativo; pacote de dados para os smartphones (equipamentos entregues a agentes de endemias com aplicativos específicos que auxiliam no combate a arbovirose como a Dengue) e para infraestrutura. Além disso, atualmente, acende-se uma

nova estratégia integrante de combate ao vetor como forma de potencializar os artifícios usualmente já utilizados, o método Wolbachia (WB) (Penido, 2019).

As medidas de controle são constantes e tratadas com primazia pelo Governo Federal. Todas as ações são gerenciadas e monitoradas pela Sala Nacional de Coordenação e Controle para enfrentamento do Aedes, que atua em conjunto com outros órgãos (Brasil, 2005). Atualmente a WB está em grande destaque devido a algumas linhagens serem consideradas um método de controle de doenças e pragas agrícolas, causando assim, impactos financeiros e econômicos (Ahmed et al., 2015). Em relação a métodos de controle de doenças, sabe-se que a WB infecta espécies de nematódeos e são essenciais para sua sobrevivência, portanto o tratamento de pessoas parasitadas por nematoides recebe uma outra metodologia, atacando e alvejando a WB com o uso de antibióticos, ao passo que o uso de antiparasitários, podem causar uma grande toxicidade para o indivíduo (Johnston etal., 2017).

Tal pesquisa se mostrou limitada pela escarces de conteúdo até o presente momento sobre o assunto. O que se fez necessária a pesquisa documental para levantamento de dados.

2 METODOLOGIA

2.1. Delineamento da Pesquisa e procedimentos de busca.

O presente trabalho consiste em uma pesquisa documental, de caráter explorativo e explicativo. Tendo como base para informações teóricas, plataformas como: scielo, google acadêmico, núcleo do conhecimento ANAIS DA AABC (A Academia Brasileira de Ciências), Revista Acadêmica (online), Pubmed, Medline, Lilacs, Periódicos Capes E Google Scholar.

Para os dados numéricos foi usada a plataforma DataSus. Acessada a aba Tabnet, tópico “Epidemiológicas e Morbidade” em seguida, “Doenças e Agravos de Notificação- 2007 em diante (SINAN). Escolhida a opção “Dengue de 2014 em diante” e usado a organização de apresentação da tabela em linha: Município de notificação e coluna: Ano de notificação, selecionando os respectivos municípios e anos a serem observados

2.2. Elegibilidade dos artigos.

Os artigos considerados elegíveis tiveram a finalidade de responder às hipóteses levantadas nesta revisão sistemática. Os dados coletados e considerados válidos para pesquisa constituíram em artigos e documentos publicados desde o ano de 2010 até o ano atual, 2024, publicados por autores como: Penido (2018), Locateli (2024), Catão (2012), Johnston (2017) , Ahmed (2015), Melo (2023) entre outras pesquisas e autores que possuam contribuições a temática projetada, sendo eles de âmbito referencial nacional e internacional. Foi levado em consideração artigos, matérias jornalísticas e afins de um período de até 10 anos, para que o acompanhamento dos resultados fossem atuais e mais precisos, visto que por se tratar de um tema recente, exige que o seu estudo também acompanhe o progresso e suas tendências.

2.3. Critérios de inclusão e exclusão

Para seleção do material foram respeitados os critérios de inclusão, no qual utilizou-se artigos científicos publicados em periódicos com resumo e texto completo, disponível em língua vernácula, do ano de 2010 a 2024. Foram excluídas dissertações e teses, artigos publicados sem validação por quaisquer academia de reconhecimento ao trabalho científico, duplicados, com recorte de tempo anterior a 2010 e que não pertencessem diretamente à temática abordada.

3 RESULTADOS

A contribuição da tecnologia Wolbachia na redução da transmissão da dengue e apresentar dados que embasam políticas públicas mais eficazes e sustentáveis no controle do Aedes aegypti.

Tabela 1 - Periódicos utilizados na pesquisa

ARTIGO

Brasil se aproxima de 1.400 mortes por dengue em 2024

AUTORIA (ANO)

PRINCIPAIS RESULTADOS

Locateli, 2024. “Entre homens e mulheres, a porcentagem de pessoas possivelmente infectadas está em 44,7% e 55,3%, respectivamente. A faixa etária com mais casos prováveis do vírus é a de 20 a 29 anos, sendo as mulheres as mais atingidas pela arbovirose, com 335.576 registros.”

CONTROLE DA DENGUE:

Em entrevista, secretário adjunto de Vigilância em Saúde cita expansão do método Wolbachia no Brasil

Brasil, 2024. “A tecnologia Wolbachia integra um conjunto de medidas adotadas pelo governo para enfrentar o crescimento dos casos de dengue. Em 2024, o Brasil registrou mais de 6,6 milhões de casos prováveis de dengue, consolidando uma alta histórica. Além da introdução dos mosquitos com Wolbachia, o Ministério da Saúde está investindo na intensificação das atividades dos agentes de controle de endemias e na organização da rede assistencial com antecedência para reduzir a mortalidade causada pela dengue.”

Tecnologia “blindará” mosquito contra dengue em teste de cidades com até 1,5 milhão de habitantes

Penido, 2018. “A metodologia é inovadora, autossustentável e complementar às demais ações de prevenção ao mosquito. Consiste na liberação do Aedes com o microrganismo Wolbachia na natureza, reduzindo sua capacidade de transmissão de doenças. [...] Ao fazer o lançamento, em Campo Grande, o ministro da Saúde reforçou que a estratégia de combate ao

A liberação de mosquitos “do bem” na agenda brasileira para o controle do Aedes aegypti: restrições metodológicas e éticas

mosquito Aedes continua sendo responsabilidade de todos. “Essa é uma estratégia complementar. Governo e população precisam continuar fazendo sua parte. No âmbito da pesquisa, hoje estamos dando um importante passo.”

Ferreira et al 2014. “A técnica de liberar mosquitos modificados para cruzar com indivíduos selvagens é singular porque se diferencia de todas as outras técnicas tradicionalmente usadas e, pelo menos num primeiro momento, é conflitante com as técnicas supressoras populacionais de imediato. Não faz sentido liberar mosquitos simultaneamente com a utilização de inseticidas, armadilhas, predadores e eliminação de criadouros. Esse conflito contraria os princípios da integralidade e sinergismo do CIV, inviabilizandoo.”

Melo, 2023.

Financiamento de pesquisas sobre dengue no Brasil, 2004-2020

Dentre as cinco instituições que mais receberam recursos financeiros durante o período de 2004 a 2020 para desenvolver as pesquisas, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) destacou-se por concentrar mais de 60% dos recursos (R$ 100,59 milhões), com 51 pesquisas, distribuídas entre 8 UF com representação da instituição (17 pesquisas no Rio de Janeiro, 13 em Pernambuco, 7 em Minas Gerais, 5 no Amazonas, 4 na Bahia, 3 em Rondônia, 1 no Ceará e 1 em Mato Grosso do Sul) (gráfico 2). A Fiocruz Minas (instituição responsável pela execução das pesquisas sobre o Wolbachia) recebeu 80,61% (R$ 81,09 milhões) do financiamento total destinado para todas as representações da instituição, o que corresponde à 49,43% dos recursos totais investidos em

Você sabe o que é o Método Wolbachia?

pesquisas de dengue.

Brasil, 2024. A cidade de Niterói (RJ) recebeu o Método Wolbachia e o resultado foi a redução de 69,4% dos casos de dengue, 56,3% dos casos de chikungunya e 37% dos casos de Zika na cidade. Outras localidades do país também estão se valendo do método, como Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS), Petrolina (PE), Joinville (SC), Foz do Iguaçu (PR) e Londrina (PR).

3.1. Análise gráfica de indicadores: Coeficientes de incidência de casos prováveis e proporção de casos graves de dengue.

Figura 1- indicador de eficiência de incidência e casos graves de casos de dengue por cada 100 mil habitantes, escala atingida por idade.

Fonte: SINAN. (2024)

3.2. Análise de notificação de incidência de casos prováveis de dengue.

Tabela 2- Notificação de incidência de casos prováveis de dengue em Petrolina-PE

Notificação

Fonte: Ministério da Saúde/SVSA - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net

de Notificação

Fonte: Ministério da Saúde/SVSA - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net

A tabela 2, mostra os casos de notificações prováveis na cidade de Petrolina-PE, onde percebe-se que após o início da execução de fase de teste da tecnologia, Wolbachia, em 2020, os casos epidemiológicos ocasionado pela dengue tiveram uma diminuição, por dois anos não foi feita notificação, e após esse as contagens voltaram de forma tímida.

Tabela 3- Notificação de incidência de casos prováveis de dengue em Belo

Horizonte-MG

Notificação

Fonte: Ministério da Saúde/SVSA - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net

Ano de Notificaçã o

8

Fonte: Ministério da Saúde/SVSA - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net

Os números se mostram muito irregulares, tendo os anos de 2012, 2013 e 2018, como ano de taxas mais baixas de notificação. Comparado a dois anos anteriores, após a implantação do método Wolbachia, nota-se uma redução significativa dos dados por dois anos consecutivos, tornando a subir no terceiro ano após a implantação. Seguido de oscilações semelhantes as observadas nos nove anos anteriores ao método.

Tabela 4 - Notificação de incidência de casos prováveis de dengue em NiteróiRJ

de Notificação

As notificações de casos prováveis em Niterói-RJ, se mostram oscilantes, tendo apenas 23 casos prováveis no ano de 2021 e maior registro no ano de 2013, com 13 mil 288 casos prováveis. O ano de implantação do método Wolbachia foi 2015, os anos anteriores a este apresentavam valores bem elevados comparados aos demais. Após 2015 os números continuaram oscilando, mas se mantiveram reduzidos até o ano de 2024.

Tabela 5 - Notificação de incidência de casos prováveis de dengue em Campo Grande-MS

Ano de Notificação

Númerode casos

Notificação

Campo Grande apresentou picos de notificação em 2010, 2016 e 2019. Nesse cenário é visto um tipo de comportamento previsível, sempre após um ano de pico, tem-se alguns anos de recuperação seguido de um novo ano de pico.

Após um ano com valores elevados de notificação são implantadas medidas de controle, mas passando esse período e não havendo mais o sentido de alerta, a população volta a ser desatenta e medidas de controle são afrouxadas trazendo novas altas nos números de notificação.

3.3. Análise de notificação hospitalar incidência de casos da dengue.

Tabela 6- Notificação De Hospitalização em Petrolina-PE

Fonte: Ministério da Saúde/SVSA - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net

A tabela 6, mostra diminuição nos casos de hospitalização na cidade de Petrolina-PE, onde nos anos de ,2015,2016 e 2017, apontam uma estabilidade quanto ao número de notificação hospitalar mantendo seus resultados abaixo de 10 hospitalização em decorrência da infecção ocasionada pela dengue, zika e chikungunya, tendo também um decréscimo no resultado de notificação e confirmação de caso de dengue por hospitalização em 2018, com apenas um caso de internamento. Em 2020, ano em que a tecnologia foi implantada em alguns bairros da cidade, obteve-se o resultado de 4 internamentos. Os demais períodos não possuem registros de notificações.

Tabela 7- Notificação De Hospitalização em Belo Horizonte-MG

Fonte: Ministério da Saúde/SVSA - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net

A tabela 7, mostra oscilação nos casos de hospitalização na cidade de Belo Horizonte-MG mostra variações nos casos de internação hospitalar, onde

no primeiro período, que consiste do ano de 2014 a 2019, os resultado mostraram grandes oscilações de notificação onde o em registro para o período citado teve uma máxima de 1880, no ano de 2016 e mínima de 14 casos de hospitalização em 2018. No período referente aos anos de 2020 a 2024 o mínimo foi de 37 no ano de 2020 e a máxima de 1492 casos notificados em 2024..

Tabela 8 - Notificação De Hospitalização em Niteroi-RJ

DE HOSPITALIZAÇÃO EM NITEROI-RJ

Fonte: Ministério da Saúde/SVSA - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net

A tabela 8, mostra diminuição nos casos de hospitalização na cidade de Niteroi-RJ, no período de 2014 e 2016, tem-se o mínimo de casos de notificação hospitalar em 1 caso, nos anos descritos, em 2018 tem-se registro de 3 notificações de internamento. 2023 e 2024, ano atual, o resultado foi de 6

casos notificados por hospitalização para o ano de 2023 e 8 para o ano de 2024.

Tabela 9 - Notificação De Hospitalização em Campo Grande-MS

Fonte: Ministério da Saúde/SVSA - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net

As notificações de hospitalização para cidade de Campo Grande-MS, expresso na tabela 9, mostra oscilação de resultado em todo o período de 2014 a 2024, onde o menor número de casos de internamento/ hospitalização foi no ano de 2014 com 25 casos notificados e maior resultado no ano de 2019, com 626 casos notificados..

4 DISCUSSÕES

Por meio da análise sistêmica dos resultados obtidos é possível observar que três cidades brasileiras — Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE) —conduzem a etapa final do método Wolbachia antes de sua integração ao Sistema Único de Saúde (SUS). Essa fase faz parte do projeto World Mosquito Programa Brasil (WMPBrasil), liderado pela Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde, com investimento de R$ 22 milhões. A metodologia consiste na liberação de mosquitos Aedesaegypti infectados com

a bactéria Wolbachia, reduzindo sua capacidade de transmitir doenças como dengue, zika e chikungunya. Essa abordagem inovadora é complementar às estratégias tradicionais e autossustentáveis, uma vez que a Wolbachia é hereditária nos mosquitos. (Brasil, 2021)

O lançamento desta etapa foi realizado pelo ministro da Saúde, Henrique Mandetta, durante um evento em Campo Grande. O objetivo é testar a eficácia do método em áreas urbanas maiores, com populações acima de 1,5 milhão de habitantes. A Wolbachia já passou por testes bem-sucedidos em áreas menores e agora será avaliada em grande escala para comprovar sua eficácia e viabilidade em diferentes regiões do país.

A estratégia está sendo monitorada por um período de três anos e envolverá o acompanhamento de casos clínicos, prevalência de mosquitos e impacto ambiental. Em Belo Horizonte, será realizado um Ensaio Clínico Randomizado Controlado em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e apoio do National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID). A ação conta com a colaboração de comunidades locais, escolas, unidades de saúde e organizações não-governamentais para garantir a aceitação e disseminação de informações sobre o método. (Almeida etal. 2018)

Desde 2011, o método Wolbachia já recebeu R$31,5 milhões em investimentos do Ministério da Saúde e de parceiros como a Fundação Bill & Melinda Gates. No Brasil, os primeiros testes ocorreram em 2015, em Niterói e na Ilha do Governador (RJ), sendo posteriormente ampliados. Atualmente, o programa beneficia 29 bairros do Rio de Janeiro e 28 de Niterói, alcançando 1,3 milhão de pessoas. Resultados anteriores apontam reduções significativas nos casos de dengue, zika e chikungunya em áreas tratadas.

Além do Brasil, o método Wolbachia é implementado em países como Austrália, Colômbia, Índia e Vietnã, destacando-se como uma solução promissora e ambientalmente segura no combate ao Aedes aegypti e às arboviroses. (Moreira, 2024)

O gráfico expresso na Figura 1 apresenta o número de casos por ano de notificação nacional indicando as incidências e casos graves de dengue por cada 100 mil habitantes segundo o ministério da saúde (2024), onde seus resultados mostram que o maior número de incidências de casos atingido pessoas com idade entre 10 anos de idade 29 anos, tendo o sexo feminino

com maior incidencia de caso entre as idades descritas. Todavia, os casos mais graves são registrados em pacientes com idade igual ou maior que 50 anos, abrangendo toda a faixa etária da segunda e terceira idade. (Brasil.2024)

A análise gráfica dos indicadores sobre dengue revela importantes tendências relacionadas ao coeficiente de incidência de casos prováveis e à proporção de casos graves. Em âmbito nacional, os dados de 2024 indicam que a maior incidência ocorre na faixa etária de 20 a 29 anos, enquanto a proporção de casos graves é mais elevada entre indivíduos com 80 anos ou mais. (Locateli, 2024)

As tabelas de notificações de casos prováveis mostram uma queda nos após a implantação do método no município de Niterói e Petrolina, já em Campo Grande e Belo Horizonte os efeitos aparentam não serem evidentes.

Mas quando comparadas: tabelas de notificações e de Hospitalizações, é possível enxergar que mesmo nos municípios onde não houve uma queda evidente nos casos de notificação, pode-se notar uma diminuição no agravamento das doenças que decorrem do vírus da dengue, pois as hospitalizações por este motivo tiveram uma redução considerada.

De modo geral foram incluídos na presente pesquisa todas as notificações de casos prováveis, onde todos os registros expostos foram disponibilizados pela CGARB (Coordenação Geral de Vigilância de Arboviroses). Por meio do sistema de coordenação geral de vigilância de arboviroses é possível obter ano a ano resultados metódicos com tabulação de gravidade de cada caso notificado sendo sua classificação como: classificação final igual a dengue com complicações, febre hemorrágica da dengue, síndrome do choque da dengue, dengue com sinais de alarme e dengue grave, e, todas essas tabulações só é possível por meio de análise clínica epidemiológica; por se tratar de uma pauta que envolve a saúde pública, em 2020 o estado passou a utilizar o e-SUS vigilância em saúde para o caso de Arbovisores para área urbana. (Brasil, 2024)

Períodos Disponíveis ou período - Correspondem aos anos de notificação dos casos e semana epidemiológica, em cada período pode apresentar notificações com data de notificação do ano anterior (semana epidemiológica 52 ou 53) e posterior (semana epidemiológica 01).

Para cálculo da incidência recomenda-se utilizar locais de residência. Dados de 2014 atualizados em 13/07/2015. Dados de 2015 atualizados em 27/09/2016. Dados de 2016 atualizados em 06/07/2017. Dados de 2017 atualizados em 18/07/2018. Dados de 2018 atualizados em 01/10/2019. Dados de 2019 atualizados em 10/07/2020. Dados de 2020 atualizados em 23/07/2021. Dados de 2021 atualizados em 12/07/2022. Dados de 2022 atualizados em 18/07/2023. Dados de 2023 atualizados em 04/06/2024 às 07 horas. Dados de 2024 atualizados em 16/12/2024 às 04:00 horas, sujeitos à revisão.”

(BRASIL. Ministério da Saúde, p. 1, 2024).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O método segue em implementação e requer avaliação. O presente estudo mostra que em alguns casos é possível notar uma mudança no perfil comportamental do vetor. O método de integração da tecnologia Wolbachia no enfrentamento ao vetor Aedes Aegypti, tem mostrado avanços no processo de prevenção da dengue, onde municípios brasileiros destacaram-se por serem

pioneiros na sua implementação mostrando, reduções significativas nos casos de dengue (cerca de 70%), chikungunya (60%) e zika (40%), resultados esses que se deve ao processo de conscientização populacional quanto a diligência de ações contínuas de prevenção e monitoramento. Ou seja, mais de 3,2 milhões de pessoas no Brasil foram beneficiadas pela tecnologia Wolbachia, tecnologia essa que consiste na manipulação genética de Aedes aegypti, a bactéria Wolbachia é inserida nos ovos do mosquito Aedes aegypti fazendo com que a bactéria interfira no desenvolvimento dos vírus dentro do mosquito, diminuindo significativamente sua transmissão aos humanos, ocasionando assim a diminuição de infecção, hospitalização e até mesmo a morte causada pela dengue, zika e chikungunya. No entanto, vale ressaltar que embora esses avanços mostram grande potencial no processo de combate a esse vetor, o mesmo conta como medida complementar para a prevenção, pois o método tradicional (não deixar água parada, limpar calhas, manter garrafas com o gargalo virado para baixo, e, recomendações afins) surte grande efeito quando posto em prática, o que se torna uma prática barata e também sustentável para os cofres públicos.

A implementação da tecnologia Wolbachia, aliada a um planejamento robusto e à integração com outras políticas de controle vetorial e auxílio dos profissionais da enfermagem na educação permanente tem o potencial de transformar significativamente o cenário epidemiológico da dengue no Brasil.

REFERÊNCIAS

AHMED, M. Z. et al. The intracellular bacterium Wolbachia uses parasitoid wasps as phoretic vectors for efficient horizontal transmission. PLoS Pathogens, v. 11, n. 2, e1004672, fev. 2015.

BARRETO, M. L.; TEIXEIRA, M. G. Dengue no Brasil: situação epidemiológica e contribuições para uma agenda de pesquisa. Estudos Avançados, v. 22, n. 64, p. 53–72, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0103-40142008000300005

FERREIRA, A. P. A. A liberação de mosquitos “do bem” na agenda brasileira para o controle do Aedesaegypti: restrições metodológicas e éticas. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/9Yd7XZyMWmVdrxnCzR86ZGM/?lang=pt. A

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