Por que Kailash é nomeado?
Nomeado Herói dos Direitos da Criança • Páginas XX–XX
Kailash Satyarthi
Kailash Satyarthi é nomeado ao Prêmio das Crianças do Mundo 2015 por sua perigosa luta contra o trabalho infantil e a escravidão e pelo direito de todas as crianças à educação. Quando jovem, Kailash começou a arriscar sua vida para libertar crianças mantidas como escravas em olarias e fábricas. Ele fundou a Bachpan Bachao Andolan (BBA, Salve a Infância) e construiu lares para crianças escravas libertadas. Na época, há mais de 30 anos, quase ninguém na Índia falava sobre os direitos dessas crianças. Kailash foi ameaçado de morte e espancado, e dois de seus colaboradores foram assassinados, mas ele não desistiu. Hoje, Kailash e a BBA libertaram mais de 80.000 crianças, e sua campanha contra o trabalho infantil, a Marcha Global Contra o Trabalho Infantil, é um movimento que envolve milhões de pessoas. Seu trabalho contribuiu para novas leis e regulamentos que protegem os direitos da criança em todo o mundo. O rótulo de tapetes livres de trabalho infantil criado por Kailash, o GoodWeave, reduziu de um milhão para 250.000 o número de crianças na indústria de tapetes, e milhares de aldeias pobres receberam sua ajuda para tornarem-se amigáveis para crianças. Em fevereiro de 2014, o júri infantil do WCP escolheu Kailash como candidato ao Prêmio das Crianças do Mundo 2015. Em novembro do mesmo ano, foi anunciado que ele foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz junto com Malala Yousafzai.
Em uma fábrica de tijolos no norte da Índia, 27 famílias são mantidas como escravas. Crianças pequenas fazem milhares de tijolos todos os dias, 16 horas por dia sob o sol escaldante. Mas, no momento, o céu está escuro e a chuva cai. Kailash passa pelos portões com seu veículo e para com freios cantando. Ele veio com seus ativistas para libertar crianças escravizadas.
Q
uando Kailash desce do carro, ele está preparado para a resistência violenta. A fábrica geralmente é protegida por guardas armados. Mas nada acontece, ela está vazia e silenciosa. Alguém avisou ao dono da fábrica e os trabalhadores escravos foram tirados dali. Afinal, Kailash encontra crianças abandonadas à beira da estrada a uma pequena distância da fábrica. Elas vestem trapos e estão cobertas de sujeira, fuligem e pó de tijolo. Elas ficam com medo quando Kailash chega, mas estão exaustas demais para fugir.
– Estamos aqui para ajudár. Vocês estão livres agora, diz Kailash. As crianças olham para ele sem compreender. Elas não sabem o que é liberdade. Mas concordam em entrar nos carros com a promessa de comida e água. Todas, exceto uma menina deitada no chão. Ela está fraca e arde em febre, chorando e gritando: “Mamãe, me ajude!” A menina se chama Gulabo e tem 14 anos. Ela nasceu na olaria e trabalhou aqui por toda a sua vida. Anos respirando o pó de tijolos arruinou seus pulmões e ela morre poucas horas depois.
Kailash tira uma “selfie” com o celular no Bal Ashram, no Rajastão, onde sua organização recebe crianças escravas libertadas.
Falta educação Quando o pai de Gulabo vem buscar o corpo de sua filha para enterrá-la, ele diz: – Se eu soubesse ler e escrever, nunca teríamos nos tornado escravos e eu não teria perdido minha menina. Ele conta a Kailash que foi enganado por um proprietário de escravos com um contrato que não pode ler. Então, sua família foi presa e escravizada por 17 anos. As palavras do pai fazem Kailash perceber que a educação é a chave para erradicar a escravidão e a pobreza. Mas desde criança ele já achava que o trabalho infantil é errado. Kailash começa a estudar Kailash estava feliz e nervoso no dia de começar na escola, orgulhoso com seu novo uni-
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