Projeto Integrado Multidisciplinar 3° Sem

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: COMO QUEBRAR O CICLO

EMPREENDEDORAS DA RESIDÊNCIA

MULHERES QUE ACOLHEM OUTRAS MULHERES

AQUI, VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHA.

A SOS Mulher acolhe, orienta e fortalece mulheres em situação de vulnerabilidade por meio dos

ACOLHIMENTO

Acolhimento por meio de vínculos familiares e/ou sociais

METAS

Rompimento do ciclo da violência e construção da autonomia

DESENVOLVIMENTO PESSOAL

Encaminhamento para prática esportiva, palestras motivacionais e diversas terapias

ATENDIMENTO PSICOLÓGICO

Auxílio no fortalecimento emocional, promoção de transformação, resgate da autoestima e reabilitação social

ORIENTAÇÃO JURÍDICA

Orientaçã legal, tratamento de demandas jurídicas e facilitação de encaminhamentos processuais

CAPACITAÇÃO PROFISL

Realizar testesde capacidade e encaminhar para cursos técnicos visando o retorno ao mercado de traballho

Rua José Cobra, 1300 - Conjunto Residencial Trinta e Um de Março - SJC, SP (12) 99220-9020 - Whatsapp @sosmulher.oficialsjc

SUMÁRIO

04 06 08 10 14 16 18 20 22

Por: Giovana Pereira

Por: Ana Paula Abellaneda

Por: Ana Paula Abellaneda

Por: Ana Beatriz Azevedo

Por: Jullia Quintana

Por: Giovana Pereira

Por: Giovana Pereira

Por: Eshilley Targino Silva

Por: Eshilley Targino Silva

FACES DA VIOLÊNCIA

A violência contra mulheres, crianças e outros grupos vulneráveis vai muito além da agressão física. Nesta matéria, entenda os principais tipos: psicológica, moral, sexual, patrimonial e como identificá-los para agir com consciência e responsabilidade.

A agressão contra a mulher é um do estigmas mais cruéis que ainda persistem na sociedade contemporânea. Ela não se limita a fronteiras culturais, geográficas, sociais e econômicas, atingindo mulheres de todas as classes e idades.

As raízes desse problema estão entrelaçadas na desigualdade de gênero e na cultura machista que ainda persiste nas sociedades, incluindo a brasileira. Em uma população na qual os papéis de gênero são rigorosamente impostos, a mulher, em grande parte das vezes, é tratada como propriedade ou ser inferior. Essa visão errônea e distorcida fortalece comportamentos violentos, além de fortificar a ideia de que a mulher possa ser vista como objeto.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), uma em cada três mulheres no mundo, ao longo da vida, sofrerá algum tipo de violência, dentre todas as existentes. Diferentemente do que grande parte da sociedade pensa sobre agressão, ela não se resume à violência física, mas abrange formas cruéis, como a violência psicológica, moral, sexual e patrimonial.

Disfarçada entre palavras de humilhação, depreciação, insultos, ameaças ou manipulação emocional, a violência psicológica torna-se igualmente devastadora. A vítima passa a acreditar que não tem lugar de fala e não merece respeito. Atrelada a essa hostilidade há a violência moral, que muitas vezes pode ser confundida com a psicológica, entretanto, essa se define com a difamação pública e dano à reputação da mulher. Em grande parte é mais vista em contextos sociais, como ambiente de trabalho, escolas e redes sociais.

Caracterizado como um dos crimes mais hediondos, a violência sexual abrange qualquer ato ou conduta forçada como assédio, exploração sexual e estupro, mediante intimidação, coação, uso da força ou ameaça. Esse tipo de agressão viola a liberdade e dignidade da mulher, resultando em traumas psicológicos e sociais, como depressão, ansiedade, transtornos de estresse pós-traumático e reclusão social.

Imagem: gerada por IA: ChatGPT

A violência patrimonial é uma das vertentes que abrange a destruição e controle de bens da mulher, como documentos, imóveis, roupas e até mesmo salários. Esse tipo de agressão restringe o controle da vítima sobre sua própria vida e estabilidade financeira, tornando-a dependente e submissa do seu agressor.

Outra vertente desse problema é o feminicídio, crime cometido apenas em razão do gênero, ou seja, por ser mulher. Esse tipo de crime está ligado principalmente com o machismo estrutural e a discriminação contra as mulheres, refletindo muita das vezes um problema familiar ou afetivo. Segundo o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 1467 mulheres morreram vítimas dessa crueldade em 2023 – o maior registro desde a sanção da lei que tipifica o crime, em 2015.

Refletindo a desigualdade estrutural da sociedade, a violência contra a mulher é uma violação grave dos direitos humanos, além de discriminação e desigualdade de gênero. A luta contra essa agressão deve ser vista e “acolhida”, pois essa crueldade não afeta apenas a vítima, mas todos que estão ao redor, criando assim ciclos de sofrimento e trauma. A sociedade precisa trabalhar em conjunto para que haja a conscientização e aplicação rigorosa das leis, assim toda a comunidade terá um ambiente seguro, respeitoso e igualitário para conviver, sem medo de sofrer alguma violência.

Se já sofreu, está sofrendo ou conhece alguém que esteja em situação de risco e se submetendo à algum desses tipos de agressão ligue para 180.

Crédito: Giovana Pereira, 2025
Violência Sexual
Violência Patrimonial
Violência Física
Violência Moral Violência Psicológica
- 25% das agressões
Ato sexual sem conse-
- 76% das agressões
Ofensa à integridade e saúde corporal da mulher
- 77% das agressões - Humilhação Pública como calúnia e difamação
- 89% das agressões
- Conduta que cause dano emocional

Edição Única-Junho 2025

CYBERBULLYING CONTRA MULHERES

O Assédio e a Escala da Violência

OCyberbullying contra mulheres on-line é uma forma de violência digital que tem se tornado cada vez mais prevalente, refletindo muitas das dinâmicas de abuso e discriminação que as mulheres enfrentam no mundo real.

Ao contrário do bullying tradicional, o cyberbullying pode ocorrer de forma anônima e em qualquer momento, atingindo as vítimas de maneira constante, através de mensagens ofensivas, difamação, ameaças, doxxing (em português é conhecido como vazamento de dados) e até mesmo a exposição de imagens íntimas sem consentimentos. A impunidade e a facilidade de disseminação de informações nas plataformas digitais tornam esse tipo de abuso ainda mais devastador.

Além de causar danos psicológicos profundos, como ansiedade, depressão e baixa autoestima, o cyberbullying pode levar as vítimas a se sentirem isoladas, com medo de se expressar livremente nas redes sociais ou em outros espaços virtuais como por exemplo o mundo dos jogos online cooperativos.

Muitas mulheres são alvos desse tipo de violência por desafiarem estereótipos de gênero, expressarem suas opiniões ou simplesmente por estarem presentes na esfera pública digital.

Em 2010, a atriz brasileira Carolina Dieckmann foi mais uma vítima de um grave caso de cyberbullying. Seu computador pessoal foi invadido e fotos íntimas foram divulgadas nas redes sociais após a atriz se recusar a ceder à extorsão dos criminosos.

Este episódio chocante impulsionou a criação da Lei nº 12.737/2012, conhecida como “Lei Carolina Dieckmann” que foi sancionada em 30 de novembro de 2012 pela então presidente Dilma Rousseff, a lei promoveu alterações no Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei 2.848 de 7 de dezembro de 1940), tipificando os crimes informáticos.

Crédito: Ana Paula Abellaneda, 2025

Edição Única-Junho 2025 Edição Única-Junho 2025

A Lei Carolina Dieckmann representou um marco importante na proteção das mulheres contra o cyberbullying e outras formas de violência on-line, demonstrando a necessidade de leis mais rigorosas para proteger a privacidade no ambiente digital.

Apesar da criação de leis para combater a misoginia on-line, as denúncias desse tipo de crime aumentaram significativamente após a pandemia da COVID-19. Segundo a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da SaferNet, houve um crescimento de quase trinta vezes nas denúncias de misoginia na internet entre 2017 a 2022 sendo as mulheres as principais vítimas, com um total de 74,3 mil denúncias registradas até 2024.

Diante do crescente problema da misoginia on-line, o Governo Federal tem intensificado suas políticas de combate à violência contra a mulher em todas as suas formas. Em 2023, o Programa Mulher Viver sem Violência foi retomado, integrando serviços essenciais como saúde, justiça, segurança pública, assistência social e autonomia financeira.

Os dois pilares centrais desse programa são o Ligue 180, um serviço gratuito de atendimento 24 horas via telefone e WhatsApp, e a Casa da Mulher Brasileira, um modelo inovador de atendimento humanizado. Essas iniciativas represen-

tam um esforço conjunto para oferecer suporte abrangente e eficaz às mulheres em situação de violência, tanto no ambiente virtual quanto no físico.

A partir dessas informações, foi criada uma pequena lista de medidas preventivas e de auxílio para vítimas e testemunhas a seguir:

Medidas para vítimas de crimes cibernéticos.

• Preserve as evidências:

Guarde capturas de tela, mensagens e links. Essa ação é fundamental para denunciar o agressor, mesmo que os links sejam removidos, é possível solicitar o histórico dos sites judicialmente para uso no processo.

• Bloqueio e denúncia: Bloqueie o agressor em todas as plataformas e denuncie o comportamento abusivo aos provedores de serviço.

• Busque apoio: Converse com amigos, familiares ou profissionais de saúde mental. Procure organizações que oferecem suporte especializado para vítimas de cyberbullying ou misoginia.

Medidas para as testemunhas de crimes cibernéticos:

• Denuncie o agressor e ofereça apoio: Não seja um espectador passivo. Denuncie o comportamento abusivo às plataformas on-line e, se necessário, às autoridades. Mostre solidariedade à vítima e ofereça ajuda para documentar o cyberbullying.

A segurança no ambiente digital é uma responsabilidade compartilhada, e todos devemos fazer a nossa parte para proteger as vítimas de crimes cibernéticos e combater a misoginia online.

Edição Única-Junho 2025

Como identificar um Agressor:

OS SINAIS QUE DEVEMOS NOS ATENTAR

De acordo com o I.M.P. (Instituto Maria da Penha). A pesquisadora a identificar esse ciclo e a entender que os agressores seguem um padrão de comportamento foi a psicóloga norte-americana Lenore E. Walker, suas conclusões foram feitas na década de 1970, depois de entrevistar mais de 1.500 vítimas de violência doméstica.

O ciclo foi separado da seguinte forma:

O Aumento de Tensão Explosão da Violência

O Arrependimento e Comportamento Carinhoso

Edição Única-Junho 2025

FASE 1 – O Aumento de

Tensão:

O agressor se mostra mais tenso e irritado por coisas insignificantes, chegando a ter acessos de raiva constantes. Ele também humilha a vítima, faz ameaças, isola ela de parentes e amigos e pode destruir objetos da mesma.

FASE 2 – Explosão da Violência:

Esta fase é a explosão de raiva do agressor, onde a tensão acumulada se manifesta em violência verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial devido à perda de controle.

A vítima, mesmo ciente do perigo, em grande parte das vezes sente-se paralisada e sofre com tensão psicológica, como insônia, ansiedade, vergonha ou pode se sentir confusa.

Nesse momento crítico, ela pode buscar ajuda, refugiar-se, denunciar, pedir separação ou, em casos extremos, atentar contra a própria vida. Geralmente ocorre um distanciamento do agressor.

FASE 3 – O Arrependimento e Compor-

tamento Carinhoso:

Conhecido como o momento “Lua de mel”, essa fase se caracteriza pelo arrependimento do agressor, que se torna amável para conseguir a reconciliação com a vítima.

A vítima pode se sentir confusa e até pressionada a manter o seu relacionamento diante da sociedade, principalmente quando o casal possui filhos.

Há um período relativamente calmo em que a vítima se sente feliz por constatar os esforços e as mudanças de atitude do agressor, lembrando também os momentos bons que tiveram juntos. Como há demonstração de remorso, ela se sente responsável por ele, o que estreita a relação de dependência entre vítima e agressor.

Um misto de medo, ilusão, confusão e culpa fazem parte do sentimento da vítima. Por fim, a tensão volta e, com ela, as agressões da Fase 1 voltando a acontecer, tornando-se um ciclo vicioso.

As mulheres que sofrem violência doméstica frequentemente se silenciam devido a uma complexa mistura de emoções, que incluem medo, constrangimento e, em muitos casos, dependência emocional.

Os agressores, não raro, cultivam uma imagem pública de parceiros ideais e pais exemplares, o que dificulta ainda mais a revelação dos abusos por parte das vítimas. Diante desse cenário, é fundamental repudiar a crença de que mulheres permanecem em relacionamentos violentos por terem algum tipo de prazer em serem agredidas. Essa ideia é não apenas absurda, mas também profundamente desrespeitosa.

NÃO SE CALE SAIA DO CICLO

Com o tempo, os intervalos entre uma fase e outra podem diminuir, e as agressões passam a acontecer sem obedecer às ordens das fases. Em alguns casos, o ciclo de violência pode terminar com o feminicídio, que é o assassinato da vítima.

Se houver medo e ansiedade constantes sempre que o outro estiver por perto, é sempre bom ficar alerta. O caminho para voltar a se sentir bem é procurar a ajuda de amigos, familiares e profissionais, pois eles ajudam a cortar esse mal pela raiz.

Quando a vítima se silencia diante da violência, o agressor não se sente responsabilizado pelos seus atos –isso sem contar o fato que a sociedade, em suas diversas práticas, reforça a cultura patriarcal e machista, o que dificulta a percepção da vítima de que está vivenciando o ciclo da violência.

Crédito: Ana Paula Abellaneda, 2025

Entenda o caso de

Crédito: Ana Beatriz Azevedo, 2025

Edição Única-Junho 2025

O assassinato de GV abrielle Petito em 2021 chocou o mundo, tanto pela brutalidade do crime quanto pela angústia causada por seu desaparecimento. A jovem de 22 anos foi dada como desaparecida no início de setembro daquele ano, após uma viagem de van pelos Estados Unidos com seu noivo, Brian Laundrie. A busca por ela ganhou grande atenção do público, com o país inteiro se mobilizando para encontrar pistas que ajudassem a esclarecer seu paradeiro. Tragicamente, seu corpo foi encontrado em 19 de setembro em um parque em Wyoming, com sinais de estrangulamento.

Durante o Ensino Médio, Gabby conheceu Brian Laundrie, seu colega de escola na Bayport-Blue Point High School, em Nova York, e os dois desenvolveram uma relação próxima. Nichola, mãe de Gabby, afirmou: “Ele era muito educado, muito gentil. Não vi nada nele que pudesse me preocupar”. Após se formarem em 2017, o casal iniciou um relacionamento sério em 2019, e Gabby se mudou para North Point, na Flórida, para morar com Brian e sua família. Contudo, ela enfrentava alguns problemas, especialmente com sua sogra, Roberta, devido ao comportamento controlado da família em relação a ela. Um dos episódios que demonstram essa dinâmica foi relatado por amigos próximos, que afirmam que Brian roubou sua carteira e identidade para impedi-la de sair com uma amiga.

O casal compartilhava diversos interesses em comum, como dirigir por longas horas e viajar pelos Estados Unidos. Assim, depois do pedido de noivado em 2020, trabalharam arduamente para juntar dinheiro e comprar uma van. A ideia de documentar a vida nômade surgiu de Gabby, que decidiu criar um canal no YouTube, compartilhar fotos e vídeos no Instagram e trabalhar como criadora de conteúdo. No entanto, por trás das câmeras, o casal demonstrava sinais de um relacionamento conturbado.

Em agosto de 2021, uma abordagem policial em Utah flagrou Gabby chorando dentro da van após uma discussão com Laundrie. Inicialmente

considerado um desentendimento comum, o episódio mais tarde foi interpretado como um indício de abuso emocional. Um policial abordou o casal e, baseando-se nos relatos dados à polícia — com Gabby em pânico e Laundrie relativamente calmo — concluiu que ele era a vítima de uma agressão doméstica. Sem registrar uma queixa, a polícia separou o casal naquela noite: Laundrie foi levado para um hotel, enquanto Gabby permaneceu na van. No dia seguinte, eles retomaram a viagem. Pouco tempo depois, Gabby postou o primeiro vídeo em seu canal no YouTube, intitulado “Van Life | Building Our Van Life Journey”.

No dia 25 de agosto, Gabby postou sua última foto no Instagram. Depois disso, deixou de responder mensagens de amigos e familiares, levantando preocupações. No dia 27, Nichola recebeu um texto estranho da filha: “Você pode ajudar Stan? Eu continuo recebendo ligações perdidas e mensagens dele”. A mãe estranhou, pois Gabby nunca se referia ao avô pelo nome. Em 11 de setembro, o desaparecimento da jovem foi oficialmente registrado. Poucas horas depois, Nichola recebeu a notícia de que Brian havia retornado à casa dos pais sozinho, com a van, mas sem Gabby.

Foto da página 11 por: Yellowstonenps, Instagram

As investigações levaram a Grand Teton National Park, em Wyoming, onde o celular de Gabby foi usado pela última vez. Uma viajante de van contribuiu com a polícia ao fornecer imagens do veículo da influenciadora em Spread Creek. Após três semanas de buscas, seus restos mortais foram encontrados no local. A análise do corpo confirmou que Gabby foi estrangulada e apresentava ferimentos na cabeça e nas costas. Algumas autoridades suspeitam que a cena do crime tenha sido manipulada.

Familiares e amigos de Gabby ficaram devastados com a notícia de sua morte. “Eu desabei no chão”, recorda seu padrasto, Jim Schmidt, que participou das buscas. “Tive que pegar o telefone, me recompor e contar para todos que nossa filha estava morta a mais de 3.200 km de distância.”

Foto por: Courtesy of Netflix

As investigações revelaram que Laundrie tentou encobrir o crime, criando conversas falsas entre ele e Gabby nos celulares. Além disso, registros bancários indicaram que ele realizou uma transferência de US$ 700 da conta dela para a sua, com a descrição: “Tchau Brian, eu nunca mais vou te pedir nada”.

O caso chegou ao fim em 20 de outubro de 2021, quando os restos mortais de Brian foram encontrados em Myakkahatchee Creek Environmental Park. Junto a ele, havia uma mochila, uma arma e um caderno no qual ele admitia ter matado Gabby. As autoridades concluíram que ele morreu por suicídio, atirando contra a própria cabeça. “Eu acabei com a vida dela”, escreveu. “Eu pensei que era misericordioso, que era

o que ela queria, mas agora vejo todos os erros que cometi... Entrei em pânico. Fiquei em choque. Mas a partir do momento em que decidi tirar a dor dela, eu sabia que não poderia continuar sem ela.”

A família de Gabby processou os pais de Brian, acusando-os de ajudá-lo a esconder o crime e planejar sua fuga. Um acordo foi fechado em fevereiro de 2024.

O caso de Gabby rodou o mundo e resultou na criação do Instituto Gabby Petito, que busca ajudar mulheres a se libertarem dos perigos da violência doméstica. Para mais informações, visite o site gabbyPetitofoundation.org ou assista ao documentário na Netflix.

A HISTÓRIA DA

LEI MARIA DA PENHA

Maria da Penha

Nascida em 1º de fevereiro de 1945, formou-se farmacêutica e construiu sua vida pessoal e profissional até conhecer, em 1974, Marco Antonio Heredia Viveros, que inicialmente lhe pareceu um homem atencioso e carinhoso. Em 1976, já casados e recém-mudados para Fortaleza, Marco Antonio começou a exibir um temperamento agressivo e distante, estendendo também as explosões de violência às filhas do casal.Ao longo dos anos seguintes, Maria viveu o ciclo de violência tipicamente descrito em casos de abuso doméstico: ele a agredia verbal e fisicamente, arrependia-se superficialmente e prometia mudança, só para repetir o ciclo.

Em 1983, Marco Antonio tentou assassiná um tiro de espingarda, que a deixou paraplégica; pouco depois, tentou eletrocutá-la em uma segunda tentativa de homicídio.

Crédito: Jullia Quintana, 2025

Edição Única-Junho 2025

No mundo atual em que vivemos, a violência contra a mulher não é novidade. Repetidamente, ficamos sabendo de diversos casos de diferentes tipos de violência, seja na televisão, nas redes sociais ou em uma conversa.

Esse comportamento hostil do agressor contra a vítima já é conhecido por meio de casos ocorridos em tempos passados, e foi diante desse tipo de situação que surgiu a Lei Maria da Penha.

Acompanhe o artigo abaixo para conhecer a história de Maria da Penha, uma farmacêutica que foi vítima de duas tentativas de assassinato cometidas pelo próprio marido, fato que se tornou o ponto de partida para a criação da Lei nº 11.340, que salva e protege mulheres até hoje.

Após a condenação do Brasil pela Comissão Interamericana em 2001, diversas organizações de defesa dos direitos das mulheres – incluindo o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA) e a Advocacia Cidadã pelos Direitos Humanos (ADVOCACI) – uniram-se para pressionar a criação de uma lei específica de proteção às vítimas de violência doméstica.

Em 2002, essas entidades iniciaram intensos debates junto ao Congresso Nacional para elaboração do projeto. A proposta tramitou pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, incorporando medidas protetivas de urgência, assistência às vítimas, capacitação de autoridades e punições mais rigorosas para agressores.

Em 7 de agosto de 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, que instituiu recursos como:

Afastamento imediato do agressor e proibição de contato;

Criação de juizados especializados em violência doméstica;

Atendimento policial e judiciário gratuito;

Programas de recuperação e acompanhamento para agressores.

A Lei Maria da Penha representou um marco no combate à violência de gênero no Brasil, oferecendo mecanismos reais de prevenção, proteção e punição. Até hoje, ela salva vidas e inspira políticas similares em outros países.

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AGOSTO LILÁS

Um mês dedicado à conscientização, à escuta e à luta pelo fim da violência contra a mulherporque cada história contada é um passo rumo à liberdade.

Agosto é um mês de luta e reflexão. A campanha Agosto Lilás intensifica essas ações são para combater a violência contra a mulher, promovendo a conscientização sobre esse grande estigma persistente da sociedade atual.

A campanha foi estabelecida pelo governo federal no dia 9 de Setembro de 2022, pela Lei n° 14.448/2022, idealizada e proposta pela Deputada Federal, Carla Dickson. O mês de agosto foi escolhido como o mês de conscientização pela sanção da Lei Maria da Penha (Lei Federal n° 11.340/ 2006), que foi assinada no dia 7 de agosto, e é hoje uma referência fundamental no enfrentamento da violência doméstica no Brasil. Essa ação visa sensibilizar e informar a população sobre os perigos de violência doméstica e os variados canais de denúncia disponíveis, oferecendo uma rede de apoio e proteção para todas as vítimas.

O Agosto Lilás se destaca pela promoção de palestras, rodas de conversa debates, campanhas educativas e mobilizações para alertar sobre os diversos tipos de violência.

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física, sexual, psicológica, moral e patrimonial. Além disso, destaca a importância das medidas protetivas serem tomadas e dos canais de denúncia como o Ligue 180, aplicativo Direitos Humanos Brasil e a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Esses projetos são a base para o alcance da redução dos índices de violência contra a mulher no país.

Um grande apoiador dessa campanha é o Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), que financiam programas e projetos buscando não apenas a repressão da violência, mas a promoção de cultura de respeito aos direitos humanos das mulheres que vivem no Brasil.

Atrelado à campanha o Governo do Estado de São Paulo criou o movimento “São Paulo Por Todas”, que promove uma maior visibilidade às políticas públicas estruturadas e entregues para que as mulheres de São Paulo estejam seguras e conquistem sua autonomia social, psicológica e financeira. Foram criadas leis, programas, protocolos, linhas de créditos, aplicativos, iniciativas verdadeiramente transformadoras para as mulheres. Esse é um projeto que visa a construção de ações efetivas, e é preciso que se torne conhecido por toda a população.

É essencial garantir que as mulheres em situação de risco se sinta apoiada, acolhida, representada e receba o suporte necessário para romper esse ciclo vicioso de violência. A campanha Agosto Lilás é de extrema importância, com ela, as mulheres conseguem entender a importância da denúncia. Além disso, contribui para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Se você está em situação de risco ou conhece alguém que precise de ajuda, não se cale. Ligue para 180 - a cemntral de atendimento à mulher funciona 24h por dia, com acolhimento e orientação.

Imagem gerada por IAr: ChatGPT Crédito: Giovana Pereira, 2025

Edição Única-Junho 2025

Por: Giovana Pereira, 2025

Ao longo de aproximadamente quatro décadas, a SOS Mulher tem sido um pilar na defesa e proteção dos direitos das mulheres. Desempenhando um papel essencial na busca pela igualdade de gênero e combatendo a violência doméstica. Fundada em 07 de Dezembro de 1983, a instituição é pioneira, no Vale do Paraíba, no amparo de mulheres que já so-freram algum tipo de violência. Dedicando-se ao resgate da dignidade e capacidade de inserção no mercado de trabalho, a SOS Mulher desempenha uma função de extrema importância na sociedade por meio da implementação de políticas públicas.

Desde 1989, a SOS Mulher oferece serviços jurídicos, psicológicos e socias, visando a ressignificação de sua história de vida e o resgate do amor-próprio, assim podem entender e reivindicar seus direitos. Além de mediar conflitos conjugais e familiares, também esclarece questões relacionadas ao direitos das mulheres, realizando eventos e ações sobre saúde e o contexto da mulher para a comunidade em geral.

Em 2006, a ONG estendeu seu foco para atender e dar suporte a mulheres em situação de conflito conjugal/familiar. Juntamente com a Prefeitura Municipal de São José dos Campos, a instituição formalizou o Convênio, em 2008, proporcionando acolhimento em moradia provisória para as vítimas. Três anos depois, criou a Casa de Acolhimento Provisório Sigiloso, alinhada às Diretrizes Nacionais para o Abrigamento de Mulheres em risco.

Desde então, a SOS Mulher foi desenvolvendo esse projeto, em 2013 instalou a Vara da Violência Doméstica e Familiar. Um ano depois houve a Manutenção do Convênio Parceria e Manutenção com retirada do aluguel social. Em 2016 conseguiu a Unificação de projetos, assim denominou o Projeto de Atenção às Mulheres em Situação de Violência Doméstica e

Familiar. Em 2017, a ONG teve que realizar uma pausa nas suas atividades, retomando em 2023.

No ano em questão, a SOS Mulher reiniciou suas atividades sobre nova direção. Mesmo sobre novo comando, a visão e missão da ONG continuaram os mesmos. Minimizar o número de mulheres vítimas de todo tipo de violência e ser referência no amparo e ressignificação de histórias dessas mulheres.

Por meio de diversos programas e iniciativas a ONG oferece serviços como acolhimento, por meio de vínculos familiares e/ou sociais; serviço social adequado ao caso em questão; apoio jurídico; atendimento psicológico; desenvolvimento pessoal; capacitação profissional; inserção no mercado de trabalho. Além de oferecer cursos e palestras ao longo dos anos e ações socias como bazar, almoços e eventos.

A SOS Mulher tem um papel de suma importância na sociedade pois seu principal objetivo e meta é fazer que essas mulheres que já foram violentadas e/ou estão em situação de risco sejam preparadas para enfrentar o mercado de trabalho, zelar pela família e se tornar mulheres empoderadas.

A equipe da ONG é formada pela presidente Elisabeth Montezano; vice presidente Ana Cristina; a assistente social Sandra, além de voluntárias que desempenham as funções de atendentes Maria Clara, Lúcia, Ana Maria e Sônia; as advogadas Maria Tereza e Raquel e as psicólogas Mariana, Ana Maria e Isabella. Com muita dedicação, zelo e carinho elas desenvolvem trabalhos e projetos que auxiliam mulheres em situação de risco a se reerguerem.

Você também pode ser um(a) voluntário(a) e contrbuir para essa causa nobre. Entre em contato com a Presidente Beth Montezano Telefone: (12) 98116-4817 e faça a sua parte.

Reescrevendo Histórias de Dor e Empoderamento

Q uando a violência se manifesta, ela não apenas machuca o corpo, mas também fere a alma. A reconstrução da autoestima e o resgate da autoconfiança se tornam, então, um verdadeiro ato de coragem. Exemplos reais mostram que esse caminho, embora árduo, é pavimentado com resiliência, apoio e a redescoberta do valor pessoal.

Susete Pasa é um desses exemplos inspiradores. Após 24 anos vivendo em um relacionamento abusivo, Susete decidiu romper com o ciclo da violência. Sua jornada de superação foi marcada pelo enfrentamento da dor e pela busca de apoio. Ao transformar sua experiência em aprendizado, ela lançou o livro Abusada, no qual compartilha, com honestidade, os desafios e as vitórias que a levaram a resgatar sua autoestima. Hoje, Susete é uma referência para outras mulheres que buscam sair de relacionamentos abusivos e reconquistar o controle sobre suas vidas.

Djamila Ribeiro, escritora e ativista, também é um exemplo de superação. Ao longo de sua trajetória, Djamila enfrentou não apenas a violência direta, mas também formas sutis de agressão, como o racismo e a discriminação de gênero. Esses desafios abalaram sua autoconfiança, mas ela transformou essas experiências em um motor para o autoconhecimento e o ativismo. Por meio de seus livros e palestras, Djamila inspira outras mulheres a reconhecerem seu valor, a lutar contra os padrões opressivos e a construir uma identidade forte e empoderada.

&Autoconfiança Autoestima

O caminho para a reconstrução

Estratégias para a Reconstrução da Autoestima

A jornada para reconstruir a autoestima e a autoconfiança envolve ações diárias e uma profunda transformação interior. Entre as práticas recomendadas, destacam-se:

Ressignificar a Dor:

Em vez de deixar que o trauma defina quem você é, transforme-o em aprendizado. Cada experiência difícil pode revelar uma força interior que estava adormecida, esperando para ser despertada.

Celebrar

Conquistas:

Registrar e celebrar cada vitória, por menor que seja, fortalece a autoconfiança. Um diário de conquistas pode ser uma ferramenta poderosa para visualizar o progresso e reforçar a crença na própria capacidade de superar desafios.

Autocuidado:

Cuidar do corpo e da mente é essencial. Atividades como meditação, exercícios físicos, alimentação equilibrada e momentos de lazer ajudam a restaurar o equilíbrio emocional e reforçam o sentimento de merecimento e valor.

Redes de Apoio:

Estar cercada por pessoas que ofereçam suporte e compreensão é vital. Grupos de apoio, terapia e conexões com outras mulheres que vivenciaram situações semelhantes criam um ambiente seguro para o resgate da autoestima.

A violência, em suas diversas formas, pode abalar o amor-próprio e a autoconfiança. No

entanto, muitas mulheres brasileiras mostram que é possível superar traumas, reconstruir a autoestima e se tornar mais fortes e seguras.

Reconstruir a autoestima exige tempo, dedicação e amor-proprio. Susete Pasa e Djamila Ribeiro mostram que é possível superar a dor e transformar desafios em força, com autocuidado e apoio.

Crédito: Eshilley Targino Silva, 2025

& Saúde Mental Bem-Estar

Cuidando de Si Mesma Após a Violência

Identificando Sinais de Ansiedade e Depressão

Mulheres que sofreram violência muitas vezes apresentam sinais sutis que, se ignorados, podem evoluir para quadros mais graves. Preste atenção a:

Alterações no Sono e Apetite: Insônia, sono excessivo ou mudanças bruscas no apetite.

Humor e Emoções: Sensação constante de tristeza, desesperança, irritabilidade ou perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas.

Fadiga e Falta de Energia: Sentir-se exausta mesmo após descansar pode ser um sinal de que o corpo e a mente estão sobrecarregados.

Isolamento Social: Evitar o convívio com amigos e familiares, afastando-se de redes de apoio.

Dificuldade de Concentração: Problemas para focar em tarefas diárias podem indicar que o estresse e a ansiedade estão afetando a capacidade cognitiva.

Identificar esses sinais precocemente é o primeiro passo para buscar intervenção e prevenir que a ansiedade ou a depressão se agravem.

Cuidar da saúde mental é um passo vital para a recuperação de mulheres que sofreram violência. Ao investir em autocuidado, buscar apoio psicológico e adotar hábitos saudáveis, é possível transformar o trauma em força e reconstruir a autoestima e a autoconfiança. Cada pequena vitória nessa jornada é um passo em direção a uma vida mais equilibrada, empoderada e plena.

Atividades e Hábitos para Uma Mente Mais Saudável

Cultivar hábitos que promovam o equilíbrio mental é crucial para a recuperação após a violência. Algumas práticas que podem ser incorporadas na rotina são:

Meditação e Mindfulness: Reservar alguns minutos do dia para meditar ajuda a acalmar a mente e a diminuir os níveis de estresse. A prática da atenção plena permite que a mulher se reconecte com o presente e lide melhor com pensamentos negativos.

Diário de Gratidão e Conquistas: Escrever diariamente sobre coisas pelas quais é grata e registrar pequenas vitórias reforça a autoestima, mostrando que, mesmo após a violência, há motivos para celebrar a vida.

Atividade Física: Exercícios regulares liberam endorfinas, os hormônios do bem-estar, e melhoram o humor e a disposição. Caminhadas, yoga ou dança podem ser opções terapêuticas e revitalizantes.

Alimentação Saudável e Sono Adequado: Uma dieta equilibrada e uma rotina de sono bem estruturada são fundamentais para manter o corpo e a mente em harmonia, reduzindo os efeitos do estresse e da ansiedade.

Participação em Grupos de Apoio: Conectar-se com outras mulheres que passaram por experiências semelhantes pode oferecer um espaço de troca e fortalecimento mútuo, evidenciando que o caminho para a recuperação é trilhado em comunidade.

Edição Única-Junho 2025

O Papel do Autocuidado e do Apoio Psicológico

Após a vivência de situações violentas, o impacto emocional pode ser devastador. O autocuidado, que vai além do lazer e do descanso, envolve ações que favorecem o equilíbrio físico, emocional e espiritual. Buscar apoio psicológico é igualmente fundamental. Ter um espaço seguro para falar sobre a dor e as experiências vividas auxilia na reestruturação dos pensamentos e na reconstrução do amor-próprio. Essa combinação permite que a mulher reconquiste sua identidade e fortaleça a autoconfiança para enfrentar novos desafios.

Bem-estar passa por práticas de autocuidado e pelo apoio psicológico, que ajudam a identificar sinais de ansiedade e depressão e a desenvolver hábitos que promovam uma mente saudável.

Crédito: Eshilley Targino Silva, 2025

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