Jornal Voz do Itapocu - 31ª Edição - 07/12/2013

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HISTÓRIA

CADERNO ESPECIAL - BARRA VELHA 52 ANOS de. Foi a primeira e última vez que Itajuba elegeu um prefeito; anos depois, houve a eleição de um vice – o saudoso Arthur Fagundes. Manoel destaca que à sua época, havia a presença frequente dos militares em Barra Velha para fiscalizar suas atividades, como também da presença de membros do Tribunal de Contas. Relata que o fato de ter vencido um grupo forte na política local, o colocou em uma posição delicada, pois tudo o que fazia era comparado com as gestões anteriores e também observado atentamente. Em todo o Estado catarinense, naquele mandato, elegeram-se apenas 8 prefeitos do MDB – o restante todo pertencia à ARENA. Sofreu vários processos no decorrer da sua gestão: o tamanho da Escola Manoel Antônio de Freitas foi considerado grande demais para o bairro; e também foi questionado quanto à altura da ponte sobre o Rio Itajuba. Todos os processos terminaram dando ganho de causa ao prefeito. Dentre as obras de sua administração, o então “emedebis-

ta” destaca a transferência da sede da Prefeitura, que era alugada, para um espaço próprio. O prédio da atual Secretaria de Educação, localizado na Av. Governador Celso Ramos, foi construído para abrigar as secretarias municipais e também funcionários públicos. Segundo Manoel, não havia verba para a finalização do prédio, iniciado na gestão de Ademar José dos Passos – o Mazico; então, para solucionar o problema, foram organizados mutirões com os funcionários públicos durante os finais de semana, para deixar a construção em condições de ser utilizada. Outro fato inusitado referente à gestão de “Maneca do Plácido”, apelido que o tornou conhecido, foi a participação de Barra Velha em um programa exibido em rede nacional. Tratava-se do programa de Sílvio Santos, e o quadro se chamava “Cidade contra Cidade”. Nesta ocasião, nosso Município enfrentou a cidade paulista de São Vicente. Não foi a grande vencedora, mas segundo Freitas, a visibilidade trouxe reflexos para o Município. Por ser um local ainda sem mui-

tas opções de compras ou lazer, sem muitas empresas instaladas ou comércios à disposição, Barra Velha carecia de tudo. A mão de obra não era oferecida em grande quantidade e diversidade, o que frequentemente forçava o investidor a trazer materiais e trabalhadores de fora. Então, uma estratégia foi criada pela administração municipal e colocada em prática pelos fiscais e demais funcionários: todos que pediam alvará para a construção no Município eram questionados quanto à origem de mão de obra e materiais utilizados. Neste momento se ofertava uma lista com os tra-

7 de dezembro de 2013.

balhadores locais e também as possibilidades oferecidas por Barra Velha. E se enfatizava a necessidade do pagamento de todas as taxas legais caso trabalhador fosse oriundo de outra localidade. Segundo Freitas, desta forma o dinheiro iria girar em Barra Velha, entre os moradores da cidade, fazendo esta crescer. Era bom para todo mundo. Outra benfeitoria de que se orgulha Manoel é a quantidade de bancos abertos durante a sua gestão. O reflexo do crescimento econômico seria confirmado pela ampliação das opções bancárias em Barra Velha.

Em 1978, a Prefeitura, localizada na Av. Santa Catarina, nas proximidades do edifício Márcia Maria, possuía um postinho de atendimento do extinto BESC, que foi fechado. Segundo Freitas, o motivo do abandono do postinho teria sido de ordem política. Contudo, ao término de seu pleito, o Município já contava com cinco agências bancárias: Banco Mercantil, Caixa Econômica, Banco do Brasil, Bradesco e o Besc, que retornou, mas agora com agência própria. Após deixar o cargo, Freitas tentou outras vezes tornar à vida pública, já pelo PMDB e pelo PSDB, mas não obteve êxito. Diz que não sente saudades do tempo de prefeito, mas lamenta não poder ter feito mais, ter auxiliado mais no crescimento local. O radio técnico, ferramenteiro, remador, funcionário da Impresul (empresa do ramo de eletricidade), comerciante, vereador e prefeito, aposentou-se da vida pública sem abandoná-la. Continua morando na Itajuba que tanto ama, observando as mudanças ocorridas na sua Barra Velha.

Valter Francisco Régis – Um prefeito professor ou um professor prefeito? Chegando em Barra Velha em 1971, Valter tinha a intenção de freqüentar um curso universitário em Joinville ou Itajaí e se transferir para o oeste, para trabalhar como professor. Segundo afirmou, eram tempos em que o professor era respeitado e se destacava na comunidade, diferentemente do que se vê hoje em dia. Entretanto, bebeu desta água, e segundo dizem os antigos, quem bebe dela não esquece mais, e no caso de Valter e sua esposa Telma, foram ficando, ficando, vieram os filhos, os amigos e a cidade se tornou novo lar. Lecionando no Município, logo se tornou conhecido e foi convidado para fazer parte da equipe de trabalho do prefeito da

época, Ademar José dos Passos, o Mazico. Valter já tinha uma formação como contador e foi o responsável por este setor na Prefeitura. Através desta experiência se envolveu na política local e passou a pensar na possibilidade de ingressar na vida pública. A possibilidade se tornou realidade no ano de 1983, quando foi eleito o prefeito municipal. No período em questão, havia uma legislação federal que regulava as campanhas de uma forma diferente do que conhecemos hoje, pois cada partido poderia lançar vários candidatos a prefeito. O PDS lançou Valter Francisco Regis e também José Brugnago. Ao final das eleições, Valter foi o mais vota-

do e os votos de José Brugnago o auxiliaram a consolidação da vitória. Pouco mais de 10 anos em Barra Velha foram suficientes para o tornar conhecido no Município inteiro e lhe garantir o privilégio de ser o mais votado entre os candidatos, proporcionando-lhe a posição mais alta no Poder Executivo. O professor tinha virado prefeito. Entre as ações tomadas por sua administração, quando consultado, ele sempre faz questão de destacar o projeto sonhado para o desenvolvimento da Quinta dos Açorianos, que envolvia divulgação em diferentes mídias para atrair o investimento. Era um projeto pensado para 50 anos e que agora nos

últimos tempos, começa a despontar e chamar a atenção de investidores. Outro ponto importante foi a compra da área de 100.000 metros quadrados no São Cristóvão, utilizados para a construção da Escola de Educação Básica David Pedro Espindola, da Escola Especial Flávio Quirino Borges – atual APAE e o Ginásio Vice-prefeito João Luzia Duarte Ribeiro. A área se estendia para os fundos das escolas, podendo ainda abrigar praças e outras áreas de convivência, mas não foram assim utilizadas pelas demais administrações municipais, que preferiram as utilizar de outras maneiras. Valter Régis também se desfez do carro do gabinete para

comprar a primeira ambulância Belina utilizada na região. Com este carro, Raulino João da Rosa, o motorista, contabilizou mais de 500.000 km, carregando mulheres grávidas, homens, mulheres e crianças doentes para todas as partes do estado à procura de ajuda. Segundo Valter, o Município deveria homenagear Raulino com uma estátua, ou entregar a ele o título de Cidadão Honorário, pelos serviços prestados. Valter destacou que na Barra Velha dos anos 70 para 80 quando o “Dico Polícia” e o “Zé Polícia” faziam a ronda por toda a cidade de bicicleta. Lembrou também do “Nelinho da Celesc”, que cortava e ligava a luz por toda a cidade com uma bici-


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