Viver a Nossa Terra - Abril 2020

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Ano 31 - Número 333 - 24 de Abril de 2020 - Publicação mensal - Propriedade do Clube de Cultura e Desporto de Ribeirão - Diretor: Miguel Maia - Assinatura anual: 10€

Sociedades adaptam-se ao convívio com o coronavírus Pedro Couto

Agrupamento de Escolas de Ribeirão arranca 3º período com grandes alterações página 12 Entrevistas em alguns dos serviços essenciais p áginas 2 e 3 Testemunhos de quem está na linha da frente do combate à Covid-19 em Portugal e no estrangeiro páginas 6 e 7 As medidas do Governo que afectam particulares e empresas páginas 8 e 9 Na Linha da Frente, com Tiago Oliveira

“No fim de tudo isto, estaremos mais unidos, mais fortes e melhores seres humanos”

páginas 4 e 5

Município abriu período excecional de candidaturas a bolsas de estudo página 13

M. Miranda Azevedo, Lda. Patrocina a embalagem do Viver a Nossa Terra

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2  Especial Covid-19

Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

COVID-19: na linha da frente

Em período de emergência social, há um conjunto de serviços que não têm escolha e precisam de terem as portas abertas ao serviço da comunidade. É o caso das farmácias, centros de saúde, hospitais, supermercados, entre outros. Conheça alguns testemunhos ribeirenses de quem está na linha da frente em tempos de pandemia. Na linha da frente: Juliana Couto - Assistente de Medicina Geral e Familiar

Unidade de Saúde Familiar de Ribeirão Que medidas preventivas tomaram relativamente ao acesso ao espaço por parte dos utentes? Atualmente, é pedido a todos os doentes para estabelecer contacto telefónico com a USF Ribeirão (252403890) antes de se dirigirem pessoalmente à USF. As marcações presenciais são previamente realizadas por médico/ enfermeiro de família que agenda uma hora com utente. Só serão atendidos doentes que apresentem sintomas de febre (superior a 38ºC) ou tosse ou falta de ar (ou outros sintomas respiratórios). Os utentes que necessitem de consulta aberta/urgente por outros motivos, cuidados de penso e injetáveis terão que contactar previamente, a Unidade de Famalicão piso 1, para orientação/ agendamento de marcação (contacto: 252330240). As medicações crónicas que os utentes necessitem serão enviadas sempre por sms ou email, apenas serão aceites pedidos de medicação por contacto telefónico ou via email. Excepcionalmente, para aqueles que é de todo impossível o envio nestes formatos, será agendada com o utente uma hora especifica para vir levantar a receita (porta traseira do edifício). Houve alteração no horário de atendimento? Não. A USF estará em funcionamento das 8h-20h todos os dias úteis. Que procedimentos são seguidos relativamente aos suspeitos com Covid 19? Por reorganização do Agrupamento de Centros de Saúde de Famalicão, a USF Ribeirão passou a ser uma Área Dedicada para avaliação e tratamento de doentes COVID-19 (ADC). Por isso, atualmente só são atendidos utentes com sintomas suspeitos de infeção por COVID 19 (febre superior a 38ºC ou tosse ou falta de ar ou outros sintomas respiratórios). Primeiramente, os utentes devem ligar sempre para a USF (252403890), mesmo aqueles que têm indicação

Pedro Couto

pela linha de Saúde 24, para se dirigirem à USF. O utente será posteriormente, contactado por um médico que fará uma avaliação e caso ache necessário ser visto presencialmente, marcará uma hora para ser atendido. O utente deverá respeitar sempre a sinalética presente no edifício, entrar no edifício com máscara e seguir todas as orientações dadas pelos profissionais de saúde presentes na USF, que estão preparados para o orientar com todas as medidas de isolamento/prevenção de contágio necessárias. Os outros doentes estão salvaguardados? Sim, por isso é que foi realizada esta reestruturação. Como anteriormente mencionado, os utentes que necessitem de consulta aberta/urgente por outros motivos, cuidados de penso e injectáveis terão que contactar previamente, a Unidade de Famalicão piso 1, para orientação/ agendamento de consulta (contacto: 252330240). As grávidas e crianças até aos 2 anos, estão a ser consultados na USF S. Miguel-o-Anjo, em Famalicão (esta Unidade só atende gravi-

das e crianças até aos 2 anos), a marcação destas consultas é feita pela Unidade. Os restantes utentes, que tinham consultas agendadas, não urgentes estão a receber mensagem de desmarcação da consulta, contudo caso necessitem de cuidados podem também, fazer contacto telefónico com a USF. Em que circunstâncias um doente deve dirigir-se à USF? Apenas se devem dirigir à USF presencialmente, se já tiverem estabelecido previamente contacto telefónico e lhes tiver sido dada essa informação, caso contrário, não se devem deslocar presencialmente à USF. O centro, e os seus profissionais, estavam preparados para esta realidade? Acho que nenhum de nós estava preparado para esta realidade, nem como cidadão, nem como profissional de saúde, mas a equipa procurou e procura acompanhar todas as normas e orientações emitidas pela Direção Geral de Saúde (DGS). Atualmente, as reestruturações do serviço realizadas estão de acordo, com as

orientações dadas pela Direção de Agrupamentos de Centros de Saúde de Famalicão. Não sentem receios por contactarem diariamente com outras pessoas? Na USF Ribeirão, área destinada à avaliação e tratamento de doentes COVID-19, estão 2 médicos de família, 2 enfermeiros de família e 4 secretários clínicos. Os restantes profissionais da USF estão a trabalhar noutras Unidades para dar apoio ao atendimento de outras unidades ou na própria unidade, mas sem realizar atendimento a utentes presencialmente, realizando a prescrição de medicações, a emissão de baixas, monitorizando os utentes que estão em domicilio, com suspeita de infecção pelo COVID 19 entre outros serviços necessários. Quanto a receios pelo contacto com outras pessoas, é importante termos esse receio, pois assim, ficamos mais atentos e tomamos as medidas necessárias para nos protegermos e para proteger aqueles que contactam connosco, as medidas preventivas nunca podem ser negligenciadas.

Uma mensagem à comunidade... Proteja-se a si e aos outros, durante o período de isolamento fique em casa, não se dirija a espaços públicos, nem utilize transportes públicos. Evite contacto com outros em espaços comuns. Não partilhe pratos, copos, utensílios de cozinha, toalhas, lençóis ou outros artigos pessoais. Não convide pessoas para sua casa. Caso seja urgente falar com alguém, faça-o por telefone. Evite deslocações desnecessárias a serviços de saúde e ligue antes para averiguar alternativas. Lave as mãos frequentemente, com água e sabão durante, pelo menos 20 segundos. Utilize uma máscara quando estiver com outras pessoas, principalmente em espaço públicos (supermercados, farmácias...). Tape a boca e o nariz com um lenço descartável, deite o lenço no lixo e lave as suas mãos. Caso sinta sintomas, com febre, tosse, falta de ar, cansaço, dores no corpo, dores de cabeça intensas, falta de cheiro ou paladar contacte a linha SNS 24 ou a USF. Se todos colaborarmos, vai ficar tudo bem!

M. Miranda Azevedo, Lda. e PLÁSBEIRÃO - Plásticos de Ribeirão, Lda. patrocinam a embalagem do jornal “Viver a Nossa Terra”


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Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

Na linha da frente: Conceição Faria Santos, diretora técnica e proprietária

Farmácia de Ribeirão Que medidas preventivas tomaram relativamente ao acesso ao espaço por parte dos clientes? Alteramos a disposição do mobiliário na zona de atendimento; colocamos painéis de acrílico nos balcões, protegemos os profissionais com máscaras e luvas; restringimos a entrada a 3 clientes de cada vez, pelo que as restantes pessoas retiram a sua senha e aguardam no exterior da farmácia; e aumentamos o número de entregas ao domicílio.

Pedro Couto

Os colaboradores da farmácia sentem receio por contactarem diariamente com outras pessoas? Sentimos algum receio, mas sabemos que estamos protegidos dentro do possível, e não poderíamos neste momento difícil, voltar as costas à nossa comunidade.

Houve alteração no horário de atendimento? Sim, dividimo-nos em duas equipas espelho, pelo que reduzimos o horário para 9h por dia, e serviços de 24h, de 5 em 5 dias. Assim o novo horário é: de seg a sex - 9-13h/14-19h; sáb - 9-13h. Existem produtos com maior procura? Sim, nomeadamente: termómetros; medicamentos para a febre e anti-inflamatórios - Paracetamol e Ibuprofeno; suplementos para o reforço do sistema imunitário; máscaras e álcool gel.

utentes para organizarem uma lista da medicação necessária para 2 meses de tratamento, para evitar deslocações desnecessárias à farmácia e, assim, reduzir a probabilidade de contaminação. Informamos a população como conseguir renovar receitas médicas na USF de Ribeirão, por email ou chamada telefónica. Disponibilizamos panfletos informativos "Proteja-se do Coronavírus" e "Higienização das Mãos".

A Farmácia definiu limite de compras junto dos clientes? Sim, nos produtos mais procurados, já enunciados, restringimos a venda em 2 unidades por pessoa.

Os clientes revelam-se preocupados? Temos dois extremos. Uma parte da população preocupa-se, pedindo até entregas ao domicílio, para evitar o contacto com outros doentes. Outra par-

Que conselhos dá a farmácia aos seus clientes? Tentamos sensibilizar os

Uma mensagem à comunidade... A Farmácia tem o objetivo de promover a saúde e bem-estar da população, por isso estamos à disposição dos ribeirenses para o esclarecimento de qualquer dúvida. Protejam-se!

Que medidas preventivas tomaram relativamente ao acesso ao espaço por parte dos clientes? Apenas três clientes podem estar dentro da loja ao mesmo tempo e sempre que entra alguém na loja desinfeta as mãos com o desinfetante que disponibilizamos. Mesmo tendo apenas três clientes de cada vez pedimos sempre que mantenham uma distância de segurança.

A procura dos clientes alterouse? Tenho dois tipos de cliente, um que continua a vir à loja, e os que decidiram fazer isolamento voluntário e liga a pedir o que precisa, que de imediato entregamos em casa.

Sentem receios por contactarem diariamente com outras pessoas? Sim! Qualquer pessoa consciente com a situação que estamos a passar tem algum receio, até porque tenho ao meu cuidado dois idosos e um dele acamado.

Existem produtos com maior procura? Sim, sem dúvida o álcool e o desinfetante.

Houve alteração no horário do supermercado? Sim, normalmente fechavamos às 20.30h e agora passamos a fechar às 19h.

O supermercado definiu limite de compras junto dos clientes? Não, pois desde o início garantimos que nada faltaria. Pode não ter uma certa marca, mas têm outras.

Uma mensagem à comunidade… Agradeço de coração a todas as pessoas que estão a fazer um esforço para cumprir as novas regras de segurança, pois é pelo bem de todos e não apenas de cada um. E um agradecimento em especial aos meus fornecedores, pois nestes momentos tão difíceis não me deixaram ficar mal.

te, alguns doentes de risco, não se preocupam nada, chegando a visitar a farmácia 2 vezes por dia.

Na linha da frente: Helena Couto, proprietária

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Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

“No fim de tudo isto, estaremos mais unidos, mais fortes e melhores seres humanos”

Tiago Oliveira, 27 anos, natural de Ribeirão. É um dos profissionais de saúde que está na linha da frente da realidade do momento: o Covid-19. Atualmente a exercer funções simultaneamente no Centro Hospitalar Universitário do Porto (Hospital de Santo António), como médico, e no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, como docente. Este é o testemunho de um jovem médico que partilha com os leitores do Viver a Nossa Terra o real cenário desta pandemia. Partilhe o primeiro momento que lidou com o Covid19… O momento mais marcante, extremamente inquietante para mim e para os meus colegas, foi o dia em que foi dado a conhecer ao país o primeiro diagnóstico da doença causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 (COVID-19) em Portugal. O Hospital de Santo António foi, precisamente, o hospital responsável pelo diagnóstico e tratamento do primeiro doente COVID-19 em Portugal. O que antes parecia ser apenas uma realidade algo distante, embora já conhecida de todos através da comunicação social e da literatura científica publicada sobre o tema, inevitavelmente bateu à nossa porta. Naturalmente não ficamos surpreendidos, mas foi um grande choque, sem dúvida. Nessa altura, instalou-se um silêncio ensurdecedor, um pesado sentimento de apreensão e angústia. Uma cascata de interrogações surgiu entre todos nós: como será reestruturada toda a nossa atividade clínica de rotina devido à pandemia? O equipamento de proteção individual (máscaras, por exemplo) estará disponível para todos? Em que condições será mantida a prestação de cuidados aos doentes não COVID-19? No fundo, tudo se resumiu a uma grande questão: como será o dia de amanhã? E como é o seu dia-a-dia perante este cenário? Atualmente, faço parte da equipa médica de uma das quatro enfermarias do Hospital de Santo António que atualmente se encontra inteiramente dedicada à prestação de cuidados de doentes com COVID-19. São doentes não críticos, mas com gravidade clíni-

ca que requer admissão hospitalar, quer pela COVID-19 em si, quer por outro motivo clínico. A referir que, por vezes, por agravamento clínico, que é frequentemente súbito e imprevisível nos doentes COVID-19, alguns doentes têm de ser precocemente sinalizados e/ou transferidos para Cuidados Intensivos. No início do dia, a visita médica é planeada em equipa, com distribuição de tarefas e sinalização das situações clínicas mais prioritárias, designadamente os doentes com maior gravidade clínica ou os doentes recém-admitidos em internamento. De seguida, antes da entrada na enfermaria propriamente dita, cada um

dos médicos veste o equipamento de proteção individual (EPI) integral – é um processo que requer treino e é algo moroso, sendo obrigatório seguir um conjunto de passos, que não podem falhar. O mesmo é verdade para a remoção do EPI após a observação dos doentes. É realizada a observação dos doentes em enfermaria. Posteriormente, discutimos em equipa a orientação de todos os doentes internados, um a um, em que os vários médicos, de diferentes especialidades, procuram dar os seus melhores contributos. Ainda, sempre que possível, é contactada telefonicamente a família de todos os doentes internados, todos os dias, no sentido de

dar conta da sua situação clínica, dado que as visitas de familiares não são permitidas. Em resumo, apesar de a rotina clínica em enfermaria de doentes COVID-19 apresentar várias particularidades, posso dizer que toda a atividade clínica tem decorrido com tranquilidade e organização, o que não seria possível sem o excelente espírito de equipa e entreajuda que se vive entre todos os profissionais de saúde das várias classes profissionais. O sistema de saúde português estava preparado para esta pandemia? Ninguém estava preparado para a maior calamidade de saúde pública que

os profissionais atualmente em funções alguma vez conheceram. A maioria dos hospitais não foi concebida para uma doença tão contagiosa – e potencialmente tão grave – como a COVID-19. Por exemplo, a nível internacional, constatamos que mesmo os melhores sistemas de saúde do mundo não resistiram à pressão causada pela pandemia – veja-se, por exemplo, a situação calamitosa vivida no norte de Itália. O Hospital de Santo António, um dos hospitais portugueses de referência para o tratamento da COVID-19, tem tido uma tarefa logística de enormíssima dimensão, que se traduziu fisicamente numa profun-

da reestruturação de serviços inteiros e numa total reorganização de circuitos de doentes e profissionais. A título de exemplo, uma zona contígua ao Serviço de Urgência foi convertida em área dedicada ao atendimento hospitalar inicial de casos suspeitos de COVID-19, em tempo recorde. Múltiplos serviços, clínicos e não clínicos, foram deslocalizados e convertidos para dar lugar a doentes COVID-19. A par da vertente física, observou-se uma gigantesca mobilização de meios humanos, clínicos e não clínicos, que implicou inéditas transformações na atividade clínica de rotina e um grande esforço >>>


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<<< de ensino e aprendizagem de novos procedimentos e rotinas, no sentido de não só cuidar dos doentes COVID-19, mas também manter o seguimento regular e os cuidados urgentes e inadiáveis de todos os restantes doentes, dentro das restrições vigentes. Atualmente, apesar do evoluir da situação pandémica em Portugal e de o Serviço Nacional de Saúde já se encontrar numa situação frágil antes de tudo isto acontecer, considero que o Hospital de Santo António tem conseguido reunir todas as condições para permanecer eficazmente na linha da frente da prestação de cuidados de saúde a doentes COVID-19. Quantas horas está ao serviço diariamente? Geralmente, realizo turnos contínuos de 12 horas, de forma rotativa com os restantes elementos da equipa médica que integro. Penso que o esquema de rotação implementado está a funcionar bem. Não estamos perante uma corrida de velocidade, mas sim perante uma maratona… e ninguém sabe quando vamos “cortar a meta”. Assim, há que gerir de forma equilibrada o esforço dos profissionais. Alguns profissionais acabam por começar a acusar uma certa fadiga pela carga da atividade assistencial e da vertente burocrática associada, outros contraem COVID-19… mas é fundamental que continuem a existir “soldados” saudáveis e com energias para “lutar” eficazmente no “campo de batalha”. No final de cada dia ou turno, qual é o sentimento? Para além do sentimento de dever cumprido – porque tenho a perceção de que os profissionais de saúde tentam sempre dar o seu melhor em prol dos doentes –, há um acumular diário de vivências muito significativas. Recordo os doentes que, por detrás das suas máscaras, fazem rasgados sorrisos, de satisfação e profunda gratidão pelos seus progressos na caminhada que é ser doente COVID-19.

Recordo os familiares dos doentes que, telefonicamente, ora demonstram apreensão e preocupação pela situação dos doentes, ora pronunciam palavras de esperança e alegria pelos progressos dos doentes, ora confortam e estimulam os profissionais de saúde a continuar a fazer mais e melhor. Recordo todos os profissionais que comigo trabalham, médicos e não médicos, e que têm sido fundamentais para mantermos um ótimo ambiente de trabalho. Recordo os momentos de ansiedade e preocupação quando verificamos que alguns dos nossos doentes estão a evoluir desfavoravelmente. Recordo a enorme felicidade que todos sentimos quando os doentes COVID-19 podem regressar a casa. Aqui, não posso deixar de destacar alguns doentes jovens, previamente saudáveis, que no decurso do internamento passaram por Cuidados Intensivos, que já estiveram em real risco de vida e que demonstram o seu profundo reconhecimento e apreço pela vida. Em resumo, sinto-me diariamente privilegiado e agradecido por continuar a ter saúde, energia e motivação para trabalhar e cuidar dos outros. Não sente receio de ser infetado ou infetar os seus? Apesar do elevado risco de contágio inerente à COVID-19, creio que tenho conseguido gerir esse receio de contaminação – minha e/ou dos meus familiares. Antes de mais, conforme referi anteriormente, todos os médicos e demais profissionais de saúde que prestam cuidados a doentes COVID-19 estão sempre munidos de EPI completo, o que reduz o risco de contágio dos profissionais, embora existam vários casos de infeção COVID-19 entre profissionais de saúde. Além disso, tenho tido redobrados cuidados de higiene e distanciamento social no domicílio. De resto, as alterações à minha rotina são as que acontecem na vida da generalidade dos portugueses.

A nossa função é tão importante como a de tantos outros cidadãos que diariamente têm lutado com afinco para manter tantas das atividades que damos como adquiridas e são essenciais para que a nossa sociedade se mantenha de pé. O que seria de todos nós sem esses trabalhadores de incontáveis áreas profissionais imprescindíveis? Poderá este ser um dos seus maiores desafios enquanto médico? Espero ter longos anos de vida profissional pela frente para enfrentar futuros desafios que surjam! Naturalmente que não consigo prever o que o futuro me reserva, mas posso dizer que este está a ser um desafio único, não só na vertente clínica, mas também na vertente humana. Grande parte da prestação de cuidados de doentes COVID-19 internados em enfermaria não difere substancialmente do que é feito em ambiente de enfermaria geral, embora existam várias especificidades, cuja aprendizagem tem sido muito enriquecedora para a minha formação como médico. Além disso, eu e os profissionais de saúde com quem trabalho sentimos verdadeiramente que trabalhamos para um objetivo comum – prestar os melhores cuidados a doentes COVID-19 internados em enfermaria –, sem as tradicionais fronteiras entre especialidades médicas, o que sem dúvida fortalece ainda mais a nossa união e solidariedade.

Como vê as manifestações de agradecimento aos profissionais de saúde? Enquanto profissional de saúde, penso que é fundamental cuidarmos de todos os doentes com dedicação, serenidade, honestidade e, acima de tudo, humildade. Não devemos perder o norte da nossa missão, do nosso papel – não só nesta pandemia, mas também durante toda a nossa vida profissional. Assim, a meu ver, a nossa função é tão importante como a de tantos outros cidadãos que diariamente têm lutado com afinco para manter tantas das atividades que damos como adquiridas e são essenciais para que a nossa sociedade se mantenha de pé. O que seria de todos nós sem esses trabalhadores de incontáveis áreas profissionais imprescindíveis? Eu, e todos os meus colegas, só temos a agradecer, todos os dias, pela extraordinária mobilização da sociedade civil em torno desta pandemia. É extremamente animador, por exemplo, observar empresas que se reinventam para

produzir equipamento de proteção individual (máscaras e viseiras, por exemplo), constatar o florescer de inúmeras iniciativas solidárias e de variadas ofertas de cidadãos e empresas… Tenho também a perceção de que, em geral, os portugueses estão a encarar com seriedade esta pandemia, cumprindo as normas de distanciamento social e dever de recolhimento domiciliário. E esse é, sem dúvida, um dos maiores agradecimentos que os restantes cidadãos podem dar aos profissionais de saúde. Quem fica em casa está a ajudar o nosso Serviço Nacional de Saúde, e, por conseguinte, os seus profissionais, a manter uma resposta de qualidade para todos os doentes portugueses, COVID-19 e não COVID-19. Para além de médico, é docente. Como consegue gerir o tempo? Sim, exatamente, desde 2018 sou docente de Pneumologia, que faz parte de uma das cadeiras do quarto ano do Curso de Medicina. Sou responsável por aulas práticas – previstas para serem lecionadas em enfermaria de Pneumologia – de duas turmas. Os alunos de Medicina são uma das minhas prioridades. Encaro com grande entusiasmo e sentido de responsabilidade a missão de contribuir para a formação dos futuros médicos. O eclodir da pandemia de COVID-19 em Portugal coincidiu com o início do segundo semestre letivo, pelo que, neste semestre, todos os docentes foram repentinamente confrontados com a impossibilidade de lecionar aulas em ambiente de enfermaria. Como será possível imaginar, tal implicou um considerável esforço de reorganização das aulas, adaptando-as ao ensino a distância. Além disso, os próprios alunos viram-se privados do contacto direto com doentes, que são o centro da Medicina e, por conseguinte, do ensino médico nos anos clínicos. Felizmente, tenho conseguido manter regularmente a atividade de ensino, lecionando todas as semanas a ambas as tur-

mas, por videoconferência, geralmente ao fim de semana, mediante a minha disponibilidade. A recetividade, flexibilidade e compreensão por parte dos meus alunos têm sido excelentes. Temos conseguido tirar muito partido do tempo em que nos reunimos virtualmente. Discutimos casos clínicos em conjunto, explico os conceitos teóricos e práticos que fazem parte do programa da disciplina… sendo inevitáveis as referências à COVID-19, até porque esse é um tema enquadrável em vários dos assuntos da Pneumologia. Assim, é para mim um privilégio dar o meu contributo para que, apesar dos constrangimentos atuais, os futuros médicos não deixem de cuidar da sua formação, de desenvolver o seu raciocínio clínico e de pensar que a sua atividade profissional futura está sempre centrada no doente. Quando isto passar, qual a primeira coisa que vai fazer? Pergunto-me: “Quando é que isto vai passar?”. Não sei, penso que ninguém ainda sabe ao certo. Todos nós ansiamos abraçar os nossos familiares, os nossos amigos, os nossos colegas de trabalho, trabalhar sem restrições, viajar… Ter uma vida dita “normal”, sem a sombra de um inimigo invisível (o vírus). O retorno a essa “normalidade” será um processo demorado, progressivo. Aliás, será que esta pandemia marcará o início de uma nova “normalidade” na vida moderna? Seja como for, certamente teremos um longo período de enormes restrições à vida que todos nós vivíamos antes desta pandemia. Resta-nos encarar o dia a dia com a serenidade possível, adaptando as nossas atividades às atuais exigências. Uma mensagem final… Esta é uma luta de todos nós, em que devemos dar o nosso melhor. É um caminho duro, de sofrimento e de perda, mas estou certo de que todo o nosso esforço valerá a pena. No fim de tudo isto, estaremos mais unidos, mais fortes e melhores seres humanos.


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“SNS24, bom dia” No natal de 2001 recebi um carrinho de médicos. Vinha muito bem equipado, com tudo o que um médico precisa: um estetoscópio de brincar, um martelo de reflexos de brincar, um bisturi de brincar. É fácil influenciar uma criança de 4 anos, e naturalmente, anunciei poucos dias depois a toda a família que queria ser médica, quando fosse grande. Com o passar dos natais, o carrinho foi acumulando pó, no canto do meu quarto. Quis ser cientista louca - que mais tarde se revelou, tragicamente, uma profissão inventada -, astronauta, pianista, tatuadora, jornalista. O interesse pela medicina só regressou na adolescência, a altura mais perigosa para tomar decisões importantes sobre o futuro, e durante a qual somos forçados a fazê-lo, mesmo assim. Mas tive sorte. Porque aos 14 anos, estava enganada sobre quase tudo, mas não sobre isto. Com naturalidade e sem grande hesitação, embarquei no curso de medicina e, em simultâneo, nos cinco anos mais felizes da minha vida, até agora. Gosto muito de usar a expressão “até agora”. Serve para quase tudo e nunca falha na tarefa - por vezes aparentemente impossível - de acrescentar esperança aonde ela faz falta. Ao longo deste período, sempre que a fasquia subia e as horas de sono eram escassas, brincava e dizia, entre amigos, que o meu maior desejo era, afinal, ganhar o salário mínimo a servir pipocas à porta do cinema, das 9h às 17h. Chegar a casa, tirar os sapatos, sentar-me no sofá sem relatórios para escrever. Matutar sobre o que fazer para o jantar (será que ainda há um resto do almoço do fim‑de‑semana?). Escolher um filme logo a seguir. Um que eu

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já tenha visto e do qual goste só um bocadinho, para poder adormecer com o barulho de fundo dos diálogos. Há algo maravilhoso na rotina. Na tranquilidade de conhecer o amanhã. Na previsibilidade de um domingo, durante sete dias seguidos. Anunciei este novo sonho, confiante, vezes sem conta, durante épocas de exames, enquanto tirava notas complexas sobre fisiologia renal, enquanto via tutoriais online sobre como interpretar um electrocardiograma, enquanto programava, relutante, um despertador para dali a 5 horas. Hoje, saio da cama às 6h30, mas sem intenções de estudar. Visto umas calças de ganga confortáveis e as minhas sapatilhas favoritas. Giro a chave do carro na ignição e o rádio acorda, com uma canção de Ella Fitzgerald que vai a meio e o volume demasiado elevado. Conduzo durante 40 minutos, através de ruas praticamente desertas, sob janelas de onde baloiçam, pendurados, lençóis com as cores do arcoÀ chegada, avisam-me que “os abraços são proibidos”, uma frase que demoro a digerir e -íris, que anunciam que me parece retirada de um romance de ficção distópico. com um otimismo cego que “Vai Ficar Tudo Bem”. À chegada, avisam- teza que sinto quando respon- nos outros dias da semana, não E quero tanto estar lá que -me que “os abraços são proibi- do: “SNS24, bom dia, fala Da- quero vir para casa com o cheiro dou por mim no sótão, numa dos”, uma frase que demoro a niela Nogueira, em que posso ser a pipocas na minha roupa. Não busca desenfreada pelo carrinho digerir e que me parece retirada útil?”. quero adormecer durante um de médicos. Procuro o estetosde um romance de ficção distóNesse momento sou assolada filme razoável depois de jantar a cópio de brincar, o martelo de pico. Resigno-me à alternativa por uma certeza inabalável. Em lasanha que sobrou do dia ante- reflexos de brincar, o bisturi de - um “bom dia” tímido, a 2 me- 22 anos, vai cabendo muita coi- rior. Quero sair, estar lá, no meio brincar. Não os encontro. “Doatros de distância de toda a gen- sa, e nos meus, cabe já um gran- da confusão, a ajudar a respirar mos isso há uns anos”, diz a mite. Dão me uns auscultadores de apreço por estes pontos finais quem não é capaz de o fazer so- nha mãe. com um microfone incorpora- tão raros. Sinto saudades de usar zinho, a dar esperança aos pais, E fico em casa. E escrevo, e do, sentam-me em frente a um o estetoscópio, o martelo de re- aos filhos, aos irmãos e aos ne- leio, e corro, e espero um dia poecrã. O telefone toca. Atendo e flexos, o bisturi. Afinal não quero tos de alguém que merece voltar der fazer mais do que isso. tento disfarçar na voz a incer- a previsibilidade de um domingo para o conforto da sua casa. Daniela Nogueira

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“Os serviços hospitalares adaptaram-se à nova realidade” Olá, o meu nome é Veríssimo Gil Miranda da Silva, enfermeiro português, natural da freguesia de Ribeirão e estou, atualmente, a trabalhar no Reino Unido, mais propriamente na Escócia, na cidade de Dumfries. Recentemente, fui destacado com outros colegas para trabalhar nos Cuidados Intensivos do Hospital desta cidade, o Dumfries and Galloway Royal Infirmary. O departamento foi dividido em duas áreas, a área “limpa” para pacientes com resultado negativo e a área “suja” para os doentes com resultado positivo para a Covid 19. O primero contacto com doentes com teste de resultado positivo é sempre um motivo de ansiedade e nervosismo. Os serviços hospitalares adaptaram-se à nova realidade e os profissionais de saúde também alteraram as suas rotinas. Deste modo, antes de entrarmos nos quartos, protegemo-nos, equipando-nos com luvas normais, máscara FPP3 com respirador, gorro cirúrgico, bata cirúrgica, a qual nos cobre a frente e as costas, viseira protetora e outro par de

luvas cirúrgicas esterilizadas. Ficamos irreconhecíveis! Só posteriormente, de forma a evitar riscos de contaminação, é que entramos no quarto do doente, de cama única, onde colocamos mais um avental descartável e outro par de luvas. Os dias são bastante cansativos, trabalhamos 12 horas por turno. Acresce-se que com todo o equipamento de proteção a temperatura corporal aumenta muito e estamos constantemente a transpirar, não podemos beber água, logo ficamos em ligeiro estado de desidratação, assim como com dificuldade em respirar pelo uso contínuo, mas necessário, das máscaras . Nestas 12h do turno, temos três intervalos, de 30min cada, nos quais temos de nos hidratar, alimentar, aliviar o “sufoco” provocado pela máscara, entre outras necessidades básicas. Terminado o turno e antecedendo à saída do hospital, tomo banho para evitar quaisquer salpicos contaminados e diminuir, consequentemente, a probabilidade de trazer o vírus para casa. No entanto, e dada a gravidade da

situação, em termos de contaminação, quando chego a casa faço novamente a higiene corporal e de vestuário, isto é lavo de novo as mãos, a cara, retiro a roupa que levei para o trabalho e desinfeto-me. Só após estes procedimentos é que entro na zona “limpa” da casa, sim porque também em família dividimos a entrada da casa entre “zona limpa” e “zona suja”. Receio que no Reino Unido os casos positivos aumentem exponencialmente e faço um apelo para que todos os cidadãos, dos vários países, sejam agentes de saúde pública! Deixo então a mensagem, como o meio mais eficaz de agir, para reduzir a expansão do vírus, protejam-se todos e, sempre que possível, não saiam de casa, pois estão ajudar não só a vocês e à vossa família, como todos os outros, inclusive os profissionais de saúde.

Veríssimo Gil Miranda da Silva, Enfermeiro da Unidade dos Cuidados Intensivos, no Hospital Dumfries and Galloway Royal Infirmary

Testemunho de um enfermeiro

“É de extrema dificuldade o uso dos equipamentos de proteção” No bloco operatório do Hospital de Braga temos recebido muitos doentes Covid 19 positivos para cirurgias emergentes ou inadiáveis sem as quais a vida desses doentes estaria em risco. Para além dos doentes Covid 19 positivo, estamos a operar de igual modo todas as outras urgências e emergências do doentes que não apresentaram teste positivo. Todos os doentes que estão internados são testados. Quando se

tratam de emergências e não há tempo de fazer o teste esses doentes são tratados como casos positivos, para não existirem riscos. Temos no Bloco operatório uma separação física para doentes positivos e negativos. Pessoalmente já tratei de doentes com teste positivo, por varias ocasiões, sendo que neste momento os casos são já muitos. As maiores dificuldades com que nos deparamos são uma mu-

dança constante de procedimentos, devido ao aumento exponencial de casos, o que faz com que a logística esteja sempre a ser alterada para acomodar o aumento diário de casos. No âmbito do trabalho de dia-a-dia é de extrema dificuldade o uso dos equipamentos de proteção, os quais são muito quentes, muito pesados, muito apertados, tornam dificil respirar e o seu uso prolongado produz feridas na

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cara e nas mãos. Para alem disso acresce o esforço de passar por vezes 5 ou 6 horas nesse ambiente sem puder beber ou ir à casa de banho. Existe alguma falta de equipamentos, estas falhas têm sido colmatadas por ofertas de entidades privadas, às quais aproveito para agradecer. O que fazemos diariamente no Bloco Operatório é salvar a vida de doentes Covid e não Covid.

Muitos dos meus colegas isolaram-se da família e dos filhos estando sem os ver pessoalmente, em alguns casos já há mais de um mês. Desde o dia 14 de Março que não vou a casa dos meus pais em Ribeirão, só saio de casa para ir trabalhar ou ao supermercado, nada mais.

Bruno Miguel da Silva Costa, Enfermeiro Instrumentista no Bloco Operatorio do Hospital de Braga

António M. C. Silva PINTOR DE CONSTRUÇÃO CIVIL

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8  Especial Covid-19

Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

Medidas Covid 19 – empresas e trabalhadores independentes

No âmbito da crise epidémica da COVID 19 foram criadas pelo governo um conjunto de medidas temporárias que visam ajudar as empresas e famílias a suportar o impacto económico desta pandemia. Pedro Couto

Flexibilização do pagamento de impostos e contribuições

Há novas datas para o cumprimento de algumas obrigações fiscais, possibilidade de pagamento fracionado de impostos e contribuições e diferimento do pagamento de contribuições.

Novas datas para IRC

O pagamento especial por conta, que em circunstâncias normais teria de ser efetuado durante este mês de março, pode ser efetuado até 30 de junho de 2020. A data do primeiro pagamento por conta e do primeiro pagamento adicional por conta foi alargada até ao final de agosto, em vez do final de julho. A entrega da declaração de rendimentos do IRC (Modelo 22) relativa ao exercício de 2019 pode, por sua vez, ser cumprida até 31 de julho. A data prevista na lei é 31 de maio.

Pagamento de impostos

As empresas e os trabalhadores independentes podem fracionar a entrega do IVA – quer se encontrem no regime mensal ou no trimestral – e das retenções na fonte do IRS e IRC. O pagamento destes impostos pode, assim, ser fracionado em três prestações mensais, sem juros, ou em seis prestações, sendo aplicáveis juros de mora às três últimas prestações mensais, sem que seja necessário prestar garantia. A medida não impede que, quem assim o entenda, possa realizar o pagamento de forma imediata, nos termos habituais. Esta flexibilização aplica-se a empresas e trabalhadores independen-

tes com um volume de negócios até 10 milhões de euros em 2018, ou com início de atividade a partir de janeiro de 2019. Os restantes trabalhadores independentes e empresas podem beneficiar deste fracionamento do pagamento de impostos, no segundo trimestre de 2020, caso registem uma quebra do volume de negócios de pelo menos 20% na média de três meses anteriores ao mês em que exista esta obrigação, face ao período homólogo do ano anterior.

Pagamento das contribuições sociais

O pagamento das contribuições sociais devidas entre março e maio de 2020 pode ser reduzido a um terço nos meses de março, abril e maio, sendo o valor remanescente relativo aos meses de abril, maio e junho, liquidado a partir do terceiro trimestre de 2020, usando os moldes do pagamento fracionado aplicável ao IVA e retenções na fonte. Estão abrangidas por esta medida, de forma imediata, as empresas com até 50 postos de trabalho. Já as que têm até 250 trabalhadores poderão aceder a este mecanismo se tiverem verificado uma quebra no volume de negócios superior ou igual a 20%. Está ainda previsto que os trabalhadores independentes que nos últimos 12 meses tenham tido obrigação contributiva em pelo menos três meses consecutivos, e que se encontrem em situação comprovada de paragem da sua atividade ou da atividade do respetivo setor em consequência do surto de covid-19, podem pedir o diferimento das contribuições.

Este pagamento diferido das contribuições inicia-se no segundo mês posterior ao da cessação do apoio e pode ser efetuado em prestações (até 12).

Isenção de contribuições

O Governo aprovou também um conjunto de apoios imediatos de caráter extraordinário, temporário e transitório, dirigido a trabalhadores independentes e empregadores afetados pelo surto da covid-19, que incluem a isenção temporária do pagamento de contribuições para a Segurança Social. Esta isenção visa as contribuições referentes às remunerações relativas aos meses em que a empresa seja beneficiária das medidas excecionais.

Execuções fiscais suspensas

Entre as medidas de índole fiscal que visam garantir os postos de trabalho e aliviar a tesouraria das empresas, inclui-se também a suspensão, por três meses, dos processos de execução fiscal e contributiva.

Apoios extraordinário à manutenção do contrato de trabalho em situação de crise empresarial (lay off simplificada)

Para aceder a estes apoios, consideram-se três tipos de situação de crise empresarial: a) O encerramento total ou parcial da empresa ou estabelecimento, decorrente do dever de encerramento de instalações e estabelecimentos, previsto no Decreto n.º 2-A/2020, de 20 de março, ou por determinação legislativa ou administrativa, nos

termos previstos no Decreto-Lei n.º 10-A/2020, de 13 de março, na sua redação atual, ou ao abrigo da Lei de Bases da Proteção Civil, aprovada pela Lei n.º 27/2006, de 3 de julho, na sua redação atual, assim como da Lei de Bases da Saúde, aprovada pela Lei n.º 95/2019, de 4 de setembro, relativamente ao estabelecimento ou empresa efetivamente encerrados e abrangendo os trabalhadores a estes diretamente afetos; b) A paragem total ou parcial da atividade da empresa ou estabelecimento que resulte da interrupção das cadeias de abastecimento globais, ou da suspensão ou cancelamento de encomendas; c) A quebra abrupta e acentuada de, pelo menos, 40 % da faturação, no período de 30 dias anterior ao do pedido junto dos serviços competentes da segurança social, com referência à média mensal dos dois meses anteriores a esse período, ou face ao período homólogo do ano anterior ou, ainda, para quem tenha iniciado a atividade há menos de 12 meses, à média desse período. É um apoio financeiro extraordinário atribuído à empresa, por trabalhador, destinado exclusivamente ao pagamento de remunerações, durante períodos de redução temporária de horários de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho A entidade empregadora tem direito a um apoio da segurança social no valor de 70% de 2/3 da retribuição normal ilíquida de cada trabalhador abrangido, até ao limite de 1.333,5 euros por trabalhador, para apoiar o pagamento dos salários. Se o empregador optar pela redução do período normal de trabalho, a compensação é

atribuída na medida do estritamente necessário para, conjuntamente com a retribuição de trabalho prestado na empresa ou fora dela, assegurar o montante mínimo de 2/3 da remuneração normal ilíquida do trabalhador, ou o valor da Remuneração Mínima Mensal Garantida (RMMG) correspondente ao seu período normal de trabalho, consoante o que for mais elevado. Durante a aplicação do apoio, a entidade empregadora está isenta de pagamento de contribuições para a segurança social na parte da entidade empregadora, mantendo-se a quotização de 11% relativa ao trabalhador.

Apoio financeiro extraordinário para os trabalhadores independentes

Foram criados dois tipos de apoios financeiros. O primeiro destina-se a quem tem filhos menores até aos doze anos ou, independentemente da idade, que sofram de deficiência ou doença crónica, e permanece em casa por causa do fecho dos estabelecimentos de ensino ou de apoio à primeira infância ou deficiência. O trabalhador independente pode ter um apoio financeiro excecional durante o período em que for decretado o encerramento da escola, exceto se coincidir com férias escolares. O valor corresponde a um terço da base de incidência contributiva mensal referente ao primeiro trimestre de 2020. Para um período de 30 dias, o limite mínimo é de 438,81 euros (valor do Indexante de Apoios Sociais

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Especial Covid-19  9

Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020 <<< - IAS) e o máximo são 1097,03 euros (valor de 2,5 IAS). Se o período de encerramento do estabelecimento de ensino for inferior a um mês, recebe o valor proporcional. Este apoio também é requerido através da Segurança Social Direta, em formulário próprio, e deve ser declarado na declaração trimestral, estando sujeito à respetiva contribuição para a Segurança Social. Se, durante o encerramento da escola decretado pelo Governo, a criança ficar doente ou em situação de isolamento definido pela autoridade de saúde, aplica-se o regime geral de assistência a filho, suspendendo-se o pagamento da prestação excecional de apoio à família. Ou seja, este não pode ser acumulado com a assistência a filho que esteja impedido de frequentar a escola. Se o cônjuge estiver em casa em teletrabalho, o outro não pode beneficiar deste apoio extraordinário. Se ficar em isolamento profilático ordenado por uma autoridade de saúde e não puder exercer a sua atividade profissional (nem mesmo através de teletrabalho, por exemplo) devido ao perigo de contágio pelo COVID-19, tem direito a subsídio de doença. Neste caso, a atribuição do subsídio não está sujeito ao período normal de espera, que é, em regra, de 10 dias. O montante a receber corresponde, nos primeiros 14 dias, a 100% da remuneração de referência. Depois disso, os valores são os referentes ao subsídio de doença em situações normais: • 55% até ao 30.º dia; • 60% do 31.º ao 90.º dia; • 70% do 91.º ao 365.º dia; • 75% a partir do 366.º dia

O outro apoio é para quem viu a sua atividade profissional reduzida totalmente. Todos os trabalhadores abrangidos exclusivamente pelo regime dos trabalhadores independentes, e que não sejam pensionistas, podem requerer, através da Segurança Social Direta, o pagamento de um apoio extraordinário. Para tal, é preciso que tenham contribuições para a Segurança Social três meses consecutivos, ou seis meses intercalados, há, pelo menos, 12 meses. Para terem acesso ao apoio, têm de estar numa das seguintes situações: • paragem total da atividade ou do setor em que a desenvolvem. Para comprovar esta paragem, devem entregar uma declaração em que atestam, sob compromisso de honra (ou do seu contabilista, se estiverem no regime de contabilidade organizada), que a atividade cessou; • quebra abrupta e acentuada de, pelo menos, 40 % da faturação nos 30 dias anteriores à apresentação do pedido junto da Segurança Social, em comparação com a média mensal dos dois meses anteriores ou com o período homólogo do ano anterior. Para quem tenha iniciado a atividade há menos de 12 meses, o que conta é a média desse período. Para comprovar a redução da faturação, basta entregar uma declaração do próprio e uma certidão de um contabilista certificado. O apoio é mensal, começa a ser

pago no mês seguinte ao da apresentação do requerimento e pode ser prolongado até seis meses. Quando o valor da remuneração registada como base de incidência contributiva é inferior a 1,5 IAS (Indexante dos Apoios Sociais: 658,22 euros), o apoio tem o limite máximo de 438,81 euros. Nas situações em que é igual ou superior a 1,5 IAS, o apoio pode ir até valor do salário mínimo nacional (635 euros). O apoio também pode ser concedido aos sócios-gerentes de sociedades, bem como aos membros de órgãos estatutários de fundações, associações ou cooperativas com funções equivalentes àqueles, desde que não tenham trabalhadores por conta de outrem, estejam exclusivamente abrangidos pelo regime de segurança social nessa qualidade e, no ano anterior, tenham tido uma faturação inferior a 60 mil euros. Para quem beneficie do apoio financeiro, o pagamento das contribuições para a Segurança Social mantém-se, mesmo enquanto estiver a recebê-lo. No entanto, é possível pedir o adiamento do pagamento para depois da cessação do apoio. Neste caso, o pagamento será feito a partir do segundo mês que se segue à cessação da ajuda, num prazo máximo de 12 meses, em prestações mensais e iguais. O trabalhador independente continua a ter de entregar a declaração trimestral quando a ela esteja obrigado.

Incentivo financeiro extraordinário para apoio à normalização da atividade da empresa

É um apoio financeiro extraordinário à normalização da atividade da

empresa, a conceder pelo IEFP, I.P., quando se verifique a retoma da atividade da mesma. O valor do apoio corresponde à retribuição mínima mensal garantida (635 euros) multiplicada pelo número de trabalhadores ao serviço do empregador, pago de uma só vez. As Entidades empregadoras que tenham beneficiado do apoio extraordinário à manutenção de contrato de trabalho ou do plano extraordinário de formação, por terem estado em situação de crise empresarial nos termos definidos no Decreto-Lei n.º 10-G/2020, de 26 de março.

Apoio excecional à familia para trabalhadores por conta de outrém

Esta medida aplica-se a trabalhadores que exercem atividade por conta de outrem e que faltem ao trabalho por motivos de assistência a filhos ou outros menores a cargo, menores de 12 anos, ou com deficiência/doença crónica independentemente da idade, decorrente de encerramento do estabelecimento de ensino. O trabalhador tem direito a um apoio excecional, correspondente a 2/3 da sua remuneração base, ou seja, não inclui outras componentes de remuneração. Este apoio tem como limite mínimo 1 RMMG (635.00) e como limite máximo 3 RMMG (1.905.00) e é calculado em função do numero de dias de falta ao trabalho. O apoio não inclui o período das ferias escolares e neste momento está previsto o prolongamento até ao final do ano escolar. Não pode haver sobreposição de períodos entre progenitores.

Apoio às empresas e familias moratória de créditos

A moratória destina-se a Particulares, Empresários em Nome Individual (ENI), Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), associações sem fins lucrativos e as demais entidades da economia social, Pequenas e Médias Empresas (PME) e outras empresas do sector não financeiro. A moratória tem como objetivo proteger famílias portuguesas, em matéria de crédito à habitação, e as empresas que estão a registar quebras nos negócios devido ao surto Covid-19, permitindo que estas adiem o pagamento das suas responsabilidades perante as instituições financeiras durante este período. Com esta medida, pretende-se garantir a continuidade do financiamento às famílias e empresas e prevenir eventuais incumprimentos resultantes da quebra inesperada de rendimentos. A moratória irá vigorar por 6 meses, até 30 de setembro de 2020. Durante este período, os contratos de crédito são suspensos; em contrapartida, o prazo contratado do crédito será estendido, no futuro, por mais 6 meses. Durante este período, os beneficiários não terão de pagar nem prestações de capital nem juros. Esta medida é especialmente direcionada aos empréstimos à habitação, aliviando as famílias dos encargos com as prestações da casa durante este período, e às empresas, permitindo que elas preservem as condições para a manutenção da sua atividade após a crise determinada pelos impactos na economia do COVID 19.

Marco Cruz


10  Especial Covid-19

Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

Mensagem do Presidente da Junta de Freguesia de Ribeirão

“Tudo o que fazemos é a pensar no melhor para todos” Sabemos todos hoje da gravidade da pandemia Covid 19 que se instalou em todo o mundo. A 16 de março, tendo consciência da gravidade da situação, demos notícia de que o serviço de atendimento na Junta de Freguesia sofreria alterações no sentido de nos preservarmos a todos ou seja, a secretaria continuava a funcionar e o atendimento do presidente também, mas com pequenas alterações. Isto para nos protegermos a todos. Fomos acompanhando a evolução e o agravamento da situação e tomamos medidas como encerrar espaços públicos nomeadamente parques infantis e polidesportivos. Tomamos medidas no acesso ao cemitério que se tornaram indispensáveis. Tivemos inclusivamente de encerrar o cemitério, com toda a carga emocional que esta decisão provoca em todos nós. Tudo o que fazemos é a pensar no melhor para todos. Em Ribeirão até ao momento os focos de contaminação não se fizeram sentir nos lares nomeadamente no Lar de Santa Ma-

ria e muito se deve à forma responsável como a direção atempadamente tomou as medidas necessárias e ao empenho de todos os colaboradores. Esperamos todos que assim continue. Agradeço aos ribeirenses a adesão e a consciencialização de que tínhamos de alterar os nossos hábitos, as nossas rotinas, porque a situação impõe que assim seja. Aprendemos todos os dias e em cada situação a forma de ultrapassar cada momento. Estamos atentos às necessidades dos cidadãos que nos procuram e a todos encaminhamos para as instituições adequadas de forma a dar respostas às dificuldades de cada um. O Município tem assumido tudo o que é possível para o controlo das diversas situações. Criou os espaços de reserva em pavilhões para as eventualidades necessárias. O Presidente anunciou várias medidas de apoio aos cidadãos e às empresas. Deu os sinais com medidas de apoio necessários às famílias para melhor poderem fazer face às dificuldades do dia-a-dia.

Pedro Couto

Teremos certamente de nos reinventar para dar respostas a muitas necessidades sociais, mas também temos de ser proactivos na procura das oportunidades e soluções para a resolução dos nossos problemas. O País foi se apercebendo da gravidade de tudo o que se estava a passar. As instituições também tomaram as medidas necessárias acautelando sempre a segurança das pessoas. O governo foi endurecendo a sua atuação à medida que a situação evoluía, decretando o encerramento dos estabelecimentos de ensino e decretando o Estado de Emergência. Talvez em algumas situações devesse agir e não reagir depois da pressão da comunicação social, como no caso de vários lares. Podemos até discordar da metodologia das conferências de imprensa e teremos muitas razões para isso, mas acredito que se

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deve à falta de preparação para enfrentar uma situação desta gravidade. Tivemos um Presidente da República que depois de inicialmente também estar um pouco na expetativa, depois tomou noção da gravidade e disse ao Pais que ia acompanhar e tomar decisões sempre que fosse necessário, mesmo que mais musculadas como foi o caso do Estado de Emergência. Prometeu que exigiria a todos que falassem verdade sobre toda a evolução do combate à Pandemia. O Governo e o Primeiro Ministro também procuraram tomar as melhores decisões, quero acreditar que o que não correu tão bem tenha sido por impreparação para este problema com tamanha gravidade. Temos presente que esta pandemia já fez muitas vítimas. Que continua a ser um vírus muito imprevisível e invisível. Os profissionais de saúde tudo fazem, são eles que estão na linha da frente, arriscam tudo e muitos perderam a sua própria vida, são uns heróis e credores da nossa admiração e gratidão. O Pais está quase parado, muitas questões se levantam, as instituições e as empresas já estão con-

frontadas com muitos problemas financeiros, muitas até equacionam se terão capacidade de sobrevivência. Muitos dos seus colaboradores sentem uma insegurança quanto ao seu futuro na entidade empregadora. Vivemos tempos duvidosos em relação ao nosso futuro como Mundo, País e Comunidade. Teremos certamente de nos reinventar para dar respostas a muitas necessidades sociais, mas também temos de ser proactivos na procura das oportunidades e soluções para a resolução dos nossos problemas. Não sabemos quanto tempo precisamos para ultrapassar esta pandemia, mas uma coisa vamos tomando consciência, é que muita coisa mudou nas nossas vidas. Os nossos comportamentos não mais serão os mesmos, despertamos para uma realidades que não pensávamos algum dia equacionar. Sinto que há uma consciencialização das pessoas para colaborarem com as orientações que nos chegam do S.N.S., das Forças de Segurança, do Governo e do Presidente da República. As indicações e os dados que são do conheci-

mento geral indicam que talvez seja possível pensar que brevemente a vida das pessoas possa, com todas as cautelas, retomar algumas rotinas. Existe, no entanto, uma grande preocupação e alguma expetativa de como vão funcionar as aulas aos alunos nos diversos escalões. Tem de existir uma grande adaptação dos alunos, dos pais e dos professores para que o processo escolar possa funcionar. A economia do país começa a dar sinais de que não pode esperar, mas não pode haver precipitação, sob pena de perdermos o que de positivo tem sido feito no combate ao Covid 19. A economia e a saúde têm de ser compatíveis, só assim haverá sucesso neste processo. Não existem grandes dúvidas de que as dificuldades de muitas empresas vão influenciar negativamente a estabilidade também de muitas famílias. Desejamos que tudo possa voltar à normalidade com a maior brevidade possível, mas sejamos prudentes, pois é aqui que pode haver o sucesso ou o retrocesso da situação. Valerá a pena não nos precipitarmos e tudo no final irá ficar bem!

Adelino Oliveira


Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

O essencial na celebração da Páscoa Os fiéis cristãos de Portugal e de outros países, neste ano 2020, não puderam participar no essencial da celebração da Páscoa. Apenas a “participação virtual” lhes foi oferecida. E, certamente, nem todos tiveram acesso ou manifestaram interesse. Para recordar o que é essencial na celebração da Páscoa cristã, recorremos ao Catecismo da Igreja Católica. Aí se afirma que “a passagem de Jesus para o Pai, por sua Morte e Ressurreição – a Páscoa nova – é antecipada na Ceia e celebrada na Eucaristia…” (1340). Portanto, a Páscoa cristã está intimamente ligada à celebração da Eucaristia. Mais adiante, refere o catecismo: “Quando a Igreja celebra a Eucaristia, faz memória da Páscoa de Cristo, e esta torna-se presente” (1364). No número anterior, afirma o CCE: “A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a actualização e oferecimento sacramental do seu único sacrifício” (1362). Não é necessário citar mais números do Catecismo para concluir que a celebração da Eucaristia é o essencial da Páscoa. É na Eucaristia que a Igreja faz memória, torna presente o Sacrifício da Cruz e o triunfo de Jesus sobre a Morte. Estamos a falar de verdades super-sabidas por todos.

P. Manuel Joaquim

As pessoas celebraram a Páscoa como puderam: em família, com alguma celebração da Palavra de Deus; utilizando alguns símbolos que recordam a Páscoa – a Cruz florida; assistindo à celebração da Eucaristia difundida pelos meios áudio-visuais.

Não pudemos celebrar

Privados da Eucaristia, os cristãos não puderam celebrar o essencial da Páscoa. Não estamos a culpar ninguém nem a provocar escrúpulos de consciência. Não se trata disso. Trata-se de não colocar o essencial da celebração da Páscoa naquilo que é secundário. As pessoas celebraram a Páscoa como puderam: em família, com alguma celebração da Palavra de Deus; utilizando alguns símbolos que recordam a Páscoa – a Cruz florida; assistindo à celebração da Eucaristia difundida pelos meios áudio-visuais. Mas não puderam participar, verdadeiramente, na Eucaristia. Certamente com muita pena; mas não puderam.

Sinais errados

Depois de recordar o que dissemos acima, estamos convencidos de que, em alguns locais, foi dado um sinal errado, ao dar demasiado relevo ao que é secundário. Até parece que essas manifestações exteriores é que são o essencial da Páscoa.

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É muito fácil pensar: “Tivemos Páscoa”… a Eucaristia é secundária. É só se puder ser… Não pomos em causa a boa intenção das pessoas. Mas o sinal dado induz em erro. Além disso, na Diocese de Braga, por indicação do Senhor Arcebispo, avisado pelas autoridades civis, foi reforçada a proibição, já comunicada antes, de não realizar “Compasso” Pascal nem no Domingo de Páscoa, na Segunda-feira ou no Domingo de Pascoela. Alguns não respeitaram? Esqueceram que a “obediência vale mais que muitos sacrifícios”!

Os sinais pascais em Ribeirão

Na paróquia de Ribeirão procuramos assinalar a Páscoa com o repique festivo dos sinos no momento do “glória” e no final da Vigília Pascal. No adro e dentro da igreja procuramos que houvesse sinais pascais. No domingo de Páscoa, houve repique festivo dos sinos às 10 h., 12 h. e 19,30 h. Durante a manhã e à tarde procuramos colocar música pascal no adro da igreja. Havia confinamento das pessoas, é verdade. Poucas terão ouvido! Mas era o

que estava ao nosso alcance. O Boletim Semanal estava em distribuição na igreja e no Quiosque Central, juntamente com a pagela pascal. Só quem pôde passar por esses locais teve acesso à versão impressa do Boletim Semanal. Quem segue a página do FB da paróquia de Ribeirão pôde ler o Boletim Semanal e a Mensagem Pascal que continha. Agradecemos a todos os que ajudaram a realizar estes sinais. Celebramos a Vigília Pascal na igreja, à porta fechada, com a colaboração dos dois Seminaristas da nossa paróquia e do sacristão. Rezei por todos os ribeirenses. E no domingo de Páscoa celebrei a Santa Missa, na igreja, à porta fechada, com a colaboração dos mesmos que ajudaram na Vigília. E ofereci a Missa por todos os ribeirenses. Que o Senhor tenha aceite o meu esforço e pena por estar a celebrar a Eucaristia na igreja vazia de fiéis. Peço a graça de, o mais brevemente possível, nos podermos juntar para celebrar os Santos Ministérios.

Casa Mortuária de Ribeirão está a ser remodelada Já são visíveis as obras que estão a decorrer na Casa Mortuária do cemitério de Ribeirão. A Junta de Freguesia está a proceder a uma remodelação no sentido de criar condições para que possa haver duas salas disponíveis para os velórios e simultaneamente para que todos tenham melhores condições de conforto para acompanhar os seus familiares e amigos nestes momentos de despedida. Também o exterior será objeto de inter-

venção, no sentido de melhorar a imagem da Casa Mortuária. A junta de Freguesia está a aproveitar esta circunstância de limitação do uso do cemitério devido ao confinamento a que todos estão obrigados pelas medidas de contenção provocadas pela crise do Covid-19. Desde já se pede a compreensão dos Ribeirenses para qualquer incómodo que estas obras possam causar.


12  Especial Covid-19

Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

Agrupamento de Escolas de Ribeirão adapta-se em tempo de COVID-19 Avaliações do 2º período

Na sequência do encerramento das atividades lectivas, provocado pelo Covid-19, o Ministério da Educação remeteu no dia 13 de março um comunicado, dando orientações às escolas e divulgado a toda a comunidade educativa. Entre os vários pontos aí enunciados, e no que dizia respeito à realização das reuniões (Conselho Pedagógico, Diretores de Turma, Departamento, Conselhos de Turma) previstas para este 2.º período, é referido que “as reuniões e as atividades dos docentes poderão ser realizadas à distância, sempre que possível”. Nesse mesmo comunicado refere que “a avaliação sumativa do 2.º período será efetuada no período normal, com base nos elementos disponíveis nesse momento (incluindo os ainda a recolher) e no caráter contínuo da avaliação”. No dia 23 de março, a Direção Geral da Educação foi mais específica e informou as escolas que as reuniões dos conselhos de turma de avaliação de final do 2.º período se deviam realizar no período de interrupção das atividades letivas (de 30 de março a 13 de abril), de acordo com a calendarização elaborada por cada Agrupamento. Assim fez o Agrupamento de Escolas de Ribeirão que elaborou o seu programa e o remeteu a todos os professores. Todos os professores procederam ao lançamento, no programa, das suas propostas de avaliações, número de aulas dadas, número de aulas previstas e enviaram para o Diretor de Turma de cada uma das suas turmas, por escrito, via email, uma análise (sintética) do comportamento, assiduidade, pontualidade e aproveitamento, destacando as situações mais relevantes. Estas reuniões foram realizadas à distância, sendo, em regra, em simultâneo, ou seja, decorreram no dia e hora previsto no calendário, com a duração máxima de duas horas, e com a presença de todos os professores do conselho de turma. No AER as reuniões foram realizadas com o recurso à plataforma Zoom. Para prestação de apoio às Edu-

cadoras, Professores do 1.º ciclo e Diretores de Turma, os professores da área das tecnologias estiveram disponíveis, via email ou via telefone. Nos casos de manifesta impossibilidade de participação (simultânea) a partir do Zoom, conside-

rando os recursos tecnológicos pessoais à disponibilidade de cada docente, a diretora disponibilizou, na Escola Básica de Ribeirão, computadores portáteis e tabletes onde foram disponibilizados os meios técnicos para a participação

numa reunião (simultânea) a partir do Zoom. Todo este trabalho foi desenvolvido de forma excelente, conforme o testemunho de Elsa Carneiro, diretora do Agrupamento, “e exigiu uma boa coordenação entre educadores/ professores, diretores de turma, alunos, pais e encarregados de educação.”

3.º período, nada vai ficar como dantes

“Este é o momento de pensar no coletivo. E, na transformação que hoje, mais do que nunca, começamos a perceber que é preciso mexer, nomeadamente na geometria da escola, na gestão e desenvolvimento do currículo, nos programas, na avaliação dos alunos, na formação contínua dos professores, na utilização das ferramentas tecnológicas”

Esta situação imprevista trouxe um volume acrescido de trabalho nas tarefas dos professores para que os alunos pudessem manter rotinas de trabalho diárias durante a suspensão das atividades letivas, recorrendo aos meios tecnológicos existentes e possíveis para comunicação à distância. “Ninguém estava preparado para esta nova e inesperada forma de ação/interação pedagógica/educativa à distância. Mesmo nas situações em que o próprio conhecimento e/ou prática no uso dos dispositivos e das ferramentas não foi, nem é o melhor, ninguém desistiu e todos foram procurar aprender. E fizeram-no muito bem.”, referiu Elsa Carneiro. Mesmo estando o AER a aguardar orientações por parte da tutela, já estão a ser equacionadas algumas

questões e sugestões, nomeadamente: “Provas de Aferição, não fazem sentido realizarem-se; Provas finais do 9º ano, devem ser suspensas. É necessário ter em atenção a não acentuação de assimetrias e de constrangimentos (alunos e professores) por menor conhecimento e prática no uso de dispositivos e ferramentas ou não acesso à Internet ou meios informáticos. O trabalho pedagógico à distância, via plataformas, nem sempre cumprirá a sua principal finalidade, pois não chegará a todos, mesmo que em muitas das famílias chegue em boas condições, com excelentes experiências e com grande qualidade. Mas, parece-nos de expressão curta, se atendermos à escala do nosso Agrupamento”. Outros aspectos a ter em conta são, por exemplo, garantir-se que não exista um volume excessivo de trabalhos para casa (tarefas e soluções), sem interação, nem retorno. Os alunos do 1.º, do 2.º e do 3.º ciclos, no tempo próximo que aí vem e transitoriamente, deverão utilizar o recurso à TV (em sinal aberto). Como complemento ao recurso a disponibilizar pela TV, o Agrupamento utilizará uma das muitas plataformas existentes

que chegue a todos os alunos, entre outros recursos. Será implementada a formação dos professores na utilização prática do uso de dispositivos e ferramentas digitais. Elsa Carneiro sublinha que “Este é o momento de pensar no coletivo. E, na transformação que hoje, mais do que nunca, começamos a perceber que é preciso mexer, nomeadamente na geometria da escola, na gestão e desenvolvimento do currículo, nos programas, na avaliação dos alunos, na formação contínua dos professores, na utilização das ferramentas tecnológicas… É ainda tempo de pensar no coletivo, para mobilizar as Autarquias e outros parceiros estratégicos, como por exemplo, as empresas ligadas ao mundo tecnológico e digital e os operadores das redes de Internet. É indispensável que todos os alunos tenham acesso a equipamentos e ferramentas digitais que permitam a todos ter acesso ao ensino à distância.” Entretanto a direção do Agrupamento e os docentes estão a preparar o Plano de Ensino à distância que orientará o trabalho do 3º Período e que assentará em algumas ideias que nos foram expostas pela diretora do Agrupamento: “Ter um foco e promover o envolvimento e compromisso por parte de todos; facilitar o processo de acompanhamento e monitorização do Plano E@D: com a elaboração de um cronograma com as diferentes ações a desenvolver, os recursos humanos a envolver, indicadores, calendarização e metas a atingir; definir um plano de comunicação dirigido a todos os atores educativos assente num canal privilegiado de comunicação; criar rotinas diárias por nível de ensino, estruturado em torno de vários aspetos, organizacionais e funcionais.” E conclui Elsa Carneiro: “É desta forma empenhada que nos estamos a adaptar à nova realidade. Exige bastante mais trabalho, mudança de hábitos, mas todos estamos a dar o nosso melhor para que os nossos alunos não sejam muito afetados por todas estas novas realidades que terão que enfrentar no seu processo de aprendizagem.”


Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

Já abriu período excecional de candidaturas a bolsas de estudo Decorre até 15 de junho o período de candidaturas ao regime excecional para obtenção de bolsa de estudo aos alunos do concelho de Vila Nova de Famalicão que frequentam o ensino superior, cursos de especialização tecnológica e cursos técnicos e superiores profissionais, cujos agregados familiares viram o seu rendimento reduzido devido à pandemia do Covid 19. Os estudantes podem apresentar candidatura eletrónica no Portal da Juventude de Vila Nova de Famalicão, juntando os documentos solicitados na plataforma. Segundo o presidente da autarquia, Paulo Cunha trata-se de “um apoio extraordinário aos estudantes famalicenses cujas famílias foram surpreendidas por uma perda de rendimentos em consequência do Covid 19, trazendo novas dificuldades à continuidade dos seus estudos superiores”. Refira-se que se trata de um regime excecional tendo em conta que a autar-

quia atribuiu já este ano, no passado mês de março, 267 bolsas de estudo aos jovens que frequentam o ensino superior, o que representou um esforço financeiro municipal no valor de 167 mil euros. Nesse sentido, apenas se admite candidaturas cujos estudantes no corrente ano letivo não tenham sido já contemplados com este apoio municipal. A medida destina-

-se agora a compensar os agregados familiares que tenham perda de rendimentos por força do COVID 19, nomeadamente por desemprego, Lay-off, redução negociada de salário, redução de salário por baixa médica ou por assistência, entre outros fatores. Para o presidente da Câmara Municipal, “trata-se de mais um esforço financeiro do município para

ajudar os famalicenses nos seus encargos com a educação, neste caso, apoiando-os nesta fase difícil para todos”. Recorde-se que a medida de apoio aos jovens famalicenses foi aprovada em reunião do executivo municipal e insere-se no plano de reação à situação epidérmica e de intervenção social e económica, apresentado pelo presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha.

Pelo Concelho 13

Bolsa de Voluntários Covid 19

Em 24 horas, a bolsa de voluntários criada pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão para fazer face ao combate à propagação da pandemia da doença Covid-19 no concelho e para auxilio das pessoas, recebeu a inscrição de 80 pessoas com idades entre os 25 e os 45 anos. As tarefas com maior resposta são o apoio na alimentação, na compra de medicamentos e na ligação com as unidades de saúde para obtenção de receituário crónico. Os interessados deverão fazer a sua inscrição no site do Banco de Voluntariado de Vila Nova de Famalicão disponível em voluntariado.famalicao.pt, onde devem indicar a sua disponibilidade em termos de tarefas a desenvolver. O objetivo é criar respostas em diversas frentes, nomeadamente no apoio a cidadãos institucionalizados, seniores e portadores de deficiência; a cidadãos com infeção COVID – 19; na compra de medicamentos nas farmácias e entrega no domicilio; na compra e entrega de bens de primeira necessidade e entrega no domicilio; na ligação com as unidades de saúde para obtenção de receituário crónico, ajudar na limpeza e higienização de espaços e acolhimento temporário de animais de companhia. Refira-se que esta Bolsa de Voluntários Covid 19, insere-se no Banco Municipal de Voluntariado que foi criado em 2008, tendo como entidade coordenadora a Câmara Municipal. Este banco tinha cerca de uma centena de voluntários ativos. O Banco visa promover o encontro entre a oferta e a procura de voluntariado, sensibilizar os cidadãos e as organizações, divulgar projetos e oportunidades de voluntariado, contribuir para o aprofundamento do conhecimento do mesmo e disponibilizar ao público informações sobre voluntariado. Visa ainda acolher candidaturas de pessoas interessadas em fazer voluntariado, bem como receber solicitações de voluntários por parte de entidades promotoras, procedendo ao encaminhamento de voluntários para estas entidades e acompanhando a sua inserção.


14 Opinião

Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

V iver a cidadania

Oportunidades Por estes dias vivemos tempos diferentes. Somos actores desnorteados num palco que nunca imaginaríamos pisar. Mas isto não é uma peça de teatro. É a realidade com que de repente nos vemos confrontados e que contrasta em absoluto com o nosso estilo de vida de correrias e consumismo. As duas grandes preocupações, nossas e dos responsáveis políticos, são o ataque à doença e a recuperação da economia. São, sem dúvida, o foco de todos e das quais depende um mais rápido regresso à normalidade. Contudo o nosso estilo de vida está a sofrer um profundo abalo e a proporcionar-nos uma oportunidade para rever conceitos da nossa vida em comunidade. Não há velhos nem novos, pobres ou ricos, intelectuais ou operários. Todos estamos no mesmo barco. O que conta mesmo é que somos seres humanos, com igual dignidade, com os mesmos direitos e deveres. É, por isso, tempo de olhar para pessoas e grupos que se movimentam nas franjas desta panóplia social em que nos movemos distraidamente, envolvidos pelo frenesim que nos impele. E é tempo também de reflectir sobre profissionais até agora muito desconsiderados e que, nesta situação, mais sobressai a sua relevância social. Começo por referir os sem-abrigo. São centenas e centenas de pessoas que, pelas mais diversas razões, vivem na rua enfrentando intempéries e passeando a sua solidão. Isto acontece normalmente por razões económicas, mas também as há de carácter mental e psicológico. Quando acontecem situações de emergência, como a que vivemos, ou em períodos

climatéricos rigorosos, as entidades acorrem a mitigar situações extremas e durante algum tempo o tema está na ordem do dia. Depois tudo volta ao normal. E restam as associações de solidariedade a distribuir refeições por becos e vãos de escada atenuando a pobreza destes seres que se arrastam na noite. Marcelo Rebelo de Sousa colocou a situação dos sem-abrigo como uma das prioridades que quer ver resolvidas. De vez em quando aflora o problema. Mas quem o ouve? Terá de haver uma acção concertada entre governo e autarquias para encontrar soluções, que terão de passar pela disponibilização de tantos edifícios públicos sem qualquer utilização, depois de devidamente preparados para o efeito. Isto é utópico? Não é, se pensarmos em termos de comunidade e quisermos de facto promover a coesão social. A situação nas cadeias também nos deve fazer reflectir. Infelizmente há muitos cidadãos cujo comportamento é deveras reprovável a todos os níveis e que devem ter o castigo adequado e muitas vezes esse castigo é a privação da liberdade. São cidadãos com alguns dos seus direitos suspensos, mas não deixam de ser cidadãos. De vez em quando transparece a situação que se vive em algumas cadeias, com problemas de sobrelotação, alimentação degradante e falta de condições de higiene e de segurança, propícia a frequentes actos criminosos. Também há testemunhos de pessoas que puderam desfrutar de condições razoáveis de sobrevivência para além da privação da liberdade. Os casos positivos, contudo, não anu-

Santos Oliveira

O nosso estilo de vida está a sofrer um profundo abalo e a proporcionarnos uma oportunidade para rever conceitos da nossa vida em comunidade. Não há velhos nem novos, pobres ou ricos, intelectuais ou operários. Todos estamos no mesmo barco. O que conta mesmo é que somos seres humanos, com igual dignidade, com os mesmos direitos e deveres. É, por isso, tempo de olhar para pessoas e grupos que se movimentam nas franjas desta panóplia social em que nos movemos distraidamente, envolvidos pelo frenesim que nos impele lam as situações negativas em que é posta em causa a dignidade humana. No contexto desta pandemia, o governo deliberou conceder liberdade definitiva ou provisória a mais de um milhar de presos que obedecessem a determinados critérios e o Presidente da República irá indultar sobretudo aqueles que estão em maior risco de ser contaminados. Isto vem de encontro ao que afirmamos sobre a situação que se vive nos estabelecimentos prisionais. Não será uma forma de querer reajustar o sistema? Esta poderá ser uma oportunidade para repensar o sistema prisional, as condições em que

funciona e a forma como se faz ou não a reinserção social das pessoas detidas. Os presos são cidadãos com alguns direitos suspensos, mas com a sua dignidade intocável. E é assim que devem ser tratados por um Estado que deve promover a coesão social dos seus cidadãos. Muitos lares de idosos, de norte a sul do País, têm sido notícia, a maior parte das vezes pelas piores razões. Um terço das mortes causadas pelo COVID 19 tem acontecido nestes estabelecimentos de apoio à terceira idade. Sabe-se que se trata de uma população de risco, que se torna elevado quando associado a outras

patologias. A pessoas que estão nos lares são os nossos maiores, aqueles que ajudaram a construir a sociedade de hoje, lutando, trabalhando, educando. Há muitos lares com todas as condições para proporcionar uma velhice vivida com dignidade. O Lar do Centro Social Paroquial de Ribeirão é sem dúvida um bom exemplo. Mas como se compreende a existência de lares ilegais, sem condições de dignidade, em que os idosos estão armazenados, à espera da morte? Lares em que não existem nem condições de salubridade, nem qualquer plano de assistência médica e sanitária, capaz de responder a situações de emergência? Não será um dever de um Estado civilizado criar condições para alterar tudo isto? Talvez o que tem acontecido ao longo desta pandemia ajude a sociedade e os responsáveis políticos a repensar a situação dos idosos que vivem nos lares. Também isto é uma exigência da coesão social que todos desejamos para o nosso País. Não pode continuar tudo na mesma, senão é mais uma oportunidade perdida. O sistema nacional de saúde é a linha avançada da luta contra este maldito vírus que nos apanhou desprevenidos e virou do avesso todo o nosso estilo de vida, matando milhares, obrigando ao confinamento de milhões, deixando um rasto de desemprego e pobreza por todo o mundo. Os médicos, os enfermeiros, os técnicos e os auxiliares são quem constitui este exército que vive por estes tempos dias difíceis, de cansaço, de medo, de separação das famílias. Acresce em muitos casos a falta de meios para desenvolverem o seu trabalho

de forma satisfatória, fruto do desinvestimento no serviço de saúde. Como é possível sentirem-se incentivados nesta gigantesca tarefa, com ordenados mínimos e, no caso dos enfermeiros, a quem se exige uma formação superior, com vencimentos líquidos de 900€ e com uma carreira que não obedece a critérios justos, conforme tem vindo a denunciar a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros? Quem já viveu situações de internamento hospitalar pode testemunhar o trabalho, a responsabilidade e a dedicação que estes profissionais colocam na sua actividade. Certamente que não é o vencimento que os motiva, mas o amor à profissão que escolheram. Tudo isto ajuda a explicar a emigração de tantos que hoje sobressaem nos países que os acolheram. Esta é uma oportunidade para tudo isto ser repensado, haja um reforço significativo nos serviços de saúde e um reconhecimento da competência e da necessidade que o País tem de poder contar com profissionais devidamente motivados. O nosso serviço de saúde precisa deles para poder estar preparado para enfrentar situações como a que estamos a viver. É tempo de pensarmos como comunidade. Quando tudo isto terminar, não podemos voltar aos velhos hábitos, aos mesmos conceitos de sociedade economicista. É tempo de repensar valores e de integrar aqueles que se movimentam nas franjas da sociedade ou que são desvalorizados proporcionalmente às funções que desempenham. Se isto acontecer, algo ficará de positivo, quando toda esta desgraça for ultrapassada.

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Opinião 15

Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020 O Lado Positivo da V ida

Os vizinhos e os amigos O COVID 19 veio baralhar as nossas vidas. As nossas rotinas diárias, o nosso trabalho, os nossos contactos sociais, a nossa vivência comunitária, foram profundamente alteradas. Sei que a normalidade será retomada, esperamos todos, o mais rápido possível, logo que o micro-organismo o permita. Porém, precisamos refletir e aprender com as circunstâncias que vivemos. A partir da minha experiência pessoal, gostaria de partilhar algumas realidades positivas que estou a viver e algumas realidades negativas que me estão a marcar. Começo por vos realçar a vida em família que este tempo me tem proporcionado, não só na quantidade desse tempo, mas também na qualidade do mesmo. Tenho a sorte de ter quatro filhos, todos eles adolescentes/jovens (um ainda é pré-adolescente…). A sua criatividade, a sua cumplicidade, o seu companheirismo, a sua vontade de trabalhar para que a vivência em casa e em família seja uma boa experiência, tem ajudado imenso ao bom tempo que temos passado e facilitado o trabalho do pai e da mãe, na gestão familiar. O tempo em casa tem ajudado a cuidar melhor dos espaços da casa, através de uma distribuição de tarefas, destacando os espaços exteriores que iam ficando sempre para trás, fruto da falta de tempo que me era tirado pelas minhas funções autárquicas e pelo meu envolvimento nos escuteiros; tem servido para que os filhos aprendam/

aprofundem o conhecimento gastronómico e a prática culinária; tem servido para a criatividade artística do cultivo da música coral em família; tem servido para a prática da leitura e para ver algumas séries que há muito se desejava ver, mas faltava o tempo; tem servido para rezar mais em família, conscientes de que “família que reza unida, permanece unida”, como nos dizia o saudoso Papa S. João Paulo II. Tem havido também mais tempo para estarmos juntos, onde a conversa à mesa não é estorvada, interrompida ou mesmo impedida pela correria dos afazeres diários e da vida social de cada um dos membros da família, que sendo coisas muito boas, por vezes também nos fazem desfocar das coisas primordiais e realmente importantes, para o nosso equilíbrio emocional e para o nosso sentido de comunidade familiar. Este equilíbrio emocional e o sentido comunitário adquiridos em família são essenciais para uma tomada de consciência do discernimento vocacional e da nossa missão em prol da comunidade, ajudando a construir um mundo mais solidário, mais humanista e mais ecológico, conscientes que todos temos a responsabilidade de “deixar o mundo um pouco melhor do que encontramos”, como nos inspirou Baden Powel, fundador do Escutismo. Há ainda outras aprendizagens que devemos tirar, mas de experiências menos positivas ou até mesmo negativas. Partilho convosco duas das situa-

Leonel Rocha

Este equilíbrio emocional e o sentido comunitário adquiridos em família são essenciais para uma tomada de consciência do discernimento vocacional e da nossa missão em prol da comunidade, ajudando a construir um mundo mais solidário, mais humanista e mais ecológico ções menos positivas que estou a experienciar e que me fazem refletir na importância daquilo que não estou a ter, fruto do confinamento social que o COVID 19 nos impôs a todos… A primeira experiência foi a impossibilidade de poder estar com pessoas que me dizem muito, ora para me despedir na sua partida para outra vida, ora para dar um abraço solidário àqueles que ficam a sofrer com a morte de alguém querido. Houve quatro casos que tal circunstância me tocou mais profundamente: no fim de semana de Ramos morreram as minhas duas vizinhas, a D. Laura, viúva do Sr. Gonçalves e a D. Olívia, esposa do Sr. Faria. Literalmente vizinhas, de ambos os lados da minha casa. Dois dias depois partiu o Sr. José Andrade, também ele vizinho do lugar de Ferreiros e ainda o Sr. Tomás Marafo-

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na, um amigo, da Póvoa de Varzim, pai de três filhos, entre os quais a minha madrinha de Casamento. Confesso que senti uma “revolta” contra o Coronavírus, porque me tirou a possibilidade de poder despedir-me das pessoas e, acima de tudo, de poder dar um abraço aos meus vizinhos e amigos. Contudo, fez-me também refletir na importância, no valor, na sorte que é ter bons vizinhos, simpáticos, solidários e bons testemunhos de vida em casal, de empenhamento na vida em família, contra todas as dificuldades da vida e bons exemplos no trabalho em prol da comunidade. Também refleti da importância dos amigos na nossa vida e a sua ação decisiva na construção da nossa personalidade, aquém aproveito para agradecer. Enquanto rezava em família pelos nossos vinhos e

amigos, dei por mim a pensar o quanto a correria do nosso dia a dia nos impede de gastarmos tempo com eles e de aproveitarmos a sua companhia enquanto estão entre nós. O outro aspeto negativo que senti neste confinamento foi a impossibilidade de poder comungar o Sagrado Pão Eucarístico. Para mim, crente, é um alimento essencial para o meu equilíbrio emocional e para a minha caminhada espiritual. Pude participar, online, à Eucaristia, mas o facto de não poder alimentar-me de Cristo Eucarístico, tem sido difícil. Em contrapartida tenho percebido, cada vez mais, o que é uma Comunhão Espiritual ou Comunhão de Desejo, a única a

que muitos Cristão “têm acesso”, fruto de não terem sacerdote próximo ou de estarem em situação de perseguição, pela única razão de serem cristãos. O confinamento social é, por isso, uma oportunidade de interiorização e encontro connosco próprios, no sentido de nos focarmos naquilo que mais importa para a nossa vida. Que este distanciamento forçado, aliado ao Tempo Pascal, no qual celebramos a Ressurreição, nos leve a desejar aproximar mais daqueles que nos são próximos, quer por razões familiares, quer por laços de amizade, quer também pela circunstância de vizinhança. Continuação de uma Santa Páscoa.

Parar, retemperar, avançar

É tempo de ficar em casa De regressar à caverna de onde vimos. É tempo de voltar ao lar, Metáfora do seio materno de onde saímos. É tempo de regressar ao nosso quarto, Imagem da toca onde retemperamos forças. É tempo de voltar ao essencial, Com a agenda esvaziada De cumprir os sempre urgentes recados de moços. Com vagar para apreciar o valor das pequenas coisas Que de repente se tornaram grandes para nós e para os outros. É tempo de parar, de meditar, de contemplar Para dar descanso ao planeta Terra, Nossa casa comum a requerer os nossos cuidados, Que precisava há muito destas férias de nós Agora surpreendentemente mais sossegados! É tempo para repensar o rumo, Com tempo para dar tempo Para acertar da vida o prumo Que permite um novo acerto e avançar. Tempo, esse grande escultor Que agora nos esculpe na espera de dias menos sós, Menos sombrios e menos tenebrosos, Em que multiplicaremos os beijos e os abraços Por aqueles que, enfim, percebemos, Quão para nós são mais valiosos! Medina de Gouveia

GRE

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Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

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Opinião 17

Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

Os testes No combate vitorioso sobre a pandemia do covid-19, o teste de rastreio ao vírus não é o único teste. Há que ter a consciência de que estaremos perante vários testes, com naturezas e âmbitos diferentes, igualmente decisivos para o futuro. Tenho contactado com diversas autoridades e profissionais de saúde que me têm feito questão de sublinhar o seguinte: o teste de rastreio ao vírus realizado a cada pessoa não é a solução para tudo. Esta afirmação deixou-me a pensar no seu significado, mas que acaba por ser óbvio. O resultado do teste só nos diz se, naquele momento, a pessoa está ou não infetada, mas nem é a cura, nem impede que possa vir a ser infetada. Se estiver doente precisa dos cuidados de saúde. Se o teste der negativo é preciso que mantenha todas as medidas preventivas e ativas para continuar a evitar ser infetado. Assim, as medidas de distanciamento e isolamento social, os cuidados de higiene e desinfeção, os planos de contingência e de organização coletiva contra a covid-19, bem como a capacidade

de resposta adequada do serviço nacional de saúde são um dos testes que temos de vencer. Não adianta nada realizar o rastreio se depois, cada um de nós e o Estado, não formos capazes de vencer o teste da prevenção e ação na saúde pública. Este é também o tempo dos testes de autoavaliação! Quais os valores e princípios que nos inspiram, orientam e praticamos? O que é realmente importante? Será que aprendemos alguma coisa, quer do ponto de vista individual quer enquanto sociedade, com as dificuldades que a covid-19 nos levanta? A emergência sanitária já está a provocar uma profunda e extensa crise económica e social que levará tempo a ultrapassar. Só com a mobilização de cada pessoa para esta batalha de superação poderemos vencer. Já devia ser claro para todos que é altura de sermos maiores do que o que fomos. Infelizmente, há muitos sinais preocupantes. Não sejamos hipócritas. Continuamos a ver muitas situações de egoísmos e vaidades pessoais, ao aproveita-

Nuno Sá

Quais os valores e princípios que nos inspiram, orientam e praticamos? O que é realmente importante? Será que aprendemos alguma coisa, quer do ponto de vista individual quer enquanto sociedade, com as dificuldades que a covid-19 nos levanta? mento de várias maneiras da situação de crise, aos conflitos, discussões e quezílias mesquinhas, às pequeninas disputas de protagonismo, às polémicas estéreis que só servem para seres humanos atacarem violentamente outros seres humanos e às ambições desmedidas de superioridade de uns que esmagam outros. Este caminho do capitalismo individualista, que nunca foi

desejável, revela-se agora totalmente insustentável. Há um teste de regeneração de prioridades, valores e comportamentos em que as respostas certas só podem ser dadas por mim, por si e por todos. Nesta reflexão sobre os vários testes quero sublinhar a prova distribuída à educação e ensino. Um diagnóstico que muito me sobressalta, porquanto estamos a falar das

GINÁSIO

NA HORA DE ALMOÇO

no ginásio das piscinas às 12h30

Segunda Quarta Quinta Sexta

condições do processo de crescimento das nossas crianças e jovens. Muito se tem falado sobre a telescola, os novos meios informáticos e da garantia a que todos acedam às aulas e conteúdos letivos. Contudo, não fico tranquilo e tenho muitas questões, até perplexidades, sobre o que se está a fazer e dizer neste setor. Reconheço os enormes esforços e trabalho árduo que o ministério da educação, os professores, auxiliares de ação educativa, encarregados de educação e alunos estão a realizar para assegurar o funcionamento das escolas. Toda a comunidade educativa tem sofrido muito com as restrições impostas e diariamente lutam para encontrar respostas para problemas que de todo não se anteviam. Porém, o aspeto psicomotor das crianças não tem sido debatido e esclarecido. Os alunos do básico até ao secundário vão permanecer sem aulas presenciais e em distanciamento social. A questão é que ir à Escola é muito mais do que aulas e estudo. A Escola é o espaço de excelência para o desenvolvimen-

to das crianças e jovens em todas as suas dimensões que ultrapassa muito os tempos letivos. As crianças não precisam de brincar umas com as outras? Não faz parte do processo de socialização dos mais jovens conviverem com outros indivíduos das suas idades? Como é que se confinam crianças apenas à habitação, impossibilitando-as dos espaços e atividades físicas ao ar livre? A privação que estas gerações estão a sofrer, e que será prolongada no tempo, não trará consequências? Sei bem que não há soluções perfeitas e que estas questões são complexas, mas por isso mesmo não deviam ser mais discutidas? O 25 de abril deste ano é em época de testes globais e a prova da sua celebração está a ser uma desilusão! Reconheço razão quer a argumentos contra quer a argumentos favor da cerimónia oficial na Assembleia da República. Aqueles que, a este propósito, aproveitam para atacar a democracia, promovem a divisão e fraturas entre os portugueses já falharam nos testes!

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18 Opinião

A polémica durou 8 dias e… acabou 8 de abril, quarta-feira, as imagens de uma intensa aglomeração de carros junto ao espaço da feira semanal de Famalicão percorrem o país, estão em todos os noticiários nacionais, inundam as redes sociais, são tema do comentário político, … Rapidamente um coro de vozes se levanta para sentenciar: isto é um escândalo, os famalicenses são indisciplinados e irresponsáveis, o presidente da câmara municipal é um irresponsável, a feira deve ser encerrada. Vamos aos factos. Os canais televisivos exibiram as filas de trânsito nas proximidades do espaço da feira semanal, mas não colheram imagens das obras de pavimentação em curso nas avenidas circundantes ao parque da feira. Não o fizeram deliberadamente. Não o fizeram porque era aí que residia a justificação para o

congestionamento do trânsito que inegavelmente teve lugar. Se o fizessem a notícia deixava de ser notícia e a notícia que quiseram passar era a de uma feira caótica e de uma violação flagrante ao estado de emergência. Pela mesmíssima razão, não filmaram o interior, nem tão pouco as entradas do recinto da feira. Da feira, que afinal não é uma feira, mas apenas um mercado de alimentação, um espaço onde só se vendem produtos alimentares. Um espaço que acolhe oitenta feirantes numa área de doze mil metros quadrados que habitualmente é usada por oitocentos. Um mercado de alimentação que cumpre todos os requisitos impostos pelas autoridades, que observa as mesmíssimas regras de qualquer outro espaço comercial coberto em Portugal, em termos de ocupação de espaço, de regras

Jorge Paulo Oliveira

A polémica durou 8 dias e… acabou. No dia 15 de abril, não havia filas de trânsito na Avenida Marechal Humberto Delgado, nem nas artérias circundantes ao recinto da feira. Não havia, porque já não decorriam obras de colocação de novo betuminoso nas imediações daquele espaço. de higiene, de saúde publica e de distanciamento social, sem ajuntamentos, muito menos multidões, com a melhor ventilação que se pode querer. Um espaço vedado que per-

mite ser vigiado, mais vigiado que qualquer espaço comercial fechado, no controle das suas entradas e no seu interior. Uma das razões pela qual algumas feiras do distrito deixa-

Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

ram de se realizar, mesmo na versão reduzida de um pequeno mercado de produtos alimentares, reside exatamente no facto dos seus espaços não serem vedados, como é o caso, por exemplo do recinto da feira de Barcelos. Neste quadro, cumpridas escrupulosamente todas regras que se impuseram, e elas estão a ser cumpridas, não há nenhuma razão para que este mercado de alimentação não continue a funcionar. Estamos a falar da venda de bens alimentares, de bens perecíveis, de bens que ao contrário de outros produtos não podem ficar em stock meses a fio sem se deteriorarem. Estamos a falar da nossa agricultura, dos nossos produtores locais ou regionais que precisam de escoar os seus produtos, cuja distribuição tem de ser assegurada, que todos temos de consumir. Estamos

a falar de bens de primeira necessidade, que os pequenos produtores tem de ter o direito de vender, como os vendem as grandes superfícies comerciais e que nós, enquanto consumidores, temos o direito de escolher onde os queremos adquirir. A polémica durou 8 dias e… acabou. No dia 15 de abril, não havia filas de trânsito na Avenida Marechal Humberto Delgado, nem nas artérias circundantes ao recinto da feira. Não havia, porque já não decorriam obras de colocação de novo betuminoso nas imediações daquele espaço. Acabara a razão para o congestionamento do trânsito, aquela que as televisões se recusaram a reconhecer. Não, os famalicenses não são irresponsáveis, o presidente da câmara municipal não é irresponsável, o mercado de alimentação não deve ser encerrado.

Pela Liberdade e política capaz aos cidadãos Abril! Que futuro teremos? O coronavírus tem sido uma ameaça sem precedentes na nossa vida, alterou radicalmente o nosso viver, continua a ceifar milhares de vidas e a arrombar a economia sem precedentes, mas juntos vamos vencer este inimigo invisível. O vírus mudou a sociedade mundial e provocou uma crise de lideranças. As novas tecnologias são fulcrais para eliminar o surto e para mover a economia. Vivemos na era da informação, mas não do conhecimento total! Qualquer título ou vulgar texto que vá de encontro às vagas expectativas populares é aceitável. Poucos verificarão a real veracidade ou o detalhe das questões com imparcialidade. Presentemente os meios de comunicação social baralham, acontecimentos, entrevistas, sondagens e muitas vezes a verdade fica bem distante dos cidadãos. A tudo que nos rodeia é imperativo a boa informação, o direito de expressão e valores que dignifiquem o ser humano no seu todo, em prol da sua vivência em sociedade e cidadania. É a Liberdade que move o Homem a ser grande no Pla-

neta que vive, mas é bem ao contrário o que acontece em factos e realidade. A incerteza e a insegurança feroz de um mundo complexo dominam presentemente a todos nós. A globalização e a sociedade digital estão a mudar o nosso espaço e a configuração como nos organizamos, desde o trabalho à sistemática política. Num mundo irresponsável que consome mais de três vezes a sua capacidade de regeneração de recursos globais, a economia impõe um desafio de alto nível e de mentalidade avançada, que pode permitir o acesso e produção de novos e vastos recursos. Inverte-se assim a dinâmica de escassez global que estamos a assistir, com a inconsciência de boa governação e segurança ao serviço de todos e, não de uns tantos caciques ditadores e perversos, esquecendo os Direitos do Homem no Mundo e a Liberdade. É a Liberdade genuína que move o Homem. Em diferentes dimensões, de satisfação imediata ou duradoura, de impressão tangível ou mística, mas sempre com o desígnio da Liberdade que abraçamos.

Firmino Santos

É a Liberdade genuína que move o Homem. Em diferentes dimensões, de satisfação imediata ou duradoura, de impressão tangível ou mística, mas sempre com o desígnio da Liberdade que abraçamos. A Humanidade sempre despertou para a necessidade de se proteger de moléstias e climas hostis. Foi impelida a combater malfeitores, cruéis sanguinários e lutou com o seu igual na disputa de lugar para se fixar autónoma. A Liberdade era conquistada pelo mais forte. Surgiram-se as comunidades da pré-história que estabeleceram e criaram identidade, associaram-se a comungar os mesmos direitos e valores em povoações fortificadas por muitas partes do globo. Houve

movimentos de procura, ocupação e conquista de território, de afirmação de tradições. Impuseram-se costumes e visões de sociedade. A luta que se travou foi pela Identidade Humana e Cultural, embrião do Homem na sua Vida. Os povos queriam ser livres, com identidade nas suas vivências, apesar das vicissitudes de outros pensamentos contrários, como a escravatura e as ditaduras. Após, séculos de história humana, inicia-se então a nova era para a Democracia Universal, com a luta

pela Liberdade de Pensamento e de Expressão. Foi necessário agir com aferro, promover e garantir o respeito pelo pensamento e opinião individual. Nesta luta, o fator libertador foi a Educação e o afinco que tanto nos orgulha. Presentemente vivemos a época dos Recursos e da Economia! O crescimento e desenvolvimento económicos são uma exigência das sociedades, o que levou a uma abertura do mundo. Apesar de imensos desaires os países estabeleceram laços entre si, desenvolveram relações comerciais, políticas e sociais. Prescindiram de parte da sua soberania e liberdade em nome de uma maior coesão social conciliadora, mas esqueceram-se de respeitar a Natureza com as alterações climáticas de poluição calamitosas. Quem mais tem, deveria estar disposto para o bem comum a apoiar quem mais necessita. Este relacionamento entre nações, famílias e empresas é, contudo um relacionamento de dependência económica. Não há uma ajuda abnegada, há sim expectativa de contrapartida, uma “condição ríspida”, como o FMI e

a UE. Há perda de liberdade de quem pede, há uma ação de domínio por parte de quem ajuda. Esta é a luta que se trava, a luta pela Liberdade Económica dos nossos tempos. Os grandes países muitas vezes não são solução, mas sim, problema contínuo para os povos mais carentes. É sempre a maldita ganância do lucro… Assim, se verifica a desunião na UE, países que contestam ajuda financeira a países membros, para salvar a economia e vidas humanas atingidas pelo COVID-19 que graça no mundo. Portugal tem-se tornado um país menos livre pela enorme dívida. Por erros dos governos e dos políticos, onde se tem verificado arrogância, abuso de poder, guerrilha política, populismo doentio, deturpação e direitos negados. Nestes 46 anos que comemoramos, após o 25 de Abril /74, Revolução dos Cravos, a nossa Democracia ainda carece de muita justiça, dignidade e valores que nos protejam. Abril é Liberdade, Fraternidade e Democracia. Vamos construir um Portugal melhor para todos, apesar dos espinhos que vamos enfrentar. A união faz a força!


Opinião 19

Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

Vamos, com entusiasmo, abrir as mãos que gostam de dar! Há dois meses atrás, parecia que finalmente o nosso país se tinha tornado autossustentável, com a apresentação de um saldo positivo nas contas públicas, pela primeira vez na história da democracia e que a vida dos cidadãos iria melhorar. No entanto, uma pandemia chinesa, que se julgava que ficasse por lá, acabou por entrar com “pezinhos de veludo”, sem fazer ruido, pela Europa dentro, até que chegou aqui, onde vivemos neste “cantinho à beira mar plantado”. Foi decretado o Estado de Emergência, que teve como consequências: fecho de escolas, comércio, locais de reunião e convívio, proibição de visitas a lares de idosos e a hospitais e colocou em quarentena e confinamento milhares de pessoas, na espectativa de que os estragos anunciados fossem contidos e não se tornassem tão nefastos como noutros países. Mas aquilo que se julgava pas-

sageiro, deu cabo de uma série de rotinas saudáveis: reuniões, caminhadas, devoções, procissões, celebrações e obrigou os cristãos a celebrar a Páscoa em casa. Algo que está a prolongar-se no tempo e a trazer de volta outras doenças, receios e a pobreza imerecida a muitas famílias. Para além das medidas governamentais anunciadas, a fim de proteger os trabalhadores das empresas que entraram em lay-off, e com perda de rendimentos, houve outras empresas que aproveitaram o momento e simplesmente decretaram falências, ou entraram em insolvência, colocando no desemprego milhares de trabalhadores. Quando estas calamidades são previstas, as pessoas preparam-se para o embate e tomam medidas auto protetoras, mas quando surgem de um momento para o outro, tudo se desaba. No entanto, há sempre alguns que

José Maria Carneiro da Costa

Eles estão onde poucos gostam de estar: distribuem comida, roupa, pagam água, luz, gás e medicamentos, bem como outras ofertas que recolhem de pessoas anónimas; eles dão-se sem medida, quer no seu ter, quer e no seu ser se safam, outros que morrem e aqueles que perdem tudo. Enquanto os apoios prometidos não chegam há que tratar os mais debilitados. Apareceram várias formas de ajuda divulgadas nas redes sociais. São procedimentos meritórios, que apesar

de estarem na moda, em muitos casos, tornam-se deprimentes para quem os recebe e elogiosos para quem dá e depois se exalta e divulga. Há até quem faça questão de se fotografar com os beneficiários, para depois colocar as imagens nas suas páginas da internet, quase como

um comprovativo do dever cumprido à espera de recompensa noutro sítio. Mas uma coisa é dar um testemunho a partir de uma ação, com alguém anónimo que foi ajudado, que permita entusiasmar outros a fazer o mesmo, outra será expor a pessoa ajudada, que gostaria de manter o anonimato e que o infortúnio a expôs perante a devassidão alheia. Sou um dos admiradores das Conferências Vicentinas da Sociedade de S. Vicente de Paulo, entre outras organizações. Os seus membros realizam um trabalho de bastidores fantástico, quase em silêncio, muitas vezes no recato da noite, junto das pessoas mais vulneráveis, mesmo sem estas o pedirem. Ninguém os vê nos jornais, nas redes de comunicação, ou nas televisões, mas desenvolvem um magnífico apostolado de proximidade, junto daqueles que mais necessitam. Eles estão onde poucos gostam

de estar: distribuem comida, roupa, pagam água, luz, gás e medicamentos, bem como outras ofertas que recolhem de pessoas anónimas; eles dão-se sem medida, quer no seu ter, quer e no seu ser; no dia seguinte procuram saber como passaram a noite, se os filhos foram às aulas e se continuaram a procurar emprego; eles não olham à religião, à cor da pele ou à etnia, se os auxiliados são bem ou mal comportados, se são casados ou amigados, eles olham à pessoa e acompanham o seu dia seguinte, para verificar se tudo está bem. Mas estes belos exemplos de pobres que ajudam os pobres, a partir da base, não chegam, é necessário que atempadamente as organizações do Estado tratem os pobres do mesmo modo que tratam as entidades bancárias e grandes empresas. E nós vamos continuar, com entusiasmo, abrir as mãos que gostam de dar!

Dra. Marta Cruz Dra. Luísa Tavares Médicas Dentistas Lic. F. M. D. U. P.

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20 Desporto

Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

Coronavírus dita términos dos campeonatos Devido à situação provocada pela pandemia do COVID-19 e da declaração do Estado de Emergência, foi anunciado no final de Março a conclusão das provas para os escalões de formação, e antes da Páscoa foi anunciada a decisão do término do campeonato para o futebol seniores. A AF Braga em comunicado emitido no dia 8 de Abril e em face da decisão da Direção da Federação Portuguesa de Futebol informou os Clubes Filiados que as Provas Oficiais Distritais do Escalão de Seniores foram, também, dadas por concluídas para a época desportiva 2019/2020. Está terminada

assim a época do Ribeirão FC na Pró-Nacional. Sendo que não deverão haver descidas de divisão, mas poderão haver subidas, as consequentes implicações desportivas só serão divulgadas e tomadas depois de a FPF divulgar as suas decisões sobre esta matéria, no entanto o Ribeirão permanecerá na Pró-Nacional na época 2020/2021. Este comunicado da AF Braga tem por base as decisões federativas, onde a Direção da FPF deu por concluídas as provas nacionais não-profissionais. Em reunião por teleconferência, com as associações distritais e regionais para análise do impacto da pandemia CO-

Bar do complexo desportivo assaltado VID-19 no futebol sénior não-profissional a Federação “entende que continuam a não estar reunidas as condições de saúde pública para que clubes com estruturas amadoras, como é próprio das provas em que participam, possam treinar e competir em segurança. Por outro lado, vigora em Portugal o Estado de Emergência, pelo menos, até ao dia 2 de maio, sendo possível a sua prorrogação. Estas circunstâncias impedem o normal decurso das competições, sendo imprevisível antever quando e se tais condições de saúde pública estarão reunidas ainda durante esta época desportiva”.

Rúben Gomes

Conclusão das provas oficiais dos escalões de formação Seguindo as orientações e decisões emanadas pela FPF, a Direcção da AF Braga decidiu dar por concluídas as provas oficiais dos escalões de formação, organizadas por esta Associação, no dia 30 de Março, deste modo termina a época para os escalões de formação do Ribeirão.

A AF Braga decidiu ainda que não serão atribuídos títulos de campeões distritais, nas provas por si organizadas, como consequência, não se aplica o regime de promoções e despromoções na época 2019/2020, seguindo desta forma a decisão da Federação portuguesa de Fu-

O bar do campo de treinos foi assaltado na madrugada do dia 26 de Março. Os ladrões forçaram a fechadura e arrombaram a porta, depois remexeram tudo à procura de valores, levando alguns bens do café e des-

truindo algum equipamento. Com este acontecimento e juntando às medidas de contingência implementadas devido à infeção de Covid-19, a direção do clube decretou “tolerância zero”, não permitindo a entrada a

pessoas no Complexo Desportivo. Na nota publicada nas redes sociais, os responsáveis ribeirenses afirmam que “os agentes da autoridade vão fazer vigilância apertada”.

RG

tebol, deixando um apelo “ao espirito de união que nos tem guiado, a todos, nesta luta contra um inimigo invisível. Não olhemos para o nosso umbigo, pensemos, antes em todos, sejamos todos, nem que seja por uma vez na vida, Campeões!”

RG

Agrupamento de Escolas de Ribeirão

Escola Básica nº 1/ Jardim de Infância de Ribeirão Informações

Devido à pandemia do novo coronavírus Covid-19, este estabelecimento de ensino adaptou o seu horário de funcionamento tendo em conta o Plano de Contingência estando a funcionar das 9 h às 15 h ininterruptamente. Para qualquer assunto, poderão deslocar-se ao local, telefonar ou enviar um email para o respetivo professor, educadora ou coordenadora de estabelecimento ou consultar o blogue. As vossas questões serão respondidas o mais rápido possível. O material escolar de cada aluno, o cheque-dentista para alunos nascidos em 2012 e 2009 e algumas fotografias serão entregues aos encarregados de educação em data agendada pelo respetivo professor titular de turma. Horário de funcionamento: 9 h às 15 h Telefone: 252 417 481 Email: escolabasican1ribeirao@gmail.com Blogue: omundoencantadoderibeirao.weebly.com/ O corpo docente não está presente mas está atento. Fiquem bem. A coordenadora de estabelecimento Júlia Martins

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Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

Visita a exposições culturais sem sair de casa A 18 de abril, data em que se assinala o “Dia Internacional dos Monumentos e Sítios”, a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão inaugurou uma nova ferramenta online que permite a visita de exposições sem sair de casa. A informação é disponibilizada através da plataforma “Famalicão ID” (acessível em www.famalicaoid.org), e vai

CUNCORTAVE

muito além das simples galerias de imagens, sendo que o cidadão poderá disfrutar dos diversos recursos produzidos no contexto de uma determinada exposição (posters, desdobráveis, catálogos; vídeos e notícias, mas também informação de painéis escrita) ou até relacionadas com a mesma (personalidades; edifícios; etc.). Os primeiros conteúdos disponibilizados dizem respeito à exposição fotográfica “Pinheiro Braga: O Engenheiro regressa a casa”. Periodicamente serão lançadas mais exposições, as quais serão oportunamente divulgadas através da página oficial de Facebook do “Famalicão ID”. A iniciativa promovida pelo Município de Vila Nova de Famalicão, através do Gabinete do Património Cultural, irá dar

Cultura 21

oportunidade aos famalicenses de visitarem exposições sem sair de casa. De acordo com os responsáveis a aposta nesta medida, apesar de estar a ser trabalhada há já algum tempo, surge agora com um novo ênfase face à atual situação provocada pelo COVID-19. Promover o acesso a atividades culturais neste período de isolamento, reforçando a identidade famalicense e criando conteúdos pedagógicos/educativos para o contexto escolar, são alguns dos principais objetivos desta iniciativa.

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22 Cultura

Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

Espaço do Socorrista

Quando a ansiedade não permite saborear as cores da vida A ansiedade é uma reação normal do indivíduo aos acontecimentos do dia-a-dia e, na quantidade adequada, ativa um estado de alerta e prontidão que lhe permite lidar da melhor forma com as diferentes situações do seu quotidiano. Ao longo do dia é comum as pessoas sentirem-se ansiosas em diferentes situações, seja por um problema no trabalho, antes de realizar um exame ou sempre que precisam tomar uma decisão importante. Embora seja uma reação normal e até necessária para o bom funcionamento humano, quando a ansiedade se manifesta sem razão aparente ou de uma forma excessiva e continuada, torna-se num problema de saúde, que poderá ser extremamente incapacitante e limitadora. A ansiedade é uma das perturbações mentais com maior incidência em Portugal: 1 em cada 6 portugueses sofre de ansiedade, é mais comum nas mulheres, e o ritmo de vida acelerado, as preocupações financeiras e o stress profissional são as suas principais causas. Posto isto, é importante estar atento a determinados sinais, tais

como: sentir medos que não são reais e que limitam o dia-a-dia; preocupar-se excessivamente com o que os outros pensam sobre si; evitar locais ou situações porque se sente desconfortável; sofrer por antecipação sem viver de forma plena; ter dificuldade em adormecer ou acordar várias vezes durante a noite; sentir dor e pressão física; confusão mental e apatia; ter pensamentos repetitivos que não consegue ultrapassar; sentir que está sempre acelerado até em situações calmas; e não conseguir sentir equilíbrio entre corpo e mente. Identificado o problema e de forma a obter novamente controlo sobre a sua vida, existem algumas estratégias que pode adotar, nomeadamente: a prática regular de exercício físico, capaz de aliviar os sintomas depressivos e baixar os níveis de irritabilidade (20-30 min. de exercício de intensidade moderada 3 a 4 vezes por semana); o relaxamento muscular progressivo, que ajuda a diminuir a tensão arterial e o batimento cardíaco, além de reduzir os níveis de cortisol e o cansaço e melhorar os ciclos de sono; e o controlo da respiração.

Realizar atividades que identifica como prazerosas, é também uma boa ferramenta para usar contra a ansiedade, pois ajudam a cuidar de si e grande parte das vezes reduzem as reações físicas que sustentam a preocupação e a ansiedade. Um grau adequado de ansiedade é útil para encarar os desafios que se colocam no seu

caminho, contudo, quando presente em quantidade excessiva, poderá ser prejudicial ao seu desempenho como profissional e indivíduo integrado numa sociedade. Cabe a cada um perceber qual o seu limite e agir de forma preventiva para evitar os aspetos negativos da ansiedade. Identificados os sinais é importante que adote estratégias para

mitigar o problema e assim recuperar o controlo da sua vida. É importante lembrar-se que ninguém está sozinho e sempre que necessário procure ajuda de um profissional de saúde. Uma dose de ansiedade na medida certa tempera e dá sabor aos sucessos e conquistas da vida.

Elsa Silva, Socorrista

Necrologia José de Azevedo Andrade, casado com Ilda Maria da Silva Costa Andrade, residente na Travessa de Ferreiros faleceu em 07-04-2020 com 57 anos de idade. Olívia da Ascenção Moreira da Fonseca, casada com Manuel Faria Machado, residente na Rua Central de Ferreiros faleceu em 04-04-2020 com 79 anos de idade. Laura da Costa Car-

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valho, viúva de António da Silva Gonçalves, residente na Rua Central de Ferreiros faleceu em 0304-2020 com 94 anos de idade. Celeste da Conceição Gomes da Costa Pereira, viúva de Manuel Dias dos Santos Junior, residente na Rua Agra Nova faleceu em 26-03-2020 com 94 anos de idade. Carla Manuela Pinto de Sousa Barbosa, casa-

da com Jorge Manuel da Fonseca Branco, residente na Rua João de Deus faleceu em 23-03-2020 com 35 anos de idade. Maria de Lurdes de Azevedo Paiva, viúva de Manuel Araújo Costa, residente na Rua das Alminhas faleceu em 2203-2020 com 84 anos de idade. Funerária Ribeirense


Cultura 23

Viver a Nossa Terra, 24 de Abril de 2020

Acabaram-se as desculpas Fechados em casa. Casa limpa, arrumada, revirada e desinfetada, que mais havemos de fazer? Nunca as casas mudaram a decoração em tão pouco tempo, nunca experimentamos tantos menus diferentes e sobremesas deliciosas. Com o tempo a sobrar, leituras e séries em dia, que mais posso eu fazer? Podemos cuidar convenientemente da nossa pele. Podemos fazer aquele exercício físico que adiávamos porque “não tenho tempo” e posso fazer os doze passos da cosmética coreana porque “já tenho tempo”. Posso treinar aquele olho esfumado e posso treinar aquele maldito delineado. Tempo não falta, então vamos aproveitá-lo. Pegue num papel e numa caneta e sente-se em frente a uma janela, já com o rosto lavado (podem usar gel de limpeza, leite de limpeza, água micelar – enxugando sempre o rosto com água depois de a aplicar) e vamos analisar a pele. Está vermelha? Das duas uma: ou o

produto de limpeza usado é demasiado abrasivo para a sua pele ou tem uma pele reativa. (Vá apontando as hipóteses que irão surgir). Tem poros abertos? Onde estão localizados? Tem borbulhas, pontos negros ou grãos miliums? Em que zona? Tem manchas? De que cor são e onde são? (Está a apontar a resposta a estas perguntas?) Tem olheiras? São fundas e escuras ou são do tipo papo? De que cor é a sua olheira: azulada, roxas, esverdeada, acastanhada ou castanha? Tem rugas? A sua pele, tem aspeto brilhante e viçoso ou é baça? Está com aspeto hidratada ou seca e a escamar? Agora vamos colocar o tónico. Após colocar o tónico, repete todas as questões apontando as respetivas respostas. Dá trabalho, mas valerá a pena. Chegamos à parte do creme (nesta análise da pele não aplicaremos séruns). Aplique o seu creme normal. Aplique a quantidade que costuma aplicar e aponte essa mesma quantidade no meu local de regis-

Estatuto Editorial n

O Viver a Nossa Terra é um jornal regional de publicação mensal com exceção para o mês de agosto. n  O Viver a Nossa Terra procura informar os seus leitores dos acontecimentos ligados à sua área geográfica e com pertinência pública. n  O Viver a Nossa Terra procura informar e acompanhar a realidade local com rigor. n  O Viver a Nossa Terra tem como princípios a isenção, a objetividade e o respeito pela dignidade humana. n  O Viver a Nossa Terra é um jornal independente e ideologicamente livre. n  O Viver a Nossa Terra respeita o valor da liberdade e da democracia. n  O Viver a Nossa Terra quer dar voz a iniciativas locais e ideologias diferenciadas, contribuindo para a formação de cidadãos livres, informados e participativos. n  O Viver a Nossa Terra valoriza a diversidade de opiniões e a discussão franca e aberta no respeito institucional e no respeito da lei e dos direitos individuais. n  O Viver a Nossa Terra quer chegar a todos os cidadãos sem acepção económica, ideológica, política, social, desportiva, cultural ou religiosa. n  O Viver a Nossa Terra procura a maturação e desenvolvimento dos seus conteúdos fugindo do sensacionalismo ou populismo. n  O Viver a Nossa Terra pretende estar na primeira linha dos avanços tecnológicos favorecendo o acesso digital à informação. Nos termos do artº 15.º da Lei de Imprensa com a alteração introduzida pela Lei n.º 78/2015, de 29 de julho

Marta Carvalho

to das perguntas e respostas (pode criar uma tabela para o efeito). Aguarde 5 minutos e repita o processo. Após responder às perguntas terá chegado a algumas conclusões: se tem a pele vermelha pode ser reativa ou ter rosácea ou os cremes não serem os indicados; se tem a pele seca, pode ser por o creme ser matificante, não ter aplicado a quantidade suficiente de creme ou o creme não ser o ideal para a sua pele; se tem a pele oleosa, certamente está a usar os pro-

dutos errados. Ou seja, tem de rever toda a sua rotina. Na grande maioria das vezes, os produtos usados são errados. Uma pele sensível, com rosácea ou reativa, deve usar produtos sem álcool (basta ler a lista de ingredientes e verificar se o álcool está presente e, principalmente, se está nos primeiros 10 ingredientes da lista). Se usa um produto matificante e antibrilho, tem certamente álcool nos primeiros ingredientes da lista. Outro erro que acontece é na quantidade apli-

Marta Carvalho martacarvalhomakeupartist. blogspot.com

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cada. Poupar no creme não leva a pele bonita, lamento. Frequentemente se verifica pessoas a colocar a quantidade necessária para a zona dos olhos em todo o rosto: não é suficiente. No mínimo (dependendo do tipo de creme), deverá colocar uma quantidade do tamanho de uma amêndoa no rosto. A partir daí, verificará se precisa de mais ou menos quantidade de creme. No primeiro contacto como o rosto, irá parecer que aplicou creme a mais. Massaje o creme no rosto e

verifique a que velocidade a sua pele absorve esse mesmo creme. A maioria das pessoas ficarão surpresas com a velocidade com que o creme desaparece. Quanto mais depressa desaparecer, com mais “fome” a sua pele estará. Se tem a pele oleosa após os cuidados, verifique também a composição do seu creme: tipo de óleos tem presente óleo de coco e de azeite são demasiado fortes para uma pele oleosa. Prefira cremes à base de água. Pele oleosa geralmente é desidratada. Evite também cremes com álcool pois irão secar demasiado a sua pele. Existem workshops e consultadorias online disponíveis para a ajudar neste assunto e assim esclarecer as suas dúvidas e aproveitar esta quarentena para cuidar da sua pele. Se for uma noiva que adiou o seu casamento, veja esta situação como uma oportunidade para ter uma pele fantástica no seu grande dia.

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Jornal “Viver a Nossa Terra” Número de Registo: 115254 Depósito Legal: 19.814/90

Propriedade e Edição: Clube de Cultura e Desporto de Ribeirão Número de identificação de pessoa colectiva: 501 828 567

5 10 15 20 25 30 6 11 16 21 26 31 7 12 17 22 27 8 13 18 23 28 9 14 19 24 29

Director: Miguel Maia Directora de Conteúdos: Gabriela Gonçalves Conselho Redactorial: Miguel Maia, Gabriela Gonçalves, José Couto, Joana Batista, Manuel Oliveira, Pedro Couto Paginação: Pedro Couto

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Entregue na sede do CCDR ou envie o cupão, devidamente preenchido para: CCDR, Av. 3 de Julho, Aptd 7039, 4764-908 Ribeirão Pode também entregar Assinatura no Quiosque Central anual: 10 € (em Frente à Junta de A cobrança será feita anualmente Freguesia de Ribeirão) com entrega do respectivo recibo.

Colaboradores: Aurélia Azevedo, Esmeraldina Carneiro, Jorge Paulo Oliveira, Firmino Santos, Leonel Rocha, José Maria Carneiro Costa, Marta Carvalho, Maurício Sá Couto, Nuno Sá, Estúdio Sá (fotografia), Joaquim Almeida, Leonor Matos, Pedro Oliveira (Atletismo), Rúben Gomes (Futebol). Gestão financeira: Florinda Silva Publicidade: Ana Mesquita, João Santos Assinaturas e Expedição: Ana Isabel Oliveira, Patrícia Silva

Impressão:

Diário do Minho, Limitada Sucessora Rua de Santa Margarida, nº 4, 4719 Braga. Sede do CCDR, Viver a Nossa Terra, Escola de Música do CCDR: Av. 3 de Julho, 92 - Vila de Ribeirão Apartado 7039 - 4764-908 Ribeirão Telefone/Fax: +351 252 493 015 e-mail: jornal@ccdr.pt Tiragem média: 2000 exemplares


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