98 | Revista Viva S/A | Agosto 2009

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VINHOS

Revista Viva

A rainha cabernet sauvignon

Fotos: Divulgação

As características da variedade tinta mais adaptável e nobre do mundo

N

o mundo de Baco não cabem generalizações. Mas se existe uva vermelha que se adaptou a praticamente todos os lugares é a cabernet sauvignon. Seu aspecto mais extraordinário talvez seja a aptidão para viajar, assentar raízes em terras distantes e continuar a produzir um vinho claramente cabernet sauvignon - ainda que feito de uvas cabernet sauvignon cultivadas no Chile nunca seja vinho igual ao feito com as mesmas uvas da França.

Claude Troisgros e Deise, no programa Menu Confiança, da GNT

Deise Novakoski

Apresentadora do programa Menu Confiança, na GNT; Membro da Associação Brasileira e Internacional de Sommeliers

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Isso acontece porque a fruta é muito sensível às condições do solo e do clima, podendo variar o sabor, a acidez, a doçura, a coloração e a resistência da casca, o tamanho, a quantidade de sementes e o formato dos cachos. Ou seja, o gosto da bebida é influenciado por um conjunto de fatores muitas vezes imprevisíveis. Alguns deles são: o modo como as videiras são plantadas, cultivadas e tratadas; as condições de drenagem e de fertilidade do solo; a inclinação e a altitude do terreno; as técnicas de vinificação usadas; e a forma como o vinho é tratado depois de engarrafado.

Uva nobre A cabernet sauvignon é considerada a variedade tinta mais nobre do mundo. Originária da região francesa de Bordeaux, é marca registrada das bem irrigadas terras do Médoc e Graves. Misturada a outras castas, como merlot e cabernet franc, que entram em proporções menores, dá origem aos famosos Château Lafite Rothschild e Château Margaux. Produz geralmente vinhos de sabor frutado inequívoco - com frequência comparados a cassis ou a amoras pretas -, com aromas complexos, em que geralmente se sobressai o de pimentão verde. Mantém atração especial pelo envelhecimento, por sua enorme concentração de taninos, pigmentos e compostos aromáticos. Com o envelhecimento, seus aromas primários dão lugar ao sutil buquê tão desejado pelo consumidor de bons vinhos. Essa variedade foi introduzida no Brasil em 1921, mas somente a partir de 1980 que houve incremento de seu plantio na Serra Gaúcha. Por aqui sua característica marcante é a cor vermelha com reflexos violáceos. No olfato, exala aroma vegetal ou herbáceo. Destaca-se a nota de pimentão, que é típica da espécie, devido às substâncias voláteis do grupo das pirazinas e, com menor frequência, da canela. Na boca, logo após elaborado, o vinho apresentase um pouco adstringente, tornando-se suave depois de certo período de amadurecimento. Talvez por ser a uva tinta mais estudada pela Embrapa, ou por fazer jus à fama de rainha das castas tintas, dificilmente se encontra um vinho brasileiro feito de cabernet sauvignon com grandes defeitos. Do mais simples ao mais elaborado, nenhum é medíocre. Portanto, entregue-se sem medo a uma garrafa de cabernet sauvignon, seja do Velho ou do Novo Mundo. Só não caia na tentação de provar o vinho feito pelos chineses: eles ainda não dominaram a rainha. Agosto | 2009


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