CATALOGO DE ABERTURA

Page 4

O objeto de arte e seu entorno Expor, comunicar, guardar, registrar é tarefa comum por onde converge o labor em Galerias e Museus de arte. Isto se deve ao fato que ambos lidam com um objeto de valor, bastante peculiar, que é a obra de arte. As galerias, como hoje as entendemos, surgiram no sec. XIX e têm sido, desde então, o primeiro receptáculo para uma obra de Arte, uma vez saída do atelier do Artista. Espécie de entreposto para o destino final de um quadro, escultura, gravura, fotografia, desenho, etc. para isto, porém, fazendo-se necessário que esteja montada segundo parâmetros que atendam as especificidades próprias dos que lidam com tais objetos. Esta operação de montagem basicamente gravitará em seu entorno e visará lhes conferir - num modo de similaridade e de compatibilidade - certa ref lexão daqueles valores que normalmente já lhes são intrínsecos. Processo fundamentado em uma consciência profissional que se elabora por meio da organização estética, escolha de materiais e equipamentos adequados. O ato de valoração se constrói paulatinamente, partindo de uma subjetividade gerada pela fenomenologia de um olhar admirador e compreensivo, e objetivamente, pela atividade protetora, desencadeando ações cautelosas na manipulação e guarda do objeto. Sendo assim, selecionar e expor uma obra de arte envolve uma sensibilidade estética apoiada ao conhecimento dos recursos museográficos, compostos por técnicas e práticas aplicadas ao acervo. Contextualizar, ambientar e apresentar é ferramenta estratégica decisiva para a construção do clima necessário a que se promova a fruição estética de uma obra de arte. As molduras, os suportes, são novas linguagens que se incorporam à tela ou à escultura, funcionam como janelas que podem abrir-se ou fecharemse, anteparos que aumentam ou diminuem a possibilidade de comunicação. Outro pano de fundo destes procedimentos provém da aquisição histórica de uma consciência de conservação, que por inúmeras perdas de tesouros, fez a sociedade despertar, e adquirir recursos para fazer prolongar a vida da matéria, de natureza perecível. Uma longa cadeia integrando pesquisas científicas à indústria e à práxis é hoje responsável pelo trabalho de conservação dos materiais.

O prolongamento da vida de uma obra de arte depende do sustar as diversas formas de perecimento, como a natural, mecânica, bioquímica ou biológica. No âmbito natural, a ação dos raios infravermelhos da luz solar, ou dos raios ultravioletas da iluminação artificial, incidindo sobre a superfície pictórica; os agentes biológicos que proliferam pela temperatura quente e úmida dos trópicos sobre tecidos, madeira, papéis, argila e até mesmo materiais resistentes, como a pedra ou os metais, têm colocado em risco valiosos acervos. Coleções institucionais ou privadas necessitam de orientações técnicas, que se adotadas enquanto medidas cautelares evitarão o dispêndio de futuros e onerosos recursos, e até de processos técnicos radicais para o trabalho de restauração de obras. Observe-se que vem se expandindo no Brasil, por meio dos incentivos das políticas públicas direcionados às instituições culturais, a formação de laboratórios e equipes de profissionais qualificados, como conservadores e museólogos. Entretanto, quando se trata de bens culturais pertencentes a particulares que, a rigor, desconhecem as mais simples medidas de proteção, o que vemos comumente é a exposição de objetos de Arte à ação da polia, acidez dos materiais, fungos do ar, ação de luz imprópria, cupins e outros agentes transformadores da natureza. De certo modo é possível afirmar-se que mesmo as práticas colecionistas têm feito tábula rasa desses ensinamentos que visam à preservação da memória cultural e artística. Os paraibanos estão recebendo a oportunidade de acessar diretamente a estes serviços, antes restritos a um pequeno grupo de conhecedores, através de uma Galeria especializada e com alto padrão de qualidade. A VISU GALERIA, além de um valoroso acervo de obras de arte, constituído através de criterioso processo de escolha dos Artistas que passam desde já a fazer parte deste portfólio, oferece um espaço expositivo fundamentado nos avanços da museografia. O recurso técnico de iluminação, climatização e ambientação do espaço corresponde aos critérios, equipamentos e materiais mais avançados para expor e conservar acervos. Este é o savoir faire do galerista e fotógrafo profissional Wilhelm Braga , formado por uma prática de longa data nos mais importantes polos da cultura internacional. Fátima Chianca – arquiteta e museóloga


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.