Toque de Saída Nº7

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DESTAQUES SEGURANÇA NO E-MAIL

“Não se deixe pescar” Página 6

BENEDITA - TERRA DE SAPATEIROS Página 7

externatobenedita.net

ADOLESCÊNCIA, UMA TRAVESSIA

INTERNET SEGURA

Pela psicóloga do ECB Página 8

As crianças e os jovens usam cada vez mais a Internet. Pais e professores, conscientes de que esta utilização acarreta vários perigos, sentem-se preocupados. Será que o meu filho faz boa utilização da Rede (Web)? Que perigos correm os nossos alunos? Como actuar quando se é “apanhado” na teia que a Rede tece? Estas preocupações são tanto maiores quanto menos conhecimentos têm eles próprios sobre a linguagem informática, não sabendo detectar situações de risco, sentindo-se incapazes de analisar e controlar o uso seguro da Internet. Quanto aos jovens, são eles que melhor dominam e usam a Rede. E são também eles que, por ingenuidade ou curiosidade, mais riscos correm. Neste sentido, é necessário alertar, estar atento e, sobretudo, actuar de forma preventiva junto dos adolescentes. Os pais têm um papel fundamental neste processo, pois os perigos podem começar em casa. Sabemos que a maioria dos jovens têm o computador no quarto, fora do controlo total dos pais e que é na ausência deles, ou durante a noite,

que a “navegação perigosa” pode acontecer. As salas de conversa, o messenger, sítios de música, filmes e jogos são as actividades mais frequentes dos filhos. Conteúdos de pornografia, violência, conversação com estranhos, invasão da privacidade através da publicidade não desejada, são as situações de perigo mais frequentes. Alterações no comportamento dos filhos – dedicarem muito tempo à Net, receberem chamadas telefónicas de desconhecidos, receberem prendas ou encomendas de pessoas que os pais não conhecem, desligarem o computador muito depressa, ou mudarem de página rapidamente quando os pais entram no quarto, isolarem-se da família – são sinais a que os pais devem estar atentos. Como devemos, então, actuar? As autoridades policiais, como a Polícia Judiciária, em articulação com as escolas, têm promovido acções de sensibilização e informação sobre o uso seguro e esclarecido da Rede. Como professora, não deixo de reconhecer a importância destas acções, tendo proposto à PJ de Coimbra a realização de uma palestra dirigida a alunos e professores a realizar na nossa escola, pois acredito que é (também) no espaço escolar que devemos tomar medidas para proteger os nossos alunos e ensiná-los a utilizar a Web de forma a garantir a sua segurança. Assim, ao aproveitarmos as potencialidades desta ferramenta para melhorar as aprendizagens dos alunos, vamos trabalhando com eles práticas de segurança. Cabe pois a todos nós a criação de condições para que se desenvolva toda uma dinâmica de projectos sobre este tema. Professora Teresa Dias

EX-ALUNO DO ECB EM OXFORD

Entrevista a João Serralheiro Página 9

ENTREVISTA A GONÇALVES SAPINHO

Um percurso de vida Página 10

ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES Um novo projecto Página 12

PLANTAS MEDICINAIS E AROMÁTICAS Aplicações e uso Página 15

O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL Lagoa de Pataias Página 16

TOQUE DE SAÍDA Trianual - Março de 2008 Ano 3 - Número 7 - 1,00 € Director Alfredo Lopes

Entrevista ao Dr. Gonçalves Sapinho

Chefe de Redacção Soledade Santos

“Considero que o tempo mais rico da minha vida foi enquanto o dediquei ao ECB, tendo participado na sua organização e reestruturação ao longo de décadas, preparando-o para os desafios do futuro, adaptando-o às circunstâncias político-sociais, nacionais e locais, e fazendo todos os investimentos imobiliários e mobiliários que estão hoje à vista.” Páginas centrais

Externato Cooperativo da Benedita Rua do Externato Cooperativo Apartado 197 2476-901 Benedita ecb.jornal@gmail.com


TOQUE DE SAÍDA

ANO 3 - Nº 7

Editorial

ACONTECENDO

Celebra-se em Portugal, até Fevereiro de 2009, o Quarto Centenário do nascimento do Padre António Vieira, aquele a quem Fernando Pessoa chamou “Imperador da Língua Portuguesa”. Missionário, pregador, diplomata, visionário, estilista da língua, tão distante de nós no tempo e nas circunstâncias, que razões haverá para que universidades e outras instituições se associem para o homenagear durante um ano, com iniciativas tão várias como seminários, peças teatrais, espectáculos de música, exibição de filmes, congressos? Para que a sua vasta obra, especialmente os sermões, despertem tamanho interesse? E para que um desses sermões – o de “Santo António aos Peixes” – integre o parco cânone literário dos programas de Português do Ensino Secundário? No século XVII, no período Barroco, o sermão atingia o seu apogeu. A pregação ocorria nas igrejas e nas praças e constituía a mais importante cerimónia social do tempo, congregando todas as classes. O pregador, à maneira dos comentadores de televisão dos nossos dias, interpretava o mundo, ao mesmo tempo que aconselhava, censurava e exortava o auditório. Concorria, portanto, para aquilo a que hoje chamaríamos a formação da opinião pública. Ora os sermões de Vieira, pregador excepcional, que não conseguia falar de Deus sem falar do Humano, apresentam um forte cariz político, pois pretendiam agir sobre o mundo e reformá-lo – denunciando os males sociais, vituperando a corrupção, o abuso do poder, a hipocrisia, a ganância, a exploração dos socialmente indefesos. Paladino da independência de Portugal após a Restauração e acérrimo defensor dos direitos dos índios, lutou contra a escravatura, no Brasil, e contra as perseguições de que judeus e cristãos-novos eram alvo. De uma audácia e perseverança notáveis face aos reveses, desafiou a própria Inquisição, o que lhe valeu duras represálias. Exemplo de coragem, de doação às causas em que se envolveu, actor empenhado e agilíssimo no palco político do seu tempo, tais factos bastariam para que homenageássemos com orgulho este português do século XVII. Mas outra razão igualmente notável se impõe: o seu extraordinário domínio da língua portuguesa. Com Vieira, a nossa prosa alcança a maturidade. A célebre frase que todos conhecemos – “A minha pátria é a língua portuguesa” – encerra uma digressão em que Fernando Pessoa exprime a profunda comoção que sentiu ao ler Vieira, “génio da perfeição linguística”, pela primeira vez. Por fim, a longa vida do Padre António Vieira coincidiu com o período em que se consolidaram os valores da modernidade. O seu século foi também o de Newton, Descartes, Spinoza, Galileu, Pascal, Molière, Rembrandt. O século que afirmou o primado da razão e defendeu o princípio de que o ser humano pode aperfeiçoar-se através da educação, da aprendizagem e do conhecimento.

De Janeiro a Maio, em tardes de quartas e sextas-feiras, jornadas de formação —“Tardes Pedagógicas: reflectir, aprender, discutir”— promovidas pelo ECB e abertas a educadores de outras escolas: palestras e workshops dinamizados por formadores e por professores do Ensino Superior, visando a formação, actualização e troca de experiências de docentes de todos os níveis de ensino: www. externatobenedita.net Ao longo do ano lectivo, o Projecto Crescer promove Encontros com Pais e Sessões para Alunos sobre transformações emocionais e físicas da adolescência, trabalho em equipa, tolerância e sexualidade; em Maio, organiza a Semana da Família. Em Fevereiro – sessões de teatro para alunos, no CCGS: “Who shot Shakespeare?” e “Frei Luís e Outras Coisas”; em Gaia, pelo Teatro Experimental do Porto, o espectáculo “Felizmente Há Luar!”, para os alunos do 12º Ano. Ainda em Fevereiro, o Torneio CompalAir, Fase Escolar, no dia 20. E no dia 26, Sessão Distrital do Parlamento dos Jovens, em Leiria, com a participação das deputadas eleitas em Sessão Escolar de 24 de Janeiro. Março – a Semana das Ciências, incluindo actividades diversas: acções de Educação Ambiental, Laboratório Aberto de Biologia e Química, atelier de plantas medicinais, palestras e workshops sobre Nutrição, Geografia Interactiva, etc. De 19 a 22 de Março, cinquenta e oito alunos do 9º e do 11º anos, acompanhados por cinco professoras de Francês, visitam o Futuroscope, em França. Abril – dia 11, Festival da Canção Interescolar, promovido pela Associação de Estudantes; dia 18, o Dia do Francês; de 18 a 20 de Abril, o V Festteatro. Maio – de 8 e 11, a VII Feira do Livro. A 29, o Dia da Informática.

SUMÁRIO Escola viva

União Europeia: debate

3

Cadernos do ECB

3

Palavras dedicadas ao Crescer

5

Três museus em Madrid

5

O Toque de Saída no Alcoa

11

Associação de Estudantes renovada

12

Lloret del Mar - Lá vamos nós!

12

Visitas de estudo

12

Projecto Twinning - Na Casa do Gil

14

XV Rally Paper do ECB

14

À procura de jovens talentos

14

A família na escola

15

Nova peça Gambuzinos

20

Olhar Circundante Seguranet

1

Será a verdade uma ilusão?

5

Afonso Fonseca - Pai da rádio na Benedita

7

Adolescência - Uma travessia

8

Livre arbítrio

8

Existência pura e negra

8

Ex-aluno do ECB em Oxford

9

Entrevista a José Gonçalves Sapinho A democracia na actualidade

11

Bolonha, (a)fundações e praxes

19

Movimento Escola Moderna

20

Arte e Cultura Fernando Pessoa, o menino da sua mãe

3

Felicidade, de Will Ferguson

4

As Pequenas Memórias, de José Saramago

4

Pêndulo, de Paulo Tavares

4

Lendas e Narrativas, de A. Herculano

4

O Milagre de Isabel e Dinis, de V. Marques Paula Rego em Madrid

7 20

Ciência, Tecnologia e Ambiente Perigos da internet - Palestra

6

Histórias de Bits

6

Segurança no e-mail

Director do Jornal: Alfredo Lopes Redacção: Deolinda Castelhano Luísa Couto Soledade Santos (Chefe de redacção) Teresa Agostinho Marketing e vendas: Maria José Jorge Composição gráfica: Nuno Rosa Paulo Valentim Samuel Branco Equipa de Reportagem: Acácio Castelhano Ana Duarte Clara Peralta Fátima Feliciano Graça Silva José Cavadas Laura Boavida Maria de Lurdes Goulão Miguel Fonseca Sérgio Teixeira Valter Boita Impressão: Relgráfica, Lda Tiragem: 500 exemplares Preço avulso: 1,00 €

10

6

Plantas medicinais e aromáticas

15

Observatório da natureza

15

Despertar da consciência ambiental

16

Eco-códigos

16

Gustav Eiffel

18

O Lugar da Memória

7

Recriar o Mundo Acróstico

13

Ode Natural

13

O Meu Jardim

13

Gosto da Aldeia de Manhã

13

Na Literatura encontro-me

13

A Escola é Fixe

20

Mente Sã em Corpo São Saúde e nutrição - A soja

17

Quem foi o génio Bobby Fischer?

18

Notícias do Xadrez

18

Passatempos Enigmas

19

Professora Soledade Santos

ESCOLA VIVA


ANO 3 - Nº 7

TOQUE DE SAÍDA

UM OLHAR SOBRE O LIVRO

FERNANDO PESSOA – O MENINO DA SUA MÃE

TOP 10

Não é a primeira vez que Amélia Pais se propõe ser mediadora entre um poeta e os leitores mais jovens. Em 1995, deu voz a Camões, agora, a Fernando Pessoa, determinada a trazer ao conhecimento dos mais novos dois poetas – figuras tutelares da nossa cultura e emblemas da nosFERNANDO PESSOA – sa identidade, traO MENINO DA SUA MÃE çando, a partir de de Amélia Pinto Pais, ambos, o retrato de Ed. Âmbar, Lisboa, 2007 família do Ser Português, entre o fulgor do génio, o cometimento de espantosas aventuras e a adversidade sentida como destino. Convocar dois clássicos, a quem tal estatuto, associado ao de poetas que integram o cânone escolar, confere uma opacidade que os distancia dos jovens. Que fazer então, para transpor tal distância? Antecipar-se. Como diz a autora em entrevista à Lusa: «dar uma primeira possibilidade às crianças de aprenderem, aos poucos, a saborear a musicalidade dos poemas, mesmo que não entendam totalmente.» Antes disso, no entanto, é preciso apresentarlhes o Fernando. E, à semelhança daquilo que Caeiro faz no Poema VIII, Amélia Pais transforma Pessoa no menino que desce do céu por um raio de sol e se instala numa infância ora sábia ora risonha, tagarelando com os outros meninos e contando-lhes aquilo que às crianças interessa: dos pais, dos irmãos, dos primos, de jogos, das tias velhas e suas histórias, dos estudos, dos amigos imaginários, da namorada, das viagens que fez… Mais do que narrador, Fernando Pessoa é interlocutor, estabelecendo diálogo com o leitor a quem interpela frequentemente e cujas dúvidas, surpresas e interrogações antecipa e esclarece.

1º- Flatland – O País Plano Edwina A. Abbott

A linguagem é a da ternura, num saboroso registo informal e familiar. Não se tome, porém, o livro por simplista. A autora não escamoteia a complexidade da obra pessoana. A explicação do fenómeno heteronímico, por exemplo, é feita com admirável clareza. Algumas digressões, numa voz mais adulta e melancólica, vão-se cruzando de vez em quando com a da criança-Pessoa, quando o narrador se distancia por instantes, para contextualizar a sua autobiografia, situando-a na História da cultura, dos factos e dos homens do seu tempo – construindo, desta forma, perante o olhar dos meninos leitores, a memória colectiva. A esta luz, são menos surpreendentes as escolhas da Parte II, a antologia que inclui os poemas de Pessoa para crianças, mas também excertos da Ode Marítima, de Tabacaria, de Mensagem, odes de Ricardo Reis, poemas do Cancioneiro, do Guardador de Rebanhos, fragmentos d’O Livro do Desassossego… Textos que estão entre aquilo que de melhor e de mais alto se fez em Literatura portuguesa e universal. De facto, como diz Steiner, as paixões não se negoceiam. Em contrapartida, podem ser contagiantes. E o livro assenta justamente em dois pressupostos: o de que as crianças merecem o melhor; e o de que são particularmente sensíveis à música da poesia, tal como ao ritmo encantatório das melopeias infantis. Quanto ao dizer estranho, as imagens e o discurso poético podem cativá-las, como num jogo, pela própria estranheza e pelo inusitado, ainda que o sentido permaneça obscuro e fique latente (e quantas vezes obsidiante) aguardando revelação. A proposta que O Menino da sua Mãe, todo percorrido pelo sabor a música e a infância apresenta, é justamente expor as crianças, desde cedo, a esta forma de magia que é o dizer poético e que são as histórias dos poetas; é o convite à leitura da poesia em voz alta, recuperando a sua dimensão oral, dando corpo ao tom coloquial da narração, às vozes do narrador e às dos poetas que se fazem ouvir no livro. Professora Soledade Santos

União Europeia: participação, desafios e oportunidades A 7 de Janeiro de 2008, alguns alunos do Ensino Secundário participaram num debate sobre a UE, dinamizado pelo 10ºD, no grande auditório do CCGS, no âmbito de uma iniciativa institucional da Assembleia da República. O programa Parlamento dos Jovens “tem por objectivo promover a educação para a cidadania e o interesse dos jovens pela participação cívica e pelo debate de temas da actualidade”. O tema neste ano lectivo é justamente “União Europeia: participação, desafios e oportunidades”. Recebemos com muito agrado a deputada Odete João, a qual nos explicou o funcionamenARTE E CULTURA

to da UE, mais concretamente do Parlamento Europeu e apresentou uma calendarização de todos os tratados e datas importantes que marcaram o início e o desenvolvimento desta organização internacional constituída, actualmente, por 27 estados membros. No final da sessão, foi aberto um espaço para a colocação de dúvidas, às quais Odete João respondeu atenciosamente. A nós, resta-nos desejar sorte à turma do 10º D e relembrá-los de que a meta é Bruxelas! Carla Serralheiro, 11º D

2º - Bichos Miguel Torga 3º - O Velho e o Mar Ernest Hemingway 4º Crónica dos Bons Malandros Mário Zambujal 5º - A Metamorfose Franz Kafka 6º - Contos Eça de Queirós 7º - Rosa Minha Irmã Rosa Alice Vieira 8º - O Cavaleiro de Dinamarca Sophia de Mello Breyner Andresen 9º - Juntos ao Luar Nicholas Sparks 10º - Crónica de Uma Morte Anunciada Gabriel Garcia Márquez Os livros mais requisitados na Biblioteca do ECB nos meses de Outubro de 2007 a Janeiro de 2008.

Cadernos do ECB Cadernos do ECB é uma revista do Externato Cooperativo da Benedita, cujo lançamento decorrerá na Feira do Livro. Esta publicação incluirá artigos de opinião, sínteses de estudos e reflexões de carácter didáctico-pedagógico dos mais diversos meios educacionais. A revista, com publicação anual, terá como objectivo principal a partilha de pontos de vista no âmbito da investigação, com a finalidade de tornar mais rico o meio escolar e social onde nos integramos. Os textos que a compõem serão a voz de docentes de todos os graus de ensino, desde o pré-escolar ao universitário, e destinam-se aos pais e encarregados de educação, alunos, professores e comunidade em geral. Será importante que a missão social destes textos se cumpra, isto é, que eles sejam lidos e motivo de reflexão por parte dos leitores, para que assim se melhore o processo de ensino-aprendizagem da nossa comunidade educativa. Professora Inês Silva


TOQUE DE SAÍDA

ANO 3 - Nº 7

SUGESTÕES DE LEITURA Felicidade

Desde sempre o Homem tem procurado atingir a felicidade. As drogas ilícitas, o tabaco, o álcool, a comida, as perversões sexuais, o dinheiro, as manifestações de poder, a ostentação, o desejo de prestígio: tudo manifestações da incessante busca pela felicidade humana – ou maneiras de afogar as mágoas por não a atingir, dependendo do ponto de vista. Na actualidade, surgiram os livros de auto-ajuda, verdadeiros «manuais» para perder

As Pequenas Memórias peso, deixar de fumar, encontrar o seu «eu» interior ou atingir o equilíbrio connosco próprios e com o mundo. E surgiram muitos, imensos, demasiados, talvez porque nenhum deles funcionava verdadeiramente. Mas e se, um dia, surgisse um livro de autoajuda que funcionasse mesmo? E se as pessoas começassem a resolver os seus problemas e atingissem a felicidade? Seria este o fim da aventura humana? Bom, é o que acontece neste livro fantástico e muitíssimo divertido de Will Ferguson, onde o fim do mundo tal como o conhecemos é relatado de forma intrigante e divertida, numa sátira que levanta «questões perturbadoras sobre a maneira como decidimos viver» (Sunday Herald).

Felicidade

No livro As Pequenas Memórias, José Saramago apresenta-nos uma série de episódios da sua infância e adolescência, permitindo-nos conhecer um período da sua vida que há já algum tempo desejava partilhar com os seus leitores. De Azinhaga, no Ribatejo, até aos primeiros tempos de Lisboa, dos pormenores mais humilhantes aos momentos mais pessoais e enriquecedores, o leitor toma conhecimento de uma série de peripécias em que se confessam os bens e os males da infância, aprazível idade em que todos os pecados são perdoados. Esta obra permite-nos também conhecer a pobreza vivida no país durante a ditadura, as dificuldades das pessoas, as mentes retrógradas do nosso país. Este é, sem dúvida, um Saramago mais que biográfico, extremamente pessoal, que temos a oportunidade de conhecer nestas “pequenas memórias de quando o autor era pequeno”.

de Will Ferguson, Edições Asa As Pequenas Memórias Marta Santos, 10º A

de José Saramago, Editora Caminho Maria Guerra, 10.º E

Alexandre Herculano

PÊNDULO

LENDAS E NARRATIVAS

Paulo Tavares, de quem o Toque de Saída teve o prazer de publicar dois poemas inéditos em 2006, acaba de dar à estampa, pela Quasi Edições, o seu primeiro livro, “Pêndulo”, onde reúne uma poesia límpida, exigente e inovadora. No ano lectivo de 2005/2006, recebemos o Paulo, então finalista do Curso de Línguas e Literaturas Modernas da Universidade Nova de Lisboa, que escolheu o ECB para a realização de um trabalho prático de Didáctica, tendo, durante uma semana, tomado parte no quotidiano da nossa escola e assistido às aulas da professora Soledade Santos. É com grande satisfação que esperamos recebê-lo de novo – desta vez como escritor – em Maio, durante a Feira do Livro do ECB.

Lendas e Narrativas, de Alexandre Herculano (Lello & Irmão, Porto), inclui várias histórias curtas, cuja acção se passa sobretudo na Idade Média e que se podem considerar contos, como por exemplo a narrativa sobre “O Castelo de Faria” que, durante o reinado de D. Fernando, foi palco de uma terrível batalha. A acção começa a desenrolar-se quando a fronteira norte de Portugal é invadida pelos castelhanos. Assim que se aperceberam dos invasores, as forças portuguesas saem ao seu encontro. Uma dessas forças era comandada por Nuno Gonçalves de Faria (alcaide do Castelo da Faria) que é derrotado e capturado. Mas, mesmo prisioneiro,

monta um estratagema, convencendo o comandante castelhano a levá-lo diante dos muros do castelo, supostamente para convencer o filho (que entretanto se tinha tornado o alcaide interino do castelo) a render-se. Em lugar disso, amaldiçoa o filho se trocar o castelo pela vida do pai e acaba por ser morto diante das muralhas, sob os olhos do filho que, encorajado pelas últimas palavras do pai, resiste ao assalto e acaba por sair vitorioso. Mais tarde, segue a vida religiosa e o castelo será transformado em convento. Apesar das muitas palavras em português arcaico, não deixa de ser um livro interessante. Aconselho-o a quem gostar de histórias “do tempo dos reis”. No meu caso, fiquei a conhecer algumas das lendas do nosso Portugal, como por exemplo a do Mosteiro da Batalha que se diz ter sido construído por um arquitecto cego. Melissa Jacinto, 11º A

ARTE E CULTURA


ANO 3 - Nº 7

TOQUE DE SAÍDA

SERÁ A VERDADE UMA ILUSÃO? A verdade, por vezes incerta e longínqua, é algo de que necessitamos. Esporadicamente, apesar de certas verdades nos serem transmitidas sem qualquer fundamento, aceitamo-las sem as questionar. A verdade acessível ao homem, aquela verdade a que damos grau de certeza sem questionação, poderá então ser uma ilusão. Aceitamos a verdade que talvez nos favoreça, aquela que nos enche o ouvido ou a alma, ou talvez aquela que pensamos ser única. De acordo com um célebre texto de Platão denominado Alegoria da Caverna, o ser humano vive numa gruta fechada, sem a luz do sol, significando isto que so-

mos prisioneiros do nosso próprio mundo e das aparências que criamos. Procurar a real verdade ‘escondida’ é difícil, exige sacrifício, exige a saída das trevas da nossa ignorância, da nossa gruta fechada. Precisamos de nos soltar das ‘amarras’ criadas pelos nossos sentidos, de nos libertar das trevas e de aceder ao ‘mundo exterior’ do conhecimento. Por isso, penso que a verdade não é uma ilusão. Em parte depende de nós, daquilo que somos e daquilo em que acreditamos, mas também daquilo em que nos empenharmos. Maria Guerra, 10º E

Palavras dedicadas ao CRESCER No momento actual, em que a Educação Sexual se encontra legitimada por um quadro legal e normativo que a considera como uma componente essencial da educação e da promoção da saúde, a educação para a sexualidade torna-se parte integrante das actividades pedagógicas da escola. Ao falar de Educação Sexual, estamos a utilizar um conceito abrangente que inclui a identidade sexual, o corpo, as expressões da sexualidade, os afectos, a reprodução e a promoção da saúde sexual e reprodutiva. Para dar resposta a estas

questões, uma equipa multidisciplinar de professores do Externato juntou-se e começou a desenvolver um Projecto sobre esta temática tão controversa. Nasceu, assim, o Projecto Crescer que tem já 3 anos de vida! Inicialmente, foi bastante complicado estruturar a “ideia” e torná-la funcional e operacional, na medida em que estávamos a “mexer” com valores intrínsecos dos alunos e dos professores. Mas lá começámos a nossa caminhada… Passados estes anos, o balanço é positivo e ficámos satisfeitas com o trabalho da equipa. Desde a sensibilização para esta temática e outras não menos importantes, como o alcoolismo, os distúrbios alimentares, a cidadania, etc., passando pela dinamização de acções e palestras direccionadas a alunos e a Encarregados de Educação, e também pelo acompanhamento e apoio a grupos de alunos. Neste 2º período, estão a decorrer sessões

de sensibilização sobre sexualidade, para os 9º e 12º anos, em parceria com os Centros de Saúdes de Alcobaça e da Benedita. A opinião dos alunos é reveladora: «Estas sessões de informação deveriam ser mais frequentes, não só sobre a sexualidade. São muito importantes, pelo seu carácter esclarecedor, sobretudo para os jovens que não estão na área das ciências.» A equipa do Crescer sente que é no conjugar de esforços e na partilha de saberes e experiências que melhor resultam as nossas intenções, ajudando os nossos jovens a descobrir os seus próprios valores e a analisar as possíveis contradições ou incoerências e a eventual superficialidade de alguns valores dominantes. Professoras Paula Castelhano e Helena Rodrigues Projecto Crescer

TRÊS MUSEUS EM MADRID

Durante o mês de Novembro, os alunos de Artes Visuais estiveram na capital espanhola. O principal objectivo desta visita foi estudar as obras de Paula Rego, presentes temporariamente no Museu Rainha Sofia, na maior exposição retrospectiva da pintora, até ao momento. Na exposição permanente do referido muESCOLA VIVA

seu, foi possível ver, entre outras obras de pintura e escultura, o imponente quadro “Guernica”, de Pablo Picasso, e observar os estudos que antecederam a obra final. Todos os traços e esboços de Picasso foram sendo alterados até à composição final do quadro, o que nos leva a compreender que «é tão importante a execução das obras como os estudos que as antecedem», como concluiu a aluna do 10ºF, Beatriz Serrazina. No Museu Thyssen-Bornemisza, situado no Palácio de Vilahermosa, exemplo da arquitectura neoclássica madrilena, foi possível ver, começando no segundo andar, pintura do Renascimento e, no primeiro andar, pintura Impressionista e Pós-Impressionista, pintura norte-americana do séc. XIX e do Expressionismo alemão. No rés-do-chão observámos pintura do séc. XX, com exemplos que vão do Cubismo, passando pelos movimentos de

vanguarda, até à Pop Art, na qual se destaca o quadro de Roy Lichtenstein, “Woman in Bath”. Já no grande e emblemático Museu do Prado, os alunos observaram, entre outras, obras da pintura barroca, sobretudo “Las ninãs”, de 1656, da autoria do genial Velazquez. É certo que nem só de museus se fez esta visita, o contacto com uma cultura diferente e o convívio entre todos os intervenientes foram de capital importância para a formação dos alunos. Madrid tem parques, praças, ruas e palácios que nos fazem sonhar. Nas palavras da aluna Patrícia Constantino, do 10ºF, «esta visita foi vivida com muito interesse e fascínio», e, segundo Ana Sofia Paulo, da mesma turma, «foi uma experiência inesquecível». Professora Lurdes Goulão


TOQUE DE SAÍDA

ANO 3 - Nº 7

Palestra informativa para professores e alunos

Histórias de Bits

Os perigos da Internet No passado dia 28 de Novembro, no auditório do Centro Cultural Gonçalves Sapinho, realizouse uma palestra informativa sobre os Perigos da Internet, proferida pelo Inspector-Chefe da Polícia Judiciária de Coimbra, Dr. Camilo Oliveira. Foram realizadas duas sessões: uma dirigida a todos os alunos do 3º ciclo e outra para professores. Através de diapositivos em PowerPoint, o Inspector dirigiu o seu discurso aos participantes com o objectivo muito claro de mostrar os perigos existentes na Internet. Neste contexto, o que mais se destacou foi o dos abusos sexuais a menores, enganados por pessoas mal intencionadas que utilizam este suporte com objectivos criminosos. Este é um grave problema dos dias de hoje e, por muitas soluções que a PJ procure, não o consegue eliminar. O facto de existirem sites onde os jovens publicam fotos e dados pessoais é uma porta aberta para que algumas pessoas sem escrúpulos se aproveitem disso e publiquem documentos e imagens pessoais e de foro íntimo, que podem ser reutilizadas com más intenções.

O meu computador tem um BUG

O Dr. Camilo Oliveira também se referiu ao facto de os adolescentes estarem demasiado “presos” à Internet, o que pode levar a graves problemas de sociabilização e de saúde, entre outros. Na impossibilidade de conhecer e actuar sobre todos os casos, a PJ criou um site (www.linhaalerta.internetsegura.pt) onde se pode proceder a denúncias de sites suspeitos de irregularidades, como os que contêm pornografia infantil. Este alerta anda a percorrer escolas, para que esta mensagem seja divulgada de forma a que crianças e adolescentes tomem cuidado face aos perigos que a Internet contém. Concluiu-se que cabe à família o papel e a responsabilidade principal neste processo de acompanhar de perto os contactos dos filhos pequenos no “mundo mágico” da Internet. E que todos os utilizadores devem estar prevenidos, ser responsáveis e procurar informação nesta área.

Quem é que nunca teve um insecto no seu computador? Ou, como se diz na linguagem dos bits, um “bug”? Seguramente que todos nós já tivemos um contacto ou outro com alguns destes animais invertebrados que causam transtorno quando trabalhamos com o computador. Quem não se lembra do famoso “bug” do ano 2000 quando, na passagem do século, todos os computadores tinham, no mínimo, 25 insectos pousados no teclado, no monitor ou mesmo em cima do rato? A máquina tem um “bug” quando moscas ou melgas perturbam o seu bom funcionamento. Pelo menos era o que diriam hoje Thomas Edison ou

Ana Rocha e Bruna Cruz, 11ºF

Grace Hopper, se ainda se encontrassem por cá. Um “bug” informático é de facto um transtorno, mas hoje em dia nada tem a ver com insectos. Trata-se de uma falha ou de um erro de software que poderá fazer com que um computador se comporte de forma inesperada. Anos houve em que a história foi outra e os insectos existiam mesmo. A origem do termo é discutível. Há quem defenda que a palavra “bug” foi utilizada pela primeira vez por Thomas Edison quando, em 1878, um insecto causou problemas de leitura no seu fonógrafo, ou que foi a americana Grace Hopper que, em 1945, encontrou no computador Mark II um insecto preso nos contactos de um Relé que impedia o seu normal funcionamento. Professor Paulo Valentim

Segurança no e-mail

“NÃO SE DEIXE PESCAR”

Toda a informação que circula na Internet está, como todos nós sabemos, exposta a imensos perigos. Surgem constantemente novas ameaças que tentam comprometer dados pessoais e organizações, de forma ilícita. Os agressores da Internet utilizam um novo método para “sacar” informações privadas, “indo à pesca” (Phishing). O termo é usado por ter muitas semelhanças

com pesca (fishing), pois o atacante lança um isco e espera pacientemente que alguém o morda e desta forma lhe revele informações confidenciais valiosíssimas, como por exemplo dados de contas bancárias, números de cartões de crédito, passwords, nomes de utilizadores. Normalmente os “pescadores” recorrem ao uso de mensagens de correio electrónico fraudulentas, fazendo-se passar por empresas autênticas (instituições bancárias, lojas de comércio electrónico online, organizações governamentais, PayPal, eBay, entre outras), que alegam a existência de problemas de segurança com a conta pessoal do destinatário. Geralmente, na mensagem é referido que, para solucionar o problema, o cliente terá de obrigatoriamente introduzir os seus dados. Perante esta solicitação, o cliente, que até deposita

uma certa confiança na empresa e considerando que o email vem de fonte fidedigna, acaba por inserir as suas informações em formulários de websites adulterados. Esses emails e web sites forjados são muitas vezes réplicas quase perfeitas dos originais. Para nos protegermos, devemos em primeiro lugar instalar software antivírus, filtros de email, e programas de firewall, e proceder a uma actualização regular destas ferramentas. Devemos garantir que o nosso browser está actualizado e instalar também uma barra de ferramentas para nos proteger de websites fraudulentos. Devemos também desconfiar de emails impessoais que se dizem de entidades, quer sejam de sites de comércio electrónico ou de instituições financeiras. Normalmente, os emails autênticos destas entidades dirigem-se ao

cliente pelo nome, como “Exmo. Sr. José Silva”, e não, como nas mensagens fraudulentas”, por “Caro cliente”. O objectivo dos emails falsos é precisamente obter informações pessoais, pelo que é difícil conhecerem de antemão o nome do utilizador. Quando efectuamos compras que requerem a introdução de números de cartão de crédito, devemos verificar que se trata de um website seguro, ou seja que o endereço começa por https, em vez do normal http, pois só assim é possível saber que se trata de uma ligação segura. Acima de tudo, nunca devemos assumir que é possível identificar um website como legítimo apenas pela sua aparência. Professor Alexandre Lourenço

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE


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TOQUE DE SAÍDA

BENEDITA – TERRA DE SAPATEIROS Ao falarmos desta tradição, temos de recuar muitos anos no tempo e ir até à época dos primeiros Monges do Mosteiro de Alcobaça, sendo no próprio Mosteiro que esta actividade se iniciou. Com o povoamento dos Coutos, foi-se alargando por toda a região. No seu livro “O Património do Mosteiro de Alcobaça no Século XVI”, a professora Iria Gonçalves diz que naquela época, espalhados por toda a terra do Mosteiro, já haveria 26 sapateiros. Ao certo, não podemos afirmar quando esta actividade se iniciou na Benedita, mas tudo leva a crer que foi por volta de 1532, altura em que se deu a criação da Paróquia. O início do séc. XX mostra-nos uma freguesia repleta de pequenas oficinas familiares, onde trabalhava o dono da casa e os filhos. A partir dos anos 30, havia dezenas de oficinas e centenas de sapateiros, uma vez que a maioria dos rapazes da terra iam aprender o ofício com um mestre, nessas mesmas oficinas, e aí se tornavam sapateiros. Segundo Manuel de Sousa, no seu livro “Benedita a Terra e a Gente” (2007), por volta de 1950, 120 oficinas davam emprego a 750 sapateiros, e em 1955 havia cerca de 1000 sapateiros na freguesia. Daí que a Benedita fosse conhecida por “Terra de Sapateiros”. Com os anos, esta tradição foi-se perden-

António Siome (falecido), Armando Marques (Alho), José Rebelo (falecido), Luís Gonzaga Nicolau, Manuel Roxo, Jaime Matias do, as oficinas foram fechando e hoje apenas resta uma meia dúzia de oficinas, especializadas em calçado usado em tauromaquia e equitação. A foto que ilustra este artigo, tirada nos finais dos anos 40, foi gentilmente cedida pelo Sr. Luís Gonzaga Nicolau, proprietário da

Afonso Fonseca

O LUGAR DA MEMÓRIA

televisão que apareceram na Benedita foi ele que os comercializou, pois na altura tinha uma loja de electrodomésticos. Fundou a Rádio Benedita FM e, até falecer, «foi o pilar desta estação», palavras pronunciadas pela filha, Sandra, que dá continuidade ao traba-

Professora Maria José Jorge

O MILAGRE DE ISABEL E DINIS

o adeus ao pai da rádio na Benedita

Afonso Fonseca, falecido no passado dia 14 de Fevereiro, nasceu a 3 de Agosto de 1932 e esteve desde sempre ligado à rádio. Na Benedita e arredores era conhecido pelas suas “engenhocas”. Curiosamente, o primeiro aparelho de rádio e a primeira

actual Sapataria Nicolau, e mostra-nos uma dessas oficinas que hoje apenas podemos recordar através de registos como este.

lho iniciado pelo pai. Foi também o criador dos aerogeradores domésticos que fornecem energia às suas duas casas e, actualmente, estava a desenvolver um projecto, TVA (televisão amadora), que já funcionava em fase experimental na Serra dos Candeeiros. Muitos projectos ficaram por acabar, pois para este homem havia sempre algo a descobrir, a melhorar. O Toque de Saída apresenta sinceras condolências à família e relembra com saudade a boa disposição e a hospitalidade com que o Sr. Afonso recebia os alunos e os professores que visitavam as instalações da Rádio.

Com “O Milagre de Isabel e Dinis”, o meu segundo livro da colecção “Contado aos Pequenotes”, continuo a pretender levar as crianças a entrar muito, muito suavemente no maravilhoso mundo da História de Portugal. Como sempre, estou acompanhada nesta demanda pelas maravilhosas ilustrações da Susana Silva. Este livro, com a chancela da Quetzal Editores (Bertrand), estará disponível nas livrarias a partir de 25 de Fevereiro. No dia 2 de Março, pelas 15:00, no Convento de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra, terá lugar a sua apresentação, pelo Prof. Aníbal Pinto e Castro, director do Convento. Professora Vanda Marques

Professora Clara Peralta


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ADOLESCÊNCIA – UMA TRAVESSIA “Eu acho que sou uma boa amiga… boa filha não sei se sou… porque chateio os meus pais e irmã… não gosto muito de conversar sobre a escola com os meus pais e eles ficam tristes comigo. Com os meus amigos sou diferente. Gosto de conversar sobre todos os temas com eles; ajudá-los quando eles mais precisam e que eles me ajudem também….” “Em casa, gosto de ler e de ficar sozinha de vez quando, para organizar os meus pensamentos … mas adoro estar com os meus amigos e divertir-me…” “ O meu maior desejo é que os meus pais continuem vivos e juntos e que eu continue a ser amiga da minha irmã.” “A minha família é a melhor do mundo, mas antes sentia-me incompreendida… sentia que a minha mãe dava mais mimos e compreensão ao meu irmão, mas eu é que preciso disso tudo porque esta fase da minha vida, acho, é a mais complicada…. Sinto-me longe de tudo e de todos, mas felizmente o meu irmão já passou por esta fase e eu vejo como é que ele conseguiu e isso ajuda-me…. O que eu mais gosto de fazer é de passear sozinha, sem os meus pais atrás.” O que têm em comum estes depoimentos? O terem surgido de adolescentes, rapazes e raparigas da nossa escola. Adolescentes cheios de sonhos para o futuro e desejo de viver; e em todos os sonhos de adolescentes a família está presente. Ao ler as dezenas de textos escritos pelos nossos alunos de 14, 15 anos, deparo-me sempre com um aspecto comum: os conflitos em casa e, ao mesmo tempo, o grande amor que sentem pelos pais e pela família. Quando depois falo com os pais, o sentimento é pre-

cisamente o mesmo. Então porque há tantos conflitos? Em geral, os pais sentem que os filhos mudaram nos últimos tempos e que já não os reconhecem; a criança que antes acompanhava os pais para todo o lado, que fazia companhia à mãe quando o pai não estava, que passava o serão com os pais, na sala, de repente já não existe; agora têm em casa alguém sempre de mau humor, que passa todo o tempo fechado no quarto, que nunca quer estar com os pais e que ainda por cima responde mal quando estes, na tentativa da “conciliação”, lhe perguntam o que se passa e se há algum problema. Do lado dos filhos, de um momento para o outro cresceram! Têm um outro corpo, uma outra voz, pensamentos substancialmente diferentes dos da infância, já não querem brincar, querem estar, sentir, pertencer! E para que consigam dar este passo, fundamental para o crescimento e para atingir a idade adulta de uma forma saudável, é necessário que se afastem do seio familiar. Muitas vezes, por não saberem como fazê-lo, este afastamento é realizado de uma forma demasiado brusca, agressiva e conflituosa. Quer os pais quer os filhos sentem alguma dificuldade em perceber o “outro lado” e em mostrar de uma forma clara o que estão a sentir. Os pais sentem que os filhos já não gostam tanto da família, e os filhos, que os pais não os compreendem. Estes aspectos raras vezes são discutidos, até porque uma das características tão típicas desta fase é precisamente o ”não querer conversas”! Assim, o que é possível fazer? Acima de tudo, é importante os pais estarem presentes na vida dos filhos; presentes física e afectivamente; mostrarem-lhes com muito afecto e poucas palavras que são sempre amados, incondicionalmente e indepen-

LIVRE ARBÍTRIO – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES O homem, como todos os animais, está sujeito a forças que o condicionam, apesar de ser a única criatura dotada de razão, o único ser capaz de compreender as próprias forças a que está sujeito e que, por meio desse entendimento, pode tomar parte activa no seu próprio destino. Dotado de consciência, é chamado por essa voz interior que lhe permite formular objectivos para a sua vida, que lhe indica as normas necessárias à sua consecução e que distingue o conceito de bem e mal. Não somos, portanto, “vítimas frágeis e indefesas das circunstâncias”, mas seres capazes de modificar forças dentro e fora de nós e de controlar, pelo menos parcialmente, algumas condições que sobre nós actuam. À primeira vista, a liberdade humana parece-nos muito limitada no seu “círculo de contingências e fatalidades”: necessidades físicas e psicológicas, condições sociais e culturais, interesses. Mas, reflectindo mais atentamente

sobre a questão, constatamos que há sempre uma margem para exercer a vontade: ninguém está obrigado a agir de uma só forma. Existe sempre uma possibilidade em aberto, mesmo quando parece não haver alternativas. Ora, a esta capacidade de agir conforme a vontade e a consciência, chamamos livre arbítrio, essa aptidão para escolher entre o bem e o mal que nos distingue dos outros seres. Sempre, e em qualquer situação, o homem faz as suas opções e, ao fazê-las, é responsável por elas. Não há desculpas. A nossa liberdade implica, necessariamente, a responsabilidade de assumir as escolhas que fazemos e os actos que praticamos. Somos livres porque somos racionais, o que faz de nós seres responsáveis. Porque temos consciência das nossas acções, ninguém pode assumir por nós as escolhas que fazemos. Cidália Tomás, 10º D

dentemente do facto de cometerem erros, de fazerem disparates e de mostrarem mau feitio para com os pais e irmãos. É importante olhar para os filhos com um olhar actual – vê-los com a idade que têm e não com a idade que os pais gostariam que eles ainda tivessem! É importante respeitar o seu desejo de autonomia – dentro dos limites! Quanto aos adolescentes, também têm o seu papel: ver o “lado dos pais”. O facto de o adolescente estar a crescer significa que os pais estão a envelhecer. E essa realidade pode ser muito difícil para os pais; por outro lado, os pais não têm manual de instruções para lidar com filhos adolescentes. Assim, são os filhos que devem mostrar aos pais o que sentem, como sentem e o que desejam; a adolescente que sentia precisar de mimo dos pais, que se sentia longe de tudo e de todos, poderia ter-lhes mostrado isso. É que os pais também não têm bolas de cristal. Se é difícil falar estas coisas? É muito difícil. Mas existem várias formas de comunicação e uma delas, que resulta muito bem e fortalece de uma forma incrível a relação entre pais e filhos, é a escrita! Na escrita estamos sozinhos com os nossos pensamentos e sentimentos. O que sai para o papel é uma fiel cópia do que sentimos e desejamos. E aos pais dá tempo para reflectir, (a dois, quando existe pai e mãe) sobre o tempo que passa, sobre as suas próprias dificuldades e sobre o quanto também é bom ter um filho a crescer! O resultado? Uma maior compreensão entre os pais e os filhos adolescentes e o consequente fortalecimento dos laços afectivos e um crescimento muito mais seguro e tranquilo. Como sabiamente dizia a mãe de um destes adolescentes: “é segurar o barco e esperar que a tempestade passe!” A todas as famílias, desejo uma boa travessia pela adolescência! Dra. Margarida Ferreira, Psicóloga do ECB

Existência pura e negra Constatação: somos seres inteligentes. E daí, talvez não. Temos a capacidade de mudar o mundo e, no entanto, estamos a torná-lo cada vez pior. Talvez não sejamos assim tão inteligentes, se destruímos o lugar onde vivemos e depois nos queixamos de que está tudo numa miséria. Diria mesmo que a nossa estupidez não tem limites, mas enfim, foi assim que fomos feitos, somos a imperfeição na sua mais pura forma, pois, de todos os seres da natureza, somos os únicos que não conseguem viver em paz com ela. Costuma-se dizer que nunca é tarde para aprender, que não é tarde para mudar, então de que raio é que estamos à espera? Quem sabe, se calhar a única maneira é começar do zero. Aprender com os erros, isso sim, seria inteligência. Ricardo Radamanto Rodrigues, 11º A http://moonlightshadowspot.blog.com

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JOÃO SERRALHEIRO Mais um ex-aluno do Externato numa UNIVERSIDADE estrangeirA O que te levou a optar por estudar em Inglaterra? Optei por ir para o estrangeiro porque tenho um primo a estudar na Escócia e a experiência dele tem sido muito positiva. Tendo em conta esse facto e podendo fazer o mesmo, por que não tentar? O pior que poderia acontecer era não ser aceite. E, para prevenir essa situação, fiz também a candidatura cá. Como foi a tua adaptação a um país diferente: horários, comida, a residência de estudantes, a distância, o facto de teres de tratar da tua roupa…?

escolar, as férias e a avaliação? As disciplinas funcionam como módulos. Eles são muito exigentes, querem que sejamos muito bons alunos e que passemos com A (classificação máxima) em todos os módulos. Temos uma bibliografia extensa e o que não se consegue discutir nas aulas é desenvolvido em

curso, o que facilita as coisas. Mas sou o único português lá em casa. Alguma vez te sentiste discriminado por alguma razão? Não, de uma maneira óbvia, diria que não. Às vezes tratam-me por José (de José Mourinho) ou Porto (de Portugal, ou de Porto, não sei…), mas é tudo na brincadeira. No entanto, noto que os alunos do leste asiático, sobretudo os chineses, os japoneses, os tailandeses e outros, só convivem entre eles, não nos permitindo conhecê-los verdadeiramente.

João, fica muito caro estudar A primeira semana foi uma em Inglaterra? montanha russa de emoções. A adaptação à universidade nunca Sim, um pouco, até porque a libra é fácil, sobretudo num país está muito alta relativamente estrangeiro. Nos primeiros dias ao euro. Contudo, há várias tive o meu primo para me ajudar modalidades de pagamento, e senti-me seguro. Contudo, por exemplo, podemos ir pensava no que iria ser de pagando só a acomodação, mim quando ele fosse para a que inclui o pequeno-almoço sua escola. Ele foi e eu não e o jantar, o que rondará os morri, continuei a dar-me com 7.500 euros anuais. Há que as mesmas pessoas, fiz novos somar a restante alimentação, João Serralheiro frequenta o primeiro ano de Relações Internacionais/ amigos e deixei de me preocupar os livros, que são muito caros, as Gestão Turística em Oxford, Inglaterra. com isso. Penso que a adaptação fotocópias, as saídas à noite, que é semelhante ao que acontece cá, embora trabalhos. Os professores são muito rigorosos também ficam caras, e as propinas que, se haja pessoas de muitas nacionalidades. Como e não permitem que se copiem trabalhos pelos tivermos optado por esta modalidade, poderão moro numa residência de estudantes, estamos colegas, levamos logo um zero. Temos oito ser pagas apenas após a conclusão do curso, sempre juntos no final das aulas, convivemos módulos por ano, correspondendo a quatro por quando o aluno já se encontra a trabalhar. e saímos juntos à noite, como acontece cá. semestre. Podemos escolher mais, mas, para E há cursos mais dispendiosos, como o de Relativamente à parte logística, foi tudo muito se obter um rendimento ao melhor nível, não Arquitectura, dado que os meus colegas têm profissional: tivemos reuniões com um director é aconselhável mais de quatro por semestre. de adquirir frequentemente materiais bastante da escola que nos explicou o funcionamento Iniciámos as aulas em finais de Setembro: caros. desses serviços e nos indicou quem nos a primeira semana foi a do caloiro, com Que conselhos darias a alunos que, como poderia ajudar a resolver algum problema que apresentações para toda a gente se conhecer tu, terminaram o 12º ano e estão receosos eventualmente surgisse. e integrar; não há praxes porque vivemos em de se aventurar a estudar no estrangeiro? residências que alojam de cem a setecentos Para um aluno estrangeiro, embora com alunos e vamo-nos conhecendo naturalmente. Se têm essa possibilidade, tentem o um bom nível de inglês, como é o teu Fazemos exames e/ou testes dos módulos em estrangeiro, tendo sempre em conta o país e a caso, é fácil acompanhar as aulas e Dezembro e temos férias a seguir. No final de reputação da universidade escolhida. Há duas produzir trabalhos em inglês? Janeiro inicia-se o segundo semestre, temos coisas fundamentais a ter em conta e, sem isso, No início preocupei-me com essa situação, não as férias da Páscoa e acabamos em finais não vale a pena: em primeiro lugar é preciso sabia se o meu inglês seria suficientemente de Maio, de novo com exames. No final do acreditarmos em nós e ver se somos capazes bom para isso. No entanto, os trabalhos são curso devemos ter completado vinte e quatro de aguentar esta aventura; e a segunda é muito bem orientados pelos professores. módulos, embora eu tencione fazer alguns informarmo-nos devidamente junto de alguém Pode-se ir ter com eles ao gabinete e obter opcionais, designadamente de línguas e na que já tenha vivido esta experiência. ajuda. E na residência tenho muitos colegas área da gestão ou economia. E antes que pergunte (rindo): Sim…, há lá de turma, ajudamo-nos uns aos outros. miúdas giras! Por exemplo, sou vizinho da Sentes-te membro de uma comunidade, Emma Watson, a Hermione do Harry Potter. Há muitos alunos estrangeiros na tua cidadão da Europa, ou apenas um emigrante, João, agradecemos a tua disponibilidade e turma? embora privilegiado? desejamos-te os maiores sucessos pessoais São mais ingleses, mas há uma grande e académicos. variedade de nacionalidades: chineses, No fundo sou um emigrante, mas nunca me paquistaneses, russos, etc. Como o meu senti excluído. Considero-me bem integrado Entrevista realizada pela professora Fátima Feliciano e os colegas estrangeiros com quem convivo curso é de Gestão Turística, é um dos mais também sentem isso. Convivemos bastante procurados por alunos estrangeiros. em casa, mais do que na própria faculdade. Como está organizado o vosso ano Alguns colegas de residência são do meu OLHAR CIRCUNDANTE


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ENTREVISTA A JOSÉ GONÇALVES SAPINHO

«o tempo mais rico da minha vida foi enquanto o dediquei ao ECB» José Gonçalves Sapinho nasceu em 1938, no Sabugal, distrito da Guarda, casou com Maria Adelaide Sapinho, professora do Ensino Básico, em 1963. Têm três filhos. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e ocupou o cargo de Director Pedagógico do ECB durante 34 anos. Foi membro da SEDES, Deputado da Assembleia Constituinte após o 25 de Abril e Deputado da Primeira Legislatura da Assembleia da República entre 1976 e 1980. É, actualmente, Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça e Presidente da Assembleia Geral do Instituto da Nossa Senhora da Encarnação.

mero acaso. A minha esposa tinha concorrido para uma vaga que havia no concelho de Caldas da Rainha. Nessa altura era tropa em Montejunto. Quando regressámos de férias, vimos que a vaga era na escola primária do Casal da Marinha. Ainda tentei emprego nas Caldas da Rainha, na Benedita e em Alcobaça. Como fui contratado para professor de Matemática no ECB, acabámos por nos instalar na Benedita. Nesse mesmo ano, 1967/1968, insistiu-se para que fosse Director do Externato e, até hoje, não me arrependo de ter aceitado o convite. Fui Director Pedagógico até 2000. Ainda hoje estou ligado ao ECB, na condição de Presidente da Assembleia Geral. Aquilo que mais orgulho me dá é não ser dono do ECB, porque houve possibilidade de o ser. Como avalia o tempo dedicado ao Externato, na condição de Director Pedagógico? Quais foram as dificuldades que sentiu e os sucessos que viveu?

Pode descrever-nos o seu percurso de vida, sobretudo académico, militar e político? Frequentei o Seminário do Fundão, experiência gratificante, apesar do pouco tempo que lá estive. Dei prosseguimento aos meus estudos no Externato Secundário do Sabugal e, posteriormente, no Externato de Santo António, em Castelo Branco, acabando por terminar o ensino secundário no Liceu Pedro Nunes. Fui dispensado do exame de admissão ao Ensino Superior, podendo, por esta razão, matricular-me em qualquer universidade. Cumpri o serviço militar na Força Aérea e fui distinguido com três louvores. Os dois anos que passei na Base das Lajes foram dos anos mais importantes da minha vida, pois foram de intensa aprendizagem através do contacto privilegiado com os americanos e com a política diplomática dos anos sessenta, o que me permitiu compreender o espírito dinâmico e de inovação do povo americano. O meu interesse pela políti10

ca começou cedo. A minha disciplina preferida no ensino secundário era Organização Política e Administrativa da Nação, na qual obtive a classificação de 19 valores. Fui membro da SEDES, a qual teve muita importância antes do 25 de Abril, sobretudo na constituição de quadros políticos, e me proporcionou contacto e ligação com a política. Neste período, defendíamos que o regime deveria alterar-se por dentro, sem revolução. Mais tarde, em 1975, enquanto Deputado da Assembleia Constituinte, contactei de perto com figuras que se destacaram na política, tais como: Pinto Balsemão, Sá Carneiro, Marcelo Rebelo de Sousa, Jorge Miranda, Rui Vilar... Entre 1976 e 1980 fui Deputado da Primeira Legislatura da Assembleia da República. O que o levou a abandonar a sua terra natal e a fixar-se na Benedita? Cheguei à Benedita nos finais dos anos sessenta, digamos que por

Considero que o tempo mais rico da minha vida foi enquanto o dediquei ao ECB, tendo participado na sua organização e reestruturação ao longo de décadas, preparando-o para os desafios do futuro, adaptando-o às circunstâncias político-sociais, nacionais e locais, e fazendo todos os investimentos imobiliários e mobiliários que estão hoje à vista. A primeira grande revolução foi acabar com os Cursos de Formação de Serralheiros e de Formação Feminina que eram, financeiramente, insustentáveis. Procedeu-se então, sempre com o apoio dos Órgãos Sociais da Cooperativa, à substituição destes cursos pelo Curso Geral de Administração e Comércio, que passou a ser misto e permitia o prosseguimento de estudos. Por outro lado, criaram-se os cursos diurnos gerais dos liceus. As consequências destas medidas foram bastante positivas, na medida em que os alunos continuavam a estudar, incentivando, assim, as gerações mais novas a fazê-lo também. Naturalmente que houve dificuldades. O Ministério da Educação indeferiu a criação do liceu.

Corremos o risco de pôr a funcionar legalmente algo que era ilegal. O sucesso que vivi enquanto Director Pedagógico é ver a escola como ela está: uma das melhores escolas do país do ponto de vista das estruturas físicas e do corpo docente. Dado que o ECB é a maior cooperativa de ensino da Península Ibérica, como vê esse facto e que contributo deu para que tal se concretizasse? Muito empenho, muita mudança, muita oportunidade para concorrer aos fundos comunitários, para fazer as construções necessárias, com vista a ter a possibilidade de receber cada vez mais alunos, que vinham de todos os lados. Hoje está consolidada essa política. Adoptou-se o princípio de que a melhor escola da zona seria o ECB. Houve um momento em que foi necessário adoptar a política de receber alunos provenientes das zonas envolventes, para que a escola se tornasse auto-suficiente. Um segundo momento correspondeu à preparação e formação do corpo docente, apostando na sua profissionalização. O ECB é testado pela primeira vez quando apresenta os primeiros alunos a exame, nas escolas de Alcobaça e Leiria, e os resultados são bons. Repare-se que neste período ainda não havia autonomia nem paralelismo pedagógico. Havia um externato em Rio Maior, dois em Porto de Mós, e a verdade é que todos fecharam, excepto o da Benedita. Os outros externatos deixaram de existir, no momento em que o ECB progredia. Assim, graças a um instinto de sobrevivência, a um espírito de consolidação e progresso, o ECB pôde tornar-se na escola que hoje conhecemos: dinâmica, capaz de preencher os requisitos dos nossos alunos. De que modo contribuiu o ECB para o desenvolvimento socioeconómico e cultural da vila, durante estas quatro décadas? Agir com espírito aberto, promover a cultura e evitar ocupar espaços que a sociedade civil ocupara, sobretudo na área cultural. OLHAR CIRCUNDANTE


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No que diz respeito ao desenvolvimento económico, muito se deve a um princípio que sempre prezei: o de que os alunos deveriam sair da escola, para conviver e dinamizar a vila. Se os alunos estivessem fechados, a vida da vila teria sido diferente. Por isso optei pelas portas abertas ao exterior. Por outro lado, o ECB ia permitindo a fixação de pessoas das zonas limítrofes na Benedita, enriquecendo-a do ponto de vista humano. Consequentemente, insisti numa política de prioridade de ex-alunos. A criação da Biblioteca e do Centro Cultural foi um marco importante no desenvolvimento cultural. O processo moroso de aquisição de livros, por exemplo, que chegou a ser feito através de rifas, revela o espírito empreendedor que foi necessário. A meu ver, quanto mais a biblioteca se desenvolver, mais a escola se desenvolverá. Finalmente, o Centro Cultural é a cúpula das realizações, apetrechado com equipamento que dignifica a vila e o ECB: a qualidade, do ponto de vista arquitectónico, e a fruição que proporciona aos beneditenses. Repare-se que o ECB faz parte do projecto ARTENREDE, colocando-se num lugar de excepção, dado que os restantes membros do projecto são autarquias. O ECB, nas últimas quatro décadas, tem favorecido na Benedita a passagem de um espírito aldeão para um espírito urbano. Por conseguinte, creio que o Externato possui uma dinâmica que lhe permitirá estar sempre na primeira linha da mudança e do desenvolvimento. Faz parte da sua génese e dos seus genes.

TOQUE DE SAÍDA

Fui sempre a favor de haver unidade na direcção, a escola deve ter um Director e não uma meia dúzia de pessoas, sem se saber quem manda e quem obedece. Além disso, a escola deve propiciar a igualdade de oportunidades, com todas as consequências a ela inerentes, mas não deve ser predominantemente integradora. Que expectativas ainda tem para o ECB? Sou um espectador comprometido com tudo o que se refere ao ECB, rejubilo quando vejo que está a seguir o caminho correcto na defesa da sua autonomia e inserção no meio a que pertence. Gostaria de ver alguns campos de ténis junto ao campo de futebol, porque considero que é possível tornar a vila da Benedita mais urbana. Para terminar, gostaria, de dizer que espero que nunca ninguém sonhe em prejudicar uma das instituições mais importantes criadas no distrito e no país. O Toque de Saída agradece ao Dr. Sapinho a sua disponibilidade, desejando-lhe sucesso nos cargos que desempenha e expressando votos para que continue a fomentar o progresso da nossa região. Deixamos-lhe, sobretudo, um especial agradecimento pelos longos anos de dedicação ao Externato Cooperativo da Benedita, cientes do papel decisivo que desempenhou na edificação e desenvolvimento da nossa escola e na construção de uma identidade e de uma cultura que a distinguem de todas as outras. Entrevista realizada pelos professores

Como vê o futuro da educação face às actuais políticas educativas?

Clara Peralta e Valter Boita

O TOQUE DE SAÍDA NO ALCOA

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A Democracia na Actualidade O sistema político vigente na actualidade, em Portugal e na maioria dos países ocidentais, é a democracia. Herança da Grécia Antiga, foi sofrendo transformações ao longo dos tempos. A história da democracia revela um percurso sinuoso e agitado: surgiu num contexto excepcional, perdeu-se nas brumas do tempo, reinventou-se como a forma mais equilibrada do exercício do poder. Os gregos do século V a.C. criaram a democracia e com ela o conceito de cidadão, aquele que governa a polis e que, perante ela, responde pela sua acção governativa. A democracia era, não só um sistema político, mas também uma forma de vida. Veja-se o modo como a vida quotidiana se estruturava então, em função da vida política, e, como hoje em dia, muitas pessoas vivem sem considerarem necessária qualquer intervenção cívica. Era uma democracia directa (não existia diferença entre governantes e governados), embora, para os padrões actuais, algo elitista, pois nem todos eram cidadãos – a escravos, metecos e mulheres não se atribuía essa designação. Apesar das diferenças, as ideias nucleares que presidem às nossas democracias estavam já latentes no sistema ateniense. Fundada sobre os princípios basilares da igualdade, justiça, liberdade (de religião, de expressão, de imprensa) e respeito pela dignidade do ser humano, a democracia apresenta-se-nos como um sistema político em que os cidadãos devem ser participativos e interventivos e, tal como na Grécia Antiga, a argumentação continua a ser basilar, já que o debate e a discussão são a forma mais democrática de resolver problemas e questões que dizem respeito a toda a comunidade. Discu-

Péricles - o pai da democracia grega

tir e debater continua a ser uma renúncia ao dogmatismo e às verdades absolutas. Assim, viver em democracia implica necessariamente uma educação para a cidadania. É necessário que exista respeito e aceitação dos diferentes pontos de vista – pois as soluções comummente encontradas serão tanto mais ricas quanto maior for a diversidade das opiniões iniciais. É por isso que a solução encontrada pelas maiorias deve ser valorizada – sem detrimento das opiniões e da individualidade de cada um dos intervenientes. O diálogo deve ser a forma privilegiada de resolução dos problemas da polis. Os cidadãos têm o dever cívico de participar, exercendo livremente o seu direito de questionar, problematizar, propor e apresentar opiniões, fazer-se ouvir, ouvir os outros, aceitar ou recusar opiniões. Apesar das suas fragilidades e imperfeições, e relembrando as palavras de W. Churchill, a democracia continua a ser o melhor sistema político, o mais justo e o mais equilibrado porque ainda não soubemos inventar outro que o superasse! Marta Santos, 11º A

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Ano Novo

ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES RENOVADA! No mês de Novembro de 2007, decorreu a campanha eleitoral para a Direcção da Associação de Estudantes do ECB. Durante uma semana, quatro listas tentaram sair vencedoras: lista A, lista L, lista P e, por fim, a lista R.

tos, derrotando a lista R, que contou com 223 votos. A lista vencedora assumiu, em Dezembro, a Direcção da Associação de Estudantes do ECB neste ano lectivo: Direcção Presidente: Fábio Santos; Vice-presidente: Bruno Salvaterra; Secretário: Rafaela Belo; Tesoureiro: Élia Fialho; Vogal: Sofia Cavadas

Cada uma tinha os seus objectivos, criou os seus slogans e cada uma tentou divulgar o mais possível o seu programa e as suas promessas para obter a maioria dos votos dos colegas. Só uma podia ganhar, e isso todos sabíamos. No entanto, foi uma semana calma, sem grandes conflitos, desenvolvendo-se uma competição bastante saudável. Foram necessárias duas voltas, visto que nenhuma das listas obteve a maioria absoluta na primeira. A primeira volta teve lugar no dia 20 de Novembro e os resultados apurados foram os seguintes Lista Lista Lista Lista

A L P R

116 votos 55 votos 275 votos 199 votos

Assim, a lista P e a lista R disputaram a segunda volta no dia 22 de Novembro. Muitos alunos votaram e, no final do dia, contaram-se os votos, na presença e com o testemunho do presidente de cada lista, bem como do presidente da Associação de Estudantes do ano lectivo anterior. Venceu a lista P, com 275 vo-

Mesa da Assembleia Geral Presidente: Carina Santos; Secretário: Áurea Mendes; Vogal: Tiago Mendes Conselho Fiscal Presidente: Joana Cavadas; Secretário: Carolina Sá e Silva; Relator: Juliana Santo Enquanto dirigentes da Associação de Estudantes, este grupo de alunos tem como principal objectivo defender os direitos dos colegas e possibilitar-lhes actividades lúdicas e dinâmicas para tornar a escola num sítio mais apetecível. Porque, para além do estudo, o ECB pode ser também um local para nos divertirmos em conjunto. Para isso, a AE tem várias actividades agendadas, como workshops, festas e, claro, a candidatura à organização

Lloret del Mar lá vamos nós! Catorze de Março é o tão esperado dia em que partiremos para a nossa viagem de finalistas. Este ano, tal como nos últimos, o destino escolhido pelos finalistas da nossa escola é Lloret del Mar, uma pequena e acolhedora localidade no litoral de Espanha que, nesta altura do ano, recebe cerca de 16000 finalistas de todas as zonas de Portugal. Para organizar e tentar tornar a viagem mais económica para todos, constituímos uma comissão responsável por angariar fundos através de iniciativas como festas, venda de bolos, de rifas e de camisolas. Deste modo, esperamos fazer desta viagem a melhor de sempre! A Comissão de Finalistas do ECB

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do Baile de Gala. Graças ao excelente trabalho da AE do ano lectivo passado, contamos agora com uma Associação de Estudantes legalizada, com todas as vantagens que daí provêm e que nos podem ajudar a fazer um bom trabalho, visto que permitem candidatarmo-nos a vários apoios económicos e culturais. No final do Primeiro Período, organizámos um pequeno karaoke, onde todos pudemos festejar o final de uma etapa escolar; no mês de Janeiro, um torneio de futebol, promovendo a prática do desporto; no mês de Fevereiro, actividades para o Dia dos Namorados, em conjunto com o Projecto Crescer; e no mês de Março, uma festa de angariação de fundos para o Baile de Gala deste ano lectivo. Tudo isto para que a escola se torne mais dinâmica e divertida! Pretendemos continuar o bom trabalho do grupo de alunos que formou, no ano passado, a AE, e informamos todos os colegas que podem contar com a nossa ajuda e colaboração em tudo o que nos for possível fazer. Tentaremos proporcionar-vos momentos interessantes e divertidos, sem esquecer, claro, que, para além de direitos, temos também deveres para cumprir, e que deve haver harmonia entre ambos. Sofia Cavadas, 11º D, Associação de Estudantes

VISITAS DE ESTUDO Tantas horas de anseio por aquele dia! O dia diferente de tantos outros, monótonos e rotineiros, o dia da visita de estudo. No entanto, as visitas de estudo são muito mais que meros passeios; são, talvez, uma das estratégias que mais estimula os alunos. O facto de serem constituídas por uma parte lúdica aliada à interacção professor/ alunos, faz com que exista um empenho adicional. De facto, estas saídas do espaço escolar constituem situações de aprendizagem nas quais se favorece a aquisição prática de conhecimentos, tornando-se mais fácil para os alunos, compreender as matérias, no concreto. Além disso, e não menos importante, as visitas de estudo facilitam a sociabilidade e as relações entre alunos e professores, uma vez que se encontram num outro contexto de trabalho. Sabe-se também que, muitas vezes, mais importante do que os novos conhecimentos adquiridos, são as des-

cobertas mútuas que se proporcionam. De um ponto de vista mais específico, as visitas de estudo permitem aprofundar as técnicas de recolha e tratamento de informação e desenvolver a capacidade de observação e organização do trabalho. No fundo, as visitas de estudo são o ponto de passagem da teoria à prática, da escola à “realidade”. E foi isto que conseguimos nos passados dias 18 e 19 de Janeiro, com a visita das turmas B e C do 10º ano ao ICBAS, à Fundação de Serralves e ao Visiunarium. No primeiro, contactámos com um mundo direccionado ao estudo médico (ambição de muitos dos presentes). Na segunda, embora um pouco fora da nossa área de estudo, foi possível adquirir conhecimentos artísticos. Por último, no Visiunarium, consolidámos conhecimentos específicos da área de Biologia, Física e Química. Filipa Isabel Serrazina, 10º C

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TOQUE DE SAÍDA

ACRÓSTICO

ODE NATURAL

Nunca conseguirei perceber Ou então talvez assim consiga. Inventa o que quiseres, Ter é poder até morrer, Eis a máxima que sem querer pediste.

Da minha janela fere-me a vista Ante toda a beleza inaudita Da matéria de um naturalista, Causando súbita febre de escrita.

E a inocência do olhar? Lábio. Pele vibra. Um segundo, e o mundo respira [para depois sufocar. Aranhas. Camas profanadas. Razões para as virgens serem violadas, [pondo o mundo a despertar. (,) A inocência ficou no telhado a bronzear. Em vez de sugar, Tira-nos o perceber, Embrulha o acontecer, Recusa o acordar, Nega a racionalidade. Indo eu, Doía-me o saber, Amava o céu Daqueles que não queriam descer. E tudo assim aconteceu. Havia de ir. Havia de ver! Antes de perceber, mas nunca percebi. Depois de tudo, para que serve morrer? E, verdadeiramente, nunca me conheci. A inocência ficou no telhado a cobrir Sinais de antigos abusos por descobrir. Como está frio. Ontem, equinócio de noite eterna. Negativa de sofrer, Verdade a fingir, Ícone de vida serena. Discussão silenciosa. A hora é a mais honrosa, Resta saber o que fazer.

Assim, canto a Natureza que alcanço Deste observatório recatado Que peca por demasiado abrigado, Pois barra os sentidos às sensações, Ergue à poesia complicações Mas resisto, e entre palavras danço! Exalto a chuva que hoje cai fortemente Saciando a sede das terras sôfregas, O vento que mesmo tão imponente Cria obras da maior delicadeza, O gelo que esconde tantas surpresas, Cujos cristais disfarçam a dureza! Elogio o Sol, a Lua, a Terra E a dança eterna entre as estações, Entre as marés, entre a noite e dia, Nesta euforia subiria a serra Para clamar a todas as Nações O belo da Natureza baldia! Porém não esqueçamos também a vida Que suspensa no breve deste ciclo Natural de conta, peso e medida, Ciclo intemporal ou primordial, Estas palavras de artista dedico Que nestes círculos tudo é fulcral. Porém, o mais que isto são as partículas, Sejam quarks, subatómicas, átomos, Sejam fotões, alfa, beta, moléculas Se se organizar em quaisquer compostos, São matéria do tudo e do nada, Não consigo homenagem ajustada!

O meu jardim Tem muitas cores Tem céu Tem sol Tem flores. Jardim dos amores? Não sei. O meu jardim Cheira a jasmim A rosas E a alecrim. Ao calor de um olhar. Jardim de encantar? Não sei. O meu jardim Tem o som de uma canção. O canto das aves. Da águia, do cuco E do gavião. Jardim de emoção? Não sei. O meu jardim É mágico. Voam as borboletas, A vida nasce, A sombra das árvores refresca. Jardim em festa? Não sei. Mas é o meu jardim! Adriana Policarpo, 11º A

Luís Crisóstomo, 12º B

www.adrianapolicarpo.blogspot.com/

Na literatura, encontro-Me

Alexandre Coelho, 11º B

Gosto da aldeia de manhã Gosto da aldeia de manhã De manhã quando ainda não nasceu o sol Quando ainda todos dormem e ninguém anda na rua Quando ainda não começaram a fazer os seus disparates diários Gosto quando ainda está escuro e todas as luzes estão apagadas E de então ver as janelas a ficarem iluminadas Uma, e outra, e mais outra Gosto de imaginar o que andam todos a fazer Acordar, vestir, preparar os miúdos Comer os cereais e o leite Gosto quando ainda é muito cedo E ainda não há ninguém aborrecido ou preocupado ou a gritar. Mas é nesse momento que, interrompendo a minha observação, Alguém sai de casa batendo com a porta E acaba de vez com a minha esperança na humanidade. Marta Santos, 11º A http://www.improvisacoesemdomenor.blogspot.com/

RECRIAR O MUNDO

O MEU jardim

Há poetas, como Pessoa, que Me [en]cantam. Há prosistas, como Peixoto, que Me assombram e me apaixonam. Há ainda outros, como Saramago, que me transformam. Há o Ricardo Reis, há o Bernardo [Soares]. Há o Al Berto. Entre tantos e tantos que se transformam em palavras e livros. Que nos chegam por entre personagens de Eles mesmos. Que fingem fingir aquilo que [não] são para passarem a poder ser tudo. Que dizem, sem querer ou saber da [nossa] existência, aquilo que sentimos e que queremos e que perdemos. Às vezes encontro-Me em bocadinhos de frases. Copio-as, freneticamente, para o meu coração. De certa forma, pertencemMe, plenamente. Há livros que hei-de ler eternamente. Até que saiba dar-lhes vida. São os livros que leio antes de adormecer e aqueles com que quero acordar. Que me condu-

zem (n)os sonhos que sou. Dos sonhos em que Me tornei. Por [breves] momentos anseio conhecer tão bem as palavras como Eles. Saber inventar corações e escrevê-Lo, e transcrevêLos em palavras [doentes]. Saber o que sinto e como sinto, saber de que são feitas as palavras que me sussurram aos ouvidos como palavras de amor perdidas num tempo qualquer. Há histórias de amor e de guerra, de ódio e de paz [utópica]. Há o sentimento constante de não [querer] sentir. Há a ausência presenciada por palavras sofridas derivadas de uma sensação que [nunca] a mim pertence[u]. Eles são, Eles existem, ainda que vivos ou mortos ou que nunca tenham sentido o ar entrar pelos pulmões que não tiveram. Eles fizeram[-Me] sem terem autorização e [julgo que] não Me importei. Joana Cavadas, 12º B

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Projecto Twinning

Um dia de Sonho com as crianças da Casa do Gil No dia 2 de Janeiro, a turma de E.M.R.C. do 12º Ano visitou a Casa do Gil, um centro de recuperação hospitalar em Lisboa, no âmbito do projecto Twinning desenvolvido ao longo deste ano em parceria com esta instituição. A ideia de realizar este projecto surgiu do facto de todos os alunos, no seguimento da visita da directora desta fundação à nossa escola, demonstrarem um grande interesse em colaborar com uma instituição de solidariedade. A Casa do Gil apareceu assim como uma oportunidade única para aplicar conteúdos que exploramos nas aulas de E.M.R.C. A visita foi muito gratificante, pois fomos recebidos calorosamente, tanto pelas crianças como pelo corpo administrativo da Casa. Dedicámos a parte da manhã à visita ao interior da casa, onde descobrimos o conforto de um verdadeiro lar. Foi durante este período que conhecemos os meninos e recebemos os seus primeiros sorrisos. Ficámos surpreendidos com tanta afabilidade. À tarde, fizemos com as crianças uma curta viagem ao mundo das princesas, enquanto a Professora Vanda Marques

contava a história do seu livro: “O amor de Pedro e Inês contado aos Pequenotes”. Para facilitar a compreensão, dramatizámos a história com fantoches que fizeram as delícias dos mais novos. Realizámos também jogos em conjunto, que promoveram a proximidade entre todos, e foi extraordinário ver a alegria daquelas crianças. Através desta fundação, descobrimos como é possível contribuir para a felicidade dos outros, dando algum do nosso tempo para estarmos juntos. Actualmente, mantemos o contacto com as crianças através de correspondência. Professora Vera Catarino

O ECB na estrada XV Rally Paper do Externato

Durante a manhã do dia 1 de Fevereiro, a 15ª edição do tradicional rally paper do ECB acelerou pelos arredores da Benedita. Vinte e cinco equipas, constituídas por professores, funcionários, alunos e encarregados de educação, partiram das traseiras do CCGS, de “ovo na mão”, à descoberta das pistas fornecidas pela organização do evento, numa luta contra o limite de tempo imposto. Com alguns enganos pelo meio, boa disposição e disfarces para todos os gostos, lá foram chegando os participantes, devendo, ainda, realizar quatro provas surpresa no final, para além de devolver o ovo inteiro. A festa terminou no restaurante “O Bigodes”, com o jantar de convívio e a entrega dos prémios, incluindo o do melhor disfarce, ganho pela equipa “Os Paradoxos”, chefiada pela professora Rita Pedrosa. À semelhança das outras edições, o XV rally foi organizado pela equipa vencedora do ano anterior: “Embaixadores Reais do Burkina Faso”, liderados pela “Cilinha”- funcionária do ECB. Para continuar a tradição, o próximo rally paper será organizado por “The Five Senses”, conduzidos pela professora Liliana Gens que obtiveram o 1º lugar.

À PROCURA DE JOVENS TALENTOS

Mais um ano, mais um Dia do Português, mais uma aposta no valor dos nossos alunos, pois é a pensar neles que criamos e desenvolvemos todo o nosso trabalho. Assim, no dia 29 de Janeiro, os professores de Português, como forma de comemorar o dia da disciplina, e envolvendo os alunos, promoveram algumas actividades lúdico-didácticas. 14

Da parte da manhã, na sala polivalente do CCGS, contámos com a presença da escritora Margarida Fonseca Santos que dinamizou um Atelier de Escrita Criativa para alunos do 3º Ciclo. Inicialmente, sentia-se que os alunos estavam pouco à vontade, mas à medida que o tempo ia passando e que as actividades do atelier iam decorrendo, foram-se soltando, participando de forma activa e descontraída em tudo o que lhes era sugerido. Por volta do meio-dia, a escritora realizou mais uma sessão de Escrita Criativa dirigida especificamente a alunos com Dificuldades Específicas de Aprendizagem, pois não podemos esquecer que a motivação destes meninos para a escrita é fundamental. Ainda da parte da manhã, os alunos de 10ºano de Literatura Portuguesa presentearam algumas turmas com um Recital de Poe-

sia, acompanhado de música interpretada por eles. Os alunos que tiveram a oportunidade de assistir a este pequeno recital teceram grandes elogios à qualidade do trabalho dos seus colegas. A tarde foi organizada a pensar nos jovens do Ensino Secundário. Também na sala polivalente do CCGS, decorreu um Concurso de Escrita dirigido aos alunos deste nível de ensino. Muitos foram os jovens que por ali passaram com o intuito de mostrar os seus dons para a escrita. Quem sabe onde se esconde um pequeno grande escritor? Será esta agora a tarefa dos professores de Português: ler, avaliar e seleccionar os três melhores textos redigidos por estes jovens, aos quais serão atribuídos prémios. Na próxima edição do Toque de Saída serão revelados os nomes dos melhores “escritores” do Ensino Secundário do ECB. Professora Glória Mota

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TOQUE DE SAÍDA

Aplicações e uso

PLANTAS MEDICINAIS E AROMÁTICAS

Sabugueiro

Ao longo da breve história da humanidade, todas as culturas dependeram, em maior ou menor grau, da vegetação existente no território que ocupavam. O meio vegetal proporcionou, durante milénios, alimentação, medicamentos, energia e matéria-prima para as mais diversas actividades humanas. A utilidade e a importância das plantas aromáticas e medicinais tem vindo a ganhar um reconhecimento crescente nos últimos anos, gerando diversas linhas de trabalho relacionadas com a sua

utilização e conservação. De facto, regista-se um aumento do interesse académico, empresarial e da sociedade em geral sobre as aplicações e os usos tradicionais dos vegetais. No nosso país existem plantas medicinais e aromáticas das mais diversas espécies, apresentando consistência herbácea, semi-herbácea ou lenhosa. Estas plantas têm na sua constituição básica as mesmas substâncias que todas as outras (água, sais minerais, ácidos orgânicos, hidratos de carbono e substâncias proteicas), no entanto, contêm também compostos que as demarcam das restantes, conferindo-lhes propriedades especiais com valor terapêutico e aromático. Entre esses compostos, podemos destacar, pela sua importância: alcalóides, glucosíados, óleos essenciais, taninos, princípios amargos e mucilagens. Admitiu-se, no passado, que o desenvolvimento da Química poderia destronar, em grande parte, a importância das plantas aromáticas e medicinais. Verifica-se hoje que tal facto não é verdadeiro e que muitos dos princípios activos contidos nessas plantas não podem ser substituídos por produtos

sintéticos, sendo mais rentável descobrir, estudar e extrair industrialmente um alcalóide ou um antibiótico de uma planta, do que elaborar, em laboratório, uma molécula sintética. As plantas aromáticas e medicinais constituem um assunto de trabalho a que se ligam vários dos objectivos do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros: - objectivo educativo - o conhecimento e reconhecimento das espécies vegetais da região, suas utilizações e aplicações; - objectivo cultural - implícito na pesquisa sobre salvaguarda e revalorização dos conhecimentos naturalistas populares; - objectivo conservacionista - pois todas as actividades de conservação dependem de dados precisos sobre a identidade, a distribuição e a biologia da espécie. A conservação destas espécies, bem como a sua correcta utilização, é essencial para a concretização dos objectivos de desenvolvimento que se deseja para a referida área. Porém, a ocupação e a transformação dos habitats naturais, provocadas pela acção humana, delapidaram recursos essenciais que suportavam um

OBSERVATÓRIO DA NATUREZA COASTWATCH

VERMICOMPOSTAGEM NO ECB

Durante o mês de Outubro, os alunos das turmas 11ºA, 11ºB e 11ºC fizeram o levantamento de dados ambientais para a caracterização da faixa litoral correspondente à praia do Salgado. Para além da monitorização do litoral, os alunos puderam verificar a importância deste sistema natural, adquirir conhecimentos e desenvolver competências e motivação para agir. Pretendemos, com este projecto, formar cidadãos conscientes e activos no estabelecimento de uma melhor relação entre a actividade humana e o litoral.

O ECB, em parceria com a Nostrum (Associação de Defesa do Património Ambiental), construiu uma unidade de tratamento de resíduos por vermicompostagem. Esta unidade vai possibilitar o tratamento de alguns dos resíduos da nossa escola, recorrendo à utilização de anelídeos da espécie eiseneia fetida, comummente designada por minhoca vermelha. O tratamento por vermicompostagem consiste na digestão, pelas minhocas, da parte orgânica dos resíduos urbanos, sendo o resultado a obtenção de um fertilizante natural que será utilizado para fertilizar os canteiro da nossa escola. A nossa sociedade produz RSU em excesso e, ao misturá-los, dificulta a sua valorização. Assim, para resolver este problema, não haverá melhor solução do que transformar os resíduos num recurso, e no nosso próprio jardim ou mesmo em casa! Como? Fazendo compostagem ou vermicompostagem. Professora Carla Dias

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE

grande número de actividades. De facto, o Homem dos nossos dias perdeu a noção da sua origem, da sua relação íntima com a natureza e das suas limitações como espécie profundamente dependente do ecossistema onde vive e onde permanentemente provoca alterações sem medir as suas consequências. Ora a conservação e estudo destas plantas poderá, por um lado, servir de estímulo a determinadas actividades económicas e, por outro, garantir melhor nível de vida às populações. As aplicações que hoje conhecemos são já suficientes para justificar a importância da flora espontânea, e muito se espera da investigação e tecnologia, neste contexto. Algumas espécies do PNSAC com potencialidades aromáticas: madressilva, sabugueiro, sargaço, agrião, rosmaninho, alecrim, carvalhinha, tomilho, trevo dos prados, murta, pinheiro bravo, roseira brava, funcho; com potencialidades medicinais: aroeira, borragem, sabugueiro, medronheiro, urze, hipericão, alecrim, betónia, carvalhinha, murta, oliveira, jarro, cenoura brava, … Professor Sérgio Teixeira

Encontro

A FAMÍLIA NA ESCOLA No dia 29 de Novembro de 2007, pelas 20:30, realizou-se no Centro Cultural Gonçalves Sapinho o Encontro “A Família na Escola”, cuja responsabilidade esteve a cargo de alguns elementos do Projecto Crescer e do Grupo CAF, Melhoria 10. Este Encontro teve como finalidade sensibilizar os Pais e Encarregados de Educação dos alunos do 3º Ciclo para a importância da sua participação e envolvimento na Escola. Os assuntos abordados foram: a Família na Escola, a participação dos Pais e Encarregados de Educação nas actividades escolares, bem como os objectivos e actividades do Projecto Crescer. A sessão de abertura foi feita pelo Director Pedagógico do ECB. A Professora Rita Vicente apresentou uma reflexão sobre a importância da Família. E dois Encarregados

de Educação partilharam com todos os presentes a sua experiência enriquecedora nas Sessões de Pais. A Professora Ana Paula Barosa proferiu uma comunicação intitulada A Participação dos Pais e Encarregados de Educação nas actividades escolares, onde apresentou alguns dados estatísticos sobre a participação dos Pais na Escola, e prestou informações acerca das várias actividades em que podem participar. Finalmente, a Professora Helena Rodrigues fez a apresentação do Projecto Crescer: objectivos, importância e actividades. Seguiu-se um debate e, no final, alguns Encarregados de Educação presentes manifestaram interesse em participar na Festa de Natal e na Venda do Sorriso Amigo, o que veio a acontecer. Professora Ana Paula Barosa

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Lagoa de Pataias

O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

A Eco-turma do 12ºB passou ecologicamente a manhã do dia 29 de Janeiro, na Lagoa de Pataias, com a bióloga Sofia Quaresma, da Câmara Municipal de Alcobaça, e a professora Paula Castelhano. A Lagoa de Pataias situa-se na mancha do pinhal de Leiria e fica também num dos principais eixos migratórios de aves aquáticas existentes no país, a par do Rio Minho, Ria de Aveiro, Baixo Mondego e Estuário do Tejo, sendo imprescindível para o repouso e abrigo das aves invernantes. Constitui o núcleo de um pequeno ecossistema e abrange uma área de 5 a 6 ha, com o eixo maior de cerca de 400 metros e o menor de cerca de 125 metros. Sob o ponto de vista geológico, a Lagoa está envolvida por três formações diferentes que se situam no Cretácio, Neogénico e Moderno. O nível da água vai variando ao

longo do ano, consoante a época das chuvas e a estação seca do Verão. Toda a margem é percorrida por caminhos de fácil acesso a peões e veículos de todo o terreno, o que contribui para a sua degradação. A margem sul é a mais rica em vegetação terrestre, observando-se uma linha de vegetação lenhosa ripícola constituída por salgueiros (género Salix) e gramíneas. Na zona adjacente da massa de água existe uma grande abundância de macrófitas aquáticas com a parte aérea emersa, dominada por espécies dos géneros Phragmites e Typha. Ao meio da lagoa podem observar-se manchas de nenúfar branco (Nymphae alba) e, em vários locais perto das margens, plantas flutuantes da família das Lamnaceas. Podem ainda observar-se acácias, espécie exótica e infestante de que existem exemplares ao longo das estradas e em áreas mais frescas. Algumas aves e batráquios são espécies que podem facilmente ser observadas na Lagoa. Destacam-se, pelo tamanho, as seguintes aves: Himantopus himantopus (Perna-Longa), Gallinulla chloropus (Galinha d’água), Anas platyrrhnchus (Pato Real) e Fulica atra (Galeirão). Algumas espécies de peixes podem também ser observadas, destacando-se: Micropterus salmoides (Achigã) e Cyprinuscarpio (Carpa). Antes do desassoreamento, podiam observar-se bastantes cágados. Es-

tes foram levados para casa por algumas pessoas que durante as obras os foram encontrando, sendo, neste momento, o seu número bastante mais escasso. É também possível encontrar algumas espécies de libelinhas, raras noutros locais, além de sapos e bastantes girinos. Esta saída de campo foi considerado por Sofia Quaresma, bióloga da CMA, como “uma oportunidade única” para intervir na Lagoa e “aprender com a resposta do ecossistema”, pois “num futuro próximo, face às alterações climáticas globais, estes fenómenos tendem a ser cada vez mais frequentes”. Recordou que o Dia Mundial das Zonas Húmidas emergiu da Convenção sobre Zonas Húmidas, conhecida como Convenção de Ramsar, que entrou em vigor em 1975 e conta actualmente com 1578 sítios, a nível mundial. Portugal ratificou esta convenção em 1980, tendo como obrigações a designação de zonas húmidas para inclusão na lista, a elaboração de planos de ordenamento e de gestão para estes locais e a promoção da conservação e protecção destas zonas e das aves aquáticas. Portugal tem actualmente 17 sítios incluídos na Lista de Zonas Húmidas de Importância Internacional (www.ramsar. org). As zonas húmidas constituem ecossistemas de transição entre os ambientes aquáticos e terrestres, sendo dos mais produtivos

do mundo e revelando uma série de funções e valores insubstituíveis a nível global. Entre as suas funções destacam-se: mediação do fluxo natural da água (papel importante no ciclo da água); controlo de inundações; manutenção dos lençóis freáticos; estabilização da linha de costa e protecção contra tempestades; retenção de sedimentos e nutrientes e purificação da água; e mitigação de alterações climáticas. Estes ecossistemas naturais constituem autênticos reservatórios vivos, segundo Sofia Quaresma - “hot-spots” de vida. Aliados à biodiversidade de vida animal e vegetal, a beleza natural e o valor cultural destes locais fazem com que as zonas húmidas se tornem locais apetecíveis para o desenvolvimento de inúmeras actividades turísticas. Nesta perspectiva, a professora Paula Castelhano considera que a educação ambiental deve ser vista como um instrumento fundamental para um processo de alteração de valores, mentalidades e atitudes, de modo a criar uma consciencialização profunda e duradoura dos problemas relacionados com as questões ambientais. Este processo deverá assumir uma dimensão contínua, de educação permanente, com vocação interdisciplinar, cumprindo a educação ambiental um importante papel estruturante no pensamento crítico e criativo dos alunos. Alunos do 12º B

ECO-Códigos

Faça a Escolha Correcta! No dia 15 de Janeiro, os alunos do 8ºH e do 9ºD receberam a Técnica Tânia do Grupo Suma que, em parceria com a Câmara Municipal de Alcobaça, está a desenvolver uma nova campanha de sensibilização denominada “Eco-Códigos”. A referida campanha tem como principal objectivo sensibilizar a população para a necessidade de abandonar os maus hábitos de consumo e minimizar a produção de resíduos na origem, propondo a observação de um conjunto de regras a ter em consideração no quotidiano: os Eco-Códigos. De acordo com a Técnica, esta campa16

nha possui uma vertente de intervenção junto dos alunos das escolas do Ensino Básico que estão a promover o programa nacional Eco-Escolas, relembrando actos simples como a importância da separação e encaminhamento de resíduos para a reciclagem. Comprar produtos avulso, embalagens familiares e de recarga, utilizar produtos não descartáveis e reutilizar materiais de embalagens foram alguns dos procedimentos abordados nestas sessões de sensibilização. Professora Paula Castelhano Coordenadora do Programa Eco-Escola

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Saúde e Nutrição

A Soja Além disso, são ricos em ácidos gordos insaturados que contribuem para reduzir a produção de colesterol no organismo. Diversos componentes da soja e dos seus derivados, como as proteínas, isoflavonas, saponinas e fibra, contribuem também para reduzir o nível do colesterol. A soja reduz ainda o nível de triglicéridos, um tipo de gordura que circula no sangue e que favorece a arteriosclerose. Menopausa A soja é a leguminosa mais cultivada no mundo: em primeiro lugar, porque não precisa de adubo, e em segundo lugar porque produz mais proteínas e de melhor qualidade em menos tempo do que qualquer outra planta. Daí a importância da soja como um dos elementos principais na alimentação. Além disso, estão provados os poderes curativos que esta planta possui. Não pode também deixar de ser dito que, como tudo na vida, a soja tem também aspectos negativos, embora os positivos sejam muito superiores aos negativos.

Aspectos Positivos

evita o estreitamento e endurecimento das artérias, conhecido como arteriosclerose. Além disso, pode atenuar a arteriosclerose depois de esta já se ter produzido. Demonstrou-se que o consumo de soja, durante pelo menos seis meses, em substituição das proteínas de origem animal, faz aumentar o diâmetro interior das artérias afectadas. O consumo diário de uma ração de soja durante alguns meses é suficiente para se notarem os seus efeitos benéficos. Considera-se uma ração, por exemplo: 1 prato de soja guisada; ou 2 copos de bebida de soja; ou 30 a 50 g de “tofu”; ou 1 hamburguer vegetal à base de soja.

Cancro Ossos Reduz o risco de sofrer de diversos tipos de cancro, em especial os da mama, próstata e cólon. Identificam-se pelo menos dois componentes anticancerígenos na soja: as isoflavonas (um tipo de fitoestrogénios) e as saponinas.

Aumenta a densidade cálcica e evita a osteoporose. As mulheres beneficiam muito desta propriedade remineralizante da soja, especialmente aquelas que se encontram em época da menopausa. Fornece proteínas:

Coração Diminui o risco de sofrer de trombose coronária e de enfarte do miocárdio. O consumo habitual de soja evita a arteriosclorose e torna o sangue mais fluido, melhorando a circulação nas artérias coronárias. A interrupção do fluxo de sangue numa das artérias coronárias é a causa do enfarte do miocárdio. Arteriosclerose O consumo habitual de soja MENTE SÃ EM CORPO SÃO

Em grande quantidade (mais que qualquer outro alimento vegetal); de grande qualidade biológica (substituem com vantagem as proteínas de origem animal); capazes de suplantar a qualidade de outras proteínas como as do milho ou as do trigo; de fácil digestão e absorção. Colesterol A soja e os seus derivados não contêm colesterol, tal como os outros produto de origem vegetal.

Alivia os sintomas indesejáveis, pelo facto de conter isoflavonas, um tipo de hormonas vegetais que substituem em parte os estrogénios que se produzem nos ovários. A menor produção de estrogénios durante a menopausa é uma das causas dos incómodos que aparecem nesta época da vida feminina.

Aspectos negativos Embora a soja seja muito nutritiva e dotada de extraordinárias virtudes curativas, apresenta inconvenientes que não devemos ignorar. Nenhum deles é insolúvel, pelo que em nenhum caso devem ser motivo para não consumir esta leguminosa, que bem se pode considerar um autêntico alimento-medicamento. Ácido Úrico Entre os diversos tipos de proteínas que a soja contém, encontram-se as nucleoproteínas. Um dos componentes das nucleoproteínas, as purinas, transformamse em ácido úrico no nosso organismo. Todas as leguminosas produzem ácido úrico, sendo a soja aquela que mais o produz: 380 mg/100g (a carne de vaca produz 130mg/100g). O nível de ácido úrico no sangue aumenta depois de se ter comido a soja ou os seus produtos, coisa que não acontece após a ingestão de leite de vaca. No entanto, o ácido úrico elimina-se facilmente com a urina, se esta não for excessivamente ácida. O ácido úrico da soja não representa nenhum perigo para a saúde, principalmente se for seguida uma alimentação

rica em vegetais, que alcaliniza a urina e facilita a sua eliminação. No entanto, desaconselha-se o consumo de soja a quem sofra de gota (excesso de ácido úrico no sangue) e de litíase renal de tipo úrico: quanto menos ácido úrico exista na urina, menor será a possibilidade de se formarem pedras ou cálculos de uratos (sais do ácido úrico, geralmente cálcicos). Escassa quantidade de vitamina A e de Vitamina C Certas dietas vegetarianas estritas de tipo macrobiótico, em que a soja e os cereais são os principais alimentos, podem ser deficitárias nestas vitaminas Falta de vitamina B12 A soja tem falta desta vitamina, como acontece com todos os alimentos vegetais. Nas dietas vegetarianas estritas baseadas na soja existe a possibilidade teórica de se produzir deficiência de vitamina B12, e convém ter isso em conta. Felizmente já muitos produtos de soja são enriquecidos com esta vitamina. Alergias A soja ingerida por via oral raramente produz alergias e usa-se precisamente nos regimes antialérgicos. No entanto, o pó que se solta das sementes provoca graves alergias respiratórias quando é inalado por pessoas sensíveis. Flatulência Como todas as leguminosas, a semente de soja contém na sua pele hidratos de carbono de tipo oligossacárido, que provocam flatulências digestivas. A demolha e a cozedura eliminam a maior parte deles. Soja Transgénica Embora não apresente problemas conhecidos para a saúde, a sua cultura representa uma ameaça para o meio ambiente. Professor Miguel Fonseca

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QUEM FOI O GÉNIO BOBBY FISCHER?

Robert “Bobby” James Fischer nasceu em Chicago, a 9 de Março de 1943, e morreu no dia 17 de Janeiro de 2008, em Reykjavik, Islândia, país onde se tornou Campeão do Mundo, em 1972. Filho de pai alemão, um biofísico, e de mãe judia-suíça naturaliza-

da norte-americana, aprendeu a jogar xadrez aos seis anos, com a irmã mais velha. Aos treze, jogou a “ Partida do Século”, num torneio de Mestres, contra Donald Byrne. Fischer venceu o campeonato estudantil oito vezes, em oito participações, (1957, 1958, 1959, 1960, 1961, 1962, 1973, 1975 e 1986), sendo a primeira aos catorze anos. De Dezembro de 1962 até ao fim da sua carreira, em 1992, Fischer venceu todos os torneios que disputou, excepto dois, nos quais terminou em segundo lugar: Capablanca Memorial, em 1965, vencido por Boris Spassky; e Piatigorsky Cup, em 1966, em

que foi derrotado por Smyslov. Em 1966, na Olimpíada, em Havana, jogou com Joaquim Durão, Mestre Internacional português. Durão foi o único português a jogar com Fischer, e esta partida é considerada por muitos xadrezistas como uma das melhores de Bobby Fischer. Em 1972, tornou-se Campeão do Mundo ao derrotar o russo Boris Spassky, em plena Guerra Fria. Em 1992, Fischer voltou a disputar um encontro contra Spassky, em território jugoslavo e, mesmo estando afastado há 20 anos, venceu Spassky com relativa facilidade. Mas foi penalizado pelos EUA que nessa altura impunham

Realizou-se no dia 13 de Dezembro o I Torneio Inter Turmas do ECB. As equipas eram constituídas por alunos da mesma turma, excepto nos casos em que tal não foi possível e, nessas circunstâncias, a organização permitiu a constituição de pares de alunos de turmas diferentes. Participaram 10 equipas, 20 alunos, mas, com os tabuleiros disponíveis, havia mais a jogar fora da competição e muitos a verem. Uma grande divulgação da modalidade. A dupla feminina não teve a vida facilitada: para se tornar vencedora, teve de ir a match de desempate com a equipa classificada em 2º lugar (Rui Lopes do 7ºI e André Lopes do 12ºI), a quem venceu por 4-0. Campeões Nacionais Escolares Realizou-se no dia 8 de Janeiro, no CCGS, o VIII Encontro Nacional Escolas de Xadrez – Equipa. Uma organização do ECB, ADEXO, CE Oeste e Ministério de Educação, com o apoio da Junta de Freguesia da Benedita, da Associação de Xadrez de Leiria e da Câmara Municipal de Alcobaça. Participaram nesta competição 55 equipas distribuídas pelo Torneio do 1º/2º Ciclos (121alunos) e do 3º Ciclo/Secundário (103 alunos). As 18

Professor José Cavadas

GUSTAV EIFFEL

Notícias do Xadrez A dupla MARIANA SILVA E LÍDIA FERREIRA, DO 10º A, vencem o torneio de pares do ECB

um embargo à Jugoslávia. Fischer foi preso no Japão e lutou contra a sua extradição para os Estados Unidos durante quase um ano, até que a Islândia lhe ofereceu cidadania. Fischer chegou à Islândia em de Março de 2005. Morreu a 17 de Janeiro 2008, com 64 anos, o mesmo número de casas de um tabuleiro de xadrez! Em eleição feita pelo principal periódico internacional de xadrez, o Sahovski Informator, Fischer foi considerado como o melhor xadrezista do século XX, à frente de Kasparov.

equipas campeãs foram constituídas por: • Tiago Ferreira, Mariana Silva Rui Lopes e Lídia Ferreira, do ECB “A” (3º Ciclo/Secundário); • Luis Rebelo Santos, João Teixeira, João Doronha e Catarina Carneiro, da Escola 31 Janeiro “A” (1º/2º Ciclos). Aluna do ECB entre as 10 melhores A Mariana Silva, aluna do 10ºA, está entre as TOP 10 melhores jogadoras da Selecção Nacional, segundo a Lista Elo FIDE de Janeiro 2008: a Mariana ocupa o 6º lugar. E o 1º lugar no TOP do escalão Feminino Sub16. XV Torneio Internacional de Xadrez do ECB Com o objectivo de comemorar o Dia Mundial do Xadrez, o ECB levou a efeito o Torneio Externato Cooperativo da Benedita, que já vai na 15ª edição e cujo vencedor foi Viktor Ulyanovskyy (Ferroviários Barreiro). As comemorações incluíram, além do torneio, a exposição “Xadrez na Benedita na Imprensa Escrita”, mostra de recortes de jornais regionais, com o objectivo de fazer um pouco da história do xadrez na Benedita, desde 1993, quando teve lugar o I Torneio ECB. (Sabia, por exemplo, que as duas primeiras edições da Super Taça de Xadrez foram realizadas no Externato?) Esteve ainda patente uma galeria de fotos de Campeões do Mundo, como Alekhine, Smyslov, Fischer, Karpov, Kasparov, Anand e outros. Professor José Cavadas

Engenheiro de formação, Eiffel fundou e desenvolveu ao longo dos anos uma empresa especializada em vigamentos metálicos. A Torre Eiffel marcou o seu legado nas construções em ferro, antes de se dedicar à investigação experimental, durante os últimos trinta anos da sua vida. Nascido em 1832, em Dijon, sai da Escola Central das Artes e Ofícios em 1855, ano da realização da primeira grande Exposição Universal celebrada em Paris. Viveu alguns anos no Sudoeste da França, onde supervisiona alguns trabalhos, nomeadamente os trabalhos da ponte de caminho de ferro de Bordéus. Cria a sua própria empresa em 1864, especializada em vigamentos metálicos. A sua excepcional carreira de construtor é reconhecida em 1876, através da construção da ponte sobre o rio Douro, na cidade do Porto, e da ponte em Garabit, em 1884, assim como pela construção da estação de Pest, na Hungria, da cúpula do observatório, em Nice, e pela astuciosa estrutura metálica da Estátua da Liberdade, culminando, em 1889, com a construção da Torre Eiffel. Esta marca o fim da sua carreira de construtor. Eiffel deixou-nos, em várias partes do globo, centenas de obras metálicas de géneros diversos. Embora as pontes, e particularmente as pontes de caminho de ferro, fossem o seu domínio de predilecção, foi também brilhante no domínio dos vigamentos e das instalações industriais. Reformado, Eiffel consagrou os últimos trinta anos da sua vida a uma fértil carreira de cientista. Procurou, inicialmente, encontrar uma utilidade para a Torre Eiffel, que foi construída com um período de validade de vinte anos: experiências sobre a resistência ao ar, estação meteorológica e antena gigante para rádio. Paralelamente à recolha de dados meteorológicos nas estações instaladas nas suas diversas propriedades, dedicou-se aos estudos científicos nos campos da radiotelegrafia e da aerodinâmica. Faleceu em 27 de Dezembro de 1923, com 91 anos. Professora Ana Duarte

MENTE SÃ EM CORPO SÃO


ANO 3 - Nº 7

TOQUE DE SAÍDA

BOLONHA, (A) FUNDAÇÕES E PRAXES

Três problemáticas do Ensino Superior actual Ainda está tudo muito a quente, apesar do frio que se faz sentir. Não falo das alterações climáticas nem dos acesos confrontos no Médio Oriente. Falo sim das actuais polémicas acerca do Ensino Superior e das reestruturações que não chegam de maneira ordeira ao nosso sistema educativo. Começo indiscutivelmente por referir Bolonha, o processo de reestruturação que tem dado muitos dissabores à maioria dos estudantes portugueses. Lentamente vai-se deixando de ter vida social e canalizam-se esforços apenas para o estudo, trabalhos e deadlines. Até que ponto é saudável ser-se estudante de modo igual por toda Europa se, por cá, nada está ainda preparado para receber tamanha mudança? Parece-me que esta ideia de reestruturar o Ensino Superior é um pouco como construir uma casa pelo telhado. Se os alicerces já estivessem implantados, podia ser que as coisas resultassem. Como assim não é, algum dia a casa vai certamente abaixo.

Outro ponto bem quente desta nossa educação prende-se com a ideia de transformar as instituições de ensino superior em fundações. Esta proposta, sugerida pelo Governo, está a inquietar a maioria das universidades que, não acreditando seriamente nas vantagens desta mudança, se fecham em copas. Claro que transformar os estabelecimentos de ensino superior em fundações públicas de direito privado pode ser uma forma de dar poder às universidades. Ou de, subtilmente, controlar o que por lá se desenvolve. E existirá de facto uma razão que justifique a tão falada gestão mais flexível, a responsabilidade e autonomia? Ou tudo é um eco bem arranjado do plano mais eficaz de todos os tempos, o SIMPLEX, uma “peneira de sol” que deslumbra apenas os cidadãos mais desinformados? Sabendo igualmente que cada instituição tem as suas próprias regras e estatuto e que, mal ou bem, resolve as suas dificuldades, falar de Educação Superior nos tempos que

correm remete-me, por último, para a questão das trapalhadas nada agradáveis em alturas de praxe. Todos nós nos lembramos de casos de abuso e de mazelas que vão ficar para sempre. Sem praxes, a vida académica seria um marasmo, mas dar-lhes este aspecto de tortura ou demência moderna é um preço muito alto a pagar por atitudes irracionais de pessoas aninhadas no seu estatuto de estudantes do Superior. Mais cedo ou mais tarde, afundaremos este barco de mudanças. Não aguentaremos os deadlines de Bolonha nem as pretensões dissimuladas de um governo todo ele SIMPL(EX)ificado. Como povo de gente “brava” aguentaremos tudo até ao fim. O pior é que esse fim já esteve um bocadinho, um tudo nada mais longe! Vanessa Quitério, ex-aluna do ECB, actual aluna do 2º Ano de Comunicação Social da

Enigmas

Escola Superior de Educação de Coimbra

S o l u ç ões Enigmas do número 6

1. A toalha da Alice A Alice queria uma toalha rectangular, mas só tinha uma redonda (circular). Então dobrou-a em 4 partes iguais e cortou-a da forma indicada a tracejado na figura. Qual a medida da área do tecido desperdiçado?

amigo é meu inimigo. Quantas possibilidades há para o número de cavaleiros desse reino? 4. O relógio avariado Um relógio de ponteiros atrasase 30 segundos em cada hora. Sabendo que às 12 horas de hoje indica a hora exacta, em que dia voltará a estar certo? 5. As circunferências

2. O dia de descanso O António e a Catarina começaram a trabalhar no mesmo dia. O horário do António consiste em 3 dias de trabalho e depois um dia de descanso, enquanto que a Catarina trabalha 7 dias seguidos e descansa nos três dias seguintes. Quantos dias de descanso tiveram em comum nos primeiros 1000 dias?

Na figura, a distância entre A e B é de 9, a distância entre A e D é de 8 e , as duas circunferências, tangentes entre si, têm centros E e F e são tangentes aos lados do rectângulo [ABCD] nos pontos M, N, X e Y. Sabendo que o raio da circunferência de centro F mede 2, quanto mede o raio da circunferência de centro E?

3. Os cavaleiros do reino Num reino distante quaisquer dois cavaleiros ou são amigos ou inimigos e cada cavaleiro tem exactamente 3 inimigos. Nesse reino vigora a seguinte lei entre os cavaleiros: Um inimigo do meu OLHAR CIRCUNDANTE

tes, a organização decidiu alojálos em 4 hotéis. Entre quaisquer 6 participantes existiam dois com a mesma idade. Mostra que num dos hotéis estavam alojados três cientistas do mesmo país e com a mesma idade. 7. O calendário O calendário gregoriano tem 12 meses. Será que qualquer outro calendário para um ano comum (de 365 dias) constituído apenas por meses de 28,30 ou 31 dias tem necessariamente 12 meses? 8. O terreno Um terreno quadrado está dividido em cinco lotes: dois quadrados idênticos e três rectângulos idênticos. O Sr. João é dono de um dos quadrados e para delimitar o seu terreno usou 720 metros de rede. O Sr. Luís é proprietário de um dos rectângulos e também quer pôr rede à volta do seu lote. Quantos metros de rede deve comprar?

1. Os Hóspedes Solução: Determine-se o número de hóspedes que pensam que são gatos. Como 10% dos cães pensam que são gatos, denotando por C o número de cães do hotel, o número de cães que julgam que são gatos é C/10 . Além disso, como 10% dos gatos julgam que são cães, 90% dos gatos do hotel pensam que são gatos, isto é, 9 dos gatos pensam que são gatos. Assim o número de hóspedes que pensam que são gatos é (C/10)+9. Por outro lado, sabe-se que este número corresponde a 20% de

todos

os

hóspedes.

Logo

(C/10)+9 = 20(10+C)/100, donde C=70. Portanto no hotel estão hospedados 70 cães. Nota: A resolução pode ser efectuada por um raciocínio análogo começando por determinar o número de hóspedes que pensam que são cães.

2 A toalha da Alice Por uma falha técnica, o enun-

6. Os cientistas Numa conferência internacional participaram 241 jovens cientistas de 6 países diferentes. Dado o elevado número de participan-

ciado deste problema ficou incompleto no nº VI, pelo que repetimos a sua apresentação neste número.

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TOQUE DE SAÍDA

ANO 3 - Nº 7

Paula Rego em Madrid Até ao passado dia 31 de Dezembro, foi possível observar obras de Paula Rego, numa das galerias de exposições temporárias do Museu Rainha Sofia.

A dança, 1988

Paula Rego é uma pintora portuguesa, nasceu em Lisboa em 1935 e fez os seus estudos artísticos em Londres, local onde vive actualmente. A obra de Paula Rego é internacionalmente conhecida e reconhecida pela sua grande

Nova Peça GAMBUZINOS “Fim de Linha” é o novo projecto que os Gambuzinos têm em mãos. Da autoria de Letizia Russo, esta peça tem estreia marcada para o início de Abril do ano corrente. Considerada pelos pequenos actores como “uma peça forte”, é uma inovação face a todas as peças já encenadas pelo grupo. Com um conjunto de quinze actores em palco, mostra vários jogos de poder e conceitos até então inexplorados. A morte e a soberania são as palavras-chave deste texto, encenado por José Saramago e Ana Catarina de Almeida. Sirius, interpretado por Flávia Grilo, é um ditador que reúne nove súbditos que o acompanham porque ele tem o poder de matar. Assim, o conceito de soberano é aqui posto em causa. Do mesmo modo, várias críticas sociais são expostas, de uma forma indirecta e metafórica. Esta peça integra o projecto “PANOS” que reúne um conjunto de textos dramáticos com o intuito de serem representados por grupos de teatro pertencentes a escolas do ensino secundário, proporcionando vários benefícios e oportunidades aos grupos que participaram no projecto. Este drama, que acaba de forma inesperada, é uma peça a que desde já vos convidamos a assistir, bem como a reflectir acerca da sua mensagem! Sofia Cavadas, 11º D, membro d’Os Gambuzinos

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qualidade expressiva e figurativa. As obras desta artista inspiram-se muitas vezes nas histórias, contos e rimas que lhe eram contadas em pequena. Pinta o fantástico de forma realista/ figurativa, veste animais, usa escalas pouco reais, procurando representar o mundo dos sonhos. Em algumas obras, os temas são difíceis, chocantes, anti-sociais, mas o imaginário infantil parece estar sempre presente. “Eu pinto para dar rosto ao medo”, diz Paula Rego. Em Madrid, estiveram expostos, numa retrospectiva de mais de cinquenta e dois anos de trabalho, quadros, desenhos e gravuras. Lá se encontrava o primeiro desenho escolar, feito em 1952, e o seu quadro mais famoso, “A dança”, de 1988, que habitualmente pode ser observado na Tate Gallery. Destaque também para um quadro da mais marcante fase da artista, “A capoeira”, de 1998. Marcante, pelo tema e pela técnica. Este quadro, que faz parte da série do “Crime do Padre Amaro”, romance de Eça de Queirós, representa Amélia, reclusa, no parto e na morte. Na técnica, temos o pastel sobre papel, montado

A capoeira, 1998

em alumínio. Paula Rego pinta desenhando e desenha pintando a pastel. Professora Lurdes Goulão

A Escola é fixe

Joana Guerra, 10º F

MOVIMENTO ESCOLA MODERNA

JORNADA DA BENEDITA O MEM, associação pedagógica criada há quatro décadas e que tem como principal finalidade a autoformação cooperada, a partir da criação de núcleos regionais, de professores e educadores de todos os graus de ensino, realiza, no dia 8 de Março, entre as 9.30 e as 17h, na Casa da Vila, a Jornada da Benedita.

COLABORARAM NESTE NÚMERO DO TOQUE DE SAÍDA Além dos membros permanentes da equipa do Jornal: a turma do 12º B; a Associação de Estudantes; a Comissão de Finalistas; os alunos Adriana Policarpo, Alexandre Coelho, Ana Rocha, Bruna Cruz, Carla Serralheiro, Cidália Tomás, Filipa Serrazina, Joana Cavadas, Joana Guerra, Luís Crisóstomo, Maria Guerra, Marta Santos, Melissa Jacinto, Ricardo Radamanto e Sofia Cavadas; os ex-alunos João Serralheiro e Vanessa Quitério; os professores Alexandre Lourenço, Ana Paula Barosa, Carla Dias, Glória Mota, Helena Rodrigues, Inês Silva, Isabel Carreira, Paula Castelhano, Teresa Dias, Vanda Marques e Vera Catarino; e a psicóloga do ECB Margarida Ferreira. ESCOLA VIVA


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