ACIC - Revista Liderança Empresarial - Ano 8 Nº 31

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A importância do Dólar nas nossas empresas 

Cristiano Brasil

Muito se fala do dólar, cotação sobe, cotação desce, mas o que realmente isso interessa e qual a importância dessas oscilações nas nossas organizações? A grande preocupação do governo federal, em especial o Banco Central do Brasil desde a crise de 2008, era conter a desvalorização do Dólar frente ao Real. O regime de câmbio no Brasil é considerado flutuante, isso é, o valor da conversão da moeda americana é determinada pelo mercado, pela oferta e procura. Mas de certa forma, podemos dizer que temos um regime semi-flutuante, onde o Banco Central faz interferências pontuais quando acredita que existe uma distorção muito grande na valorização ou desvalorização das moedas. O Dólar nos últimos meses, vinha perdendo valor frente ao Real, chegando á cotação de R$ 1,53. O Banco Central para tentar elevar a cotação, fazia compras de dólar no mercado, tentando empurrar a cotação para cima. Isso fez aumentar as reservas financeiras do País, que chegaram em seu patamar recorde de USD 353 bilhões em Agosto de 2011.Esse dinheiro está aplicado quase que 90% em títulos, principalmente dos Estados Unidos. As reservas internacionais são como um seguro para o Banco Central, que possui poder finan-

ceiro para resolver problemas em tempos de crise, mas esse estoque de dinheiro tem um custo para o governo. Nos últimos dias, temos visto a cotação do dólar tomar um rumo contrário, isso é, se valorizando frente ao Real, onde teve sua cotação máxima cotada em R$ 1,90. Essa grande valorização da moeda americana fez o Banco Central intervir no mercado de câmbio, vendendo dólares de suas reservas, para tentar baixar a cotação. Esse vai e vem da cotação do dólar tem impacto direto em muitas de nossas empresas. Esse impacto pode ser positivo ou negativo. Podemos afirmar que nunca teremos um mercado de câmbio perfeito, pois quando a cotação do dólar está baixa, favorece alguns setores da economia, quando está alta favorece outros setores. Na nossa região de Criciúma e arredores, muitas empresas associadas á ACIC, estão apreensivas com relação ao rumo do mercado de câmbio, pois fizeram compras de equipamentos, máquinas e matérias primas no exterior, contraindo dívidas em dólar, e com o aumento da cotação, terão que desembolsar mais reais para pagar essa dívida e isso pode ser um problema para o fluxo de caixa da empresa que não estava preparada para esse dissabor financeiro.

Importação e exportação Empresas ligadas ao setor de importação também estão sentido os efeitos de um dólar mais valorizado, pois suas margens de lucro cairão com certeza, sem contar aquelas empresas que trabalham com veículos com mais de 65% das peças importadas, que terão um aumento de 30% na carga tributária, no que diz respeito ao IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) Já as empresas que exportam, podem tirar proveito de um dólar mais valorizado, aumentando assim suas margens e competitividade com produtos e serviços no exterior. Mas as perguntas que não querem calar são: Até onde vai a cotação do dólar? Por quanto tempo irá se estender essas sucessivas valorizações? A resposta ao certo, ninguém sabe. O que podemos dizer é que esse aumento rápido do dólar tem aspectos especulativos do mercado, aliado á uma crise internacional abrangendo países da Europa e o lento crescimento da economia americana. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Mário Holland, afirmou em evento em São Paulo, que não estamos diante de uma bolha cambial e que o Brasil está preparado para enfrentar crises, principalmente por seu robusto mercado interno. Já o presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini disse que as oscilações no câmbio devem continuar, mas que está pronto para tomar novas medidas contra valorizações excessivas da moeda. Na minha opinião, num cenário otimista e de acordo com alguns analistas de mercado, o dólar deve terminar o ano de 2011 com a cotação entre R$ 1,65 e R$ 1,75.

Mas o que fazer para se proteger dessa “gangorra” do dólar? Você que importa ou exporta, ou ainda tem dívidas em moeda americana, pode estar se protegendo no mercado financeiro, fazendo um “hedge” através da Bolsa de Valores no mercado futuro. Funciona mais ou menos assim: Digamos que você quer se prevenir de uma eventual alta do dólar, para uma empresa que possui dívidas na moeda. A empresa vai até um assessor de investimentos, ligado á uma corretora de valores, e faz uma operação de compra de um contrato futuro de dólar, estipulando o preço que deseja pagar pelo dólar na data futura do contrato. Isso garante que na data determinada, poderá comprar determinada quantia de dólares ao preço estipulado nesse contrato. Se a cotação do dólar passar do valor que você colocou no contrato você está protegido, pagando por cada dólar o valor da cotação que foi estipulada no contrato. Para os demais casos, seja para produtores agrícolas, importadores ou exportadores, existem processos semelhantes de proteção. Se informe mais sobre o assunto e não perca noites de sono com o sobe e desce da moeda americana. Cristiano Brasil - Empresário, Palestrante, Pós graduado MBA em Gestão Financeira e Pós graduado Especialista em Mercado de Capitais, Certificado a atuar como Agente de Investimentos credenciado á Corretora Geral Investimentos e Câmbio, Sócio Diretor da i9 Investimentos. Presta auxilio no planejamento financeiro de famílias, casais, pessoas físicas e jurídicas. Contato@i9investimentos.com.br - (48) 9949-7993 / 9958-4168

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