Revista Viracao - Edição 61 - Abril/2010

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a r i V a z a f m e Veja qu

Sexo e Saúde

pelo Brasil

Associação Imagem Comunitária Belo Horizonte (MG)

Casa da Juventude Pe. Burnier Goiânia (GO)

Universidade Popular Belém (PA)

Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência

União da Juventude Socialista Rio Branco (AC)

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE)

Centro Cultural Bájò Ayò João Pessoa (PB)

Avalanche Missões Urbanas Underground Vitória (ES)

Companhia Terra-Mar Natal (RN)

Agência Uga-Uga Manaus (AM)

Girassolidário Campo Grande (MS)

Rede Sou de Atitude Maranhão São Luís (MA)

Bemfam - Recife (PE)

Diretório Acadêmico Freitas Neto Maceió (AL)

Fundação Athos Bulcão Brasília (DF)

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR)

Centro Cultural Escrava Anastácia Florianópolis (SC)

Jornal O Cidadão Rio de Janeiro (RJ)

Grupo Cultural Entreface (Diversidade Juvenil, Comunicação e Cidadania) Belo Horizonte (MG)

Grupo Atitude - Porto Alegre (RS)

Centro de Refererência Integral de Adolescentes Salvador (BA)

Virajovem Vitória - Vitória (ES)

Cipó Comunicação Interativa Salvador (BA)

Taba - Campinas (SP)


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o m i x á m Alerta N “

ossos vidamos n n o c , s o a ã suas m ou-se um e está em ente torn u m q z li is ta fe is v in a re que ida de ma ma notícia e tirar a v u d o ra p a , p 3 1 s io 0 2 ín leitore e que, até e: o exterm brasileira os de idad n a 4 não 2 e s d realidade o capa é pletar agem de s de com rt te o n p a a de re s s a a a o s pess blico, m sta des de 33 mil . A propo imento pú s c n e e h v n jo o c e o ra se centes permeiam de civil pa de adoles tos que já a socieda fa d r e sam ta s n o e s p rn re gove s que os apenas ap r soluçõe órgãos de o s p o a d c s o ã u ç b a aten nsidade, n chamar a alização maior inte m o c , m cente a re re re o c . ri a c tó ti is mobiliza s e seu h estatí nde taxa d tendo em uito essa s com gra esmo não re diminuir m m a l, g si lu s s ra o B o d ntre rio, o do na lista assunto e Do contrá configuran discutir o , rá e a u st s no n e ti o n rm o m s, c minha o ral, co de guerra te para ca ano eleito n a m rt E o p s. a im r arm asso mortes po será um p r residência P à s com o ato to a candid entrevista estamos. a e m u u q r, o e a rt epó nal. osto o Galera R ema nacio sentido op tas do cin ém traz, n b is rt m a ta s a e v ir d jo AV vira em dos gran a não é um d ereio, um in P a r e sa u é q C os Paulo plar, você terá motiv este exem a equipe, ss e a Também n r ra g . ito se inte rticipação e quer mu çar sua pa e m o c ra a ! de sobra p Até breve

Quem somos A

Viração é um uma organização não governamental (ONG), de educomunicação, sem fins lucrativos, criada em março de 2003. Recebe apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo e da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas de capacitação em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 22 Estados, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses seis anos, estão Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking da Andi, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Veja, ao lado, nossos contatos nos Estados. Paulo Pereira de lima Coordenador Executivo da Viração – MTB 27.300

Conteúdo

Copie sem moderação! Você pode: • Copiar e distribuir • Criar obras derivadas Basta dar o crédito para a Vira!

Apoio Institucional

Conheça os Virajovens em 22 Estados brasileiros e no distrito Federal Belém (PA) - pa@revistaviracao.org.br Belo Horizonte (MG) - mg@revistaviracao.org.br Boa Vista (RR) - rr@revistaviracao.org.br Brasília (DF) - df@revistaviracao.org.br Campinas (SP) - sp@revistaviracao.org.br Campo Grande (MS) - ms@revistaviracao.org.br Curitiba (PR) - pr@revistaviracao.org.br Florianópolis (SC) - sc@revistaviracao.org.br Fortaleza (CE) - ce@revistaviracao.org.br Goiânia (GO) - go@revistaviracao.org.br João Pessoa (PB) - pb@revistaviracao.org.br Lavras (MG) - mg@revistaviracao.org.br Maceió (AL) - al@revistaviracao.org.br Manaus (AM) - am@revistaviracao.org.br Natal (RN) - rn@revistaviracao.org.br Porto Velho (RO) - ro@revistaviracao.org.br Recife (PE) - pe@revistaviracao.org.br Rio Branco (AC) - ac@revistaviracao.org.br Rio de Janeiro (RJ) - rj@revistaviracao.org.br Sabará (MG) - mg@revistaviracao.org.br Salvador (BA) - ba@revistaviracao.org.br S. Gabriel da Cachoeira - am@revistaviracao.org.br São Luís (MA) - ma@revistaviracao.org.br São Paulo (SP) - sp@revistaviracao.org.br Serra do Navio (AP) - ap@revistaviracao.org.br Teresina (PI) - pi@revistaviracao.org.br Vitória (ES) – es@revistaviracao.org.br

A Revista Viração é publicada mensalmente em São Paulo (SP) pela ONG Viração Educomunicação, filiada ao Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de São Paulo (Sindjore); CNPJ: 11.228.471/0001-78; Inscrição Municipal: 3.975.955-5

atendimento ao leitor Rua Augusta, 1239 - conj. 11 - Consolação 01305-100 - São Paulo - SP Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687 HoRáRio dE atEndimEnto Das 9h às 13h e das 14h às 18h E-mail da REdação E assinatuRa redacao@revistaviracao.org.br assinatura@revistaviracao.org.br

Revista Viração • Ano 8 • Edição 61

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8 Juventude 2.0

Jovens da Gera ção M unem m obilização polít internet para m ica e ostrar que é po ssível transform ideias em açõe ar s concretas

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Sem frescurar Pereio recebe os

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O ator Paulo Césa bre casa e conversa so virajovens em sua pórter Re a ler Ga no ira carre política, cinema e

Mesmo atravessando gerações, a prática do skate ainda causa preconceito entre algumas pessoas. Conheça mais sobre esse esporte

Território m

arcado Moradores de comunidades do Rio de Ja voltam a disc neiro utir a constr ução dos mur concreto qu os de e cercarão fa velas do Esta do

20 Sempre na Vira

Manda Vê . . . . . . . . . . . . . 06 Escuta Soh! . . . . . . . . . . . . 18 De Olho no ECA . . . . . . . . 19 Rango da Terrinha . . . . . . 30 No Escurinho . . . . . . . . . . 31 Todos os Sons . . . . . . . . . 32 Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 33 Parada Social . . . . . . . . . . 34 Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

Surf no asfalto

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Pior que guerra

O número de jovens vítim as de violência no Brasil é mais alto do que em país es que já passaram por conflitos armados. Eles rep resentam 40% do total de homicídios no País

24 Bem-vindos

s estrangeiros A Vira acompanhou a rotina de algun e trabalhar ar estud que escolheram o Brasil para

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Mensageiro da paz

No ano de seu centenário, o Que Figura! traz uma homenagem ao mineiro Chic o Xavier

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL Conselho Editorial

Coordenação Executiva

Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino

Paulo Lima e Lilian Romão

Conselho Fiscal Everaldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho Consultivo Douglas Lima, Isabel Santos, Ismar de Oliveira e Izabel Leão

Equipe Ana Paula Marques, Camila Luz, Carol Lemos, Elisangela Nunes, Eric Silva, Gilliane Esthael, Gisella Hiche, Luciano de Sálua, Maria Rehder, Micaela Cyrino, Rafael Lira, Rafael Stemberg, Simone Nascimento, Vânia Correia e Vivian Ragazzi

Administração/Assinaturas

Presidente

Norma Cinara Lemos e Danilo Asevedo

Juliana Rocha Barroso

Mobilizadores da Vira

Vice-Presidente

Acre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino), Amapá (Camilo de Almeida Mota), Amazonas (Cláudia Ferraz, Délio Alves e Lorena Bahia), Bahia (Isabel Brasileiro e Nilton Lopes), Ceará (Amanda Nogueira e Rones Maciel), Distrito Federal (Ionara Silva), Espírito Santo (Leandra Barros), Goiás (Érika Pereira

Cristina Paloschi Uchôa

Primeiro-Secretário Eduardo Peterle Nascimento

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e Sheila Manço), Maranhão (Sidnei Costa), Mato Grosso do Sul (Cibele Sodré), Minas Gerais (Daniel Rabello, Maria de Fátima Ribeiro e Pablo Abranches), Pará (AlexPamplona), Paraíba (Niedja Ribeiro), Paraná (Juliana Cordeiro), Pernambuco (Maria Camila Florêncio), Piauí (Anderson Ramos da Luz), Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte (Alessandro Muniz), Rondônia (Luciano Henrique da Costa), Roraima (Cleidionice Gonçalves),Santa Catarina (Celina Sales e Ciro Tavares) e São Paulo (Luciano de Souza, Simone Nascimento e Virgílio Paulo).

Consultor de Marketing Thomas Steward

Projeto Gráfico Ana Paula Marques e Cristina Sayuri

Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTB 27.300

Divulgação Equipe Viração

E-mail Redação e Assinatura redacao@revistaviracao.org.br assinatura@revistaviracao.org.br

Colaboradores Amanda Proetti, Anne-Sophie Lockner, Antônio Martins, Carolina Gutierrez, Emilia Merlini, Juliana Giron, Heloísa Sato, Lentini, Márcio Baraldi, Natália Forcat, Novaes, Philipe Leonhardt e Sérgio Rizzo.

Preço da assinatura anual Assinatura Nova Renovação De colaboração Exterior

R$ 58,00 R$ 48,00 R$ 70,00 US$ 75,00


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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Fale com a gente!

Diga lá

Tamires Marques, pelo site da Vira Gostei muito das notícias que vocês compartilham com todos!

Oi Tamires! Que bom saber que você acompanha nosso site e lê as matérias produzidas por adolescentes e jovens de todo o Brasil. Um abraço!

Gilberto Rodrigues, pelo site da Vira Olá amigos! Sou educador de uma escola que fica na periferia de Formosa (GO). Nossa realidade é dramática, pois os jovens daqui têm envolvimento com drogas, álcool, tabagismo e armas de fogo. E o Estado não tem nos dado suporte. Gostaríamos de despertar nesses jovens uma outra realidade de vida por meio da leitura de revistas como esta. Se puderem nos ajudar com exemplares, ficaremos gratos. Um abraço!

Olá Gilberto! Tudo bem? A realidade que você descreve, infelizmente, está presente em muitas localidades do Brasil. Temos que nos unir para diminuir índices desoladores como esses. Caso vocês se interessem em fazer a assinatura da Viração, por favor, entrem em contato pelo e-mail assinatura@revistaviracao.org.br.

Na edição de Analfabetismo Juvenil (novembro de 2009), faltou dizer que as fotos da matéria Além dos Muros da Escola são da Escola Estadual Ana Siqueira da Silva, de São Paulo (SP). Outra edição que pisamos na bola foi a de nº 60 (março de 2010). As desculpas são para o nosso amigo Novaes e os admiradores de Zilda Arns. No Que Figura!, cortamos parte da ilustra e o nome da fundadora da Pastoral da Criança não ficou completo. Na mesma edição, faltou o crédito da ilustra da Pagu, também feita pelo Novaes. Foi mal!

ponto G Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como outros substantivos com variação de masculino e feminino.

Siga a Vira no Twitter! Nosso perfil é http://twitter.com/viracao

Mirjami Manninen

Ops! erramos!

participe da vira! Parceiros de Conteúdo

Gosta de escrever reportagens? Curte fotos? Ou seu lance são poesias, artigos, charges? Mande seu material pra gente! O endereço eletrônico é redacao@revistaviracao.org.br ou Rua Augusta, 1239 - Conj. 11 Consolação - 0135-100 São Paulo (SP) Aguardamos sua colaboração!


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Manda Vê Anderson Ramos, do Virajovem Teresina (PI)* e Douglas Lima, colaborador da Vira

Todos os anos, jovens brasileiros que completam 18 anos são submetidos ao alistamento militar. A seleção passa por diversas etapas eliminatórias, e muitos obtém o Certificado de Dispensa da Corporação (CDI) aleatoriamente. Os que ficam passam por exames físico, psicológico, cultura e moral. Os que mais se adequam às funções dos quartéis são selecionados. O serviço no quartel dura um ano. Ingressar nessa carreira pode ser um exercício de cidadania nacional e trazer oportunidades para alguns, mas também pode significar uma verdadeira dor de cabeça para outros. A manutenção da obrigatoriedade de alistamento militar foi um dos pontos discutidos no

Plano Estratégico da Defesa do País, de 2008, que também propõe que homens dispensados dos treinamentos nos quartéis prestem serviços à sociedade, assim como as mulheres. A obrigatoriedade deixa muitos meninos e meninas apreensivos quanto ao futuro. Muitos se sentem revoltados porque acreditam que ingressar nas Forças Armadas de forma antidemocrática significa uma afronta à liberdade de escolha. Adolescentes e jovens de Teresina, no Piauí, e do Colégio Emilie de Villeneuve, de São Paulo, deram sua opinião sobre o tema. Confira!

O alistamento militar deve ser obrigatório? Bruno Abdalla Guimarães, 16 anos, São Paulo (SP) “Eu não queria servir, mas acho que o alistamento tem que ser obrigatório sim. A maioria dos jovens são muito irresponsáveis e indisciplinados. Eu acho que o serviço militar oferece segurança ao País, e mesmo não querendo, se fosse convocado serviria com a maior vontade. É importante pra nós e é importante para o Brasil.”

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Paulo César Lourenço, 24 anos, Teresina (PI) “Eu acho que o alistamento militar obrigatório pode trazer ganho de experiência, de ter uma oportunidade de trabalho, aprender uma profissão e ganhar independência financeira. O lado ruim é a pouca idade. Com 18 anos você faz muitos planos para o futuro.”

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (pi@revistaviracao.org.br)


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Juliana Cardoso Matteucci e Paola Voci Ventura, 16 anos, São Paulo (SP)

Kamila Nunes, 19 anos, Teresina (PI) “Não concordo com a obrigatoriedade. Cada um deve fazer suas escolhas. Isso é uma questão de direito. O jovem não gosta de nada imposto.” Tibério Sales, 18 anos, Teresina (PI) “Eu acho que o cara não deveria ser obrigado a se alistar. Não gosto de fazer nada obrigado. Depende da minha própria vontade. Sou contra!”

“Achamos que tinha que ser livre, porque cada um tem o direito de fazer o que quiser. Temos vários amigos que foram por livre escolha. Muitas garotas se alistam mesmo não sendo obrigadas, e é super legal assim. Então essa obrigatoriedade, tanto para o homem quanto para a mulher, não tem nada a ver!”

Lucas Soares, 16 anos, São Paulo (SP)

Stella Almeida, 20 anos, Teresina (PI) “O jovem deveria ter a liberdade de escolha. Se o Brasil é um País que se diz democrático, o alistamento contradiz isso. A vontade de se apresentar ao serviço militar tem que partir da pessoa.”

“Está certo, porque algumas tarefas militares são mais difíceis para as meninas fazerem, e o soldado desde sempre é o homem... Sou a favor de o Exército convocar os homens. Hoje em dia o Exército está falido, e eles pegam mais quem pede. Mesmo o alistamento sendo obrigatório, eles nem convocam mais. Ninguém quer. Eu vou me alistar, e quero seguir carreira na Aeronáutica.”

O livro Sob o signo de Atena: Gênero na Diplomacia e nas Forças Armadas (Editora Unesp), de Suzeley Kalil Mathias, doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas, faz uma reflexão sobre o papel das mulheres nas forças militares. Os textos mostram como as mulheres que desejam integrar a instituição precisam lidar com uma estrutura essencialmente masculina.

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Não é de hoje Os primeiros relatos de serviço militar no Brasil surgiram na época das Capitanias Hereditárias, quando o rei D. Manuel I organizou expedições militares para proteger os domínios portugueses na América contra ataques estrangeiros. As forças militares, junto com os bandeirantes, também foram usadas para reprimir quilombos. No século XVIII, conflitos internos como a Guerra dos Emboabas, a Guerra dos Mascates e a Revolta de Vila Rica demandaram intervenções militares. Em 1810, com a criação da Academia Real Militar no Rio de Janeiro, a estrutura militar brasileira se moderniza. O serviço militar foi instituído por lei em 1908, mas o recrutamento era realizado por meio de sorteio. Em 1964, foi promulgada a Lei do Serviço Militar.


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M de mobilização em tempo em que leem notícias, estudam, ouv Eles falam com amigos pela net ao mesmo ção o. Impossível? Não para os jovens da Gera músicas, escrevem no blog e veem televisã por meio de suas redes M, que ainda mobilizam e promovem ações

Simone Nascimento e Rafael Lira, da Redação

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Divulgação

Divulgação

C

riado em 2005 pela Kaiser Family Foundation em pesquisa dirigida pela Stanford University, o termo “Geração M” diz respeito aos jovens que fazem “tudo ao mesmo tempo agora”. Por trás disso, entende-se uma galera que põe em prática conceitos como “mobilização”, “multimídia” e “movimento”. São totalmente familiarizados com internet, mídias e redes sociais e utilizam essas ferramentas para promover suas ações. Segundo informações do site Webinsider, o estudo Generation M mostra que a casa de um jovem estadunidense se transformou em um verdadeiro “QG de mídia”. Em média, um adolescente dos Estados Unidos possui duas televisões, três rádios, três tocadores de DVD, dois videogames e um computador. Essa geração gasta quase seis horas e meia do dia usando mídia, sendo que durante este período estão expostos a mais de oito horas e meia de mensagens midiáticas. Isso porque, em 26% do tempo, os jovens usam duas ou mais mídias simultaneamente. O caráter multitarefa de seus representantes e o contato constante com as mídias digitais vêm possibilitando atitudes positivas em relação ao mundo, outra preocupação marcante dessa geração – é aí que se insere a webcidadania, ou a mobilização de pessoas por meio da internet. A passividade, tão criticada nos adolescentes e jovens de décadas como 1980 e 1990, parece ter chegado ao fim. A geração M comparece em peso em sites como o Cidade Democrática (www.cidadedemocratica.com.br), cujos objetivos são apontar problemas, propor soluções e buscar apoios para melhoria de suas cidades. Lançado oficialmente durante a Conferência Internacional de Redes Sociais (Cirs) em março de 2010, o Cidade Democrática conta com cerca de 1300 cidadãos. O portal contabiliza mais de 400 propostas e 350 problemas relacionados a transportes, meio ambiente, cultura, saúde, educação e outros temas.

Mobilização de jovens possibilitou construção de ciclovia


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Agentes de mudanças Aos 20 anos, Henrique Parra é um autêntico representante da Geração M. Ele não para - divide seu tempo entre o voluntariado no Movimento Voto Consciente (votoconsciente.ning.com) e a mobilização do Cidade Democrática. Entre suas conquistas, é possível destacar a Agenda Cidadã (www.cidadedemocratica.com.br/topico/310-agendacidada), documento que contêm 12 propostas de Jundiaí (SP), protocolado na Câmara Municipal e que, com apoio de parlamentares e ONGs, tem dado grandes resultados, como a construção de uma ciclovia e a convocação de uma audiência pública para discutir o plano diretor da cidade. Bruno Barreto, também com 20 anos, é o criador do SACSP (sacsp.mamulti.com), um sistema de acompanhamento das reclamações feitas pelos cidadãos paulistanos ao Serviço de Atendimento ao Cidadão da prefeitura. “A ideia para o site surgiu em um encontro do evento Transparência Hackday e, a partir daí, comecei a fiscalizar o trabalho da prefeitura usando a web”, conta. Antenada (ou melhor dizendo, plugada), a geração M segue dando demonstrações de que está atenta e conhece seus direitos. V

Reprodução

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Na plataforma virtual do Cidade Democrática, o usuário encontra ferramentas que possibilitam que o internauta crie, por exemplo, uma reclamação sobre determinada parte da cidade, liste-a dentro do tema correspondente e divulgue-a para “ganhar uma mãozinha”. “Acreditamos na colaboração como única forma de resolver os problemas que estão gritando aí no mundo. Temos que nos unir e trabalhar de forma colaborativa para as políticas públicas que queremos ver implementadas”, disse Rodrigo Bandeira, diretor do Instituto Seva, idealizador do Cidade Democrática. Para ampliar as ferramentas de webcidadania, Rodrigo adianta que pretende elaborar guias para a ação cidadã, incluindo comunicação, voluntariado, além de uso de vídeos e mensagens de celular para mobilizações. Além disso, no Cidade Democrática, as discussões acontecem a partir da sociedade e vão amadurecendo até chegar aos gestores públicos e outros agentes com capacidade de decisão, investimento e intervenção.

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Faça Vir

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Plataformas virtuais colaboram com ações dos jovens

E você, já fez alguma mobilização pela internet? Usou as redes sociais para chamar a atenção para alguma causa? Conte pra gente! Envie um e-mail relatando sua experiência. O endereço é redacao@viracao.org

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Que estilo cola

Sk8 – adrenalina Esporte conquista jovens e adultos de todo o mundo há décadas. Mesmo assim, preconceito contra praticantes persiste Alex Araújo e Michael de Oliveira, do Virajovem São Paulo (SP)* e da Plataforma dos Centros Urbanos

E

m 1950, surfistas da região conhecida como Dogtown, na Califórnia (Estados Unidos), tiveram uma ideia inovadora em tempos de maré baixa: por que não “surfar” também no asfalto? Para concretizar o projeto, tiraram rodas e eixos de patins e os pregaram em portas de guarda-roupas serrados. Estava dada a largada para o surfe das ruas, o skate! Essa nova maneira de surfar foi chamada de sidewalk surf. Na época, porém, a novidade não foi bem aceita. Por algum tempo, o skate foi lembrado apenas como uma brincadeira para os dias de maré baixa. A partir dos anos 1960 isso mudou, quando os jovens de Dogtown voltaram a andar sobre a prancha com rodas. Foi aí que o movimento deixou de ser visto apenas como uma brincadeira e conquistou seu espaço. O skate é composto por várias modalidades, como street style, high jump, freestyle, entre outros (veja box). É considerado um esporte radical, já que o esportista executa com a prancha (shape) manobras com baixos e altos graus de dificuldade. Em 1965, surgiram as primeiras competições de skate, mas o esporte se popularizou mesmo pelo mundo na década seguinte. Os melhores skatistas passaram a ser conhecidos, sair em revistas e começaram a ser patrocinados por marcas de roupas. Apesar da popularidade, é difícil viver do esporte no Brasil, mesmo para skatistas profissionais. “Nenhum esporte no Brasil é reconhecido, apenas o futebol. Temos que trabalhar para nos sustentar no skate, pagando viagens e hospedagens para participar de competições. Isso acontece devido à falta de incentivo de empresários e até do governo”, desabafa André Bozato, ou Magriça, skatista de 31 anos de São Paulo (SP), que trabalha como técnico de informática e participa de diversas atividades relacionadas ao esporte. Lições do skate Magriça começou a andar de skate aos 12 anos e diz que só para “quando o corpo não aguentar mais ou quando Deus quiser”. Ele aprendeu a andar com os meninos mais velhos do bairro e se apaixonou perdidamente. Para ele, o esporte funciona como uma terapia. “Além de exigir muito condicionamento físico, o skate trabalha com a mente. Após um dia estressante, ele é uma válvula de escape, ajuda a pensar direito”, completa. Segundo Magriça, o skate

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Skate é praticado por adolescentes e adultos


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Sempre! também o ensinou a ser cidadão, a ter humildade e companheirismo. As manobras radicais muitas vezes levam a quedas, e para Magriça esses momentos são fundamentais para crescimento pessoal. “Quando você erra uma manobra, cai direto no asfalto ou concreto, mas cria coragem para levantar e tentar novamente executá-la com perfeição, isso serve como lição de vida”. Essa também é a opinião do skatista iniciante Michael de Oliveira, de 16 anos, o “Preto”. “Não é só diversão, é liberdade, para onde eu for com o skate estarei feliz”, conta o estudante. Seu amigo Alex dos Santos, de 17 anos, também adora a sensação proporcionada pelo “carrinho”: “Sinto-me livre de tudo e de todos quando ando de skate”, comenta o jovem, que começou a andar de skate aos sete anos. Os skatistas concordam que ainda existe preconceito contra o skatista no Brasil. Segundo Magriça, ele é menor do que era nos anos 1990, “quando a polícia chegava a pegar o skate do menino e levá-lo para a delegacia, obrigando os pais a buscar o carrinho”. Ele diz que nos dias de hoje algumas coisas melhoraram, já que o tema passou a ser abordado com frequência pela mídia, mas ainda tem gente que diz que skate é coisa de criança ou de desocupado. “Já escutei pessoas dizendo: 'Vai trabalhar!', sem saberem que muitos dos skatistas são médicos, engenheiros, psicólogos. Alguns são até prejudicados nas competições por não terem tempo para treinar”. No caso de Preto, o preconceito contra o esporte aconteceu dentro de casa, e também fora dela. “Sempre me falavam que skatistas são 'maloqueiros' ou 'drogados'. Os policiais que me viam com o skate já me olhavam com outros olhos, por causa das minhas roupas e também por eu ser negro”. Mas Preto tira de letra esses desafios e não desanima. Como um veterano, dá suas dicas para quem quer se iniciar no esporte: “Não deixe seus estudos, nem suas responsabilidades por causa do skate. E uns dos mandamentos fundamentais - não use drogas em nenhuma hipótese!”, alerta. Magriça faz coro: “Ande de skate e divirta-se, sempre por prazer. Tenha humildade e estude bastante”. V

Esporte foi inventado por surfistas na Califórnia

Conheça as modalidades do skate Street Skate - É a modalidade mais comum praticada no Brasil. Baseia-se em obstáculos encontrados na rua, como bancos, corrimões e escadas. Skate Freestyle - Modalidade praticada no solo, onde o skatista realiza diversas manobras em sequência. É considerada uma das primeiras modalidades. High Jump - O skatista salta um obstáculo (geralmente uma vara de marcação). Skate Slalon - O skatista faz zigue-zague entre os cones em um determinado circuito. Skate Big Air - É a mais recente modalidade de skate. O skatista desce de uma rampa em alta velocidade, realiza uma manobra e desce em outra rampa. Skate Overall - O termo overall é usado para o skatista que pratica no mínimo três modalidades no skate.

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@revistaviracao.org.br)

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Para além do que a mídia mostra jornalistas para discutir a apropriação das Adolescentes e jovens se encontram com s apresentadas na mídia grande informações e as histórias das comunidade

Cleber Souza e Jessica Idalina, da Plataforma dos Centros Urbanos (PCU)* e Luciano de Sálua, da Redação

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m março de 2010, adolescentes comunicadores e representantes dos Grupos Articuladores da Plataforma dos Centros Urbanos (PCU) tiveram a oportunidade de mostrar para jornalistas a realidade de suas comunidades para além do que é mostrado na mídia. Para que o encontro se realizasse com sucesso, os adolescentes comunicadores e os grupos articuladores se reuniram semanas antes, com a orientação da jornalista Adriana Alvarenga, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Nesses momentos, foram analisados textos sobre como a abordagem dos veículos de comunicação pode afetar os moradores de comunidades. Além disso, foram discutidas propostas para serem feitas no dia do encontro. Chegado o dia, os adolescentes estavam cheios de expectativa para chamar a atenção dos repórteres para a PCU, principalmente para apresentar o conhecimento adquirido por meio do diagnóstico participativo feito nas comunidades. O instrumento, chamado de consulta, foi elaborado pelo Instituto Paulo Montenegro e aplicado pelos próprios moradores, adultos e adolescentes em suas comunidades durante o segundo semestre de 2009. No total, foram ouvidas 2.148 lideranças e 2.183 crianças e adolescentes. Olhar da comunidade Com os resultados em mãos, um dos grandes motivos de preocupação foram as condições de segurança em que vivem meninos e meninas das comunidades populares. Segundo 32% das lideranças entrevistadas, o problema da violência está piorando em relação aos últimos dois ou três anos. Outra questão levantada foi em relação ao tema sobreviver. Em uma escala de 0 a 10, os cuidados pré-natais receberam a melhor avaliação (nota 8,1) entre as pessoas consultadas. Mas, após o nascimento, as famílias enfrentam desafios como a falta de tempo para cuidar de seus filhos

12 Revista Viração • Ano 8 • Edição 61

Adolescentes e jornalistas se reúnem em São Paulo para discutir uma mídia diferente

Diagnóstico participativo: Consulta de percepção realizada com adultos, adolescentes e crianças sobre como elas veem sua comunidade em diversos aspectos: educação, saúde, segurança, entre outros.

(nota 3,2) e de espaços e atividades para que as crianças possam brincar (nota 3,3). Ingressar os filhos em creches públicas é outro desafio (nota 3,4). A falta de vagas faz com que os responsáveis tenham que procurar creches longe de suas comunidades, contratar babás ou, no caso daqueles que não possuem condições financeiras favoráveis, deixá-los em casa sozinhos, sem acompanhamento de um responsável. Após entender as diferentes realidades, os jornalistas solicitaram às comunidades que levem até as Redações as suas histórias, por meio de cartas, e-mails e ligações, e que contem com a função do jornalista como multiplicador da informação.


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Preconceito e informação Os jornalistas se surpreenderam também com os relatos dos adolescentes a respeito do preconceito que sofrem por conta da imagem transmitida pela mídia em relação às comunidades. “As pessoas de outros grupos já veem a gente com aquele perfil que a mídia pinta. Em alguns ambientes, as pessoas pensam ‘Ah, ela é diferente’, por causa do lugar que você mora. Muitas vezes a pessoa se sente diferente, inferior”, destacou a cantora Cristoilma, que atua como líder comunitária. Esse encontro foi muito importante para o início de um diálogo entre a mídia e as comunidades, pois só com a participação de diferentes profissionais, lideranças comunitárias, jovens e adolescentes será possível a participação efetiva de todos. V

*A Plataforma dos Centros Urbanos (PCU) é uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), desenvolvida em parceria com diferentes parceiros, que tem como objetivo melhorar a qualidade de vida e garantir os direitos das crianças e dos adolescentes que vivem nas grandes cidades. A Plataforma está sendo implementada

No encontro, foram apresentados dados da consulta de percepção

inicialmente nas cidades de São Paulo, Itaquaquecetuba (SP) e Rio de Janeiro (RJ), com duração prevista até 2011. Os chamados adolescentes comunicadores são membros das comunidades que integram a PCU e são responsáveis por auxiliar na mobilização comunitária para a conquista das metas e comunicação de ações realizadas no âmbito de suas comunidades.

Conheça alguns resultados da Consulta de Percepção às Lideranças das Comunidades Questões relativas à qualidade da educação oferecida às crianças e adolescentes da comunidade: Avaliação geral

Avaliação das condições de vida dos bebês e das crianças até 6 anos que vivem nas comunidades integrantes da PCU, considerando aspectos relacionados à saúde, higiene, alimentação e moradia. Avaliação geral

Tendência com relação aos últimos 2 ou 3 anos Tendência com relação aos últimos 2 ou 3 anos

As condições de segurança em que vivem as crianças e os adolescentes também foram avaliadas. Este tema recebeu as piores notas: Avaliação geral

Tendência com relação aos últimos 2 ou 3 anos

Leia mais dados da pesquisa em: http://tinyurl.com/37u6bw7

Revista Viração • Ano 8 • Edição 61 13


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a r e l a G

r e t r Repó

s o m r e t s o i Sem me Polêmico e debochado, o ator Paulo César Pereio abre as portas de sua casa para falar sobre carreira, cinema e todas as coisas que surgiram na hora

Sâmia Pereira e Fernando Lana, do Virajovem São Paulo (SP) e Camila Luz, Luciano de Sálua e Rafael Stemberg, da Redação

N

ascido em 1940, em Alegrete (RS), Paulo César de Campos Velho, ou simplesmente Pereio, participou de importantes momentos do cinema brasileiro. Com passagem pelas correntes artísticas do Cinema Novo, Cinema Marginal e as pornochanchadas dos anos 1970, sua primeira aparição nas grandes telas foi no filme dirigido por Ruy Guerra, Os Fuzis, de 1964. Prestes a completar 70 anos, o ator apresenta um currículo com mais de 80 filmes, além de minisséries e novelas que atuou, e se lembra perfeitamente da cena que o fez perceber seu início de carreira: “foi quando vi minha foto no jornal, aos 16 anos, numa chamada para uma apresentação teatral”, fala. Com o dom de se comunicar, Pereio diz que se não fosse ator, seria jornalista. Mas não considera estar muito longe dessa função, já que desde 2004 apresenta no Canal Brasil o programa de entrevistas Sem Frescura. Aos que desejam trabalhar com artes cênicas, a dica do ator é simples: “se deve adquirir técnica, pois é o teste da sinceridade. Se você realmente ama aquela coisa, procura desenvolver a técnica”. E foi por esse caminho que seguiu. “Quando comecei minha carreira, puxava pano, fechava cortina, operava luz...Aprendíamos fazendo, pois naquela época não havia escola de teatro, só as companhias teatrais que viajavam pelo País e pegávamos caronas para nos aperfeiçoar”, conta.

Hoje ele se divide entre a ponte aérea Rio – São Paulo para gravar seu programa. Mas em uma dessas idas e vindas, Pereio recebeu a equipe do Virajovem em seu apartamento, na região central de São Paulo, para uma conversa que você confere a seguir. Viração: Durante sua carreira, você acompanhou muitas evoluções do cinema brasileiro. Na condição de telespectador, o que acha dessas mudanças? Paulo César Pereio: Eu sou sempre otimista. Acho que as coisas estão sempre melhorando, tudo tem ficado muito alinhado nas cenas. Mas como telespectador também vejo coisas que estão piorando, como a ausência total de uma nova ideia. Você é conhecido por ter uma personalidade polêmica. Como lida com isso? O universo está sempre em constante mutação, por isso as ideias e as convicções vão se transformando. Às vezes você precisa manifestar algo em determinado momento até mesmo para se convencer do contrário, para que alguém lhe diga o inverso. Isso é o que podemos chamar de polêmica. Mas já se arrependeu de algo que disse? Tudo o que eu disse era o que gostaria de falar. Se eu não tivesse começado a pensar daquela maneira, eu não teria chegado ao que penso hoje. E o equivoco é uma coisa bastante

Linha do Tempo Em Eu te amo (1981), filme de Arnaldo Jabor, o ator interpretou o personagem Paulo.

Pereio, ao lado da atriz Edna de Cássia, em Iracema – Uma transa amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna. O Filme, retrata o desmatamento e a prostituição na selva amazônica e só foi liberado pela censura em 1981.

2003 14 Revista Viração • Ano 8 • Edição 61

1974

2006

1981


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“Sou uma polêmica permanente. O meu caos é o que define a minha personalidade” Rafael Stemberg

saudável. Por que hoje eu estaria pensando da mesma maneira que antes? Não tem nenhum sentido isso, pois há constantes mudanças. Já interpretou algum personagem que se aproxime de você? Quando me convidam para algum papel, procuro evidentemente os que têm alguma semelhanças comigo, afinidades que possam ser transferidas aos personagens. Sou muito seduzido pelos personagens com inteligência, pluralidade. Os que falam muita merda não me interessam. O que pensa sobre os downloads de arquivos ? Há muito tempo que se luta pela garantia dos direitos autoriais e de imagens, que são precisos ter. Mas hoje em dia você 'pesca' na internet tudo o que se quer, então a ideia de propriedade, de arte, está muito diluída. Mas tem vários artistas que não se importam mais e já produzem conteúdos próprios para a internet e vive das apresentações públicas. Como está o documentário Pereio, eu te odeio, que fala sobre sua vida? Ele acaba de receber um financiamento e está em fase de conclusão. Tenho mais ou menos quinze horas de depoimento. O filme também tem a fala de muitas de pessoas que falam sobre mim, inclusive, mal.

Cartaz de divulgação de Pereio no Canal Brasil, onde apresenta o programa de entrevistas Sem Frescura.

2004

Mas tem o que falar mal? Acho que sim. Sou uma polêmica permanente. O meu caos é o que define a minha personalidade. E penso que isso seja bom, pois as pessoas falam o que realmente acham sobre mim, e é algo que me interessa saber. Você ainda é favorável a remoção do Cristo Redentor? Sou a favor da implosão do Cristo e essa ideia não é tão original assim. Ela surgiu do artista plástico paulista Flávio de Carvalho. O Rio de Janeiro tem coisas naturais lindas, e tem lugares com limite permitido de construção dos prédios (como altura), que nunca devem cobrir a topografia da cidade. O Cristo Redentor é uma interferência na identidade do Corcovado. Nos anos 1980 houve vários movimentos de atores e atrizes que se posicionavam politicamente. Isso acabou? Não. Mas hoje o teatro é o principal espaço de oposição. No canal de televisão é diferente, pois tem uma concessão pública do ministério das Comunicações e há receio de se fazer críticas. Então, é aí que o teatro sobrevive, porque se possibilita um reduto de oposição em que podemos dizer não. Na praça Roosevelt (local em São Paulo com grande concentração de casas teatrais), por exemplo, o teatro está muito vigoroso. Lá temos apresentações em vários momentos do dia. E se isso existe é porque tem uma oposição forte. Nós teremos agora uma campanha política e com certeza isso ficará mais explícito. Também acabamos de vivenciar os professores nas ruas em alguns Estados, gritando por melhorias, e eles também são atores importantes nesse processo. Qual a maior dificuldade de se fazer filme no Brasil? É uma dificuldade que não é apenas brasileira, mas universal, que é lidar com o ser humano, que é exatamente igual em qualquer lugar do mundo. O homem tem dificuldade de desenvolver certas barreiras, de rever pensamentos, e isso dificulta o trabalho. V

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@revistaviracao.org.br)

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Muros da vergonha Gizele Martin s

Estruturas são construídas em favelas do Rio de Janeiro com a desculpa de possibilitar proteção ambiental e acústica, além de aumentar a segurança Gizele Martins, Renata Souza e Alex Ferreira, do Virajovem Rio de Janeiro (RJ)*

Ideia antiga

Muros estão provocando polêmica na cidade; moradores de comunidades se sentem segregados

investiu nessas áreas. Espero que com as barreiras venham os postos de saúde e as creches”, afirmou o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Em discussão Grande parte dos moradores da Maré diz não aceitar o muro. É o caso de Maria Joaquina, que mora na comunidade há 50 anos. “Querem esconder a gente?”, questiona. João Silva acredita que o País deveria fortalecer as comunidades, e não escondê-las. “O que aconteceu com as favelas no vídeo em que o Brasil concorreu às Olimpíadas de 2016? Simplesmente sumiram com elas do mapa. Eles não entendem que a favela é um lugar de aprendizado.” Para Carlos dos Santos Barroso, o muro poderá proteger os motoristas que passarão do outro lado, mas entende que isso significa uma segregação. “Em certa parte os motoristas estarão protegidos. Mas me sinto discriminado com o fato de a favela ficar praticamente isolada das vias expressas.” Opinião semelhante é a de Antonio Costa. “Esse muro poderia até proteger, mas não resolveria o problema de segurança que existe em nosso Estado. O caos não está só nas vias expressas. Sinto-me discriminado, com certeza, pois estão me escondendo enquanto favelado.” A assistente social Rachel Mizael também discorda do muro. “É mais uma forma de exclusão e de discriminação das minorias. É muito mais fácil murar e isolar os favelados do que entrar com políticas públicas, pois isso exige mais compromisso político, que não interessa a eles”, conclui.

Na época dos Jogos Panamericanos (PAN), em 2007, realizados no Rio, o muro já aparecia como uma das invenções, entre as várias iniciativas de remoções e despejos de favelas. Além disso, o Exército e a Força Nacional ocuparam as favelas cariocas durante o evento para dar segurança aos participantes do PAN, porque para a política de segurança pública a favela é que é o inimigo. Com a vinda da Copa do Mundo em 2014, e das Olimpíadas em 2016, a ideia dos muros que cercam as favelas volta à tona. O projeto lembra a época da Guerra Fria, com o Muro de Berlim, construído em 1961. O muro separou a Alemanha em dois territórios, a Alemanha Ocidental e a Oriental, ocasionando diversos conflitos até sua queda em 1989. No caso do Brasil, a Organização das Nações Unidas (ONU) considera os muros uma estratégia de segregação da favela. “É uma construção para tornar invisível uma parte da cidade que não é tão maravilhosa. O discurso é de que se trata de revestimento acústico, mas o fato é que o prefeito Eduardo Paes até agora não

*Um dos Conselhos Jovens presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (rj@revistaviracao.org.br)

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Esta matéria foi originalmente publicada na edição 61 do Jornal O Cidadão, parceiro da Vira.

José Henrique dos Santos

O

Brasil, que caminha para ser a quinta maior economia do mundo, é também um dos países mais pobres. Isso é perceptível por meio das péssimas políticas públicas destinadas à população de baixa renda. Um exemplo são os chamados “muros da vergonha” que as autoridades governamentais cariocas estão construindo em volta das 13 favelas próximas às principais vias expressas da cidade. Tudo isso com a desculpa de proteção ambiental, de segurança e até de isolamento acústico, como no caso dos muros erguidos nas favelas da zona sul, norte e oeste da cidade. Segundo matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, o projeto de R$ 40 milhões cobrirá 11 quilômetros com estruturas de acrílico, placas de aço, muros de concreto e placas forradas com isopor. Cada um dos módulos contará com 38 metros de comprimento e três metros de altura. O Conjunto de Favelas da Maré será isolado por 1.115 metros de barreiras na Vila dos Pinheiros, e no Parque da Maré a proteção acústica terá 1.080 metros de placas de concreto armado e 220 metros de placas de acrílico, principalmente nos trechos residenciais. As barreiras também vão separar os moradores dos conjuntos habitacionais degradados da Cidade de Deus dos carros que trafegam na Linha Amarela. De acordo com a cúpula da Segurança Pública, as placas de três metros de altura, além de isolar as favelas, também diminuirão o número de arrastões nas duas vias.


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Liiberte sua

mente Mayara Mantovani, Wagner Oliveira, Laiza Castro, Mariana Alves, Lais Rodrigues, Gabriel dos Santos e Geslaine Alves, do Virajovem Campinas (SP)*

C

Natália Focart

riada em 1996, a ONG Taba – Espaço de Vivência e Convivência do Adolescente, atua em diversas ações nas áreas de educação, saúde, sexualidade e direitos humanos, por exemplo. Os projetos, de formação e inclusão, acontecem na cidade de Campinas, no interior de São Paulo, e são voltados a adolescentes e jovens (com a participação das famílias), priorizando os que estão em situação de risco pessoal e social, provocando neles diferentes formas de participaçã social. Para esta edição da Vira, a galera da Taba, que também organiza o Conselho Virajovem de Campinas desde dezembro de 2009, preparou um rap para mandar o recado e contribuir com o fim do preconceito. Confira!

Salve, salve galerinha, hoje vamos falar de uma parada que não está com nada! O preconceito, que é um grande desrespeito! Não importa sua turma, seja emo ou pagode, rock ou hip hop, exija seus direitos!

Somos todos diferentes, mas também temos semelhanças, Todo mundo pensa e também guarda lembranças. A vida é um caminho de idas e vindas. Então não discrimine e nem incentive a discriminação, Pois todos têm o direito à liberdade e à ação!

Racial e socialmente, liberte sua mente! Se o problema é ser diferente, Reflita: Todos nós nascemos pelados e sem dentes!

Conheça mais sobre os projetos da ONG Taba - Espaço de Vivência e Convivência do Adolescente em www.espacotaba.org.br

*Um dos Conselhos Jovens presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@revistaviracao.org.br)

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P SITIV S e atuantes Micaela Cyrino, da Escuta Soh!

S

ete mulheres, de diferentes regiões e idades, mas com algo em comum – todas contraíram o vírus HIV pelos próprios maridos ou parceiros estáveis, que não sabiam de sua sorologia. Esta é a sinopse do documentário Positivas, dirigido pela jornalista Susanna Lira, que traz as histórias de mulheres integrantes da rede de mulheres que vivem com HIV/aids – a Cidadãs Positivas. O documentário retrata a trajetória dessas mulheres – do luto no momento do diagnóstico positivo até a transformação da doença em luta. Positivas leva os espectadores à reflexão sobre vários aspectos da vida, entre eles o lugar que a mulher ocupa na sociedade e o quanto a classe social pode influenciar no tratamento da aids e na luta contra o preconceito. O filme, que estreou em Brasília (DF) e teve exibições no Rio de Janeiro (RJ) e em São Paulo (SP), teve apoio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, do Ministério da Saúde e do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS). Dados de 2008 divulgados pelo Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde apontam que em 1986, haviam 15 casos de HIV no sexo masculino para um no sexo feminino. Desde 2000, há 15 casos entre eles para 10 entre elas. Da população geral diagnosticada com aids desde o início da epidemia até junho de 2008, foram identificados 333.485 (66%) casos de aids em homens e 172.995 (34%) em mulheres. Entre os fatores que contribuem para que as mulheres sejam vulneráveis à aids, estão a dificuldade que muitas sentem em pedir ao parceiro que use camisinha; violência doméstica e sexual; discriminação e preconceito relacionados à raça, etnia e orientação sexual; além da falta de percepção das mulheres sobre o risco de se infectar pelo HIV. Conheça as protagonistas Aos 40 anos, Ana Paula Prado Silveira mora em Brasília e descobriu sua sorologia positiva há 12 anos. Atualmente, ela trabalha no Programa Nacional de DST e Aids, do Ministério da Saúde. Cida Lemos, de 54 anos, professora de português e ciências aposentada, descobriu em 1999 que havia sido contaminada pelo namorado. Ela ministra palestras para mulheres soropositivas.

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Divulgaç ão

e vivências de Documentário traz histórias m HIV sete mulheres que vivem co

A dona de casa Heli da Silva Cordeiro, de 65 anos, de Piedade (RJ), foi casada por 31 anos. Na mesma semana em que adoeceu, há 14 anos, seu marido morreu vítima de aids. Heli escreve poemas e faz aulas de dança. A enfermeira Maria Medianeira Gonçalves de Mello, de 56 anos, do Rio Grande do Sul, descobriu que seu marido era homossexual com três meses de casada. Pouco tempo depois, soube que estava contaminada pelo vírus HIV. Maria criou há 10 anos a Associação Medianeira de Apoio à Vida. Mãe de quatro filhos, Michelle Silva Caires, de 24 anos, foi demitida do trabalho de cozinheira quando descobriram que ela era portadora do vírus HIV. A uruguaia Rosária Piris Rodriguez, de 53 anos, foi contaminada pelo parceiro, que era usuário de drogas. Ela se dedica a dar aulas e palestras sobre direitos humanos com o objetivo de conscientizar a mulher para o uso da camisinha e para a importância da adesão ao tratamento da doença. Silvia Aparecida Domingues de Almeida, de 45 anos, descobriu aos 30 que o marido vivia com HIV e havia transmitido o vírus para ela. Trabalha no setor de responsabilidade social de uma multinacional em São Paulo. V


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Ivo S sa ou

A C E o n o De olh Equipe do Portal Pró-Menino*

“Inocente até que se prove o contrário”: esse princípio tem sido respeitado com os adolescentes?

N

o Brasil, pela Constituição Federal, a posição oficial diante de um ato considerado criminoso deve ser a de presumir que qualquer pessoa é inocente até que se prove o contrário (a famigerada “presunção de inocência”). Este é um princípio constitucional que deve ser observado sempre. Especificamente no caso da criança ou do adolescente que comete um ato infracional, existe a proteção expressa no Estatuto da Criança e do Adolescente para garantir que, independentemente da gravidade do ato praticado, o infrator não pode sofrer nenhum tipo de violência ou constrangimento de sua dignidade: Artigo 178 – O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias a sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade. É interessante ver que a presunção de inocência está presente no artigo, que diz “o adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional”. Ou seja, por maior que seja a certeza que um policial tenha a respeito da “culpa” de um infrator sobre um determinado delito, ele não tem o direito nem o poder de declarar ninguém culpado e, muito menos, aplicar um castigo, antes que haja um processo judicial para verificar detalhadamente a verdade dos fatos. As punições existem,

No site da Vira, você pode ler uma reportagem sobre o assunto: http://2big.at/6dy

e a discussão sobre seu formato e adequação é outra, mas o importante é ter em mente que elas não são aplicadas pela polícia e sim por instituições devidamente encarregadas disso. O próprio adolescente infrator muitas vezes não tem como fazer valer o limite da atuação da polícia. As situações de flagrante, por exemplo, são delicadas e às vezes necessitam de uma ação enérgica (o que não quer dizer violenta) Lentini para impedir a continuação da infração ou a fuga. Para piorar, geralmente esses casos mobilizam a ira da própria comunidade em que acontece o fato, gerando uma cobrança por punição imediata e pública, alinhada com a questionável ideia de que o castigo serve também para dar exemplo aos outros. Desse modo, conscientizar as pessoas sobre a necessidade de ouvir o lado do infrator é uma ação importante porque desencoraja a pressão social por esse tipo de atuação da polícia. Mas, na prática, para diminuir esses abusos de autoridade com ou sem violência, é importante relatar situações de excesso já ocorridas para a Ouvidoria ou Corregedoria da Polícia Militar, ou, ainda, para as Ouvidorias dos Governos Estaduais. Hoje, todas essas instituições têm que divulgar em seus sites os números de telefone e outras formas de contato para receber reclamações como essas. Além destes, é importante também recorrer ao Conselho Tutelar que saberá encaminhar devidamente denúncias envolvendo violações dos direitos infanto-juvenis. V

Para saber mais sobre o tema, acesse a seção “Adolescentes em Conflito com a Lei” do Portal Pró-Menino: www.promenino.org.br

*O Portal Pró-Menino, parceiro da Vira, é uma iniciativa da Fundação Telefônica em conjunto com o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS/FIA).

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Capa

´ Publico-alvo

s 29 anos são assassinado e 15 tre en s en jov 54 Todos os dias, ices de países em guerra no Brasil, superando índ

Jhonathan Pino, do Virajovem Maceió (AL)*; Sheila Manço, do Virajovem Goiânia (GO); Fabiano Viana, colaborador da Vira em São Paulo e Vânia Correia, da Redação Ilustrações: Dedê Paiva, colaboradora da Vira

J

ohnny Wilter tinha 21 anos quando foi atingido por um tiro e faleceu em frente à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), onde estudava. Ele estava morando em Maceió havia seis meses com o irmão, Jhonathan Pino, e cursava o terceiro ano da faculdade de Geografia. Naquele domingo chuvoso, 25 de maio de 2008, o irmão de Johnny tinha viajado e seus pais estavam em União dos Palmares, cidade onde moravam, a 80 quilômetros de Maceió. Após passar o dia com os amigos em casa, Johnny saiu com eles para ir a uma festa num bairro próximo. Ao chegarem lá, Johnny resolveu ir para outro lugar, a casa do amigo Denis. Enquanto a maior parte dos amigos estava de carro, Johnny e Marcos, que era seu amigo de infância, montaram numa moto e seguiram em direção à casa de Denis. O caminho foi interrompido por uma sensação de estupor que afligiu Johnny de forma decisiva. Na garupa da moto, Johnny foi vítima de um disparo de submetralhadora 9 mm, que o atingiu na nuca. Quem provocou a morte do rapaz foi um policial militar, capitão Eduardo Alex dos Santos, que havia pedido para que os jovens parassem. Como o pedido não foi atendido, o capitão atirou. Assim ocorreu a morte de mais um jovem que entrou para as estatísticas do Estado mais violento do País. A ele somam-se mais 2.063 vítimas de homicídios no local, número que coloca o Estado no topo do ranking de crescimento em homicídios. A taxa de homicídios vem subindo de forma assustadora, na contramão da maior parte dos Estados do País. O índice de homicídios de jovens de 15 a 29 anos saltou de 33,6 para 122,7 a cada 100 mil pessoas. Mas, infelizmente, Alagoas não é exceção quando se trata de homicídios de jovens. A população juvenil concentra quase 40% dos homicídios no País. Todos os dias morrem, em média, 54 jovens entre 15 e 29 anos, vítimas da violência. Um estudo realizado pelo Laboratório de Análise da

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Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, em parceria com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e com o Observatório de Favelas estima que mais de 33 mil jovens serão assassinados no Brasil, entre 2006 e 2013, caso não haja intervenções na atual situação de vulnerabilidade à violência em que se encontra a juventude. Segundo a pesquisa Mapa da Violência 2010 – Anatomia dos Homicídios no Brasil, realizada pelo Instituto Sangari, entre os anos de 1997 e 2007, 512,2 mil pessoas foram vítimas de homicídios no Brasil. A faixa etária com maior índice de crescimento de homicídio, no período, está entre 14 e 16 anos, com aumento acima dos 30%. Entre os 12 e os 15 anos, a cada ano de vida, praticamente duplicam os números e as taxas de homicídios entre os adolescentes. Os maiores índices no Brasil concentram-se na faixa de 15 a 24 anos de idade. O pico está entre os 20 e os 21 anos, idade de Johnny. Mais de 90% das vítimas são homens. Enquanto a taxa de crescimento total de homicídios ficou em torno dos 17%, entre a população juvenil o índice foi maior que 22%. E, de acordo com o estudo do Instituto Sangari, esse é um número que vem aumentando ao longo do tempo. O Brasil está entre os quatro países em que são assassinados mais adolescentes, entre mais de 90 países pesquisados. Para Márcia Regina Victoriano, doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), os números alarmantes indicam negligência com a juventude: “A raiz da violência urbana, que tem ceifado vidas de milhares de jovens na faixa de 15 a 24 anos, está na ausência de


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direitos e de cidadania.” A socióloga completa que o Brasil apresenta sinais de melhora em indicadores econômicos, “mas ainda carece de uma política que efetivamente promova a inclusão social e o protagonismo juvenil”. Diante desse cenário, adolescentes e jovens brasileiros convivem, diariamente, com o medo e a insegurança. Aos 15 anos, Bruno da Silva Santos mora nas ruas de São Paulo e sabe bem o que é isso. “Eu tenho muito medo de morrer na Praça da Sé, porque a polícia sempre quer meter bala na gente. Eu já vi outros jovens morrerem de facada aqui. Fiquei desesperado”. Violência policial Os altos índices de violência no Brasil têm cor, sexo e endereço. Um relatório da Organização das Johnny Wilter, morto aos 21 anos, Nações Unidas (ONU), com por um policial militar dados de 2006, revela que entre cada dez adolescentes mortos, sete são negros; em geral, moradores das periferias das grandes cidades. “Os jovens negros estão morrendo. Eles representam grande parte da população das áreas mais vulneráveis do País e, devido ao preconceito racial, ainda são vistos como potenciais suspeitos da criminalidade”, explica Maricelis Santana, graduanda em psicologia. Grande parte dos homicídios foram praticados por policiais em serviço, como no caso de Johnny. Ainda de acordo com o relatório, além dos policiais, as mortes são provocadas por diversos agentes, entre eles esquadrões da morte, milícias, assassinos de aluguel, e por detentos em prisões. “A polícia me dá medo. Não sei para onde olho quando encontro um policial. E era para eu me sentir seguro”, conta Michel Santos, de 17 anos, morador da periferia de São Paulo. Ana Rogério Souza Silva, que perdeu filha, genro e dois netos assassinados em Salvador, também revela sua insegurança: “Quem que não tem medo da polícia, do jeito que está agora?“. Em Goiânia (GO), o Comitê Goiano pelo Fim da Violência Policial reúne familiares de vítimas de policiais e organizações não-governamentais. O Comitê conta com o apoio da Casa da Juventude Pe. Burnier (CAJU), parceira da Vira e historicamente empenhada em campanhas contra a violência.

A criação do Comitê foi motivada por “desaparecimentos” como o do adolescente Murilo Soares Rodrigues. O menino cursava o 7º ano do Ensino Fundamental e tinha 12 anos quando foi assassinado em abril de 2005. “Só pelo fato de estar em companhia de um suspeito, Murilo foi sequestrado e executado por oito policiais”, conta a mãe, Maria das Graças Soares. “É como dizem: ele estava na hora errada com a pessoa errada.” O carro foi encontrado todo carbonizado e o Murilo, oficialmente, é considerado “desaparecido”. É para unir esforços e denunciar as graves violações de direitos humanos praticadas por integrantes da Instituição Policial do Estado de Goiás, principalmente contra os jovens, além de chamar a atenção de todo o Brasil para a violência policial, que o Comitê organiza encontros e cobra justiça às autoridades. Com o lema “Quando a dor vira resistência...", o grupo clama por mudanças profundas na ação policial, que passam tanto pela questão da formação profissional quanto pela punição rigorosa dos agressores. Para o goiano Leonardo Rezende, de 27 anos, “a polícia deveria dar exemplo de não-violência, de respeito e solidariedade, mas infelizmente vivemos num País onde é cada um por si e o governo por ninguém”, ressalta. “Tenho pena das famílias que passam por isso, pois a justiça é lenta, fraca e inconclusiva, mas a esperança dos brasileiros nunca morre, por mais que percam seus filhos com a violência”, conclui. Situação de guerra A pesquisa Mapa da Violência 2010 também aponta que a mortandade por homicídios no Brasil, na década estudada, ultrapassa o número de mortes de países em guerra, como Chechênia (1994-1996), Guatemala (1970-1994) e El Salvador (1980-1992). E como numa guerra, os autores dos crimes são raramente punidos. Ou por culpa de uma polícia ineficiente, ou de uma justiça lenta, a impunidade acaba fazendo parte da vida das pessoas. “Inúmeras foram as pessoas que entraram em contato com a gente demonstrando o descrédito com a justiça na solução do caso

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Capa do meu filho. Algumas vezes essas pessoas nos estimulam a fazer justiça com as próprias mãos, outras pedem para esquecer do crime porque, segundo elas, ‘não vai dar em nada mesmo’”, desabafa o pai do Johnny, José Cicero Pino. No caso do Johnny, o policial alegou ter atirado sem a intenção de atingi-lo porque o jovem não parou a moto. Na versão do capitão Eduardo, “o tiro o pegou acidentalmente, não tive intenção de matá-lo.” O processo tramita há dois anos. O policial entrou com recurso no Tribunal da Justiça para responder por homicídio culposo, mas a decisão quanto ao recurso ainda não saiu. “Enquanto não sai a condenação do policial pela morte intencional do meu filho, clamamos por justiça e relembramos Johnny em todos os eventos possíveis. Não podemos deixar que a morte do meu filho fique impune. Esse homem, que se diz policial, não é capaz de proteger a sociedade. Ele tirou a vida do Johnny no momento em que ele era mais feliz”, diz Maria Cícera Pino, mãe de apenas uma das milhares de vítimas retratadas nas pesquisas.

V

Juventude em marcha contra a violência Em novembro de 2009, a Pastoral da Juventude do Brasil lançou a Campanha Nacional Contra Violência e o Extermínio de Jovens, com o objetivo de desencadear ações concretas de enfrentamento e superação das violências sofridas por jovens, nas diferentes regiões do País. Qualquer jovem pode participar da Campanha realizando debates com grupos na igreja, escola, universidade, bairro, além de participar das atividades que cada Estado promoverá. É possível acompanhar as atividades realizadas e contribuir com a Campanha pelo site www.juventudeemmarcha.org.br.

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Direitos e deveres Em 2008, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, do governo federal, lançou a cartilha “A polícia me parou. E agora?”, com informações sobre como se comportar e quais são os direitos diante de uma abordagem policial. Foram distribuídos pelo Brasil 1 milhão de exemplares, que teve como público-alvo adolescentes e jovens. A Vira reproduziu esse informativo abaixo para você recortar e andar com ele!

O que fazer quando for abordado pela polícia A polícia pode abordar as pessoas e revistá-las sempre que presenciar alguma atitude suspeita. Se você for parado pela polícia, alguns comportamentos podem ajudar a impedir que a situação se transforme em conflito: n Fique calmo e não corra; n Deixe suas mãos visíveis e não faça nenhum movimento brusco; n Não discuta com o policial nem toque nele. n Não faça ameaças ou use palavras ofensivas.

Não é crime andar sem documentos, mas recusar-se a se identificar é contravenção penal. Se estiver sem documento, forneça ao policial dados que auxiliem a sua identificação.

Se for abordado, você tem direito n De saber a identificação do policial; n De ser revistado apenas por policiais do mesmo sexo que você; n De acompanhar a revista de seu carro e pedir que uma pessoa que não seja policial a testemunhe; n De ser preso apenas por ordem do juiz ou em flagrante; n Em caso de prisão: de não falar nada além de sua identificação, e de avisar sua família e seu advogado; n De não ser algemado se não estiver sendo violento ou tentando fugir da abordagem. Se algum policial desrespeitar os seus direitos, tente se lembrar e anotar o nome, a identificação e a aparência dele, o número da viatura em que ele estava e o nome das testemunhas que presenciaram os fatos.

Se você for vítima de violência, tortura, extorsão, maltrato, discriminação ou humilhação praticados por policiais, procure a Ouvidoria de Polícia de seu Estado.

Fonte: Programa de Apoio Institucional às Ouvidorias de Polícia e Policiamento Comunitário – Secretaria Especial dos Direitos Humanos (www.sedh.gov.br)

Para ter acesso à pesquisa Mapa da Violência 2010, acesse: http://www.institutosangari.org.br/mapadaviolencia/

*Integrantes de Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal (al@revistaviracao.org.br e go@revistaviracao.org.br)

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s a r i e g n a r t s e ” Idas e “vidas A casa de dona Aurélia é um encontro de nacionalidades. Pessoas dos mais diferentes países se hospedam em sua morada, com objetivos, perspectivas e visões diferentes sobre o Brasil

Raiana de Carvalho, do Conselho Jovem de Fortaleza (CE)*

M

uitos estudantes, de nacionalidades diferentes, morando juntos numa casa. Esse é o tema do filme francês Albergue Espanhol. Baseado no programa de intercâmbio europeu “Erasmus mundus”, o diretor Cédric Kaplish tenta reproduzir o cotidiano de estudantes que decidem sair de seus países para morar na Espanha, junto com outros estrangeiros. Não é só na Europa que esse intercâmbio de culturas acontece. Esse cenário se assemelha à casa de dona Aurélia, no bairro Benfica, em Fortaleza (CE). Há mais de uma década, a senhora de 88 anos fornece quartos de sua enorme casa para aluguel, e estes espaços têm sido ocupados principalmente por estrangeiros. “Não tem preconceito, pode vir qualquer um. Mas a maioria que aluga são os estrangeiros”, diz a proprietária. Desde que sua filha saiu de casa, o lugar pareceu muito grande para dona Aurélia e seu marido, então, ela resolveu alugar os quartos. Sua morada começou a ficar conhecida e virou indicação da Universidade Federal do Ceará (UFC) para abrigar estudantes de universidades estrangeiras. “O primeiro foi um alemão que veio com um professor chamado Fernando, depois começaram a vir os outros”, diz dona Aurélia. Ao contrário do filme Albergue Espanhol, a casa não recebe apenas estudantes. Os motivos que atraem os estrangeiros que lá se hospedam são diversos. O casal de holandeses Germaine Verderosa e Oscar Christian, por exemplo, veio para realizar trabalhos voluntários. Ambos empresários, os dois realizam atividades recreativas com crianças de baixa renda do bairro Vila Olímpica. Estando há apenas um mês no país, o casal já sente as diferenças culturais entre o Brasil e a Holanda. “As pessoas na Holanda são mais materialistas. Quase todos lá têm uma casa enorme, aqui existem muitas casas pobres”, diz Germaine.

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A moça já havia realizado trabalho voluntário com crianças em seu país, mas destaca que a experiência tem sido diferente no Brasil. “As crianças não eram tão pobres como as daqui. Aqui elas ficam felizes com coisas pequenas. Na Holanda, elas precisam de coisas grandes”, destaca. Apesar de estarem gostando da estadia no Brasil, ambos não falam o português, o que tem sido a principal dificuldade para o casal. Para o empresário Oscar, isso se deve ao fato de as pessoas aqui estarem muito focadas apenas na própria cultura. “A língua é o mais difícil. As pessoas são amigáveis, mas como eles não se interessam por outras línguas, fica difícil para quem não fala o português”. O casal, além dos trabalhos voluntários realizados à tarde, tem aulas de português no período da manhã, e esperam aprender a língua durante os três meses que vão ficar no País. Cultura diversificada Foram outros os motivos que trouxeram os estudantes Fabian Wissing, alemão, de 28 anos, e Nyzar Jorio, marroquino, de 30 anos, para o Brasil. Fabian e Nyzar estão dividindo uma quitinete da casa de dona Aurélia junto com um brasileiro. Fabian é estudante de medicina e veio estagiar na emergência cirúrgica do Instituto José Frota (IJF). ¨Escolhi o Brasil porque aqui se pode aprender mais sobre as técnicas cirúrgicas. Os estudantes aqui fazem mais prática, na Alemanha, é mais teoria”, diz Fabian, sobre ter escolhido o Brasil para morar nestes próximos três meses. Seu colega de quarto Nyzar veio para terminar a monografia sobre energia eólica. O estudante vai passar quatro meses estudando os parques eólicos do Ceará antes de voltar para o México, onde concluirá seus estudos. Não é a primeira vez que Nyzar


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Raiana de Carvalho

e Fabian passam pela experiência de morarem em um país estrangeiro. “Não tenho país, sou do mundo todo”, diz Nyzar. As várias viagens realizadas pelos estudantes proporcionaram aos dois conhecimentos em diversos idiomas, como francês, espanhol e italiano. Os dois estão à procura de brasileiros que estejam dispostos a lhes ensinar o português, em troca de aprenderem com eles uma dessas línguas. Ambos surfistas, os estudantes também vieram em busca das praias cearenses, e destacaram estas como umas das principais vantagens de visitarem o Brasil. “O que mais gostei foram as ondas. Já conhecemos a Praia do Futuro, Beira-Mar, Cumbuco. Vamos conhecer também a pra Praia do Presídio”, ressalta Fabian. Para eles, o que também é interessante no País é a grande mistura de culturas. “O Brasil tem uma mescla muito interessante de gente. Indígenas, africanos, europeus, latinos, tudo mesclado num país, nunca vi”, destaca Nyzar. Sobre as dificuldades de morar aqui, os jovens ressaltam novamente a questão do idioma, que ainda não dominam bem. A comunicação tem sido difícil para ambos. “Perguntando no ônibus como chegar em algum lugar, acabei demorando duas horas”, diz Nyzar, entre risos. Fabian reclamou, principalmente, da falta de segurança do País, que, para ele, interfere na sua liberdade. “Tem que fechar a porta quando sai, pegar um táxi quando já está escuro, isso tira a liberdade de viver. É menos liberdade porque não posso fazer nada como quero”, conclui. A casa ainda hospeda outros estrangeiros, 11 ao todo, vindos da Bolívia, Marrocos, Alemanha e Holanda, além de dois brasileiros. Dona Aurélia começou a fazer os cadastros de seus hóspedes esse ano, mas afirma que já foram vários os estrangeiros que passaram por sua morada. Alguns dona Aurélia nunca mais viu, mas muitos já regressaram desde a primeira vez que vieram ao Brasil, e voltaram a se hospedar na casa multicultural. Para ela, a convivência com os estrangeiros que hospeda “é a melhor possível”. Para os estrangeiros, a experiência de dividir o espaço com outras pessoas também parece boa. “É engraçado, uma experiência nova”, afirma a holandesa Germaine. “Morar com outras pessoas é mais divertido”, completa Nyzar. E o que parece ser unanimidade entre os estrangeiros da casa de dona Aurélia é, além da vontade de aprender o português, o interesse em conhecer a cultura diversificada do Brasil. “Conhecer mais brasileiros, como pensam, a cultura do país... Abrir a mente é muito importante”, conclui Nyzar. V

Raiana de Carv alho

O alemão Fabian e o marroquino Nyzar estão estudando no Brasil

Divulgação

A casa de dona Aurélia recebe estrangeiros há mais de uma década

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (ce@revistaviracao.org.br)

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Corrida eleitoral anos, tirarem o título para votação termina O prazo para adolescentes, a partir dos 16 para exigir melhorias no País em maio. O documento é passo fundamental

Reynaldo Gosmão, Leticia Barbosa e Maria de Fátima Ribeiro, do Virajovem Lavras (MG)* e Rafael Stemberg, da Redação

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Maria de Fátima Ri beiro

A

partir de junho, os brasileiros passarão a presenciar nas ruas, nas rádios e na televisão um movimento de pessoas com pensamentos e sugestões para diversas áreas disputando os cargos de governador, deputado federal e estadual, senador e presidente da República. Apesar de a fase ainda ser de pré-campanha, os prováveis candidatos para as eleições deste ano já sinalizaram que farão trabalhos específicos para conquistar o eleitorado jovem do Brasil. Para quem ainda não tirou o título eleitoral, o prazo vai até 5 de maio. Apesar de obrigatório a partir dos 18 anos de idade, jovens com 16 anos podem ir até o cartório eleitoral mais próximo de sua cidade e, ainda em 2010, ir às urnas escolher seu candidato. Juiz eleitoral da Comarca de Lavras (MG), Gilberto Benedito diz ser importante o jovem começar a votar aos 16 anos. Para ele, é uma oportunidade de se ganhar maturidade, tornando-se um cidadão mais comprometido com as políticas públicas. “A Justiça Eleitoral faz várias campanhas de incentivo aos jovens para que eles votem, pois entende como um direito. E o jovem tem que ser despertado para isso”, conta. Gilberto reconhece que muitas pessoas estão decepcionadas pelos exemplos negativos de alguns políticos e isso pode influenciar quem está iniciando a participação nas urnas a não se interessar por política. “O jovem não tem a dimensão exata do que é ser eleitor. Não é apenas ir lá, votar ou ser votado. É muito mais do que isso. Ser eleitor é ter o direito de escolher seus governantes, aquelas pessoas que um dia eles poderão cobrar. Talvez os jovens estejam pensando que é um dever, tudo o que é obrigatório parece não ser interessante, mas eles têm que pensar na importância do direito de escolher seus governantes. Entrar e fazer a diferença”, continua o juiz.

“Não é porque meu candidato não ganhou que viro as costas e não vou mais me envolver”, diz Gilberto

Para tirar o título Desde o ano passado, a Justiça Eleitoral lançou um serviço online que permite a solicitação do título eleitoral pela internet. Ao acessar o site do Tribunal Superior Eleitoral (www.tse.gov.br), o usuário deve clicar na seção “Título Net” (no alto do lado esquerdo da página) e preencher o formulário de solicitação. Em seguida, o sistema irá gerar um número de protocolo que o eleitor deverá levar até uma unidade de atendimento da Justiça Eleitoral sinalizada por ele durante a inscrição, levando o RG, comprovante de residência e, para os meninos, o documento de reservista.


Voto é facu ltativo para quem tem 16 acima dos 70 ou 17 anos, anos e os nã o alfabetizad os

Reprodução/ASICS/TSE

Na campanha municipal de 2008, a galera do Movimento de Intercâmbio de Adolescentes de Lavras (Mial), que agita o Virajovem Lavras, resolveu fazer barulho nas escolas chamando adolescentes e jovens à “responsa” do voto. Criaram uma cartilha explicativa sobre o processo eleitoral e saíram nas escolas locais para alertar a todos sobre a importância do voto livre e consciente, assim como reforçar a cidadania de cada um. Além disso, também foi discutida a necessidade de se acompanhar o resultado e cobrar dos candidatos eleitos o que foi prometido e o respeito às coisas públicas. Em São Paulo, no ano de 2007, uma iniciativa que envolveu mais de 600 organizações, entre empresas e ONG’s, criou o Movimento Nossa São Paulo para construir junto com os governos uma agenda em conjunto de metas que ofereçam melhor qualidade de vida à população. A organização realiza o levantamento de indicadores e pesquisas sobre a cidade. A Viração e o Unicef, parceiras do Movimento, realizaram esse levantamento entre estudantes de escolas públicas e particulares. Os documentos serviram para pautar os concorrentes ao cargo de prefeito. Mesmo após as eleições, os participantes dessas consultas puderam realizar encontros com os vereadores e o prefeito para acompanhamento da administração e ver se as promessas feitas em campanha estavam sendo cumpridas. Mas a fiscalização não deve acontecer apenas se o seu candidato escolhido vencer nas urnas na votação. “Não é porque meu candidato não ganhou que viro as costas e não vou mais me envolver. Afinal, aquele que foi eleito vai governar a todos. O jovem tem que procurar fazer e exigir, acompanhar as sessões na câmara e as votações (dos projetos)”, finaliza Gilberto. V

Nelson Jr./ASICS/TSE

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do rnador, deputa votar para gove o irã s re to ei te El esiden al, senador e pr federal e estadu s) io tíc fic idatos (Na foto, cand

E se não votar? Para quem tem 16 ou 17 anos, o voto é facultativo. A opção de comparecer às urnas também contempla quem tem idade acima de 70 anos e os que não são alfabetizados. Mas se você não está em um desses grupos, não ir às urnas pode trazer algumas dores de cabeça. Se não houver justificativa da ausência, o eleitor poderá levar uma multa (determinada pelo juiz eleitoral) que, se não for paga, o impedirá de se inscrever em

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (mg@revistaviracao.org.br)

concursos públicos, tirar passaporte ou carteira de identidade, renovar matrícula em estabelecimento de ensino, obter empréstimos em estabelecimentos do governo, participar de concorrência (editais) e praticar qualquer ato para o qual se exija a quitação do serviço militar ou imposto de renda. O título também é cancelado caso o eleitor não apareça em três eleições consecutivas.

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Seja um virajovem você também! entes do movimento de adolesc Dicas de como fazer parte o Brasil e jovens presente em todo Rafael Stembeg, da Redação

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riado desde o início desta revista, em 2003, o termo virajovem surgiu como uma identificação aos adolescentes e jovens que pensam e participam das iniciativas de mobilização política e a produção da Vira. Pelo menos uma vez ao mês, os colaboradores se reúnem em locais onde funcionam organizações parceiras da Viração. Chamados de Conselhos Jovens da Viração, esses núcleos estão presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal e recebem a galera para planejar ações,

promover a participação jovem em espaços políticos, produzir reportagens para os produtos de comunicação da Vira (Quarto Mundo, Escuta Soh!, site e revista Viração) ou simplesmente trocar ideias. Para 2010, o Movimento Virajovem pretende ampliar a participação dos adolescentes e jovens para lutarem juntos pelas mudanças sociais que acreditam. E você está convidado para se unir a esse grupo. V

Veja como se incluir nessa parada:

Se você gosta de...

...discutir assuntos ligados à juventude e fazer novas amizades;

de escrever, entrevistar pessoas e tirar fotos;

se interessa por iniciativas políticas...

Então você é um Virajovem! Entre em contato.

Pela internet Entre e cadastre-se no Ning e faça parte da rede do Virajovem (www.movimentovirajovem.ning.com).

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Por telefone Ligue para o número de São Paulo que informaremos o endereço da Vira mais próximo de você: (11) 3237-4091

Por carta Mande seus dados para rua Augusta, 1239 – conj. 11 – Consolação - São Paulo/SP - CEP 01305-100.


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Que Figura!

Espírito de luz te 100 anos; espírita é reconhecido mundialmen Em abril de 2010, Chico Xavier completaria

Pablo Abranches, do Virajovem Belo Horizonte (MG)*

Novaes

E

spiritismo e solidariedade. Estas são as palavras que resumem a vida e a obra de um homem que contribuiu para a transformação da fé no Brasil e no mundo. Francisco Cândido Xavier, seu nome de batismo, tornou-se conhecido como Chico Xavier. Nasceu em Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), em abril de 1910. Sua mãe, Maria João de Deus, morreu quando Chico tinha 5 anos, e, de acordo com alguns biógrafos, o menino via seu espírito e conversava com ela. Morava com a madrinha, que o maltratava, chegando a levar garfadas na barriga. Aos sete anos, voltou a morar com o pai, que havia casado novamente. Aos 8 anos, passou a trabalhar numa fábrica de tecidos, das 15h às 2h. Aos 17 anos, teve o seu primeiro contato com a doutrina espírita, após estranhos acontecimentos ocorridos com uma de suas irmãs. Em seguida, começou a estudar e desenvolver sua mediunidade tendo como referência Alan Kardec, codificador do Espiritismo, que anos mais tarde ganhou proporções importantes na sua vida. É nessa época que funda o Centro Espírita Luiz Gonzaga. Após uma adolescência humilde, aos 18 anos, Chico Xavier ingressou integralmente na mediunidade passando a psicografar, ou seja, a escrever mensagens ditadas por espíritos. Por esta habilidade, Chico foi considerado o precursor do Espiritismo no Brasil, sendo aclamado pela população. No início da carreira, as mensagens foram publicadas em jornais brasileiros e europeus.

Chico psicografou 412 livros, sendo que 39 foram publicados após sua morte. Eles foram traduzidos para vários idiomas, conquistando o mundo e encorajando médiuns espiritas e não espíritas a realizarem seus trabalhos. Apesar da enorme credibilidade e respeito conquistados, Chico Xavier não fazia isso para ganhar dinheiro. Tudo o que era arrecadado com a venda dos livros e outros trabalhos era doado para instituições sociais. Em 2010, mais exatamente no dia 2 de abril, Chico completaria 100 anos. Ele morreu em Uberaba, em 30 de junho de 2002, aos 92 anos, causando comoção em todo o País. Para homenagear o médium que influenciou e divulgou o espiritismo, foi lançado o filme Chico Xavier – O Filme, baseado na biografia As Vidas de Chico Xavier, do jornalista Marcel Souto Maior. O longa-metragem é dirigido pelo cineasta Daniel Filho e retrata três fases da vida do espírita. V

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (mg@revistaviracao.org.br)

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Rango da terrinha

E nesse domingo tem.... feijoada! da é sensação Prato típico no Rio, feijoa entre turistas estrangeiros Rafael Luz, colaborador da Vira no Rio de Janeiro

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u não sei se é verdade, mas alguns dizem que não há um ser nesse mundo que dispense uma boa feijoada. Sim, é sobre ela que falaremos. Junto com o futebol, a cachaça e as praias, a feijoada faz parte da alma do Rio de Janeiro, presente tanto nos bares de esquina quanto nos mais sofisticados restaurantes. Pra quem vem de outros países, a feijoada é uma novidade. Para os cariocas, é o prato de quase todos os domingos. A feijoada data dos tempos coloniais, da época da escravidão. As origens do prato, porém, são incertas – há quem diga que ela seja o resultado da mistura de costumes europeus com a criatividade dos escravos africanos. Também se diz que, no início, a feijoada foi rejeitada pelos ricos, que a consideravam uma “ofensa ao paladar”. Não se sabe como ela se tornou tão popular no Brasil. O prato é preparado à base de feijão preto e carne de porco. Mas a característica mais importante - que dá a identidade do prato - é a

mistura. Pode-se incluir desde carne seca até linguiça calabresa. A feijoada é servida com arroz branco, couve refogada, farofa de mandioca, torresmo, molho de pimenta e laranjas. O professor do curso de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcus Novaes Jr, alerta que a feijoada deve ser consumida com moderação, devido às suas propriedades calóricas, e que o consumo excessivo pode trazer prejuízos à saúde. Já Kátia Tavares Vignolli, pósgraduada em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFRJ, afirma que existem novas versões que não afetam tanto o organismo, como a feijoada vegetariana, que exclui qualquer tipo de derivados de animais e até mesmo uma feijoada sem os grãos do feijão (essa foi apelidada carinhosamente de “feijoada sem feijão”). E eu, que sou um mero estudante, vou comer feijoada no domingo, completa e com feijão, claro! Alguém se habilita? V

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feijoada* Como fazer a Ingredientes Modo de preparo 1 quilo de feijão preto Coloque as carnes de molho 100 gramas de carne seca por 36 horas ou mais, vá 70 gramas de orelha de porco trocando a água várias vezes, 70 gramas de rabo de porco se for ambiente quente ou 70 gramas de pé de porco verão, coloque gelo por cima 100 gramas de costelinha de porco ou em camadas frias. 50 gramas de lombo de porco Coloque para cozinhar passo 100 gramas de paio a passo: as carnes duras, em 150 gramas de linguiça portuguesa seguida as carnes moles. Quando estiver mole, coloque Tempero o feijão, e retire as carnes. 2 cebolas grandes picadinhas Finalmente tempere o feijão 1 maço de cebolinha verde picadinha Acompanhamentos 3 folhas de louro Couve, arroz branco, laranja, 6 dentes de alho bistecas, farofa, quibebe de Pimenta do reino a gosto abóbora, baião de dois, bacon, 2 laranjas torresmo, linguicinha e caldinho 40 ml de pinga temperado - copinhos Sal se precisar 1 talo de salsão

o Divulgaçã

Rafael Luz

*Receita: Tudo Gostoso (www.tudogostoso.com.br) Agradecimentos: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Veiga de Almeida (UVA). Copacabana Palace Hotel


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No Escurinho

Sérgio Rizzo, crítico de cinema Fotos: Divulgação

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esponda rápido: quantos escritores, cineastas, músicos e artistas plásticos dos países vizinhos ao Brasil você conhece? Agora, compare com o número de norte-americanos. É provável que tenha dado uma goleada para os EUA. Embora estejamos cercados na América do Sul por sociedades muito semelhantes às nossas, e que falam um idioma de fácil compreensão, um abismo nos separa delas. Por causa desse fenômeno mais econômico do que cultural, não convém perder a chance de conferir um filme sul-americano sempre que ele chegar por aqui. É o caso de O Segredo dos Seus Olhos, que deu à Argentina seu segundo Oscar de filme estrangeiro (o primeiro foi para A História Oficial, sobre a ditadura militar dos anos 70 e 80) e ainda está em cartaz nos cinemas, e de Gigante, produção uruguaia premiada em diversos festivais e já disponível em DVD. São dois longas-metragens bem diferentes, só para lembrar que não faz muito sentido acreditar que exista um "padrão" no cinema sul-americano. Basta olhar para o Brasil, que produz quase 100 longas todos os anos. Nesse pacote, existem desde comédias de humor televisivo dirigidas ao público dos shoppings, até trabalhos mais experimentais voltados para plateias menores. Dos outros países do subcontinente, a Argentina tem a produção mais significativa, tanto em números quanto em qualidade. O Segredo dos Seus Olhos permite notar isso, com seu ótimo acabamento técnico e narrativo. Dirigido por Juan José Campanella, que costuma trabalhar em seriados dos EUA, o filme usa o assassinato de uma jovem para falar do cenário político do país, misturando ingredientes do suspense policial e do drama romântico. Gigante arrisca-se mais, ao contar a história de um segurança de supermercado que se apaixona por uma das faxineiras. Seu diretor, o músico argentino Adrián Biniez, mudou-se há seis anos para Montevidéu, onde se profissionalizou como cineasta. V

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Todos os Sons

Sotaque paraense no cenário musical dade propõe som Banda formada em universi para segundo álbum bem-humorado e se prepara

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* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (pa@revistaviracao.org.br)

m recebendo O La Pupuña ve e do público elogios da crítica

Divulg ação

dançante. “A filosofia do La Pupuña é a diversão, curtir uma boa noitada e dançar agarrado. Só isso, nada de tristeza e violência”, complementa. O sucesso foi tamanho que o La Pupuña recebeu elogios de artistas como Los Hermanos, Otto e Mombojó e recebeu convites para tocar em 10 Estados do Brasil, além de países como França, Alemanha e Estados Unidos. Atualmente a banda toca com mais frequência em eventos fechados ou projetos sociais em escolas e comunidades. O La Pupuña também tem se dedicado ao segundo álbum e planeja ainda este ano uma viagem a São Paulo para uma temporada de shows. O La Pupuña é formado por Adriano Sousa (bateria), Diego Muralha (guitarra), Luiz Félix (voz e guitarra), Rodolfo Santana (teclado), que são da primeira formação, e Diego Pires (contrabaixo) e Kleber PSB (percussão). All right penoso é o nome do primeiro CD da banda. O segundo álbum já está sendo elaborado. Além do Rec Beat, a banda também se apresentou no Projeto Eletroacústico do Auditório Ibirapuera, em São Paulo (SP), no 11º Goiânia Noise, em Goiânia (GO), no Festival Calango, em Cuiabá (MT) e no Festival “Se Rasgum no Rock”, em Belém (PA), entre outros. V

Divulgação

U

ma maneira específica de tocar guitarra com um toque caribenho e paraense. Assim pode ser definida a “guitarrada”, um ritmo criado nos anos 1970 no Pará com a influência das rádios do Caribe que podiam ser sintonizadas no interior do Estado. Inspirada por esse ritmo, surge em 2004 a banda La Pupuña, em Belém, formada por alunos do curso de Licenciatura em Música da Universidade Estadual do Pará (UEPA). O guitarrista Diego Muralha explica como tudo começou. “Na universidade, eu e mais dois amigos tivemos a ideia de fazer um projeto sobre a guitarrada. A partir do conhecimento adquirido, começaram as primeiras composições. Fizemos um CD demonstração e levamos até uma rádio local, quando tivemos grande aceitação”, conta o músico. A estreia foi no festival Rec Beat, em Recife (PE), para um público de 5 mil pessoas. Um começo diferente para quem não tinha grandes pretensões. A ideia original não era fazer um ritmo paraense. “Nada foi muito planejado. As primeiras composições vieram meio que por brincadeira. Posso dizer que a fórmula do La Pupuña foi misturar a guitarrada com nós mesmos, com nossas influências musicais”, revela Diego. Em pouco tempo, o grupo ganhou o cenário musical com uma mistura de guitarrada, rock, surf music e um som

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Sâmia Maffra, do Virajovem Belém (PA)*

Capa do primeiro CD da banda, All right penoso

Para conferir o som da banda, acesse a página deles no My Space: http://www.myspace.com/lapupuna


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Sexo e Saúde lho Jovem e Jucinalva Silveira, do Conse As virajovens Niedja Ribeiro stologista taram o ginecologista e ma de João Pessoa (PB)*, entrevis a Unidade de Assistência de Alt Ivanildo Tomé de Arruda, da a eram (Unacon). As dúvidas da galer Complexidade em Oncologia aos órgãos genitais. Confira! sobre doenças relacionadas

CUPOM DE ASSINATURA anual e renovação 10 edições É MUITO FÁCIL FAZER OU RENOVAR A ASSINATURA DA SUA REVISTA VIRAÇÃO Natalia Forcat

É verdade que o câncer de mama tem mais chances de ocorrer na menopausa? Khadidja Brito, de 24 anos As chances são maiores após a menopausa, uma fase em que ocorre a cessação da função ovariana, quando os ovários deixam de funcionar e de fabricar os hormônios estrógeno e a progesterona. Como devemos nos prevenir contra o câncer de mama? A alimentação pode ajudar? Bhiendra Ayanne, de 13 anos A melhor defesa é a vigilância - a mulher tem que vigiar constantemente, principalmente depois da menopausa. Como? Fazendo seus exames preventivos, procurando um mastologista, pelo menos

anualmente. Fazer o auto-exame também é importante. A alimentação tem importância na evolução ou na incidência do câncer de mama, sendo considerada por alguns autores como um dos fatores para que a mulher venha a desenvolver a doença. Existe maneira de fazer o diagnóstico precoce do câncer de próstata? Andreonni Medeiros Di Lorenzo, de 20 anos A partir dos 50 anos, o homem tem que fazer o exame urológico e o toque retal uma vez por ano. O urologista é o médico indicado para detectar ou afastar a hipótese de câncer. V

Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vai buscar as respostas pra você! O e-mail é redacao@revistaviracao.org.br! *Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (pb@revistaviracao.org.br)

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m momentos de declaração de imposto de renda, você fica se perguntando para onde vai seu dinheiro? Seria interessante aplicar parte do imposto em construção de políticas para crianças e adolescentes do nosso País? Para isso, os Conselhos Nacional (CNDCA), Estadual (CEDCA) e Municipal (CMDCA) dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, realizam uma campanha anual de doação ao Fundo dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes (FIA). A campanha funciona assim: até o último dia do ano, pessoas físicas e empresas podem fazer doações para o FIA e debitar na próxima declaração de imposto de renda. No caso de pessoa física que declara no modelo completo, poderá deduzir até 6% do imposto devido apurado na declaração a ser entregue no ano seguinte (Legislação: art.22, da Lei 9.532/97 e Decreto 3000/99). Já quem declara como pessoa jurídica, que apura pelo lucro real, poderá deduzir até 1% do imposto de renda apurado pelo Lucro Real na declaração a ser entregue no ano seguinte (Legislação: art.60, II, da Lei 9.532/97 e Decreto 3000/99). As doações efetuadas ao FIA devem ser comprovadas por meio de recibos emitidos pelo Conselho escolhido. Esses recibos devem ser conservados pelo contribuinte para eventual comprovação junto à Secretaria da Receita Federal. Os Conselhos da Criança e do

Adolescente são órgãos paritários, compostos por representantes do governo e da sociedade civil, cuja função primordial é a construção e implantação das políticas de proteção integral de crianças e adolescentes. Além de formular políticas públicas, é também atribuição deles manter o registro das entidades que atuam com crianças e adolescentes, seus programas e projetos, zelando para que esta ação seja realizada de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei 8.096/1990. V

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (ba@revistaviracao.org.br)

Para saber mais sobre a campanha e como entrar em contato com o conselho de sua região, entre no site: www.direitosdacrianca.org.br


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Novaes

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“Ser capaz de sentir indignação contra qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo. É a qualidade mais bela de um militante.” Frase dita por Che Guevara, médico e guerrilheiro argentino que foi um dos líderes da revolução cubana. Seus ideais de liberdade e justiça até hoje inspiram as lutas da juventude.

Che Guevara (1928 -1967)


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