Revista Viração - Edição Nº 67 - Dezembro/2010

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Escola inclusiva já! éfica para todos

Integração em sala de aula é ben

Ana Luíza Vastag e Luciano de Sálua, do Virajovem São Paulo (SP), e Jéssica Delcarro, do Virajovem Pinheiros (ES)*

O

Estado de São Paulo prevê, em legislação, garantia de alunos com deficiência serem matriculados em escolas comuns. E para que isso aconteça, a Secretaria de Educação criou, em algumas escolas da rede estadual, o Serviço de Apoio Pedagógico Especializado (Sape), em que diariamente o aluno recebe acompanhamento dos conteúdos desenvolvidos em sala de aula, uma espécie de complemento didático. Mas caso essa inclusão não consiga fazer o aluno se adaptar ao ensino regular, a lei abre a exceção de se montar uma classe especial, com demandas específicas, em que o aluno somente é aceito com a apresentação de laudo médico e havendo professores capacitados para tal ensino. Um exemplo disso é a Escola Estadual Professora Zenaide Vilalva de Araújo, na zona oeste de São Paulo (SP), estruturada com acessibilidade e materiais didáticos diferenciados para a recepção de alunos com deficiência intelectual. A instituição de ensino mantém, há três anos, uma classe especial para alunos de Ensino Fundamental II, com quinze estudantes, entre 15 e 22 anos. Professora de classe especial, Deise Cazarine conta que além das disciplinas comuns, como Português e Matemática, os estudantes desenvolvem, durante as quatro horas e meia de aula, trabalhos manuais como artesanato e desenhos. Por meio de projetos que trabalhem ao mesmo tempo o individual e o coletivo em sala de aula, Deise também explora o conhecimento e a solidariedade dos estudantes, valorizando o desenvolvimento de conteúdos atitudinais. A alfabetização é feita da forma tradicional, em que os estudantes passam inicialmente pelo processo de cópia das letras, entendimento do seu significado e, então, formação das palavras. “Eu tenho quatro alunos que são alfabetizados, os outros (11) não são. Eles só conhecem 'A, B, C' e '1,2,3,4'. Eles distinguem a letra do número, mas fora isso, não. Muitos escrevem o nome de memória”, conta a educadora. Nessa classe especial, cada pessoa tem uma síndrome diferente, porém todos possuem deficiência intelectual. A diretora da escola, Sirlene Manoel, alega que essa diversidade é um ponto

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positivo, pois os estudantes aprende a aceitar as diferenças uns dos outros, e passam a se considerar como iguais. “Cria-se um sentimento de solidariedade, em que um pode ajudar o outro na sua deficiência. Os alunos se descobrem, além de úteis, pertencentes”, fala. Aplicando o conceito de escola inclusiva, os estudantes são avaliados um a um e, conforme o progresso que apresentam, deixam a sala especial e passam a frequentar a sala regular. Mas quando a situação exige, pela inadequação etária ao ambiente escolar, é oferecida a terminalidade de estudos. Coordenadora da E.E. Zenaide, Iracema Pereira afirma que a dificuldade é justamente a falta de um grupo que acompanhe mais de perto o desenvolvimento e implementação do projeto, e mostre aos educadores da classe regular como aplicar os conceitos de inclusão propostos no capítulo 5 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). “Nós temos algumas palestras e materiais de estudo, mas no dia a dia é complicado. Nós ainda não conseguimos lidar muito bem com a inclusão, porque envolve não só questões acadêmicas, mas emocionais e de adaptação. A sala especial surge pela dificuldade da escola em lidar com alunos com deficiência”, ressalta Iracema. À Vira, alguns estudantes relataram considerar positiva a integração entre estudantes que a escola oferece, pois quase todos se ajudam mutuamente e aceitam as diferenças uns dos outros. Caio de Carvalho, de 18 anos, lembra que nas outras escolas onde estudou os professores não lhe ensinavam a matéria. “Eles não tinham muita paciência comigo, e diziam que não tinham tempo pra me ensinar porque eles tinham de ensinar o resto da sala. Mandavam eu pedir ajuda para outra pessoa”. Em outra escola da capital paulista, a coisa é um pouco diferente.“Na minha escola há uma estudante com Síndrome de Down. Quando iniciou os estudos, todos os alunos a receberam, mas ainda possuem receios de se aproximar dela por conta da sua deficiência”, diz a jovem Isabela Andrade Vaz. Especialista em educação diferenciada, a pedagoga Agda Felipe Gonçalves, que atua no Espírito Santo, acredita que todo


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