Vilas Magazine | Ed 197 | Junho de 2015 | 32 mil exemplares

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Solidariedade

Muito além da profissão:

Mães sociais garantem família para crianças e jovens de Lauro de Freitas Thiara Reges / Freelancer para a Vilas Magazine

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ais uma manhã de maio chuvosa em Lauro de Freitas. Nas casas-lares, as crianças em idade escolar já estão de uniforme e lancheira prontas para mais um dia de aula. Aquelas que ficarão em casa vão alegrar a manhã de suas mães sociais, que pacientemente conduzem seus afazeres domésticos. Essa é a rotina de Jacira Santana (49) e Fabiane dos Santos (35), mães sociais da Aldeias Infantis em Lauro de Freitas, Bahia. O projeto, fundado em 1949 na Áustria, está no município há 25 anos, atendendo crianças e jovens em situação de vulnerabilidade familiar (negligência, discriminação, abuso e exploração). O trabalho de uma mãe social, profissão regulamentada no Brasil pela Lei 7.644, de 18 de dezembro de 1987, consiste em orientar os menores, proporcionando um ambiente familiar saudável, fazer o acompanhamento educacional, e administrar o lar com dedicação exclusiva à casa-lar de sua responsabilidade. “A ideia das casas-lares é proporcionar um desenvolvimento para crianças que passaram por algum processo de vulnerabilidade no seio da família, e para isso, elas precisam ser inseridas em um modelo de família onde exista respeito, carinho e muito amor. Por isso nossa seleção é tão criteriosa. A mãe social tem que principalmente gostar de trabalhar com crianças e se permitir criar um vínculo familiar com aquelas que

Fabiane dos Santos (esq.) e Jacira Santana (blusa verde, à dir.) dividem o trabalho como mães sociais na Aldeias Infantis de Lauro de Freitas

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estão sob seus cuidados”, destaca Caroline Carvalho, assistente de Desenvolvimento Familiar da Aldeias Infantis. Ainda desconhecida por muitos, a profissão de mães sociais é frequentemente confundida com a função de cuidadora, mas o tempo de convivência se destaca como a principal diferença entre as mesmas. Como as mães sociais são responsáveis pelo desenvolvimento de crianças e jovens até que estejam prontos para retornar às suas famílias, ou ser adotados por novas famílias, o tempo de permanência nas Aldeias Infantis pode ser de anos. “Quando a criança volta para o seio da família, é uma alegria, pois estão voltando para casa e é esse o grande objetivo do projeto. Mas eu choro, choro muito! É uma saudade grande, pois a nossa relação vai além do trabalho, aprendemos a amar cada criança”, confessa Jacira Santana, mãe social há 15 anos. Escolhidas através do processo seletivo, a efetivação das mães sociais demora cerca de dois anos, período de capacitação determinado pela metodologia da instituição. “As Aldeias Infantis prezam pela qualidade do serviço prestado. As mães sociais possuem carteira assinada, com todos os direitos e ajustes salariais pertinentes de acordo com a evolução nas capacitações, até que estejam preparadas para assumir integralmente a casa-lar”, com-


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