PRANCHAS TFG II: CONEXÃO ORLA E CIDADE

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INTRODUÇÃO

O VAZIO AO LONGO DOS ANOS

O presente trabalho final de graduação, tem como objetivo analisar as problemáticas existentes a cerca de um “vazio urbano” identificado na cidade de São José do Rio Preto, que conta com cerca de 408.258 habitantes (IBGE, 2010) e está localizada a 440.0 km a noroeste do estado de São Paulo, na convergência de duas grandes rodovias, como a Rodovia Washington Luís (SP-310) e a Rodovia Transbrasiliana (BR-153). O desenvolvimento de uma breve análise histórica, permitiu identificar os entraves referentes à condição de vazio urbano desse lote, assim como a sua importância histórica dentro do cenário da economia cafeeira e do desenvolvimento urbano da cidade. Elementos que servirão de base para o desenvolvimento do projeto arquitetônico, que priorize o resgate da cultura e da história dessa região. A escolha da região de estudo, carrega em si um sentimento particular para o autor, de afeto e familiaridade com a cidade. Que ao identificar uma oportunidade em meio a uma malha urbana já consolidada, se sentiu estimulado a propor um novo equipamento para a cidade, que dentro das possibilidades do desenho arquitetônico, pudesse se adaptar às transformações urbanas atuais e futuras. Além de proporcionar qualidade espacial para cidade, o novo equipamento se apega a conceito de Requalificação Urbana em áreas subutilizadas, para a proposição de espaço de lazer, capaz de alavancar o desenvolvimento econômico da região e desencadear um processo de novas intervenções, que fomentem essa requalificação e estimulem a ocupação da orla da Represa Municipal. Ao fim desse processo, será apresentado a proposta de um Complexo Multifuncional, que tem como objetivo principal abranger as diversas camadas da população rio-pretense, integrando-as em um espaço totalmente novo e repleto de novas possibilidades e relações. Um equipamento público e dinâmico, que explora todo o potencial econômico e ativador da vida urbana ao redor da Represa Municipal de São José do Rio Preto. Por muitos anos adormecido, devido a manutenção do “vazio urbano”, tanto na sua forma, como em sua função.

A empresa foi fundada em 1956 e por muitos anos liderou o comércio agrícola na região, segundo Cury (2021), estimulando o desenvolvimento urbano de São José do Rio Preto e dos municípios lindeiros. Foi importante na geração de novos empregos, através da expansão do plantio agrícola no noroeste paulista, que catalisou o processo de chegada de novos migrantes, impulsionando o crescimento populacional de São José do Rio Preto entre os anos de 1956 e 1976, segundo Francisco (2011). Após liderar o comércio agrícola por mais de 30 anos, a empresa entrou em declínio devido à má administração de seus recursos, fechando suas portas por volta de 1990, com uma dívida de aproximadamente 40 milhões de reais, segundo dados do Diário da Região (2003). Processo que aliado a penhora de seus bens, a falência e ao abandono dos antigos galpões agrícolas, resultou na demolição dos antigos edifícios e na configuração do vazio urbano, visto aqui como objeto de estudo. fonte: imagens de evolução do município, obtidas através do sistema de informação geográfica (SIG) - prefeitura de São José do Rio Preto

1971

Nesse trabalho, a análise do vazio urbano identificado às margens da Represa Municipal, será pautada na compreensão do contexto histórico e dos condicionantes existentes para a configuração desse espaço como um terreno sem uso na região central de São José do Rio Preto (ver imagens abaixo). Sendo aqui denominado, como “vazio duradouro”, devido a existência de questões históricas e judiciais, que colaboraram para a perpetuação da situação de vazio urbano e a sua permanência nessa condição até os dias de hoje. O terreno teve grande importância durante a economia cafeeira na região, principalmente por abrigar os antigos galpões de “Máquinas Agrícolas Fortuna”, pertencentes a Cooperativa de Cafeicultores da Alta Araraquarense (Cafealta).

1983

2015

1998

2018

2002

2020

2006

2021

fonte: imagens de evolução do município, obtidas através do sistema de informação geográfica (SIG) - prefeitura de São José do Rio Preto

O PROJETO

VOLUMETRIA

TEMA:

VOLUME SÓLIDO

ÁREA PERMEÁVEL

OCUPAÇÃO PERIFÉRICA

FLUXOS

FLUXOS PRINCIPAIS

VISUAIS

A escolha do tema “Complexo Multifuncional” deu-se devido a compreensão de que o processo de Requalificação Urbano almejado para a região, não seria possível através da implementação de um único programa arquitetônico, como museu, ou centro cultural, mas através um projeto plural, capaz de abranger todas as camadas da população. Um espaço dotado de áreas comerciais na micro e macro escala, sendo desde pequenas lojas de roupas a empreendimento maiores, como redes de cafés, restaurantes e coworkings, que são naturalmente atrativos de pessoas e que serão beneficiadas economicamente devido a privilegiada localização e o fácil acesso aos principais modais de transporte.

O ENTORNO

Entre 2018 e 2020 foi utilizado pela Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto como canteiro de obras do novo Terminal de Ônibus da cidade, localizado ao lado da área de intervenção (o vazio urbano). Como resultado desse processo, houve a deposição de terra e outros resíduos oriundos da construção civil, que colaboraram para a conformação de um talude com quatro metros de altura.

PROBLEMÁTICAS

VIADUTO

REPRESA

TALUDE

CALÇADAS

fonte: imagens autorais realizadas durante a visita de campo.

FERROVIA

PASSARELA

Em seu entorno imediato existem equipamentos significativos, como o Terminal Urbano, a Rodoviária, o Complexo Swift de Educação e Cultura, o Centro Comercial (calçadão), o Serviço Social da Indústria (SESI), a Biblioteca Municipal e o Rio Preto Automóvel Esporte Clube. Além estar próximo aos principais eixos de estruturação da cidade, como a Ferrovia, a Rodovia Washington Luís (SP-310), a Rodovia Transbrasiliana (BR-153) e as Avenidas Alberto Andaló e Avenida Bady Bassitt, que atualmente estão localizadas respectivamente sobre os córregos canalizados, Canela e Borá. A área de estudo apresenta ainda, alguns edifícios históricos em seu entorno imediato, como a antiga Estação Ferroviária de São José do Rio Preto, atualmente subutilizada e alguns galpões que pertenceram a Cooperativa de Cafeicultores da Alta Araraquarense e que hoje se encontram ocupados por uma loja de produtos agrícolas (AgroMonte) e um supermercado (Proença), aos fundos da área de intervenção. (ver imagem ao lado) Dentre as problemáticas identificadas, a subutilização do lote e das vias lindeiras, se caracterizam como a principal dinâmica a ser enfrentada. Principalmente, pelas vias possuírem baixa intensidade de tráfego de veículos e pessoas e serem utilizadas como estacionamento por inúmeros ônibus circulares durante os horários de menor pico, resultando em áreas pouco ocupadas e perigosas ao redor da gleba. Além das calçadas e vias pouco movimentadas, não existem fachadas de edifícios comerciais voltados para o terreno, devido a existência da ferrovia que passa aos fundos do lote e impede o acesso direto de pedestres e veículos entre a Rua Pedro Amaral e a Av. Duque de Caxias. (ver imagens sobre problemáticas) Características que reforçam a condição de abandono ao longo de toda a extensão do terreno. Não só pela inexistência de atividades comerciais e de serviços significativas, mas também, devido a existência de barreiras físicas e sonoras, que podem ser um possível empecilho para o surgimento de novos investimentos nessa região, em especial, atividades institucionais e residenciais que seriam diretamente afetadas pela falta de segurança sob o viaduto e a poluição sonora com a passagem do trem.

3

PASSARELA

LAGO 03 AV. PHILADELPHO RIO PRETO (CANALIZADO + TAMPONADO)

LAGO 02

2

LAGO 01

RODOVIA TRANSBRASILIANA

BIBLIOTECA

SESI

TERMINAL URBANO

CULTURA + ESPORTE

COMPLEXO SWIFT EDUCAÇÃO + CULTURA

1

ANFITEATRO

ÁREA DE INTERVENÇÃO AGROMONTE AV. BADY BASSITTSITT CÓRREGO BORÁ (TAMPONADO)

AV. ALBERTO ANDALÓ

AV. MURCHID HOMSI

CÓRREGO CANELA (TAMPONADO)

CÓRREGO ATERRADINHO (CANALIZADO)

fonte: mapa autoral desenvolvido sobre imagem do google earth, 2021.

DESENHOS TÉCNICOS

O complexo multifuncional terá ainda como premissa fundamental, integrar-se aos principais equipamentos do entorno, promovendo atividades econômicas, sociais, culturais e ambientais, não abrangidas por esses edifícios. Possibilitando que o novo equipamento se integre a cidade, de maneira harmônica e menos imponente. A fim de complementar as atividades, usos e relações, identificados motores desse processo de requalificação.

PARTIDO: O projeto arquitetônico se desenvolveu a fim de valorizar e explorar todo o potencial da Represa Municipal e da Ferrovia que passa aos fundos do lote. Assim, ao invés de somente priorizar a fachada mais interessante (represa) para a locação do programa arquitetônico, foi escolhido valorizar a fachada voltada para a Ferrovia, na qual não há quaisquer interesses estéticos ou usos atualmente e que não devia ser perpetuada através da utilização da Represa como fachada principal. Assim, essa fachada se torna a porta de chegada do edifício, para a qual os comércios, estacionamento, foyer e coworking se voltam e recebem os visitantes e funcionários.

MODELAGEM 3D

IMPLANTAÇÃO

VOLUMETRIA

1 TERMINAL URBANO

2 BIBLIOTECA

3 ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

4 REPRESA - LAGO 01

5 SUPERMERCADO PROENÇA

6 CLUBE DO LAGO

7 DIST. AUTO PEÇAS

0 10

30

50

100

A volumetria proposta teve como premissa fundamental a adequação a taxa de permeabilidade do solo exigida pelo Plano Diretor de São José do Rio Preto e a proposição de eixos de conexão identificados como potenciais para o projeto e para a cidade ao seu redor. Como resultado desse processo, obteve-se uma volumetria periférica, voltada para os fundos do térreno (fachda da ferrovia), priorizando a fachada com maior taxa de permeabilidade do solo voltado para a Represa Municipal. Além de possibilitar com que boa parte das atividades contida no programa arquitetônico se concentrassem na fachada menos atrativa da região, a qual faz divisa com os fundos de lotes dos edifícios vizinho e com a ferrovia. A proposição de dois volumes morfologicamente iguais, com cantos em diagonais e levemente arredondados teve como propósito, a redução do impacto visual e físico que ângulos retos podem causar, devido a sua rigidez. O que possibilitou a criação de duas fachadas iguais em orientação opostas, mas que possuem a mesma equivalência estética, para que assim, não fosse perpetuada a condição de fachada única ou principal existente nos demais lotes vizinhos. A extração de alguns trechos da volumetria possibilitou a criação de vazios internos e externos, além do surgimento de conexões diretas com a Represa Municipal e o parque que será desenvolvido. Estimulando através dos vazios e áreas de permanência, a continuidade do passeio público pela cidade, com amplas áreas de caminhada, comércios, áreas sombreadas, verdes e muita vitalidade urbana. Por fim, foi proposto uma volumetria leve e circular, que contrasta com os volumes lineares e pesados e a qual deverá abrigar a principal área comercial do Complexo Multifuncional, um restaurante/bar com vista panorâmica par a cidade e que deverá refletir toda a vida cotidiana que circula ao redor de suas fachadas envidraçadas.

CORTE AA 0

TFG I - SÍNTESE | CONEXÃO ORLA E CIDADE: “UM COMPLEXO MULTIFUNCIONAL COMO REQUALIFICAÇÃO DA REPRESA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO”

5

10

15

20

25

VITOR MARTINS GARCIA / RA: 817123668

50

1/6


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