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Oquetesalva

por Marcílio Godoi

O cacho, o crush, o cachorro? A luva, o vento, o vinho, o livro? O trampo, o trato, o contrato?

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O hoje, o jeito, o Jagger, o Gil? O canto, a cana, a cannabis? A estrela, a escrita, o streaming? O que te salva?

A sopa, a cepa, o Lexapro? O rum, o Zoom, o Zape? O exame? A lista, o Insta, o instante não previsto?

A prece, o supino, o pilates? A janela, a panela, o pancake? O Méqui, o craque, o Krenak? O que te salva?

O leito, a lua nova, a noiva, a laive? O neto, o transe, a transa? O gozo? O susto, o curso, o discurso?

O bordado, a mordida, o amor dado? A arte, o ato, o mato? O gato? O talco, o álcool, o VAR, a verve? O que te salva?

A miçanga, a menina, a vacina? O grito, a Greta? O reggae, o air-bag? A luta, a aula, o whey, o Lula?

A gafe, o café, o cigarro, o carro visto? O parque, o porco, o porquê? O som, o sint, o cinto, a safena? O que te salva?

A preguiça, a troça, a taça? A polícia, ela não ter vindo? O seu colete à prova de balas?

Marcílio Godoi é mestre em Crítica Literária pela PUCSP e doutorando em Literatura Brasileira pela USP. É autor de São Paulo, Cidade invisível (Contos, Grande Prêmio Cásper Líbero); A inacreditável história do diminuto senhor minúsculo (Infanto-juvenil, prêmio Barco a vapor); Estados úmidos da matéria (poemas) e Frágil Recompensa (Crônicas). Publicou recentemente Etelvina, seu primeiro romance.