Inovação n.º 30

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newsletter N.º 30 | Junho 2012 Redes sociais

O Foursquare e o Marketing de proximidade O sucesso do Facebook e do Twitter demonstraram que estamos dispostos a dedicar uma parte importante do nosso tempo, a trocar opiniões e conhecimentos com uma imensidão de pessoas com os mesmos gostos, no entanto com laços menos intensos em termos do que uma amizade na vida real. Uma tendência observada desde o início da era das redes sociais é que compartilhamos compulsivamente as experiências de interação com empresas ou negócios com as pessoas que interagimos. Assim, conseguimos de uma forma rápida ver que alguns dos nossos contactos do Facebook ou do Twitter abominam o último filme da moda, ou acabam de cear num restaurante e querem recomendá-lo a todos os seus seguidores porque viveram uma experiência gastronómica memorável. Dennis Crowley, um estudante da Syracuse School of Information Studies, e o seu sócio Naveen Selvadurai aperceberam-se em 2009, que este tipo de informação sobre experiências de consumo, era suscetível de melhoria. Pensavam que bastava aplicar a tecnologia de geoposicionamento e estruturar a opinião fornecida para que fosse facilmente localizável por outros e, sobretudo, acumulável e suscetível de criar uma valorização social estatística. Assim nasceu o Foursquare, uma nova rede social não generalista, mas focada num objetivo concreto de difundir a existência e localização de todo o tipo de negócio de consumo e de valorização social feita pelos próprios utilizadores.

Figura 1. Página principal do Foursquare na Web

Dado que o Fousquare foi desenhado para tirar partido da tecnologia de geoposicionamento, podemos afirmar que é na sua essência uma rede social móvel, tendo os seus criadores desenhado aplicações gratuitas em todas as plataformas de mobilidade conhecidas. Este aspeto torna-a muita aditiva, porém a sua difusão mundial foi muito restringida aos utilizadores de smartphones. No preciso momento em que escrevo este artigo, o Foursquare tem mais de 20 milhões de utilizadores registados, um número bastante inferior aos mais de 900 milhões do Facebook, por exemplo. O Foursquare utiliza a palavra inglesa check-in para se referir ao ato de registo digital, quando chegamos a um estabelecimento, desde que seja a nossa vontade de partilhar uma valorização. É a mesma palavra que se utiliza na hotelaria para denominar o processo de registo inicial quando chegamos a um hotel. O cliente que chega a um estabelecimento e deseja contar a sua experiência aos seus seguidores nas

redes sociais procura o nome do local na aplicação móvel do Foursquare e, uma vez selecionada, realiza um check-in, em que pode fazer o seguinte: Compartilhar o check-in e os seus comentários no mural do facebook ou Twitter. Assim, todos os seus seguidores nestas redes sociais que estiverem neste momento no dito local têm acesso a eles, podendo assim ampliar a informação sobre o dito local e a sua localização. Os comentários refletem fortemente o estado de espírito do utilizador, bem como uma valorização livre da experiência de consumo que está a viver. Indicar aos seus seguidores a localização geográfica do estabelecimento, para que possam chegar ao local caso queiram. Se o utilizador estiver a registar essa informação a partir do seu smarthphone, não exigirá nenhum esforço ao utilizador, uma vez que a informação geográfica flui de uma forma automática desde o dispositivo à mensagem enviada para as redes sociais generalistas. Compartilhar com os seus seguidores uma situação cómica ou surpreendente, para que certamente quererá adicionar uma foto do local ao check-in. Receber do Foursquare uma recompensa emocional pelo esforço de codificação realizado, em base de points (pontos) ou badges (insígnias, medalhas ou galardões). Receber do dono do estabelecimento um special, ou seja, uma recompensa tangível (desconto, oferta, promoção, etc.) por fidelidade ou recorrência. Estes passos podem ser dados de uma forma muito fácil, utilizando o interface móvel do Foursquare dos smarthphones Apple iPhone, assim como nos compatíveis com o sistema operativo Google Android ou em dispositivos Blackberry. É interessante observar uma diferença entre a rede Foursquare e as redes generalistas, que também disponibilizam valorizações sobre experiências: o relatado no Foursquare e compartilhado em aberto com todos os utilizadores da rede, não se limitando a um conjunto de seguidores. Esta particularidade permite ao Foursquare agregar um número importante de valorizações quantitativas e assim calcular uma média estatisticamente significativa para cada venue ou negócio. Apesar de 20 milhões de utilizadores a nível mundial poder parecer-nos um número incipiente, o certo é que é um sucesso, a julgar pela menor difusão conseguida por outras redes equivalentes, que tentaram copiar o modelo de funcionamento do Foursquare, como Gowalla, Google Places ou o Facebook Places. Para conseguir uma difusão rápida da sua inovação, os criadores do Foursquare apoiaram-se nas redes sociais generalistas, construindo aplicações para o Facebook e para o Twitter, para poderem retransmitir a cada uma delas cada check-in realizado no Foursquare. Assim, embora não tenhamos ouvido falar desta rede nos meios habituais, seguramente que já tomámos conhecimento através de mensagens de amigos e seguidores que integraram o Foursquare com a sua conta do Facebook ou do Twitter, que com este mecanismo, nos vão dando nota que acabam de chegar a um estabelecimento ou local.

Como Funciona o Foursquare A chave de sucesso do Foursquare reside na facilidade em efetuar um check-in, assim como a utilidade da informação prestada por outros utilizadores, que pode ser explorada antes de “arriscarmos” entrar em determinado estabelecimento. E todo isso gerido com uma simplicidade desde o reduzido ecrã de um smarthphone. O principal uso desta rede consiste em tirarmos partido da informação social e de geoposicionamento que outros tenham introduzido anteriormente. Para isso, o Foursquare parte da informação de latitude e longitude que obtém do smartphone e permite ao utilizador eleger um raio de busca em redor da dita posição.

Figura 2. Elegendo uma categoria (comida,café,etc.) e um raio de pesquisa e um grupo de recomendações

Adicionalemente podemos escolher entre visualizar todas as recomendações, somente as do grupo de amigos no Foursquare que confiamos e inclusivamente as nossas notas introduzidas em interações anteriores. Os tips, associados em conjunto com os check-in´s, construíram na nossa mente uma opinião apriorística antes de aceder a um estabelecimento. O segundo uso habitual do Foursquare é o registo ou check-in. Produz-se no momento em que chegamos a um lugar que acreditamos ser de interesse para outras pessoas. Os comentários que acompanham o check-in podem ter uma longitude máxima de 140 carateres. Esta limitação é simples: o Foursquare nasceu antes da difusão massiva dos smarthphones, pelo que se apoia na tecnologia SMS para atingir os seus objetivos. Nos Estados Unidos, onde este serviço se fornece gratuitamente pela maioria das operadoras de telecomunicações, ainda é possível efetuar um check-in através de SMS. Os criadores do Foursquare tiveram também outra inspiração genial: recompensar os seus utilizadores com prémios intangíveis, mas suscetíveis de serem publicados no circulo de seguidores e amigos da sua rede preferida: Os points ou pontos, acumulados e que permitem uma comparação e competição com outros consumidores que frequentam os mesmos locais ou estabelecimentos. (Continua na página seguinte)


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