[RE] Ativação do Largo da Batata + Edifício Híbrido (uso e construção)

[RE] BATATA LARGO DA

AT I VA Ç Ã O

EDIFÍCIO HÍBRIDO

[RE] ATIVAÇÃO DO LARGO DA BATATA EDIFÍCIO HÍBRIDO

USO E CONSTRUÇÃO

Trabalho de conclusão de curso da aluna Victória Teixeira Herling, orientado pelo professor Marcelo Aflalo

Fundação Armando Alvares Penteado Faculdadede Arquitetura e Urbanismo

AGRADECIMENTOS

Este período foi, sem dúvida, um período de grandes aprendiza-

Aos meus amigos e colegas de sala, que juntos enfrentávamos as

dos, entre erros e acertos (e muito esforço) posso dizer que concluo

mesmas dificuldades.

essa fase da minha vida com um novo olhar para o mundo.

Aos professores que me acompanharam durante esta jornada,

Antes de dar este grande passo entre vida académica e vida profissio-

agradeço principalmente a dois deles, Chico Barros que através das “la-

nal, onde meus professores e tutores se tornam colegas de profissão,

grimas” que ele sempre falava (e os alunos derramavam) ensinou acima

gostaria de agradecer, agradecer a todos que passaram por algum mo-

de tudo, como defender nosso trabalho, com embasamento e conheci-

mento ao meu lado durante os últimos anos, mas principalmente aos

mento o projeto sempre será bem aceito e ao professor Marcelo Aflalo

que escrevo abaixo, vocês sem dúvida foram essenciais para o meu

que durante essa jornada de 1 ano de trabalho (meio a uma pandemia),

crescimento:

se disponibilizou muito mais do que o necessário, além de me mostrar

Aos meus familiares, que sempre acreditaram em mim, meus que-

o grande mundo que existe atrás das construções em madeira, me fa-

ridos pais e irmã, pela compreensão do tempo que muitas vezes não

zendo enxergar como construção, estética e sustentabilidade podem e

lhes pude dedicar, pela paciência demonstrada nos momentos mais

devem estar atreladas, afinal de contas como já disse Norman Foster:

difíceis (por conta do meu mau humor pelas noites não dormidas) e aci-

“A arquitetura é uma expressão de valores - a forma como construímos

ma de tudo ao apoio incondicional de cada um deles, pais, irmã, avós,

é um reflexo do modo como vivemos”.

e tios.

soas que entraram e saíram da minha vida, amigos, professores e fami-

Ao meu namorado, amigo, companheiro de vida e profissão, Ale-

xandre, que esteve ao meu lado por grande parte dessa jornada nesta fundação (que nem mais fundação é), ele que me apoiou e constantemente me motivou. Ensinou, aprendeu e cresceu ao meu lado, me deu suporte e atenção. Trabalhamos juntos, brigamos por algumas diferentes opiniões, mas sempre aprendemos muito com a cabeça e coração.

Mais madura e muito realizada, após anos que se passaram, pes-

liares, posso afirmar que encerro esta fase uma pessoa nova.

SUMÁRIO

1

2

3

4

5

INTRODUÇÃO

LOCAL

CONTEXTO HISTÓRICO

CONTEXTO URBANO

DIAGNÓSTICO DA ÁREA

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8

9

10

ESTUDOS DE CASO

MADEIRA

O PROJETO

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

PÁG. 27

PÁG. 37

PÁG. 43

PÁG. 87

PÁG. 89

1

INTRODUÇÃO

1.1 O LARGO DA BATATA

1.2 ATUALMENTE

Ao observar o Largo da Batata é possível identificar um caráter predomi-

Hoje, por uma perspectiva é possível observar um local bem consolidado

nantemente comercial, este que no inicio do século XX esteve ligado ao comércio

e utilizado,com estação de metrô, pontos de ônibus, ciclovia e bicicletário. Por

atacadista de produtos agrícolas e mais recentemente ao grande fluxo de traba-

outra, olhando para o outro lado da rua nota-se um grande descampado urbano,

lhadores que por ali passavam todos os dias em diferentes horários para fazer as

subutilizado, também conhecido como o “último terreno vazio do largo da Bata-

baldeações no terminal de ônibus que antes ali existia, contava com linhas que

ta”. O local esteve em diversas discussões durante anos, com mais de 10 projetos

conectavam a região central às periferias a oeste do rio Pinheiros.

feitos para o tal espaço.

Atualmente, baseado na intensa atividade comercial que acontece em dife-

Muitos coletivos promovem protestos e atividade com o intuito de chamar

rentes escalas, o Largo da Batata tem sido foco de várias discussões e recebeu

atenção do governo e de pessoas para o local, este que já foi motivo de amplos

algumas intervenções, mesmo que algumas incompletas, do poder público vi-

estudos e projetos no passado recente. O publico que o frequenta é bem diver-

sando sua “reconversão urbana” nome que recebeu a operação urbana que teve

so, cada um com uma finalidade, alguns que apenas passam, outros que utilizam

um de seus focos: o Largo da Batata. Com o projeto implantado (em parte), foi

como como ponto de encontro e/ou permanência.

obtido o resultado de um grande espaço aberto, este que estimulou e estimula

o publico a atividades e diferentes iniciativas artísticas, culturais e sociais, como

próprio nome diz, espaços como largos em cidades verticalizadas como São Pau-

por exemplo um ponto de concentração para manifestações políticas de todas as

lo pedem atenção de todos já que carecem de vazios que servem como respiro

ideologias.

para todos, estes que deveriam ser valorizados e não despriorizados. Além disso,

o local que é um, mostra-se dividido em dois como uma “cicatriz” em forma de

O espaço passou por grandes mudanças, causando por um lado a saída

de comerciantes e lojistas locais, enquanto outros conseguiram se manter em

Ao decorrer dos anos o largo da Batata foi se descaracterizando e como o

avenida, também conhecida como Av. Brigadeiro Faria Lima.

atividade. Alem disso, tal alteração estimulou a diversidade, cativando diferentes tipos de públicos, com a chegada de um novo tipo de comercio, voltado para consumidores de classe media e alta. Esse comércio se estatele no entorno no Largo da Batata, mas se aproxima gradualmente.

01

2

LOCAL

2.1 LOCALIZAÇÃO

Em uma região privilegiada e estratégica no bairro de pinheiros, a exatos

sete quilômetros a sudoeste do centro de São Paulo, na zona oeste, localiza-se o Largo da Batata, um subcentro urbano da capital.

Conta com uma ampla rede de transportes públicos, com acesso direto ao

metrô Faria Lima (linha 4 – amarela) e diversos pontos de ônibus, além da ciclovia que fica em uma das avenidas principais da cidade: Avenida Brigadeiro Faria Lima, avenida que cruza o Largo da Batata conectando diversos pontos importantes e estratégicos da cidade de São Paulo.

LINHA METRÔ CICLOVIA PRINCIPAIS VIAS ESTAÇÕES DE METRÔ PONTOS DE ÔNIBUS

03

3

CONTEXTO HISTÓRICO

Para melhor compreender o local é preciso analisar o contexto historio em

No século XVII, o bairro atraia habitantes por sua localização, estava próxi-

que o

mo a ponte que cruzava o rio, caminho chamado de “Caminho do Peabiru”. Foi

Largo esteve durante diferentes momentos da história e o levaram aos dias atu-

durante o ciclo de ouro no ano de 1710, que o bairro apesar de geograficamente

ais, considerando o bairro onde está localizado, Pinheiros.

isolado do centro da cidade, se encontrava em um ponto estratégico, com a tra-

O Largo da Batata é conhecido por este nome desde a década de 1920, mas

vessia do Rio Pinheiros, local também conhecido pelas cobranças de impostos.

foi de fato oficializado por Gilberto Kassab em 2012, o logradouro que denomina-

Neste período deixa de ser um local de aldeia e se torna em uma região de pas-

-se com este nome antes de oficializado era difícil saber qual era o perímetro exa-

sagem.

to, mas hoje pode-se afirmar que encontra-se entre as ruas Fernão Dias, Martim

Carrasco, Teodoro Sampaio, rua dos Pinheiros e Avenida Brigadeiro Faria Lima

da”, que ligava Pinheiros aos campos de Santo Amaro e apenas no final do século

no distrito de Pinheiros, Subprefeitura de Pinheiros. (Lei no 15.615/2012). Além de

XIX, que a mesma foi ampliada em sentido a Lapa, lado oposto a qual hoje corres-

estar próximo ao largo de pinheiros, este que era considerado núcleo colonial e

ponde à Rua Fernão Dias, Rua dos Macunis e Avenida Diógenes Ribeiro de Lima.

religioso e junto o Largo da Batata, núcleo comercial e popular. Eles foram pontos

cruciais para o que hoje é o bairro.

tes de diversos lugares, dando a ele um caráter misto. A região e com o grande

Pinheiros foi fundado no século XVI, mais especificamente em 1585, fato

número de casas contava com uma configuração cada vez mais parecida com

marcado pelo estabelecimento dos tupis expulsos de Piratininga pelos portugue-

as vilas da cidade paulistana e por conta disso passa a ser conhecido como Vila

ses vindos de Santo André. A aldeia, mais conhecida como Aldeia indigna Nossa

dos Pinheiros. A Vila tinha quase uma vida própria e independente incorporada

Senhora dos Pinheiros da Conceição, fundada pelo Padre José de Anchieta. A

a capital, estava entre as ruas Francisco Leitão, Rebouças/ Eusébio Matoso, Rio

aldeia foi deixada em paz durante alguns anos, com exceção de alguns viajantes

Pinheiros e Inácio Pereira da Rocha.

que passavam pela rota que cruzava o local. O contato entre nativos e os povos

indígenas eram proibidos com pena de multa e/ou prisão. A relação era limitada

possível observar como era um núcleo solitário em relação ao aglomerado paulis-

pelos padres que os catequizam e os latifundiários que os escravizaram, trans-

ta, mas em 1910 com a inauguração do “mercado dos caipiras” (nome como ficou

portando os índios para as casas de moradores brancos ou transferidos para o

conhecido por vender mercadorias de comerciantes que vinham de localidade

Em 1786 começa a implantação da então conhecida como “Estrada da Boia-

Ao longo dos anos de 1800 o bairro de Pinheiros recebia muitos habitan-

No mapa mais antigo onde é possível ver o arruamento da região ainda é

05

se e contra o largo passa por um novo momento, marcado pelo comércio de ali-

um novo caráter e trouxeram uma enorme valorização a região.

mentos. É neste período que o local deixa de ser um espaço isolado e passa a ser

mais como um ponto de encontro, com fluxo e caminhos cruzados, de tal forma

deixa de exercer atividade atacadista de forma que os comerciantes migram para

que o mercado se torna um marco do desenvolvimento econômico não apenas

as áreas próximas.

para o bairro, mas para a cidade. Neste mesmo ano, com todo crescimento de-

mográfico, recebe uma atenção diferenciada pelo poder publico e iniciam-se al-

1929 é possível observar com os mapas da região a forte urbanização que ocorre

guns projetos e obras de infraestrutura para melhoria das necessidades, como a

em Pinheiros.

chegada do bonde, este que elevou o valor viário local. O bonde circulava todo

bairro, atravessava duas vezes o rio e conectava Pinheiros ao centro. Em seguida

importante para a cidade foi o Mercado dos Caipiras e em 1928 a instalação da

acontece a retificação da várzea do Rio Pinheiros pela Light and Power Company

Cooperativa Agrícola de Cotia fundada por japoneses que vendiam batatas no

Ltda. E pela The São Paulo, estas que autorizam a canalizar, alargar, retificar e

entorno, estes que contribuíram para a criação do nome do Largo.

aprofundar os leitos do rio, com está enorme mudança, 25 milhões de metros

quadrados são incorporados ao bairro.

tro de zona mista. Nos anos 60 por conta do alto fluxo e da enorme confluência de

Somente em 1943 que foram finalizadas as grandes obras e surge a enorme

linhas de ônibus (70 linhas de ônibus, sendo 40 de passagem pelo bairro, 22 de

mobilidade populacional, passando por mundanas radicais em suas edificações.

periferia, 9 interbairros e as demais ligavam o bairro a cidade toda) é construído

Antigos edifícios são demolidos para dar lugar a novos com caráter completa-

o Terminal de Pinheiros no Largo da Batata, marcando o caráter ainda mais forte

mente diferente, respeitando um novo gabarito, com 3 ou mais pavimentos. Era

do comercio ligado ao transito de passagem por conta do terminal instaurado no

obvia a necessidade de reestruturação geral por volta da década de 50, fornecen-

local.

do uma melhor qualidade de vida a todos que os moradores e trabalhadores e foi

com melhores calçadas e ruas, canalização de correios que antes cruzavam ruas

propriações dos imóveis que estavam onde hoje temos a Avenida Brigadeiro Faria

e trechos a céu abertos, alargamento de ruas e outras soluções que deram

Lima, além da demolição do mercado e de algumas propriedades

Em seguida o mercado passa a ser conhecido como Mercado de Pinheiros e

Em 1915, Pinheiros recebe iluminação elétrica nas ruas e entre este ano e

Alguns dos principais fatores que fizeram do bairro um local comercialmente

Em 1959 a Prefeitura de São Paulo categorizou Pinheiros como um subcen-

No final da década de 60 (mais especificamente em 1968), iniciam as desa-

e em 1971 é aberto um concurso para construção de um novo mercado, o qual

hoje é conhecido como Mercado Municipal de Pinheiros, localizado na Rua Pedro

da região, então em 1994 se dissolve a Cooperativa Agrícola de Cotia. É possível

Cristi, o projeto vencedor do concurso foi dos arquitetos Eurico Prado Lopes e

observar momentos importantes durante a história que dão suporte para compre-

Luiz Telles.

ender o por que o Largo da Batata se estabelece de tal forma na cidade nos dias

A área de 4.000m2 destinada ao não mercado não era suficiente, logo teve

atuais. De início temos os primeiros moradores do bairro: os tupis, que saíram

seu programa dividido em dois pavimentos e 2.000m2 destinados à equipamen-

escravizados com a chegada dos moradores das mais diversas áreas da cidade.

tos, serviço e estacionamento. Como esperado tornou-se um ponto muito impor-

ta de vendas, o que deu ainda mais suporte a toda história que carrega a área.

ainda no seu curso natural. Atraiu comerciantes de alimentos vindos das registes

Na década de 90 aumenta ainda mais o número de vendedores ambulantes

Obteve um forte caráter quando se tornou um ponto de passagem, com o rio

periféricas e num próximo momento, dessa vez mais urbano que rural como as “a região do antigo mercado sumiu do mapa, engolida pelo traçado da Avenida Faria Lima aberta a partir de 1968 (ele ficava entre a Cardeal Arcoverde e a Teodoro Sampaio, exatamente onde está o asfalto da Faria Lima (o mercado novo, que funciona até hoje,

citadas anteriormente, foi caracterizado pelo comercio popular e atacadista de produtos agrícolas, influenciado principalmente pelo transporte publico, o que reforça ainda mais que a região passou de um ponto isolado da cidade, como diria Amaral: “cidade satélite” para um ponto estratégico e central da capital paulistana.

é de 1971). A mesma Faria Lima modificou o que era conhecido como Largo da Batata, local que desde a década de 20 atraia produtores em busca de mercado.”

(GUEDES, Márcia. “Pinheiros tem tanta história”. Em Alphanews Pinheiros, no 13. São Paulo: Outubro de 1998) 07

3.1 MAPAS E ANÁLISES

FIGURA 1. Mapa de Francesco Tosi Colombia de meados do século XVIII

FIGURA 2. Vila dos Pinheiros na planta geral da Capital de São Paulo (1897) Arquivo Histórico Municipal de São Paulo - autor: Gomes Cardim (1897)

No mapa acima do ano de 1897 é possível ver os primeiros arruamentos

do bairro hoje conhecido como Pinheiros. Além de enfatizar ainda mais o fato do crescimento da região ter ocorrido em função da ponte que atravessava o Rio Pinheiros para o lado Oeste da cidade.

Os pontos pretos no mapa mostram as primeiras casas.

FIGURA 3. Planta da cidade de São Paulo em 1905 - fonte: Histórico Demográfico do Município de São Paulo - PMSP

FIGURA 4. Planta da cidade de São Paulo em 1916 - fonte: Histórico Demográfico do Município de São Paulo - PMSP

A planta de São Paulo do ano de 1905 ilustra em destaque a região de Pi-

Mapa de 1916 com o primeiro transporte público da região, o bonde que

nheiros isolada do centro da cidade, num lado mais sudoeste do mapa, enquanto

circulava todo bairro e atravessava duas vezes o rio, além de conectar-se ao

os eixos noroeste e nordeste já aparentavam estar mais desenvolvidos que os

centro da cidade.

demais.

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3.2 FOTOS HISTÓRICAS

FIGURA 6. Terminal de ônibus no Largo da Batata em 1991. Fonte: Folha de S. Paulo, 2012

FIGURA 5. Planta da cidade de São Paulo em 1924 - fonte: Histórico Demográfico do Município de São Paulo - PMSP

Em comparação ao mapa de 1905, ou seja, passado 20 anos, é possível ob-

servar uma expansão da cidade em sido sudoeste. A planta de 1924 demonstra o bairro de Pinheiros sendo constrito nas mediações do Largo da Batata e do Largo de Pinheiros, além das olarias próximas ao rio pinheiros que utilizavam a argila como fonte de matéria-prima e também a sinalização da estrada das Boiadas um dos principais caminhos utilizados da época.

FIGURA 7. O Largo de Pinheiros em fins da década de 1960. Fonte: Amaral, 1969

FIGURA 8. Mercado de Pinheiros na dĂŠcada de 20. Fonte: Gazeta de Pinheiros, 2012

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4

CONTEXTO URBANO

4.1 OPERAÇÃO FARIA LIMA (1990)

O projeto de reconversão urbana consorciada Faria Lima foi um instrumento

urbanístico realizado entre o setor público e privado. Ocorreu com a participação não apenas do poder publico, mas também dos moradores, proprietários, usuários e investidores.

É instituída a operação urbana em 1995 através da Lei Ordinária número

11732, de 14 de março de 1995, que tinha como objetivo a melhoria da qualidade de vida, paisagem urbana, infraestrutura, equipamentos e o viário. Configurou-se na extensão da Avenida Brigadeiro Faria Lima, com a relocação do terminal de ônibus, a transformação de duas quadras em uma ampla praça, e uma estação de metrô.

“§ 1° Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder

FIGURA 9. . Setores - Fonte: site da prefeitura

Público municipal, com a participação dos proprietários,

moradores,

nheiros. No último citado o projeto previa alem do alargamento e crescimento da

usuários permanentes e investidores privados, com

Avenida Brigadeiro Faria Lima e Rua Sumidouro, a requalificação urbana do Largo

o objetivo de alcançar em uma área transformações

da Batata e com isso a relocação do terminal de ônibus para Rua Capri.

urbanísticas

estruturais,

melhorias

sociais

Foi divido em quatro partes: Olimpíadas, Hélio Pelegrino, Faria Lima e Pi-

e

valorização ambiental.”

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FIGURA 10. Mapeamento ortofoto 2004 MDC. Fonte: GeoSampa

Imagem de satélite de 2004 com o Largo de Pinheiro e o Largo da Batata

antes da reconversão urbana, ainda com o terminal de ônibus.

FIGURA 11. Mapeamento ortodoxo 2017 PMSP RGB. Fonte: GeoSampa

Imagem de satélite do ano de 2017 PMSP RGB já com a reconversão

urbana “finalizada”.

4.2 - CONCURSO PÚBLICO NACIONAL RECONVERSÃO URBANA DO LARGO DA BATATA REALIZADAS:

O concurso publico nacional de reconversão urbana ocorre em 2002, du-

- Novo trecho da Rua Fernão Dias

rante a operação consorciada Faria Lima, este que foi promovido pela Secretaria

- Esplanada do Largo da Batata;

Municipal de Planejamento Urbano, pela Empresa Municipal de Urbanização e

- Transferência do terminal de ônibus para Rua Capri;

pela Administração Regional de Pinheiros, o Concurso Nacional de Reconversão

- Estação de Metrô Faria Lima;

Urbana do Largo da Batata, colocava em discussão o sistema de áreas públi-

- Alargamento da Rua Capri e Eugênio de Medeiros;

cas e as possíveis diretrizes às particulares, considerando alterações viárias, a

- Ligação da rua Baltazar carrasco com a Rua Sumidouro;

implantação de uma estação de metrô (Linha amarela, Estação Faria Lima) e o sistema articulado das diversas modalidades de transporte coletivo. Além disso a proposta não tinha como valor a estagnação nostálgica da cidade para promover

NÃO REALIZADAS:

a memória, mas uma transformação ponderada, que considerasse a participação

- Feira livre permanente;

de moradores e usuários do Largo da Batata e do bairro, a vontade daqueles que

- Empreendimento associado;

sejam permanecer e querem a melhoria urbana para todos.

- Equipamentos públicos de atendimento e suporte a população;

- Investimento no Largo de Pinheiros e adjacentes;

iam da iluminação específica para pedestres e veículos ao estacionamento no

- Calçadões da Rua Teodoro Sampaio e Pedro Cristo;

subsolo, que se articula com o metrô. Já para o território privado as ideias pro-

As propostas para o território público eram de “intervenções diretas” que

postas eram divididas entre diretas e indiretas, com desapropriação ponderada, novas habitações para diferentes faixas de renda.

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FIGURA 12. Maquete eletrônica - Fonte: Vitruvius

O projeto vencedor para reconversão urbana foi dos arquitetos Tito Lívio

Frascino, este que visava reformar todas as calçadas inseridos no perímetro do projeto e enterrar toda fiação existente, alem da construção de calçadões na Rua Teodoro Sampaio e Pedro Cristi e o alargamento de outras como Sumidouro e Eugênio de Medeiros. Além dessas, outras soluções já estavam previstas no edital, como uma feira permanente, a esplanada do Largo da Batata entre a área da antiga cooperativa agrícola de Cotia e agregaria ao Mercado Municipal até a Rua Cunha Gago.

FIGURA 13 e 14. Croquis autores do projeto. Fonte: Vitruvius

4.3 UM OLHAR DISTANTE

Para quem passa pelo Largo da Batata percebe uma possível tentativa de

pau-ferro que simbolizavam a ligação do bairro com as rotas bandeiristas dos

“reconversão” ficando a dúvida para os que não estudaram e se aprofundaram

séculos passados.

no projeto, o erro está na forma como foi gerenciada e executada a obra ou no

projeto feito pelos arquitetos?

inédita na cidade de São Paulo, forma realizados fechamentos e aberturas de

vias, remanejo de infraestruturas e execução de calçadões, mostrando que é pos-

A resposta é obvia, a frustração dos arquitetos com o resultado da recon-

versão é expressada por inúmeras entrevistas dada por eles.

Apesar de todas as “falhas” de execução, uma intervenção desse porte é

sível mudar a paisagem e abrir novos caminhos para cidade.

O que poderia ter levado 3 anos, levou 10, os lojistas locais esperaram du-

rante esses 10 anos um projeto que não é o mesmo em papel do concebido e isso traz uma “revolta” muito grande. O concurso através do seu edital pediu uma boa compreensão do estava sendo proposto, do que cidade precisava e do que era possível de ser feito.

Ao passar dos anos o Largo da Batata havia se transformado em um gran-

de terminal de ónibus a céu aberto (este que durante a reconversão ganhou uma nova localização próxima a Marginal Pinheiros). Além disso, uma das grandes intenções do concurso era a chegada do metrô e a expansão para as ruas do entorno.

O paisagismo do projeto foi mais um ponto que falhou bravamente, o que

havia sido especificado pelos arquitetos foi uma coisa e o executado completamente outra, com exemplares que nem estrutura adequada para resistir tinham e nem manutenção adequada receberam. Estava prevista uma praça com cobertura vegetal, no antigo eixo da Cardeal Arcoverde teria uma alameda de árvores

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5

DIAGNÓSTICO DA ÁREA

5.1 SITUAÇÃO ATUAL

Os movimentos que acontecem hoje no Largo da Batata só dão mais consis-

isso que o coletivo atua tão fortemente na área, a fim de promover a conexão,

tência ao fato de que o poder público em 2013 entregou um projeto incompleto.

interação entre o cidadão e a cidade, mostrando a necessidade do respeito e cui-

Com as inúmeras manifestações sendo ponto de concentração e encontro para

dado com o ambiente público.

dali saírem andando por uma das principais avenidas da cidade - Avenida Faria

Lima - carnaval de rua, ocupações organizadas de coletivos diversos demostram

to, sem bancos, sem árvores, logo sem sombra. Com isso é possível afirmar a

a vontade de levar vivacidade ao local.

necessidade da presença de mobiliário urbano em espaços públicos, de forma

que o espaço te convide a ficar e não apenas passar. Os coletivos se colocaram

Em 2014 surgiu “A Batata precisa de você” um coletivo que por meio da

apropriação, improvisos e “gambiarras” transformou o espaço do Largo em um

O projeto entregue pela prefeitura apresentou um caráter de espaço deser-

no posicionamento de mudar tal problemática com a criação de protótipos

laboratório de experiencias para a cidade a céu aberto. Todas as sextas-feiras encontros eram divulgados online e iniciavam a partir das 18h00, a agenda é aberta e tudo é organizado de forma coletiva e dando suporte ao local de forma que deixe seu caráter de passagem e convide para que as pessoas por ali fiquem.

Através do urbanismo táticos, que é uma ação de curta duração, baixo cus-

to e em uma escala pequena, mas com o objetivo de melhoria para cidade, dando qualidade de vida ao ambiente urbano. Todas as propostas levam a intenção de expor alguma carência e demanda por aqueles que utilizam o espaço, essas micro interferências feitas provocam resultados rápidos com grande potencial de mudança.

FIGURA 15 e 16. Jardim sustentável e mobiliário urbano Fonte: site: morarkallas.com.br - jardim sustentável revitaza o largo da batata em são Paulo

Através do manual do coletivo, que é disponibilizado online para todos, é

possível confirmar a necessidade da mudança e da transformação do espaço público, além das demandas da população que demontram tal necessidade, é por

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Abaixo duas soluções temporárias que demonstram algumas possibilidades

Trançado: mobiliário de sombra,

de uso: Em 2015 é realizado um concurso pelo BatataLab e patrocinado pelo IPIU

feito com um sequencia de pór-

(Instituto de Pesquisa e Inovação em Urbanismo), a fim de selecionar mobiliários

ticos de metal cobertos com cor-

urbanos que instiguem a convivência e o conforto.

das coloridas trançadas e bancos no interior da estrutura. - evoco

Rematéria: mobiliário de confor-

arch

to, com bancos, sombra e jardim executado pelo coletivo Batatas-

FIGURA 18. Vencedor do concurso de mobiliário urbano

construtoras, atuante no Largo da Batata desde 2014

Em 2016, 2 anos após o início do coletivo, as reuniões, atividades, e mo-

vimentos ocorrem mais vezes por semana, com atrações culturais e espaço de lazer para todos.

FIGURA 17. Vencedor do concurso de mobiliário urbano Fonte: https://raphaelfrancoart.wordpress.com/portfolio/batatalab-2015/

Ao passar dos anos, se constriu coletivamente este grande espaço cultural

e público, que já esta melhor do que um dia foi, mas que tem muito que melhoIlha: mobiliário lúdico para crianças brincarem - feito pelo Erê Lab, empresa especializada em mobiliário urbano para crianças

FIGURA 18. Vencedor do concurso de mobiliário urbano Fonte: https:// projetodraft.com/para-o-ere-lab-a-ocupacao-do-espaco-publico-tem-que-serassunto-de-crianca/

rar.

5.2 MAPA DE USO DO SOLO

Com a mudança ocorrida nos últimos anos do entorno, ocorreu uma valori-

zação no valor do solo que expulsou muitos dos moradores e comerciantes que estavam no local, deixando muitos lotes vazios, para alugar e à venda.

A partir do levantamento do uso do solo do entrono do largo da batata foi

possível analisar a diversidade do uso, ao mesmo tempo que uma forte concentração de comércio, serviços e usos misto próximo ao largo.

Em direção ao lado do Alto de Pinheiros um maior número de residências.

Os pontos marcados em laranja são os pontos de ônibus do entorno, e na

mesma cor as estações do Metro Faria Lima, O Largo da Batata encontra-se em um local privilegiado, que se encontra com uma rede de transporte público que supri a necessidade de todo entorno.

Além disso, uma rede viária com uma das principais avenidas da capital:

Avenida Brigadeiro Faria Lima, que conecta pontos importantes da cidade e junto a ela passa a ciclovia.

HABITAÇÃO

SUBUTILIZADOS

COMERCIAL

VIAS

COMÉRCIOS/SERVIÇOS

ÁREA PERMEÁVEL

METRÔ FARIA LIMA

BICICELTÁRIO

INSTITUCIONAL

21

5.3 MAPA DE FLUXOS

5.4 GABARITO DE ALTURA

O mapa de fluxos mostra as vias principais que carregam um maior fluxo de

Com o gabarito de altura do entorno, nota-se a predominância de edifica-

carros e as vias locais com um menor fluxo. A partir de alguns dados levantados

ções de até 3 pavimentos, alem de edifícios mais altos mais próximo das grandes

junto ao mapa de uso do solo, visitas ao local em diferentes dias e horários com a

avenidas e de maior movimeno, como da Av. Faria Lima e da Rua Teodoro Sam-

estação de metro no próprio Largo da Batata foi possível chegar a conclusão de

paio.

quais vias carregam um maior fluxo de veículos e quais recebem um menor fluxo.

VIAS PRINCIPAIS

VIAS LOCAIS

5.5 MAPA DE LEGISLAÇÃO VIGENTE

Em cinza no mapa localiza-se o largo da Batata, este encontra-se em uma

ZM (zona mista) de acordo com a lei de zoneamento vigente na cidade de São Paulo.

Foram listadas as principais obrigatoriedades da zona conforme consulta ao

sistema de zoneamento - siszon (lei nº: 16.402/2016): - Zona de uso: ZM - Perimetro de qualificação ambiental: PA4 - Taxa de permeabilidade: lote ≤ 500m2 (a) (b): 0,15 - Taxa de permeabilidade: lote > 500m2 (a) (b): 0,25 - C.A. mínimo: 0,30 - C.A básico: 1 - C.A. máximo: 2 - T.O. máxima para lotes até 500m2: 0,85

FIGURA 19.Mapa1_ZONAS_com_perimetros_vetados - fonte: site da prefeitura de São Paulo

- T.O. máxima para lotes igual ou superior a 500 m2: 0,70 - Gabarito de altura máxima (metros): 28

Lei nº: 16.402

- Recuos Frente (i): 5 Fundos e laterais: se a altura da edificação for menor ou

permeabilidade mínima estabelecidas para cada Perímetro de Qualificação

igual a 10 metros: N/A Se a altura da edificação for superior a 10 metros: 3

Ambiental, conforme o Quadro 3A desta lei. § 1º Os lotes localizados

Notas: - Nos lotes inseridos em ZEPAM, ZPDSr, ZPDS, ZCOR, ZPR e ZER deve-

em ZEPAM, ZPDS, ZCOR, ZPR ou ZER deverão atender as taxas de

rão ser aplicadas as seguintes taxas de permeabilidade mínima: 0,90, 0,70, 0,50,

permeabilidade específicas para estas zonas, constantes do Quadro 3A

0,30, 0,30 e 0,30, respectivamente, independente do tamanho do lote; - Quando

desta lei, independentemente do Perímetro de Qualificação Ambiental

a somatória da taxa de permeabilidade do Quadro 3A com a taxa de ocupação

em que se localizam.”

do Quadro 3 for superior à 1,0 (um inteiro), a taxa de permeabilidade deverá ser

(fonte: Site da Prefeitura de São Paulo – Gestão Urbana - link: https://gestaourbana.

respeitada e a taxa de ocupação reduzida proporcionalmente;

prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/03/PL-272-15-comraz%C3%B5es-de-

“Art. 81. Todos os lotes deverão atender as taxas de

veto.pdf ) 23

5.6 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Como a área escolhida fez parte da operação urbana consorciada Faria

Lima, os valores podem alterar e se sobressaem aos dados obtidos pela legislação, mas apenas para a trecho da Rua Hungria e Av. Hélio Pelegrino, serão adotados os números abaixo:

As fotos apresentadas no levantamento fotográfico são de autoria própria

e foram realizadas durante visitas feitas no local em dias diferentes 28/08/2019 e 02/11/2019, visando entender melhor a circulação e permanência de pessoas na região. Foi possível identificar a área como um local potencial para a implantação do projeto de [RE[Ativação do Largo da Batata.

25

6

ESTUDOS DE CASO

6.1 HUDSON YARDS - NOVA IORQUE - URBANO

O projeto construído em “Midtown Manhattan” é o maior empreendimento

já realizado em Nova Iorque e o maior empreendimento imobiliário privado dos Estados Unidos, com mais de 56.000 m2, conta com uso diverso, com torres residenciais, comerciais, shopping center, grandes praças, restaurantes e espaços destinados a arte e todos projetados por escritórios renomados de todo mundo, dando ainda mais força para o local. Dentre alguns dos escritórios, alguns são: BIG, SOM, Diller Scofidio + Renfro, Zaha Haddid, Rockwell Group, entre outros.

FIGURA 20. Cortesia de Related-Oxford para Archidaily Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/913391/megaprojeto-hudson-yards-efinalmente-inaugurado-emnova-iorque

Hudson Yards fica em Nova Iorque é conhecido como o novo bairro da cida-

de. Com mais de 100 lojas, opções gastronômicas, salas de escritório, residencial e uma dinâmica cultural que conta com arquitetura em forma de arte, atrai um publico diverso do mundo todo para conhecer o local.

Grandes espaços de estar, seja ao ar livre ou dentro dos grandes empreen-

dimentos, este se tornou o mais novo centro de cultura de Nova Iorque, localizado

FIGURA 21. Implantação Hudson Yards Fonte: https://archpaper.com/2019/02/first-phase-hudson-yards/

ao lado oeste, antes desvalorizado, agora hipervalorizado. O lugar não apenas mudou a forma como Nova Iorque encara a área, mas como o mundo encara toda Nova Iorque.

27

6.1.2 HUDSON YARDS - UM OLHAR DISTANTE

No centro da grande praça pública um edifício monumental chama atenção

Além dos pontos positivos do Hudson Yards, também são inúmeras as críti-

de todos, projetado pelo Heatherwick Studio o Vessel feito em estrutura de aço

cas, como por exemplo o fato, dito por alguns, de parecer um campus comparati-

e revestida de cobre lembra uma colmeia pelo seu formato. Nos interiores várias

vo que em vez de olhar a cidade vira as costas para Manhattan, criando um novo

escadas, 154 lanças ao todo que se cruzam, são 80 patamares e 2.500 degraus

centro de maneira que não agrega, mas segrega. Há quem diga que sente falta

que levam ao topo do edifício a uma altura de 45 metros proporcionando vista

dos “olhos na rua” tanto falado por Jane Jacobs com a falta de mesinhas na cal-

para o novo plano de fundo da cidade.

çada e vitrines, mas por outro lado, por ser um dos mais novos e principais hoje pontos turismos de nova Iorque, o local fica lotado grande parte do ano, além dos inúmeros empreendimentos arranha-céus que geraram milhares de empregos.

FIGURA 22 a 25. Fotografias de autoria própria - Hudson Yards - 01/0/2019

6.2 BRASCAN CENTURY PLAZA - USO

Brascan Century Plaza, localizado na cidade de São Paulo no bairro do

O empreendimento com conceito de uso misto, presenteia a cidade e as

Itaim, zona Sul, está no terreno hoje que um dia foi a fabrica de doces da Kope-

pessoas com um espaço com o térreo ativo, com lojas, restaurantes, praça de

nhagem. O projeto possui três frentes, Rua Joaquim Floriano, Bandeira Paulista,

alimentação, 6 salas de cinema e uma praça interna com 7.000 m2, e nas três

Tamandaré Toledo e Dr. Renato Paes de Barros e ocupa mais da metade da qua-

torres com os pavimentos superiores de áreas privadas, sendo duas torres de

dra.

escritórios e uma de flats, misturando lazer e serviço: comer, passear, consumo, trabalho e morar em um só lugar trazendo comodidade, convivência, segurança e qualidade urbana.

Com 12.600m2, com 3 torres, sendo uma delas dos flats, de 31 pavimentos-

-tipo e mais de 105 metros de altura, é coroado com um marcante heliponto que caracteriza o partido geral arquitetônico do conjunto. Com 3040m2 por andar, com 3 diferentes tipologias, 356 unidades, variando de 37m2 (“single”) a 80m2 (“vip”) de área privativa. As outras com 24 pavimentos de conjuntos comerciais, sendo 15 lajes corporativas, centro de convenções. Uma das torres destinadas a escritórios menores, possui uma laje de 726m2 podendo ser dividida em 16 salas de no mínimo 38m2 cada, todas equipadas para auto desempenho exigido para escritório AAA, isto é, com piso elevado, ar condicionado individual, sistema de segurança predial e etc.

FIGURA 26. Perspectiva Brascan Century Plaza

29

FOTOS DA VISITA:

As fotos da visita são autorais e foram realizadas durante visita feita no local

dia 21/09/2019.

O programa atribuído ao complexo é composto por: - Praça de alimentação e eventos - Lojas e Serviços - Centro de Convenções - Business Center - Fitness Center - 6 salas de cinema - 1200 vagas demarcadas, 5000 rotativas sendo 3 subsolos - Edifício de Flats Hoteleiros (Brascan Century Staybridge Suites) - 30 pavimentos com 356 unidades de 37 m2 - Edifício de Conjuntos Comerciais (Brascan Century Offices) - 24 pavimentos / 364 unidades com 39 m2 - Edifício de Escritórios Empresariais (Brascan Century Corporate) - 15 pavimentos com conjuntos de 167 m2 a 724 m2 - Edifício para 6 salas de cinemas “Kinoplex” - 1350 pessoas sendo: - 2 salas para 192 pessoas; - 2 salas para 163 pessoas; - 2 salas para 320 pessoas;

01

01 10

05 07

03

02

06

02

08

04

04

02 04

LEGENDA PLANTA Tร RREO:

10

01. Acesso 02. Praรงa

01

04

09

03. Lobby do Brascan Century Staybridge Corporate

01

01

04. Loja 05. Cinema 06: Foyer cinema 07. hall do Bracan Cemntury Corporate

FIGURA 28. Planta Brascan Century Plaza

08. Palco 09. Hall do Brascan Century Offices 10. Restaurante 31

DETALHAMENTO TÉCNICO:

Drenagem: Para evitar o acúmulo de água de chuva, a praça tem piso de placas de granito sustentadas por pedestais - da mesma forma que pisos elevados dos escritórios, sem rejuntamento entre as peças, a água escorre livremente até a caixa impermeabilizada, situada entre o piso da praça e a laje de cobertura da garagem.

“O projeto estrutural das três torres que compõem o Brascan Century Plaza

abrangeu inúmeros desafios, em especial quanto às cargas decorrentes da ação dos ventos. Em se tratando de estruturas bem altas, foi necessário a realização de ensaios em túnel de vento para que assim fossem determinados os esforços na estru-

FIGURA 31 e 32. Planta pavimento tipo e planta layout tipo

tura e analisar os efeitos de seu escoamento ao redor dos edifícios.”

FIGURA 29 e 30. Detalhes técnicos.

Fonte: Franca & Associados projetos estruturais

FIGURA 33 e 34. Planta pavimento tipo edifícios escritórios

6.3 BROCK COMMONS TALLWOOD HOUSE, VANCOUVER CANADA - MADEIRA 6.2.2 – BRASCAN – PARA OS QUE PASSAM

Ostry junto a uma serie de empresas como Architekten Hermann Kaufmann, Fast

O Brascan apesar da intenção inicial de conectar uma praça interna com as

Brock Comuns foi projetado pelo escritório de arquitetura canadense Acton

ruas perimetrais como uma extensão da calçada, ele acaba por separar o público

+ Epp, GHL Consultants e Structurlam.

do privado, através do piso elevado do complexo e de ser ladeado por constru-

ções o espaço funciona de dentro para fora, quando na verdade deveria ser o

estudantil da University of British Columbia (UBC) e ocupa uma posição de desta-

contrário.

que no mundo da arquitetura desde sua construção no ano de 2017, quando era

O edifício de 53 metros de altura/ 18 andares, é composto por uma moradia

considerado o maior arranha-céu em madeira - segundo estudos da Wood Works! foi o primeiro com madeira maciça, aço estrutural e concreto a atingir 18 andares.

Seu programa vai além das habitações estudantis que são unidades de

quartos ou estúdios (acomodando 404 estudantes ao total), mas também conta com espaços de estudo, salas de reunião, refeitório e sala de jogos no térreo e na cobertura um lounge/ espaço de convivência.

6.3.1 - BROCK COMMONS - CONSTRUÇÃO É PESQUISA

O Brock Commmons usa a arquitetura como forma de pesquisa, através da

redundância estrutural e ultrapassando o limite de altura que a legislação permitia FIGURA 27. Fotografia Nelson Kon - praça interna Brascan Century Plaza

de até 8 pavimentos em madeira para 18 andares (essa autonomia construtiva foi possível por estar dentro de uma universidade).

33

A construção híbrida do edifico baseou-se a partir da fundação em concre-

to e sobre isto os 16 andares que aparecem foram compostos por pisos de CLT suportados por colunas de CLT com conexões em aço. O prédio contém dois núcleos de concreto (COR) que auxiliam na estabilidade lateral, juntamente com a ação de diafragma dos pisos (CLT).

O edifício foi “envelopado” com uma pele de painéis em aço pré-fabricado

com revestimento de fibra de madeira laminada e a cobertura (montagem do telhado) em SBS (metálico).

FIGURA 37. Pollux Chung

FIGURA 35 e 36. Eric Poirier e KK Law

FIGURA 38. KK Law

A equipe do projeto usou uma abordagem de design integrativo em que to-

Além disso houve um menor desperdício de materiais, uma vez que bem

dos os trabalhadores das diferentes áreas trabalhassem em conjunto de maneira

integrado e especificadas todas as necessidades de materias evitando possíveis

que o gerente de construção trabalha em colaboração com os consultores de

erros e otimizando ainda mais o tempo.

design durante a fase de desenvolvimento, aprovações regulatórias e um amplo

planejamento pré-construção.

atualizado conforme a etapa construtiva, permitiram um resultado ainda mais pro-

gramado e organizado, de forma que foram a chave do projeto.

Como ferramenta essencial no processo de planejamento, o modelo VDC

As peças pré-fabricadas de madeira juntamente ao modelo em 3D sempre

(virtual design and construction) em 3D foi usado para desenvolver simulações que ilustravam as instalação e montagem descritas no cronograma de construção, desde acabamentos mecânicos à sistema elétrico e todos os demais complementos. Foram altamente detalhadas sendo para um real processo de “obra” virtual, permitindo o engenheiro de obra e os complementares à trabalharem nas instalações e procedimentos confirmando a viabilidade antes da real construção.

FIGURA 41. KK Law

Concluído em apenas 70 dias, sem considerar o tempo para a fabricação

dos painéis de madeira e os demais materiais relacionados, tal resultado somente foi possível com os inúmeros testes feitos com peças de madeira e em conexões reais nas mais diferentes escalas e como já dito anteriormente através de um FIGURA 39 e 40. Cortesia de natural

modelo em 3D. 35

7

MADEIRA

7.1 - MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL E O PORQUE DA MADEIRA

Os materiais mais utilizados hoje na construção civil são em primeiro lugar

Edificações eficientes, ecológicas e sustentáveis ao mesmo tempo, do pon-

o concreto e em seguida o aço para as estruturas metálicas, por último as es-

to de vista ambiental a madeira é o material que conta com todas estas vanta-

truturas em madeira começam a aparecer mostrando suas inúmeras qualidades,

gens, além das muitas qualidades dos demais produtos já presentes e muito bem

porém ainda pouquíssimo exploradas no Brasil, mas que vem aos poucos con-

consolidados na construção civil, o concreto e aço.

quistando seu espaço no mundo.

O maior obstáculo que as construções em madeira enfrenta hoje é o precon-

substituição completa do concreto pela madeira por exemplo, o correto seria

ceito vindo da falta de conhecimento e aprofundamento de todos os mais diver-

usufruir das vantagens de cada um transformando a construção mais eficiente

sos públicos e níveis, entretanto mostra-se como material extremamente vantajo-

em todos os quesitos: obras mais limpas com menos formação de resíduos, fi-

so por seu grande diferencial de ser renovável.

nanceiro, dando maior lucro ao mercado imobiliário fazendo com que gere um

O concreto além do seu alto consumo de energia e ser de fonte não reno-

maior numero de empregos, um espaço melhor de convivência para os que forem

vável é o segundo material mais consumido pela humanidade, sendo aproxima-

usufruir do ambiente, seja um comprador ou locatário e é claro por ultimo e não

damente produzidas/consumidas 3 toneladas/pessoa ao ano, perdendo apenas

menos importante, se não o mais importante, para o meio ambiente.

O ideal é utilizar um material atrelado ao outro, não há a necessidade da

para água, além de ser o responsável por 47% da emissão de CO2.

O aço por sua vez é ecológico, podendo ser reciclado, porém por sua alta

geração de resíduo, não é sustentável.

É preciso construir pensando no futuro, através de recursos renováveis, re-

duzindo o uso de materiais provenientes do extrativismo (estes que o planeta leva milhões de anos para produzir novamente) e consomem muita energia.

37

7.2 - BREVE HISTÓRICO

7.3 - TIPOS DE CONSTRUÇÕES EM MADEIRA

Tem-se observado um grande aumento na busca de novas soluções técni-

O consumo de madeira para construção dobra a cada ano que passa, e

cas e estruturais para construções na última década, e sem duvida a madeira é

cada vez mais existem novos métodos e técnicas construtivas, alguns exemplos:

a grande aposta da vez por suas inúmeras qualidades, sendo o principal fator da

CLT, MLC, NLT, LVL, entre outras. A escolha para construção do edifício de uso

afirmação anterior o perfil sustável associado a ela.

misto no Largo da Batata foi o mix entre o CLT e MLC.

Certamente a madeira é um dos materiais mais nobres e antigos, datada por

volta do período neolítico. Ao passar dos anos foi evoluindo em paralelo as novas

7.3.1 CLT (CROSS LAMINATED TIMBER) MADEIRA LAMINADA CRUZADA

tecnologias que iam surgindo, sendo até o início do século XX um dos principais materiais da construção, após este período os avanços pareciam não progredir

na mesma constância de antes e junto ao aparecimento do concreto armado a

produto de madeira engenheirada pré-fabricada feito de pelo menos 3 camadas

madeira apresentou grande declínio e passou a ser associada a algo de baixa

ortogonais de madeira laminada serrada que são coladas com adesivos estru-

qualidade e durabilidade, noções que prevalecem até os dias de hoje para grande

turais para formar um sólido retangular, moldado para aplicações em telhados,

parte da população.

pisos ou paredes.”

A definição do CLT pela ANSI (Norma Americana) é a seguinte: “O CLT é um

Nos dias atuais, os cidadãos e o governo passam a ter mais respeito e dar

maior importância ao contexto ambiental, o que permitiu um aprofundamento nos estudos das construções em madeira, de maneira que hoje é possível afirmar que suas propriedades e qualidades proporcionaram um novo processo de construir com baixo impacto ambiental oferecendo inúmeras vantagens que a colocam em pé de igualdade com as tecnologias convencionais, sendo um excelente aliado as recentes políticas ambientais, como por exemplo a da diminuição das emissões de CO2.

FIGURA 42 E 43. Diagrama CLT livro: 100 projects uk CLT - Waugh Thitleton

A tecnologia do CLT foi desenvolvida na Europa no início da década de

Como já é sabido a madeira é o único material da construção de fonte reno-

1990, estes que são painéis pré-fabricados de estrutura colada em lamelas dis-

vável, e estudos mostram que supera o aço e o concreto em termos de energia

postas à 90 graus que tiram proveito do sentido da fibra que conta com uma

incorporada, poluição do ar e da água. Além dos produtos em madeira continuam

maior resistência e são cortadas com extremamente precisas e já com aberturas

a armazenar o carbono absorvido pelas árvores durante o crescimento através

para portas, janelas e dutos.

da fotossíntese, a fabricação de madeira engenheirada requer significativamente

menos energia para produção ao comparada aos demais materiais hoje presentes

Depois de prontos, os painéis são transportados para o canteiro de obras e

montados com guindastes e uma pequena equipe de construção. As paredes e os

na construção civil.

pisos são unidos usando conectores de metal.

alteradas e remodeladas, além de totalmente recicláveis quando chegam ao final

A alta resistência do material permite que sejam construídos prédios em

madeira nunca antes vistos, com 30 andares por exemplo. As laminadas cruzadas

Por tratar-se de um material pré-fabricado, as edificações são facilmente

de sua vida útil. Hoje o valor do CLT mostra-se competitivo no mercado.

criam propriedades de resistência uniforme, assim como do concreto e aço.

O desempenho em casos de incêndio é também melhor do que de qualquer

7.3.2 MLC (MADEIRA LAMINADA COLADA)

outro sistema em madeira, concreto e/ou aço, sendo um grande atributo a formação de uma crosta térmica sólida permitindo que um lado do painel esteja em

chamas e o outro permaneça em em temperatura ambiente.

conta do seu nome em inglês “Glue Laminated Timber” é um material fabricado

Ótimo isolante acústico, com um processo de construção é quase silencioso

através da união de segmentos individuais colados com uma cola industrial e a

e a madeira proporciona uma grande melhoria no desempenho acústico, podendo

conexão entre as peças pode ser feita através de parafusos, buchas ou chapas

satisfazer as mais rigorosas classificações acústicas.

de aço.

Quanto a durabilidade do material, com as manutenções adequadas a es-

O MLC, Madeira Laminada Colada ou também conhecida como Glulam, por

Uma grande vantagem do MLC é sua alta durabilidade e resistência a umi-

trutura em madeira proporciona uma via longa e útil e o segredo é ter um plane-

dade, podendo reproduzir formas únicas, arqueadas e/ou curvas, sendo indicado

jamento cuidadoso.

para utilização em vigas, pilares, coberturas, passarelas, escadas, painéis e em revestimentos diversos.

39

Outro ponto interessante é a possibilidade da escolha de diferentes tonali-

dades, já que há uma infinidade de espécies de madeira disponíveis.

protegendo seu interior.

Como já é sabido, a construção com madeira é sustentável uma vez que tra-

balhada com bons fornecedores, estes que atuam com madeira produzida através do reflorestamento. Um ponto importante que se deve sempre ser levado em conta é a confirmação e busca pelo selo de certificação FSC (Forest Stewardship Council), que garante tal informação.

Como já diz o nome, a fabricação acontece através da colagem de lâminas,

de maneira que suas fibras fiquem paralelas entre si dando uma maior resistência.

FIGURA 44. Diagrama MLC fonte: Archwood. Imagem Peetri Puit

Como dito anteriormente, possui uma alta capacidade de carga, isto junto a

seu baixo peso próprio, permite dimensões singulares, como por exemplo a possibilidade de vão de até 100 metros sem apoio intermediário e além disso a leveza do material facilita as manutenções e as etapas de montagem e desmontagem.

Estudos comprovam que aproximadamente uma viga em MLC comparada a

uma viga em concreto de mesmo volume, pode chagar a pesar aproximadamente 5x menos.

Assim como o CLT, possui uma alta resistência ao fogo, podendo dizer que

inclusive é maior do que a resistência do aço, já que se cria uma camada carbonizada ao redor do núcleo da madeira, diminuindo a entrada de oxigênio e

7.4 - QUALIDADES DAS CONSTRUÇÕES EM MADEIRA - Produto renovável;

- Boa relação peso e resistência;

- Menor consumo de energia (material in natura se aproxima muito do produto

- Soluções simples e eficientes de conexão entre peças;

final);

- Racionalização e redução de desperdício de matéria-prima;

- A madeira hoje é um grande concorrente das tecnologias convencionais como

- O pó de serra gerado pode ser reaproveitados, como exemplo para compostagem;

o concreto e o aço;

- Uso de sistemas automatizados e computadorizados no processo produtivo

- Maior eficiência;

- Rapidez de montagem, o que proporciona ganhos de produtividade e desempenho

- Ecológico e sustentável;

(produtos pré-fabricados);

- A proporção da emissão x “captação” de CO2 entre construções de concreto e

- Custo competitivo aos materiais tradicionais;

em madeira é: 1 m2 de concreto produz 1 tonelada de co2 enquanto que 1 m2de

- Propriedade “plástica” o que permite ser moldado e facilmente cortado por

madeira sequestra 1 tonelada de co2;

robôs;

- Durável; - Fácil trabalhabilidade;

41

8

O PROJETO

O PROJETO

8.2 - PROBLEMÁTICA

Um largo, um bairro, uma cidade. Pessoas e veículos, lazer e trabalho. O

Manifestações, atividades culturais, artísticas, compras, emprego, politica e

projeto pretende buscar diferentes alternativas de usos para [re]ativar o largo da

religião, permanência e passagem, é um pouco do que o Largo da Batata recebe

batata.

durante os diferentes dias e horários da semana, com esta dinâmica variável que

poucos locais podem fornecer igual.

Além da transposição que atravessa a Av. Faria Lima cedendo um novo

acesso ao Metro, cria um redesenho do espaço urbano que convida quem por ali

passa à ficar, conhecer, trabalhar e morar.

ônibus, carro ou bicicleta, no coração do bairro de Pinheiros, local central de São

Paulo.

Criado de forma dinâmica com programas que colaborem com atividades ja

Está à 20 minutos de grande parte dos lugares da cidade, seja de metrô ou

existentes no local, como: o comércio, um grande espaço para receber feira livre,

Em meio a tanta área construída, aparece um terreno de quase 10.000 m2

e manifestações.

sem uso algum (até então), com aspecto de abandono, espaço que pede atenção

Em conjunto ao uso do espaço público, foi pensada a forma construtiva do

especial para mudança, não apenas o lote, mas todo seu entorno, levando mais

edifício, para que assim acompanhasse o que existe hoje no mercado de mais

vivacidade, integração, segurança, qualidade de vida e acima de tudo a conexão

atual e melhor planejado, sendo então uma estrutura híbrida, majoritariamente em

do cidadão com a cidade.

madeira, resultando em uma construção sustentável e ecológica.

O edifico implementado em estrutura de madeira pode vir a sofrer precon-

ceito pela falta de conhecimento da grande maioria, mas diversos países já ado-

8.1 - CONCEITO

tam a construção mais pura presente no mercado com este material provido de uma fonte renovável, o que sustenta ainda mais tal uso.

A premissa inicial foi o desenvolvimento urbano, humano e sustentável não

apenas para a área em que o projeto está inserido, mas uma melhoria para cidade e para todos.

O uso da madeira para o edifício vem de encontro com as discussões mais

atuais do mundo, a cidade construída hoje, mas pensada para o futuro.

43

8.3 - JUSTIFICATIVA

8.4 - OBJETIVO

Através de toda análise feita, foi identificado um enorme potencial projetual

O objetivo de ampliar o espaço coletivo através do território privado ganha

da área, com o propósito de fornecer um espaço de permanência agradável e

outra dimensão, ultrapassando o lote fechado e passando a fazer parte de uma

convidativo, com vivacidade, conexão e compartilhamento.

infraestrutura mais consolidada, reunindo áreas comerciais, empresariais e resi-

O largo da Batata é um local de encontro no bairro de Pinheiros que con-

denciais, além de opções de lazer e entretenimento no térreo atendendo a todos,

centra até hoje vendedores ambulantes, feiras itinerantes e um grande numero

tudo isso feito de tal maneira que proporcione melhoria da qualidade de vida no

de comercio no entorno. Com a estação de metro chegando exatamente no local,

grande centro urbano de São Paulo.

diversos pontos de ônibus, uma rede cicloviária e os escritórios próximos, o mo-

vimento é grande durante o dia para estas finalidade e durante a noite de pessoas

mentado, a construção em madeira já se mostrou diversas vezes acompanhar as

em busca de vida noturna.

vantagens dos materiais mais utilizados na construção em inúmeros projetos pelo

Além do caráter social que o Largo carrega, com o grande numero de mani-

Através da construção mais pura hoje do mercado o edifico será imple-

mundo. Empreendimento feito hoje, mas pensado para o amanha.

festações ocorrendo la, percebe-se a grande necessidade de intervenção numa área que parece por muito ser um local de passagem e não permanência.

8.5 - MEDIDAS/ DIRETRIZES

Largos em cidades grandes e tão verticalizadas como São Paulo deveriam receber seu devido valor, como um espaço que privilegia a cidade e seus cidadãos.

• Eliminação das estações existentes e mudança do acesso ao metro por este

novo túnel de pedestres;

O complexo de uso misto aparece levando quase como obrigatório o uso

dos 5 metros escavados já existntes, mas diferente do imaginado este espaço be-

• Aproveitamento de um desnível existente de 5 metros dando uso ao que encon-

neficia o pedestre e não o carro com espaços de convivência, comercio, serviço,

tra-se subutilizado, além do novo acesso ao metro;

alimentação e apoio ao metro, com espaço de informação e bilheteria, já que a

• Conexão subterrânea dos dois lados do Largo que hoje encontram-se divididos.

estação foi eliminada e os acessos acontecerão por ali.

• Passagem larga, com rampas com inclinação acessível; • Conexão história e visual, entre igreja e mercado mantida;

• Térreo ativo, com comércio, serviços;

• No residencial apesar da menor versatilidade de planta por conta do CLT, foram

• Um grande espaço livre preparado para receber exposições ao ar livre temporá-

desenvolvidas diferentes opções de apartamentos dando a possibilidade à um

rias de grande ou pequeno porte, atraindo ainda mais as pessoas;

uso diverso e a atender alguns públicos e não estritamente um.

• Não haverá subsolo com estacionamento por se encontrar em um local estra-

• Projeto pensado para a cidade ideal do futuro, através da construção mais pura

tégico em relação aos principais pontos da cidade, além do metrô chegando no

hoje do mercado;

local, diversos pontos de ônibus e ciclovia; • Como o Largo da Batata encontra-se em um eixo comercial bem ativo, nos primeiros pavimentos serão locadas algumas salas de diferentes tamanho com a opção de junção de uma ou mais sala para diferentes usos, alem de facilitar o uso para um coworking já que existem inúmeras empresas hoje no mercado investindo em espaços dinâmicos e rotativos; • A arquitetura como forma de pesquisa através do uso da madeira; • Edifício de construção híbrida, sendo o SS e o térreo em concreto e os demais pavimentos em madeira, para os pavimentos comerciais a escolha do MLC também conhecido como GLULAM (madeira laminada colada), são compostos por vigas e pilares em madeira que permitem uma maior versatilidade nas divisórias internas, possibilitando um maior numero de possibilidade de plantas. Os demais pavimentos são estritamente residencias e em CLT (cross laminares timber) - madeira laminada cruzada, esta não faz o uso de pilares e vigas ja que suas paredes e lajes já fazem o papel estrutural e inclusive já possibilitam a passagem das tubulações por suas divisórias (sem necessidade de shafts).

45

8.6 - ETAPAS DE PROJETO 8.6.1 ETAPA 01

Os croquis iniciais mostram uma visão focada no edifício e não no urbano,

O projeto inicialmente resultou na volumetria vista a seguir, que após uma

este pensamento não solucionaria a problemática do largo da batata encontrada

melhor compreensão do que se passava no local, trouxe um redesenho ainda “tí-

posteriormente. O projeto e os desenhos de desenvolvimento mudam drastica-

mido” do largo e ainda diferente do que era necessário.

mente dos vistos abaixo, mas através destes que é possível ver um amadure-

cimento do pensamento e uma mudança de diretriz que influenciou para uma

maneira que possibilitaria um fluxo interno para o empreendimento.

Por outro lado foi criado um novo acesso ao metro (de um dos lados) de

finalização de projeto pensada no urbano, na cidade e o edifico agregando e não segregando.

CONEXÃO HISTÓRICA E VISUAL

CONEXÃO VIÁRIA

Os diagramas explicam o que estava sendo pensado para o complexo de

8.6.2 ETAPA 02

edifício nesta etapa.

A partir da primeira proposta de volumetria foi possível compreender os

erros e acertos para um estudo mais aprofundado do local, possibilitando um projeto melhor pensado e desenhado para o Largo da Batata.

Fluxos

Volumetria Conexões

Térreo

Fluxos

Gabarito

Comércios/Serviços Restaurantes, cafés e bares

Estudo de implantação

Salas para usos diversos Residencial Escritórios Espaço para exposições e apoio manifestações 47

CROQUIS

Conexão subterrânea + novo acesso ao metrô

Aproveitamento do desnível de 5 metros já existente.

Sobreposição da planta do metrô com a imaplantação.

Permanência das árvores existentes e estudo de um volume de uso misto (menos agressivo e mais convidativo).

A preocupação com o “outro lado” surge conectando o que hoje encontra-se dividido

Os estudos resultaram no croqui apresentado abaixo, este foi o que mais se

Também foi pensado para que o espaço livre permanecesse extenso, tal

aproximou do projeto urbano final, que por sua vez tenta solucionar princípios

como é hoje de maneira que não perdesse a característica de largo, podendo

que antes estavam sendo deixados de lado.

continuar a receber as inúmeras manifestações de quaisquer partidos ou crenças.

Comer, trabalhar, rezar, passear e ficar, a mudança da estação do metro, com a sua total demolição foi proposto uma nova chegada no meio da transposição criada, esta que por sua vez, conecta um mesmo largo que antes aparecia segregado.

O subsolo acontece como uma extensão da rua, através do recorte no ter-

reno já existente. O rasgo no térreo libera bastante iluminação natural e o acesso acontece por arquibancadas que dão à uma espécie de “palco” onde não contém nenhum programa específico, para que justamente o povo escolha seu melhor uso.

Estudo feito mais próximo da implantação final. Conexão subetrrânea aparece de maneira mais clara e edifício toma uma forma mais próxima do resultado final.

Além disso, o espaço embaixo da arquibancada foi otimizado tornando-se

em uma área técnica, com espaço para geradores, centro de medição, reservató-

PROJETO URBANO: IMPLANTAÇÃO

rios, depósitos, copa e vestiário para funcionários. Também foi locado um W.C.

para os que virão a visitar o local.

A cidade pede espaços mais generoso e convidativos e este foi justamente

o motivo número um, a necessidade junto a funcionalidade desenharam a ocu-

pação do solo. Os princípios citados anteriormente da conexão visual e histórica

exceto quando acompanha a malha estrutural do edifício, seu core chega ao SS

entre mercado e igreja foram adotados para resultar no que é possível observar

apenas com acesso para os pavimentos comerciais.

hoje, nenhuma arvore era existente neste eixo o que permitiu fortalecer ainda

mais tal aspecto. As áreas permeáveis foram desenhadas em cima de um projeto

serviço, além destes displays soltos forma propostos em diferentes layouts mos-

existente, porém de uma maneira mais generosa, criando locais de permanência,

trando diversas possibilidades para os mais diversos usos.

sombra e estar para todos.

A modulação de pilares em concreto ocorre em uma malha de 12x7,5 m,

No perímetro deste pavimento foram locados espaços para comércio e/ou

49

PROJETO URBANO

A

A

B

B

51

CORTE AA ( rampa acessĂ­vel)

Ampliação novo acesso ao metrô

53

CORTE BB ( escada/arquibancadas)

55

IMAGEM PROJETO URBANO

ISOMÉTRICA GERAL

57

EIXO VISUAL - CONEXÃO HISTÓRICA

CONEXÕES

59

O EDIFÍCIO

8.6.3 ETAPA 03: O EDIFÍCIO O projeto que iniciou como um edifício, tornou-se em um projeto urbano devido a problemática encontrada no Largo, mas uma vez que resolvido, ele volta a ser

(em concreto), por isso os elevadores viram as costas uns para os outros e a escada de emergência é em X, de maneira que s pessoas usufruam de uma mesma caixa, mas não se cruzem ao percorrer a rota de fuga.

desenvolvido e desta vez de maneira que agregue não apenas ao espaço mas a

As entradas foram pensadas de forma mais discretas para fachada, para que

cidade e ao planeta, com uma construção mais limpa, ecológica e sustentável

assim não se tornassem protagonistas. A chegada do residencial acontece pela

sendo um modelo para próximas edificações da cidade.

Rua Dr. Manoel Carlos Ferraz de Almeida, rua que é fechada para pedestres (com

A ideia desde o início foi de um edifico de uso misto. Os escritórios presentes

acesso regulado para veículos autorizados), dando mais privacidade para quem

são sustentados pela localização, já que o projeto se encontra em um eixo comer-

ali mora. Já a entrada do comercial acontece pela Rua Teodoro Sampaio por ter

cial muito importante da cidade, além de estar ao lado de uma estação de metro

um maior fluxo de pessoas e veículos.

que conecta diversos pontos. Dito isso, por contar com uma grande quantidade

A estrutura do edifício é hibrida, onde a fundação, o subsolos, o térreo e o CORE

espaços comerciais, existe também o baixo número (no eixo) de unidades habita-

são em concreto e o restante dos andares em madeira laminada, porém o uso do

cionais, sustentando o porquê do residencial.

tipo de madeira se diferencia de acordo com o programa, onde os pavimentos

O térreo ativo se da pelo simples fato de possibilitar os “olhos para rua” tanto

comerciais são em MLC (madeira laminada colada), estes que são estruturados

citados por Janes Jacobs, local que já conta com acesso ao metro, inúmeros

por pilares e vigas e os pavimentos residenciais em CLT (cross laminated timber

pontos de ônibus, um mercado municipal e ruas de comercio próximas, não po-

- madeira laminada cruzada), onde suas paredes e lajes já são estruturais.

deria receber um edificou que interrompesse tal fluxo, mas agregasse dando vida

Toda parte em madeira fica para dentro dos fechamentos. Nos andares em MLC

através do programa e não virando as costas para o que já é existente, além de

os pilares da fachada foram desenvolvidos de maneira que ficassem na diagonal

conectar o edifico ao subsolo, que também conta com as mesmas características

como uma treliça (espessura de 60x60 cm) acompanhado de uma viga de borda

de uso.

de 80 cm e internamente pilares de 35x35 cm que seguem a mesma malha estru-

Os acessos foram pensados de maneira que não ficassem juntos, residencial e comercial, mas ao mesmo tempo compartilhando de um mesmo CORE

tural dos pilares em concreto do pav. térreo. O entorno desses pavimentos recebe floreiras com um material de mesma aparecia ao MLC, estes preparados para ficarem expostos as intempéries e com vegetação.

61

Os andares residenciais em CLT, contam com painéis divisórias também acom-

PAV. COMUM RESIDENCIAL - CLT

panhando os eixos estruturais, de forma que já desenhem as unidades internas (estas que variam de 33m2 a 90m2). A grande vantagem do material além de todas as características de uma construção mais pura por ser em madeira é que suas paredes já servem como espaços para passagem de tubulações e chegam à obra prontos com todas as aberturas necessárias seguindo projeto. O fechamento na

PAVIMENTOS RESIDENCIAS - CLT

fachada dos andares residenciais acontece de maneira dinâmica, possibilitando brincadeiras internas de layout e proporcionando o melhor conforto térmico.

PAV. COMUM COMERCIAL - MLC

PAVIMENTOS COMERCIAS - MLC

PAVIMENTOS TÉRREO (COMÉRCIO E SERVIÇOS) - CONCRETO

DIAGRAMAS

DIAGRAMA GERAL - APROXIMAÇÃO EDIFÍCIO

63

DIAGRAMAS

MATERIAIS

Madeira CLT (residencial) Madeira MLC (comercial) Concreto (comércio e serviço)

DIAGRAMAS

CIRCULAÇÃO

Circulação edifício (CORE) Circulação térreo - SS (acesso ao metrô)

65

PLANTAS

Planta Subsolo - Concreto

PLANTAS

Planta Pav. Térreo - Concreto

67

PLANTAS

Planta Pav. Tipo Comercial - MLC

Planta Pav. Comum Comercial - MLC

PLANTAS

Planta Pav. Tipo Residencial - CLT

Planta Pav. Comum Residencial - CLT

69

CORTES

Corte CC

Corte DD

CORTES

Cortes construtivos - detalhe floreira

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 14 15 16 17 18 19 20

01 - rufo 02 - manta de impermeabilização 03 - proteção mecânica 04 - vegetação 05 - painél de madeira acóia 06 - terra 07 - floreira em concreto celular 08 - grelha 09 - cantoneira 10 - tyvek

11 - laje em madeira mlc 12 - forro 13 - pingadeira 14 - espaço para passagem de dutos e fiações 15 - viga em madeira MLC 16 - montante 17 - caixilho 18 - piso acustico 19 - argamassa para aplicação do piso acabo 20 - piso acabado

71

TRANSIÇÃO DE ESTRUTURA

Concreto para madeira (MLC) - Térreo com pav. comercial

pilar em madeira - MLC

pilar em madeira - MLC conector metálico

concreto

conector metálico

TRANSIÇÃO DE ESTRUTURA

Conexão viga com pilar em madeira (MLC) - Pav. Comerciais:

viga em madeira - MLC conector metálico

conector metálico

viga em madeira - MLC

73

TRANSIÇÃO DE ESTRUTURA

Conexão laje com painel em madeira CLT - Pav. residenciais

parede CLT

parede CLT

conector metálico conector metálico

ELEVAÇÕES

Elevação 01 75

ELEVAÇÕES

Elevação 02

ELEVAÇÕES

Elevação 03 77

ELEVAÇÕES

Elevação 04

79

vista para o mercado

81 vista para a igreja

acesso ao subsolo - arquibancadas

83

rampa acessĂ­vel

85

9

CONCLUSÃO

A proposta não tem como objetivo a estagnação da cidade para promover

a memória, mas uma transformação ponderada. O projeto de pesquisa foi fundametal para o redesenho do solo, de maneira que a conexão histórica e visual foi mantida través da transposição subterrânea criada que conecta os dois lados do largo da batata e cria um novo acesso ao metro.

A partir da premissa de projeto e através de recursos renováveis, é possivel

projetar para se construir de maneira mais limpa, a maderia usada como matéria-prima e associada as vantagens das tecnologias mais convencionais utilizadas na construção civil, resultam em um edifício hibrido, hibrido não apenas em seu uso, mas também na construção.

Estas iniciativas vêm com o objetivo de ampliar o espaço coletivo através do

território privado, configurando-se como um importante passo rumo a melhoria da qualidade de vida no grande centro urbano de São Paulo.

87

10

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91

Fundação Armando Álvares Penteado Faculdade de Arquitetura e Urabniamso Victória Teixeira Herling