Casa de Cultura para Município de Rolândia

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO FACULDADE PITÁGORAS LONDRINA

CASA DE CULTURA PARA A CIDADE DE ROLÂNDIA-PR: TEATRO MULTIFUNCIONAL

CARAPELLI, Victor H.1 Graduando em Arquitetura e Urbanismo - Faculdade Pitágoras BERTACHI, Caroline H.2 Professora Mestre em Arquitetura e Urbanismo - Faculdade Pitágoras

Resumo: A partir do diagnóstico sobre a carência de equipamentos culturais adequados para acolher as mais diversas demandas da cidade de Rolândia-PR, o presente trabalho se propôs a elaborar um Anteprojeto de Arquitetura (e Urbanismo) para uma Casa de Cultura, visando atender à população local, além possíveis visitantes de cidades vizinhas, incorporando-se assim ao circuito cultural da região metropolitana de Londrina. Por meio de revisão de literatura sobre a temática e o contexto histórico da cidade, bem como a análise de referências projetuais em três vertentes: funcionais, formais e estéticas, chegou-se no conceito e partido do projeto, que se inspira nas ressonâncias formais da arquitetura vernacular alemã para se descontruir em um grito pela cultura. Como resultado, destaca-se: a sala de Teatro Multifuncional com capacidade para comportar até 500 pessoas; a relocação da Secretaria de Cultura do município, a fim de assegurar o uso diário da edificação; e a apropriação de duas pequenas praças vizinhas, que somadas ao terreno escolhido, oferecem espaços de permanência, contemplação e sociabilização, fundamentados em diretrizes sobre qualidades urbanas.

Palavras-Chave: Casa de Cultura; Teatro Multifuncional; Lazer Cultural; Espaço Público; Qualidade Urbana;

Abstract: Based on the diagnosis of the lack of adequate cultural facilities to accommodate the most varied demands of the city of Rolândia-PR, the present work proposed to prepare a Preliminary Architecture (and Urbanism) for a House of Culture, aiming to attend to the local population , besides possible visitors from neighboring cities, thus joining the cultural circuit of the metropolitan region of Londrina. Through a review of the literature on the theme and historical context of the city, as well as the analysis of design references in three aspects: functional, formal and aesthetic, the concept and party of the project, inspired by the formal resonances of the German vernacular architecture to disintegrate into a cry for culture. As a result, it stands out: the Multifunctional Theater room with capacity to hold up to 500 people; the relocation of the Department of Culture of the municipality, in order to ensure the daily use of the building; and the appropriation of two neighboring small squares, which added to the chosen terrain, offer spaces for permanence, contemplation and socialization, based on guidelines on urban qualities.

_______________________________ 1 Discente, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Pitágoras, Londrina/PR, victorcarapelli@gmail.com 2 Docente, Mestre em Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Pitágoras, Londrina/PR, caroline.h.bertachi@gmail.com

Keywords: House of Culture; Multifunctional Theater; Cultural Leisure; Public place; Urban Quality;

1. INTRODUÇÃO A proposta para a Casa de Cultura em Rolândia-PR surgiu após uma sondagem sobre o lazer cultural da cidade, onde se diagnosticou não haver equipamentos culturais adequados e capazes de suprir as necessidades e demandas da comunidade rolandense. Atualmente, a cidade possui um único auditório, o Centro Cultural Nanuk − com capacidade limitada para até 250 pessoas e pouca infraestrutura técnica − que dá suporte para a maior parte dos eventos, como palestras, encontros e pequenas apresentações teatrais. Como consequência dessa carência, observa-se o enfraquecimento da cultura local, tendo em vista que eventos maiores se tornam inviáveis, o que acaba dificultando o acesso a esses tipos de atividades culturais pela população.

Rolândia é um munícipio de pequeno porte localizado no norte do Paraná, mais precisamente na região metropolitana de Londrina − conhecida por receber diversas atividades culturais, onde se destacam o Festival de Música de Londrina (FML), com mais de 60 apresentações musicais, e o Festival Internacional de Londrina (FILO), que reúne mais de 120 espetáculos teatrais diversos. Nesse sentido, pressupõe-se que com a instalação da Casa de Cultura, Rolândia possa ser inserida a esse circuito cultural metropolitano, recebendo não apenas a comunidade local, mas também visitantes de cidades vizinhas, influenciando indiretamente na economia e no desenvolvimento da cidade.

2. OBJETIVO No intuito de suprir essa lacuna de espaços e edificações adequadas para acolher as mais variadas atividades culturais − e de lazer, o presente trabalho se propôs a desenvolver o Anteprojeto de um teatro multifuncional, nomeado de Casa de Cultura. Além disso, sabe-se que tão importante quanto ter um equipamento cultural propício, é este estar implantado em localização de fácil acesso à maior parte da

população, aumentando o número de potenciais usuários. Seguindo esta lógica, buscou-se um terreno na região central da cidade e de caráter público.

Ademais, o Anteprojeto da Casa de Cultura pretende sediar a Secretaria de Cultura Municipal, hoje instalada em um espaço improvisado. A ideia da relocação da Secretaria de Cultura é garantir o uso diário da edificação e não apenas em dias de eventos e espetáculos, além de dar fomento as atividades culturais. O objetivo é que a Casa de Cultura venha despertar e incentivar maior interesse por parte do público para novos festivais, espetáculos, eventos, etc.

3. A CIDADE E O DIREITO À CULTURA 3.1. A escolha do terreno A escolha do terreno para a instalação da Casa de Cultura teve como premissa estar uma região bem localizada, de fácil acesso à população e ter um caráter público, para que as pessoas se apropriem e utilizem os espaços livres e abertos ao redor da edificação. Desta forma, o terreno selecionado se encontra no centro de Rolândia, faceando sua principal Avenida (Castro Alves) − via responsável por conectar os bairros da cidade, além dos acessos para as cidades vizinhas: Londrina e Arapongas.

Figura 1 - Localização do terreno em relação à cidade de Rolândia Fonte: Google Maps (2011), adaptado pelo autor (2018)

Ao se definir a escolha do terreno, observou-se a presença de duas pequenas “praças” (espaços livres de uso público) vizinhas, caracterizadas pelo vazio e pela falta de uso das mesmas pela população. Assim, o presente trabalho se apropriou das

mesmas na intenção de incorporá-las aos seus espaços livres. A ideia é que o programa destinado aos espaços públicos da Casa de Cultura transpasse os limites do terreno e abracem essas “praças” em todo seu potencial de uso e sociabilização.

Figura 2 - Situação do terreno e das “praças” vizinhas Fonte: Google Maps (2014), adaptado pelo autor (2018)

3.2. A história do terreno A história do terreno teve seu início com a doação da Cia. de Melhoramentos do Norte do Paraná à Sociedade São Vicente de Paula. Antes inserido numa Zona Especial, o terreno foi alugado à prefeitura municipal durante muitos anos, o intuito era a instalação de equipamentos de saúde. No entanto, devido à má conservação e manutenção da edificação, a mesma entrou em desuso, ficando em situação de abandono. Sem interesse por parte do poder público em transformar o local em um bem comum à sociedade, a proprietária do terreno encontrou como alternativa à negociação do mesmo com uma empresa do setor privado. Assim sendo, como consequência da venda do terreno, houve a alteração do zoneamento, que de Zona Especial se transformou em Zona Comercial.

Atualmente, o uso do terreno se encontra em fase inicial de construção de um edifício vertical comercial. Nesse sentido, questiona-se se este seria o uso mais adequado para um terreno tão bem localizado em relação à todas as regiões da cidade. Tendo em vista a carência por equipamentos culturais em Rolândia e o histórico de uso do terreno, o objetivo é fazer um contraponto ao seu uso destinado, propondo em seu lugar uma Casa de Cultura. Em relação ao melhor uso para o terreno, o que é melhor para a cidade e seus habitantes? Um edifício comercial beneficiando alguns indivíduos do setor privado − que poderia se instalar em qualquer

outra localidade da cidade − ou uma Casa de Cultura, implantada na região central, com potencial de atender e acolher um maior contingente da população da cidade?

3.3. O entorno do terreno A análise de entorno colaborou no entendimento de como a Casa de Cultura impactaria na região, desde o impacto viário com o sobrecarregamento de vias, até o impacto social com a inserção de um equipamento cultural de grande. Por meio do estudo do uso e ocupação do solo urbano, constatou-se a presença predominante de usos residenciais e comércios de pequeno porte no entorno imediato do terreno escolhido. De modo geral, pode-se dizer que a maior parte dos usos comerciais se localizam ao longo da avenida que faceia o terreno, o que assegura a movimentação constante de pessoas ao longo do dia e consequentemente, a grande visibilidade da nova Casa de Cultura enquanto novo marco arquitetônico cultural da cidade.

Sobre o sistema viário, notou-se que as vias que compõe o entorno do terreno se configuram por duas vias estruturais, uma via coletora e as demais vias locais, propiciando um fluxo fluído de veículos durante o dia todo. Em horários de picos, quando a via estrutural principal – Avenida Castro Alves fica levemente sobrecarregada – as vias locais são capazes de redirecionar esse carregamento de veículos, pois a maioria das vias possuem direção dupla de trajeto, facilitando o fluxo de carros. Com a inserção da Casa de Cultura, pressupõe-se que o tráfego de veículos fique sobrecarregado em períodos de espetáculos. Para solucionar este possível problema, a “praça” apropriada ao norte do terreno será usada como direcionadora de trânsito para o acesso ao estacionamento, a fim de evitar a obstrução das vias.

Além disso, fez-se pertinente investigar a densidade populacional da região, uma vez que, segundo Gehl (2010), para que as pessoas utilizem os espaços da Casa de Cultura, é preciso que essas pessoas existem. Ou seja, é preciso que exista demanda (pessoas) para o que será ofertado (Casa de Cultura). Assim, por meio das estimativas do IBGE (2010), foi constatado que na região central de Rolândia, onde o terreno está localizado a densidade é de 2300 a 4100 habitantes por quilometro quadrado, caracterizando uma região bem adensada e assegurando a demanda de usuários suficientes para a Casa de Cultura. Logo, reforça-se a escolha do terreno, justificada por sua localização em uma região bem adensada da cidade.

Na intenção de compreender como as edificações se configuram ao longo do entorno do terreno, foram analisadas as relações entre os espaços construídos e os espaços vazios. Por meio deste estudo, foi possível observar uma densidade de edificações bastante consolidada nas imediações da nova Casa de Cultura. Ou seja, o entorno possui poucas áreas vazias. Outra observação importante é em relação a maneira que essas edificações se configuram em seus lotes. Percebeu-se que a maioria delas respeita o recuo frontal, formando desta forma, um novo alinhamento.

Além disso, as edificações se encontram bastante próximas, com mínimos recuos laterais. Por fim, observou-se a presença predominante de edificações de pequeno porte, com algumas exceções, em sua maioria de usos institucionais.

Entende-se a importância desses tipos de análise para melhor compreensão da configuração e contexto do ambiente construído. Justifica-se, pois, para que um projeto se integre ou se desconecte de seu entorno e paisagem imediata, é preciso compreender por várias lentes todas as variáveis que compõe esse contexto.

4. AS RESSONÂNCIAS DA ARQUITETURA VERNACULAR ALEMÃ Rolândia é uma cidade com uma forte influência cultural de seus imigrantes, principalmente os alemães, com os quais firmaram aliança no período do café, época que mantinham um intercâmbio comercial. Exemplo disso são as construções das primeiras instituições da cidade pelos alemães, como igrejas, hospital e escola.

Atualmente, a cultura alemã não é mais tão forte em Rolândia, no entanto os traços de sua influência ainda se sobressaem em algumas construções da cidade. No entanto, Weimer (1983) salienta que as edificações construídas na Alemanha obedeciam a valores específicos, que foram posteriormente adaptados ao modo de vida e técnicas construtivas da realidade local. Dentre todas as técnicas da arquitetura vernacular alemã, a descoberta da triangulação, conhecida como enxaimel, se tornou o princípio básico da estática e significou para as casas alemãs a mesma relevância que a roda para o transporte.

Logo, o projeto da Casa de Cultura se inspirou nas ressonâncias formais da arquitetura vernacular alemã para se descontruir em um grito pela cultura.

5. OS ESPAÇOS LIVRES DE USO PÚBLICO Um bom espaço público segundo Caccia (2017), é aquele que reflete a diversidade e estimula a convivência entre as pessoas sem esforço, criando condições necessárias para a permanência e convidando as pessoas a utilizarem o local, promovendo sua vitalidade urbana. Deste modo, com base nos princípios de Gehl (2010) e do PPS (2018), cujo foco primordial é a usabilidade dos espaços públicos, a proposta para a Casa de Cultura, fundamentou-se nas seguintes diretrizes: proteção contra o tráfego, segurança nos espaços públicos; proteção contra experiências sensoriais desagradáveis; espaços para caminhar, permanecer, observar, conversar e exercitar.

Estes critérios permitiram criar um mosaico de ideias que auxiliaram no desenvolvimento dos espaços livres de uso público da Casa de Cultura.

6. REFERÊNCIAS PROJETUAIS A análise das referências projetuais que contribuíram no desenvolvimento da proposta foram divididas em duas esferas: os correlatos de obras arquitetônicas e os correlatos de bons espaços públicos. Ainda, dentre as referências arquitetônicas, estas foram subdivididas em três categorias: funcionais, técnicas e formais. Já dentre as referências urbanas, estas foram extraídas de maneira pontual, conforme as diretrizes de Gehl (2010) e do PPS (2018).

Figura 3 - Grand Teatro Albir na França Fonte: Archdaily (2015)

Em relação ao correlato funcional de arquitetura, foi estudado o projeto do Grand Teatro Albir na França, do escritório de Dominique Perrault Architecture.

Embasado nele, decisões de projeto como o acesso à edificação por meio de um hall de entrada envidraçado, a disposição dos ambientes distribuídos dentro de um único

bloco, o grande foyer e sua relação com o exterior, a praça como objetivo de integração com a edificação, programa de necessidades e a configuração de sua implantação do terreno.

Para o auxílio das questões técnicas e funcionais de um teatro, foi estudado a obra do Teatro Riachuelo de Natal, do arquiteto Ângelo Cecco e Rafael Perrone. As diretrizes extraídas foram os materiais adequados para o tratamento acústico da sala de espetáculos e a tecnologia utilizada para a adaptação e a variação do piso da plateia.

Figura 4 - Palco Teatro Riachuelo em Natal/RN Fonte: Acervo Virtual Teatro Riachuelo Natal (www.teatroriachuelonatal.com.br)

Outras duas obras: o Teatro Àgora − do arquiteto UNStudio em colaboração com B + M, Den Haag, e o Ark of Light salão de exposições da cidade de Yubei Qu − dos arquitetos Shanghai Tianhua Architecture Planning & Engineering, auxiliaram no desenvolvimento funcional e formal da Casa de Cultura. Do primeiro, foram extraídas a linguagem da fachada, com multifaces triangulares sobrepostas; além do programa de necessidades, a disposição dos ambientes e a relação da edificação com a cidade.

Já da segunda obra, serviu de inspiração pela exuberância dos materiais utilizados, como o vidro, a madeira e a grande casca com volume pesado de estrutura metálica revestida em placas de ACM.

Figura 5 - Fachada e interior do Teatro Ágora Fonte: Archdaily (2014)

Figura 6 - Fachada principal Ark of Light Fonte: Archdaily (2018)

Já em relação aos correlatos de bons espaços públicos, pode-se pontuar: •

Segurança dos usuários: foi analisada uma proposta para uma rua da cidade de Hoboken, onde extensões de meio fio foram incorporadas ao tecido urbano, a fim de reduzir a velocidade do trânsito bem como facilitar a travessia de pedestres.

Figura 7 - Estrangulamento do tráfego Fonte: National Association of City Transportation Officials

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Mobilidade e Acessibilidade à Edificação: como estudo de caso foi analisado o projeto da ciclovia da Av. Paulista, em São Paulo. Observa-se que a topografia favorável da cidade de Rolândia facilita a instalação de uma ciclovia. Como o objetivo da ciclovia seria conectar a Casa de Cultura com as demais regiões da cidade, desenvolveu-se também diretrizes de implantação da mesma pela cidade.

Figura 8 - Projeto Ciclovia Avenida Paulista em São Paulo Fonte: Archdaily (2015)

Figura 9 - Diretriz para a ciclovia, conectando a cidade ao projeto Fonte: Imagem Satélite Google (2011). Modificado pelo autor (2018)

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Oportunidades para sentar, permanecer e contemplar: obra que serviu de inspiração foi o Parque Sishane na Turquia. A configuração da implantação, a relação entre o espaço público e o construído, as vistas deslumbrantes, e espaços adequados para acolher atividades culturais e de lazer foram fundamentais para o desenvolvimento da presente proposta.

Figura 10 - Parque Sishane na Turquia Fonte: Archdaily (2014)

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Diversidade de atividades: Gehl (2010) e o PPS (2018) discorrem sobre a variedade de atividades no mesmo espaço, uma qualidade primordial para que as pessoas se sintam atraídas a frequentar e permanecer nos espaços públicos. Assim, foi utilizada como referência o Podac/ateliermob, um projeto de requalificação urbana em Lisboa, onde foram criados um anfiteatro externo, destinado a reuniões, pequenas apresentações e celebrações.

Figura 11 - Anfiteatro Prodac/ateliermob Fonte: Archdaily (2014)

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“Sentabilidade”: ou a capacidade do espaço oferecer lugares para sentar, é umas qualidades mais importantes de um espaço público (GEHL, 2010). Com base nesse critério, foi analisada a obra do Banco de Neve, na cidade de Québec no Canadá cujo projeto flexibiliza a relação do usuário com o espaço público.

Figura 12 - Banco de Neve Fonte: Archdaily (2017)

Em conjunto com todas estes correlatos urbanos, embasados por Gehl (2010) e pelo PPS (2018), constou a análise do espaço livre de uso público de Mondeal Square na Índia. A presente proposta utilizou com referência soluções relativas à segurança (física e emocional) proporcionada pelo espaço, bem como suas várias formas de iluminação urbana. Desde postes até balizadores embutidos no chão, além da iluminação sob os bancos, permitindo uma paisagem agradável e clara em qualquer hora do dia e da noite.

Figura 13 - Soluções de iluminação urbana - Mondeal Square Fonte: Archdaily (2017)

7. UMA CASA DE CULTURA PARA ROLÂNDIA Com base no contexto histórico da cidade de Rolândia e em sua carência de equipamentos culturais adequados, justifica-se a escolha do tema de projeto.

Entende-se que o papel da Casa da Cultura é guiar a comunidade a conhecer, desenvolver e criar novos/outros olhares sobre o mundo. Portanto, para presente proposta, um local que reúne variadas atividades culturais, tem como objetivo ser: Locais de conhecer, de pensar, de elaborar, de criar; espaços de ação contínua e não linear; não convencional, de fazer a cultura viva; espaço de fortalecer as individualidades para atuarem coletivamente, de maneira criativa, elaborando a cultura com as próprias mãos (RAMOS, 2007, p.77).

Nesse sentido, a proposta para a Casa de Cultura oferecer um espaço capaz de atender diversificadas atividades culturais, transformar o ambiente cultural da cidade estimulando a ocorrência e aumentando a frequência de novas iniciativas

populares de manifestações artísticas contribuindo com a disseminação da cultura local.

7.1. Conceito e Partido Para a definição do conceito e partido arquitetônico da casa de Cultura Municipal, buscou-se elencar a influência da tradição alemã na cidade por meio de sua arquitetura vernacular, às ideias que auxiliaram no desenvolvimento da proposta como a flexibilidade de usos em diferentes eventos, e a integração do edifício com o entorno e o espaço público.

A ideia inicial define-se como um edifício de volume único inserido em um espaço público, onde todos os espaços do programa estão concentrados, além disso a ideia plástica do equipamento, se baseia no conceito extraído da triangulação das construções vernaculares alemãs - o enxaimel. As linhas dessa técnica construtiva, foram desconstruídas no qual formaram-se multifaces triangulares em placas de ACM que atraem a atenção em diferentes pontos de perspectivas. Esta “casca” multifacetada, parece estar apoiada sob um fechamento de vidro na fachada principal, possibilitando a permeabilidade do edifício, onde pode ser contemplado o seu interior revestido em madeira que traz identidade e conforto.

7.2. Implantação e Entorno A implantação do projeto foi pensada de forma a melhor utilizar os espaços do terreno. Desta forma, optou-se por locar o estacionamento no subterrâneo afim de manter mais espaços livres de acesso público. O resultado foi um grande espaço “vazio” no térreo que ressalta as diretrizes definidas no projeto de qualidade urbana.

O ponto de partida do projeto foi trazer a vitalidade ao local. O espaço da praça foi projetado de maneira a destacar o equipamento cultural criando relações entre o edifício e a cidade. Nesse sentido, apropriou-se de duas praças adjacentes onde a distribuição do programa arquitetônico transpassa os limites do terreno, objetivando ofertar mais atividades e influenciar as relações culturais e sociais da comunidade.

Assim o espaço livre do terreno se torna um grande “calçadão” que oferece diversidade de atividades, desde passagem urbana ou espaço para contemplação e interação até ser utilizado como local para feiras e pequenos eventos da comunidade, como a “Feira da Lua” (Feira noturna com food truks e pequeno comercio).

A segunda praça pensada, volta-se para o setor de atividades físicas onde foi inserida a academia ao ar livre e um playground infantil, além de bicicletários e o projeto paisagístico junto com um objeto escultural pensado na “contenção” de pessoas e proteção contra o fluxo de carros da Av. Castro Alves.

Na terceira praça foi inserida um pequeno anfiteatro ao ar livre planejado para encontros, e pequenas apresentações e discursos. O conjunto dos três espaços contam ainda com a influência da forma triangular no piso, conectando os espaços.

Juntas somam um local com variedades e oportunidades de usos, que contribuem ainda mais com a vitalidade do local e da cidade.

7.3. O projeto De forma a objetivar um melhor aproveitamento das curvas de nível do terreno, o interior da Casa de Cultura divide-se em quatro volumes, o primeiro de acesso ao público, se encontra a recepção, salão de exposições, instalações sanitárias, depósitos de materiais de limpeza e um pequeno café que se integra à praça por meio ao vidro, relembrando a cultura do café no período de imigração. No mesmo pavimento, atrás do zoneamento social do térreo, existe o espaço de apoio a caixa cênica, onde se insere o depósito de arquivos, e a parte técnica das estruturas metálicas do piso da plateia, junto com o elevador do palco e de carga e descarga.

(Ver prancha Térrea) Já o segundo pavimento, destinado totalmente à “arquitetura cênica”, encontrase a sala de espetáculos com capacidade de 500 espectadores, bastidores com coxias, e salas técnicas de iluminação e áudio, juntamente com a área de carga e descarga e depósito, além de uma recepção às salas administrativas, feita de forma independente à lateral do edifício graças a topografia do terreno. (ver prancha 1 pavimento) Esta pequena recepção no segundo pavimento, direciona por meio de um elevador e uma escada ao piso onde se localiza todo o apoio administrativo do local e da Secretaria de Cultura da cidade. Neste piso também se localiza os camarins, casa de máquinas, e uma copa para os funcionários. (ver prancha segundo pavimento).

Figura 14 - Auditório externo Fonte: elaborado pelo autor (2018)

Acima a perspectiva do auditório externo proposto em umas das praças. É possível ver o desenho do piso proposto em todo o projeto urbano, onde as formas triangulares sempre são lembradas. O local ainda conta com massas arbóreas e distribuição de mobiliários urbanos como: bancos, lixeiras e postes de iluminação.

Figura 15 - Playground e academia ao ar livre em uma das “praças” Fonte: elaborado pelo autor (2018)

Para o projeto desta outra praça foi definida a inserção de aparelhos de exercício e playground infantil, além também de outro projeto paisagístico, distribuindo arvores por toda a área da praça, além de bicicletário e um objeto escultural pensado na “contenção” de pessoas e proteção contra o fluxo de carros na Av. Castro Alves.

Figura 16 - Escultura de contenção (proteção contra o trânsito) Fonte: elaborado pelo autor (2018)

No espaço público do terreno onde a Casa de Cultura está inserida, foi pensado em áreas gramadas para variadas atividades. Ao longo de sua área, foram distribuídos pufes moveis para o usuário melhor definir seu lugar de contemplação. Além destes foi projetado um banco linear, visto na imagem aos fundos (figura 17).

Figura 17 - Espaços de permanência e contemplação Fonte: elaborado pelo autor (2018)

Figura 18 - Casa de Cultura Fonte: elaborado pelo autor (2018)

Figura 19 - Hall Fonte: elaborado pelo autor (2018)

O Hall de acesso à Casa de Cultura, foi pensado de forma a ser permeável a visão tanto dos visitantes quara dentro do edifício, quando o contrário. Esta permeabilidade permite ao usuário além do conforto, o convite a estar no local, além de trazer a iluminação natural ao interior do teatro.

Esse espaço é configurado de forma flexível, onde um grande salão livre permite diversidades de uso, entre elas: espaço para exposições e feiras. Seu interior em madeira, contrasta com todo o restante do projeto, chamando atenção dos usuários e trazendo um conforto. O detalhe do projeto interior fica com o forro. Com a mesma

identidade da fachada externa, o forro se caracteriza por multifaces triangulares em madeira, com um projeto luminotécnico que faz lembrar uma constelação.

Figura 20 - Detalhe do forro e iluminação do interior Fonte: elaborado pelo autor (2018)

O foyer do teatro, no piso superior, permite que os usuários que estão aguardando por algum espetáculo, tenham uma vista geram de todo o complexo cultural, o pano de vidro da fachada permite ter visão de todos os lados do projeto, trazendo a vitalidade, bem-estar.

A soma dos dois projetos resultou em um complexo cultural pensado de forma a atender a demanda da cidade e de futuros visitantes. O espaço público baseado nos estudos de Jan Gehl, sobre as qualidades urbanas necessárias para melhor beneficiar os usuários, intensificou a força da Casa de Cultura. O conjunto das três praças com o Teatro multiuso resultou com êxito o objetivo proposto, trabalhar a arquitetura para favorecer a vida, cultura, arte e a interação humana.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS A conclusão deste trabalho final de graduação mostrou a importância e a influência que que um equipamento cultural, ou a falta dele pode exercer sobre uma comunidade. Objetivando de inicio intensificar a cultura e o lazer cultural da cidade por meio de um teatro multifuncional, o projeto tomou proporções maiores. Com o estudo das diretrizes de Jan Gehl, foi possível concluir que a boa arquitetura está onde

o bem-estar dos usuários é a principal diretriz de projeto, pensando em sua segurança, mobilidade, liberdade e oferecimentos de oportunidades de uso do espaço público.

De maneira geral, o resultado do projeto foi satisfatório, concluindo com os objetivos propostos: criar um edifício emblemático com traços de influência arquitetônica imigratória, e inseri-lo na cidade de maneira a transformar sua identidade e costumes da comunidade.

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