©Shutterstock
Espaço Férias
Córdoba, Espanha
A
Espanha é uma colcha de retalhos,
inequívoco talento e destreza no uso das armas e de
um mosaico étnico, uma nação com
seu profundo gosto pelo desconhecido. O Novo Mundo,
fragmentação ideológica, um território
recém descoberto, converte-se no terreno natural
com vários idiomas, um país fantástico onde as festas
para saciar seu apetite de fama e riqueza. A influência
populares, as manifestações religiosas do cristianismo e o
dos livros de cavalaria, como El Quijote, alimentará
acervo arquitetônico contêm um dos mais emblemáticos
os sonhos de gestas cavalheirescas em batalhas com
e fascinantes tesouros culturais do continente europeu.
inimigos singulares em um cenário mágico”.
Os espanhóis são espontâneos, alegres, barulhentos,
Dessa forma, Helena Barcelós, autora do Guia
polêmicos, emotivos, interessantes, apaixonantes.
Turístico e Cultural da Andaluzia e Extremadura, que
Sabem aproveitar a vida nas ruas -em locais públicos,
será lançado até o final deste ano, nos apresenta o
em bares, cafés, praças, teatros, restaurantes, praias,
espírito de um filho da região de Extremadura que, da
montanhas, áreas verdes e protegidas. Eles amam a
pequena Trujillo, uma cidade-museu, decide buscar em
sua terra, onde come-se bem graças a uma culinária
terras longínquas, aos 15 anos, a missão do seu viver.
peculiar, rica em opções de pratos e receitas simples ou
Outro filho ilustre da terra é Diego da Silva y Velázquez,
sofisticadas, sempre acompanhadas de um bom vinho e
filho de um fidalgo de origem portuguesa, nascido em
de sobremesas deliciosas ou de um melão cujo odor nos
em Sevilla, em 1599, uma das cidades mais prósperas
leva a uma viagem pelos sentidos em busca e encontro
da Península Ibérica. Assim, no século 16 a capital
do prazer divino da refeição em família ou com amigos.
andaluza, rica e poderosa, abrigou em seu seio, suas ruas e em sua alma um dos mais geniais representantes
Conhecer a Espanha é um desafio face às raízes
clássicos do mundo das artes plásticas do planeta.
multiculturais e aos infindáveis encantos de suas regiões onde surgiram seres raros, viajantes, fidalgos
Nessa época, Sevilha ainda era uma cidade
ou filhos do povo à busca de aventuras, conhecimento,
cosmopolita, enriquecida pelo monopólio do comércio
riqueza e poder, como é o caso de Francisco de
com as Américas. Velázquez, grande observador de seu
Orellana. “Impedido de realizar trabalhos braçais por
tempo, é o artista que melhor expressará as vicissitudes
causa de seu título nobiliário e condenado à penúria
de seu entorno e a decadência do império espanhol,
econômica como tantos outros nobres ibéricos, Orellana
desgastado pelos sucessivos conflitos enfrentados em
vai encontrar saídas para a sua situação através de seu
seus amplos domínios.
50
| Edição #11 |