Coletânea de Textos brasileiros

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M1U1T5 Para escrever memórias pessoais sobre a alfabetização Memórias – Escrito em que alguém conta sua vida ou narra fatos a que assistiu ou de que participou. (Dicionário Aurélio)

As folhas seguintes são para a escrita de suas memórias. Procure lembrar do tempo em que você aprendeu a ler e escrever, recuperando os momentos marcantes, os professores, as dificuldades, as conquistas, os desafios, os sentimentos envolvidos... A partir dos fragmentos de suas lembranças, escreva as memórias desse período. Os textos transcritos no texto "Memórias" (Coletânea de Textos M1U1T4) foram escritos nos mais variados gêneros: poesia, bula, receita, biografia, cordel, conto...Alguns são de escritores profissionais e outros são de escritores professores, participantes do Programa Parâmetros em Ação em diferentes lugares do país. Transcrevemos esses textos para compartilhar com você algumas possibilidades de utilizar a linguagem literária para tratar da experiência pessoal e para que você tenha algumas referências – e, a partir delas, encontre a sua própria forma de redigir suas memórias. Agora é com você. Não se preocupe em inventar nada muito diferente (não é preciso!), trate apenas com cuidado a escrita da sua experiência de alfabetização: pense que o que você tem a dizer vale a pena... Se quiser, você pode escrever de maneira simples, sobre coisas simples, mas de forma literária: a literatura prima pelo uso estético da linguagem, independente do assunto. Aqueça o braço, escolha um gênero, imprima desejo e busque o prazer de escrever, o mais íntimo e solitário que se possa imaginar... Faça primeiro um rascunho para poder acrescentar tudo que for lembrando e, quando julgar o resultado adequado, passe então a limpo o seu texto, para que seja compartilhado com os colegas do seu grupo de formação. […] O que é peculiar ao gênero literário das memórias é que a reconquista do vivido não é somente um trabalho de restauração, mas sobretudo um esforço de renovação. Ao narrar tão fielmente como puder o que fez, viu e sentiu na vida, o homem observa os acontecimentos e as pessoas com a inteligência e a sensibilidade que são dele, no momento em que escreve, e não aquelas que eram suas, nos tempos que procura arrancar do olvido. Em tais condições, a apresentação dos fatos passados incute-lhes, sem dúvida, um sentido renovado, ou, pelo menos, extrai deles um conteúdo vital, que podia não ser identificável, quando ocorriam. Afonso Arinos de Melo Franco In A alma do tempo

[…] A maior parte da nossa memória está fora de nós, numa viração de chuva, num cheiro de quarto fechado ou no cheiro duma primeira labareda, em toda parte onde encontramos de nós mesmos o que a nossa inteligência desdenhara, por não lhe achar utilidade, a última reserva do passado, a melhor, aquela que, quando todas as nossas lágrimas parecem estancadas, ainda sabe fazer-nos chorar. Fora de nós? Em nós, para melhor dizer, mas oculta a nossos próprios olhares, num esquecimento mais ou menos prolongado. Marcel Proust In A sombra das raparigas em flor

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