7 palavras 2014

Page 1

INTRODUÇÃO Já pregado em duro lenho Por ingratos fariseus Sem conforto o Homem-Deus Vai ao Gólgota expirar. Vós que a Jesus, amais constantes, Vinde, ó vinde, compungidos, Seus derradeiros gemidos, Vinde todos escutar. 1ª ESTROFE Coberto de mil crimes, a Ti, Senhor, eu clamo, Perdão eu não mereço, nem mais posso esperar. Mas, ouve aquela voz que por mim roga, ó Deus! Já não podeis Senhor, deixar de perdoar. 2ª ESTROFE Quando a morte vier entre os horrores Esta minha vida terrena cortar-me, Ah! Senhor, tem de mim compaixão! Meu Senhor! Vem no transe funéreo ajudar-me. E depois, este mísero corpo, Vá minha alma contigo reinar. 3ª ESTROFE Ah! Volve a mim teus olhos, Maria Piedosa, Mãe Amorosa, Pois sou Teu Filho deves me guiar. Do santo amor neste meu peito A doce chama, ela me acende, Um só instante, Frio, inconstante, Jamais serei, Jesus, Maria, Sempre amarei. 4ª ESTROFE Do Pai abandonado, Ó meu doce Jesus;

O Teu imenso amor A isto Te conduz! E eu, com as minhas culpas! Por mísero prazer, Te hei de abandonar? Antes, meu Deus, morrer, Não mais, não mais pecar! 5ª ESTROFE Qual lírio cândido Se o céu ardente Cruel recusa-lhe Doce frescor, Pendido, lânguido, Na haste mimosa, Ó viço, foge-lhe, Foge-lhe a cor Assim nas ânsias, Aflito, exangue, De sede queixa-se O meu Senhor Quem é tão bárbaro Que enquanto geme, O refrigério De poucas lágrimas Lhe irá de negar? 6ª ESTROFE Tudo está consumado E Jesus com braço forte, Nos abismos, crua morte, Vencedor precipitou. Quem nas culpas cai de novo, Volve ao domínio da morte, E perde a celeste vida Quem Jesus Lhe conquistou. 7ª ESTROFE Morreu Jesus, já cobre-se De negro manto o céu... Duros rochedos quebram-se Rasgou-se o sacro véu! E o universo atônito, Lamenta o seu Senhor.Só Tu, não sentes, mísero, A dor da natureza Mais do que penhas ásperas Serás tua dureza? Já que teus crimes hórridos Causaram tanta dor, Lamenta o teu Senhor.

Os três olhares do Crucificado

A

morte de Jesus na Cruz é narrada pelos quatro evangelistas. Entre os detalhes contados, em diferentes estilos literários, os autores sagrados destacam sete frases pronunciadas por Jesus antes de expirar. Dispersas entre os quatro evangelhos, tais frases são por nós conhecidas como as “Sete Palavras de Jesus na Cruz”. São elas:

135 ANOS

Giuseppe Saverio Raffaele Mercadante

AS SETE PALAVRAS DE JESUS NA CRUZ

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34) “Em verdade eu te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43) “Mãe, eis o teu filho. filho, eis a tua mãe” (Jo 19,26-27) “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste?” (Mc 15,34) “Tenho sede” (Jo 19,28) “Tudo está consumado” (Jo 19,30) “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”(lc 23,46) A Tradição ordena estas palavras a partir de três olhares do Crucificado. O primeiro olhar inclui as três primeiras palavras por ele proferidas na Cruz e recai sobre os que o rodeiam: os seus algozes, os criminosos crucificados junto d’Ele e aqueles que O acompanham, destacando-se o João, o discípulo amado, e Maria Santíssima, a Mãe do Agonizante. O segundo olhar inclui as duas palavras seguintes e recai sobre Ele próprio: retrata a sua terrível solidão e o sofrimento físico e espiritual da sede. O terceiro olhar dirige-se a Deus-Pai e nclui as duas últimas palavras pronunciadas por Nosso Senhor Jesus segundos antes d’Ele morrer: a consumação de tudo e a entrega do seu Espírito ao Pai.

SERMÃO DAS SETE PALAVRAS

LE SETTE ULTIME PAROLE DI NOSTRO SIGNORE SULLA CROCE

Realização

ARQUIDIOCESE DE BELÉM

Apoio

ARQUIDIOCESE DE BELÉM


Nosso Senhor Jesus proferiu nas três horas em que agonizou na Cruz antes de expirar. Posteriormente, juntaram-se a elas, as órfãs internas do colégio, as senhoras que trabalhavam cuidando destas jovens, as integrantes da Irmandade “Filhas de Maria” e cantores líricos convidados.

SERMÃO DAS SETE PALAVRAS

A

Arquidiocese de Belém, convicta de que a Palavra de Deus há de ser sempre proclamada e que seu anúncio suscita a conversão dos corações, mantém-se fiel à tradição do Sermão das Sete Palavras de Jesus na Cruz, nas três horas da agonia do Senhor. Trata-se verdadeiramente da hora da graça, que se estende pelas três horas de pregação, canto e oração. Nossa cidade interrompe todas as suas atividades de meio dia às três da tarde da Sexta-feira Santa, pois todos os ouvidos e os corações se abrem, como discípulos fiéis do Senhor, que se deixam tocar por Deus. Neste ano de 2014, quando celebramos 135 anos desta tradição, Padre José Gonçalo Vieira, Cura da Catedral da Sé Metropolitana, oferece sua experiência sacerdotal, seus dotes teológicos e culturais, além de um notável e zeloso percurso ministerial na Paróquia que lhe é confiada, para descrever, em tons de sabedoria e beleza, a poesia densa do mistério celebrado. O canto do Coral Santa Cecília, a Igreja do Colégio Santo Antônio, o zelo das Irmãs

135 anos de Fé, Cultura e Tradição

Dorotéias, tudo contribua, mais uma vez, para a realização do evento de fé que marca o ritmo de nossa devoção na Sexta-feira Santa. Nossos passos se dirigem celeremente às Comemorações dos quatrocentos anos da Cidade de Belém e do Início da Evangelização da Amazônia. Tudo o que fizermos durante este tempo especial que nos prepara a tão significativos eventos será orientado para que a glória de Deus resplandeça, seu nome seja santificado e o Evangelho se propague.

Dom Alberto Taveira Corrêa Arcebispo Metropolitano

O

ícone bíblico da Crucifixão evidencia os acontecimentos ocorridos no Calvário, consoante nos relata São João, testemunha ocular da agonia de Jesus no madeiro da Cruz. Intitulado pela tradição cristã de “As Três Horas da Agonia”, tais eventos originaram a oração das “Três Horas”, um tesouro espiritual que chegou em Santa Maria de Belém do Grão Pará em 1877 junto com a Congregação das Irmãs Dorotéias, fundada por Santa Paula Frassinetti, em Gênova-Itália. Na Sexta Feira Santa de 10 de abril de 1879, na Capela do Colégio Santo Antônio, realizava-se pela primeira vez em nossa cidade, a cerimônia das “Três Horas da Agonia”, também conhecida como “Sermão das Sete Palavras”, um rito de fé, cultura e tradição que hoje, Sexta Feira Santa de 2014, completa 135 anos. Desde a primeira edição realizada em Belém, a cerimônia foi ilustrada com o canto da “Le Sette Ultime Parole di Nostro Signore Sulla Croce” (As Sete Últimas Palavras de Nosso Senhor na Cruz), oratório composto pelo italiano Giuseppe Saverio Raffaele Mercadante (1795-1870). Nos primeiros anos de realização, eram as próprias Irmãs Dorotéias que cantavam em italiano as estrofes do oratório, entremeando as meditações sobre as Sete Palavras que

Nos anos quarenta e cinquenta do século XX, o coro era formado exclusivamente por integrantes das “Filhas de Maria” e solistas convidados, nomes influentes da música erudita belenense, entre eles, Helena Coelho Cardoso, Judith Pepes Nazaré, Edith Oliveira da Paz, Adelermo Matos, Neyde Bentes Valle, João Bosco da Silva Castro e Alice Lima Albuquerque. Neste tempo já tinham pregadores que a cada ano eram convidados para meditar as setes palavras de Jesus na Cruz. A partir da década de sessenta, a tradição de cantar as estrofes do oratório “Le Sette Ultime Parole di Nostro Signore Sulla Croce” nos intervalos entre cada uma das pregações sobre as Sete Palavras por Jesus ditas na Cruz passou a ser executada pelo Coral Santa Cecília, da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, sempre com um solista convidado. Por lá passaram nomes como Antonio Correa, Heitor Carneiro, Eduardo Nascimento, Mariane Lima, Tainá Souza, Patrícia Oliveira, Sílvio Rodrigues, Antonio Mendes, Marília Vasconcelos e Rafael Ventimilha. Na década de setenta, as pregações também eram feitas por leigos letrados, de reconhecida cultura teológica e filosófica, como o advogado Aldebaro Klautau e o médico Pedro Romié. E assim, a tradição chegou ao século XXI, com memoráveis pregações e o virtuoso canto do Coral Santa Cecília, atualmente formado por leigos católicos, sob a regência do maestro Eduardo Nascimento e o acompanhamento do pianista Paulo José Campos de Melo. Às 12h desta Sexta Feira de 2014, passados 135 anos desde a primeira edição da cerimônia, o silêncio orante novamente inebriará a Capela do Colégio Santo Antônio, cortado unicamente pelas meditações do pregador deste ano, Padre José Gonçalo Vieira, e pelas estrofes do oratório “Le Sette Ultime Parole di Nostro Signore Sulla Croce”, transportando-nos literalmente aos acontecimentos do Calvário, às Três Horas da Agonia de Jesus expirando no madeiro da Cruz.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.