EDIÇÃO Nº7 - e-catim Boletim Digital

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CULTURA DE COMPETÊNCIAS: O PILAR ESTRATÉGICO DA INDÚSTRIA

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Editorial

Competências para um Mundo em Redefinição: A Nova Agenda da Indústria Europeia

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4 Destaque

Reforçar Competências, Reposicionar a Indústria, Redesenhar o Futuro

Pág 09– O Contributo dos CTI: O Caso do CATIM

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Entrevista

À conversa com Patrícia Fernandes

Responsável pelo Departamento de RH e Formação do CATIM

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ProjetosCATIM

Notícias e Destaques

F I C H A T É C N I C A

Investigação,Inovaçãoe TransferênciadeConhecimento

Pág 19– Descarbonizar com Dados: Ferramentas Digitais para a Transição do Setor Metal Portugal

Pág.21– Gestão Sustentável e Impacto da Eólica Offshore Flutuante na Cadeia de Valor

Pág.24 – Família ISO 9000 – Gestão da Qualidade

Pág 25 – CATIM em Destaque: Soluções para uma Indústria Mais Sustentável e Segura

2 6 ONSCATIM

Novo Projeto de Norma para Produtos Zincados em Consulta Pública

2 7 AgendaCATIM

Iniciativas e Eventos CATIM

3 1 FormaçãoTecnológica

Agenda julho 2025 – setembro 2025

Revista Informativa Especializada | Periodicidade: Trimestral | ISSN 2975-9668 | Registo na ERC Nr. 127971 | Propriedade e Edição, Redação e Direção: CATIM – Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica | R dos Plátanos, 197 – 4100-414 Porto Tel : 226 159 000 | e-mail: catim@catim pt | NIF: 501630473 | Diretor: Francisco Alba | Subdiretor: Vânia Pacheco | Editor: Maria Fernandes | Estatuto Editorial Disponível em: https://www.projetoscatim.com/e-boletim | Colaboração: Alexandra Peixoto, Catarina Teixeira, Cláudia Fernandes, Cláudia Santana, Humberto Teixeira, Patrícia Fernandes, Raquel Coelho

EDITORIAL

N U N O A R A Ú J O

Competências para um Mundo em Redefinição: A Nova Agenda da Indústria Europeia

Num cenário de tensão sistémica energética, geopolítica e tecnológica a indústria está novamente no centro das prioridades estratégicas da Europa, refletindo a urgência de reduzir dependências e recuperar autonomia produtiva. Segundo o Global Trade Report da ONU (2023), mais de 50% das cadeias de valor globais foram afetadas por interrupções severas desde 2020, com impacto direto na produção industrial europeia As transformações em curso vieram reafirmar uma evidência estratégica: a ausência de uma base industrial robusta expõe a Europa a riscos económicos e limita a sua capacidade de resistência estrutural

As consequências desta nova configuração não são apenas conjunturais, mas também estruturais, com impactos em múltiplas esferas A médio prazo, exigirão respostas coordenadas à escassez de recursos críticos e à necessidade de reforçar a capacidade produtiva interna De acordo com o Critical Raw Materials Act (2023), a Europa importa mais de 80% dos materiais classificados como críticos para a transição digital e energética, incluindo componentes essenciais à produção de baterias, painéis solares, turbinas e dispositivos eletrónicos avançados A longo prazo, está em causa a capacidade da Europa influenciar os modelos globais de produção e inovação, garantir acesso a tecnologias estratégicas e proteger os interesses económicos e sociais dos seus cidadãos. A resposta a este desafio tem de ser integrada e começa nas competências.

Hoje, a verdadeira disputa global não se trava apenas nos mercados, nos territórios ou nos algoritmos. Trava-se na capacidade de cada país, e da própria Europa enquanto bloco, formar, reter e valorizar talento técnico capaz de sustentar essa transformação. De acordo com o relatório da European Round Table for Industry (2024), 73% dos líderes industriais europeus apontavam a escassez de talento técnico como o maior obstáculo ao crescimento produtivo em 2024, superando fatores como o custo da energia ou a complexidade regulatória Por sua vez, o relatório Labour Shortages in Europe (2024) da rede EURES confirma este défice estrutural, indicando que mais de 25% das profissões técnicas nos Estados-Membros são hoje consideradas de difícil preenchimento, especialmente nas áreas de engenharia, manutenção, automação e tecnologias de

informação Não se trata apenas de adotar tecnologias emergentes ou de digitalizar processos Trata-se de garantir que existem profissionais preparados para os interpretar, aplicar e adaptar com conhecimento, autonomia e visão crítica

A nova agenda da indústria europeia exige competências que articulem técnica e estratégia, sustentabilidade e inovação, regulação e execução Exige profissionais aptos a operar num ambiente de exigência crescente, em que o cumprimento de normas ambientais, a cibersegurança, a rastreabilidade ou a eficiência energética são condições indispensáveis para competir num mercado global. Neste contexto, a capacitação deixa de ser uma resposta setorial e afirma-se como uma política estruturante, uma nova infraestrutura imaterial, da qual depende a concretização de todas as outras. Tal como a energia, os dados ou os materiais críticos, o conhecimento técnico tornou-se um ativo geoestratégico. Segundo o estudo Europe’s Industry in Figures (2024), publicado pela BusinessEurope e pela Technopolis Group, menos de 20% das PME industriais da UE têm capacidade interna para desenvolver programas contínuos de capacitação técnica, o que agrava as assimetrias de qualificação e limita a modernização do tecido produtivo

No CATIM, temos assumido essa missão com clareza: integramos a qualificação na prática industrial, promovemos percursos de aprendizagem ancorados em desafios reais e contribuímos para uma cultura de valorização das competências técnicas, porque sabemos que não basta formar para o presente é fundamental capacitar para antecipar e influenciar o futuro

Nesta edição da Revista e CATIM, exploramos o papel das competências na resposta aos desafios emergentes da indústria

Através de uma abordagem que conjuga política industrial, transformação produtiva e ação formativa, reafirmamos a convicção de que capacitar não é apenas preparar: é posicionar, é construir soberania com conhecimento, é transformar o talento em valor estratégico.

Num mundo em redefinição, a formação não é apenas um instrumento de adaptação, mas um instrumento de afirmação.

D i r e t o r G e r a l d o C A T I M

REFORÇAR

COMPETÊNCIAS, REPOSICIONAR A INDÚSTRIA, REDESENHAR

Aindústria europeia encontra-se num ponto de inflexão estrutural. As transições digital e ecológica deixaram de ser meras tendências para se tornarem pilares da política económica e industrial europeia, com impacto direto nas cadeias de valor, na organização do trabalho e na estratégia de soberania da União Europeia (UE).

Esta transformação requer mais do que tecnologias emergentes: exige competências humanas que permitam reconfigurar sistemas produtivos, acelerar a inovação e garantir competitividade num mercado global altamente instável [1].

A Comissão Europeia tem colocado as competências no centro das suas principais iniciativas estratégicas A European Skills Agenda propõe 12 ações fundamentais para garantir que a força de trabalho da UE esteja apta a lidar com a dupla transição O Pact for Skills, lançado em 2020, conta com mais de 2,5 milhões de compromissos de requalificação e atualização de competências por parte de empresas e instituições de formação Já a iniciativa Skills4Energy Transition visa preparar profissionais para os setores intensivos em energia, alinhando competências com o Pacto Ecológico Europeu e com o plano REPowerEU [1]

De acordo com o Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional (CEDEFOP), 85% dos empregos criados até 2030 exigirão pelo menos competências digitais de nível intermédio

[2] Em simultâneo, a transição energética poderá gerar mais de 2 milhões de empregos líquidos (saldo entre a criação e a perda de postos de trabalho) na UE até 2050 [3], desde que acompanhada por políticas robustas de capacitação

FONTES:

[1]EuropeanCommission(2020).EuropeanSkillsAgendaforSustainableCompetitiveness,SocialFairness. [2]CEDEFOP(2023).SkillsForecast:EULabourMarketTrendsto2035.Thessaloniki:CEDEFOP.

O relatório Future of Jobs 2023, do Fórum Económico Mundial, reforça esta tendência, prevendo que 44% das competências atuais perderão relevância até 2027 [4] As funções com maior crescimento previsto incluem analistas de dados, especialistas em Inteligência Artificial (IA), especialistas em cibersegurança industrial, engenheiros de energias renováveis e técnicos de sustentabilidade

A criação de emprego depende, cada vez mais, do alinhamento entre políticas industriais e políticas de qualificação A Europa dispõe de uma janela de oportunidade para reconfigurar a sua base industrial, mas esta reconfiguração será tanto mais robusta quanto maior for a capacidade de antecipar, desenvolver e disseminar competências críticas

[3]EuropeanCommission(2023).SkillsfortheGreenTransition:CommissionStaffWorkingDocument(SWD/2023/67final).Brussels:EC. [4]WorldEconomicForum(2023).TheFutureofJobsReport2023.Geneva:WEF.

O Valor Humano na Era dos Sistemas Inteligentes

A centralidade das pessoas na nova era industrial é hoje reconhecida como condição estratégica para a transformação económica da Europa Numa fase de intensificação da digitalização, a automação e a adoção de tecnologias disruptivas, como a IA generativa e os gémeos digitais, o fator humano assume relevância renovada, não como obstáculo à modernização, mas como catalisador da sua eficácia e sustentabilidade [5].

Esta abordagem tem vindo a ganhar forma no novo enquadramento industrial europeu, que coloca a centralidade humana ao mesmo nível da eficiência e da sustentabilidade A Comissão Europeia tem promovido uma visão em que a colaboração entre pessoas e tecnologias inteligentes se assume como um fator estratégico, capaz de potenciar a inovação e reforçar a resiliência dos sistemas produtivos Neste modelo, atributos como a criatividade, o pensamento crítico, a ética profissional e a adaptabilidade são reconhecidos como indispensáveis mesmo em contextos fortemente automatizados e digitalizados [5]

Um Desafio Estrutural: A Crise de Competências Técnicas na Europa

Segundo o relatório Human-Centric Industry 5.0 , “a competitividade futura da Europa dependerá da capacidade de combinar liderança tecnológica com justiça social, sustentabilidade e capacitação humana” [5] Esta visão está a ser operacionalizada através de múltiplas iniciativas: desde o reforço dos Digital Innovation Hubs e das European Skills Alliances, até à criação de programas de microcredenciais e plataformas de reskilling baseadas em IA.

No contexto atual, capacitar significa mais do que desenvolver competências técnicas convencionais Significa preparar as pessoas para [6]: colaborar com sistemas inteligentes em contextos produtivos híbridos; tomar decisões em ambientes de elevada incerteza; integrar conhecimento tecnológico com pensamento interdisciplinar; contribuir para a transição verde com soluções sustentáveis orientadas por critérios ESG (ambientais, sociais e de governance).

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sublinha que países com maior investimento em ecossistemas de aprendizagem são também os que apresentam melhores resultados em inovação e bem-estar laboral [6] Isto significa que a formação deixou de ser apenas um fator de empregabilidade, tornando-se uma ferramenta de progresso organizacional e social, e uma âncora de coesão social nas regiões industriais em transformação.

Apesar do consenso político e estratégico quanto à centralidade das competências, a Europa enfrenta um défice estrutural persistente de qualificações técnicas, que ameaça comprometer a concretização da dupla transição A escassez de perfis especializados, combinada com a rápida obsolescência de competências existentes, configura hoje um dos principais entraves ao crescimento industrial sustentável no espaço europeu [6].

Segundo o European Skills Index 2023, desenvolvido pelo CEDEFOP, mais de 75% das empresas europeias reportam dificuldades significativas na contratação de profissionais com competências técnicas adequadas [7]. Este défice manifesta-se de forma transversal, afetando setores como a produção avançada, a engenharia industrial, as tecnologias de informação e os serviços de manutenção e operação em sistemas automatizados.

O Industry Survey 2023 da BusinessEurope revela que, para 83% das empresas industriais europeias, a falta de competências é um dos três principais obstáculos ao investimento [8] O problema é agravado pela assimetria regional: países com sistemas de formação mais frágeis, menor densidade industrial ou fraca articulação entre ensino e tecido empresarial enfrentam maiores dificuldades em qualificar e reter talento técnico

Entre os principais fatores que alimentam a atual crise de competências na indústria, destacam-se diversos constrangimentos estruturais e sistémicos:

Desajuste entre a oferta formativa e as exigências da indústria, com persistência de programas desatualizados face à rápida evolução tecnológica e à crescente complexidade dos processos produtivos;

Envelhecimento da força de trabalho, com uma percentagem elevada de técnicos e especialistas com mais de

FONTES: [5]EuropeanCommission(2021).Industry5.0:TowardsaSustainable,Human-CentricandResilientEuropeanIndustry.Brussels:Directorate-GeneralforResearchandInnovation. [6]OECD(2023).SkillsOutlook2023:SkillsforaResilientGreenandDigitalTransition. [7]CEDEFOP–EuropeanCentrefortheDevelopmentofVocationalTraining(2023).EuropeanSkillsIndex2023.Thessaloniki:CEDEFOP. [8]BusinessEurope(2023).ReformingSkillsforIndustry:SurveyandRecommendations.Brussels:BusinessEurope.

e - c a t i m B o l e t i m D i g i t a l | N º 7 |

50 anos (cerca de 33% no setor transformador, segundo o Eurostat [9]), o que acentua os desafios da renovação geracional e da transferência de conhecimento técnico especializado;

Fraca atratividade das carreiras técnicas e tecnológicas, frequentemente penalizadas por perceções erradas sobre o prestígio, a progressão profissional e a contribuição estratégica destes perfis para a competitividade do país; Ausência de mecanismos eficazes de valorização e certificação de competências adquiridas ao longo da vida, dificultando a mobilidade qualificada, a requalificação em setores emergentes e o alinhamento com referenciais técnicos atualizados

O CEDEFOP estima que, até 2035, quase 90% do crescimento líquido de emprego na UE se concentrará em funções que requerem, pelo menos, níveis médios ou elevados de qualificação técnica, com uma forte componente digital [10]

A ausência de respostas estruturadas poderá, assim, não só comprometer a inovação europeia, mas também acentuar a dependência tecnológica externa, contrariando os objetivos de

Portugal: Uma Realidade com Particularidades e Fragilidades

Em Portugal, o desafio da capacitação técnica assume contornos ainda mais exigentes Embora o país tenha registado avanços significativos no acesso à educação e na qualificação geral da população ativa, persistem debilidades estruturais que condicionam a capacidade de resposta às exigências de uma indústria moderna, digital e sustentável [12]

A estrutura demográfica é um primeiro fator crítico Segundo o Retrato Territorial de Portugal 2023, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), mais de 45% da população ativa tem 45 anos ou mais, com particular incidência nos setores industriais tradicionais [13] Esta realidade acentua o risco de perda de conhecimento tácito e de ruturas geracionais, especialmente em segmentos de elevada especialização técnica O CEDEFOP alerta que a taxa de renovação de competências em Portugal é uma das mais baixas da Europa Ocidental [7], o que compromete a transição intergeracional de saberes técnicos essenciais

O segundo vetor limitador reside na dimensão e estrutura do tecido empresarial português A predominância de pequenas e médias empresas que representam mais de 99,8% do universo empresarial exige modelos de capacitação mais flexíveis, colaborativos e adaptados à diversidade de contextos e níveis de maturidade tecnológica

FONTES:

autonomia estratégica definidos no Green Deal Industrial Plan e na Estratégia Europeia para a Soberania Tecnológica [11].

O desajuste entre a oferta e a procura de competências técnicas ultrapassa hoje o âmbito do sistema educativo, constituindo uma vulnerabilidade estrutural da política industrial europeia.

Embora o Inquérito à Formação Profissional nas Empresas indique que apenas 21,7% das PME industriais promoveram formação contínua nos 12 meses anteriores [14], esta realidade não deve ser interpretada como limitação estrutural, mas como sinal da necessidade de reforçar os mecanismos de mobilização, agregação de recursos e acesso partilhado a soluções formativas especializadas

Acresce a necessidade de consolidar uma abordagem mais integrada ao sistema nacional de qualificação A definição de percursos formativos coerentes, ajustados à evolução tecnológica e às exigências regulatórias, depende de uma articulação estratégica mais eficaz entre políticas públicas, entidades de interface, instituições de ensino e redes de especialização inteligente. O reconhecimento formal de competências adquiridas ao longo da vida, a atualização curricular ágil e o planeamento baseado em dados prospetivos são condições essenciais para assegurar a relevância e a aplicabilidade das competências face às reais necessidades da indústria.

A escassez de perfis técnicos especializados é particularmente evidente nos setores estratégicos da indústria transformadora. O Barómetro do Setor Metalúrgico e Metalomecânico [15] revela que 64% das empresas enfrentam dificuldades persistentes em recrutar técnicos intermédios e superiores, sendo particularmente críticos os défices em áreas como: operação de Controlo Numérico Computadorizado (CNC) e robótica industrial; manutenção e automação de processos; metrologia e controlo de qualidade; engenharia de processos e desenho técnico

[9]Eurostat(2023).LabourForceSurvey:EmploymentbyAgeGroup.Luxembourg:Eurostat. [10]CEDEFOP(2023).SkillsForecast:EULabourMarketTrendsto2035.Thessaloniki:CEDEFOP. [11]EuropeanCommission(2023).GreenDealIndustrialPlanfortheNet-ZeroAge.Brussels:EC. [12]OECD(2022).OECDSkillsStrategy:Portugal–AssessmentandRecommendations.Paris:OECD. [13]INE(2023).RetratoTerritorialdePortugal.Lisboa:INE. [14]INE(2023).InquéritoàFormaçãoProfissionalnasEmpresas.Lisboa:InstitutoNacionaldeEstatística. [15]AIMMAP(2023).BarómetrodoSetorMetalúrgicoeMetalomecânico:IndicadoresdeConjunturaeNecessidadesdeQualificação.Porto:AIMMAP.

Estes défices comprometem diretamente a capacidade de inovação, o cumprimento de requisitos normativos e a integração em cadeias de valor internacionais. A Skills Strategy Portugal conclui que a falta de competências técnicas é um dos principais entraves à especialização inteligente da economia portuguesa [12].

A agravar o panorama, 47% dos adultos portugueses têm competências digitais abaixo do nível básico, segundo o mesmo estudo [12]. Num contexto de crescente digitalização da produção, esta lacuna representa um obstáculo direto à modernização tecnológica das empresas, bem como à sua capacidade de absorver inovação produzida noutros setores ou países

Responder a estes desafios requer uma visão sistémica, que reconheça a capacitação como eixo estratégico de política industrial, e não como uma responsabilidade residual do sistema educativo

Investir na capacitação técnica já não é apenas uma responsabilidade social, mas um imperativo económico com retorno mensurável A evidência internacional demonstra que organizações que apostam de forma consistente na qualificação da sua força de trabalho são mais produtivas, inovadoras, resilientes e competitivas

Investir na capacitação técnica já não é apenas uma responsabilidade social, mas um imperativo económico com retorno mensurável. A evidência internacional demonstra que organizações que apostam de forma consistente na qualificação da sua força de trabalho são mais produtivas, inovadoras, resilientes e competitivas

Segundo o estudo Reimagining Workforce Development da McKinsey & Company [16], empresas com programas estruturados de requalificação apresentam:

um aumento de produtividade entre 15% e 20% em setores industriais intensivos em conhecimento;

uma probabilidade 2,4 vezes superior de liderar o seu setor de atividade;

uma redução significativa de custos associados a erros operacionais, rotatividade de pessoal e falhas de conformidade técnica.

O Global CEO Survey da PwC indica que 7 em cada 10 líderes empresariais identificam a escassez de competências como o maior risco à continuidade dos seus modelos de negócio [17]. Por outro lado, as empresas que implementaram programas de formação contínua relataram maior agilidade na adoção de novas tecnologias e maior capacidade de resposta a choques externos, como disrupções nas cadeias de abastecimento ou mudanças regulatórias

No plano europeu, o European Training Strategy estima que cada euro investido em formação técnica contínua em setores industriais gera entre 1,6 e 2,5 euros em ganhos de produtividade, inovação e qualidade [18] Este efeito é particularmente visível em áreas como eficiência energética, manutenção preditiva, digitalização de processos e controlo metrológico onde a qualificação dos profissionais é decisiva para garantir o desempenho dos sistemas implementados.

A capacitação técnica contribui diretamente para: cumprimento de requisitos normativos e ambientais (ex.: CSRD, CBAM, AI Act); redução de desperdícios, falhas operacionais e custos de não qualidade; atração de talento e investimento externo em territórios com recursos humanos qualificados; integração em cadeias de valor globais com exigências técnicas cada vez mais rigorosas; aumento da densidade tecnológica das empresas, condição essencial para diversificar e sofisticar a base produtiva nacional.

Além disso, a capacidade de aprender continuamente tornou-se uma competência transversal fundamental Segundo a OCDE, empresas com elevada maturidade formativa apresentam melhores índices de inovação, maior capacidade exportadora e maior envolvimento em projetos colaborativos de I&D [6] Capacitar é, por isso, investir na sustentabilidade da indústria: económica, ambiental e social.

FONTES:

[16]McKinsey&Company(2023).ReimaginingWorkforceDevelopment:AStrategicImperativeforIndustrialCompetitiveness.NewYork:McKinseyGlobalInstitute. [17]PwC(2024).27thAnnualGlobalCEOSurvey.London:PwC.

[18]EuropeanCommission(2023).EuropeanTrainingStrategy:EmpoweringtheWorkforceforIndustrialTransformation.Brussels:EC.

Plataformas que Transformam:

Uma Nova Geração de Projetos Colaborativos

A resposta ao défice de competências técnicas e tecnológicas na indústria não pode assentar exclusivamente em ações dispersas ou incrementais Exige plataformas colaborativas robustas, que mobilizem múltiplos atores empresas, centros de tecnologia e inovação, instituições de ensino e autoridades públicas para conceber, testar e disseminar novos modelos de formação alinhados com os desafios reais da transição digital e ecológica

Nos últimos anos, Portugal tem vindo a reforçar a sua atuação em iniciativas de capacitação, tanto através de programas nacionais como de projetos europeus com forte componente formativa:

As Agendas Mobilizadoras e Verdes para a Inovação

Empresarial do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que integram blocos de formação técnica em contexto real, visando qualificar milhares de profissionais nas áreas de produção inteligente, materiais avançados, sustentabilidade, digitalização industrial, entre outras. Estas agendas representam mais de 7 mil milhões de euros em investimento conjunto e envolvem mais de mil entidades, com metas claras em matéria de requalificação e retenção de talento [19]

Os Centros de Tecnologia e Inovação (CTI), reconhecidos pela Agência Nacional de Inovação (ANI), integram o conjunto de entidades de interface do Sistema Nacional de Inovação Pela sua atuação próxima das empresas e pela capacidade técnica instalada, os CTI funcionam como infraestruturas especializadas de apoio à experimentação tecnológica, à normalização técnica e à avaliação da conformidade. Através desta intervenção aplicada, contribuem para aproximar o conhecimento técnico das práticas industriais reais, promovendo a atualização de competências, a adoção de soluções inovadoras e a qualificação orientada para os desafios da transformação produtiva [20]

A participação em programas europeus como o Erasmus+ (ação “Parcerias para a Excelência”), Horizonte Europa (ex.: Clusters 4 e 5) e Interreg, através dos quais se têm desenvolvido projetos dedicados à formação em competências emergentes: eficiência energética, digitalização de processos industriais, economia circular, análise avançada de dados, manutenção 4 0, entre outras [21]

Estas plataformas têm permitido:

Alinhar as competências técnicas com os novos requisitos legais e normativos, como a Diretiva CSRD, a Taxonomia Europeia para Atividades Sustentáveis, o AI Act e o Eco-

designforSustainableProductsRegulation; Aplicar metodologias pedagógicas inovadoras, como microcredenciais digitais, formação em contexto de trabalho, formação com gémeos digitais ou simulação em ambientesimersivos;

Promover a retenção de talento qualificado nas regiões industriais, ao associar a formação à prática e à empregabilidadeemempresaslocais;

Consolidar culturas organizacionais orientadas para a aprendizagem contínua, fator crítico para empresas que operamemsetoresderápidaevoluçãotecnológica

Segundo a Comissão Europeia, os países que mais investiram em plataformas colaborativas de capacitação industrial nos últimos cinco anos foram também os que registaram maior crescimentodaprodutividadenosetortransformador:entre7% e12%,faceàmédiaeuropeiade3%[22].

Portugal tem neste domínio uma oportunidade concreta para reforçaroseuecossistemaindustrial,transformandoodesafio da qualificação num fator estratégico de desenvolvimento competitivoesustentável

FONTES: [19]IAPMEI/RecuperarPortugal(2023).RelatóriodeExecuçãodasAgendasMobilizadoraseVerdes–PRR.Lisboa:IAPMEI. [20]ANI(2023).CentrosdeTecnologiaeInovação:ReconhecimentoeIntervençãonoSistemaNacionaldeInovação.Lisboa:ANI. [21]EuropeanCommission(2023).SkillsDevelopmentthroughEUProgrammes:Erasmus+,HorizonEuropeandInterreg.Brussels:EC. [22]EuropeanCommission(2023).EducationandTrainingMonitor2023:InvestinginSkillsforaCompetitiveEurope.Brussels:EC.

O CONTRIBUTO DOS CTI: O CASO DO CATIM

No ecossistema de inovação português, os Centros de Tecnologia e Inovação (CTI) desempenham um papel relevante no apoio à indústria, combinando competências em desenvolvimento tecnológico, ensaio e validação, normalização técnica e transferência de conhecimento. Através da sua proximidade ao tecido empresarial e da intervenção prática em contextos produtivos, os CTI contribuem para a capacitação técnica das empresas, não enquanto entidades formadoras convencionais, mas como facilitadores de aprendizagem aplicada, especializada e orientada para a inovação industrial.

O CATIM, enquanto CTI, tem consolidado uma intervenção abrangente no domínio da capacitação técnica, com foco na indústria transformadora A sua ação assenta em quatro eixos principais:

Formação técnica aplicada, com oferta regular e adaptada às necessidades do setor, nas áreas de metrologia, ensaios, sustentabilidade, digitalização industrial, robótica colaborativa, conformidade técnica e gestão da qualidade; Promoção da normalização técnica, como instrumento de qualificação, através da participação ativa em Comissões Técnicas nacionais e europeias, e do desenvolvimento de referenciais formativos baseados em normas harmonizadas e diretivas comunitárias; Integração em projetos colaborativos com dimensão formativa, incluindo as Agendas Mobilizadoras do PRR e projetos europeus cofinanciados por programas como o Horizonte Europa, o Interreg ou o Erasmus+, onde o CATIM intervém tanto na conceção de conteúdos como na sua aplicação prática junto das empresas;

Iniciativas próprias de capacitação, como o programa MissãoINcatim, lançado em 2023, que dinamiza ações regulares de formação técnica, workshops de especialização e sessões de transferência de conhecimento, envolvendo centenas de profissionais da indústria em toda a Região Norte

Estes instrumentos reforçam o papel dos CTI enquanto infraestruturas tecnológicas de proximidade, capazes de responder às necessidades formativas imediatas das empresas, de antecipar tendências e de promover a convergência entre qualificação, inovação e regulamentação técnica.

Ao trabalhar com empresas, instituições do sistema científico e tecnológico e decisores políticos, o CATIM contribui para tornar a capacitação técnica uma política pública operacional, ajustada aos contextos empresariais e com impacto mensurável.

Para uma Estratégia Nacional de Capacitação Técnica

A criação de uma indústria mais digital, sustentável e resiliente exige mais do que respostas setoriais. Requer uma estratégia nacional coerente de capacitação técnica, alinhada com os instrumentos de financiamento público, com as prioridades da política industrial e com as necessidades reais das empresas A capacitação deve ser tratada como uma dimensão transversal da governação económica: ao mesmo nível da inovação, da transição energética ou da internacionalização.

Para tal, é essencial que a estratégia nacional incorpore os seguintes eixos estruturantes:

Criação de Academias Industriais Avançadas, ancoradas em Centros de Tecnologia e Inovação (CTI) e articuladas com clusters empresariais, capazes de oferecer formação especializada, modular e certificada em áreas tecnológicas críticas;

Integração obrigatória de componentes formativas em todos os projetos de reindustrialização, transição digital e inovação financiados por fundos públicos, como o PRR, o Portugal 2030 ou o Horizonte Europa garantindo que cada investimento em tecnologia ou infraestruturas inclui investimento paralelo em pessoas;

Mapeamento contínuo de competências emergentes, através de Observatórios Setoriais e Regionais de Competências, com dados atualizados que permitam ajustar ofertas formativas e currículos técnicos às novas exigências da indústria e da regulação;

Reconhecimento formal e interoperável de microcredenciais e de saberes adquiridos em contexto não formal e informal, com base em referenciais europeus como o European Digital Credentials for Learning e o ESCO –European Skills, Competences, Qualifications and Occupations [23];

Campanhas nacionais de promoção das competências técnicas e tecnológicas, orientadas para a qualificação em áreas de especialização industrial, com foco na atratividade de carreiras associadas à inovação, à sustentabilidade e à transformação digital dos setores produtivos; Criação de indicadores de desempenho específicos para a capacitação, integrados nos sistemas de monitorização de políticas públicas, avaliando a contribuição da formação para a produtividade, a inovação, a sustentabilidade e o reforço da base exportadora.

A concretização destas propostas exige uma articulação estratégica com os principais eixos do sistema nacional de educação, qualificação e inovação, nomeadamente:

As instituições de ensino e formação, enquanto estruturas fundamentais para o desenvolvimento de competências técnicas avançadas, alinhadas com os requisitos de especi-

FONTES:

alizaçãodaindústria;

Os instrumentos de financiamento estruturais, como o Portugal 2030, o PRR, o Fundo Social Europeu+ e o programa Horizonte Europa, que devem integrar metas claras de capacitação em domínios críticos para a transformaçãoindustrial; Os mecanismos de especialização regional inteligente (RIS3),queorientamprioridadesterritoriaisparaoreforço da base tecnológica e produtiva, promovendo respostas formativas ajustadas às dinâmicas e necessidades concretasdecadaregião[24]

A estratégia nacional deve, ainda, apoiar-se em parcerias territoriais de capacitação, envolvendo CTI, empresas, municípioseuniversidades,paragarantirsoluçõesadaptadasà realidade de cada região, evitando assimetrias no acesso a oportunidadesformativasdequalidade

Capacitar é Soberania

Num tempo em que a indústria europeia redefine o seu posicionamento estratégico face à instabilidade geopolítica, à pressão regulatória e à aceleração tecnológica, a capacitação técnica emerge como uma condição essencial para reforçar a autonomia industrial, garantir a resiliência económica e promover a coesão territorial

Investir em competências não é apenas um imperativo para responder à escassez de talento é, acima de tudo, um ato de soberania industrial. É através da qualificação contínua que se consolida a base técnica que permite adotar tecnologias sustentáveis, cumprir normas internacionais exigentes, proteger cadeias de valor críticas e inovar com conhecimento endógeno

O futuro da indústria portuguesa e europeia decide-se tanto nas linhas de produção como nos espaços onde o conhecimento técnico se testa, desenvolve e transforma em inovação É nesses espaços que a transformação acontece de forma tangível: onde o saber se torna competência, e a competência se traduz em valor económico, social e ambiental

Reforçar competências é reposicionar a indústria. Reposicionar a indústria é redesenhar o futuro.

[23]EuropeanCommission(2022).EuropeanDigitalCredentialsforLearning–ImplementationGuidelines.Brussels:EC. [24]CCDR-N(2023).S3NORTE2027–EstratégiadeEspecializaçãoInteligentedaRegiãodoNorte.Porto:CCDR-N.

“A capacitação tornou-se uma condição incontornável para qualquer trajetória de reindustrialização inteligente, sustentável e resiliente.”

À conversa com Patrícia Fernandes

Responsável pelo Departamento de RH e Formação do CATIM

COMPETÊNCIAS COM FUTURO: CAPACITAR PARA UMA INDÚSTRIA INTELIGENTE, VERDE E HUMANA

Numa indústria em rápida transformação, onde os paradigmas da produção, da energia e da tecnologia se reconfiguram a uma velocidade

sem precedentes, o fator humano afigura-se mais central do que nunca. A Indústria 5.0, ao recentrar as pessoas como protagonistas da inovação, reforça a urgência de investir em competências técnicas, digitais, orientadas para a sustentabilidade, não apenas como resposta à mudança, mas como fator determinante para a sua concretização.

Num momento em que a escassez de talento técnico especializado se revela uma fragilidade transversal na indústria portuguesa e europeia, a capacitação emerge como eixo estratégico da reindustrialização O reforço da formação aplicada, a criação de percursos formativos flexíveis e o envolvimento de infraestruturas tecnológicas no processo de aprendizagem são hoje fatores críticos para a competitividade, a resiliência e a soberania industrial Nesta edição, a e CATIM entrevista Patrícia Fernandes, responsável pelo Departamento de Recursos Humanos e Formação do CATIM, sobre os novos desafios da capacitação industrial, o papel dos centros de tecnologia e inovação, e a estratégia que se impõe para valorizar o talento como ativo decisivo para a transição verde e digital

O talento qualificado é hoje considerado uma infraestrutura estratégica Como interpreta o CATIM esta centralidade das competências nos desafios da reindustrialização?

A capacitação tornou-se uma condição incontornável para qualquer trajetória de reindustrialização inteligente, sustentável e resiliente. No CATIM, reconhecemos que a qualificação dos profissionais é não apenas um requisito

técnico, mas uma base de autonomia produtiva, de apropriação tecnológica e de valorização do conhecimento Trabalhamos com e para empresas que enfrentam desafios cada vez mais complexos e a resposta está muitas vezes na capacidade de interpretar dados, adaptar processos, cumprir normas, inovar e acrescentar valor efetivo Tudo isto depende de pessoas A formação deixa de ser uma atividade periférica e passa a ser um verdadeiro eixo estratégico da competitividade industrial

A indústria enfrenta um desfasamento crescente entre a evolução tecnológica e a preparação da força de trabalho. Que lacunas ou necessidades têm sido mais evidentes no contacto direto com as empresas?

Os perfis técnicos estão a mudar rapidamente e com isso surgem lacunas em várias áreas críticas Identificamos necessidades particularmente marcantes na automação, metrologia, digitalização de processos, cibersegurança industrial, sustentabilidade aplicada e eficiência energética. Para além das competências técnicas, sentimos igualmente falta de competências transversais como interpretação normativa, trabalho colaborativo, pensamento crítico Muitas empresas procuram soluções formativas com vista a colmatar lacunas técnicas e transversais, mas nem sempre encontram percursos formativos adaptados à sua realidade produtiva ou entidades formadoras com capacidade de resposta adaptada à sua realidade. Por outro lado, a requalificação dos perfis técnicos, com vista a aumentar a eficiência industrial, torna-se ainda mais desafiante face à velocidade dos negócios, à escala ou recursos internos por vezes indisponíveis E é precisamente neste ponto que os centros de tecnologia e inovação têm vindo a fazer a diferença, pela proximidade, flexibilidade e soluções integradas que disponibilizam.

Fala-se em requalificação massiva, aprendizagem ao longo da vida e atualização permanente. Como está o CATIM a responder a estas exigências, quer na oferta formativa, quer na sua articulação com os contextos reais de produção? No CATIM, integramos a formação no próprio ecossistema industrial As nossas ações são práticas, focadas e adaptadas ao contexto real das empresas. Utilizamos metodologias hands-on, promovemos a aprendizagem em ambiente tecnológico e asseguramos que os conteúdos acompanham a evolução das normas e das tecnologias Além disso, articulamos a formação com os nossos serviços laboratoriais e de apoio técnico e tecnológico, o que permite uma experiência de aprendizagem muito orientada e concreta, baseada em problemas reais Esta lógica permite-nos responder tanto a necessidades de atualização (upskilling) como a processos mais profundos de reconversão (reskilling), especialmente relevantes em períodos de transição acelerada como aquele que vivemos

A Indústria 5 0 destaca-se por valorizar a complementaridade entre pessoas e sistemas inteligentes Em que medida esta visão influencia a forma como o CATIM estrutura os seus programas de formação? Totalmente. A Indústria 5.0 coloca as pessoas no centro e obriga-nos a pensar a formação de forma mais completa: não só no plano técnico, mas também nas competências relacionais, na consciência ambiental, na capacidade de interpretar e adaptar sistemas A complementaridade com a tecnologia não é automática tem de ser preparada. Por isso, os nossos programas visam desenvolver competências que permitam aos profissionais integrar soluções digitais e inteligentes com sentido crítico, responsabilidade e valor acrescentado Não se trata de formar utilizadores de sistemas, mas agentes de transformação dentro da indústria

A capacitação aplicada exige proximidade à prática e acesso a contextos reais de trabalho. Como é que o CATIM, enquanto centro tecnológico, integra a formação com os seus laboratórios, plataformas e redes industriais? Temos uma vantagem única: estamos todos os dias inseridos na realidade industrial Isso significa que conseguimos transferir diretamente os desafios técnicos das empresas para os contextos de aprendizagem. Usamos os nossos laboratórios de metrologia, ensaios mecânicos, eficiência energética e materiais como espaços vivos de capacitação. Trabalhamos com empresas no terreno e integramos nos nossos programas os dados e as aprendizagens que resultam dessa experiência Além disso, participamos em agendas colaborativas, como a PRODUTECH R3, e desenvolvemos projetos como o MissãoINcatim, que nos permitem testar, ajustar e disseminar soluções formativas em rede. É uma abordagem muito prática, mas também profundamente estratégica.

A transição verde e a digitalização estão a ser acompanhadas de novas exigências normativas, como o CSRD ou o AI Act Como estão a ser preparadas as empresas, e os seus profissionais, para enfrentar este novo enquadramento?

Aformação deixa de ser uma atividade periférica e passa a ser

um verdadeiro eixo estratégico da competitividade industrial.

A evolução normativa está a acontecer a um ritmo muito acelerado. Temos novos regulamentos ambientais, exigências de reporte de sustentabilidade, obrigações relacionadas com a cibersegurança e até o enquadramento da inteligência artificial em ambiente produtivo

Tudo isto exige um esforço de literacia técnica que não pode ser subestimado No CATIM, temos vindo a integrar estas exigências nos conteúdos formativos, mas também nas ações de sensibilização e capacitação. Trabalhamos com as empresas para garantir que os seus profissionais compreendem, interpretam e aplicam os referenciais de forma correta e isso implica uma capacitação constante, metodológica e atualizada

A escassez de talento jovem e a fragmentação da oferta formativa são obstáculos estruturais. Que caminhos identifica o CATIM para atrair, formar e reter profissionais na indústria, de forma sustentável e estratégica?

Acreditamos que é necessário criar percursos mais atrativos, mais conectados à realidade industrial e mais valorizados socialmente Isso passa, em primeiro lugar, pela aproximação entre os centros tecnológicos, as empresas e o ensino superior Devemos trabalhar em conjunto para desenhar programas práticos, flexíveis, com microcredenciais, certificações técnicas e componentes aplicadas É também essencial comunicar melhor a relevância e o impacto das profissões técnicas, mostrar que são carreiras com influência, futuro e responsabilidade E, claro, é preciso investir em ecossistemas de aprendizagem contínua, onde os profissionais possam crescer, especializar-se e adaptar-se não por obrigação, mas como parte do seu percurso de valorização pessoal e profissional

Que mensagem deixaria às empresas, às entidades públicas e aos profissionais sobre a importância da capacitação como eixo da soberania industrial e da modernização da economia portuguesa?

A formação não é um custo é um investimento naquilo que temos de mais valioso: o conhecimento aplicado, a capacidade de agir, de transformar, de construir soluções com impacto Numa altura em que todos os setores estão em mutação, quem aposta nas pessoas está a criar um futuro sustentável O CATIM está disponível para acompanhar as empresas nesse caminho: como parceiro de confiança, como interface tecnológico, como espaço de aprendizagem e como agente de desenvolvimento. Capacitar é transformar, e transformar é o que a indústria portuguesa sabe, quer e deve continuar a fazer

PROJETOS

Notícias e Destaques

NOVOS PROJETOS CATIM

CATIM COM DOIS NOVOS PROJETOS APROVADOS PELO COMPETE2030

O CATIM viu recentemente aprovadas duas novas candidaturas submetidas no âmbito do COMPETE2030, reforçando o seu posicionamento como Centro de Tecnologia e Inovação (CTI) de referência no apoio à indústria nacional, através da inovação tecnológica, da transferência de conhecimento e da promoção da sustentabilidade

No setor agroalimentar, o projeto EyeOnFish – Sistema avançado de inspeção, classificação e corte de produtos alimentares recorrendo a algoritmos de inteligência artificial, aprovado em abril, propõe uma solução inovadora para responder a desafios concretos da indústria transformadora do bacalhau O projeto aposta na integração de tecnologias de visão computacional e algoritmos de deep learning, aliadas a um sistema de corte automatizado, para superar constrangimentos como a inspeção deficiente, o corte ineficiente e perigoso, o excesso de manipulações manuais e a ausência de ferramentas de controlo estatístico de processo. O projeto resulta de uma iniciativa em copromoção que reúne a EGITRON, o CATIM e a Universidade do Minho

Na vertente da valorização do conhecimento e apoio à transformação industrial, foi aprovada em maio a candidatura individual Knowledge4Excellence – Knowledge for Operational Excellence and Sustainability towards a green and digital industry, promovida pelo CATIM Este projeto visa intensificar a transferência de conhecimento científico e tecnológico para o tecido empresarial, com especial enfoque nas PME das Regiões Norte e Centro, e promover a valorização económica dos resultados de I&D gerados no sistema de inovação nacional Está alinhado com os domínios prioritários da Estratégia Nacional de Especialização Inteligente (ENEI 2030), contribuindo para uma indústria mais sustentável, digital e competitiva.

Com estes dois novos projetos, o CATIM reforça a sua missão enquanto agente ativo na construção de soluções tecnológicas com impacto direto nos setores produtivos, promovendo sinergias entre investigação aplicada, capacitação técnica e sustentabilidade industrial Projetos como o EyeOnFish e o Knowledge4Excellence são expressão concreta do compromisso do CATIM com a dupla transição digital e climática e com a criação de valor a partir da ciência e da tecnologia, ao serviço de uma indústria mais inteligente, segura e sustentável

WORKSHOPS: DEBATE TÉCNICO, SOLUÇÕES E FERRAMENTAS DIGITAIS

9º WORKSHOP 3 de abril de 2025 | Viseu Portugal

10º WORKSHOP, 6 de maio de 2025 | Porto, Portugal

O 9.º Workshop, realizado no dia 3 de abril no Montebelo Viseu Congress Hotel & Spa, abordou a mitigação da pegada de carbono e as novas exigências regulatórias. Contou com intervenções de Viviana Pinto (consultora em sustentabilidade), Hélder Rodrigues (ADENE) e Diogo Teixeira (Aliados Consulting), e incluiu também a apresentação do Roteiro de Descarbonização do METAL PORTUGAL por João Campos (Humb Consulting), bem como a demonstração das ferramentas digitais do projeto por Carolina Duque e Raquel Coelho (CATIM) A sessão foi encerrada por Cláudia Ribeiro (CATIM).

O 10.º Workshop, que teve lugar a 6 de maio no TRYP Porto Expo Hotel, centrou-se nas tecnologias disruptivas e na Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Participaram Ricardo Barbosa (INEGI), com uma exposição sobre vetores energéticos, e Ciro Martins (Universidade de Aveiro), com uma intervenção dedicada ao potencial da tecnologia blockchain Teresa Mata (INEGI) apresentou um caso prático de ACV, seguindo-se novas demonstrações das ferramentas digitais do projeto A sessão foi encerrada por Elsa Teixeira (IAPMEI).

AÇÕES DE CAPACITAÇÃO: FORMAÇÃO PRÁTICA COM FOCO EMPRESARIAL

8º AC 22 de abril de 2025 | Vila Nova de Gaia Portugal

9º AC, 15 de maio de 2025 | Porto, Portugal

10º AC, 23 de maio de 2025 | Santa Maria da Feira, Portugal

Em paralelo, foram promovidas três novas ações de capacitação, centradas na aplicação prática das ferramentas e na preparação das empresas para os novos referenciais de sustentabilidade:

A 8.ª Ação, em abril, focou-se na pegada de carbono e na Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), aproximando conceitos técnicos das realidades produtivas.

A 9 ª Ação, em maio, permitiu às empresas aplicar as ferramentas digitais do projeto em contexto prático, com acompanhamento técnico próximo

A 10.ª Ação, também em maio, abordou a norma VSME e os novos requisitos de reporte ESG, com enfoque específico nas necessidades das PME industriais.

Estas iniciativas têm permitido aprofundar o conhecimento técnico das empresas, promover a adoção de ferramentas digitais e aproximar o setor dos novos referenciais ambientais e regulatórios. Em setembro de 2025, terão lugar as últimas sessões de capacitação e sensibilização no âmbito do projeto CarbonFree Guide4Metal, marcando o encerramento de um ciclo de iniciativas que consolidaram o compromisso do CATIM e da AIMMAP com uma indústria mais sustentável, eficiente e preparada para os desafios da transição climática

DESCARBONIZAÇÃO EM AÇÃO: WORKSHOPS, CAPACITAÇÃO E CONFERÊNCIA EFEITO+ REFORÇAM ROTEIRO PARA O METAL PORTUGAL

O CATIM e a AIMMAP prosseguem o seu trabalho no apoio à descarbonização do setor Metal Portugal através do projeto CarbonFree Guide4Metal. Entre abril e junho, o projeto promoveu um conjunto de iniciativas workshops, ações de capacitação e a conferência Efeito+ que têm contribuído para disseminar conhecimento técnico, apresentar ferramentas digitais e apoiar as empresas na transição energética e climática.

CONFERÊNCIA EFEITO+: MOBILIZAR CONHECIMENTO PARA A TRANSIÇÃO

4 de junho de 2025 | Porto, Portugal

No dia 4 de junho, decorreu no Palácio do Freixo, no Porto, a conferência EFEITO+, uma sessão pública que reuniu especialistas, empresas e entidades do ecossistema industrial A iniciativa promoveu a partilha de resultados, o debate sobre as perspetivas da descarbonização industrial e a valorização das ferramentas desenvolvidas no âmbito do projeto A conferência reforçou o papel da capacitação, da digitalização e da literacia técnica como pilares essenciais da sustentabilidade e competitividade do setor

AOWINDE e TWIN NAVAUX

INICIATIVAS ESTRATÉGICAS TRANSNACIONAIS PARA

A PROMOÇÃO

DA ENERGIA EÓLICA OFFSHORE

8 de maio de 2025 | Viana do Casterlo, Portugal

O CATIM marcou presença no evento “Iniciativas estratégicas transnacionais para a promoção da energia eólica offshore” , realizado em Viana do Castelo, no âmbito do projeto Atlantic OffshoreWindEnergy(AOWINDE)

A iniciativa reuniu parceiros do consórcio AOWINDE e profissionais do setor da Galiza e do Norte de Portugal para debater o papel da energia eólica offshore na transição energética e refletir sobre a importância da cooperação transnacional para o fortalecimentodeumacadeiadevalorsustentávelecompetitiva

Durante o evento, intervieram representantes da ASIME, AIMMAP, Câmara Municipal de Viana do Castelo, Viana Pesca, Ocean Winds, Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), ADENE e Marine Institute da Irlanda, que partilharam perspetivas sobre desafios, boas práticas e estratégias de inovação no setor, reforçando a importância da colaboração internacional

No mesmo dia, teve lugar uma reunião presencial do consórcio do AOWINDE, que contou com a participação ativa do CATIM, na qual foram abordados os avanços do projeto e definidos os próximos passos.

4.ª EDIÇÃO DA FEIRA MINDTECH

17–19 de junho de 2025 |Vigo Espanha

O CATIM marcou presença na Feira Mindtech – Metal Industry and Technologies International Trade Fair, organizada pela Asociación de Industrias del Metal y Tecnologías Asociadas de Galicia (ASIME), que decorreu entre os dias 17 e 19 de junho, em Vigo. A edição deste ano contou com mais de 200 expositores e cerca de 10.000 visitantes, afirmando-se como um dos principais eventos da indústria do metal e tecnologias associadas na Península Ibérica

Este evento proporcionou uma oportunidade importante para acompanhar tendências emergentes, fomentar a colaboração entre os diferentes agentes do setor e analisar desafios relacionados com o futuro da indústria. Destacou-se ainda pelo seu forte caráter internacional, reunindo empresas e organizações de Espanha e de países como Alemanha, Colômbia, Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão, México, Portugal, entre outros A presença do CATIM ocorreu em representação do consórcio do projeto Atlantic Offshore Wind Energy (AOWINDE), reforçando o compromisso do projeto com a promoção da cooperação transnacional no domínio da energia eólica offshore

JORNADA TRANSFRONTEIRIÇA GÉMEOS DIGITAIS E EÓLICA OFFSHORE

27 de maio de 2025 | Porto, Portugal

No dia 27 de maio, o Centro de Negócios da Exponor acolheu a Jornada Transfronteiriça Gémeos Digitais e Eólica Offshore, uma iniciativa promovida pelo CATIM, no âmbito da EMAF2025.O evento reuniu especialistas e representantes do setor industrial da Eurorregião Galiza –Norte de Portugal para partilhar conhecimento, experiências e boas práticas para o futuro dos setores auxiliar naval e da energia eólica offshore

Na sessão dedicada ao projeto Twin NavAux, discutiu-se a aplicação de gémeos digitais no setor auxiliar naval, com a apresentação de pilotos desenvolvidos pelos parceiros do projeto. A sessão do projeto AOWINDE centrou-se nas boas práticas e desafios da energia eólica offshore, com destaque para a mesa-redonda “Energia Eólica Offshore: Boas Práticas Setoriais e Territoriais para uma Transição Sustentável”, com a participação de especialistas do INESC TEC, IPVC e Vestas. A jornada proporcionou um espaço de debate qualificado sobre temas como sustentabilidade, ordenamento do espaço marítimo, capacitação regional, inovação tecnológica e cooperação transfronteiriça.

Esta iniciativa insere-se no âmbito dos projetos Twin NavAux e Atlantic Offshore Wind Energy (AOWINDE), cofinanciados pelo Programa Interreg VI-A Espanha-Portugal (POCTEP) 2021–2027.

ERASMUS+:

CAPACITAR

PARA INOVAR

FABLABS

FABLABS: FERRAMENTAS DIGITAIS PARA EDUCADORES DO FUTURO

20 a 22 de maio de 2025 | Santiago de Compostela e Vigo, Galiza – Espanha

De 20 a 22 de maio, o Centro de Supercomputação da Galiza (CESGA) e a Universidade de Vigo acolheram a reunião final do projeto FabLabs (fabserasmus eu), que desde 2022 tem reunido parceiros da Eslovénia, Portugal, Itália, Alemanha e Espanha para criar recursos pedagógicos digitais com foco nos ambientes FabLab

O projeto, financiado pelo Erasmus+, apresenta como principais resultados:

Um curso online gratuito e aberto para educadores interessados em integrar tecnologias digitais nas suas práticas pedagógicas; Um toolkit de apoio ao ensino, com guias metodológicos, estratégias de inclusão e conteúdos modulares; Quatro unidades de formação sobre Design Thinking, Internet of Things (IoT), Blockchain, Inteligência Artificial e Big Data

Todo o material está acessível nas seguintes plataformas: �� course.fabs-erasmus.eu �� toolkit fabs-erasmus eu

O CATIM contribuiu para o desenvolvimento e validação técnica dos conteúdos, reforçando a ligação entre os ambientes educativos e o contexto industrial real

PROJETO TOPMEAS ALIA REALIDADE AUMENTADA À

MODERNIZAÇÃO

DA METROLOGIA ÓTICA

O CATIM é parceiro do projeto europeu TopMeas – Modern Metrology Based on Open and Digital Science, financiado pelo programa Erasmus+, que visa modernizar o ensino e a prática da metrologia ótica através da digitalização, da ciência aberta e da colaboração internacional

No passado dia 28 de maio, o projeto foi apresentado no simpósio técnico SIMPMET 2025, realizado no Instituto de Engenharia do Porto, onde foram discutidos temas como calibração digital, rastreabilidade em medições digitais e disseminação de boas práticas metrológicas.

A 16 de junho arrancou o curso piloto do projeto, que aposta em metodologias de aprendizagem imersiva com recurso a realidade aumentada e virtual Estudantes da Universidade do Minho, de diferentes áreas da Engenharia, estão a testar conteúdos centrados no utilizador e quadros de avaliação robustos, abordando tópicos como nuvens de pontos, scan laser e luz cromática branca

Mais informações: topmeas.pk.edu.pl

CATIM integra projetos europeus que aproximam a educação das tecnologias emergentes
TOP MEAS
28 de maio e 16 de junho de 2025 | Porto Portugal

Pense Indústria

PENSE

INDÚSTRIA INTENSIFICA A LIGAÇÃO ENTRE JOVENS, ESCOLAS E TECNOLOGIAS EMERGENTES

Nos dias 5 e 6 de junho, o Pavilhão Multiusos de Fafe acolheu a Final Nacional do desafio internacional STEM Racing, uma iniciativa integrada no projeto Pense Indústria – Pessoas, Digitalização e Sustentabilidade, promovido por cinco Centros Tecnológicos nacionais (CATIM, CITEVE, CENTIMFE, CTCOR e CTCP). O evento foi organizado em parceria com a Câmara Municipal de Fafe e reuniu 19 equipas finalistas oriundas de várias regiões do país

O STEM Racing (www.stemracing.com) é uma competição multidisciplinar com enquadramento internacional, que visa aproximar os jovens das áreas da engenharia, tecnologia e inovação industrial Mantendo o apoio oficial da Fórmula 1, o programa desafia os participantes a conceber, construir e otimizar miniaturas de carros de F1, aplicando conhecimentos de design, aerodinâmica, produção digital, física e matemática, em contexto de trabalho em equipa e resolução de problemas complexos.

A equipa S-Energy, constituída por alunos do Agrupamento de Escolas Benjamim Salgado e do Instituto Nun’Alvres, foi a grande vencedora desta edição e irá representar Portugal na Final Mundial, que decorrerá em Singapura, no final de setembro.

O evento contou ainda com a presença de duas equipas convidadas do Brasil, promovendo o intercâmbio internacional de conhecimento, experiências e culturas técnicas entre jovens dos dois países O STEM Racing constitui uma das componentes de maior projeção pública do projeto Pense Indústria, contribuindo para a valorização das competências STEM no sistema educativo e para o desenvolvimento de vocações industriais e tecnológicas nas gerações mais jovens, em linha com os princípios da Indústria 5 0 e os objetivos da transição verde e digital

PRODUTECH R3

REUNIÃO DE COORDENAÇÃO

22 de abril de 2025 | Porto, Portugal

No dia 2 de abril, teve lugar nas instalações do CATIM, no Porto, mais uma reunião presencial de Coordenação Operacional da Agenda Mobilizadora PRODUTECH R3 – Recuperação, Resiliência e Reindustrialização, financiada pela União Europeia no âmbito do programa NextGeneration EU, através do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR) e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)

O projeto PRODUTECH R3 integra 108 parceiros, dos quais 45 são empresas da Fileira de Tecnologias de Produção (FTP), 37 empresas de setores industriais complementares e 26 entidades do Sistema Científico e Tecnológico nacional

As reuniões de coordenação operacional realizam-se trimestralmente, reunindo os coordenadores dos 20 work packages do projeto, que incluem 15 programas transformadores, 3 programas horizontais e 2 programas de suporte Estes encontros têm como principais objetivos partilhar os desenvolvimentos e resultados mais recentes, planear os próximos passos e reforçar a cooperação entre parceiros, de forma a assegurar a correta execução do projeto

CATIM PARTICIPA NA FEIRA + INDUSTRY

3 a 5 de junho de 2025 | Bilbau, Espanha

De 3 a 5 de junho, o CATIM marcou presença na feira +INDUSTRY, em Bilbau, um dos principais eventos industriais do sul da Europa. A participação decorreu no âmbito da Agenda Mobilizadora PRODUTECH R3, dedicada à promoção da inovação e transição digital na indústria O evento reuniu os principais setores da Smart Manufacturing, incluindo manufatura avançada, automação, robótica, eletrónica, impressão 3D, manutenção industrial, oferecendo um espaço privilegiado para a partilha de conhecimento e o reforço de parcerias estratégicas

Produtech R3

DESCARBONIZAR COM DADOS: FERRAMENTAS DIGITAIS PARA A TRANSIÇÃO DO SETOR METAL PORTUGAL

Projeto CarbonFree Guide4Metal disponibiliza instrumentos digitais de apoio à neutralidade carbónica

Por Cláudia Ribeiro, Diretora da Unidade de Ambiente e Segurança do CATIM e Raquel Coelho, TécnicaSuperiordeAmbientenoCATIM

A neutralidade climática constitui um imperativo estratégico para o setor industrial europeu Em Portugal, o setor Metal – que integra as indústrias da metalurgia e metalomecânica (CAE 25 e 282) – assume-se como um dos pilares estruturais da economia, sendo simultaneamente um dos setores com maior pegada carbónica indireta. É neste contexto que surge o projeto CarbonFree Guide4Metal, promovido pela AIMMAP e pelo CATIM, com o apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). De acordo com estimativas recentes, realizadas no âmbito do projeto, as emissões totais do setor atingiram 4.770 kt CO₂e em 2022. Deste total, 4,1% correspondem a emissões diretas (âmbito 1), e 3,0% a emissões indiretas provenientes da eletricidade adquirida (âmbito 2). A larga maioria, 92,9%, corresponde a emissões indiretas adicionais (âmbito 3). Ou seja, aquelas que ocorrem a montante e a jusante da cadeia de valor, fora do controlo direto das empresas Este perfil de emissões está em consonância com os dados do Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas [2] e alinha-se com os objetivos estratégicos definidos no Roteiro Europeu para a Neutralidade Carbónica 2050 [3]

Digitalizar para Descarbonizar: Ferramentas ao Serviço da Indústria

O projeto CarbonFree Guide4Metal envolve a estruturação de um roteiro técnico-operacional de descarbonização e o desenvolvimento de duas ferramentas digitais inovadoras: a Ferramenta Pegada Metal e a Ferramenta Roteiro Metal

FONTES:

Estas ferramentas foram concebidas para apoiar a transição energética e climática, tornando-a mais acessível, prática e baseada em dados reais Permitem realizar autodiagnósticos ambientais, simular medidas de mitigação, quantificar emissões diretas e indiretas e construir trajetórias de descarbonização personalizadas, ajustadas às características operacionais de cada organização Ambas as ferramentas estão disponíveis gratuitamente para as empresas do setor Metal em www carbonfreemetalportugal pt

Ferramenta Pegada Metal | Quantificação das Emissões de GEE da Organização

A Ferramenta Pegada Metal permite calcular a pegada de carbono organizacional, em conformidade com o referencial internacional GHG Protocol [4] A análise proposta contempla:

Âmbito 1 – Emissões diretas provenientes de fontes sob controlo da empresa, como equipamentos de combustão, processos térmicos, viaturas e fugas;

Âmbito 2 – Emissões indiretas associadas à eletricidade adquirida e consumida

Esta ferramenta facilita a monitorização periódica das emissões e o

[1]CATIM&AIMMAP(2024).RoteirodeDescarbonizaçãodoSetorMetalPortugal.ProjetoCarbonFree_Guide4Metal.Disponívelem: [2]AgênciaPortuguesadoAmbiente(2023).InventárioNacionaldeEmissõesAtmosféricas.Lisboa:APA. [3]ComissãoEuropeia(2018).UmPlanetaLimpoparaTodos:EstratégiadeLongoPrazodaUEparaumaEconomiaPróspera,Moderna,CompetitivaeNeutraemCarbono.COM(2018)773final. [4]GHGProtocol,“CorporateStandard.”Disponívelem: https://ghgprotocol.org

Ferramenta Roteiro Metal | Planeamento Estratégico para a Neutralidade Carbónica

A Ferramenta Roteiro Metal possibilita a definição de um plano de ação estruturado, com medidas de curto, médio e longo prazo Os resultados são organizados em seis áreas-chave: Iluminação eficiente; Sistemas de compressão de ar e recuperação de calor; Processos industriais elétricos; Processos industriais térmicos; Potencial de instalação de painéis fotovoltaicos; Estratégias de economia circular Cada módulo fornece cenários técnicos e económicos, identificando investimentos prioritários, poupanças potenciais e impactos ambientais mensuráveis A ferramenta distingue tecnologias disponíveis no mercado de tecnologias emergentes, cuja adoção poderá assumir um papel estratégico no horizonte 2030–2050

Rumo a 2050: Reduzir com Intenção, Investir com Informação

O roteiro de descarbonização do setor Metal Portugal estabelece metas ambiciosas: redução de 75% nas emissões dos âmbitos 1 e 2 até 2030, e 90% até 2050, face aos níveis de 2005 Para alcançar estas metas, será fundamental intensificar a eletrificação dos processos industriais, substituir combustíveis fósseis por fontes de energia renovável e melhorar a eficiência dos sistemas energéticos existentes A Figura 1 representa a evolução estimada das emissões dos âmbitos 1 e 2 no setor Metal Portugal, entre 2005 e 2050

Figura1.Evoluçãoestimadadasemissõesdosâmbitos1e2nosetorMetal Portugal(2005–2050)

O processo de transição implicará uma mudança no perfil energético do setor, com previsão de crescimento do consumo de biometano a partir de 2025.

A Figura 2 ilustra a evolução prevista dos vetores energéticos e do consumo energético no setor Metal Portugal, entre 2021 e 2050

Evoluçãoprevistadosvetoresenergéticosedoconsumoenergéticono setorMetalPortugal(2021–2050)

Vetores de Transformação: Muito Além da Energia

A descarbonização requer uma abordagem sistémica, integrando tecnologia, circularidade, modelos de negócio e capacitação O projeto identificou os seguintes vetores de ação prioritários: Eficiência energética; Recuperação de calor residual; Eletrificação dos processos; Produção de energia a partir de fontes renováveis; Substituição de combustíveis fósseis por combustíveis verdes; Captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS –Carbon Capture, Utilization and Storage); Ecodesign e eficiência de materiais; Logística circular e gestão eficiente de resíduos; Novos modelos de negócio baseados na circularidade; Inovação tecnológica e digital; Capacitação de pessoas e equipas.

Capacitar

o Setor para Liderar a Transição

Mais do que meras ferramentas de cálculo, o projeto CarbonFree Guide4Metal disponibiliza uma plataforma de planeamento e capacitação técnica, alinhada com as exigências regulatórias, os compromissos climáticos nacionais e as prioridades da indústria. As soluções desenvolvidas promovem uma cultura de melhoria contínua, baseada em dados mensuráveis, comparáveis e auditáveis.

Ao apoiar as empresas na construção de roteiros próprios de descarbonização, estas ferramentas contribuem para um setor mais eficiente, resiliente e competitivo, em plena sintonia com os princípios da economia circular e os desafios da dupla transição climática e digital

Figura2

GESTÃO SUSTENTÁVEL E IMPACTO DA EÓLICA

OFFSHORE FLUTUANTE NA CADEIA DE VALOR

A energia eólica offshore e o contributo do projeto AOWINDE

A energia eólica offshore flutuante tem vindo a consolidar-se como uma solução estratégica no atual contexto de emergência climática, em que a redução de emissões de gases com efeito de estufa e a diversificação das fontes energéticas se tornaram prioridades absolutas para a União Europeia. A Comissão Europeia, através do Pacto Ecológico Europeu e do objetivo de neutralidade carbónica até 2050, tem incentivado significativamente o desenvolvimento das energias renováveis marinhas como eixo central da transição energética.

As infraestruturas e os sistemas associados à energia eólica offshore flutuante proporcionam diversas vantagens ambientais e técnicas: permitem captar recursos energéticos abundantes, estáveis e de elevada qualidade, sobretudo em zonas marítimas profundas como as da fachada atlântica da Eurorregião Galiza–Norte de Portugal, onde as soluções flutuantes são mais viáveis do que as estruturas fixas; contribuem para reduzir o impacto visual e sonoro nas comunidades costeiras, por se localizar a maiores distâncias da costa; e para minimizar a ocupação de solo terrestre, libertando espaço para outros fins e protegendo habitats em terra firme

O projeto Atlantic Offshore Wind Energy (AOWINDE), cofinanciado pelo programa Interreg VI Espanha–Portugal 2021-2027, visa posicionar a Eurorregião como um polo de referência internacional no domínio da energia eólica offshore sustentável [https://aowinde eu/pt-pt/projeto-aowinde/]

Nesse sentido, no âmbito do projeto AOWINDE, estão a ser promovidas ações de sensibilização ambiental e identificadas boas práticas orientadas para a sustentabilidade, com foco na minimização de impactos ecológicos, na valorização da biodiversidade marinha e na integração da cadeia de valor industrial de forma responsável, coordenada e inovadora Em seguida, é apresentada uma síntese dos resultados do estudo realizado no contexto do projeto

Potencial ambiental e desafios emergentes

As estruturas submersas associadas às turbinas eólicas offshore, como os flutuadores e os sistemas de ancoragem, podem favorecer a instalação de organismos marinhos, contribuindo para o aumento local da biodiversidade Este fenómeno, conhecido como efeito recife, cria condições favoráveis ao estabelecimento de espécies bentónicas, crustáceos e peixes Assim, com um planeamento adequado, estas estruturas podem gerar impactos positivos nos ecossistemas marinhos.

Contudo, a implementação destas estruturas em meio marinho também poderá originar consequências negativas. Os principais impactos identificados são o risco de colisão de aves migratórias com as pás, os efeitos do ruído e vibrações subaquáticas gerados durante a instalação de fundações e cabos, a alteração das correntes e sedimentos, e a possível contaminação local associada a lubrificantes, tintas ou microplásticos. Se não forem adequadamente avaliados e mitigados, estes impactos podem afetar negativamente a fauna e flora marinhas, alterar habitats sensíveis e gerar resistência social por parte de comunidades dependentes do mar ou ambientalmente sensíveis à transformação do território oceânico

Casos de estudo: experiências de sustentabilidade aplicadas

Nos últimos anos, diversos projetos internacionais têm demonstrado que é possível minimizar os impactos ambientais e potenciar os efeitos positivos da energia eólica produzida no meio marinho. Um exemplo frequentemente citado no contexto da descarbonização é o parque Wikinger, localizado no Mar Báltico e promovido pela Iberdrola. O projeto evita anualmente a emissão de mais de 600 mil toneladas de CO₂, representando um contributo significativo para a redução global de gases com efeito de estufa no setor energético. A par destes resultados em matéria de emissões, outros projetos têm demonstrado que a energia eólica offshore também pode gerar benefícios ecológicos mais diretos, como o reforço da biodiversidade marinha.

No parque Lillgrund, na Suécia, observa-se uma valorização ecológica direta associada à instalação de turbinas Após a entrada em funcionamento do parque, foi registado um aumento da biodiversidade marinha na área envolvente, incluindo o aparecimento de espécies de interesse comercial como o bacalhau e a lagosta, que resultou do efeito recife promovido pelas estruturas submersas

O projeto Baltic Eagle, localizado no Mar Báltico, ao largo da costa da Alemanha, recorre a tecnologias de inteligência artificial para a monitorização de aves marinhas Esta abordagem permite recolher dados em tempo real sobre a presença e o comportamento das aves nas imediações dos aerogeradores, contribuindo para uma melhor compreensão das interações e para a definição de estratégias de mitigação baseadas em evidência científica

No parque Hollandse Kust Zuid, nos Países Baixos, foram integrados poços de reposição de água nas fundações dos aerogeradores. Esta solução visa melhorar a circulação da água e prevenir a corrosão, refletindo uma abordagem de engenharia ambientalmente consciente desde a fase de conceção (Figura 1).

No Reino Unido, foi testada a aplicação de padrões acromáticos nas pás e torres dos aerogeradores, como medida exploratória para reduzir o risco de colisões com aves, diminuindo a atratividade visual das estruturas (Figura 2)

Em conjunto, estas iniciativas demonstram que a integração de soluções técnicas e ambientais constitui um caminho promissor para garantir que o desenvolvimento da energia eólica offshore decorra em equilíbrio com a conservação dos ecossistemas marinhos

Boas práticas e recomendações para o ciclo de vida dos parques

A análise de projetos nacionais e internacionais permitiu identificar um conjunto de boas práticas e recomendações operacionais, organizadas em torno das três principais fases do ciclo de vida de um parque eólico offshore flutuante: préimplantação, operação e desmantelamento.

Fase pré-implantação

Numa fase inicial, é fundamental que a seleção das áreas marinhas para instalação de parques eólicos seja orientada por critérios ecológicos rigorosos, dando preferência a zonas com menor sensibilidade ambiental, designadamente áreas onde se verifique baixa presença de espécies vulneráveis, corredores migratórios ou habitats prioritários

Recomenda-se ainda que os critérios de atribuição em concursos e leilões públicos integrem variáveis ambientais de forma explícita, valorizando as propostas que demonstrem maior compromisso com a mitigação de impactos A participação ativa de atores locais e setoriais desde as fases preliminares do planeamento é igualmente essencial para garantir maior transparência, aceitação social e integração territorial

Figura2 Padrõesacromáticosaplicadosàspásetorresdosaerogeradores
Figura1 Poçosdereposiçãodeáguanosaerogeradoresdoparque

Fase de operação

Durante a vida útil dos parques, a sustentabilidade deve ser assegurada através de monitorização contínua dos impactos ambientais, com especial atenção ao ruído subaquático, à biodiversidade e às interações com aves e mamíferos marinhos.

O desenvolvimento de plataformas digitais abertas, que integrem dados ambientais, legais e técnicos, constitui uma boa prática para apoiar a gestão adaptativa e a partilha de conhecimento entre promotores, autoridades, cientistas e sociedade civil.

Entre as medidas de mitigação recomendadas, destaca-se a utilização de cortinas de bolhas durante a instalação de fundações e cabos, com o objetivo de atenuar a propagação do ruído no ambiente marinho Esta técnica tem sido aplicada em diversos projetos europeus e é reconhecida como uma prática eficaz para proteger espécies sensíveis às vibrações e alterações acústicas (Figura 3)

Fase pós-vida útil

Cortinasdebolhasparaprotegeravidamarinhana instalaçãodeaerogeradores

A última fase do ciclo – o desmantelamento – deve ser planeada com base nos princípios da economia circular. Isto implica a reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e componentes, com o mínimo possível de resíduos descartáveis. Para isso, é necessário que existam infraestruturas logísticas e industriais preparadas, capazes de acolher os aerogeradores desativados e reintroduzir os materiais na cadeia de valor, evitando impactos adicionais no ambiente marinho e promovendo a eficiência dos recursos.

Perspetivas futuras

A instalação de parques eólicos offshore flutuantes na Eurorregião Galiza–Norte de Portugal pode constituir um modelo de referência para a transição energética sustentável, desde que assente em conhecimento científico, inovação tecnológica e numa abordagem integrada da cadeia de valor Para que esse potencial se concretize, é essencial articular esforços entre instituições públicas, setor industrial, comunidade científica e sociedade civil, assegurando a compatibilidade ambiental e a aceitação social das soluções desenvolvidas

O projeto AOWINDE demonstra que é possível compatibilizar desenvolvimento industrial com responsabilidade ambiental, promovendo o desenvolvimento de uma energia renovável segura, sustentável e compatível com a proteção dos ecossistemas marinhos e das comunidades atlânticas.

Figura3

FAMÍLIA ISO 9000 –GESTÃO DA QUALIDADE REVISÃO

ISO 9000 EM CURSO (DIS 9000)

Por Alexandra Peixoto, da Unidade de QualidadeeInovaçãodoCATIM

O ISO/TC 176 iniciou um ciclo de revisão das normas ISO 9000 e ISO 9001 em dezembro de 2023, com o planeamento dos trabalhos de desenvolvimento a decorrer em 2024 e 2025. Atualmente, a ISO 9000 encontra-se na fase de Projeto de Norma Internacional (DIS – Draft International Standard), em período de inquérito na ISO, com conclusão prevista para 3 de julho de 2025.

O objetivo do ISO/TC 176 é lançar a próxima fase de inquérito (FDIS – Final Draft International Standard) ainda em 2025, considerando os resultados da votação e comentários recebidos na fase DIS (ISO/TC 176/SC 1/WG 2 – Revisão da ISO 9000: 2015).

Com esta revisão, pretende-se que a norma se mantenha a base da família ISO 9000, proporcionando uma visão geral dos conceitos e princípios fundamentais relacionados com os sistemas de gestão da qualidade Esta norma estabelece o vocabulário e explica os fundamentos que se aplicam a todas as normas da família ISO 9000, e ajuda a interpretar os requisitos das normas da família ISO 9001 (www iso org/ISO 9000 family standards)

O novo projeto expande a secção 2 A título de exemplo, foi criada uma subsecção com os conceitos adicionais relevantes à gestão da qualidade, tais como gestão das alterações/mudança, economia circular, tecnologias emergentes, inovação, entre outros

A normalização na área da gestão da qualidade é promovida e coordenada pela APQ – Associação Portuguesa da Qualidade (ONS), através da CT 80 – Gestão da Qualidade e Garantia da Qualidade, sendo o CATIM membro da CT 80

ISO/TC176/SC1/WG2–RevisãodaISO9000:2015 (Fonte:wwwisoorg/ISO9000familystandards)

Versões em vigor:

NP EN ISO 9000: 2015 Sistemas de gestão da qualidade –Fundamentos e vocabulário (ISO 9000:2015) / ISO 9000: 2015 Quality management systems – Fundamentals and vocabulary

NP EN ISO 9001: 2015 Sistemas de Gestão da Qualidade –Requisitos (ISO 9001:2015) / ISO 9001: 2015 Quality management systems – Requirements; NP EN ISO 9001:2015 / Amd 1:2024 Ações relativas às alterações climáticas / ISO 9001:2015 / Amd 1: 2024

Amendment 1: Climate action changes 2

CATIM EM DESTAQUE: SOLUÇÕES PARA UMA INDÚSTRIA MAIS SUSTENTÁVEL E

SEGURA

O CATIM reforça a presença em fóruns de referência, partilhando conhecimento técnico e resultados em domínios estratégicos como reciclagem, qualidade, segurança e design sustentável.

Reciclagem avançada de multimateriais em destaque na IRF2025

�� 17 de julho | Porto – IRF2025

Um estudo sobre tratamento criogénico para separação de metais e polímeros em componentes híbridos da indústria automóvel, com a participação de Romeu Matos, Ivan Pereira e Maria Fernandes (CATIM), será apresentado na 8 ª Conferência Internacional IRF2025 – Integrity-Reliability-Failure Desenvolvido no âmbito do Work Package 15 – Digital4Circular da Agenda Mobilizadora PRODUTECH R3, o estudo promove soluções para uma segregação mais eficiente e sustentável no fim de vida dos produtos industriais �� Título original: “Enhancing Multi-Material Recycling in the Automotive Industry: A Study on Cryogenic Treatment for Improved Material Segregation” �� DOI: 10.24840/978-972-752-323-8.

Qualidade como motor de melhoria contínua: artigo na revista interMETAL

�� interMETAL #25 | abril–junho 2025

Marta Mendes e Alexandra Peixoto (CATIM) assinam o artigo “Ferramentas da Qualidade: Um Suporte para a Melhoria Contínua”, que destaca o papel das metodologias da qualidade na resolução de problemas industriais e na implementação de melhorias sustentadas com base no ciclo PDCA

Esta abordagem é essencial para reforçar a eficiência operacional, reduzir não conformidades e impulsionar a inovação nos processos industriais

Segurança de equipamentos em análise na EMAF 2025

�� 28 de maio | EMAF 2025

No 4.º Seminário Internacional Segurança – Máquinas, Plataformas Elevatórias e Equipamentos de Trabalho, o Eng º Alberto Fonseca apresentou, em nome do CATIM, a comunicação “Diretiva Máquinas – como estamos”

A intervenção analisou o estado atual da Diretiva Máquinas, sublinhando os desafios que se colocam às empresas na adoção de requisitos normativos e na garantia da segurança funcional dos equipamentos

Duas comunicações técnicas do CATIM na SUSTECH25

�� 1 de julho | Hotel Sheraton Porto – SUSTECH25

O CATIM participou com dois contributos técnicos na SUSTECH25 – Global Conference on Sustainable Technologies:

“Cryogenic Treatment and Its Effects on Zinc Coatings: Advancing MultiMaterial Recycling in the Automotive Industry”, integrado na sessão Advanced Materials and Functional Surfaces, com contributos de Romeu Matos, Ana Azevedo e Maria Fernandes;

“Integrating Design for Safety Methodologies in Collaborative Robotics: A Case Study on a Smart Palletizing System”, integrado na sessão Sustainable Design for Robotics and Remanufacturing, com contributos de Filipa Lima, Humberto Teixeira e Maria Fernandes.

Estes trabalhos refletem o compromisso do CATIM com a investigação aplicada em sustentabilidade, reciclagem de materiais e design seguro e eficiente.

ONS CATIM

Organismo de Normalização Setorial

Por Alexandra Peixoto e Cláudia Fernandes, Serviço de Normalização ONS CATIM

NOVO PROJETO DE NORMA PARA PRODUTOS ZINCADOS EM CONSULTA PÚBLICA

prNP 527 – Produtos Zincados: Verificação da Uniformidade do Revestimento

O projeto de norma portuguesa prNP 527 – Produtos Zincados: Verificação da Uniformidade do Revestimento, desenvolvido no âmbito da CT 43 – Corrosão Metálica, encontra-se em consulta pública até ao próximo dia 17 de julho.

Durante este período, todas as partes interessadas desde fabricantes, utilizadores, laboratórios de ensaio, investigadores e até cidadãos em geral podem submeter os seus comentários e sugestões As contribuições recebidas serão analisadas pelos peritos técnicos responsáveis, que avaliarão a sua relevância e eventual integração no documento final

O prNP 527 define o processo de verificação da uniformidade do revestimento em fios, tubos e chapas de metal ferroso zincados, seja por imersão, eletrólise ou projeção térmica O documento descreve os métodos de ensaio aplicáveis, os formatos de apresentação de resultados e os conteúdos obrigatórios do relatório de ensaio

O documento visa promover a qualidade e a uniformização de procedimentos de verificação técnica e ensaio dos produtos zincados

Para aceder ao inquérito público poderá seguir a ligação: https://storagewebsiteipq.blob.core.windows.net/website/prNP 527 2025-pt.pdf

CONHEÇA AS INICIATIVAS E EVENTOS DO CATIM

Iniciativas & Eventos

Passados

10º COPSOQ INTERNATIONAL WORKSHOP 19 a 22 de maio de 2025

11ª EDIÇÃO DO SIMPMET2025 - SIMPÓSIO DE METROLOGIA

28 de maio de 2025

EVENTO “CERAMICLOWCO2 – ROTEIRO DE DESCARBONIZAÇÃO PARA A INDÚSTRIA CERÂMICA 2050”

29 de maio de 2025

DIA MUNDIAL DO AMBIENTE

5 de junho de 2025

EVENTO NORMALIZAÇÃO “CEN/TC 109/WG 4CENTRAL HEATING BOILERS USING GASEOUS FUELS” 11 de junho de 2025

Iniciativas & Eventos

Futuros

IRF2025 - CONFERENCE ON INTEGRITY, RELIABILITY AND FAILURE OF ENGINEERING SYSTEMS AND MATERIALS 17 de julho de 2025

EVENTO DE NORMALIZAÇÃO - “ISO/TC 176/SC 1QUALITY MANAGEMENT AND QUALITY ASSURANCE” 21 a 24 de julho de 2025

EVENTO NORMALIZAÇÃO - “ISO/TC 176/SC 1/WG 2QUALITY MANAGEMENT AND QUALITY ASSURANCE”

21 e 24 de julho de 2025

EVENTO NORMALIZAÇÃO - “ISO/TC 232 AG1EDUCATION AND LEARNING SERVICES” 8 a 11 de setembro de 2025

INICIATIVAS & EVENTOS PASSADOS

I&D + INOVAÇÃO

CATIM PARTICIPA NO 10º COPSOQ INTERNATIONAL WORKSHOP

19 a 22 de maio de 2025 | Malmö Suécia

O CATIM, representado por Cláudia Fernandes esteve presente no 10º Workshop Internacional COPOSO 2025 na Suécia Entre os dias 19 a 22 de maio, o CTA – Centre for Work Life and Evaluation Studies na Universiade de Malmö tornou-se um centro de partilha global sobre ambientes de trabalho saudáveis, e o diálogo sobre ap m locais de trabalho, com o 10º Workshop

Durante quatro dias, o workshop foi palco de debates e partilhas sobre metodologias, evidência científica e práticas inovadoras no uso do Copenhagen Psychosocial Questionnaire (COPSOQ), uma ferramenta internacionalmente reconhecida para avaliação de fatores psicossociais no trabalho. O encerramento do evento ficou marcado por uma reflexão sobre o futuro do COPSOQ, em particular face aos desafios emergentes associados à digitalização do trabalho, à inteligência artificial e à crescente complexidade organizacional

METROLOGIA

CATIM PARTICIPA NA 11ª EDIÇÃO DO SIMPMET2025 - SIMPÓSIO DE METROLOGIA

28 de maio de 2025 | Porto, Portugal

No passado dia 28 de maio, realizou-se o SIMPMET2025 – Simpósio de Metrologia, 11ª edição, no Auditório Magno do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP)

Esta edição, mais uma vez organizada pelo CATIM, pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), pelo Instituto Electrotécnico Português (IEP) e pela Unidade Local de Saúde São João, EPE (ULSS), contou com 188 participantes e com cerca de 24 patrocinadores, oferecendo um espaço físico para partilha de conhecimento e networking.

CATIM PARTICIPA NO CERAMIC LOW CO2 – ROTEIRO DE DESCARBONIZAÇÃO PARA A INDÚSTRIA CERÂMICA

29 de maio de 2025 | Porto, Portugal

O CATIM marcou presença no evento final do projeto CeramicLowCO2 – Roteiro de Descarbonização para a Indústria Cerâmica 2050, promovido pela APICER e pelo CTCV, que teve lugar no dia 29 de maio O painel "Perspetivas de Descarbonização de outras Indústrias" contou com a intervenção de Raquel Coelho, da Unidade de Sustentabilidade, Ambiente e Segurança, que partilhou a experiência do CATIM na elaboração conjunta com a AIMMAP do Roteiro de Descarbonização do METAL PORTUGAL, no âmbito do projeto CarbonFree Guide4Metal. Este Roteiro representa um marco importante na definição de estratégias concretas para a transição energética e climática do setor metalúrgico e metalomecânico nacional, destacando o papel das associações setoriais e centros tecnológicos na promoção de soluções sustentáveis e adaptadas à realidade industrial portuguesa.

O painel, moderado por Hermano Rodrigues (EY), contou ainda com contributos valiosos de Beatriz Freitas (AIVE), Ana Fernandes (Biond), André Leitão Oliveira (ACT Commodities) e Zenaida Mourão (INESC TEC). A discussão reforçou a importância do diálogo intersetorial, da inovação colaborativa e da partilha de boas práticas como elementos-chave para acelerar a descarbonização da indústria nacional. O CATIM reafirma o seu compromisso em contribuir ativamente para a transição para uma economia mais verde, competitiva e resiliente, ao lado dos seus parceiros e da indústria portuguesa.

A moderação dos painéis esteve ao cargo dos a tarde, "METROLOGIA E INDÚSTRIA", foi m el Perfeito, em representação do CATIM

INICIATIVAS & EVENTOS PASSADOS

I&D + INOVAÇÃO

REUNIÃO CEN/TC 109/WG 4 –

“PRODUÇÃO DE ÁGUA QUENTE EM CALDEIRAS DE AQUECIMENTO CENTRAL PARA USO DOMÉSTICO”.

11 de junho de 2025 | Porto, Portugal

No dia 11 de junho, o CATIM foi anfitrião da reunião do grupo de trabalho CEN/TC 109/WG 4 – “Produção de Água Quente em Caldeiras de Aquecimento Central para Uso Doméstico”, reunindo peritos de vários países europeus com o objetivo de dar continuidade à revisão da série de normas EN 13203 O encontro decorreu em formato híbrido, com a participação presencial de especialistas de Portugal, França e Reino Unido, e com representantes dos Países Baixos, Alemanha e Itália a acompanharem os trabalhos por videoconferência Durante a reunião, foram discutidos temas centrais como a definição e harmonização de conceitos técnicos, a integração de simulações computacionais e modelos matemáticos nos métodos de ensaio, e a articulação destas normas com os regulamentos europeus em vigor no domínio da eficiência energética

O grupo avançou na preparação das futuras versões das normas EN 13203-2, -4, -5 e -6, e concluiu as verificações editoriais da norma EN 132031:2025, cuja publicação está prevista para breve Esta iniciativa reforça o contributo de Portugal nos processos de normalização técnica europeia, com impacto direto na qualidade, segurança e desempenho energético dos equipamentos destinados ao aquecimento doméstico.

AMBIENTE

DIA MUNDIAL DO AMBIENTE

5 de junho de 2025 | Porto, Portugal

Em linha com o tema lançado este ano pelas Nações Unidas, #BeatPlasticPollution, o CATIM assinalou o Dia Mundial do Ambiente com a iniciativa “Pequenas Ideias, Grande Impacto!”, promovida pela sua área de Ambiente A campanha pretendeu sensibilizar para a urgência de reduzir o uso de plástico no dia a dia, incentivando comportamentos mais sustentáveis por parte de todos os colaboradores.

Como forma simbólica de marcar a data, foi distribuído a cada colaborador um saco de pano reutilizável e um lápis semente, e arti o mpro

INICIATIVAS & EVENTOS FUTUROS

17 de julho

FEUP, PORTO

21-24 de julho

CATIM, PORTO

21-24 de julho

CATIM, PORTO

8-11 de setembro

CATIM, PORTO

IRF2025 - Conference on Integrity, Reliability and Failure of Engineering Systems and Materials

Evento de normalização - “ISO/TC 176/SC 1 - Quality management and quality assurance”

EVENTO NORMALIZAÇÃO - “ISO/TC 176/SC 1/WG 2 - Quality management and quality assurance”

Evento Normalização - “ISO/TC 232 AG1 - Education and learning services”

FORMAÇÃO TECNOLÓGICA

Explore as Formações CATIM

Tel.: 226 159 000

(chamada para a rede fixa nacional)

formacao@catim.pt

Formação | Catim Academy

QUALIDADE E INOVAÇÃO

APQP E PPAP - PLANEAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE E PROCESSO DE APROVAÇÃO DE PRODUTOS

Data

8 e 9 de julho de 2025

Horário

9h00-12h30

Duração

7 horas

Modalidade ONLINE

Formador/a INSCRIÇÃO

Alexandra Peixoto

ORGANIZAÇÃO DO POSTO DE TRABALHO

Data

Horário

9h00-13h00

Duração 25 de setembro 2025

4 horas

Modalidade PRESENCIAL

Formador/a INSCRIÇÃO

Marta Mendes

SUSTENTABILIDADE, AMBIENTE E SEGURANÇA

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUALCRITÉRIOS DE SELEÇÃO

Data

Horário

9h00-13h00

Duração 19 de setembro de 2025

4 horas

Modalidade ONLINE

Formador/a INSCRIÇÃO

Luís Oliveira

ISO 14001:2015 - REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Data

Horário

9h00-12h00

Duração 15, 17, 22 e 24 de setembro de 2025

12 horas

Modalidade ONLINE

Formador/a

Pedro Costa Cláudia Ribeiro

INSCRIÇÃO

CÁLCULO DA PEGADA DE CARBONO DA ORGANIZAÇÃO E PRODUTOS - ISO 14064-1 E ISO 14067

Data

Horário

9h30-13h00

Duração 16 e 18 de setembro de 2025

7 horas

Modalidade ONLINE

Formador/a

Raquel Coelho

INSCRIÇÃO

SEGURANÇA NO TRABALHO POR REPRESENTANTE DO EMPREGADOR, EMPREGADOR OU TRABALHADOR DESIGNADO

16, 18, 23, 25 e 30 de setembro e 2, 7 e 9 de outubro de 2025

Horário

Data a definir

Duração

30 horas

Modalidade ONLINE

Formador/a

Luana Afonso

Mónica Henriques

Márcio Leite

INSCRIÇÃO

MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS

Data

23 de setembro de 2025

Horário

9h00-13h00

Duração

4 horas

Modalidade ONLINE

Formador/a

Luana Afonso

INSCRIÇÃO

LINHAS DE ORIENTAÇÃO PARA GERIR A SAÚDE

PSICOLÓGICA E OS RISCOS PSICOSSOCIAIS EM CONTEXTOS DE TRABALHO – ABORDAGEM ISO

45003:2021

Data

24 de setembro de 2025

Horário

9h30-17h30

Duração

7 horas

Modalidade PRESENCIAL

Formador/a

Cláudia Fernandes

INSCRIÇÃO

TOLERANCIAMENTO DIMENSIONAL E GEOMÉTRICO

Data

23 e 25 de setembro de 2025

Horário

9h30-17h30

Duração

14 horas

Modalidade PRESENCIAL

Formador/a

Hélder Guerra

INSCRIÇÃO

METROLOGIA INDUSTRI ENERGIA

TÉCNICO DE GÁS UFCD 10721 - SUPERVISÃO E INSPEÇÃO DAS INFRAESTRUTURAS DE GÁS – ATUALIZAÇÃO

Data

22, 23 e 24 de setembro de 2025

Horário

9h:00-18h30

Duração

25 horas

Modalidade PRESENCIAL

Formador/a

Ana Mendes

INSCRIÇÃO

SEGURANÇA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

SEGURANÇA DE MÁQUINAS - DIRETIVA MÁQUINAS

Data

9h:00-13h00 Horário

Duração 16, 17 e 18 de setembro de 2025

12 horas

Modalidade ONLINE

Formador/a

Alberto Fonseca

INSCRIÇÃO

CERTIFICAÇÕESE

RECONHECIMENTOS

Metrologia (Calibrações e Ensaios)

Materiais e Produtos

Engenharia e Segurança de Equipamentos

Ambiente e Segurança no Trabalho

Certificação de Produtos e Marcação CE

Qualidade e Inovação Formação

Investigação Desenvolvimento Inovação

PORTO (sede)

Rua dos Plátanos, 197

4100-414 - Porto

Tel.: 226 159 000 catim@catim pt

BRAGA

Rua Cidade do Porto, Campus APTIV, Edifício 4, 4705-086 - Braga

Tel : 253 193 705

LISBOA

Estrada do Paço do Lumiar - Campus do Lumiar, Edifício Q, 1649-038 - Lisboa

Tel : 217 100 790

https://catim.pt

https://www.projetoscatim.com

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