Revue Cultive n°15

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n°015| ano 05|agosto 2021

REVUE CULTIVE

ISSN 2571 - 564X

VALQUIRIA IMPERIANO LANÇA O CONGRESSO CULTIVE INTERNACIONAL CULTURAL DA MULHER REDE DE COMBATE AO CÂNCER ANTOLOGIA AS VALKYRIES VISITAM O BRASIL

ARTE

LITERATURA

SAÚDE

CULTURA CULTIVE Revue Cultive - Genève

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Revista literária e cultural

E

ditorial

Caro Leitor A décima quinta edição da Revue Cultive põe em destaque as homenageadas do Congrés Cultive International de la Culture de la Femme, assim como o convidado especial. Uma sessão com as palestras apresentadas no Salão Internacional do Livro e da Cultura de Genebra Cultive revive esse acontecimento realizado em maio de 2021 pela Cultive. Os ganhadores do Concurso Internacional de Literatura estão nessas páginas e o leitor poderá conhecer os poemas que cantam as dores da África, denunciam por vezes o descaso sofrido pelo seu povo. São poemas realistas que despertam nosso interesse pela vida e pela realidade do povo africano. Uma viagem pela escrita é obrigatória e o leitor poderá se deliciar com os poemas, crônicas e contos escritos por brasileiros e portugueses. Uma estante aberta oferece ao leitor textos opinativos, notícias, reportagens, dicas culturais e resenhas sobre autores. Uma amostra de estudos realizados sobra a vida de Maria Firmina dos Reis, a primeira romancista brasileira, vai abrir seu interesse por essa mulher negra que inovou na sua época. A arte brasileira fecha o mundo cultural que essa revista aborda. Obras escolhidas a dedo pela sua criatividade e valor artístico são catalogadas aqui com esmero. No final da revista um catálogo literário com as obras dos autores aqui presentes é colocado à disposição do leitor, caso deseje adquirir suas obras. Essa edição irá atiçar sua curiosidade caro leitor. Valquiria Guillemin

Revue Cultive - Genève

Impressum Editor - Cultive 12 Rue deu Pré-Jérôme 1205 - Genève Telefone: +41 79 616 37 93 Site web: www.institut-cultive.com E-mail: edicaocultive@gmail.com Redator chefe- Valquiria Guillemin Imperiano Designer : Valquiria Imperiano Os textos aqui apresentados são assinados e de inteira responsalidade do autor. Fotógrafo: Marc Guillemin Algumas fotos livres para utilização foram retiradas de sites na internete. Copyright © Toda reprodução parcial ou integral do conteúdo da revista Cultive é estritamente proibida. 15 edição mês- agosto ano 2021


SUMÁRIO

12 | CONGRÉS CULTIVE INTERNATIONAL

DE LA CULTURE DE LA FEMME

HOMENAGEADAS 16 | MARIA DA PAZ AZEVÊDO SILVA 17 | GRAÇA BRITO 18 | FABIANA MACHADO 19 | HÉLIA ALICE DOS SANTOS 20 | ADRIANA SUGINO

CONVIDADO ESPECIAL DO CCICF 64 | LAURENTINO GOMES

DESTAQUE 06 | VALQUÍRIA IMPERIANO

POETANDO 22 | VALQUÍRIA IMPERIANO 26 | CARLOS CARDOSO’ 28 | GABRIELA LOPES 28|| MARIA LECI QUEIROZ 29 | NAGÉSIA DINIZ BARBOSA 31 | RITA GUEDES 33 | MARIA JOSÉ NEGRÃO 36 | LILIA SOUZA 40 | ELISA AUGUSTA DE ANDRADE FARINA 42 | MABEL CAVALCANTI 44 | RAILDA MASSON 46 | RITA QUEIROZ 48 | MARIA BELA DOS SANTOS 50 | TEREZINHA MALAQUIAS 52 | VLADIMIR QUEIROZ 54 | CHRIS HERRMANN 58 | PAULO BRETAS. 62 | NORMA BRITO 64 | LAURENTINO GOMES 66 | LUCIANA NASCIMENTO 68 | AUGUSTO SARVAM 70 | VERA LÚCIA DE OLIVEIRA 73 | ANTÓNIO JOSÉ ALEXANDRE 75 | KIESSE NZAU

76 | SAMUEL ADILSON GOMES FERREIRA 77 | ROSÁRIO QUISSAÇA AGOSTINHO 78 | EMANUEL ANDRÉ 78 | MOÍSEIS KAFALA NETO 79 | PEDRO JOAQUIM FIGUEIRA QUIALO 79 | ADÉRITO FRANCISCO JEREMIAS 80 | JOÃO MANUEL MUANZA ANDRÉ 81 | ALBERTO MANUEL ANDRÉ 81 | ALEXANDRE DOMINGOS GASPAR 82 | MANGEL FARIA 82 | ANTÓNIO DOMINGOS ADOLFO 83 | ALBERTINA GABRIEL 84 | HELENA N. ABRAHAMSSON 85 | ÁLVARO S. F. ANTONIO 86 | NEIDE VICENTE MALEVO 87 | ADRIANO ANDRÉ FARIA 88 | LINO LOURENÇO EUSTÁQUIO 89 | FÁTIMA CRISTINA CÂMARA 90 | ANABELA B. GASPAR 91 | BENJAMIN JOÃO 92 | ORLANDO RAFAEL UKUAKUKULA


4° CONCURSO CULTIVE DE LITERATURA 93 | ALEXANDRE SANTOS 96 | IVANILDE MORAIS DE GUSMÃO 98 | MANOEL OSDEMI DA SILVA 100| LUCIENE AGUIAR 102| CLÁUDIA LEOCÁDIO 104| MARIA JOSÉ NEGRÃO 106| JACQUELINE ASSUNÇÃO 107| EDENICE FRAGA 108| ELOAH WESTPHALEN NASCHENWENG 109| IRISLENE MORATO CASTELO BRANCO 110| MEYRE APARECIDA PINTO BARBOSA, 111| ELIEDER CORREA DA SILVA

ESTANTE CULTIVE 112 | ANGELI ROSE 115 | LUIZ CARLOS AMORIM 116 | PAULO VIEIRA 118 | ANELY GUIMARÃES SANTOS 120 | ROBERTO FRANKLIN 123 | MATILDE CARONE SLAIBI CONTI 126 | PIETRO COSTA 127 | CLORES HOLANDA 129 | DILERCY ARAGÃO ADLER 139 |VALERIA BORGES DA SILVEIRA 141 |NEREIDE SANTA ROSA 144 |KAZUCO AKAMINE 145 |MARIA INÊS BOTELHO 148 | VALDIVIA VANIA SIQUEIRA BEAUCHAMP 150 | RENATA CLARK-GRAY 152 | NEUSA BERNADO COELHO

FOCO SAÚDE 156 | ELUCIANA IRIS

FOCO CULTIVE 158 | FEIRA DE SANTANA 161 |POSSE DOS MEMBROS CULTIVE GRUPO 164 |ARLINDA LAMEGO 165 |POSSE DOS MEMBROS CULTIVE GRUPO

ARTE 170 | VALQUIRIA IMPERIANO 174 | JU PEREIRA - FOTOGRAFIA 176 | GABRIELA LOPES 178 | MANOEL OSDEMI 180 | MARIA NAZARÉ CAVALCANTI 184 | KARMEM PIRES 185 | CHRISTIANE COUVE DE MURVILLE 186 | AVANI PEIXE 187 | ROSALVA SANTOS 188 | IZABEL PECORONE 186 | LUCIANA BODNER 190 | ZEZÉ NEGRÃO 193 | II SALÃO DE ARTE DA FESTA DE SANTO ANTÃO HUPOMONE VILANOVA PLÁSTICO FERNANDO NASCIMENTO CRISTINA BRITO CLAYTON PAULO 193 | CATÁLOGO

CULTIVE

LITERÁRIO


Editora Cultive

A Editora Cultive é uma casa de edição criada por Valquiria Imperiano para apoiar os projetos do institut Cultive Suisse Brésil. A Editora Cultive tem sede em Genebra e seus livros têm registro na biblioteca nacional Suíça. A Editora é fundamental para apoiar as realizações dos eventos do Institut Cultive Suisse Brésil nas comunidades e escolas do Brasil. A Editora publica essa revista e a Revue Artplus, uma revista bilingue francês/ português cujo conteúdo é direcionado para a cultura do Brasil e da Europa. Editions Cultive propõe um trabalho de edição em vários idiomas e a divulgação das suas publicações em vários países da Europa. A Editora Cultive realiza um trabalho sério e contínuo de divulgação dos autores que com ela trabalham. Publique seus livros com a Editora. Publições: infantil, romance, livros de contos, de poesia, antologia, livros de arte, etc. Serviço de diagramação, tradução, releitura, leitura crítica, revisão. organização de lançamentos, encontros literários, lives, entrevistas, distribuição em bibliotecas, livrarias. Impressão em papel e e-book. A editora organiza anualmente com apoio do Institut Cultive Suisse Brésil concursos literários, salões literários, premiações.

contato: edicaocultive@gmail.com

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próprias pernas, aprendeu e por em prática seus planos e projetos, seguiu seu iedal, sem dar ouvidos aos contras. Ouviu a sua intuição, experimentou, cometeu erros sem arrependimentos, mas procurando consertar os erros e recomeçar de maneira correta. «Eu deprimo a depressão» Essa é uma frase que utiliza constantemente, não como uma forma de superioridade, mas a repete para não se deixar abater pelas desventuras. Um dia atrás do outro mostra portas e saídas. É assim que ela pensa, e é dessa maneira que ela não se deixa abalar pelas dores e sofrimentos que a cercam. Assim o tempo foi passando e Valquiria Imperiano passou de esposa « mulher de doutor» à professora. Atravessou o Atlântico e assumiu seu fazer arte e criar moda, enquanto escrevia sua impressões e poemas para si como se falasse consigo através das palavras sobre o caderno, Nascida na Paraíba Valquiria Guillemin Imperiano saiu seu confessor. do seu estado, primeiro por causa do casamento, depois mudou de cidade por caus do divórcio. Anos passdos Suas pretensões sempre foram ligadas ao pincel e à esmudou de país por causa de um rompimento amoroso. cultura, essas habilidades queria expor ao mundo. Mas Parece que ela se afasta dos homens da sua vida para a vida sempre escreve certo sobre linhas tortas e ela, em quebrar os laços difinitivamente. A cada rompimento o 2012, impulsionada por um problema de saúde se viu coração sangrava e a determinação em alcançar sua in- impossibilitada de segurar o pincel e assim reuniu seus dependência como mulher se aprimorava. Mas não era escritos e decidiu publicar seu primeiro livro ainda no uma busca consciente, mas consequente. hospital. Começou a pensar em juntar a escrita ao pincel e agregar tudo à campanha de solidariedade que realiCriada para casar e formar família e ser a «mulher de», zava no Brasil. ela seguiu as primeiras orientações maternas até perceber que o «felizes para sempre» não existe. Caindo e le- Uma coisa foi levando à outra. vantando aprendeu que o «feliz para sempre» está em outros objetivos que não precisam de véu e grinalda. Com o livro pronto, os contatos com mundo da literatura no Brasil e em Genebra foram se estreitando. «Preciso Dsspojada da aliança atravessou o mar e deixou o país levar cultura aos recôncavos do Brasil e trazer a literatuque não a deixava pensar em outros objetivos senão o de ra brasileira para a Europa!» pensou. A diéia instalou-se sobreviver. como uma obsessão na sua cabeça e, assim, começou o que hoje é conhecido como Cultive. Vamos pular 36 anos de vida mais 8 de história de paixão, porque esse período ficou enterrado no passado e Valqui- A Cultive foi projetada para realizar a solidariedade e ria não chora o leite derramado, nem procura forças em promover a arte, a literatura na Europa e no Brasil. Viereminiscências, muito pelo contrário, cada queda, dor e ram, então, os eventos culturais, as campanhas solidárias, lágrimas derramadas servem para fortalecê-la. em seguida a criação da revista Cultive online, a Biblioteca Cultive de Genebra, cursos de língua para brasileiros Foi levantando e dando a volta por cima que chegou em imigrantes em Genebra, exposição de arte e a criação da Genebra e refez a sua vida nesse país que tanto ama e no Revue Artplus impressa e bilingue. qual tantou aprendeu. Hoje Valquiria já publicou 2 livros infantis, 2 livros de Foi na Suíça que ela engrossou a voz, quer dizer, apren- contos, 1 livro de arte, 2 livros de crônica e contos, 2 lideu a se impor, a buscar novas oportunidades com suas vros de poesia, 1 mini romance (e-book). Em andamento: 1 romance, 2 infantis, 2 poesia. No prelo :1 infantil. Revue Cultive - Genève

VALQUIRIA IMPERIANO EM DESTAQUE

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“Cultive plantando cultura para colher bons frutos numa nova era »

INSTITUT CULTIVE SUISSE BRÉSIL Sobre o Institut Cultive Suisse Brésil.

Foram realizados intercâmbio cultural entre o Brasil e a Suíça e encontros literários no Salão do Livro de Genebra. Todas essas ações reforçaram a confiança dos participantes dos eventos Cultive e consequentemente o reconhecimento nacional e internacional colocou em evidência a Cultive. Dessa maneira, os olhares dos autores artistas, profissionais liberais e ativistas culturais voltaram-se para as atividades Cultive, gerando o aumento do número de membros da Cultive.

Em 2017 Valquiria Guillemin Imperiano cria a Associação Cultive art littératura et Solidarité, uma associação cultural internacional sem fins lucrativos sediada em Genebra, com objetivo de divulgar e promover a Cultura lusófona e brasileira sem se limitar à língua lusófona no Em 2021, passou a ser denominada de Institut Cultive que diz respeito à literatura e à filantropia. Suisse Brésil. Em 2013, Valquiria Guillemin Imperiano, mentora e presidente do Institut Cultive, deu o nome de “Campanha da Felicidade” a uma ação filantrópica que realizava na aldeia indígena de Camurupim na Paraíba desde 2010. Essa ação, que realizava com o auxílio e apoio de familiares e amigos, envolvia distribuição de brinquedos e utensílios de trabalho para os adultos.

Despois que começou a covid, o ICSB passou a realizar suas atividades de forma on-line, essa nova froma de trabalhar, a principio instável, na verdade proporcionou uma expansão dos eventos. Em maio/2021, a Cultive realizou o Salon International du Livre et de la Culture de Genève Cultive que alcançou vários países da Europa, América e áfrica. Em novembro mais um grande evento Internacional está agendado: O congrés International Em 2016, ela contatou autores e convidou-os a colabo- Culturel de la Femme. rarem com o projeto, que contava com a participação de mais de 100 crianças, nesse evento foram realizadas A Cultive tem sua sede na Rue du Près - Jérôme 12 em oficinas de arte, de contação de história, distribuição de Genebra. O espaço acontece reuniões culturais, lançalivros infantis e brinnquedos. mentos de livros, cursos de língua e acolhe uma biblioteca de língua portuguesa. Atualmente o espaço está Em 2017, Valquiria Guillemin Imperiano decidiu oficia- funcionando parcialmente apenas para o empréstimo de lizar o projeto criando a Associação Cultive - Art, Litté- livros em vista da situação de pandemia da Covid. rature et Solidarité em Genebra. Cultive organiza As ações práticas se expamdiram e os projetos passaram a-Projetos que proporcionam aos membros da focalizar a promoção de eventos, reunindo elementos Cultive meios para divulgarem suas obras. culturais, tais como a literatura, a arte, a música e a dan- b-Projetos culturais nacionais e internacionais; ça, representativos do Brasil, da Suíça e de países lusófo- c-Projetos filantrópicos; integração social em Genebra. nos. oficinas de arte, de literatura, promoção da literatura brasileira e lusófona. Revue Cultive - Genève

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Instituto Cultive Brésil Suisse

Valquiria imperiano Luciana imperiano Montana Cabral

Claus Stuck

Comité Central Brasil

Eluciana Iris

Maria Inês Botelho

Paulo Bretas

Gabriela Lopes

Lucia Sousa

Maria José Esmeraldo Rolim

Minas Gerais

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Eluciana Iris

Paulo Siuves

Gabriela Lopes

Irislene Castelo Branco

Revue Cultive - Genève

Leci Queiroz

Paulo Bretas

Carmem Pires

Claúdia Leocádio

Bady Curi


Ceará

Jaqueline Assunção

Tereza Porto

Rita Guedes

Amauri Holanda

Maria José Esmeraldo Rolim

Anapuena Havena

Pio Barbosa

Sibelle Holanda

Leci Queiroz

Paulo Tadeu

São Paulo

Christianne Couve de Murville

Sidney França

Brasilia

Norma Brito

Pietro Costa

Rio Grande do Sul

Fabiana

Oneida Di Dominico

Arlinda Lamego São Luiz - MA

Dilercy Adler Mato Grosso

Leny Zillioto Revue Cultive - Genève

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Pernambuco

Alexandre Santos

Eugênia Melo

Lucia Sousa

Vitória de Santo Antão

Hupomone Vilanova

Ivanilde Morais de Gusmão

Caruaru

Rosalva Santos

Nagésia barbosa

Feira de Santana

Maria José Negrão

Raymundo Souza Santos

Débora Leal

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Irlana Lana

Raymundo Luiz de oliveira

Jaide Siqueira

Carmem Pires

Angelo Pinto

Josman Lima

Neuza de Brito Carneiro Liacélia Leal

Revue Cultive - Genève

João Martins

Graça Cordeiro

Neide Almeida


Paraná

Maria Inês Botelho

Elieder Corrêa Rio de Janeiro

Maceio

Angeli Rose

Avani Peixe

Luciana Nascimento

Paraíba

Padre Jorge

Angola

Santa Catarina

Edenice Fraga

Neusa Bernado Coelho

Henrique Ferrasi

Roberto Diniz

Adir Pascoal

Vitória da Conquista

Recôncavo Baiano

Duisburg -Alemanha

Claúdia Eça

Rita Queiroz

Chris Herrmann

Moisés Mpova

França

Regina Naegeli

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Congresso

CONGRÉS CULTIVE INTERNATIONAL DE LA CULTURE DE LA FEMME AUTORES, ARTISTAS E MÚSICOS, ESPORTISTAS, CIENTISTAS, MÉDICAS, UM SHOW DE TALENTO, LITERATURA, ARTE E MÚSICA.

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EDITAL DE PARTICIPAÇÃO Congrés Cultive International Culturel de la Femme ORGANIZAÇÃO Institut Cultive Brésil Suisse Art, Littérature et Solidarité de Genève COMITÉ DE ORGANIZAÇÃO Valquiria Imperiano, Paulo Bretas, Gabriela Lopes, Eluciana Iris, Leci Queiroz, Hupomone Vilanova, Maria Inês Botelho, Chris Herrmann, Rita Queiroz. Transmissão: Canal Cultive – youtube Plataforma : Zoom Tipo de evento: Cultural Homenageadas Graça Brito, Maria da Paz DATA DO EVENTO DIAS 26 A 28 DE NOVEMBRO DE 2021 DATA DE INSCRIÇÃO Até o dia 30 de SETEMBRO 2021 CONFIRMAÇÃO DE INSCRIÇÃO A inscrição é considerada realizada após a recepção de um e-mail de confirmação que se dará após a recepção da ficha de inscrição e do recibo de pagamento. A inscrição e o recibo de pagamento devem ser enviados pelo e-mail : congressofemme@gmail.com QUEM PODE SE INSCREVER Todo autor independente ou ligado a qualquer editora ou instituições culturais Editoras; Instituições culturais e artísticas; Academias de Letras; Escolas e universidades; Os participantes podem ser de qualquer nacionalidade POLÍTICA DE PARTICIPAÇÃO. Não serão aceitas inscrições de apresentação de obras que incitem o preconceito, o ódio, o racismo, a pornografia e a violência. QUEM RECEBE CERTIFICADO Todos os participantes receberão certificados de participação;

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O Institut Cultive Suisse Brésil realiza o CONGRÉS CULTIVE INTERNATIONAL CULTUREL DE LA FEMME

Comité

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MARIA DA PAZ AZEVÊDO SILVA HOMENAGEADA NO CCICF O Institut Cultive Suisse Brésil designa o Lauréat Valkyrie à Maria da Paz Azevedo Silva pelo seu trabalho como presidente da REDE FEMININA ESTADUAL DE COMBATE AO CÂNCER DE PERNAMBUCO

para melhor gerenciar sua empresa.

Maria da Paz Azevêdo Silva, nasceu em Recife-PE, casada, mãe de dois filhos e avó de três netos. De origem humilde, cresceu em um ambiente de muitas tribulações, mas resolveu transformá-las em aprendizado. É filha de uma mãe guerreira e até hoje tenta dar continuidade ao seu legado. Sua mãe ensinou-a a cuidar dos seus irmãos e a fazer o bem sem olhar a quem. Em sua caminhada aprendeu a amar os animais e se tornou defensora e empresária do seguimento. Em 1985 cursou relações públicas na Escola Superior de Relações Públicas do Estado, mas acabou migrando para a área de Pedagogia, na Faculdade de Filosofia do Recife, da Universidade Federal de Pernambuco, pois desejava alfabetizar as crianças carentes do seu bairro. Precisou se afastar da sala de aula para ajudar seu esposo na empresa. Sedicou-se a trabalhar e a cuidar da família, das crianças carentes e dos animais.

Conheceu o Hospital do Câncer em 1991 ao levar seu pai para uma consulta. Diante do diagnóstico de metástase e que ele teria no máximo dois meses de vida, fez um pedido a Deus e um juramento: voltaria ao hospital não como paciente, nem acompanhando um, mas para ajudar a mudar aquele cenário de tanta dor e sofrimento que seus olhos viram. Então, se tornou doadora e passou a ser conhecida como a “tia dos ovos de codorna” pela pediatria. Aos poucos se envolveu até que um paciente terminal da pediatria a fez se engajar definitivamente no trabalho voluntário da Rede Feminina Estadual de Combate ao Câncer de Pernambuco (RFECCPE).

Sua vida se dividiu em duas fases: antes e após ser voluntária. A gratidão expressa nos olhos dos pacientes e o sorriso após cada ação lhe ensinaram que não é trabalho, é MISSÃO e que viam o Cristo no leito de dor. Hoje ela ainda está à frente da Rede no seu terceiro mandato como presidente e sabe que ainda tem muito a fazer e que todos os projetos, ações e inaugurações só foram possíveis porque seu objetivo é fazer do HCP – HCP Ajudava as crianças tirando-as das ruas, dos sinais e le- VIDA. No HCP, os voluntários não cuidam só da doenvando-as para a escolal. Em 2003, decidiu cursar Admi- ça, cuidam das pessoas. Seu lema é «EU POSSO FAZER nistração devido à grande necessidade de se qualificar MELHOR QUE ISSO!» 16

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HOMENAGEADA NO CCICF GRAÇA BRITO

O Institut Cultive Suisse Brésil designa o Lauréat Valkyrie à Maria das Graças Vasconcelos de Brito pelo seu trabalho como presidente da Rede Feminina de Combate ao Cancer de João Pessoa. Maria das Graças Vasconcelos de Brito, nasceu em João Pessoa-PB, em 1951. Estudou no Colégio Lins de Vasconcelos até a conclusão do Segundo Grau Pedagógico. Fez o curso de Medicina na Universidade Federal Paraíba, concluindo em 1975. Em 1976, juntamente com o esposo Dr. Sérgio Brito, foi trabalhar no Hospital Marina Brianez, na cidade de Mandaguari. Em 1977 prestou concurso para o INPS, assumindo o cargo na cidade de Maringá, onde dividia suas atividades com o sindicato da cidade de Marialva. Em Maringá nasceram seus 3 filhos, Sérgio, Alisson e Gracielle. Em 1987 retornou à sua cidade natal,

João Pessoa junto com a sua família e seguiu trabalhando como pediatra no INAMPS, até o ano 2000, quando se aposentou. Após a aposentadoria, recebeu vários convites para continuar trabalhando como médica, mas o desejo de fazer um trabalho voluntário falou mais alto. No ano de 2000, por meio de uma amiga, conheceu a Rede Feminina de Combate ao Câncer da Paraíba, onde ingressou como voluntária e para a qual dedica-se até hoje. Durante seu trabalho na Rede, exerceu o cargo de vice-presidente por duas gestões e está agora no seu segundo mandato como Presidente. Além da RFCC, Graça Brito dedica-se à família que agrega não só os filhos e marido, mas 6 netos, além da mãe, irmãos e sobrinhos. Revue Cultive - Genève

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O Institut Cultive Suisse Brésil designa o Lauréat Valkyrie à Fabiana Machado FABIANA MACHADO por Maria José Negrão Fabiana Machado, brasileira, natural de Irecê-BA, filha da Sra. Janete Alves Machado e do Sr. Eracto Mendes Correia, é advogada e ideóloga do projeto social Versos de Mulher (@versosdemulher), uma Organização de Mulheres que apoia meninas e mulheres em situação de violência doméstica e familiar, bem como do projeto social Histórias Brilhantes (@historiasbrilhantes), um programa que visa levar a boa esperança para o coração das pessoas. São projetos sociais admiráveis, dignos do nosso apoio e do nosso respeito. A história de vida dessa jovem leva qualquer pessoa à reflexão do quanto a vida pode ser bem difícil para quem nasce pobre num país em desenvolvimento como o Brasil. Fabiana é filha de pais analfabetos, pobres e da zona rural de um interior da Bahia. Ela precisou vencer muitas barreiras sociais para se tornar advogada e criar projetos civilizatórios de vida.

A família não era grande, composta por 4 pessoas, a mãe, o pai, ela e o irmão de uns 4 anos. O pai tomado pelo desespero da miséria e pelo medo da fome sumiu no mundo, deixando a esposa com os dois filhos para criar. A mãe de Fabiana conseguiu um trabalho de doméstica na cidade de Irecê, acontece que a patroa não permitiu que ela levasse os dois filhos, então, a mãe, de coração partido, optou por levar o filho caçula, deixando Fabiana para trás. Este foi um dos momentos mais difíceis da vida para mãe e filha. Fabiana conta que a mãe não teve coragem de se despedir para ir embora, deixou-a dormindo e foi embora sem dizer adeus. Quando Fabiana acordou na casa da avó descobriu que a sua vida tinha virado de ponta-à-cabeça, ela teria de se acostumar a viver sem a amada e carinhosa mãe. Foi um choque violento. Lembro-me que um dia ela relatou em uma roda de conversa que a dor foi tão terrível, que ela vive com esta ferida exposta, a qual não cura. Foi um trauma cruel. A partir daí, Fabiana começou a trabalhar na casa de parentes e estranhos como doméstica, ela limpava a casa, cuidava dos jardins, lavava roupas e também exercia a atividade de babá. Imagina uma criança no mundo sem a proteção dos pais? Fabiana sofreu todo tipo de preconceito. Uma realidade muito triste! Quando já estava com seus 16 anos ela se apaixonou perdidamente pelo irmão do seu patrão, o jovem Pedro Novaes, por sorte do destino ou por obra de Deus, este amor foi correspondido. O Pedro fazia parte de uma outra realidade de vida, filho da classe média, recebeu boa educação e a família do Pedro não ficou contente quando soube do romance dos dois. Por isso, os dois enfrentaram uma batalha de rastros emocionais nada ou pouco agradável, mas tudo passou e o que verdadeiramente importa é que o Pedro deu forças para Fabiana aprender a ler e escrever formalmente. Foi com o apoio, ajuda e incentivo do Pedro que Fabiana estudou até se formar em Direito. Eles têm dois filhos lindos e muito educados, que são a Milena e o Pierre, formaram uma família linda a qual inspira o mundo inteiro com ações sociais, solidárias e humanitárias. Uma família abençoada.

Tudo começou quando ela ainda era criança, se não nos falha a memória, ela tinha apenas 8 anos quando foi sepa- Maria José Negrão. rada dos pais e teve que lutar pela sobrevivência própria. Em razão da insuficiência de recursos materiais (emprego, salário, dinheiro para sustentar a família) e imateriais (educação doméstica, conhecimento e sentimento de arrimo de família), o pai dela tinha um temperamento explosivo e sempre praticava violência doméstica contra a família. 18

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O Institut Cultive Suisse Brésil designa o Lauréat Valkyrie à Hélia Alice dos Santos

No ano de 1997, fui estimulada a participar do “Prêmio Incentivo à Educação Fundamental”, fui contemplada nacionalmente. A partir de então, fui designada a expandir o projeto para toda a região sul do município (13 bairros). A prefeitura conseguiu recurso federal e construiu um galpão para o Centro de Triagem de Resíduos Sólidos Recicláveis e as atividades passaram a ser desenvolvidas ali e a renda adquirida começou a ser rateada entre as famílias que faziam o processo de coleta e triagem dos materiais. Depois de um ano e meio de trabalho, com a mudança de gestão municipal, fui recolhida para sala de aula e tiraram a caçamba que fazia a coleta dos recicláveis. Sem uma pessoa para mediar e sem a coleta dos recicláveis, foi impossível continuar o projeto

Depois de um ano e meio de do projeto, inconformada com a situação, paralelo ao meu trabalho de sala de aula, voltei a mobilizar outras pessoas, Com dedicação e persistência, segui o magistério aproveitava o horário do recreio, das aulas de eduaté o mestrado. O que me levou a ser professora cação física e fins de semana para dar assistência em todos os âmbitos educacionais – da educação ao grupo. Houve o reinício das lutas, coleta com infantil ao curso superior. Meu trabalho como carrinho-de-mão, carrinho de papeleiro, mutirões educadora foi de extrema dedicação, o entusias- na comunidade. Diante de alguns desafios, transmo me impulsionava para ir além de uma sala de formamos o projeto na Associação Pró-CREP, leaula construída por quatro paredes, se estendia às galmente instituída. famílias que aos poucos se movimentavam comigo nas ações da escola, ao mesmo tempo, como Continuo voluntariamente atuante na Associação. uma onda gigante, ultrapassava os muros da escola Atualmente, fazemos a coleta e enfardamento dos e banhava a comunidade. O maior exemplo foi o materiais recicláveis, coleta do óleo de cozinha e, projeto Pró-CREP (Criar, Reciclar, Educar e Pre- a partir dele, produzimos biodiesel e sabão, contaservar), quando na década de 90 fui trabalhar na mos com o brechó “Consumo Consciente”, Feira Escola Reunida Prof. Olga Cerino (multisseriada, do Cacareco; reaproveitamos cerâmicas para oficiapenas eu de professora e uma merendeira) no nas de mosaico e tecidos para oficinas de costura. bairro da Guarda do Embaú – Palhoça – SC. Proporcionamos educação socioambiental para diNa época, o referido bairro era abarrotado de lixo, pois a coleta dos resíduos, até mesmo a convencional, era deficiente. A escola, por sua vez, em condições precárias tanto na estrutura física quanto pedagógica. Vi nos resíduos a oportunidade de transformar essa realidade num novo cenário. Primeiro, a mobilização com as pessoas da comunidade escolar e local, logo iniciamos o processo de coleta dos resíduos que eram lançados em terrenos baldios e fundos de quintais. Passei a observar as embalagens e transformá-las em material didático e decorativo, inclusive com o embelezamento do bairro com árvores natalinas. Nesse contexto, os recursos provenientes da comercialização dos resíduos também eram empregados em benfeitorias para a escola e a comunidade.

versos níveis da educação. Atualmente, 53 pessoas tiram seu sustento do projeto. São 50 toneladas de resíduos/mês que deixam de ir para um aterro sanitário. O mais belo de tudo é a inclusão social de dependentes químicos em recuperação, ex-presidiários, imigrantes haitianos, mulheres chefes de famílias e desprovidas de oportunidades, afrodescendentes. Se trata de uma inclusão que transforma. Entendo que todo esse processo se deu pelo caminho de uma educação empreendedora, emancipada, humanizada e descolonizada. Via educação podemos melhorar o mundo. Sem dúvida alguma, o caminho foi a educação. Revue Cultive - Genève

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ficílimo, e isso faz as crianças e jovens terem problemas sociais graves e é importante participar de movimentos culturais, é preciso diminuir a solidão e ajudar no aprendizado da cultura local e do idioma para facilita a nossa vida», diz Adriana. Adriana aprendeu a amar o país que a acolheu sem no entanto esquecer a sua terra natal e foi diante da necessidade de continuar a ter contato com a cultura brasileira, além de querer auxiliar os brasileiros imigrantes que não aprendiam a língua do país, e principalmente cultivar os vínculos com Brasil no seu filho, que ela decidiu elabora o projeto IICE.

O Institut Cultive Suisse Brésil designa o Lauréat Valkyrie à Adriana Sugino

O Projeto principal é o PLH conta com aproximadamente com 115 entre crianças, adolescentes e jovens, participantes dos nossos projetos na cidade de Hamamatsu, a cidade com a maior comunidade brasileira no Japão. Organiza eventos culturais e recebe apoio do governo japonês, do governo brasileiro e de instituições privadas.

Quando tudo o que você julga é baseado em sua própria O projeto Crescer( PLH ) é o principal projeto do IIEC. sabedoria, você se inclina para o egoísmo e se desvia do O português como língua de herança (PLH) é um pacaminho certo. (Yamamoto Tsunetomo) trimônio linguístico e cultural transmitido às crianças por suas famílias. A língua de herança está carregada de sentimentos, história familiar e identidade. É uma línAdriana Sugino gua-cultura. Esse ano o IIE completa 13 anos de exisHamamatsu city, Japão tência. Descendente de pai japonês e mãe portuguesa, formada em Administração de empresas pela FMU. Aos 25 anos decidiu aventurar no Japão, no momento em que a sua família passava por momentos terríveis financeiros. Ela tinha terminado a faculdade, mas não conseguia emprego, e naquela época o Japão abrira as portas para os descendentes de japoneses a fim de suprir a mão de obra escassa nas fábricas, essa decisão mudou totalmente o ruma da sua vida e da minha família.

«Sem educação o ciclo vicioso de parar os estudos precocemente não terminará» Ela pretende com o seu trabalho, melhorar a educação das crianças brasileiras no Japão, pois seus projetos caminham para isso.

No ano de 2008, após uma crise econômica na Ásia, e muitos brasileiros com dificuldades financeiras no país, retiraram seus filhos das escolas brasileiras, onde a menAo emigrar para o Japão, trabalhou como operária em salidade eram altas, e para que as crianças não ficassem fábrica de componentes eletrônicos, como muitos dos sem estudar, foi inaugurado o IIEC - International Instibrasileiros descendentes na década de 90. Após 8 anos tute of Education and Culture. O IIEC iniciou suas ativino país iniciou sua carreira como professora de PLE - dades dando o suporte educacional às crianças brasileiPortuguês como Língua estrangeira. Amando a nova ras e de outras nacionalidades no Japão. profissão, resolveu dedicar-se também à sociedade brasileira no Japão, iniciando o Projeto Crescer, com aulas Como presidente do IIEC, fui idealizadora e realizadode PLH- Português como Língua de Herança e suporte ra de vários eventos tais como a Education Fair Brasileducacional e socioemocional. Japan , evento que posteriormente foi feito em vários países com consulados brasileiros, projeto biblioteca «O Japão é um país no qual a diferença cultural é ex- brasileira na cidade de Hamamatsu, Expoart-Brasil e Jatremamente diferente da cultura ocidental. Idioma di- pan e outros... 20

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«Lauréat Valkyrie» O Institut Cultive Suisse Brésil criou o prêmio «Lauréat Valkyrie» especialmente para homengear as mulheres que tiveram ou têm participação ativa nos diversos setores da sociedade contribuindo ou criando projetos ou científicas, educacionias, literários, culturais, esportivos agindo ativamente em ações sociais. O prêmio será entregue em sessão solene no Congrés Cultive International Culturel de la Femme no dia 28 de novembro 2021.

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Poetando

Durante a nossa passagem na terra, só levamos o brilho que a iluminanos. Valquiria Imperiano

Valquíria imperiano

ESTRELA REVOLTADA O sol passa pela Fresta da janela Luz que nos acorda do torpor Acorda! Vem! Vem ver a vida As flores te esperam com o seu perfume Os pássaros te saúdam Com o seu canto Os esquilos te trazem a contemplação da paz Sobre a janela O mundo te aguarda Com o teu amor Não fique indiferente A natureza está em perigo Logo os pássaros perderão seu canto As flores não exalarão seu perfume Os esquilos perderão o abrigo das árvores E Pela janela seremos acordados Pelo imenso calor de uma estrela revoltada

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A descoberta, o Encontro e a luz do amor são 23 textos extraídos do livro O jardim da Consciência de VALQUIRIA IMPERIANO. O Livro traz no seu conteúdo poemas contos e crônicas que giram em torno da espitirualidade. Todos os textos nasceram depois de um período difícil de convalescença. Durante 5 anos, os textos foram surgindo enquanto a autora fazia sua revisão interna, estudava sobre as questões divinas e procurava compreender fenômenos inexplicáveis. Enquanto ela fazia uma catarse, ela foi revivendo e estudando os tais fenômenos e passagens que ela deixara para trás procurando justificativas concretas e científicas. Mas nem tudo tem explicação e ela se rendeu às possibilidades metafísicas. Em seguida escreveu essas passagens e as compilou em um livro. Nasceu assim, O Jardim da Consciência, onde o perfume das reflexões lhe adentraram pelo terceiro olho, um olho que, não somente, aprendeu a enxergar o invisível, mas sente o perfume do que é bom para si e para os outros. A DESCOBERTA Apesar de encontrar as portas fechadas Encontrarei soluções Através de uma janela aberta O céu tenta esconder-se São dias escuros e sem sol Em que o tempo guarda segredos Que todos queremos saber Saídas seladas Portas fechadas Um muro cinza e preto Separa-nos de nós mesmos Brincamos de sermos eternos Desejamos quebrar barreiras Nos descobrimos efêmeros E rastejamos com medo E quando a luz abrir-se Sorrindo descobriremos Que somos eternos sem carne Um sopro de energia celeste Voando livres no ar.

O ENCONTRO Flutuei acima da minha cabeça entrei num caminho iluminado muito claro, não sentia, nem via meu corpo, mas eu sabia que eu estava ali, era eu. Continuei a seguir em direção ao centro da luz que, apesar de muito forte, não me ofuscava. Quanto mais me aproximava, mais livre do peso das angústias me sentia. Não era um vazio, ao contrário era uma sensação plena, mas plena de tranquilidade, paz e amor. Acho que o amor sublime é isso, é sentir-se livre, segura e feliz, sem medos, é sentir a presença de algo ou alguém que nos apoia e nos guia silenciosamente, e nos afasta dos nossos sofrimentos. A paz envolveu-me e livre do meu peso físico, e do peso dos meus erros segui em direção à luz, enquanto minha paz aumentava, enquanto o amor me envolvia, enquanto eu me analisava. Quanto mais amor eu sentia, mais eu me julgava e envergonhava-me das coisas mínimas que eu pensava estar certa. Esses pensamentos exerciam um peso enorme sobre mim. Cada sensação do peso povocada pela lembrança de uma falta era substituída por outra e eu repensava meus atos, e sentia vergonha diante daquela figura de luz que me envolvia sem nenhuma regra, nem condição. Abaixei-me diante dela sentindo o peso das minhas mesquinharias, mas fui envolvida e acalentada pela luz poderosa que emanava daquele ser maravilhoso e aos poucos minhas angústias desapareceram, e se transformaram em paz. Quando o peso da consciência desapareceu totalmente eu compreendi o significado do amor. Revue Cultive - Genève

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Por que eu? Por que comigo? O que foi que eu fiz para merecer isso? Questões existenciais como estas multiplicam-se em nosso espírito tentando nos salvar dos nossos próprios purgatórios. Falta-nos a compreensão da profundidade, dos métodos utilizados por Deus. É difícil assumir a consciência dos nossos próprios erros quando estão grudados no inconsciente. Platão já dizia que o inconsciente se esconde da verdade. E nós nos escondemos da nossa própria verdade absoluta, da nossa condição de seres imperfeitos.

A LUZ DO AMOR

Você encontrará o brilho da sua própria luz Você é todo mundo Somos, cada um, o que é visto pelo outro Somos a segunda pessoa Nós somos o outro, o você O eu julgado por terceiros. ENCONTRAR.

Passamos nossas vidas procurando. Procurando nos construir como pessoas, impor respeito, fazer nossas vidas da maneira mais feliz possível e sermos amados pelos demais. Os caminhos são variados e cada Eu compreende de maneira muito própria e particular os métodos dessas buscas. Às vezes, o outro não compreende os métodos, às vezes não há consciência de que existe maldade ou bondade nos nossos métodos. O importante é conseguir encontrar sem nos perdermos nos labirintos das nossas pesquisas.

A luta pela nossa evolução espiritual, no nosso íntimo, é árdua e espinhosa, faz-nos dizer impropérios, pensar em ódios, alimentar guerras nucleares, guerras à base de armas, bacterianas e psicológicas. Nossa luta íntima para eliminar a chama do desamor é grandiosa, mas é fortalecida pela ausência dos componentes generosidade, piedade, tolerância, compreensão, perdão que estão contidos na energia « amor » e, que não conseguimos instalar no nosso eu ainda em evolução. O nascer e o renascer são processos que nos foram dados para seguirmos o caminho da evolução espiritual. Ao renascer todo o nosso passado escabroso é omitido propositalmente pela mão divina como uma forma de proteção. Assim, poderemos recomeçar nossa vida sobre a terra sem culpa. Porém essa verdade continua registrada no nosso espírito e, mesmo inconscientes da existência desse passado escabroso, nossas células e o nosso eu íntimo a conhece.

A vida nos proporciona a possibilidade de nos redimir dos nossos erros passados, procurando novos caminhos, tendo novas atitudes. Somos inteligentes e refletimos sobre os erros morais e essa reflexões provocam remorsos. O remorso corrói nosso inconsciente e muitas vezes, Encontrar é uma consequência do buscar. Um não ca- descarrega-se no nosso próprio corpo, que reage quimiminha sem o outro. Quem busca acha e quem encon- camente sobre as nossas células, desenvolvendo doenças tra é porque procurou, mesmo que os efeitos possam, às no corpo e/ou na alma. vezes, parecer perniciosos e involuntários. Estamos aqui, nessa terra azul, flutuando no espaço e Se o encontro se dá de maneira dolorosa podemos nos acreditando que somos únicos e solitários, e que nossa definir como azarados ou abandonados por Deus. Será vida termina sob a terra alimentando os vermes ou vique somos verdadeiramente frutos do acaso? Acredito rando pó dentro do fogo. que “achamos” quando “procuramos”, mesmo que não Acreditamos que terminamos como um ponto final tenhamos consciência do nosso trabalho de procura. minúsculo e inexpressivo, mas o ponto não coloca fim É mais fácil colocar a culpa na sorte, nos outros e final- a nada, ele marca uma mudança, uma porta que se abre mente em Deus quando somos acometidos por situações para outra dimensão. que nos causam dor e sofrimento.

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Ignoramos que após o ponto final existe reticências na página branca da nossa existência no universo. Nela estão registradas mensagens invisíveis por nós desconhecidas. Somos todos uma linha numa página branca repleta de mensagens indecifráveis e, muitas vezes, não as interpretamos corretamente.

que ver parar crer. Temos que sentir na pele a dor para compreendê-la. A mão divina é realmente sábia e, coerentemente, plantou no nosso íntimo as sementes do certo e do errado - praticamos o mal e nossos erros fazem brotar no outro a aversão pela maldade, em seguida criamos leis morais que julgam e condenam os erros.

Alguns buscam e levam longo tempo tentando encontrar o caminho da perfeição, outros já despertam com uma consciência florescente, avançando tão rápido que aos Mas devemos ser, de certa forma, piedosos com os seres marginais. A maldade provocou no homem a necessiolhos dos demais são chamados de prodígios. dade de julgar e de criar normas para bloquear o erraO brilho é o reconhecimento do que é deixado como le- do, estabelecendo conceitos e leis com o intuito de frear gado ou ensianemto. Cada um de nós tem o seu próprio os erros cometidos. Os espíritos da maldades que vêm à brilho acumulado em alguma parte do corpo. Os prodí- terra são julgados e ficam registrados na história como gios utilizam logo cedo o seu brilho para avançar dentro seres hediondos e perversos. Será que não estão, de fato, da história universal. Deixam suas marcas que servirão, inseridos na cadeia da evolução espiritual, servindo de de alguma forma, como exemplo, seja de bondade para exemplos para diminuir a extrema maldade arraigada no continuar a expandir a bondade, seja de conhecimentos espírito do próprio homem, como um vírus que provoca doenças e os cientistas estudam sua evolução, e seus efeicientíficos para ajudar a evolução humana. tos maléficos criando em seguida um antídoto? Creio que o objetivo é um só: o bem a serviço do desenvolvimento da humanidade. As forças superiores, ou É perigoso e subversivo expor o perdão aos maldosos Deus, escrevem certo por linhas tortas, mas muitos du- dessa forma. Somos seres dúbios em nossos sentimenvidam realmente dos métodos de Deus, que são conside- tos. E não estamos cem por cento certos de tantas teorias rados, às vezes, métodos carrascos ou sádicos. Pensam, espirituais. Por isso o melhor é garantir nossa ascensão assim, por não compreenderem como funciona a meto- aos céus evacuando todo julgamento de compreensão dologia divina. para com a maldade. Seria quase uma confição dizer: eu compreendo a maldade, logo eu sou, também, mal. Sessenta anos passaram-se e uma pequena compreensão desse sistema tão complexo foi-me soprado à orelha, é Nós temos medo do nosso próprio julgamento e do julo brilho de Deus que está iluminando o meu esclareci- gamento divino. Mas Deus nos dá a segurança de que mento. Estou começando a tentar compreendê-lo visto alcançaremos finalmente o melhor, descobriremos que que sempre fui uma das tais que questionavam o amor somos uma parte infinitesimal dessa força poderosa que de Deus. Mas minhas teorias são minhas e são frutos de se chama amor. algumas análises pessoais, frutos dos meus vividos e dos meus sofrimentos. Descubramos aonde está o nosso brilho e utilizemo-lo para iluminar, pelo menos, os que nos cercam. A providência utiliza muitos seres espirituais para virem à terra ajudar a desenvolver nossa consciência moral,. Nós, os que estamos um pouco mais avançados no caEles estão por toda a parte e, nesse caso, falo dos espíri- minho da bondade, já não cometemos tantas atrocitos vivos que nos circundam e que são usados para ser- dades, devemos, pois, ter piedade dos maus, pois quanto virem de modelos para nos julgar ou avaliar nosso ego. mais eles agem contra a moral, mais nós desenvolvemos Muitos estão aqui tendo seus corpos passando fome, o senso crítico e condamos o mal, melhoramos, assim, sendo massacrados, sendo estropiados, sendo tortura- nosso discernimento e diminuímos as arestas do nosso dos, assassinados e tantas outras barbaridades julgadas egoísmo, aumentando o amor dentro de nós, até que ale condenadas por nós, os normais e bons de espíritos. cancemos, um dia, a nossa própria perfeição e estejamos Somos mesmo? Talvez sim, talvez não. Quem é mal, é mais perto de Deus. Seremos, então, um só, até que sejarealmente o pior? Quem é bom, é realmente santo? Tal- mos, nós, uma luz. vez sim, talvez não. Já usufruímos de todos esses sentimentos contraditórios e Deus continua agindo como o Procuremos então o nosso brilho nas boas ações, esse é o mestre, consciente de que somos como São Tomé, temos único caminho para sairmos do sofrimento. Revue Cultive - Genève

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CARLOS CARDOSO nasceu na localidade de Água Bôbô, em São Tomé, no dia 2 de outubro de 1974. Em 1997, mudou-se para Portugal, onde residiu e trabalhou até 2002, tendo depois emigrado para os Países Baixos (Holanda). Reside atualmente em Roterdão. É técnico de manutenção de máquinas e programador de robots industriais, mas considera-se um homem de mil ofícios, um autêntico amante da vida. Nos tempos livres, gosta de ler, escrever, dançar e praticar desporto. Além disso, é apresentador de eventos culturais, declamador de poesias e compositor. Foi locutor na antiga Rádio Voz de Cabo Verde e na Rádio Kaapverdiaanse Omroep Zaanstad, onde desempenhou também funções de técnico de som e membro da direção. É colaborador da Rádio Somos Todos Primos, tendo o seu próprio programa. Em junho de 2018, integrou a equipa da Letras das Ilhas TV, em Roterdão, é membro da Associação "Um Bom Dia Feliz" e do grupo "Fidjus di Terra". É fundador do projeto "Música e Poesia em Hamonia". Em 2016, foi galardoado com o prémio de Fantástico da Diáspora, que premeia os são tomenses que se distinguiram em diversas áreas em todo o mundo. Em 2018, participou em diversas palestras e apresentações dos seus livros, nomeadamente no Instituto Politécnico da Guarda, e concluiu com êxito a formação de Orador inspirador. É autor de três livros de poesia, Poesia para todos (2015) e Somos Todos Primos – Um diálogo de emoções (2016), sendo este último fruto de uma parceria com Alda Batista. Em 2017, participou nas Antologias Abraço Poético Galiza-Cabo Verde, Nau da Lusofonia e Terra de Poetas (as duas últimas do Grupo Souespoeta). Rota Poética Ao Sul – São Tomé e Príncipe, é o seu mais recente livro, fruto da perceria com o João Furtado.

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GABRIELA LOPES MARIA LECI QUEIROZ Ela acreditava.... Ela insistia em acreditar... Era uma fé imensurável. Às vezes, chamavam-na de louca. Os abalos não eram duradouros. Um dia, deitava-se ao chão No outro, de pé, matando leões. Ela acreditava... E de tanto acreditar, Ela subiu o penhasco. Ela acreditava... E porque acreditava a vida desabrochou. Não perdeu os espinhos Mas ganhou fragrância. Ela seguia...

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Poesia e inspiração Minha amiga Da terrinha que tanto amo Hoje você é parte da minha Poesia e inspiração Descobri você na CULTIVE No meio das flores do Jardim das artes e cultura Você desabrocha para Amar Cantar Tocar Poetizar Flor de acolhimento De mulher aguerrida Que sabe Ser mão Que respeita os gostos e sabores da vida Que vive para Amar Leci Queiroz


NAGESIA DINIZ BARBOZA ABDIAS PEREIRA DINIZ Muitos se foram Ele também se foi Seu nome traz Um A de amor Um B de bondade Um D de diferente Um I de inteligente Um S de Senhor Quem o conheceu De certo o admirou Carregou o troféu da amizade A medalha da solidariedade Foi pai completo Por nós lutou e como lutou! De nossa formação foi o edificador Soube viver feliz E felicidade espalhou Deus, quando o levou, nos tatuou Com sua imagem de pai herói E ser humano encantador. Obrigado, Senhor.

Poema Brisa Brisa Amo quando a brisa me acaricia Nas manhãs frias, no início do dia, Amo-a, mais ainda, se vem no calor, Refrescar-me um pouco, trazer-mr vigor Como verdadeiro presente do Senhor. Porque a brisa é amiga, amo-a demais, Acolhe-nos, abraça-nos, distinção não faz, Vem, simplesmente, ao nosso encontro, Enxugar uma lágrima, secar um pranto, E de amor nos enche e nos deixa tontos. E sabem qual o seu maior encanto? Às pessoas que não mais podem caminhar Numa cadeira de rodas, num recanto de jardim, Num quintal, numa calçada, num pomar, Ela vem, sorrateiramente, as abraçar, Atenua-lhes a dor, minimiza-lhes o penar, Traz perfume de rosas para lhes entregar. Brisa, eis-me aqui a lhe reverenciar.

Nagesia Diniz

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Tournesols

- foto Valquiria Imperiano/2020

CONGRÈS CULTIVE INTERNATIONAL CULTUREL DE LA FEMME do 26 ao 28 de 2021 - transmissão Canal Cultive

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Mãe. In Memória. Rita Guedes Mãe, Quando o vento sopra de mansinho, Acariciando meu ego aflito Sob as vagas outonal do tempo , Rastros de saudades se mesclam Ora entrelaça-se com a brisa mansa, Que abriga afagos, doces lembranças, Ora qual vendaval minha alma extravasa, Despetalando crusciante Saudade. Fito a amplidão do infinito a te procurar. Tua imagem de heroína entre nuvens emerge radiante. Lampejo fonte de desejos a suspirar. Foste fonte de luz guiando meus passos Minha estrela maior, sublime refúgio. Tu velas por mim e minha vida bordas. Retalhos pespontados de amor essência me agasalham . E a plenitude desse amor, minha dor aplaca. Tua ausência é presença sem hora vaga No mundo encantado com Deus habitas. Mas, permaneces viva,emanas o amor E uma saudade infinita em mim suscitas!

Doe livros para o Espaço Cultive - Clic na logo Revue Cultive - Genève

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Inscreva-se no canal e ative o sininho, e se desejar contar a sua história entre em contato conosco pelo email: canalcultive@gmail.com

VIVÊNCIAS INEXPLICÁVEIS POLIANA BARBOSA - Evangélica, ela viveu toda a sua vida se esquivando das visões que ela teve. O medo do demônio fazia-a interpretar suas visões de modo apavorante e o medo a perseguia. Ela não entendia o que acontecia e não queria acreditar por medo pro que os demônios falavam com ela e via

VIVÊNCIAS INEXPLICÁVEIS JACQUELINE SOUZA «Eu ia dormir e eu sentia um torpor muito forte e comecei a perceber que eu estava acordada, eu andava pela casa e pensei que era sonambulismo...Mas eu via o meu corpo na cama...»

VIVÊNCIAS INEXPLICÁVEIS APRESENTA Valnize Iglesias. Valnize passou por cirurgia cardíaca e dois cânceres. Apesar de tudo ela nunca se deixou abater pela dor, sofrimento e o medo. Sua fé e força de vontade ajudaram-na a se superar. Em 2020 em plena covid, Valnize escapou de mais um câncer, ela se refez e é grata por ter se recuperado e sobretudo muito grata pelos auxílios que recebe do universo, de Deus, dos anjos, dos mentores, dos santos, na natureza que a inspira para as suas artes.

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GABRIELA TEVE A TIBIA FRATURADA AO ESCORREGAR. Apesar do acidente que precisou de cirurgia para colocar uma placa de titaneo e parafusos, ela entendeu que a providência a desviou de uma situação mais trágica se ela tivesse viajado de carro na véspera. Outras situações que terminaram de maneira perigosa, mas ela foi afastada pela providência. Todas as situações porque passou colaboraram para Gabriela mudar sua maneira pessimista e taciturna de ser. Hoje Gabriela é otimista e de bem com a vida, e grata pelos auxílios que recebe no universo, de Deus, dos anjos, dos mentores, dos santos, ela sempre agradece essa proteção.


Bailando com os Anjos

Maria José Negrão

Busco no tempo a firmeza de uma fé, dádiva de suprema bênção! Anjos bailam à minha frente, entoando suas belas melodias. Alaúde e harpa efervescem minh’alma com os acordes que elevam os amores da minha vida. Oh! Que maviosas visões! Essas riquezas celestiais envoltas no bucolismo desta humilde retirante. Aprazar-me-ei nos extensos pensares, assegurados na sutileza de uma Força Maior! As emoções efervescem nos devidos momentos, denotadas em cada nação, as presenças dos anjos do bem, conduzindo nos encontros, as filosofias igualitárias, dando-nos oportunidades de bailar juntos na mesma sintonia vibracional! O meu coração a pulsar, exala o néctar do amor para com o meu próximo, elevando nos amanheceres as orações do Credo ao Pai Eterno, Criador dos Anjos, dos Céus e da Terra!

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GRAND PRIX FEMME DE LITTÉRATURE 2021.

• A escritora que não possui livro solo publicado pode se inscrever na categoria Antologia, informando o título da obra publicada. • O período de inscrição para concorrer ao prêmio será de 20 de agosto ao 15 de outubro 2021. • As inscrições são gratuítas.

GRAND PRIX FEMME LITTÉRAIRE 2021 é umnprojeto das Editions Cultive em parceria com o Institut Cultive Suisse Brésil. Com esse projeto o ICSB tem como objetivo a valorização da mulher escritora brasileira e de outras criatividade literária e proporcionando à sociedade a possibilidade de conhecer os talentos das letras 3. Votação • Após encerrada a fase de inscrição, os trabalhos dos feminina nos diversos gêneros. inscritos serão divulgados no Canal Cultive para votaO Institut Cultive Suisse Brésil e a Edition Cultive es- ção. tabelecem as seguintes disposições para a participação • A votação será realizada pelos membros da Cultive e pelo público. no GRAND PRIX FEMME LITTÉRAIRE 2021: • O eleitor deve se cadastrar no Canal Cultive para validar o seu voto e escolher o escritor que mais lhe agrada. 1. Quem pode se inscrever • Todas as escritoras registradas como membros no Ins- • A fase de votação será entre 20 de outubro e 20 de novembro de 2021. titut Cultive Suisse Brésil • Todas as escritoras inscritas no Congrés International Cultive de la Culture de la Femme que tenham obra publicada em um livro • Escritoras que tenham participado das Antologias Cultive ou tenham obras publicadas pela Editora Cultive.

3. Do resultado • O número de votos não será publicado em nenhum meio de comunicação, nem para os concorrentes. • Os vencedores serão anunciados no dia 28 de novembro de 2021 no Congrés International Cultive de la Culture de la Femme e os mesmos serão convidados para 2. Inscrição • Ao fazer a inscrição, a concorrente concorda totalmente receberem a premiação no dia 05 de dezembro em data e hora a ser informada posteriormente. com este regulamento. • A escritora deve escolher apenas uma das doze catego- 4. Categorias para se inscrever. • Conto e Crônica • Poesia rias propostas. 34

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• Romance • Bibliografia • Ensaios/trabalho de pesquisa e tese de diploma • Infantil/Juvenil • Haikai • Histórico Enviar o vídeo pelo e-mail: 5. Como se inscrever • Preencher a ficha de inscrição pelo computador. • Enviar um vídeo de até 4 minutos (instruções no item 6). concursocultive@gmail.com 6. Como preparar o vídeo • Tempo máximo do vídeo 4 minutos. • Abrir a apresentação no vídeo com a seguinte fala: Eu sou....... e estou participando do GRAND PRIX FEMME LITTÉRAIRE 2021 organizado pelo Editora Cultive com apoio do Institut Cultive Suisse Brésil com a obra (citar o título da obra). Um pouco da minha escrita.....(ler uma passagem da sua obra). • O autor deve falar apenas o seu nome sem citar biografia. • Apresente a capa do seu livro. • Durante o registro não pode aparecer nenhum outro

livro, apenas o que está concorrendo ao prêmio. • O fundo do vídeo deve ser de uma cor única e pode ser um muro, uma cortina, ou um tecido liso, retire todos os objetos que venham poluir o vídeo. • Não pode ter flayer, nem panô, nem card, nem banner de nenhuma espécie. • O vídeo pode ser feito por uma pessoa que representa o autor, desde que siga as instruções dadas. • A gravação não pode haver alusão a nenhuma outra instituição. • O autor pode mencionar o título e a editora da obra. • Os vídeos que não seguirem essas regras serão eliminados. • Os vídeos devem ser enviados editados com a abertura que o autor receberá após a inscrição. • O vídeo editado deverá ser enviado unicamente pelo e-mail: concursocultive@gmail.com • Os aprovados serão publicados no Canal Cultive.

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LILIA SOUZA ENTREVISTA por Valquiria Imperiano Lilia Souza é contista, poeta, mãe. Amante da cultura, ativista cultural. Um mulher corajosa, batalhadora que não abandona seus sonhos e não se desvia dos seus objetivos. Lilia é uma Valkyrie, uma guerreira pronta a doar-se para continuar contribuindo para que a cultura e a educação façm parte do cardápio de todos.

sempre apoiou minhas invencionices. Com certeza, uma força motriz para eu ter me tornado quem sou! Com 11 ou 12 anos, já era catequista. E entrei para a Cruzada Eucarística – o que incluía compromissos com atividades religiosas e mesmo ajuda nas Missas dominicais. Fui uma adolescente questionadora, mas tranquila. Gostava muito de dançar e de ler – paixão que carrego desde criança! E era estudiosa. Queria ser professora. Fiz o curso Normal em minha cidade. Nesse período, cresceu o desejo de cursar faculdade de Psicologia. Isso que, mais tarde, me trouxe a Curitiba. Na faculdade conheci Tadeu, com quem me casei. Já estamos casados há 45 anos, em que superamos dificuldades e incertezas, sempre com muito amor e fé. Temos uma filha e dois netos, paixões em nossas vidas e motivos de muita realização! O interesse por poesia e literatura vem da infância e foi se moldando e amadurecendo com leituras e a maturidade; também com influência do curso de Letras e o meio cultural, com o convívio com tantos poetas e escritores que fizeram e fazem parte de minha vida. Escrevi alguns livros: de poemas, de contos e de ensaios de análise literária. Minha ideologia é a causa pela cultura e pela educação, pela justiça e pão na mesa para todos. Gostaria de continuar a contribuir, um pouquinho que seja, em prol disso.

VOCÊ SEMPRE FOI COMO É HOJE? Em alguns aspectos, sim. Posso apontar 3 características muito fortes em mim que, pelo que lembro, sempre fizeram parte de mim: emotiva, ativa, carinhosa. E aprendi, em tenra idade, a respeitar as pessoas; isso carrego comigo. Também me lembro de, desde bem pequena, indignar-me com injustiça. Em vários outros aspectos, fui COMO FOI A CRIANçA, A ADOLESCENTE, A MU- mudando ao longo da vida. LHER ESPOSA E MÃE, A MULHER ARTISTA. QUAL éA BASE DOS SEUS OBJETIVOS?. QUE CAMINHOS PERCORREU, ATÉ CHEGAR NA Nasci em Volta Redonda – RJ, em uma família simples MULHER QUE VOCÊ É HOJE? e amorosa, que nos incutiu valores religiosos e nos en- Sempre gostei de ler e estudar, e o fiz sempre que pude. sinou com muitos bons exemplos. Sou a mais velha de 4 Profissionalmente, exerci várias funções e estive em alfilhos. Meus irmãos, Max, Newton e Francisco, e eu tín- gumas empresas. Trabalhei como manicure, secretária, hamos que cumprir regras, estudar, respeitar os mais vel- telefonista (a maior parte da vida profissional), atenhos; ajudávamos em algumas tarefas e podíamos brincar dente de balcão, professora, revisora de texto. Mudei de muito! Foi uma infância feliz. Fui alfabetizada em casa, cidades para estudar e para trabalhar. Fiz muitos amiaos 6 anos, por minha mãe (que tinha o 2º ano incomple- gos e sou uma apaixonada pela família. Aliás, paixão me to). Aprender a ler foi a entrada em um mundo mara- move: pelo marido, pela filha e netos, mãe, irmãos, amivilhoso, um encantamento inenarrável! Entrei na escola gos; pela literatura e pela poesia. E pela vida sempre tive aos 7 anos, já sabendo ler e escrever alguma coisa. Ao fé em Deus e na Virgem Santíssima. mesmo tempo, entrei no catecismo e logo depois fiz a 1ª Comunhão. Já nessa época, aos 7 anos, comecei mi- VOCÊ É UMA GUERREIRA? nha vida de “atividades”: passei a participar de tudo que Vejo-me, sim, como guerreira. Lutei para conquistar aparecia na escola, na igreja, no bairro. Ao mesmo tempo várias coisas, tentando não me acomodar; e buscando que penso que mamãe deve ter se visto louca comigo, fazer bem feito o que me era incumbência ou o que deadmiro sua sabedoria; ela nunca me impediu de nada, e cidia. Também sempre procurei não me deixar abater 36

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diante de dificuldades e me reerguer depois de momen- ainda o faz. Conto com incentivo de irmãos e de vários amigos, o que ajuda a ganhar coragem para seguir. tos complicados. A VIDA FOI FÁCIL E SEMPRE FOI UM MAR DE ROSAS? Não. Durante a vida, houve algumas dificuldades financeiras, preocupações de várias ordens, perdas significativas, problemas de saúde, situações complicadas de difícil solução... Injustiças, “puxadas de tapete”. Contudo, acredito que recebi muito mais rosas do que espinhos. EM QUE MOMENTO DE SUA VIDA A ESTRADA BIFURCOU E COMO VOCÊ FEZ A ESCOLHA, E PARA ONDE ELA A LEVOU? A grande bifurcação de minha vida se deu quando eu queria cursar faculdade de Psicologia – que não havia em minha cidade; e minha prima Therezinha, de Curitiba, já casada e 4 filhos, convidou-me para estudar aqui e ficar na casa dela. Ao terminar o Normal, e já aprovada em vestibular em Curitiba, escolhi deixar a casa de minha mãe e vir em busca de meu sonho. Foi uma escolha doída, porém a tomei com coragem – e a convicção de que, ao terminar o curso, voltaria para minha terra (não voltei). A partir dessa mudança, a vida me levou por estradas outras. Na faculdade, conheci Tadeu; depois de um tempo, estávamos casados. O que me levou a outras bifurcações, e outras que dessas vieram. VOCÊ MUDOU COMO PESSOA? EM QUE VOCÊ MUDOU? O QUE A FEZ MUDAR? Minha essência permanece. Por outro lado, a caminhada me trouxe experiências que ampliaram meu olhar sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre a vida. Amadureci, adquiri mais confiança, diminuí a imensa timidez e me desinibi. Ganhei mais coragem para expor opiniões e enfrentar as adversidades. Estudo e leituras também contribuíram para o que mudou em mim. Uma mudança que – diria – está mais para uma ampliação do olhar.

FARIA TUDO OUTRA VEZ? Provavelmente, sim. Ou quase tudo. Uma coisa faria diferente: concluiria o curso de Psicologia, que não terminei. ALGUÉM EM PARTICULAR LHE DEU A MÃO? Muitas pessoas me ajudaram na vida! Muitos anjos Deus colocou em meus caminhos. Algumas pessoas tiveram papel preponderante em novos rumos; dentre elas, cito minha mãe – com o sempre e incondicional apoio e incentivo, determinantes para eu buscar meus sonhos; minha prima Therezinha – ao me convidar para morar em Curitiba; Tadeu – pelo casamento e descendência e por me informar sobre um concurso que definiu minha vida profissional, e que depois trouxe outra bifurcação, a transferência para Natal; a amiga Dilza, que, agregadora, teve importante papel na conquista de novos e grandes amigos em Natal; Shirley Queiroz, poetisa e amiga que, em Curitiba, convidou-me para as primeiras reuniões culturais, o que me levou a caminhos da poesia, da literatura, da cultura; José Lucas de Barros, amigo poeta que me convidou para um encontro de trovadores em sua cidade, arrebanhando-me para a trova; Clauder Arcanjo, amigo escritor que me abriu portas para publicações e me inseriu em um imenso mundo de escritores e amigos, e que hoje é um irmão e meu editor. QUAL A IMPORTÂNCIA DO APOIO? Fortalece-nos em dificuldades, incentiva-nos a buscar objetivos, contribui para realizarmos sonhos, abre portas, ajuda a abrirmos novos caminhos. POR QUE VOCÊ PARTICIPA DE MOVIMENTOS CULTURAIS? Provavelmente, porque a semente já estava plantada na infância. E porque portas foram se abrindo para tal caminho – por apoio de algumas pessoas e porque, acredito, Deus agiu em minha vida. E tal participação me faz muito bem. Os movimentos culturais se fazem principalmente de pessoas e de expressões artísticas. E creio que a arte expressa e transforma o mundo, expressa e transforma as pessoas.

ONDE E COMO ENCONTROU FORÇA OU CORAGEM PARA TAL MUDANÇA, PARA CONQUISTAR SEUS OBJETIVOS? Tenho muita fé em Deus e nele me fortaleço. Coloco nas mãos de Deus as dificuldades e as encruzilhadas da vida; e nele confio para encontrar a luz e fazer escolhas. Também tenho uma ótima parceria com meu marido, que me apoia em tantos momentos e me encoraja. E minha O QUE DESEJA ALCANÇAR AINDA? mãe, como já disse, desde minha infância me apoiava e Gostaria de ter mais tempo para me dedicar à leitura e à Revue Cultive - Genève

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produção literária. Desejo organizar mais alguns livros: PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES CULTURAIS: de poemas e de contos. LIVROS PUBLICADOS PELA LILIA SOUSA *Livros de poemas: Água e luz. Curitiba: Infante, 1998.) Avesso em versos. Curitiba: Neoprinte, 2001. Onze poemas/ Once poemas. Edição bilíngue. Tradução Alfredo Pérez Alencart. Mossoró - RN: Sarau das Letras, 2018. Chá das cinco. Mossoró - RN: Sarau das Letras, 2018. Trilhas sazonais: versos liturgos. Mossoró - RN: Sarau das Letras, 2020. (coautoria com Giuseppe Caonetto) *Livro de ensaios de análise literária: Olhares canhestros. Mossoró – RN: Sarau das Letras, 2015. 188 p. *Livro de contos: Estórias de Trevol do Nada. Editor Antonio Clauder Arcanjo, Ilustrador Augusto Paiva – Mossoró – RN: Sarau das Letras, 2018. 168 p.

Associada correspondente do ICOP – Instituto Cultural do Oeste Potiguar; da ATRN – Academia de Trovas do Rio Grande do Norte. Membro efetivo do Centro de letras do Paraná e da UBT – União Brasileira de Trovadores/ Seção Curitiba. Acadêmica titular da Academia Paranaense da Poesia (cadeira de número 34, tendo como patrono Emílio de Menezes) (20/11/2001, então, ainda Sala do Poeta do Paraná); da Academia Feminina de Letras do Paraná (cadeira de número 33); da ASBL – Academia Sul-Brasileira de Letras (Seção III/Paraná, cadeira de número 60, acadêmica da ACCUR – Academia de Cultura de Curitiba. Membro do Movimento Aldravista de Curitiba; do OCP – Observatório da Cultura Paranaense; integrante da Confraria Literária Café&Poesia (Mossoró – RN). Atualmente, membro do Conselho Editorial da Sarau das Letras Editora Ltda (Mossoró – RN); coordenadora da Oficina Permanente de Poesia – parceria entre Academia Paranaense da Poesia e Biblioteca Pública do Paraná.$

LILIA ORGANIZOU AS SEGUINTES COLETÂNEAS: Coletânea: Academia Paranaense da Poesia. organização Lilia Souza. Curitiba: Academia Paranaense da Poesia, 2012. 256p.: il. Entrevista: NO CANAL CULTIVE - Youtube - PROGRAMA AS VALKYRIES. .

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conquistei foi com muito empenho e esforço. Sempre sonhei com um mundo melhor e priorizei a imaginação como forma de minimizar o sofrimento e a injustiça. Sempre amei escrever, faz parte do meu dia a dia, através das letras vou construindo um mundo mais justo, com mais ética e humanidade. Sinto a vida, vejo as pessoas e formas... A magia se instaura e o amor explode de todas as formas detalhando toda a diferença. Escrever é meu oxigênio, minha força, meu refugio... 4- Você sempre foi como hoje? Claro que não! A cada dia nos transformamos com as veredas que a vida nos oferece. Como bem o disse Heráclito: “ ninguém mergulha nas mesmas aguas do rio, pois ao fazer a travessia, já não sou a mesma pessoa e nem as aguas as mesmas. Estamos sempre nos transformando.”

ENTREVISTA PROGRAMA AS VALKYRIES ELISA AUGUSTA DE ANDRADE FARINA

5- Você é uma guerreira? Acredito que sim, sou destemida e busco sempre lutar para garantir o meu espaço e estar bem comigo com todos e com Deus. 6- A vida foi fácil, sempre foi um mar de rosas? Seria irônico afirmar que vivi um mar de rosas. A vida em si já nos leva a ter cuidados com as rosas e muito medo de mar como boa mineira que sou...

Parte 1 1- Seu nome e cidade de origem. Elisa Augusta de Andrade Farina, Nascida em Teófilo Otoni – MG, Brasileira 7- Em que momento da sua vida a sua estrada bifurcou e como você fez a escolha e para onde ela te 2- Fale da infância, da adolescência, da mulher es- levou? posa e mãe, da mulher artista, da sua ideologia, e obje- Eu era a pessoa que não sabia dizer não, era cordata em tivos. tudo. Até que um dia, estive na UTI por uns dias...quase Tive uma infância feliz e peripécias, a maior parte dela que transpus o outro lado. Depois desse episódio mudei vivida no campo, entre brincadeiras e muito exemplo de radicalmente. Priorizo-me em tudo, pois tenho que me trabalho e disciplina. A minha adolescência foi tranqui- cuidar e me amar para poder alcança as pessoas que amo. la, sempre fui muito ponderada e sempre soube o que queria para minha vida. Não fui namoradeira, casei-me 8- Você mudou como pessoa? Em que você mupor amor e sempre me dediquei a minha família. São 48 dou? O que fez você mudar? anos de casamento pautado no respeito e na individua- Eu continuo a mesma Elisa, alegre, despojada. Só mudei lidade. Acredito que sou uma boa mãe e esposa, sempre o enfoque e o foco da minha vida. Todos nos temos poatenta aos cuidados que minha família merece. A arte tencialidade para mudança, sem com isso desestruturar sempre esteve presente em minha vida, sempre cultivei a vida e a todos que fazem parte dela. as letras, a maior conquista da minha vida foi quando consegui juntar silabas e formar palavras. Foi mágico e 9- Onde e como encontrou força ou coragem para essa magia se arrasta até hoje. Sempre acreditei que um tal mudança, para conquistar seus objetivos? Faria tudo dia seria ouvida, que as minha ideologias seriam respei- outra vez? tadas e serviriam de influencia para aqueles que sabem a Quando você passa por um impasse na vida, você tem força das palavras. que redimenciona- la. Eu busquei força em Deus e na família, principalmente nos filhos que eram pequenos e 3- Que caminhos percorreu, até chegar na mulher necessitavam dos meus cuidados maternos. Sim não me que é hoje? arrependo de nenhuma atitude que tomei. A minha trajetória cultural não foi fácil, tudo que 10- Alguém em particular lhe deu a mão? 40

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O príncipe Bernardo no reino das finanças E em construA família sempre presente e amorosa. 11- Aguem é a importância de RECEBER apoio? ção: Quando fragilizados o apoio dos que amamos é de suma O príncipe Bernardo e o mundo cooperativista. importância. 16- Mensagem final. 12- O que mudaria em sua história? Acredite sempre na realização dos seus sonhos. Para ser franca acho que viveria a mesma historia com algumas modificações que a experiência da vida nos deu. 17- Prepare dois poemas para você ler durante a entrevista 13- Porque você participa de movimentos culturais? Eu tive uma formação acadêmica clássica. Bibi em várias 18- Me envie um poema para eu recitar. fontes a agua do conhecimento. Sempre acreditei que o conhecimento faria a transformação cultural e social. MULHER Ser membro da ALTO, foi a realização de um sonho que sempre acalentei e acreditava bem distante da minha Eu sou chama que queima. realidade. Quando surgiu a oportunidade de criar uma Luz que alumia. academia de letras, trabalhei arduamente juntamente Sentimento que aflora. com alguns companheiros de sonho para a sua concre- Verdade que incomoda. tização. Sua um dos membros fundadores da ALTO. O Sou também sombra que acolhe. Sorriso que ilumina amor, compromisso e dedicação foram as molas propul- todo ser. soras para a minha conquista à presidência dessa ilibada instituição cultural. Sou lágrima sentida dos sonhos que não consegui. Sou também esperança de toda transformação que a 14- Concelho para quem deseja imigrar? vida irá sofrer. Antes de qualquer atitude pesar os prós e contras do que pretende para a sua vida. Não adianta mudar de país se E quem me olha assim meio isso, meio aquilo não sabe a não fizer a mudança estrutural do seu querer, poder e foça que tenho a me impulsionar. reais de sucesso. Se faço isso ou deixo de fazê-lo é que eu tenho um selo PARTE 2 - SUA OBRA que é o segredo para me desvendar. 15- Que tipo de arte você realiza? Cite suas obras. Sou escritora e poeta, tenho várias participações em É só conjugar a primeira pessoa do presente do verbo antologias literárias, prefácios de livros apresentações amar, amo, logo existo. Diante dessa verdade, só me resta culturais e projeto voar com as letras que trabalho em dizer: escolas municipais, estaduais e particulares da cidade. Sou Mulher!... LIVROS: Antes de tudo mulher (poemas), Reino Feliz, Aventuras do Príncipe Bernardo no Reino Elisa Augusta de Andrade Farina –Extraído do livro : do Transito, Antes de tudo Mulher. Aventuras do Príncipe Bernardo no Reino da Água Preciosa,

Veja as obras de ELISA AUGUSTA DE ANDRADE FARINA no catálogo literário no final da revista.

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Não, mais não posso reclamar de tudo que aprendi e aprendo. Não estamos aqui para nos curarmos nossas dores e sim nos curarmos através delas, já nos disse Chico Xavier.

ENTREVISTA MABEL CAVALCANTI

7- Em que momento da sua vida a sua estrada bifurcou e como você fez a escolha e para onde ela te levou? Como você chegou até a Europa e o qual a trouxe até? Tive vários, mas o mais marcante foi quando, com 24 anos resolvi voltar para casa d emeus pais com minhas 03 filhas. Cheguei aqui pelo caminho do amor, vim para o batizado d emeu primeiro neto, Arthur,e ai conheci meu grande amor Aníbal, em 2011. Logo depois ,decidi vir, em 2013.

Parte 1 1- Seu nome, cidade e origem. Como é viver na Portugal, é fácil a integração? Mabel Cavalcanti, de Caruaru,PE,BR, filha do poeta Lí- 8- dio Cavalcanti e da professora Rejane de Figueiredo Ca- viver em Portugal é muito tranquilo, as diferenças culturais só nos aproximam. valcanti. 9- O que é necessário para imigrar’? Ter objetivos claros e uma rede de apoio. 10- Você mudou como pessoa? Em que você mudou? O que a fez mudar? Sempre mudamos para sermos cada vez mais nos mesmos, isso é estar Vivi minha infância em Caruaru e parte de minha ado- vivo. lescência em Recife, onde casei e tive 03 filhas. Depois, divorciada, em 1986, voltei a Caruaru, onde contruí 11- Onde e como encontrou força ou coragem para minha carreira como Educadora na Rede pública , onde tal mudança, para conquistar seus objetivos? Faria tudo trabalhei 25 anos .Sou artista dese criança, cantando nos outra vez? programas de auditório de meu Pai, que era um multi-ar- Mudo porque amo, o amor é minha fonte de transformatista. Sempre tive como objetivo ser feliz e aprender nos ção. Faria tudo de novo. caminhos do bem, além de vivenciar a cultura de minha cidade, o “País de Caruaru”. 12- Alguém em particular lhe deu a mão? O que 2- Fale da infância, da adolescência, da mulher esposa e mãe, da mulher artista, da sua ideologia e objetivos. Tive uma infância feliz, foi minha usina de felicidade.

3- Que caminhos percorreu, até chegar na mulher que é hoje? Sou educadora, artista popular mais acima de tudo uma pessoa de fé e foi nessa crença sempre em dias melhores que construí meus caminhos. Nele fiz de tudo dentro do que acredito.

mudaria na sua história? Minha filha, que já mora aqui faz 20 anos, e meu amor Aníbal Pinheiro. Nada..aprendi muito. 15- Por que você participa de movimentos culturais? Sou artista e acredito no poder humanizador da ARTE.

16- O que desejar alcançar ainda? Seus projetos? 4- Você sempre foi como hoje? Só tenho 1, ser feliz! Hoje sou mais madura e procuro na espiritualidade meus caminhos em direção a luz, me conhecendo mais e mais 17- Conselho para quem deseja imigrar. e buscando servir ao bem e ao próximo. Venha sabendo o que quer e as suas possibilidades de vencer. E não desanime diante dos desafios, transforme 5- Você é uma guerreira? os em possibilidades. Já fui mais, hoje entendo as escolhas de cada um e descobri que somos fruto de nossas escolhas e caminhos .Sou 18- Mensagem final. de paz. Ame, e ame sem saber o porque, ame e sirva , trabalhan6- 42

A vida foi fácil e sempre foi um mar de rosas?

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do em prol do bem maior.


A IGREJINHA DA MINHA CIDADE Guarda com ela minhas lembranças Do acender dos novos anos Da minha vida de criança Do tempo da pureza Dessas luzes acesas Anunciando esperanças. Antes disso andar na feira Comprar roupa nova e sapatos Pra fica tudo muito lindo Num Natal de luz e abraços Depois passear na festa E esperar a luz certa Que anunciava o tempo novo Andar no carrossel Roda de gigante perto do céu E começar o ano de novo. Hoje essas luzes acendem Minha história de saudade Minhas melhores histórias E os risos de memoria Estão todos ali Na igrejinha da minha cidade. (Igreja da Conceição-Pais de CARUARU) Mabel Cavalcanti

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lução. 5- Você é uma guerreira? Certamente sou guerreira, toda mulher que ultrapassa limites é uma lutadora, independente de sua área. 6- A vida foi fácil, sempre foi um mar de rosas? Chego a dizer que jamais foi um mar de rosas, a vida é professora severa. 7- Em que momento da sua vida a sua estrada bifurcou e como você fez a escolha e para onde ela te levou? As bifurcações são devido justamente as nossas escolhas. Prestar um vestibular, casa, ter filhos, trabalhar e depois iniciar aos 40 anos a vida de escritora. São pontos de extrema atitude que tive que escolher.

ENTREVISTA COM RAILDA MASSON PROGRAMA AS VALKYRIES

8- Você mudou como pessoa? Em que você mudou? O que a fez mudar? Passei a ser mais crítica e mais seletiva quanto as amizades, quanto a decisões precipitadas. As consequencias nos fazem mudar continuamente.

Parte 1 1- Seu nome, cidade e origem. Railda Masson, nascida em Maringá. Pai nascido em Passo Fundo e mãe em Concórdia. Avós da Itália. (não me recordo do local)

9- Onde e como encontrou força ou coragem para tal mudança, para conquistar seus objetivos? Faria tudo outra vez? As forças encontro nos filhos, quero deixar legado também para leitores. Faria tudo de novo.

2- Fale da infância, da adolescência, da mulher esposa e mãe, da mulher artista, da sua ideologia e objetivos. Sou de família humilde 08 filhos, dos quais somente eu estudei (escola pública). Graduada em Letras com pós graduação em literatura inglesa. Sou professora de VIP inglês, de encantamento literário, dentre outras atividades. Casada há 33 anos com Arlindo Cardozo, natural de Rodeio Bonito, cantor gaúcho como hobby. Mãe de um casal de filhos, Renan 25 estuda Física e filha Stephanie estuda Jornalismo. Quanto a ideologia, ela muda com a idade, quero ser feliz e não ter razão. Meus objetivos visam divulgar Railda Masson Produções, um conjunto de 20 e uns projetos.

10- Alguém em particular lhe deu a mão? Apenas professores incentivaram a escrita. 11- Qual é a importância de RECEBER apoio? Quando se tem apoio, abrem-se as portas, é o que faço como professora. 12- O que mudaria na sua história? Teria iniciado antes minha carreira de escritora e poeta.

13- Por que você participa de movimentos culturais? Os projetos nascem da ansiedade de se ver um mundo melhor. Resta cairem em mãos certas. No movimento cultural voce encontra seus iguais e o caminho não fica 3- Que caminhos percorreu, até chegar na mulher tão isolado. que é hoje? Eu resumiria que meu caminho foi o do “não”. Nascida 14- O que desejar alcançar ainda? Seus projetos? apenas para casar e ter filhos. Por isso mesmo, aceito os Desejo alcançar sucesso com meus livros, com os projedesafios mesmo sabendo serem difíceis de alcançar. tos estendidos pelo mundo. 4- Você sempre foi como hoje? 15- Conselho para quem deseja imigrar. Nunca somos iguais, vivemos constantemente em evo- Ser paciente e eficiente e não desistir dos objetivos. 44

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Parte 2 sua- obra

ESCRAVA BRANCA

16- Que tipo arte você realiza? Cite suas obras. Iniciei com a escrita no site Recanto das Letras, logo depois participei de uma dezena de antologias e finalmente lancei em 2010 meu 1º livro e assim sucessivamente. Cartas de Evita que Perón não Leu (tributo a Evita Perón) Lançado na Patagônia na Semana Cultural Brasileira e no Paraguai em Salto del Guaira. Anita Ponto G Ponto Com (tributo a Anita Garibaldi) Lançado em Marau e Laguna onde recebi o título de Anita e dessa forma, dei início ao grupo Anitas Garibaldi no Paraná que conta com 13 integrantes. Projeto Anita na Escola Publica que trabalha o teor cartas com o ensino médio, com a biografia de Anita e o meu livro. Florbela, não eu (tributo a Florbela Espanca) a se lançado em Portugal.

Antes... Dona de mim. Então casualmente: O embaraço. Desde então: Escrava branca em seus braços. Não sei quem fui, quem sou, ou serei. Se há perspectivas de futuro, do depois? Nem eu mesma sei! Penso que você seja o mal, invadindo-me, enchendo-me do bem. Agora perdida, mas encontrada em seus braços!

17- Mensagem final. Agradeço a oportunidade e estou a disposicão. Meu primeiro poema publicado para você recitar.

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hoje? De menina tímida a adolescente insegura até chegar na mulher madura e confiante, percorri muitos caminhos, sempre me inspirando em grandes mulheres, sejam estas conhecidas ou anônimas. Meu grande exemplo foi minha mãe que, para poder se casar com o homem que queria, teve de enfrentar o pai. Minha mãe sempre foi guerreira, saiu do interior da Bahia para casar e viver na capital, onde teve de enfrentar os próprios medos e criar os filhos, cuidar da casa e do marido. Além de minha mãe, escritoras como Carolina Maria de Jesus e mulheres que vivem no anonimato, mas que tiveram de superar obstáculos para sobreviver são minha fonte de inspiração. Sempre quis ser uma mulher independente, estudar e trabalhar, vencer pelos meus méritos. Por isso os estudos sempre foram a minha meta e assim me graduei em Letras, cursei mestrado e doutorado, me tornei professora e formei muitas gerações.

RITA QUEIROZ Natural de Salvador-Bahia. Ela é professora universitária, escritora, poeta. Autora de 5 livros de poemas e 1 de contos para o público adulto e 5 livros para o público infantojuvenil. Organizadora de 9 coletâneas. Participação em mais de 100 antologias/coletâneas, bem como em revistas literárias nacionais e internacionais. Ela é acadêmica nas seguintes academias: AVAL, AILB, AIML, AALIBB, AILAP, NAISLA e ACILBRAS). Rita Queiroz apresentou o livro Grimalda no 1° Salão Internacional do Livro e da Cultura de Genebra Cultive que aconteceu em maio 2021. Rita Queiroz é a grande ganhadora do prêmio Focus Brasil na categoria poesia.

ENTREVISTA PROGRAMA AS VALKYRIES RITA QUEIROZ

Fale da infância, da adolescência, da mulher esposa e mãe, da mulher artista, da sua ideologia e objetivos. Tive uma infância feliz, cercada pelo amor de meus pais, que não tinham muitos recursos financeiros, mas que nunca deixaram faltar o básico, principalmente a educação, coisa que eles não tiveram. Sempre gostei de estudar e meus pais me incentivaram a seguir. Fui casada duas vezes, mas não tive filhos. As artes estão presentes em minha vida a partir da escola. Foram as professoras do primário que me levaram pela primeira vez a um museu, o Solar do Unhão, em Salvador. Até hoje trago na memória o que vi naquele dia. Foi na escola também onde tive contato com a literatura, conhecendo escritores como Jorge Amado e Érico Veríssimo, por exemplo, além das obras clássicas da literatura brasileira assinadas por Machado de Assis e José de Alencar. Minha ideologia sempre esteve voltada para o empoderamento feminino, mesmo quando essa palavra ainda não era tão usada no nosso vocabulário. Sempre pensei nisso, desde a infância. Me incomodava muito ver mulheres que se submetiam aos homens, por qualquer motivo. Não admitia o fato de os pais proibirem as filhas de estudar. Meu objetivo é levar conhecimento, partilhar o que sei.

Você é uma guerreira? Sim. Toda mulher é uma guerreira, porque ser mulher é Você sempre foi como hoje? lutar todos os dias contra todo tipo de preconceito e abuso. Em pleno século XXI, no Brasil e em outros países, Não. Na infância e adolescência fui muito tímida. Come- ainda há um machismo que mata, que ultraja, que agride. cei a mudar quando ingressei na universidade e fui me soltando aos poucos. Depois, como professora, a timidez A vida foi fácil e sempre foi um mar de rosas? foi embora de vez. Não, a vida não foi fácil, mas tive a sorte de ter um pai Que caminhos percorreu, até chegar na mulher que é 46

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com a cabeça à frente de seu tempo, mesmo sem ter es-


Onde e como encontrou força ou coragem para tal mudança, para conquistar seus objetivos? Faria tudo outra vez? Não me arrependo do que vivi. Viveria tudo outra vez, pois sempre fui fiel ao que sentia. Alguém em particular lhe deu a mão? Minha mãe e meu pai. Quanto às dificuldades, existiram? Sempre existem, mas há os graus de dificuldades. As que Qual é a importância do apoio? enfrentei, tinham grau baixo e por isso não me afetaram. Apoio é tudo e isso tive da minha família. O apoio de meus pais foi fundamental. O que mudaria na sua história? Em que momento da sua vida a sua estrada bifurcou e Gostaria de ter me dedicado mais às artes, especialmente à música. Participei de coral quando estava na universicomo você fez a escolha e para onde ela te levou? Não houve esse momento. O que tracei para mim: es- dade, mas como trabalhava e estudava, o tempo era intudar, ter um trabalho fruto da minha educação, eu suficiente. conquistei. As minhas escolhas sempre foram de mão única. Quando fiz o vestibular, marquei apenas uma Por que você participa de movimentos culturais? opção: Letras, e foi com esse curso que cheguei até aqui Os movimentos culturais são a mola mestra de avanços como professora doutora. sociais, em diversas frentes, principalmente para as mulheres. Participar desses movimentos me tem levado a Você mudou como pessoa? Em que você mudou? O me relacionar com muitas pessoas no Brasil e no mundo, que a fez mudar? a conhecer projetos fantásticos. Acredito que não mudei, pois continuo com os mesmos ideais. Ser uma mulher independente, fazer o que gosto, O que deseja alcançar ainda? trabalhar onde queria. O que ficou para trás foi a timi- Sou uma pessoa feliz, que plantou boas sementes e dez. Hoje me considero uma pessoa até arrojada, pois hoje tem colhido frutos maravilhosos. Mas quero ainda conhecer muitos países, aprender outras línguas, mergunão meço obstáculos para fazer o que quero. lhar em outras culturas. tudo. Assim, as coisas foram melhores para mim do que foram para minha mãe, cujo pai não a deixou estudar e a quem teve de enfrentar para casar. Meus pais me propiciaram educação e com esta eu avancei, conquistei meu lugar ao sol.

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Maria Bela dos Santos O mar de um Anjo Tens o mar como referência, teu espelho é o Céu e como pingente as estrelas, mas a Lua te faz adorno. Lembras pureza, serenidade e muita paz. És também saudades dos dias idos. Teu cheiro de mar não me deixa reclamar da brisa no ar, e todos os dias me ensina a amar. Anjo de asas brancas e esvoaçantes como pássaro espreita o Céu do infinito mar azul. Maria José Bela dos Santos

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O Instituto Cultive Suisse Brésil está construindo o Espaço Cultive na Biblioteca Incentiva em João Lisboa no Maranhão. A Bibliopteca Incentiva é um projeto criado pelo padre Ernane. O Espaço Cultive é um prolongamento da Bilioteca Incentiva criado para abrigar novas atividades da bilioteca. A construção já foi iniciada e seu término está previsto para o fim do ano 2021. A biblioteca Incentiva continua recebendo doações de livros.

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sempre tinha alguém que comia mais rápido.

Terezinha Malaquias Poeta e escritora, autora de sete livros. Do Jeito da Gente/Our Way (2021), Teodoro (2019), Menina Coco/Das Cocosmädchen (2018), Modelo Vivo (2005). É artista visual, performer, multiatista. Tem um canal: TereMalaquias no youtube. Criou os projetos: Brasileirxs Estrangeirxs como Eu, Proseando: Arte e Literatura, Chácomigo/Teemitmir. Foi a performer e produtora executiva do filme Na Pose/In der Pose (2017). Direção: Alex Mello e Vitor Kruter. Mora na Alemanha desde 2008. FAZEDORA DE DOCES SONHOS Autora: Terezinha Malaquias Do tacho de cobre lindo, de cor ferrugem e grande, saiam os doces da minha mãe. Doce de goiaba, doce de leite, arroz-doce, pé de moleque, doce de manga, doce de abóbora e tantos outros doces sonhos, sonhos doces recheados de amor e carinho. No final de cada “Tachada,”* lá estávamos, nós, crianças felizes com as nossas colheres mágicas, raspando todo o restinho bom. Era sempre uma festa entre minhas irmãs, meus irmãos e eu. Às vezes, brigávamos também, e, 50

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Hoje, mulher adulta, recordo com amor e carinho dos doces da minha mãe feitos no fogão a lenha. E, se eu fechar os olhos, por um instante, até vejo mamãe à beira do fogão, e, nós, crianças outra vez, enchendo a casa com as nossas risadas bobas e longas. Era tão bom... tão gostoso... Ozita, minha mãe. Uma fazedora de doces. Ozita, minha mãe. Fazedora de sonhos. *Tachada: término do processo de produção dos doces. Autora: Terezinha Malaquias Na Minha Casa Café Tinha Gosto de Pai. TEODORO Autora: Terezinha Malaquias Era ainda de manhã, e, estávamos todos na fazenda. Depois de tomar café com leite quentinho, vindo diretamente do curral, e ter comido bolo de fubá e pão caseiro, feitos no forno de barro, com manteiga também caseira, mamãe e a cozinheira se preparavam para fazer o almoço dos peões e o nosso, quando chegou um moço num carro preto e, com ar de tristeza, dirigiu-se até papai, e disse que tinha ido buscar-nos, porque vovô Teodoro, pai de mamãe, havia falecido de madrugada na pequena cidade mineira de Campina Verde.


Eu era apenas uma menina e foi a primeira vez que eu ouvi a palavra morte e não entendi. Mamãe banhou a todos, fez as nossas malas e partimos no carro preto. O carro foi correndo pela estrada e a gente via uma poeira muito vermelha. Na casa da minha avó havia muita gente e meu avô estava deitado no caixão, tendo à sua volta todos os seus filhos e a sua esposa. Mamãe juntou-se à sua mãe e aos seus irmãos. Eu não entendia de morte, não entendia de dor, nem de perda ou tristeza. Eu era apenas uma menina, tão pequenina... e só entendia de boneca e brincar de casinha. E eu, menina, pensava que a morte fosse como o sono, depois do descanso, a pessoa acordava, nos abraçava, sorria para nós e tudo ficava bem outra vez. Mas não era bem assim. Mais tarde apareceu alguém, não me lembro mais quem era, e fechou o caixão do meu avô. Voltamos para casa e já era hora do jantar.

Depois do jantar... Ah, depois do jantar, que gostoso... tudo virou brincadeira de meninas e meninos. Brincadeira de roda, de pular corda, passar anel, jogar peteca e até brincadeira de contar lindas histórias. PARA CAROLINA MARIA DE JESUS Autora: Terezinha Malaquias Recolho papel e papelão nas ruas de São Paulo. O papelão eu vendo para comprar comida e alimentar as bocas dos meus filhos e a minha. O papel eu guardo. E toda noite depois do banho eu me sento e escrevo vidas. Escrever é libertar-me das amarras que insistem em querer prender os meus sonhos.

diretora e roteirista do meu viver.

Na escrita sou mulher livre e dona de mim; sou protagonista,

Do livro Teodoro de Terezinha Malaquias. (Poesias e contos), em português-inglês. Olimalabo Verlag Editora - 2019

Como na casa da minha avó ainda havia muita gente, nós, as crianças, pegávamos os nossos pratos feitos e íamos para o quintal sentar debaixo da mangueira. Comemos arroz com feijão, salada de alface com tomate e carne moída. Revue Cultive - Genève

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Vladimir Queiroz Nasceu em Feira de Santana, Bahia, Brasil em 09/12/1962. Publicou no Brasil os livros: Seres & Dizeres (1996), Terracota (2001), Infantilis (2003), ABCdito e outros ditos mais (2003), Apokálupsis do Sertão (2006), Luminescência (2008), Instinto (2010), Alcatruz (2011), Nuances (2012), Muxarabis (2015), Brasileirança (2016); Kairós (2020) Teve o livro Nuances publicado em Portugal e Romênia (2015), Colômbia e Itália (2019). Teve o livro Luminescência publicado na Itália em 2017. Participou de eventos literários internacionais como conferencista em Portugal, Itália, Moçambique e Colômbia. Membro Correspondente da Academia de Letras e Artes de Feira de Santana – Bahia - Brasil. Membro do Centro de Literaturas e Culturas Losófonas e Européias (CLEPUL) – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Membro da AIP – Associação Internacional de Paremiologia – Tavira (Portugal).

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VELAS VLADIMIR QUEIROZ Sigo em deslizamentos de consolo porque uma fumaça negra me acompanha repousada sob as lápides da calçada sem nenhuma fama explícita ou conjugada por superlativos. Só anseios pretéritos resguardados em museus Só vozes como um tormento na imensidão das águas: Só mares agitados que as caravelas singram Só grilhões atordoados a ranger nos porões Como guardiões desta minha angústia em ressonância, Como anzóis lançados ao mar dos meus pesadelos. Eu que andava com os camelos pelo deserto Fui pelo mundo afora em diáspora com os pés descalços. Hoje subo a ladeira dos Galés ouvindo os badalos das campanulas e átrios azuis. FAÚLHAS Para Francisco Brennand – 90 anos No moinho só restam ao final faúlhas que se despregam do pão. Esquecem a fornalha, a lenha consumida até arder em brasa fervilhar fagulhas, renovar a chama ao entorno da fome que se forma, criar sanidades e ensejos. No moinho o atrito do grão sobre a urgência da palavra faz esfregar a rouquidão sobre a pedra bruta e do repouso aspergir artifícios do que se fala. Artífices a profanar o dito e proferido, criar saudades e arquejos. No moinho, em meio ao palheiro que se amontoa, vão-se perdidos os sonhos como agulhas que se desventuram após cerzido o rasgo dos tropeços dos que foram procurar a epifania sob o sol, criar verdades e andejos. No moinho a água que corre pelo umbral em noite atemporal faz sussurros e provoca medos. Despedaça a alma para surgir do grão a farinha alva, gemidos e segredos, criar vontades e desejos.

Um alfinete na lapela me desprega em queda livre fico sem rumo ardendo em labaredas infernais: “Eu não consigo respirar”. TRAJETO VLADIMIR QUEIROZ O incerto trajeto que avistas pelas névoas são encantamentos que só os que sabem espiar os sinais que emanam do belo assenhoram-se do passo e caminham com sede e fome de andar. Só os que vivem às margens por onde borbulham as águas sabem molhar os pés, criar crostas nas lamas ribeirinhas, remar pelos igarapés as canoas construindo ritos desgovernando as passagens por onde vociferam gritos. Só os que levitam com as borboletas ao entorno das rosas desconstroem os perfumes e entorpecem a alma de odores para afinar os ouvidos nas melodias canoras esvoaçar pelos cafezais as dores renegar o amargor desvanecido.

No moinho criaturas estranhas pelo céu voam Só os que do pó constroem pelo deserto os rumos das tulhas e ranhuras da terra sob as mãos, cozidas. sabem enfrentar os hunos no insurreto desejo das vias Um palácio inteiro pelos ares moldado pelo barro para nas encruzilhadas vadias alimentarem das tetas. amiúde. No celeiro sobre o ataúde, criar eternidades e beijos. Revue Cultive - Genève

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CHRIS HERRMANN Poeta Sonheto na janela da Tabacaria estava c'alma em Pessoa cá dentro parece que remexeram Camões mordia Bocage para sentir-me acordada quando do Machado na estante ouvi: - Espanca! 54

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Inscreva-se preenchendo o formulário no link: https://docs.google.com/forms/d/1gecoC24VVK3AtMdLRh28C-Ds-9HQ6010LMVktFFh5RI/prefill 8- Os textos selecionados entram na IX Antologia As Valkyries Visitam o Brasil, após confirmação do autor; 9- O autor deve confirmar a publicação do texto na Antologia até 72 horas após o envio do e-mail de pedido de confirmação. A publicação na Antologia segue as regras do edital da IX Antologia; 10- QUEM PODE PARTICIPAR a- Homens e mulheres de todas as nacionalidades; b- IDADE: A partir de 12 anos; c- Menores de 18 anos: com autorização do representante. CLIC PARA SE INSCREVER

11- CLASSIFICAÇÃO: a- 1º, 2°e 3°lugares em prosa e em poesia; b- Menção honrosa.

EDITAL

12- PREMIAÇÃO 1° lugar- certificado + 5 volumes extras da Antologia As Valkyries Visitam o Brasil; 1 página na revista InternaA Editora Cultive em parceria com o Institut Cultive cional Artplus edição 2022 e publicação do texto na ReSuisse Brésil lança o CONCURSO INTERNACIONAL vue Cultive; LITERÁRIO CULTIVE 2021

2° e 3° lugares – 2 volumes extras da Antologia As ValkCONCURSO CULTIVE: Prêmio Literário 2021; yries Visitam o Brasil Publicação do texto na Revue Cultive; 2- TEMA: As Valkyries visitam o Brasil - título diferente do tema; Menção Honrosa - diploma + publicação do texto na Re1-

vue Cultive. 3- TEXTO : 2 páginas word/doc, arial 12, espaço simples, 999 palavras; 6322 caracteres contando com os 13- O jurado é escolhido pela Cultive. A decisão do espaços jurado é soberana, não cabendo recurso, nem publicação (favor não enviar o texto em pdf); de notas. 4-

INSCRIÇÕES : Até o dia 30 de setembro;

14- RESULTADO DO CONCURSO - será anunciado no Congresso Cultive Internacional Cultural de la 5- INSCRIÇÃO: Cada inscrição corresponde a 2 Femme no dia 28 de novembro 2021. A premiação será páginas word, Arial 12, espaço 1/2; Podendo ser uma pá- realizada on-line em data posterior. gina prosa e uma página poesia; 6- Cada autor pode concorrer com mais de um texto: poesia e/ou prosa; 1 foto preta e branco anexo ao e-mail e 1 foto colada ao 7- A INSCRIÇÃO texto e o recibo de pagamento. - A inscrição no concurso é gratuita; - Condição: o autor selecionado deve concordar em participar da IX Antologia As Valkyries Visitam o Brasil: Revue Cultive - Genève

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d-Título diferente do tema 3-Formatação do texto, 2 páginas word/doc, arial 12, espaço simples, 999 palavras; 6322 caracteres contando com os espaços (favor não enviar o texto em pdf) e-Seguir rigorosamente as indicações no final desse documento. Se passar uma linha em outra página, conta-se como página extra. f-Língua do texto: português revisado por conta do autor.

Antologia: As Valkyries visitam o Brasil O Institut Cultive Suisse Brésil (ICSB) lança a IX Antologia intitulada “AS VALKYRIES VISITAM O BRASIL” uma produção que colocará em evidência as mulheres brasileiras que fazem ou fizeram a diferença na história da sociedade e da cultura do Brasil. Vamos eternizar e reviver tantas mulheres brasileiras, que vivem no anonimato, homenageando-as nesta brilhante antologia dedicada à mulher. Participe e compartilhe com outras mulheres e homens para que tenham a oportunidade de soprar o perfume, que vem das linhas do seu pensamento, nas páginas desse livro. Realizando esse projeto, o Institut Cultive Suisse Brésil colaborará com a “Rede Feminina de Combate a Câncer” da Paraíba e de Pernambuco, uma associação brasileira que trabalha para ajudar pessoas acometidas de câncer. 1-QUEM PODE PARTICIPAR DA IX ANTOLOGIA CULTIVE AS VALKYRIES VISITAM O BRASIL a-Homens e mulheres de todas as nacionalidades: b-IDADE: A partir de 12 anos; c-Menores de 18 anos: com autorização do representante. 2-REGRAS SOBRE O TEXTO E FORMATAÇÃO a-Tema do texto: sobre uma mulher, sobre a mulher ou sobre você. b-Cada inscrição - ocupará 3 páginas no livro com foto de rosto preta e branca + biografia de até 5 linhas e texto português; c-Textos: poesia ou prosa com o nome do autor completo 56

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Anexo segue o modelo do tamanho do texto, apague o texto escrito e escreva o seu no lugar seguindo o mesmo formato, válido para poesia ou prosa. 4-DATA LIMITE PARA ENVIAR O TEXTO 30/09/2021; 5-INVESTIMENTO a-Valor – 200 reais ( para o Brasil) outros países 35 euros (o autor tem direito a 2 volumes); b-Pagamento à vista ou divido até setembro de 2021 c-Páginas extras no livro -100 reais (Brasil); 17euros (outros países); d-Por cada página extra no livro o autor recebe 1 livro; e-Membros Cultive tem direito a 3 volumes por inscrição de 2 páginas f-O livro será vendido no site antecipadamente e após o lançamento; g-Preço para os coautores com pedidos antecipados: 1 volume:12 euros; h-Número de livros por inscrição: 2 livros. 6-SOBRE O LIVRO – Impresso e E-book Livro impresso: 14x21 cm; Papel of-set 90 gr; Produção Editora Cultive; Registro na Biblioteca Nacional Suíça; Lançamentos em países da Europa, na Suíça, no 2° Salon International du Livre et de la Culture de Genève Cultive; nas Bibliotecas Públicas Brasileiras. 7- Marketing a- Pré-lançamento: Congrès Cultive International Culturel de la Femme - dia 28 de novembro 2021; b- Distribuição: biblioteca Nacional Suíça,


Biblioteca Pública de Genebra, Instituto Íbero Americano de Berlim, Brasil, Portugal, Noruega, Grécia, África, Europa, Argentina, Equador, Caribe, Angola; Moçambique c-Lançamento: Canal Cultive, Biblioteca de Florianópolis, Biblioteca de Pernambuco; Sabepe (Sociedade dos Amigos da Biblioteca Pública de Pernambuco) d-Divulgação: Canal Chá & Poesia Com Elas, TV Cultura, Art Agora, Café Patriota, Canal Cultive, Revue Artplus, Revue Cultive, Gazeta de Mandaguari; Chá da vida, Revista da Mulher;

ro, envio registrado, etc. Se o pacote for devolvido por qualquer motivo, todas as taxas cobradas pelo correio, assim como o novo valor para reenvio, serão a cargo do autor; h-Se a encomenda for devolvida, o correio cobrará um valor para a retirada do pacote, esse valor deverá ser reembolsado pelo autor. Caso o autor se recuse a reembolsar a Cultive só reenviará outros volumes após pagamento do reembolso mais o valor do novo envio. i- E.book – será enviado o link aos autores.

8-INSCRIÇÃO: a-Preencher o formulário no link. https://forms.gle/ A3BkipgLJUyayZcv6 b- Anexe 1 foto de rosto preta e branca (boa resolução),1 foto colorida, o texto dentro das normas, biografia com 5 linhas. c-Nomear todos os arquivos (doc) da seguinte forma: Valkyrie+nome do autor; d-O texto deve constar o seu nome; e-O autor recebe certificado de participação na IX Antologia; f-Os Membros Cultive recebem um volume extra pela sua inscrição: g-Cada autor ocupa duas páginas no livro em língua portuguesa e biografia de 5 linhas;

10-CONTA PARA DEPÓSITO: Residentes em OUTROS PAÍSES

9-DO ENVIO DOS LIVROS a-Previsão para impressão - fevereiro/2022. b-Autores receberão seus volumes pelo correio c-A Cultive fará o envio 1 mês após o lançamento; o valor da remessa pelo correio é por conta do autor; d- A Cultive não se responsabiliza pelo não recebimento da encomenda, caso o autor não aceite a encomenda ou não esteja presente em casa para receber o pacote; e-Uma vez a encomenda enviada, a Cultive não se responsabiliza pela entrega, nem pela prestação de serviço de má qualidade do correio, que porventura venha ocorrer; Se o correio não entrega encomendas no endereço dado, o autor é quem terá́ que providenciar a retirada das obras no correio; f-A Cultive se compromete a reenviar as nossas custas, se e somente se, nos cometermos erros equivocados de endereçamento; Não nos responsabilizamos por mercadoria deteriorada; g-O autor escolhe a forma de envio: envio com segu-

Favorecido: Valquiria Guillemin conta:17-703134-1 Iban:CH60 0900 0000 1770 3134 1 bic: POPFICHBE BANCO: POST FINANCE SA ENDEREÇO DO BANCO: MIGERSTRASSE 20, - 3030 BERN – Suísse Brasil Banco Nubank banco 260-Nu pagamentos S.A Valquiria Imperiano Guedes agencia: 0001 conta: 59471505-0. cpf- 072816253-91 Pix: 072816253-91 Para se inscrever entre no link: https://forms.gle/ A3BkipgLJUyayZcv6 EMAIL: edicaocultive@gmail.com com cópia para: nutrieluseluciana@gmail.com

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de nudez dos fatos, enquanto o medo nos assola. Tudo produzido por um vírus do tamanho de um milésimo da espessura de um fio de cabelo. Serão estes estertores nosso castigo? Porque sofrem os mais idosos e os mais pobres e vulneráveis? Porque temos lidado tão mal com a vida na Terra? Como falar em isolamento com famílias que se amontoam em habitações inadequadas? Questões urgentes que precisam ser respondidas, enquanto corremos para manter mais um ser humano vivo em algum lugar do mundo.

UM SIMPLES VÍRUS MUDOU NOSSAS VIDAS,

Penso no amanhã. Conseguiremos mudar nossa relação com o planeta e assim mudarmos a nós mesmos? Conseguiremos aprender com os exemplos vivenciados e buscarmos uma sociedade mais cooperativa e solidária, onde o fetiche da mercadoria seja desvendado? Será que conseguiremos sair da caverna e desvendar seus mitos, enxergarmos a verdade e não as sombras? Aprendermos com a luz e não nos voltarmos para as trevas?

As mudanças virão, queiramos ou não. Percorrerei aqui quatro grandes eixos onde nossas vidas serão profundamente afetadas. O espaço da casa, o espaço do ensino e o espaço do comércio. Não pretendo esgotar com minhas A humanidade tem se encontrado com pandemias observações toda a grandeza e enormidade dos câmbios ao longo de sua história. Pestes de todas as coloraque estão acontecendo em todas as nossas vidas, trata-se ções, gripes espanholas que nem nasceram na Espanha de uma escolha pessoal e muito mais haveria do que fae agora, a covid-19. O famoso e difundido, o mortal colar. ronavírus. E AGORA? Paulo Bretas.

Em meio ao silêncio das ruas e das multidões em isolamento, em meio à quietude do coletivo, cala-se o comércio, fecham-se as escolas, cessam-se os abraços, paralisam-se as festas e os esportes. Torcer agora é torcer pela vida. Torcer pelos profissionais de saúde. Rezar pelos mais fracos e vulneráveis. O destino deu mais uma volta. Enquanto vidas são ceifadas, numa jornada de intenso sofrimento e dor, a natureza parece recobrar suas forças, as mesmas forças que a humanidade lhe tirou pela poluição, aquecimento, lixo e sujeira. Para César o que é de César...

Iniciemos pela Casa. O espaço da casa se multiplica em suas funções. Seja pequeno ou grande o lar será outro. Ele não mais será o recanto da volta do trabalho, do encontro familiar ampliado ou do repouso que nos energiza. A casa virou escritório, espaço do trabalho, em meio à multiplicação da filosofia “home-office” com todas as suas determinações e necessidades tecnológicas. Cada um de nós é agora uma empresa. E precisa de computador, rede, impressora, câmera e toda uma profusão de implementos. Porque trabalhar é preciso. Cada um de nós é uma empresa.

Vejam que interessante a origem da palavra empresa, seOs frutos da irresponsabilidade dos governantes e podegundo o site etimologia.com.br rosos, o veneno de uma sociedade que desenvolveu desigualdades e concentrou renda e multiplicou misérias, ”Está registrada no italiano impresa como o verbo ima economia onde o dinheiro gira em busca de mais um prendere, e sobre a qual é possível uma desconstrução porto de juros altos, vem sendo colocado a prova. que identifica o prefixo do latim in-, que indica algo interior, com raiz indo-europeia em en-, interpretada como Nossa relação absurda com o próximo e com as coisas "en"; em seguida se observa o verbo prehendere, que se vivas vai sendo revelada, toda cegueira vai sendo substirefere à ideia de pegar ou agarrar alguma coisa (obsertuída por um novo olhar. A verdade, antes escondida em va-se a palavra prender localizada no latim vulgar como falsas aparências, vai sendo servida em doses aceleradas 58

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prendĕre) e a partir da qual se revela o prefixo pre- na forma do latim prae-, que indica algo prévio, e hendere, repetindo sobre a ação de pegar, com raiz no indo-europeu *ghed-, explicitamente como agarrar. Consequentemente, a partir de sua origem semântica, entendemos que empresa significa apegar-se a algo com o propósito de desenvolvê-lo”. Vamos todos agarrar-nos a nossas vidas, constituir novo apegos (pre-endere), dentro de casa (in) para desenvolver algo novo e necessário. Para sobrevivermos e apegarmos ainda mais à vida, nosso bem maior. Grande parte da produção de riquezas será feita em casa, enquanto novas formas de distribuição de bens e serviços serão testadas, cada vez mais robotizadas e isentas dos seres humanos. Com muita inteligência artificial (IA) e robótica embarcada. Um mundo de ecossistemas de negócios e plataformas digitais. Novas orações em novas catedrais. Em nossas casas nós estudaremos, trabalharemos, comeremos e se possível nos amaremos, vivendo uma nova etapa da vida. Para tanto, nós precisaremos alterar nossos espaços, alterar nossos móveis, buscar novas facilidades e desenvolver uma enorme capacidade de poupança e de redução do consumo (adotar um consumo mais consciente).

melhorias na renda das famílias, que lhes permitam acesso a equipamentos e métodos inovadores. A internet terá que ser oferecida para todos e todas, como um bem público. De outra maneira haverá mais exclusão social do que antes. O Estado terá que redefinir seu papel em muitas situações. Queriam os anarquistas liberais ou não. As escolas mudarão suas práticas migrando rapidamente para o ensino à distância baseando-se em métodos pedagógicos inovadores, salas de aula invertidas, que ganharão espaço na vida do aprendiz. Os professores serão modificados, terão que aprender a produzir vídeos e participar das “lives”. E quando houver momentos presenciais serão em salas de aula com muitos poucos alunos, mantidos os cuidados de higiene, limpeza e afastamento. Haja água, sabão e álcool gel! Falemos agora do terceiro eixo, o espaço do comércio. Este será dominado pelo mundo “on line”, um mundo de lojas virtuais, de grandes e poucas plataformas de negócios, de fidelização de consumidores, entregas rápidas e apegos afetivos dominados pelo marketing digital. As lojas terão grandes estruturas que produzirão suas vendas e entregas. Algumas precisarão dispensar estruturas físicas, cortando custos para sobreviver.

Será preciso contratar internet de alta velocidade, aprender a nos comunicar nas telas dos computadores de alta resolução, num mundo cada vez mais segregado e para poucos. Num mundo de transporte de informações e dados e menos movimentação de pessoas e de coisas. O estar em casa irá requerer roupas e calçados confortáveis. Requer um reposicionamento do formal e do informal. Requer encontrar as janelas certas para ver o mundo e tomar sol.

Nossas vidas serão devassadas. Seremos monitorados intensamente e a privacidade estará ameaçada. Nossos perfis tendem a ser disputados por agentes de trocas. Muitos absurdos podem vir a ser defendidos em nome da segurança, em nome da manutenção dos distanciamentos e do controle do crescimento da pandemia. Sistemas de reconhecimento facial se juntarão ao big data, que analisará continuamente nosso comportamento. O que restará da democracia e das liberdades individuais? Estamos isolados, estamos sozinhos, estamos carentes e Tomemos agora, como exemplo, a Educação em Casa. os negócios saberão explorar este lado de nossos sentiTodos nós estamos vivenciando neste momento de isola- mentos e desejos. A loja física não desaparecerá, mas o mento social extremo, enquanto não houver uma vacina empreendedor terá que se acostumar com menos consueficaz, a impossibilidade de irmos às escolas. As crianças midores, limitação de público, funcionários higienizados estão sendo obrigadas a ficarem em casa, até que pro- e mascarados, tudo demonstrando limpeza, pois é isto tocolos de relaxamento sejam testados. Agora é a escola que o “novo consumidor” espera. Todos querem se sentir que vem até nós. seguros no mundo das trocas. Este será o “Novo Normal”. Não podendo nos aglomerar como antes, nossas casas serão o espaço do ensino, enquanto nos isolamos em pe- Concluo que não foi a primeira e nem será a última panquenos grupos familiares. Adultos e crianças precisarão demia da história da humanidade. Como toda pandemia reaprender a aprender; pais terão que complementar as que nos abate, trará mudanças em nossas vidas e abaterá tarefas de professores. Terão condições? E os centros de muitas vidas. O mais importante é sabermos aproveitar ensino reaprenderão a ensinar. Mas, tudo isto requer todos os avanços tecnológicos que conseguimos atingir e Revue Cultive - Genève

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mudar o homem, melhorar a sociedade. Mudar cada um de nós, nosso ser interior e mudar nossas relações com a Mãe Natureza e com os demais seres humanos. Ficar atentos às tentativas de se apropriarem de nossas liberdades enquanto somos colocados em isolamento. Lembrarmos sempre de olharmos para a realidade e não ter medo da verdade. Precisamos estar menos aglomerados, mas não temos que ampliar nossa alienação. Precisamos de estruturas governamentais capazes de reduzir desigualdades e ampliar oportunidades. Porque um mundo

O poeta se mostra atento com o passar do tempo e com a presença do que nos envolve e tudo o que marca nossas vidas, seja uma brisa, um aroma, um filete de água ou uma cor. Nada é permanente, certo mesmo é a mudança, que em muitos momentos nos surpreende. Paulo Bretas apresenta em seu livro uma sintonia perfeita entre o coração e a razão que juntos explodem em valiosas reflexões poéticas. Enquanto os haicais tradicionais japoneses têm um forte vínculo com a natureza e o mundo rural, com as estações do ano e suas variações, Paulo Bretas, sem romper com a presença da natureza em nossas vidas, conta micro-histórias. Tais narrativas curtas e inspiradoras, podem ser situadas no campo ou na cidade. Trata-se de vivências que nos integram por cheiros, gostos e ruídos, obedecendo com o máximo rigor os versos em 5-7-5 sílabas, nos surpreendendo e levando a pensar sobre as profundezas de pequenos segredos e gestos do íntimo de cada um. A expressão artística em que Bretas traduz a amplitude do universo representada por simples palavras torna imensamente poderosa o seu contexto emocional. Suas frases poéticas agem como uma seta que alcança o alvo dos mais puros sentimentos em que a razão ainda não os desvendou.

Meditações: Uma brisa soprou e mudou minha vida O livro “Meditações” do escritor e poeta mineiro Paulo Bretas é o seu terceiro livro de poesias estilo haicai e chama a atenção pela sua simplicidade, beleza estética e o forte poder das palavras. O autor PAULO BRETAS desenvolve o método Haïku, com muita inspiração em seus breves e profundos poemas; o autor traduzir com maestria a força das palavras descritas através da essência simples e rica de significados.

Seus versos rápidos e envolventes são poderosos na integração com nosso inconsciente. Cada palavra é força viva selecionada que conduz os leitores a seu interior, aos seus sentimentos mais íntimos. Reflexões a martelar em nossas mentes, a cada nova leitura. Meditações que nos envolvem e nós despertam. A capacidade de ver um arco íris num bolha d’água ou do sentir a brisa “como a descoberta da felicidade”, o auge da euforia de carnaval “ao ponto de virar purpurina”, como seria possível “viver intensamente o presente sem futuro”? São figuras de linguagem que colocam em paralelo o sentido do “esgôto com o desgosto em céu aberto”. A expressão da música vinda das flôres me faz refletir o perfume de uma inspiradora canção que transpira o ar sonoro trazendo a sensação do aroma dos campos?

O «mundo mudou num bater de asas». É assim que nos Bretas segue escrevendo de maneira poética sobre os sentimos ao ler cada frase poética em «Meditações» do problemas sociais que, com seu olhar atento, captura, ao Paulo Bretas. percorrer cidades, suas ruas e espaços, seu verde e seu Cada haicai escrito traz consigo uma história, cada um cinza, enquanto observa as pessoas. deles teve um começo e terá uma continuidade, cabendo 60

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ao leitor deixar-se guiar para descobrir quais são eles. Cada poema é uma luz que nos leva a sentir sem pensar, para depois pensar na caminhada, nos outros seres vivos, no lugar do presente e em qualquer lugar de um futuro, que pertence a cada um de nós. Bretas acredita no poder da poesia para ajudar a transformar o mundo e as pessoas. Importante para nos reconhecermos em cada verso, nos assustarmos com o que não era visto e também mudarmos a nós mesmos. O ser humano é levado a pensar no poder das pequenas coisas e na força dos momentos que acontecem nas nossas vidas, a partir dos quais tudo muda. Mudanças que vem de dentro, momentos de iluminação e conexão com nossas emoções que as palavras e rimas provocam. A capacidade de ver um arco íris num bolha d’água ou do sentir a brisa “como a descoberta da felicidade”, o auge da euforia de carnaval “ao ponto de virar purpurina”, como seria possível “viver intensamente o presente sem futuro”? São figuras de linguagem que colocam em paralelo o sentido do “esgôto com o desgosto em céu aberto”. A expressão da música vinda das flôres me faz refletir o perfume de uma inspiradora canção que transpira o ar sonoro trazendo a sensação do aroma dos campos? O «mundo mudou num bater de asas». É assim que nos sentimos ao ler cada frase poética em «Meditações» do Paulo Bretas.

E-mail: congressofemme@gmail.com

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No meu país ainda podemos dar uma saidinha. Yo voy a bailar un tango con mi chico e beber uma copa de vino. A japonesa, discreta, com seu quimono de barras douradas, um coque elevado na nuca e um turbante enrolado na testa, segurava a filha, toda enroladinha, e nada dizia. Cerrava os olhinhos, já miúdos, para não ver tanta desgraça. Entra em cena a esbelta vienense, com sua blusa branca de mangas bufantes, saia verde florida e plissada. Também usa um avental de veludo vermelho e um adorno na cabeça que mais parecia uma coroa. Vou colocar um disco de Strauss. E saiu rodopiando no salão.

MINHAS BONECAS TRISTES Norma Brito Dias angustiantes. Efeitos nefastos da pandemia. Grupo de risco. Como numa verdadeira cruzada, luto contra meus inimigos: a tristeza e a solidão. Minhas armas são tarefas como cozinhar, arrumar, assistir a bons filmes, ler e escrever. Também ando pela casa para lá e para cá, e depois vou à cozinha. Para adoçar a solidão, faço bolos e doces.

No meio da conversa, outra boneca alemã, com suas loiras tranças dependuradas no ombro, insinuou-se. Trajando blusa branca, colete preto bordado, avental de renda branca e saia verde com flores. Não aguento mais! Eu vou é tomar uma fassbier, pois ninguém é de ferro! Pegou a caneca gigante e saiu como entrou.

A bonequinha grega se apresenta. De lenço vermelho florido, amarrado na cabeça e que dava voltas no pescoço até cobrir o nariz. Mais parecia turca. Se não fosse pelas cores... A saia era de um tecido brocado em listras azul e vermelho, com listras mais finas amarelas, cinta branca e blusa florida. Segurava um novelo de lã, pendurado no braço esquerdo e, nas mãos, a lã cruzada e esticada. Vou preparar o fio para tecer meus sonhos. Enquanto o iniNo quarto, olho para a imagem de Cristo acima da camigo não se aproxima de nós. beceira da cama, e pergunto ao Pai: o que faço hoje? Quase no mesmo instante, avisto minhas lindas bonecas Finalmente, como se também buscassem o refúgio do lar, estrangeiras, escondidinhas no nicho, parecendo assusvoltaram, uma a uma, ao seu cantinho no nicho. Tentem tadas, a pedir socorro. Como sou especialista na arte de dormir. Quem sabe vocês acordem num mundo real e bavarder, de jogar conversa fora, resolvi bater um papo mais humano? com elas. Meninas, não temam; tudo isso vai passar. É só ficarem paradinhas, e esperar o melhor. Então a francesinha falou: o que faço com meu lindo chapéu e as roupas de flâner au soleil aux Champs Elysées? Mon bijou, tira tuas vestes. Esses babados duplos, as rendas, o chapéu com a peninha, isso tudo incomoda. Prende teus cachos, põe um deshabillé, bebe um Bordeaux e tenta dormir. Logo em seguida, chegou o casal alemão com toda empáfia, e ele falou: não vou permitir que minha mulher dispa-se. Nem vou tirar minha casaca de botões dourados. Sou de uma estirpe que nada teme. Daí saiu todo prosa. A graciosa muñeca argentina, de boca carnuda, longos cílios, cabelos negros presos com flores, entrou em cena. 62

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Palavras Jogadas ao Léu.

flexão intimista, certamente nunca havia imaginado um fim tão trágico. Nem para Macabeia ela traçou tal destiGrupo de leitura. Escritoras reúnem-se mensalmente no! para analisar um livro. Em ambiente acolhedor, na residência de uma das integrantes do grupo, comenta-se Do fundo da caçamba, gemidos abafados são ouvidos. o livro, os personagens, o estilo do autor e sua provável Rapidamente, uma de nós apiedou-se e meteu a mão na intenção. Também se fala do tema, a época em que a obra caçamba. Era Vitor Hugo, reclamando que os miseráveis foi escrita, se a vida do autor interfere na trama, o contex- não eram os que ele descreveu, e sim, tipos como o malto histórico-social, e outras considerações pertinentes. vado do homem que o meteu naquela enrascada. Miséria da alma. Ao lado de Victor, estava Gilbran, de asas parTambém somos ávidas leitoras. O livro palpável, a textu- tidas, mas com os olhos cheios de gratidão. ‘”Agora sei ra do papel, as letras que saltam da folha e se escondem que existe algo mais alto que o céu, e mais profundo que nas pupilas dos nossos olhos curiosos, o significado nas o oceano; agora sei o que antes não sabia”. Referia-se ao entrelinhas. Tudo nos fascina. Por isso, preferimos o li- Amor, o mesmo que vira na face da sua salvadora. vro físico ao ebook. De repente, algo se mexeu. Era Kambili. Agarrava ao peiAo sairmos, avistamos uma caçamba na calçada com to o retrato do avô Papa- Nukwu, achando que o metal, vários livros em meio a caixas de papelão, cimento, que lhe caía nas feridas expostas, era da fivela do cinto do concreto e ferros. Jogados ao léu, na penumbra da noite. Papa. Também tinha um hibisco roxo nas mãos. Indignadas com o destino de preciosos exemplares, de grandes escritores da humanidade, nos aproximamos Um raio fulgiu e nós, temerosas de chuva, apressamos para resgatar aqueles que nos interessavam. a partida. Não sem antes lamentarmos a insensibilidade de quem jogou no lixo livros tão preciosos, que podeDevido às nossas mentes férteis, pensamos ouvir um riam ter sido doados a alguma escola ou biblioteca. Sorte grito de socorro. Vimos então uma Clarice sufocada por nossa! pedaços de concreto. Ela, que vivia encerrada numa in-

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CONVIDAO ESPECIAL NO CCICF

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“Tudo que já fomos no passado, o que somos hoje e o que seremos no futuro tem a ver com as nossas raízes africanas e a forma como nos relacionamos com elas. Fomos a maior sociedade escravista do Hemisfério Ocidental por mais de trezentos anos. Quarenta por cento de todos os doze milhões de cativos africanos trazidos para as Américas tiveram como destino o Brasil. Portanto, sem estudar a escravidão seria impossível entender o que somos hoje e também o que pretendemos ser no futuro” - Laurentino Gomes

Laurentino Gomes autor de «Es-

cravidão» é convidado especial no Congrès Cultive International Culturel De La Femme que acontecerá dia 26 de novembro às 16h no Canal Cultive via Youtube. Laurentino irá proferir uma palestra sobre o tema: «O papel da mulher no Brasil, o maior território escravista da América». Sobre o autor Laurentino Gomes é paranaense de Maringá e sete vezes ganhador do Prêmio Jabuti de Literatura, Laurentino Gomes é autor dos livros 1808, sobre a fuga da corte portuguesa de dom João para o Rio de Janeiro (eleito Melhor Ensaio de 2008 pela Academia Brasileira de Letras); 1822, sobre a Independência do Brasil; e 1889, sobre a Proclamação da República, além de O caminho do peregrino, em coautoria com Osmar Luduvico da Silva – todos publicados pela Globo Livros. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, com pós-graduação em Administração pela Universidade de São Paulo, é titular da cadeira de número dezoito da Academia Paranaense de Letras. Sua última publicação, o segundo volume da trilogia de Laurentino Gomes dedicada à história da escravidão no Brasil, chega às livrarias e lojas virtuais. Escravidão,Se64

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quência do primeiro livro apresentado na Bienal do Rio de Janeiro de 2019, é uma obra editada pela Globo Livros. Escravidão - Da corrida do ouro em Minas Gerais até a chegada da corte de Dom João ao Brasil concentra-se no século XVIII, auge do tráfico negreiro no Atlântico, motivado pela descoberta das minas de ouro e diamantes em território brasileiro e pela disseminação, em outras regiões da América, do cultivo de cana-de-açúcar, arroz, tabaco, algodão e outras lavouras e atividades de uso intensivo de mão-de-obra africana escravizada. É também um período marcado por importantes rupturas e transformações ocorridas no universo dos brancos, como a independência dos Estados Unidos, a Conjuração Mineira, a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e o nascimento do abolicionismo na Inglaterra.


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no século XIX, afirmou que os sujeitos se tornaram tipos particulares de atores no teatro da vida urbana, criando assim novas sociabilidades inventadas. E foram, justamente, as percepções do fenômeno urbano que modificaram o modus vivendi das populações, os costumes e os modos de se portar na cidade, a partir da indústria do entretenimento, da frequência aos cafés, teatros, cafés-concertos etc.

Luciana Nascimento: Bolsis-

ta de produtividade em pesquisa do CNPQ com o Projeto “Cartografias Urbanas: Centros, margens e avessos”. Professora de Cultura Literária da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Troféu Evita Perón - Embaixadora da Paz - Núcleo de Letras e Artes de Buenos Aires. Coordenadora Voluntária de Cursos de Capacitação em EaD para Moçambique. Prêmio 2020 Diamonds of Arts. http://lattes.cnpq.br/2584650402012722

Cidades: Fetiches e Vitrines por Luciana Nascimento O teórico Carl Schorske, em seu texto A ideia de cidade no pensamento europeu: de Voltaire a Spengler, compreende a cidade em três dimensões: “Creio que se podem discernir três avaliações amplas da cidade nos últimos duzentos anos: A cidade como virtude, a cidade como vício e a cidade para além do bem e do mal” (SCHORSKE, 2000, p. 53). Ou seja, a cidade gerada pela modernidade no século XIX, principalmente, concretizou o modo capitalista de produção com suas dissonâncias e conflitos. O desenho urbano passou a acompanhar o desenvolvimento do mercado e a consolidação do capitalismo, fazendo com que a cidade ganhasse formas e traçados que a distinguiam dos demais modos de aglomeração precedentes. Richard Sennet em seu texto O tumulto da vida pública 66

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Todas essas experiências foram vividas tanto pelos cidadãos comuns como também pelos políticos, médicos e literatos. E foi o discurso dos literatos que certamente inaugurou, por assim dizer, “o chão das cidades”, (PECHMAN, 2007, p. 32), tendo expressado em larga medida os conflitos e as vivências dos sujeitos e a forma como estes se relacionaram dentro desse espaço. Assim, o discurso literário sobre o urbano criou uma outra cidade distinta daquela que se instaurou dentro do discurso da ordem do urbanismo. Toda a modernidade urbana teve sua matriz na “Paris, Capital do século XIX”, como bem afirmou o filósofo alemão Walter Benjamin, pois a cidade se projetou como berço das ideias iluministas e modernas, além de ter consolidado a imagem de uma “cidade mito”. De acordo com Roger Callois, o “mito de Paris” foi uma imagem criada por volta de 1840 como uma urbe concebida “com caráter tipicamente mítico relacionado às mudanças do mundo exterior, sobretudo, no cenário urbano” (CALLOIS, 1972, p.126). Ao serem representadas no discurso literário, as cidades assumem uma fantasmagoria peculiar e Paris tornou-se a matriz urbana para todo o mundo ocidental do século XIX, tendo sido representada na poesia de Charles Baudelaire, o grande poeta da modernidade. O poeta francês tematizou a cidade em seus versos em plena reforma urbana empreendida pelo então Prefeito Barão de Haussman. O poeta vê a Paris sob o impacto das mudanças, não sem uma dose de nostalgia: Fecundou-me de súbito a fértil memória, Quando eu cruzava a passo o novo Carrossel. Foi-se a velha Paris (de uma cidade a história Depressa muda mais que um coração infiel) Só na lembrança vejo esse campo de tendas, Capitéis e cornijas de esboço indeciso, A relva, os pedregulhos com musgo nas fendas, E a miuçalha a brilhar nos ladrilhos do piso.


(...) Paris muda! mas nada em minha nostalgia Mudou! novos palácios, andaimes, lajedos, Velhos subúrbios, tudo em mim é alegoria, E essas lembranças pesam mais do que os rochedos. (BAUDELAIRE, 1995, p. 172-173). É na cidade da ordem urbana que o sujeito poético rememora um passado que o novo desenho urbano apagou criando uma “memória dos lugares” (NORA, 1993) que já não existem mais. Entre a cidade da ordem do urbanismo e a cidade vivida pelos seus habitantes, temos o discurso literário como mediador a nos mostrar os muitos apagamentos e avessos da/na cidade. No campo dos modus vivendi e do processo civilizador (ELIAS, 1994), as cidades trouxeram inovações a ponto de se tornarem vitrines para exibição das pessoas em seus bulevares, como também vitrines para exibição da mercadoria enquanto “fetiche da burguesia”, o que veio instaurar distintos modos de ver e de ser visto. Hoje, as cidades ainda exercem algum fascínio sobre os visitantes, como por exemplo, Paris, Lisboa, Madrid, Buenos Aires, Rio de Janeiro, dentre outras. Ainda são urbes visitadas e fotografadas e figuram como cidades literárias por atraírem também o turismo cultural. Na nossa contemporaneidade o cidadão na sua azáfama cruza a cidade e já não exerce a sua flanêrie nas ruas e avenidas, nem mesmo repara nas fachadas ou nos lugares que já desapareceram para dar espaço a outras funções urbanas. De qualquer maneira, é preciso lembrar o que Italo Calvino nos diz em sua obra As Cidades Invisíveis, sobre o passado da cidade, pois este se encontra escrito “nas linhas da mão, nos ângulos das ruas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos para-raios, nos

mastros das bandeiras e em cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras” (CALVINO, 1993, p.27). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAUDELAIRE, Charles. O cisne. IN:_____. Poesia e Prosa. Obra completa. Trad. Ivo Barroso et. al. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1995. BENJAMIN, Walter. Paris, Capital do século XIX. IN:_____. Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo. Obras Escolhidas III. Trad. José Carlos Martins Barbosa e Hemerson Alves Baptista. São Paulo: Brasiliense, 1989 CALLOIS, Roger. O Mito e o Homem. Trad. José Calixto dos Santos. Lisboa: Edições 70, 1972. CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. Trad. Diogo Mainardi. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador: Uma História dos Costumes. Volume 1. Trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994. NORA, Pierre. Entre memória e história: A problemática dos lugares. Trad. Yara Aun Khoury. IN: Projeto História. Revista do Programa de Estudos pós-graduados em História. Volume 10, 1993, p.7-28. Disponível em: https://revistaspusp.br/index.php/revph/article/download/12101/8763. Acesso em:10/08/2020 PECHMAN, Robert Moses. Desconstruindo a cidade: Cenários para a nova literatura urbana. IN: Revista Rio de Janeiro, n. 20-21, jan-dez, 2007, p. 31 a 40 SENNET, Richard. O tumulto da vida pública no século XIX. IN:_____ O declínio do homem público. As tiranias da intimidade. Trad. Lygia Araújo Watanabe. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 163-173. SCHORSKE, Carl. E. A ideia de cidade no pensamento europeu: de Voltaire a Spengler. IN:_____ Pensando com a história: indagações na passagem para o modernismo. Trad. Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

Veja as obras de Luciana Nascimento no catálogo de obras no final da revista

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AUGUSTO SARVAM Ator profissional. PSICANIALISTA pelo Centro de Formação de Psicanálise Clínica do Brasil W.C.C.A E PEDAGOGO pela UNIP- Universidade Paulista. Desenvolve palestras sobre temas psicanalíticos propondo a valorização do indivíduo frente ao coletivo, ilustradas om cenas sob sua direção como: “NIETZSCHE, ODESCAMINHODOTEMPO” e “FREUD – A RELIGIAO E O MAL ESTAR DA CULTURA”. Arte-Educador, Diretor teatral, dramaturgo, é autor de mais de 20 textos teatrais adulto e infantil, com várias premiações em festivais. Criador e produtor; dos Projetos: “PERSONA AMIGA’ e “PENSANDO, ENTRE PALAVRAS E AMIGOS’” que realiza em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico de SÃO Vicente, Clube Soroptimista e Academia Vicentina de Letras, Artes e Ofícios e Elos Clube Internacional Comunidade Lusíada. Em sua 24ª, edição, em versão virtual propôs em homenagem à Camões o tema “A LINGUA É A PATRIA DA GENTE” com veiculação de 80 vídeos de escritores e poetas nacionais e internacionais, de 10 de julho a 23 de agosto/2020. Criador, produtor, diretor e apresentador, em parceria com Maria Luiza de Paiva Diniz, do programa infantil “O Baú da Vovó Lulu e o Palhaço Plim-Plim, primeiro programa de dramaturgia da Baixada Santista e do Programa TV-ART, veiculados pela TV Primeira de São Vicente, de 2007 a 1012. Criador, produtor, diretor e ator, em parceria com Maria Luiza e com o humorista Roberto Marquis, do programa humorístico “ESSA É BOA”, valorizando atores da Região, veiculado pelas TV-Primeira de São Vicente, TV- VIVIAX e TV Unisantos.

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A Moça Que Veste SOL. Autor Augusto Sarvam.

ficar, meninas moças travessas, ponte do rio a passar... de longe meninos moços as meninas, admirar.

Chuva fina,de fina estampa, consiste permanecer no amarelo do Sol, vestido de moça queimada, pelo ar quente de um dia de verão. Suave canção de tarde festeira, moças da fazenda em campo do Sertão.

Canções do coração a despertar, vozes de meninos: - Corram, elas vão passar! Como pássaros cantantes, chapéu do bom moço elas vão levar.

Olhar perdido para céu, em caminhada de bicicleta, amigas fugidas fumam cigarro, do pai, na escondida. Suave brisa no campo denuncia odor destoante do clima. Mão no delicado nariz anuncia o cheiro da façanha, arte de menina! Corrida para bicicleta, a última com o cheiro

Carmem denuncia: - Luiza viu que você fez?

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Com sorriso maroto Luiza desfila com chapéu do bom moço a brilhar.


Meninos moços não perdoam e ao coitado só resta cho- O tempo vai passando e o galo cantando, alerta Luiza: rar. – Corram meninas meu pai já esta levantando. Chapéu perdido e à testa a luz sol acusar. Moças rápidas se atiram para dentro sem pensar, todas - Onde moça solar deve se abrigar? na cama voltam a repousar, com ar de faceiras de a noite Quem sabe o chapéu eu recuperar... assim lamenta o aprontar. pobre moço a se consolar. ------------------------------------------------------------Luzes do casarão o quarto a clarear, moças manhosas resistem ao chamado das primeiras horas para levantar. Capitulo 1 Sabina alerta- Seu Joaquim está chamando para no curral o leite tomar. Pássaros Moças a Bicicletar. Na Fazenda que leva o nome Luiza. Sem resposta a empregada ao quarto adentra, mexendo com as moças, que a todas o sono está a embalar. Como No terreiro da fazenda um bando de pássaros moças a dormem estas meninas, cedo foram deitar. pousar. Todas faceiras com o troféu a desfilar, Luiza se adianta e se coloca a falar: Luiza sempre atenta é a primeira a se manifestar; -Atentas meninas, amanhã no baile aquele a quem o - Não está muito cedo? chapéu faltar, me avisem. Que surpresa ele terá! Sabina retruca: De longe a cozinheira Sabina sorri e coloca-se a refletir: - Nem cedo, nem tarde. É Hora de levantar. - Estas meninas algo querem aprontar, mas como a casa Ao tirar o lençol, Luiza de roupa ainda está! eu tenho de arrumar, para dentro minha atenção vou le- .- Moça Luiza, de roupa, veio a deitar? var. Luiza replica: Noite daquele dia não demora a chegar. - Pronta para o dia eu quero estar. De planos arrumados as meninas se colocam a deitar. Noite adentro muita folia vão aprontar. Sabina rebate: - Nem o sapato você quis tirar? Manhã sonolenta, moças ao curral, vão a caminhar. O Pai garboso de Luiza no quarto passa para verificar e sem leite das despertas vacas, com café tomar. barulho ouvir se retira para repouso consolidar. Pai Joaquim todo orgulhoso as meninas à saudar: Silencio no casarão denuncia que o momento esta para - Olhem que manhã linda” Já já o sol vai a pontar. chegar. Luiza sempre animada sorriso maroto sempre alertar as Luiza cutuca menina que outra sai a cutucar e de cutuco amigas com cara de sono: em cutuco todas as meninas despertas, botam-se de pé. - Cuidado para não entregar a noite animada de baixo do Lua ensolarada da noite sem nuvens, e estrelas a brilhar. céu enluarado de estrelas a brilhar. Pela porta do casarão moças travessas desfilam e no terreiro da fazenda logo vão estar. Contando histórias, preparam-se para baile do dia seguinte. Moças de lampião a mostra, passos firmes para não des- Promessa de moços bonitos, por ali despontar. pertar a quem devido sono leve repousar. Luiza com uma garrafa de Martini logo distribui a todas de copos na mão. Começa o ritual, noite adentro, cantar de coruja anima a prosa, a conversa vai longe animada pelo luar do sertão. Risadas contidas, despertam animais noturnos sem entender o que ali se passa com aquele grupo de moças. Revue Cultive - Genève

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cais, seu local de trabalho como advogado. É onde vamos encontrá-lo, nesse lugar longe e em tudo diferente da sua esplendorosa Paris. Sedutor como o Lúcifer bíblico, Clamence tem muito para contar de suas conquistas e derrotas. Ainda como Lúcifer, foi dotado de espírito superior, e, em dado momento, teria expressado a sua desobediência ao sistema dizendo “não servirei”. Aí está a questão moral de A queda. Camus cria sua personagem, que cresce em espiral, ascende em sua profissão sobre o sistema judiciário francês de forma brilhante, elevando a sua vaidade ao narcisismo extremo. Para depois destroná-la, deixá-la cair. Clamence tornou-se arrogante, dissimulado, aproveitador, orgulhoso de suas capacidades – quase um super-homem. Ultrapassou a linha vermelha da decência, defendeu o indefensável, travou batalhas nos tribunais, ganhou fama, dinheiro e respeito no meio jurídico. Comprou o amor das mulheres, que ele desprezava com sua concupiscência, teve uma vida invejável em que a roleta do destino só parava no seu número, como um jogador afortunado. Debochou de tudo e de todos com o escárnio digno de um Brás Cubas de Machado de Assis. Riu dos homens e da vida. E, como Lúcifer, mentiu a todos com sua palavra sedutora. Mas, como Isaías, poderíamos perguntar-lhe: “Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvoraUM ANJO CAÍDO EM da! Como foi atirado à terra, você que derrubava as naAMsTERDÃ ções?” Como esse “portador de luz”, Clamence, foi parar cais do porto, lugar de estroinas, de gente pobre e de no eternos passageiros e viajantes, a começar pelo dono do por VERA LÚCIA DE OLIVEIRA bar a quem ele chama de “gorila”? Foi por isso mesmo: para reencontrar a sua alma perdida entre os desposImpossível uma boa história se passar em Amsterdã sem suídos de riquezas materiais, os escroques, os trapaceias pontes, os canais, as mulheres por detrás das vitrines. ros, e também os puros e inocentes. Para São Jerônimo, o Love for sale. E sem os quadros de Rembrandt, Van Eyck, nome Lúcifer – em hebraico helel – deriva de “lamentar”, Vermeer ou Van Gogh. Pois é nessa cidade que vamos pois ele lamenta a sua queda e a perda do seu brilho; acompanhar o francês Jean-Baptiste Clamence narrando e “Clamence” vem do francês clamer, cujo significaa sua vida inacreditável a um interlocutor, compatriota do é clamar, reivindicar algo. Além de lembrar o nome que acabara de conhecer num bar, enquanto passeia pe- próprio Clémence, também do francês, significando clelas ruas, confessando as suas mazelas. mência, misericórdia, piedade. E, esse João Batista às avessas batizou-se em água amarga, como disse. Na água Trata-se do romance A queda (1956), de Albert Camus, dos homens. clássico da literatura universal, cujo título nos faz pensar em Lúcifer, o anjo caído de que fala a Bíblia. A leitura nos Essa ideia da queda está presente desde as primeiras permite essas viagens e abstrações, sem desconsiderar, páginas do romance, quando Clamence apresenta Amsno entanto, que é obra de um autor que sofreu a incom- terdã ao recém-chegado: preensão de seus pares, sentiu-se fortemente injustiçado e denuncia a natureza humana, tão imperfeita. Mas eu me deixo levar, como no fórum! Desculpe. O hábito, meu caro senhor, a vocação, e também o desejo que Assim como Lúcifer foi jogado num abismo pantanoso, tenho de lhe fazer compreender bem esta cidade, o âmao francês Clamence foi viver na pantanosa Amsterdã, go das coisas! Porque nós estamos no Âmago das coisas! onde fazia do bar chamado “Mexico-City”, à beira do Já reparou que os canais concêntricos de Amsterdam se 70

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parecem com os círculos do inferno? O inferno burguês, naturalmente, povoado de maus sonhos. Quando se chega do exterior, à medida que se passa por estes círculos, a vida e, portanto, os seus crimes tornam-se mais espessos, mais obscuros. Aqui estamos no último círculo. O círculo dos... Ah!” Assim, temos os círculos do inferno, inferno que foi criado pela queda de Lúcifer. E os nove círculos do Inferno de Dante são também metáfora da trajetória de vida do narrador. Da alma batizada em água impura dos homens, no Limbo, passando pelos que sucumbiram à gula, atolados em tempestades constantes, sozinhos, como Clamence, que neste se enlameou com mentiras, e um dia, num restaurante fino em Paris, quando se fartava de lagostas, pediu que retirassem o mendigo que o importunava, lamentando não poder chicoteá-lo pela afronta, como um senhor russo. Chegou mesmo a começar uma Ode à Polícia e uma Apoteose à Guilhotina. Passou pelo quarto círculo, o dos pródigos; pelo quinto, o da ira; pelo sexto, em que estão os hereges, no qual brincou até de Papa quando da guerra em Trípoli, num campo de refugiados, por diversão. No sétimo, exerceu a sua violência contra o próximo, revelando o seu desejo de bater, de ser o mais forte; e foi também bruto com as mulheres. No oitavo, participou de simonia, entre ladrões e falsários, corruptos e lisonjeadores. Esteve aí no seu elemento; aí conviveu com um ladrão de quadros, fio importante da história. Seduziu mulheres, com quem gastou tempo e dinheiro, numa vida devassa, de lascívia: “(...) minha sensualidade, para falar só dela, era tão real que, mesmo por uma ventura de dez minutos, eu renegaria pai e mãe, mesmo se tivesse de lamentá-lo amargamente.” Lisonjeou, dissimulou, fez-se solidário, virtuoso, patriota. E, finalmente, edificante: “Aqueles mesmos que eu ajudava com mais frequência eram os mais desprezados. Com cortesia, com uma solidariedade cheia de emoção, cuspia todos os dias na cara de todos os cegos.” E, no nono e último, o da traição, no abismo gelado de Lúcifer, traiu as mulheres, os amigos: “(...) acho que não há entre os seres que amei um único que, afinal, eu não tenha traído também.” Nesse pequeno, impactante, e muito bem construído romance, temos nas primeiras páginas a marca vazia de um quadro retirado da parede, índice importante para a estrutura da narrativa, vazio que Lacan chamaria de “ lugar da falta”. O que esteve e não está mais no lugar devido. O que esse quadro faltante diz é muito esclare-

cedor, pois se revelará como a grande falta de Clamence. O que teve, o que perdeu. O lugar sem o objeto, um dos lugares do negativo, segundo o psicanalista francês. Pois é também atrelada a essa falta que, ainda segundo Lacan, está a ideia de desejo. Esse parece ser o ponto central da personagem e do livro: o vazio – que está entre a falta e o nada – tema complexo, não para o filósofo Camus. Mas quem é verdadeiramente Clamence? Clamence é um homem quarentão, um poço de vaidade, egoísta, loquaz como o Hamlet, aparentemente sem a culpa do Príncipe da Dinamarca. É também Don Juan, libertino, mito do conquistador de mulheres, insaciável, buscando o amor de todas, numa lista interminável, sempre incompleta e insatisfeita. O desejo sempre irrealizado, pois se trata de um amor narcísico: “eu-eueu”. Narciso, amava-se acima de tudo a ponto de desejar ser imortal, como o seu modelo. Mas ele tem também o outro lado, o de homem engajado, crítico das atrocidades do nazismo, da hipocrisia dos traficantes de escravos, da servidão humana. Desprezava os juízes e tribunais, onde brilhara e até tinha fama de generoso. Visava ao ponto mais alto cujo objetivo era “elevar-se acima da ambição vulgar e içar-se ao ponto culminante, onde a virtude só busca alimentar-se de si própria.” Gostava dos telhados e das vertigens – era homem das alturas – dada a superioridade que se atribuía. Amava o Etna e estava convencido de que os sermões (o Sermão da Montanha?), as pregações e os milagres ocorriam nas alturas e que sua profissão favorecia essa vocação, pois estava sempre acima do réu, e, em seu narcisismo, sentia-se acima até mesmo do juiz, sentindo-se um ‘deus ex-machina’ da tragédia grega, que descia do céu para elucidar graves questões. Pois é desse Éden que ele irá cair. Sem religião, “francês cartesiano”, adepto do álcool e de todo tipo de divertimentos e excessos, não tardou, porém, que, como aquele vazio do quadro retirado da parede do bar, sentisse um grande vazio na alma. E lembra-se de quando, um dia, na Pont des Arts, em Paris, ouviu uma gargalhada atrás de si, gargalhada misteriosa, vinda de lugar nenhum, que fez o seu coração disparar. Um sinal? Uma premonição? Onde foi parar esse riso? Como foi sua vida depois desse riso de escárnio? A partir daí, outros risos o acompanharam e o fizeram refletir sobre sua vida, que reconheceu dupla: “Vivi minha vida inteira sob um duplo signo (...)” Lembra-se de que logo após ouvir esse riso, viu uma jovem no parapeito da ponte e, pouco depois, ouviu o barulho da queda de um corpo no Sena. Nada fez. Mas o riso e o barulho dessa queda irão acompanhá-lo... Revue Cultive - Genève

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Assim, finalmente, um dia decidiu abandonar a companhia dos homens. O peso dos erros trouxe-lhe o desalento. Cansou-se dos excessos. Com a reputação arranhada, foi caindo no abismo de sua profissão. Era hora de reconhecer a culpa e viver no desconforto, como um “juiz-penitente”. Passou a refletir sobre o sentido da vida, sobre o desamparo do homem e de Cristo, sobre a injustiça e sobre a sua condição de “profeta vazio para tempos medíocres.” E observa, com melancolia, que “(...) o mais alto Não, ele não estava no Limbo; estava no Inferno. Mas dos tormentos é ser julgado sem lei.” Sob o peso dos dias não se deu conta de que passara a Porta do Inferno e não vazios, do passado, da consciência e lucidez, - enfermo – perdera a esperança. E diz ao companheiro que é preciso oculta-se na cidade como uma personagem de um quadro de Van Eyck no céu holandês da fria e indiferente ter paciência de esperar pelo Juízo Final. Amsterdã. E encerra-se no nono círculo do Inferno de E, no passeio pelas pontes, ruas e canais de Amsterdã, passando pelas vitrines de mulheres como um quadro vivo, não-vazio, mas também da falta, outro tipo de falta, pergunta ao compatriota a quem acompanha: “Conhece Dante? É mesmo? Sabe, então, que Dante admite anjos neutros na disputa entre Deus e Satã. E coloca-os no Limbo, uma espécie de vestíbulo de inferno. Estamos no vestíbulo, caro amigo.”

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África Poética

ANTÓNIO JOSÉ ALEXANDRE Doutor em Educação, professor de Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Psicologia de linguagem, Mic e Literatura. Colunista do Jornal Rol. Professor da FICS www.fics.edu.py Diretor Geral Adjunto do Instituto superior politécnico Nelson Mandela, Investigador ,poeta, escritor e membro correspondente da Academia de Letras Teófilo Otoni.

No tempo das vacas gordas o guerrilheiro pululava de ministério a

ministério. Era muata só usava paletó, falava em patriotismo para enganar o faminto patrício Falava em vida melhor, porém oprimia e comia o dinheiro do povo.

Esbanjava rios de dinheiro, porém o povo vive sem água potável, em bairros escuros. Um povo sem casa, sem terra, sem emprego, sem transporte. Público, sem esperança de vida melhor e com um sistema de ensino aguado. O povo deixou de murmurar pelos cantos e pelos quintais, perdeu o medo. Hoje o operário já faz barulho, na marginal, é o país a mudar é a cólera do povo sem capataz. Vejo os exploradores dos oprimidos, Marimbondos e assimilados em parampas escapando da cólera do povo. Viva a liberdade!

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POETAS GANHADORES E PARTICIPANTES DO

Maria Bela dos Santos

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Kiesse Nzau Angola

É

Não é poema

minha alma despida na neve Agasalhada pelo medo e rancor

Não é poema É meu doce coração dilacerado Pela angústia Vivendo o amargo da vida Não é poema Sou eu morrendo lentamente Enquanto, ouço vozes no escuro Sem ser socorrido Não é poema Sou eu me afogando nas lágrimas Enquanto queimo no inferno de gelo Não é poema É meu corpo queimado Até tornar cinza Cinza pisada, desrespeitada, Cinza que serve de tapete Para os que venceram Meu sangue, vinho do banquete Meu choro,som do trompete

Ouço gritos

Entre as paredes de pedra Rebocadas com meus absurdos Ouço gritos Dos corpos sem intestinos Terra molhada sem chuva Esquecido O clarão do sol pela manhã Ouço gritos Dos pobres corpos apodrecidos Ouço gritos Dos corpos vencidos Se mortos, mudos Sem palavras Foi-se a fala Ouço gritos, 2021 Kiesse Nzau

Não é poema Sou eu sem destino Nem inferno, nem paraíso Por onde o vento me levar Minha alma irá morar Não é poema, nunca foi Se algum dia for, serei eu Cinza, 2021 Revue Cultive - Genève

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Angola.

Samuel Adilson Gomes Ferreira

REBENTO DE SABEDORIA Tão simples o olhar perdido, tão nobre a intenção forjada na vontade do homem e os pulos de medo adormecido. talvez os mortos sábios dormem como as lâmpadas quebradas que dão iluminação o coração repleto de desejo de possuir e a tristeza brigada com a solidão o leite derramado pelo olhar cintilante das flores cujas pétalas adornadas de ciúmes e dores vão saindo salpicando a sabedoria divina. No olhar atento da criança No choramingar da esperança perdida no ar Reencontro no luar o meu ser. Olhares virados para mim Perguntando o começo e o fim E eu balbucindo a resposta. Enganado da verdade Perdido na vaidade E embriagado de vontade Eu subo o deserto. Nossas mentes retraidas com o estudo Nossas lentes cansadas de ver o mundo E o vazio enchendo nossos vidas. Esse resto do meu rosto Esse canto que encanta Essa mina que não é minha E o tempo que rima como a vida.

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Cultiva-se a sabedoria Num campo de fertilidade Guia-se toda a mania Num mundo de intelectualidade. Em cheias que dormem Pastos de rebentos Flores que adornam nossos momentos E a sabedora escrevendo seu nome. Embora em tempos de fome que roe A mente constroe as palavras E homens constroem as lavras


Rosário Quissaça Agostinho Kwanza Norte

O COMEÇO DA 3ª GUERRA MUNDIAL (CORONA VÍRUS)

Produzindo, álcool e gel, luvas, sabão E vacina…. E nós na zunga gritando: chega na máscara, chega no álcool é só 1500 kzs E aí na Suíça, quanto é a Barra de Sabão? Kikiza phe tondo fwa…..Vaia…Kya, kya, kya, kya... Confrade Kasexi dá ainda aí… Um tampa de Kamatondo…. Para ganhar a guerra e entrar na terra. Hoje 20 de Abril de 2021 vacinaram-me com o código da besta 666…. Dei a césar que é de César…. Sou cobaia…..Amém.

Dum lado lutamos com o corona que nos carona E do outro a fome que nos consome E.U.A defendia o título de Potência Mundial A Corea do Norte, com sorte disparava míssis balístico sem igual China desperta do sono moribundo de defunto, Em todos países do Planeta, na hora certa e sem alerta Esqueceram as armas de destruição Massiça Com apenas uma tosse, gripe , espirro e caneta Encontrara a solução que o mundo os atiça…. Cinza e morte Nos leva no beijo dum suspiro Meu covid-19, Mundo alarmado Planeta desorientado E as pessoas tentando assegurar Os meios de sugrança, cada um por si Deus por todos Tendo como trincheira do cambante O estado de quarentena… Que pós o mundo em estado de emerência, e sem antena, Empurra-me covid-19 Até ao Simão Kimbangu Que a sua alma descanse em paz Até ao Manu Dibangu Nesses 7 Bilhoes de Habintantes Hoje reduzes o mundo Já era previsto, Tal como diz as pedras guias da Geogia: - Reduzir a humanidade até 500 milhões de habitantes…. - Deixar espaço para a natureza. E os senhores do mundo sobrefaturarem….

MARIA AFONSO LUANDA - ANGOLA

MEU CARPINTEIRO Meu carpinteiro, sempre disposto Motivado, transpirado e cansado Seguindo com as suas tarefas do dia-a-dia Sem lamentações, com sentimento mais profundo Depositado no martelo e no prego Até penetrar a madeira, oh! Incrível habilidade Sempre motivado, partindo às seis da manhã Para o mercado, ai! Famosa praça da madeira De onde tudo começa, o gritar das quitandeiras Dos descontos dos compradores e da satisfação de ambas as partes Sempre motivado mesmo sem empurrão do seu carro de mão O prego e a madeira o seu ganha pão

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Moíseis Kafala Neto Luanda - Angola

EMANUEL ANDRÉ LUANDA - ANGOLA

DEI-ME TOQUE Dei-me toque com este lindo olhar... E seus risos ardente Em que só os teus lábios testemunham este toque. Por ti as minhas mãos percorrem a longitude das tuas curvas E sente a magnitude do teu corpaço, E com estes passos corro e direção a seu coração. Dei-me toque com a sua Pele fascinante cativante como brilho sol Onde só as tuas pernas formam ângulo de 90º Simplesmente para descrever o toque magico. O meu corpo treme por prazer Nesta ação já tenho permissão Eu! perco-me nesta operação, sem excitação... Dei-me toque com os seus versos candentes como estrelas Gostosas como canelas Puro como água e especial como você.

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ARDÊNCIA TEUS SEIOS O Sol despe o cacimbo num mundo que foi-se de mim por algo qu’existe no além… rente à gargalhada dum cristal sensual em algum instante oh, madrugada! a língua do Sol não 10ilumina… talvez a estrada dos teus lábios pertence-me pois, sinto o fogo do Sol no meu peito que teima… oh, Telma! tua ausência queima que queima ao sorriso do Sol na grafia do teu corpo

DOS


Pedro Joaquim Figueira Quialo Província de Luanda - Moçambique

SISMO DE UM TERRAMOTO Minha andorinha Meu eucalipto de sabor a hortelã Me permita arrumar a cama Debaixo da tua saia. Eu anseio por qualquer catástrofe natural Terrivel e devastador Anseio por um terrivel tremor de terra Vindo da doce e molhada língua da tua boca. Anseio instantaneamente chupar as tuas múkuas Bem como todo teu imbondeiro Num raio de quilómetro das tuas penetrantes E sentir as tuas jinguengas.

Adérito Francisco Jeremias Moçambique

BEATA NO ESPAÇO No epicentro da cápsula do tempo a vida coagita-se no abismo como a fumaça no tubo de ensaio que fervilha o hálito da mágoa sobre a alucinação que envolve as partes íntimas do céu. Onde a luz foge da sombra em passos febris e adormece de mãos dadas ao vento na prepotência dos lábios da noite.

Nos meus braços... nem imaginas... Sinto que estou a ficar sem forças Quero conhecer a tua gazela E juntos galopar nas tuas amêndoas. Me pareces perfeita Vendo os seus queixos vibrantes A tua presença me pertuba... Seja o meu matabicho. Não quero que o mundo saiba Que comi os teus bolinhos, Porque a sua beleza triste Raia como sol na manhã de 13 de Janeiro! Gostava eu te ver sobre o meu pilão Porque anseio comer da tua kizaka Saboreando os teus carnudos muzumbu Com a muamba do teu cheiro me embriagar. Kwayela, não me faças despertar Deste sismo ardente Sobre um terramoto Da doçura do teu jindungo.

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JOÃO MANUEL MUANZA ANDRÉ ANGOLA

VIAGEM AUTOMÁTICA Sem vontade; com vontade Na cidade; sem cidade Em casa; sem casa Preparação; sem preparação Na festa; sem festa Alegria; sem alegria Na dor; sem dor Bênção; sem bênção Na doença; sem doença Riqueza; sem riqueza No carro ou sem carro Pobreza; sem pobreza Na grandeza ou sem grandeza Beleza; sem beleza Pequena ou pequeno Cantor ou não cantor Bailarino ou não bailarino Trabalhador ou preguiçoso Alegria e tristeza Como dizia no dia Ninguém sabe na dada humanidade Ninguém compreende sem as escrituras A viagem automática depende: Do Onipotente, Onisciente e Onipresente

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Elshadai (Alfa – Ómega) O nome da viagem é: Morte (Lei perpétua da vida) Paixão de nome. Do sobrenome paixão Sofrimento desconhecido Conhecido como inferno Indefetível de modo escrito Sim ou não Manhã sem manhã. Tarde sem tarde. Noite sem noite Hora sem hora. A destra os bons Os que o receberam. Os que o aceitaram Os que crêem no seu nome. A vida passa Os dias são como sombra Ao oposto pranto contínuo de nome sofrimento Morte sem morte. Mórbida triste patente Morte à vista. Ranger de dente Pena eterna. Admoestar a destra vale a salvação Reveja a paixão. Olha em frente Saiba a emoção leva a perdição Bom coração vida eterna de graça Não é preciso praça ou dança Viagem automática.


Alexandre Domingos Gaspar Luanda - Angola

VI SOL NOS TEUS LÁBIOS ALBERTO MANUEL ANDRÉ Vi no (en) canto dos teus olhos o aceno das mãos do amor…

ALMA PERDIDA Vício por cima do vício Dinheiro na carteira obscura Felicidades nas bocas mortas Fortes fofocas Mortas são essas causadas Por vós manas. Vozes são esquecidas ofendidas Por tanta maldade; vergonha! Cheio de iniquidade; olha! Pare com a maldade; confessa! O inferno é real Arrependa-te! O homem pensa O homem deseja O homem luta O homem vê O homem não se cala Lágrimas de perguntas

Vi no doce amanhecer da flor a cor da tua beleza virgem… Vi nas tetas da madrugada excitada o orgasmo do incêndio prazeroso… é a teimosia da liberdade no parélio da (se) mente … Vi Sol vi álcool nos passos vigiados… Vi um mar…, um chorar de amor por ti… por ti… por ti, minha flor… Vi também… ‘’Nada termina mal se não começar mal…”

Agitadas nessa caminhada Onde tudo olha-se na visão pergunta... Multa malta ja não se nota canta-se Nedota mota mata Santa é quem vende-se por falta Morta senhora por pão... Ai que dor! Reflexo no olhar de uma criança Inocente oração perdida fingida Sem azeite e sal no altar mentiras... Cheia de moedas roubadas conciêntes Porém... Com mentiras ciêntes o inferno é real Arrependa-te! Revue Cultive - Genève

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ANTÓNIO DOMINGOS ADOLFO SEDE PROVINCIAL UÍGE - ANGOLA

MANGEL FARIA Angola

(Adriano André Faria)

SOMBRA DE LUZ Ao provar o odor da terra da beleza vi cair a chuva vi luz pintando a vida e nos lábios a cor o sorriso do rio em bate pé nada podia vadiar… todavia eu via a ironia na velhice da noite crua a dançar no baile de vidro… o canto das pulseiras rente ao doce fogo das roseiras

PÉTALAS A SÓS O medo criou em mim um continente No semblante da minha gente Vejo sorrisos baleado E a paz boicotada Pelo medo de partir Temo um dia a vida Jamais me pertencer Eu vou adormecer Acordem-me Após a morte passar Quando os ventos da morte Do sul até o norte Pararem de inundar o mundo E a mãe África Acordem-me Por enquanto eu quero adormecer Na sombra de um sono Repleto de insónias. Eu tenho medo, tenho medo O âmago me está aflito Não quero ouvir os grito Os gritos do Adeus De ti, dos teus irmãos e dos meus. Toquem-me sertanejos Pelo menos um segundo Eu quero adormecer Não quero ver velórios de sonhos Velórios de esperanças No rosto dos que amo Quando o mundo acusar paz E os gritos abrandarem Acordem- me Para de novo viver

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QUEM ME DERA Foi assim que tudo começou Olhaste-me intensamente com um olhar atraente Acariciaste a minha mente e fizeste de me um ser inocente.

ALBERTINA GABRIEL MOÇAMBIQUE

AMEI-TE EM SILÊNCIO Amei-te em silêncio absoluto Como uma mãe ama seu filho no ventre Sem conhece-lo mas desenhando a sua aparência Onde tudo está coberto de perfeição. Amei-te em silêncio Sem conhecer a sua essência Enaltecendo o seu ser Cobrindo-te de razão Amei-te com grande intensidade e sigilo.

Guiaste-me com seu olhar sedutor Olhando-me firmemente, apaixonei-me pelo seu toque misterioso Pelo seu beijo Suave Pelo seu cavalheirismo Segurando as minhas bolsas pelas avenidas Chamando-me de amor, minha flor. Oh meu Deus quem me dera se eu tivesse esse olhar de volta Por um dia... Albertina Gabriel

EXPRESSAR-SE SEM TEMOR

Expressar-se sem temor E dizer o que tu pensas Dizer o que muitos pensam Amei-te em silêncio até chegar a vez de quebrar o silên- Mas não se deixam expressar cio A minha mão tremia para escrever-te dizendo que era eu E deixar-se ser livre autora desconhecida E deixar-se voar igual ao passarinho Na qual te amava silenciosamente. E cair na liberdade de expressão Finalmente chegou o dia na qual me abri E tu em silêncio retribuindo com sim Nos amamos com a força motriz Num mudo que não havia relógio contado o tempo

E saber ser E saber compreender a essência das coisas. E saber receber críticas das pessoas e aprender delas E saber criticar, mas antes porem dar ouvido o outro…

Tudo para nos era prefeito até um simples vento Albertina Gabriel O nascer do sol era para nós uma nova paixão Rodeada de rosas e orquídeas no jardim que só nos pertence. Albertina Gabriel

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I Concurso Internacional Cultive 1° LUGAR Helena Neves nasceu na Guiné, na cidade de Bissau, em 1962. É formada em Direito pela Universidade Clássic, Faculdade de Direito de Lisboa. Trabalhou durante toda a sua vida na área dos direitos humanos, particulamente em questões de desenvolvimento, género, mulher e criança, em vários países, nomeadamente Guiné-Bissau e sub-região da África Ocidental, Angola e Suécia. Actualmente continua a exercer um activismo social activo no seu país a Guiné-Bissau e trabalha como consultora independente na área dos direitos da mulher e criança com diversas instituições e organizações não governamentais . Também dedica uma boa parte do tempo à pintura. Fez vários cursos em escolas de arte na Suécia e dedica-se em particular à arte da pintura em tecido e tela

Helena N. Abrahamsson AS MENINAS E OS MENINOS DA MINHA CASA Mais um ano que se vai, mais uma chuva que nos foge sem que o verde desponte no chão das promessas As meninas e os meninos da minha casa,com rostos empinados, esperam a chegada do verde perdido num ventre prenhe de desaires As meninas e meninos da minha casa trazem a morte nos olhos Morrem aos montes, morrem dia e noite, morrem á mingua, morrem de doenças cuja cura, noutros portos, está ao alcance de uma loja de esquina

Receosamente vão segurando a cauda do tempo que farão chegar ao berço dos filhos rejeitados, ignorados, maltratados Não encontram chão fértil para fazer desabrochar a vida prometida Mais um ano que se vai, mais uma chuva que se despede, As meninas e os meninos da minha casa continuam de olhos postos na entrada carcomida pelos anos de espera Aqui permanecem sem água, sem luz , nem pão , á mingua De beiços caídos, olhos baços, aguardam pelo que se dá pelo nome de VIDA Estes que um dia foram FLORES, que um dia foram a razão das estrelas de fogo que rasgaram a aurora, Hoje são Apenas famintos Apenas pedintes

Elas, invisíveis, abrem os panos e o coração, Bissau, Janeiro de 2017 recebem as gotas de chuva uma a uma guardam-nas para regar os quilómetros de estrada ainda por percorrer 84

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I Concurso Internacional Cultive 2° LUGAR Malanje - Angola- reside na Italia. Fez estudos de filosofia e teologia no Seminário de Luanda. É autor de várias publicações: As asas da esperança - Le ali della speranza; Mille giorni in Angola; L’uomo mistero; Oceano de amor - Oceano d’amore; Lui e Telma; O eu do meu eu - Il mio canto di pietra. Em 2000 venceu o prêmio Internacional de poesia Sulle orme di Ada Negri - pela associaçãp poesia La vita de Lodi Milão).

Álvaro S. F.Antonio MÃE ÁFRICA

contemplando inerte a passagem do teu próprio cadáver

Sinto no teu rosto o ruído estrondoso do serpentear de um fio gélido de lágrima órfã Mas os astros sussurram-me aos ouvidos ao ver-te tropeçar sobre os teus próprios passos oh dizendo que hão-de parturir rosas douradas mãe África para colorir os teus sorrisos oh mãe África A primavera abrirá as suas entranhas Sinto-me entalar a voz do sangue para oferecer-te um pedaço de céu oh mãe África ao ver-te calcorrear às apalpadelas Dos ventres das estrelas brotarão rios infinitos de luzes pelas sendas tortuosas de um advir balbuciante e os teus desertos converter-se-ão em oásis que ignora as letras do teu nome oh mãe África Os teus muros Vejo os chacais tirarem à sorte erguer-se-ão das cinzas ao som de uma nova canção as tuas vestes oh mãe África Os teus montes caminharão de mãos dadas rumo à felios abutres contenderem-se a última fibra da tua alma cidade verde Os teus rios abraçados festejarão juntos e os teus rugidos aprisionados e da sepultura das divisões nas gaiolas das tuas ambições desmedidas dos ódios fazem-te tremer de frio florescerá uma nova poesia oh mãe África Vejo os teus muros arrasados os teus anos amputados a tua poesia despida os teus sonhos despenados os seios das tuas rochas esvaziados Vejo-te choramingar e lamber as tuas chagas com saudades das cebolas do Egipto sentada à beira do rio seco da esperança consumado pela ferocidade dos teus ventos desavindos

Ouvir-se-ão nas estrelas os teus sorrisos Os ventos inclinar-se-ão à tua passagem e a fina flor dos teus anos será a ambição da lua E então.... os grilos exaltar-te-ão às alturas das estrelas os ventos entoar-te-ão canções ao som do tambor e os planetas cobiçar-te-ão a cor da pele oh mãe África!

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I Concurso Internacional Cultive 3° LUGAR Neide Vicente Malevo, natural e residente na provincia de Inhambane, Moçambicana Escritora e poetisa desde 2018, estudante do curso de finanças, pseudônimo Nyeleti, sem nenhum livro publicado ainda, com uma carta assinada e publicada que faz parte da zine edição especial de 14 de Fevereiro dia que se comemora o são valentim em Mocambique intitulada Cartas aos filhos de Adão.

Neide Vicente Malevo FOME AMBULANTE Menina de rua Vagueio de lês a lês pirangando de avenida a via caçando um vaso de alimento e a fome me chacina sem condoimento, sou corpo vazio flanando sem nenhum destino esgotando a espera da vida lazeira malévola matas a morte me tiras o pão da mesa e me engoles de maneira lenta e sofrida singras me a carne, e abres feridas molestas me a pele, e trucidas a índole. Fome maldita! aniquilaste os meus pais 86

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e me deixaste desprovido assaltas-me inofensivo e golpeias-me sem direito a auxilio fazes de mim alma vadia que vagueia e vagabundeia e desonras-me a vida, pela janela vejo o caldo a ferver mas o teu rosto, teu rosto desconheço. Fome maldita! o entulho de uns, pra mim e festa, fazes de mim tua morada leviano, não defines idade nem raça massacras-te meu sonho de criança e tao cedo me fizeste adulto mendigo e sem esperança rapinador ousado que vem e chacina e a ti ninguém fuzila, nem mesmo a vida. Mastigas meu ânimo e chupas-me a carne, deixas somente embaraço Fome maldita!


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SOMBRA DE LUZ -

Adriano André Faria

Ao provar o odor da terra da beleza vi cair a chuva vi luz pintando a vida e nos lábios a cor o sorriso do rio em bate pé nada podia vadiar… todavia eu via a ironia na velhice da noite crua a dançar no baile de vidro… o canto das pulseiras rente ao doce fogo das roseiras

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A CARTA QUE NUNCA FOI LIDA

Lino Eustáquio Moçambique....

Perfil de Lino Lourenço Eustáquio LINO EUSTÁQUIO, cidadão moçambicano nascido na Beira, à 03 de Abril de 1987, profissional de Recursos Humanos, licenciado em Gestão de recursos humanos, licenciado em Administração e políticas publicas, mestre em resolução de conflitos e mediação e Mestre em Gestão estratégica de Recursos Humanos. Militante na defesa dos direitos dos jovens e raparigas, empreendedor social, coordenado geral da MUDE, coordenador e fundador da biblioteca que anda, e actual Presidente do Conselho Provincial da Juventude de Sofala. Lino se propõe a incentivar os jovens suas potencialidades, afim de auxiliar em seu processo de desenvolvimento pessoal, social, emocional, político e cultural durante sua transição para a fase adulta. Lino, é autor, escritor e poeta moçambicano, com cinco livros publicados: Gestão Estratégica em Organizações Filantrópicas, Esmeralda, Muralha da lírica brasileira e moçambicana, Mundividência Poética e Viajantes do tempo.

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Mãe, ciente de que não poderás ler a minha regência, impele-me escrever-te mesmo assim. Quisera eu dizer-te que és a minha heroína, a minha essência, o meu refúgio, o meu porto seguro. Mãe, és a minha general. Provaste que todas as batalhas foram por ti vencidas. Foram noites longas; foram dias longos perdidos a meu favor. Querida, foste capaz de doar a tua própria juventude em benefício de um bem maior: cuidar de mim. A tua existência é, em si, um acto de amor por ter sabido gerar, cuidar, nutrir e amar sem limites. Mãe, és a minha pré-escola, és o meu ensino fundamental, és a minha escola superior, és a minha enciclopédia. Mãe, os teus ensinamentos não necessitam de certificação. Mãe, obrigado não há-de ressarcir tudo o que tens feito por mim. Obrigado é tão pouco, mas o meu reconhecimento pode valer a pena. Mãe, lembra-te de que não existirá ex-mãe. Tu és tu, onde estiveres neste momento saiba disso. Mãe, amo-te por razões inegociáveis. A minha alegria, a minha essência, o meu brilho, as minhas conquistas, as minhas derrotas, as minhas dores, o amor que tenho para ofertar, têm o teu nome. Parabéns! Não deve existir um dia único rotulado "dia de mãe". Todos os dias são teus.


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POVO NOBEL O astro-rei iluminou os caminhos De 27 de Maio a 4 de Abril De 4 de Fevereiro a 11 de Novembro A esperança esqueceu-se de ir Nesta paz independente dos versos mil Neste tempo lento, quem apagou o povo? Os jornais carregados de tinta de apontar Desta guerra de se matar com paz Erguendo a poeira do não asfalto Encobrindo o ouro das estrelas Enquanto a água amargura os baldes Dos hospitais com cólera de rir Cavando nas picadas da malária Campas sempre abertas e por abrir No tremeluz da chuva de brincar O carvão borra este café Escolta desta carcaça da fé Que dança sobre a papa de milho Destas mãos de heroínas famintas Cozinheiras de banquetes Neste templo do meu bairro Perpetuo o crente ausente Abrindo minas em ravinas Degolando árvores de florestas Perecendo gerações entre promessas Nestes paraísos farpados de prisões Dormitórios do exército sem munições De filhos rindo com migalhas Nesta guerra de se matar com paz

Fátima Cristina Câmara Luanda PAÍS: Angola

Neste vale dos cansados e comuns O medo enforcou-se ao anoitecer No anseio de ser livre Rindo com um bocado de pão O astro rei no Coração Somos aqueles por quem se espera Neste caminho que leva a outro(s) Na certeza de sempre alcançar Somos a fé da resistência Com voos sombreando letras na luz dos poemas de confeccionar humanos utopias, sonhos e heroínas de atravessar memórias e portais Tremeluzindo penas em sinais (Re)ligando para cima os que fazem toda a diferença Neste galardão Nobel de SER O povo de quem tudo se espera

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Anabela B. Gaspar

Anabela Borges Gaspar, angolana e membro da Brigada Jovem de Literatura de Angola – BJLA, filha de Soares Gaspar e de Rosária Tomás Borge, natural de Luanda. Em 2019 começou a frequentar o ensino médio no Colégio Nascer para Vencer. Em 2020, ingressou ao movimento literário Mwanzarte liderado pelo Salvador e Poeta da Glória, onde nasceu a veia de recital da poesia. Em 12 de Outubro de 2020, declamou pela primeira vez a poesia de Dr. António Agostinho Neto o poeta maior “a poesia: Crueldade”, na União dos Escritores Angolanos.

ESCURO E DEDOS

Tenho lábios rasgados com lâminas E a minha alma não me acalma Ela faz drama na cama Tenho meus monstros dentro de mim Crescendo como capim E se esquecendo de mim Tenho a tristeza em meu olhar Que só para suportar Eu vivo a suplicar Detida no caminho dos pecadores Sentada na roda dos escarnecedores Inovadores Governadores causadores de todas as dores

Tenho sonhos falhos Incompletos nos fardos de quem também o têm Tenho medo nos dedos endemoniados Tenho uma maldição dados por demónios sem explicaTenho uma poesia negra vindo do escuro ção e sem direcção Tentando se fazer puro Algo que me leva a escuridão sem compaixão Me faz partir o coração como de um caixão Do mais compositor da escuridão Escuro e dedos

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Benjamin João

Benjamim Luís é um professor, agente de despacho e desembaraço, residente na Cidade da Beira, Província de Sofala, de nacionalidade Moçambicana e residente no mesmo país, é apaixonado pela leitura e estreou-se na literatura há 2 anos, e teve os seus primeiros textos publicados numa plataforma digital designada por Clube do Livro da Beira, e mais tarde os seus textos foram publicados em outras plataformas digitais internacionais como: Cultural Weekly, Os poetas vivem e ReedsyPrompts. O seu maior sonho é ter uma obra publicada em formato físico.

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Orlando Rafael Ukuakukula

PEDAÇOS DE NÓS

No amanhecer escuro como nós Timbram-se nossos sonhos Maquiavélicos Em cada desgosto perfumado Que aromantizam nossa vida Há pedaços de nós Nas flechas lançadas indirecionadas Que servem para qualquer caça No fardo que levamos Das batalhas que batalhamos Ah! Pedaços de nós Cubrem um sol que nunca se abre Um brinde que nunca se dá Em cada sagrada esperança de um dia Ver vivo o nosso luar Cantos se desfiguram nas nossas cordas Que consomem dias de secura Por repleto de tanta fome e sede No palato que soou liberdade Entre gritos imensuráveis

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Orlando Rafael Ukuakukula, estudante do Ensino Superior, Pela Escola Superior Pedagógica do Bengo, do Departamento de Letras Modernas, no curso de Licenciatura para o Ensino da Língua Portuguesa, 4º Ano. Já trabalhei como Professor de Língua Portuguesa. Tendo moderado, também, o debate sobre o tema O Ensino da Língua Portuguesa em Angola: Mudanças Urgentes. Cursei Inglês, Português na Escola Solução Alternativa (PESA) e Linguistica Geral (VAPA). Membro do projecto de investigação científica da Variedade do Português em Angola (VAPA). Mortos ou vivos Atributos contextuais Por cada pau e pão fielmente Dado ao angolano (in)dependente A cada dia Mais temos vontade de viver Numa morte que consome as dores Produzidas pelos invasores Da nossa era que já era Quiçá haja lembranças de nós No pouco que nunca tivemos No tudo que nunca merecemos Na literatura Desfazendo o ermo da nossa conjuntura Há Em nós Pedaços de vidas Que nunca viveram Desde que se independeram Autor: Orlando Ukuakukula Luanda, Segunda-feira, 19 de Abril de 2021, pelas 22hrs00, em casa.


desaparecido e, provavelmente, para sua tristeza, nunca mais tornaria a vê-la. César suspirou, mas, o quê fazer? Era da vida.

ALEXANDRE SANTOS depois de graduar-se em engenharia civil pela UFPE, cumpriu os cursos de especialização em Transportes Urbanos e Trânsito na UFCE e de mestrado em Engenharia da Produção e em Gestão Pública para o Desenvolvimento do Nordeste na UFPE. Escritor com 39 livros publicados, Alexandre Santos é editor-geral do informativo ‘A Voz do Escritor’, membro do Conselho Consultivo da Revista Nova Águia (Lisboa, Portugal) e do Conselho Editorial da Revista Archiépelago (Cidade do México, México) e das Edições Moinho. É ex presidente da União Brasileira de Escritores (UBE), coordenador nacional da Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural e diretor geral do Canal Arte Agora, no YouTube.

1 ° lugar - prosa no

4° Concurso Cultive de Literatura Angélica A moça era linda. César a viu, pela primeira vez, em 27 de março de 2000 no saguão do Aeroporto dos Guararapes, no Recife. Estava tão apressado que não pode sequer dar-se ao luxo de olhar para ela uma segunda vez. Se não estivesse tão premido pelo funil da ampulheta talvez ficasse por ali, na paquera. Ele merecia. Afinal de contas, nos últimos meses, talvez por conta da praga rogada pela socialite Trimagasi que ele rejeitara por ‘absoluta incompatibilidade cultural’ após meia hora de conversa vazia, tinha enfrentado muita coisa ruim, desde unha encravada até dor de dente, passando por topadas, crises de apendicite, faringite, labirintite e toda sorte de azares. De qualquer forma, sem desafiar o mal-estar-dos-atrasados ou interromper a corrida desengonçada que fazia rumo ao guichê da LATAM, girou a cabeça, mas, como costuma acontecer nos vislumbres de aeroporto, a moça havia

Consciente do stress que embalava a disparada ao balcão da companhia, César ainda imaginou ter visto a moça numa lojinha mais adiante. Não podia ser. Era, sem dúvida, uma armadilha da mente, pois não tinha havido tempo para ela ter se deslocado até lá. Se (por alguma razão maluca) ela tivesse corrido para ultrapassá-lo, estaria suada, ofegante, colocando os bofes pela boca e, não como estava, placida- mente, experimentando chapéus e óculos, como se nada tivesse acontecido. Só podia ser miragem! Realidade ou não, era inegável que aquela moça tinha despertado sua atenção e, à despeito da fisgada na nuca que ia e vinha, César não parou de pensar nela naqueles minutos. A imaginação voltou a trair César mais tarde, quando, final- mente, depois de longa espera na fila, se apresentou para o check-in e mais uma vez pensou ter visto a moça num guichê mais adiante. Por maior que tivesse vontade de conhecer a moça, ele não tinha como fazer qualquer coisa naquele instante. Com efeito, por conta das prioridades que estabele- cera para si próprio e policiadas por uma insistente fisgada na nuca, o Dom Juan que eventualmente podia aflorar e assumir o comando do seu comportamento foi reprimido e seria mantido assim, pelo menos até que fossem confirmados os embarques dos quais dependia para completar a viagem. Aliás, além de o relógio mostrar seu quase atraso para o embarque, a dorzinha-da-responsabilidade não deixava César esquecer o cronograma apertado das conexões que tinha pela frente para chegar a tempo em Salzburgo onde, no dia seguinte, faria palestra no Congresso Mundial de Engenhei- ros Escritores, no centro de convenções do Sheraton Grand Salzburg. Depois das complicadas negociações que fizera para encaixar sua palestra no primeiro dia da programação, a de poder esquiar nas pistas de Kitzsteinhorn, à 80 km ao sudoeste de Salzburgo, não iria arriscar a perda de uma conexão. O voo até Guarulhos foi, de certo modo, tranquilo. Tudo transcorreu como previsto e o avião aterrissou na hora programada. Daquele momento até a decola- gem rumo à Europa havia um interregno de quase duas horas. Tempo suficiente para enfrentar a longa fila, fazer novo check-in, passar pelos procedimentos de segurança e chegar à sala de espera do portão de embarque. Mesmo assim, estava tenso, con- forme indicava a dorzinha na nuca. Dentro do quadro de tensão que marca todas as viagens, as coisas aconteciam sem novidades. De repente, o pequeno sobressalto. Quando se dirigia ao balcão da AirFrance, Revue Cultive - Genève

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Concurso Cultive a surpresa: numa loja do saguão, lá estava ela. A mesma moça que, por diversas vezes vira no Recife. Parecia estar mais bonita. Mas, não podia ser ela (porque ela estava no Recife) e, ao mesmo tempo, não podia deixar de ser [ela] (porque não podia existir outra pessoa igual a ela). César ficou na dúvida. De tão surpreso e animado, César ainda pensou adiar o que fazia e ir até ela, mas a fisgada na nuca voltou como um aviso de que havia um horário a cumprir. Fazer o quê? E, agora com a certeza de que nunca mais a veria, [ele] respirou fundo, espichou um olhar e, tomado por uma certa melancolia, seguiu em frente. Como teria sido se aqueles encontros tivessem ocorrido em circunstâncias diferentes! César ain- da pensou.

do. Aparentemente aguardando bagagens vindas de Berlim, sem causar qualquer sur- presa a ele, lá estava ela. Pela primeira vez, os olhares se cruzaram. Desdenhando a dor na nuca que, de repente, voltara mais forte, Cesar sorriu o sorriso mais alegre que pode iluminar. César já estava pronto para o súbito sumiço de sempre, mas, desta vez, ela não desapareceu. Pelo contrário. Caminhou em sua direção e, como se fosse a coisa mais normal do mundo, estendeu-lhe a mão.

- Como vai, César? Meu nome é Angélica. Se Maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé - ela sorriu e, como se o conhecesse por toda a vida, falou das coisas A viagem transatlântica foi desconfortável como qual- que César queria ouvir. quer viagem longa e de- morada, mas, mesmo perturbado pela lembrança (e pela estranha sensação surgida Foi amor a primeira vista. Embevecido, César ainda tendesde que vira a moça no Recife), César conseguiu dor- tou, sem sucesso, descobrir como, do nada, aparecendo e mir e só despertou com o convite para o café da manhã desaparecendo por todos os lugares, ela che- gara a Saljá em céus continentais europeus. Em instantes, César zburg. estaria em Amsterdã, penúltima escala antes de Salzburgo. Agora, passada a maior parte da viagem, as tensões - Toda mulher tem seus segredos - piscou ela. E falou, e cruciais seriam a entrevista com a imigração holandesa e falou, e falou, hipno- tizando-o por completo. a última conexão. Pouco tempo depois de instalados no hotel Grand SheO ar europeu deve ter afetado o juízo de César, pois, na raton, na Auerspergs- traße, no charmoso café do lobby quilométrica fila da aduana do Aeroporto Schiphol, acol- superior, Angélica falou que tinha planos para o dia sehendo talvez um desejo íntimo seu, voltou a ver a moça. guinte. O retorno dela, mesmo que fosse ilusório, o deixou ale- - Amanhã, não, Angélica - César falou de um dos songre. A cada aparição ela parecia mais bonita. Desta vez hos que acalentava desde jovem - Depois da minha panão podia ser imaginação. De qualquer forma, descon- lestra no final da manhã, eu e alguns amigos vamos para fiado de que podia estar vivendo o mesmo sonho das ou- Kitzsteinhorn, uma estação de esqui à 80 km ao sudoeste tras vezes, César esfregou os olhos e, para sua desilusão, de Salzburgo. Vamos aproveitar esta viagem para aprencomo nos sonhos anteriores, desfazendo o encanto, a der a esquiar. O curso já está contratado e pago. Você que moça desapareceu. Já estava habituado àquelas idas e ir conosco? vindas da alegria. César respirou fundo e, sem perder a esperança, seguiu em frente. - Amanhã, não, César. Amanhã nós vamos ficar aqui, em Salzburg. Foi para isto que segui você desde o Recife Embora seu olhar alerta, como se procurasse alguém, Angélica disse com o seu ar misterioso, desmon- tando tivesse chamado atenção do oficial de imigração, não os planos dele - Depois de amanhã, se você quiser, nós houve problema na alfândega e a conexão com o voo se- podemos ir à Kitzstei- nhorn ou qualquer outro lugar. guinte ocorreu como planejado. - E o quê eu digo para o meus amigos? Novo embarque, novos cochilos sem sonhos, novo serviço de bordo e hora e meia mais tarde, César estava no - Diga que, amanhã, seu anjo quer você aqui, em SalzAeroporto Wolfgang Amadeus Mozart em Salzburgo. burg - Angélica fez a carinha enigmática que o apaixoCom a esperança de voltar a ver a aparição, como nos nara. outros aeroportos, César in- gressou na área de desembarque esquadrinhando a pequena multidão. Nada. Na - Se é assim, está certo - concordou César. Para quem área de restituição de bagagens, sempre esperançoso, ao esperou tanto tempo, não seria um dia a mais ou a menos invés de olhar a esteira rolante em busca da mala, procu- que iria alterar o prazer de esquiar, pensou ele. rou pela moça. Desta vez, teve sorte. Aconteceu o espera94

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Naquela noite, usando as agradáveis lembranças de Angélica para sufocar a dorzinha que, mesmo passada a tensão da viagem, teimava em queimar-lhe a nuca, César agitou-se com sonhos confusos de aeroportos e pistas de Kitzsteinhorn.

de Angélica, César nunca compreendeu seu novo sumiço. Ela desapareceu sem deixar qualquer registro ou pistas de para onde pudesse ir ou estivesse.

Vinte anos mais tarde, no dia 27 de janeiro de 2020, quando se preparava para viajar às Ilhas Cayman, para O dia seguinte trouxe novidades marcantes e mais um Congresso Mundial de Engenheiros Escritores, César voltou a ver Angélica. Desta vez, no saguão inesquecíveis. do Aeroporto dos Guarara- pes. Ela continuava tão bela Logo cedo, após o café da manhã com Angélica (que es- como estava na última vez que a vira em Salzburg. Não tava mais linda ain- da), César se integrou ao Congresso mudara nada. Era como se o tempo não tivesse passado e, sem largar a mão de Angélica (e sem ser largado pela para ela. mão dela), participou da sessão solene de abertura. Na sequência, após o intervalo, conforme a programação, - Não faça essa viagem, César - ela falou naturalmente, vendo Angélica na primeira fila, César proferiu a sua pa- sem qualquer preâm- bulo, como se jamais tivesse perdilestra e pronto! Pelos seus planos pessoais, estaria livre do contato com ele. pelo resto do dia. Se não fosse pela alteração de última hora, César viajaria com cinco colegas para Kitzstein- - Por que você desapareceu em Salzburg, Angélica? horn, onde ficaria por dois dias nas pistas de esqui. Mas, como se não tivesse ouvido o apelo, César parecia ter houve a mudança e, conforme prometera a Angélica, ele retomado uma conversa interrompida vinte anos atrás. só viajaria no dia seguinte. Um atraso do qual, pelo quê - Eu precisei viajar às pressas para salvar um amigo que conhecia de Angélica, jamais se arrependeria. Após se despedir do pessoal que, alegre e ruidosamente, corria perigo de vida - ela respondeu, beijando-lhe a face seguiu para a esta- ção de esqui, sem achar Angélica em suavemente. qualquer lugar do hotel Sheraton Grand, César foi para o auditório principal do centro de convenções onde, - Não faça esta viagem! enquanto esperava An- gélica, prestigiou algumas palestras. Ele estava ansioso, pois, seguramente, Angélica Como das vezes anteriores, de forma tão inesperada deveria estar preparando alguma surpresa. Ele esperaria como aparecera, Angé- lica desapareceu. o tempo necessário. Lembrado daquilo que aconteceu em Salzburg, César sabia das vantagens de atender aos pedidos de Angélica e, César não teve como esperar por Angélica como queria, surpreendendo as pessoas que estavam com ele, desistiu pois, durante o co- ffee-break, no meio da tarde, che- da viagem quando já estava no salão de embarque. E, engou a notícia do desastre. Todas as redes de televi- são tão, do nada, como um louco e sem qualquer argumento interromperam as programações para informar sobre a concreto a não ser um vago ‘pedido de um anjo que me avalanche que destruíra a estação de esqui de Kitzstein- quer aqui’, sem sucesso, César apelou para os amigos dehorn, matando 12 turistas, incluindo seus cinco colegas. sistirem da viagem. Aqueles com os quais deveria estar naquelas escapadela do Congresso. Foi um gran- de choque. Ondas de en- No dia seguinte, no começo da tarde, em edição extraorergia percorreram seu corpo, espalhando calafrios há dinária, todas as re- des de comunicação informaram muito esquecidos. Só, então, sem conseguir falar direito, sobre o devastador sismo ocorrido no Caribe. Um terCésar atinou que, se não fosse pela insistência de Angéli- remoto de magnitude 7,7 na escala Richter atingiu o lado ca, teria viajado com os colegas e, agora, também estaria norte da calha de Cayman, norte da Jamaica e oeste da morto. ponta sul de Cuba, com o epicentro à 83 milhas ao norte de Montego Bay, provocando grande destruição e muitas Impactado pela notícia, o Congresso foi suspenso e, por mortes. instantes, a bal- búrdia se instalou no hotel. Tão logo recobrou a tranquilidade, César procurou por Angélica. Ao fechar os olhos para se perguntar como aquilo era Ela não estava no apartamento, nem em qualquer outro possível, César tornou a ver Angélica. lugar do hotel. Não havia sequer registro da sua passa- Bonita como sempre, ela sorria e soprava um beijo em gem pelo Sheraton Grand Salzburg. Um grande mistério! sua direção. Embora estivesse habituado às aparições e desaparições Revue Cultive - Genève

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Categoria Poesia-Janeiro/2017 e TOQUE (2019); HOIVANILDE MORAIS DE GUSMÃO professora, ad- MENAGEM ÀS MULHERES: Liberdade, liberdade..., vogada, ensaísta, contista e poeta. Estudiosa de Karl abra caminho para nós! (2020). SÚPLICA AO SOL....era Marx e da Literatura. Membro de várias Academias. outono(2020). TEMPO PARTIDO 2020 resgatando senPublicou vários Livros de ensaios e poesias: (2015) timentos de humanidade (2020); POESIA em tempos de (português/francês); (2016) (português/inglês); pandemia 2021. (2016) (português/francês; (2017) português/ingles). Par- ticipação nas Coletâneas: Sete Pecados Capitais-Preguiça); Sem Fronteiras pelo Mundo... I,II, III. IV, 2 ° lugar - prosa no 4° Concurso V e VI; Madalena’s; Integração Cultural Interestadual; II Cultive de Literatura Seminário Internacional Encontro das Américas- Literatura, Arte e Cultura em Terras Potiguares; A Arte de Ser Mulher – poesia feminina; A Vida em Poesia I e II; São deuses...ou astronautas? Faz de Conto I e II; Alquimia Literária; O Bichonário Brasileiro e O Dom de Ser Mãe - Editora Helvetia (20162017); Olhar Bilateral(2017) e VIDA&VITA(2018) – É noite..., o silêncio toma conta do mundo... A.C.I.MA(Associazione Culturale Internacionale Mundiale)(2017); Ia Antologia CULTIVE (2017), Poemas Sentada na varanda, faz uma reflexão sobre o tempo que à Flor da Pele, e em Talentos da Maturidade e outras está partido, mo- mento em que as pessoas estão perdiAntologias. Prêmios Talentos Helvéticos Brasileiros- das. Olha o céu, noite límpida, nenhuma nuvem, estre96

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las brilhando como se quisessem despertar a natureza. Como gostaria de saber ler as estrelas, as constelações, constatar quais foram os nomes dados para melhor identificação.

santemente, parece que, como ela, ficam atentas. O som, quase de dor, de socorro vem rápido e atravessa o espaço que os olhos alcançam... e o coração dispara! São os anjos, deuses que num “front” de uma guerra violenta e exterminadora enfrentam inimigos invisíveis. Tentando salvar os seres por eles atacados, faz um sinal da cruz. Levanta os olhos com as mãos postas e pede, implora ajuda! Novamente volta ao seu silêncio...continua sua oração. Parece que tudo, tudo enfim... adormece!

Quando criança, faz muito tempo, gostava de, na janela do seu pequeno quarto, olhar o céu e se imaginava uma estrela a iluminar a estrada que um dia sonhava em percor- rer. Como seria essa caminhada? Não tinha a menor ideia, mas tinha certeza do que queria. Mesmo que se transformasse num pássaro, viajaria pelos ares, atraves- Mas, desperta de sua letargia..., agora um som diferente. sando o infinito, sentindo o vento e, em algum momento, Assusta-se, parece cavaleiros do Apocalipse. Rapidamente, levanta-se e debruça-se na varanda... vêm vindo... pousaria lá longe... para além do horizonte. são quatro cavaleiros, numa imensa velocidade, como De repente, um ruído de asas se faz ouvir. Aguça a aten- anjos batendo rápido suas asas, gerando um som assusção, escuta com cuidado de onde vem o som. Aproxi- tador. Observa que, na bagagem que levam, está alguma ma-se do parapeito e olha o mundo noturno. Uma brisa coisa que não distingue. Ver apenas algo branco e uma toca sua face, mas não é do alto, do céu! Assusta-se! Ins- cruz vermelha dese- nhada e brilhosa! Se deu conta de tintivamente seus olhos baixam – é lá do asfalto que vem que eram cavaleiros, em alta velocidade, levando consigo as drogas que poderão salvar vidas. Torce para que o som de batidas de asas. Espanta-se com o que vê. cheguem rápido ao des- tino. Levanta os olhos e verifica É uma nave? Como? Desliza suavemente, de dentro sai que, lá longe no horizonte, a Aurora desponta com seu algo que se move, os olhos cansados pelo tempo não belo véu vermelho, como sangue, abrindo o espaço para conseguem identificar. Parece um astronauta, ou deuses que a luz dourada do sol possa atravessar e levar luz para imaginários, anjos? Busca os óculos e agora consegue clarear o mundo. Diante desse espetáculo, sorriu e recoidentificar. São ho- mens com vestes brilhosas que, rapi- lheu-se. damente, quase em silêncio, recolhem os restos deixados pelas pessoas das suas moradias de cimento armado, Fica acompanhando com muita atenção o nascimento do dia, mais um que surge trazendo a esperança de que essa como uma Torre de Babel! luz possa ajudar a humanidade a eliminar o inimigo que Olha-os profundamente. Sentindo-se tocados esses seres tenta exterminar a espécie humana que tanto ameaçava a brilhantes, levan- tam a cabeça e seus olhos se encon- natureza, mãe que o gerou, e a qual vem destruindo sua tram. Por um lapso de tempo se reconhecem. São tra- vida; esquece que dela que foi gerado e que recebeu todo balhadores de uma atividade muito importante, recolher um manancial de riqueza para construir o seu mundo, o detritos do mundo huma- no. Lembra que, um dia lá mundo humano. E ainda lhe deu uma morada fantástica longe, distante, recolhia roupas sujas e, amarradas numa – a TERRA! Um planeta completo para produ- zir e ser trouxa, descia uma imensa ladeira e, nas águas do rio, feliz! deixava-as limpas e, após isso, estendia por sobre o capim e, debaixo de uma árvore, comendo um pão com Assiste ao Sol surgindo e seus raios tentando atravessar água, aguardava que elas enxugassem. Recolhia-as, ar- as muralhas de concreto, morada desse ser que, a parrumava, agora com cuidado, e voltava da lida. Olhava o tir desse momento, terá que transformar o seu modo de céu e via o dia recolhendo-se e a luz e o calor do sol se vida para garantir sua própria sobrevivência. Assim, esperando que esse silêncio e o recolhimento possam fazer acalmavam. com que o ser humano construa, para sua sobrevivência, Sorriu para eles e recebeu de volta o abraço imaginário e um novo horizonte, e daí seja constituída uma sociedade partiram, silencio- samente, como chegaram. Aquieta-se verdadeira- mente humana! e volta ao lugar de silêncio. Olha ao redor, o dia se faz presente...,uma brisa leve e .. Fecha os olhos e lá longe ouve um som...num crescendo orvalhada molha seu rosto, penetra na pele... sente frio. que vai, na calada da noite aumentando. Volta à varanda Fecha os olhos e silencia... e tenta acompanhar o som. Atenta olha com cuidado o céu..., nada, as estrelas continuam lá, brilhando incesRevue Cultive - Genève

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ANTOLOGIA Era uma Vez um Anjo lançamento no Salão du Livre de Genèvedo 28/outubro ao 01/novembro 2020

de Melhor Tela, promovida pela TV Verdes Mares em 2018: Coqueiros do Doro, capa do livro: Historietas de Bitupitá - 80 X 70 cm, técnica, óleo sobre tela. Participou da exposição “Imagem Poética 2019” organizado pela Cultive no Consulado Geral do Brasil em Genebra.

3 ° lugar - prosa no 4° Concurso Cultive de Literatura O Anjo Que Veio Do Mar Amigo, a gente encontra, o mundo não é só aqui. Cinco amigos, o nosso mar, uma canoa, uma tempestade, um naufrágio e dois sobreviventes. Quando se pensa nessa história, a gente logo percebe um sentimento de solidariedade de alto nível que existia entre eles. MANOEL OSDEMI DA SILVA é funcionário público federal da Empresa de Correios e Telégrafos, graduando em Ciências Contábeis. escritor, pintor, músico e arte cênica. É membro da Academia Camocinense de Ciências, Artes e Letras - ACCAL; Coordenador de Carteiros, Inspetor e Diretor de Esportes da ARCO Associação Recreativa dos Correios. Autor de 11 livros sendo um deles (Pancada de Vento, 2012) premia- do pela Secretaria de Cultura do Município de Fortaleza – SECULTFOR - Prêmio manoel Oliveira Paiva; Historietas de Bitupitá (no prelo). É membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará - ALMECE; prêmio Destaque do ano de 2018, concedido pela Associação de Agropecuária Comércio Indústria Serviços e Turismo – AACIST pelo seu desempenho cultural no estado do Ceará; recebeu o Selo de Reconhecimento da Academia de Letras Juvenal Galeno. Participou de dois Documentários e nove filmes, entre eles: “Dizem que os Cães Veem Coisas”, “Visita ao Filho” e “As Corujas” pelo qual recebeu o prêmio de Melhor Filme no Festival de Cinema Cearense e Tiradentes, do Estado de Minas Gerais,”, baseados nas obras do respeitado e lendário professor e contista cearense, José Maria Moreira Campos. Ele compôs e registrou 10 músicas gospel e musicou o poema de Valquiria Imperiano Lágrimas Negras. Artes Plásticas – produção de mais de 100 telas (técnica óleo sobre tela) nos últimos cinco anos, com várias exposições. Destaque 98

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As ondas ainda hoje parecem vibrar. As mensagens de otimismo trocadas por eles durante as 24 horas de aflição, ecoam. A aventura iniciou num caminho imaginário em Bitupitá, na praia do Arrombado, onde se deu o naufrágio, e terminou numa praia da cidade de Barra Grande, no estado do Piauí. A maioria tinha idade avançada. Apenas Kêza destoava dos demais. Era con- siderado o caçula da turma. Todos os dias, fazendo chuva ou sol, eles saíam para pescar. Na madrugada de terça-feira, saíram quando ainda estava escuro. Não havia outras pessoas na praia. De vez em quando, soprava uma rajada de vento, descolorin- do a calmaria do horizonte. Nesse dia, o vento apresentava-se diferente. Estava muito forte, ao ponto de chamar a atenção de Damázio, o mais experiente da turma. Teve um momento, que ele pensou em desistir, mas achou melhor compartilhar com o grupo sua apreensão: de que poderia surgir a qualquer momento um aguaceiro (chuva mis- turada com vento). Embora apreensivos, a maioria resolveu seguir em frente. A canoa que iam navegar estava na beira da praia, presa por um fio de corda à uma fatecha, um tipo de âncora artesanal que ficava no fundo do mar. A canoa era feita de madeira, tamanho médio. Damázio correu os olhos por toda sua extremidade. A preocupação, com o tempo chuvoso, o fez redobrar as atenções com a segurança da tripulação. Após


o embarque, saíram margeando a praia, sob o comando do mestre Antônio Le- ôncio, até o Arrombado, onde se realizaria a pescaria. Em alto mar, as preocupações de Damázio tornavam-se mais previsíveis todas às vezes que uma formação de chuva se apresentava no horizonte. E não demorou muito. A tempestade desabou. O que era para chover num mês, choveu em poucos minutos. Não se enxergava um palmo à frente. Era água demais, dava a impressão que a canoa ia afundar a qualquer momen- to. E não deu outra, em questão de segundos a canoa desapareceu nas profundezas do mar. Impossibilitados de alcançarem à praia, em virtude de uma forte correnteza, deixaram-se levar pela força das águas. O objetivo era economizar o máximo de ener- gia. Viraram-se de barriga para cima e tentaram se manter, assim, sem exigir muito esforço, utilizando-se, apenas, da experiência de muitos anos de profissão. Já era noite. Dentro do mar, os cinco amigos seguiram nadando com calma, acompanhan- do a correnteza. No silêncio, parecia haver um vago eco de suas vozes de autoajuda, tremilicando com o balanço das ondas. A esperança deles, naquele momento, era encontrar uma embarcação que por ali passasse. Mas a cada minuto, essa vontade transformava-se numa vaga esperança. Parecia que todos os pescadores haviam su- mido. Restava somente a chegada da madrugada trazendo a barra do dia. Damázio nadava na frente, com Raimundo Dias e Kêza. Zé Pedro e Antônio Leôncio, um pouco atrás. A noite era escura. Havia um sossego de tristeza. Aqui e acolá, Damázio erguia a cabeça e num olhar panorâmico confirmava a presença de todos, pedindo a Deus que expulsasse todos os tubarões dali. Na véspera, ouviram uma notícia estarrecedo- ra: a presença de um tubarão “jaguara”, com suas sete carreiras de dentes pontiagu- dos, passeando nessa praia. Num desses momentos, ao olhar para trás, Damázio pressentiu a falta dos dois companheiros, Antônio Leôncio e Zé Pedro. Gritou, atrás de alguma resposta, mas não obteve nenhum resultado. Aguardaram alguns minutos. A gaivota da madru- gada (pássaro maritmo) passou sobre eles, avisando-os com seu cântico, que não poderiam demorar, ali, pois era um local muito perigoso: o encontro do Rio Timonha com o mar. O experiente pescador conhecia esse lugar muito bem. As ondas cresciam como rochedos, chicoteando com o vento o que encontrassem pela frente. Avisados por Damázio, os três resolveram acelerar o nado no exato momento em que uma onda gigante se aproximou, por um momento tiveram a sensação que a onda ia desabar sobre eles. Os três mer-

gulharam e a onda passou por cima. - Tchuááááááá. De madrugada, após 15 horas, nadando mar a dentro, sentiram que se afastavam cada vez mais para longe da praia. As forças dos músculos esgotavam-se a cada braçada. A respiração já não era a mesma. Era curta e ofegante. As ondas imensas os sacodiam distantes. Os corpos cansados negavam qualquer esforço. Em determinado momento, Damázio reparou que os dois amigos estavam ficando para trás. Sentiu em seu coração que estava chegando o momento de salvar um deles, mas qual? Os dois eram seus melhores amigos. Pediu a Deus que resolvesse aqui- lo, porque era humanamente impossivel transportar os dois até o seco. Mas não foi preciso decidir, a decisão já havia sido tomada por Raimundo Dias com a justificativa de que seus filhos estavam criados e os do Kêza, não. Damázio era o único dos três que se apresentava melhores condições físicas. Era considerado um exímio nadador, qualidade que o tornou conhecido como “o homem peixe”. Quando Damazio ia para os currais, dispensava as canoas. Adorava nadar ao lado delas. E assim, foi feita a vontade do amigo. Damázio transportou Kêza nas costas até a praia da Barra Grande, onde ficaram aguardando a chegada de socorro. Nomes dos heróis. Falecidos: Raimundo Dias (Marreca) Antônio Leôncio Zé Pedro Sobreviventes: Damázio; Kêza

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LUCIENE AGUIAR é escritora, professora de Língua Portuguesa, mestra em Linguística, participa de diversas antologias e é autora de dois livros de Literatura e Lexicologia.

Luciene Aguiar

Honra ao Mérito prosa no 4° Concurso Cultive de Literatura Sobre e sob Anjos

ser, ocorre em função de um tempo, no qual a ética, os valores morais, a família, o respeito, a fé, tudo isso tem ficado em terceiro plano, por se fazer valer mais o que seja individual, numa tremenda febre narcisista, do que seja coletivo ou, no mínimo, divisível. Mesmo em tempos pandêmicos como os que estamos vivenciando, desde o início de 2020, poucas atitudes angélicas se têm presenciado; vivemos um tempo em que se eclodem essências as quais demonstram o materialismo como o centro de interesse de tantas pessoas. Por mais sofridos que estejamos no mundo inteiro, com vidas sendo ceifadas pela Covid- 19 pela pandemia que se alastra, pouco se tem aprendido sobre a função do ser humano na experiência Humana. A maldade e a ambição são os focos principais na atuação espiritual de muita gente que deveria executar o papel do protetor. Políticos são exemplos claros dessa questão indiscutível agora. Contudo, nesse contexto, perceber o que, de fato, faz parte do divino, aquilo que é angelical, tem sido uma oportunidade que, além de nos ligar aos céus, nos eleva à paz contínua. Isso ocorre em virtude da sensação que de nós se aproxima, a cada dia, do quão frágil somos nesse movimento vital, carnal e humano.

Este poderia ser mais um texto - clichê, com pretensões de alastrar ata- ques histéricos maternos que visam à promoção dos filhos como os melhores, únicos e diferentes, como se os outros filhos, de outras mães, não o fossem também. Não! Não se intencionam lugares comuns para falar de anjos, sejam os daqui, sejam os de acolá; sejam os meus; sejam os seus. É sobre e sob anjos, que por mim são ampara- dos e, consequentemente, me amparam, que venho falar. E há quem diga que anjos não existem! Claro que existem! Eles estão dentro de nós e, através dos nossos filhos, ou não, em forma de gente, outros anjos Foi nesse ritmo que pude observar melhor os meus anjos são despertados. mais concretos; aqueles visíveis, tocáveis, que Deus nos A primeira inspiração que me faz eleger os anjos da min- envia. Dois anjos lindos, incomuns são colo- cados em ha vida, os quais despertam o que há de melhor em meu minha vida e eles me fazem perceber mais alma do que 100

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carne.

Todas as noites, junto aos meus anjos, em pensamento ou fisicamente, trans- bordo de prazer ao homenagear o Há duas Marias. Uma Luz-Clara, a outra, não menos cla- tema que nos une na oração que sucede às nossas bênra, Luz-Eduarda, minhas luzes em forma de gente. Brin- çãos e que, em coro, de geração a geração, dizemos asco de Ser com elas que passam a ser “eles”, os sim: “Santo Anjo do Se- nhor, meu zeloso guardador, se a Ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me meus anjos. E, quando o faço, é sempre com a intenção guarde, me ilumine, amém!” de lhes mostrar quão grata sou por me terem devolvido à vida, embora discutamos sempre que o contrário é que é a verdade. Rimos muito dessa indagação do “quem nasceu primeiro?” É nesse episódio materno que eu me esbarro para definir o foco da minha maior curiosidade que é o que seja, de fato, o amor, porque, até então, nada me havia ocorrido que me fizesse entender esse abstrato tão profundo que há no todo de um ser. Nessa dire- ção de pensamento, digo-me anjo, também, porque, ao sentir-me animada a proteger e a guardar, numa simbiose, sinto-me, também, protegida e guardada por um amor infindo. Tenho continuamente uma sensação de acolhimento sob dois pares de gran- des e alvas asas, nas quais me mantenho segura e sou visivelmente colocada em funcionamento quando necessito limitar os meus desejos puramente pessoais a uma dimensão que me permita a divisão. Do contrário, nada valerá a pena. Dentro do meu ser e do meu estar, antes desse encontro, não havia espaço nem tempo para aquies- cer alguém mais em minha vida. E estava assim decidido: serei eu! O mundo é meu e eu o ganharei! – Dizia a mim mesma! De algum lugar muito especial, Deus preparava os meus dois anjos e me unia mais e mais a outro anjo sem o qual o reencontro não seria possível. Ele me fez entender que o amor é absolutamente um pedido de Deus atendido para as nossas vidas e, se assim é, será para sempre e muito profundo. Como Deus nos fala, através dos seus anjos terrestres, cada vez que en- contrei um a um deles, eu descobri que a possibilidade de me tornar um, na vida de alguém, era parte da minha missão na terra. Foi, então, que descobri, definitivamente, o significado da palavra Amor. E é sobre esses anjos que eu me debruço para percorrer a linha que dá sen- tido à minha vida, essa estada tão ligeira, sempre tentando alinhar à do outro. Assim, é possível perceber que, quando eu permito que o anjo que mora dentro de mim aja, atue a favor do outro, mais anjos se replicam em meu entorno para dar vida à minha vida. E, por falar em anjos, eu preciso sempre agradecer aos que, por exemplo, me inspiram a chegar até aqui, transformando o ato de escrever, para mim, em prazer e alegria que somente dos céus, através do divino, é que se poderia conceber algo assim. Revue Cultive - Genève

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Cláudia Leocádio

Honra ao Mérito prosa no 4° Concurso Cultive de Literatura Da Fúria Ao Afeto Épreciso uma ação benfazeja em meio ao caos. Quão letárgico é a indisposição para se fazer o melhor. Em tempos de desertos emocionais, existenciais ou até mesmo circunstan- ciais, a presença de um amigo anjo se manifesta em várias roupagens. Sua presença é uma intervenção que abranda o coração e a alma. Quando esCLÁUDIA LEOCÁDIO é cearense Arte terapeuta tamos abertos a per- ceber sua presença e escuta, aí então Waldorf, Analista Socioambiental, mestranda em se manifesta a aceitação, a mansidão acontece de repente. Gestão e Auditoria Ambiental, mãe do Pedro e avó Após nosso sim, tudo serena, acalma. Coisa de anjo! do Bernardo e da Ester, três luzes inspiradoras. Reside em Sete Lagoas, Minas Gerais há 20 anos. Entre Temos um anjo que nos acompanha, permanece firme as montanhas de Minas realiza trabalhos e intervém nas ao nosso lado, avan- ça, segue sempre adiante. Observidas de pessoas desprovidas do mínimos sociais. Trazer va nossos passos, nossos atos e nos orienta. Mas com a e fazer alegria em vidas envoltas de faltas. Idealizadora autossuficiência que impera em nós, deixamos de lado a cultural do Grupo Folclórico Ciranda dos Pequis, um orientação espiritual que nos foi dada tão gentilmente. Projeto Social realizado com crianças, adolescentes e idosos de um bairro periférico chamado Jardim do Pe- “Porque o Senhor deu uma ordem aos seus anjos para em quis, lugar de extrema vulnerabilida- de social.Para uma todos os teus caminhos te guardarem!” (Salmo 90 (91)). boa e agradável vida com saúde as incansáveis subida à Essa graça é esquecida constantemente. Logo, fazemos o Serra de Santa Helena e a natação fazem parte do coti- que queremos do nosso jeito, e, enfim, tudo desmorona. diano. Lá em cima ou debaixo d’agua as ideias brotam. A Quando se esquece de mudar o olhar em direção ao muvida segue lentamen- te com inspirações e intervenções ndo, reina então a vulnerabi- lidade anímica. A alma em socioculturais.No município de Horizonte no estado do dor costuma reagir erroneamente. Ceará, criou em novembro/2020, a Associação dos Moradores do Bairro Alto Estrela, a ideia é implantar proje- E, se o mundo agride, a resposta imediata é acordar a tos culturais tendo o folclore como base. A arte terapia fúria. E na sua onda não há contemplação, não há entrefez uma diferença infinda na vida profissional, o canto, ga, nem tampouco confiança. Há de fato, a falta do afeto. a flauta, o conto, as cantigas de roda e o folclore faz o A ausência do belo e do ato de ceder. contraponto do trabalho. A música foi sempre inspiração, herança paterna. Inspirada também em Rudolf Stei- Mas o afeto invade, chega. Ah! Quando ele chega, rener, Cláudia Leocádio abranda a alma humana com suas vestido de sabedoria, de calmaria, paciência, mansidão, artes e cores e agrega alegria. tudo é paz, é entrega, é força vital manifestada. Para experimentar a passagem nessa ponte estreita é preciso uma boa dose de sabedoria, uma dose expressiva de humildade e silêncio, sim, de silêncio. Medite a tua fúria e a controla, através da respiração. Ao meditar, busca a melhor cena e muda a direção do teu 102

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olhar. Busque o afeto. É uma escolha, é preciso ser guerreiro de um bom combate. Na fúria se vê fogo, no afeto se vê flores. Qual será a escolha? Vivemos em um mundo regado e bombardeado de fúria, cotidianamente, pelas ondas externas que nos tira da cena do bem fazer. É preciso força para retomar o caminho. É luta infinda, então veste, pois, tua melhor armadura e escolhe a ferramenta. O afeto. O exercício diário é manter a capacidade criativa e curadora de buscar novos encantos, no que não é perceptível de imediato aos olhos. Vem, larga a fúria e alarga o afeto. Regue a tua ação com o amor e a tua vulnerabilidade como meio de mudança. Observe que a ação afetuosa não depende de maturidade, pois se assim fosse as crianças teriam tamanho afeto? Seja criança e viva na companhia do teu anjo, pois é ele quem te ajuda na travessia da ponte. O berço do afeto é o amor, não há comando, pois “o que fazemos com amor sempre se consome além do bem e do mal”- dizia Nietzche. Isso dito, ao atravessar a ponte e escolher nos tornamos mais leves, na fúria reina a tristeza e a vingança, já nas margens do afeto encontra-se a complacência, a leveza, o toque da graça de existir. Em estado de graça somos mais felizes.

CLÁUDIA LEOCÁDIO é cearense Arte terapeuta Waldorf, Analista Socioambiental, mestranda em Gestão e Auditoria Ambiental, mãe do Pedro e avó do Bernardo e da Ester, três luzes inspiradoras. Reside em Sete Lagoas, Minas Gerais há 20 anos. Entre as montanhas de Minas realiza trabalhos e intervém nas vidas de pessoas desprovidas do mínimos sociais. Trazer e fazer alegria em vidas envoltas de faltas. Idealizadora cultural do Grupo Folclórico Ciranda dos Pequis, um Projeto Social realizado com crianças, adolescentes e idosos de um bairro periférico chamado Jardim do Pequis, lugar de extrema vulnerabilida- de social.Para uma boa e agradável vida com saúde as incansáveis subida à Serra de Santa Helena e a natação fazem parte do cotidiano. Lá em cima ou debaixo d’agua as ideias brotam. A vida segue lentamente com inspirações e intervenções socioculturais.No município de Horizonte no estado do Ceará, criou em novembro/2020, a Associação dos Moradores do Bairro Alto Estrela, a ideia é implantar projetos culturais tendo o folclore como base. A arte terapia fez uma diferença infinda na vida profissional, o canto, a flauta, o conto, as cantigas de roda e o folclore faz o contraponto do trabalho. A música foi sempre inspiração, herança paterna. Inspirada também em Rudolf Steiner, Cláudia Leocádio abranda a alma humana com suas artes e cores e agrega alegria.

A bandeira deve ser a da paz, a iniciativa de gigante, a mudança de atitude de fato é o grande condutor da sabedoria, façamos isso e nos tornaremos melhores, é preciso uma mudança de atitude. O exercício do afeto não é tarefa fácil, mas necessá- rio para fazer a diferença. Venha, me mostre o seu anjo, escolha um novo olhar, uma nova maneira de consolidar a marcha na travessia da ponte. O convite é diário. A coragem é agir com o coração e tocar a alma endurecida do nosso próximo. A capacidade de resistir a que- brar barreiras às vezes nos impede. Mas somos mais que o nosso furor, somos puro afeto. É preciso exercitar. A mudança de paradigma faz a roda Girar. O que antes era impossibilidade de renovo, acontece enfim, após uma ação reflexiva, analisadas as inúmeras verten- tes sob a ótica dos anjos amigos. Então o anjo tocou em mim e tudo mudou!!!!

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A Comendadora Dra. Honoris Causa, MARIA JOSÉ PERY NEGRÃO SANTOS DE PIEMONTE DO PARAGUAÇU (Zezé Negrão) é coautora em 45 Antologias a nível nacional e internacional. Autora do Livro bilíngue infantojuvenil A menina que falava com o beija- flor (The girl who talked to the hummingbird), lançado no 32o Salão Internacional do Livro em Genebra Suíça em 2018, teve trabalhos em artes plásticas expostos no Louvre em Paris - França, Canning House London-UK Inglaterra, El Museo Poeta Javier de La Rosa em Villa de Agaete - Ilhas Canarias - Espanha. Bacharel em Teologia, mestranda em psicanálise, terapeuta naturalista, artista plástica, escritora e pesquisadora. Participação 51 antologias. 6 em idiomas estrangeiros.

Maria José Negrão

Há centenas de anos alguns filósofos e teólogos afirmaram a existência dos anjos bem antes do início da criação, colocando na história das civilizações a sua presença notória. Nas tradições religiosas algumas religiões, que influenciaram várias culturas em tempos posteriores aos nossos, os anjos eram às vezes considerados di- vinos e outras vezes fenômenos naturais. Eram seres que faziam boas ações em favor das pessoas ou eram as próprias pessoas que praticavam o bem. Na visão mitológica - os assírios e os gregos deram asas a alguns desses seres semidivinos. Hermes tinha “asas nos calcanhares “, Eros, “o espírito voador do amor apaixonado”, tinha asas afixadas aos ombros. Já os romanos em um tom divertido Falando Sobre Os Anjos inventaram o Cupido “o deus do amor erótico” retratado como um garoto brincalhão que atirava as flechas Nas histórias das religiões seculares e na arqueologia invisíveis para encorajar os romances. Platão cerca de mostram que, em quase todas as culturas ao redor do (427-347 a.C.) também falava de “anjos da guarda”. As globo terrestre, aceitam a existência de seres sobrenatu- Escrituras Hebraicas atribuem nomes somente em dois Anjos: Gabriel, que iluminou o entendimento de Daniel rais. (Dn 9.21-27) e o Arcanjo Miguel, o protetor de Israel (Dn

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12.1). Nos primeiros séculos depois de Cristo, os pais da igreja pouco disseram a respeito dos anjos. A maior parte de sua atenção era dedicada a outros assuntos referentes à natureza de Cristo. Mesmo assim, todos eles acreditavam na existência dos anjos. Já em 400 d.C., Jerônimo (347-420 d.C.) acreditava que os anjos da guarda eram dados aos seres humanos quando do nascimento destes. Em seguida vieram outros filósofos com diversas teorias. Destas épocas anteriores a nossa, a que descreveu os anjos foi o Renascen- tismo onde os artistas representavam-nos como “figuras varonis”, crianças tocando harpas e trombetas, bem diferentes de Miguel e o Arcanjo Gabriel. Alguns exageravam nos péssimos gosto como cupidinhos além do peso normal, dando entender que esta- va com o colesterol elevado, vestidos com poucas roupas. Estrategicamente coloca- das, estas criaturas eram frequentemente usadas como frisos artísticos.

o livro de Coríntios 13.1- 13 “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse amor, seria como o metal que soa como o sino que tine. Muitos outros nos acercam com fatos verídicos existencial ao nosso ver. A palavra de Deus é a única fonte de informação que merece a nossa confiança, é nela que asseguramos as respostas sobre as nossas perguntas. Sabemos que os anjos são seres superiores à raça humana, são chamados de Exércitos Celestiais.

Seguindo os estudos sobre a Angeologia através da Teologia, encontramos citações Angelológicas 108 vezes no Antigo Testamento e 165 vezes no Novo Testa- mento, essas passagens do Livro Sagrado (a Bíblia) confirmam com mais veracidades as presenças deles junto a nós como representantes do mundo celestial e mensagei- ros de Deus. Se olharmos os conteúdos escritos há milhares de anos, observamos que em vários eventos especiais eles O Cristianismo Medieval assimilou a massa de especula- estão vinculados como por ex: a concepção de Cristo Mt ções e, como con-sequência começou a incluir a adora- ( 1.20-21), Seu nascimento (Lc 2.10-12, Sua ressurreição ção aos anjos em suas liturgias, levando o Papa Clemente (Mt 28,5,7) Sua Ascensão e estamos aguardando a Sua X (1670-1676 d.C.) a decretar uma festa em homenagem Segunda Vinda (At 1.11) . aos anjos. Já no Cristianismo Reformado continuou a ensinar que anjos ajudam o povo de Deus. João Calvino Na Segunda Vinda do Nosso Salvador, os Anjos apare(1509-1564 d.C.) acreditava que os anjos são despensei- cerão tocando as setes trombetas que vibrarão as senros e administradores da beneficência de Deus para sibilidades de todos aqueles que estiverem em uma só conosco e Martinho Lutero (1483-1546 d.C.) em “Con- sintonias no globo terrestre. Ele abrasará as almas e os versas a Mesa” falou em termos semelhantes. espíritos perpetualizados, que durante as suas estadias no plano material e espiritual, deram ênfase nos propóTemos um referencial muito usado no meio litúrgico, sitos de sua criação, assim sendo, retornaremos a nossa forma original, assessorados pe- los Anjos Celestiais!

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ANTOLOGIA Era uma Vez um Anjo lançamento no Salão du Livre de Genèvedo 28/outubro ao 01/novembro 2020

1 ° lugar - poesia no 4° Concurso Cultive de Literatura Doce Presença # Reverbera

Era um tempo desnudo de passado, presente ou futuro. Na varanda suspensa no tempo que não se via Uma saudade feroz do que já não é invade a alma confinada Tal alma não foi talhada para observar Pois está desconectada de uma passividade imposta Ela, como maneira de resistência, fez promessa a Deus Acreditou no milagre da força da manhã E a doce presença tocou a vida nessa aurora iluminada pela fé E ela viu o botão abrir-se em flor Viu a lagarta metamorfosear -se E virar borboleta pelo ar Viu a máscara cair A porta abrir O grito ecoar “Liberdade” Abraçou o futuro Curou-se de si Mergulhando no NOVO... Onde a vida não se faz mais em supérfluo Nem em pálida pressa E frias distâncias JACQUELINE ASSUNÇÃO é Ou “acasos” fletidos uma servidora de carreira da Assembleia Legislativa A vida amanheceu vestida de uma pele translúcida Diado Estado do Ceará Brasil. Ela é a criadora do proje- logando com a vestimenta da luz to Biblioterapia aplicado na Asslace - Associação dos Hoje, o dezessete de abril de dois mil e vinte amanheceu Servidores da As- sembleia Legislativa do Ceará des- em mim... REVERBERA!!! de 2017. Amante da leitura, graduada em Artes Visuais, em Teologia e filosofia. Poeta e artista plástica. Ela é Delegué Internacional Cultive.

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Os Astros Dos Hospitais ( homenagem aos profissionais da saúde) Hospital é um palco aberto Onde o cenário é incerto Onde as cenas são reais Onde a dor não é fingida Onde na luta pela vida, Entram os astros dos hospitais. II São médicos, técnicos, dentistas, Enfermeiros, laboratoristas Fisioterapeutas, fonos, que tal Anjos, que sabem ler olhares, De quem a dor reservou lugares Na grande plateia de um hospital. III Parecem seres oniscientes Cuidando de tantos pacientes Em seus diversos plantões. Não têm hora e tempo certo A quem precisa estão perto Pra acalmar os corações. IV

2 ° lugar - poesia no 4° Concurso Cultive de Literatura EDENICE FRAGA é natural de Florianópolis-SC. Ela é Tenente-coronel da reserva da polícia militar, palestrante e apresentadora de tv. Possui dois livros solo publicados e participação em várias coletâne- as, cd, sites e revistas. Faz parte da Academia de Letras dos Militares estaduais de Santa Catarina, da ANACLA, FEBACLA e do GRUPO DE POETAS LIVRES. Atua no meio literário como poetisa, contista e declamadora.

No palco real que encenam Muitas vezes contracenam Com tão invisível inimigo. Que veio em um corpo doente Uma bactéria, um vírus ingente, Que fez de um ser o seu abrigo. V Sim, no palco em que encenam Muitas vezes contracenam Com o perigo em sobreaviso. São gladiadores na arena São heróis que entram em cena Com remédio, atenção e sorriso. VI Cada astro é então divino É alguém que quis o destino, Fazer da saúde sua vocação. A todos deixo o meu aplauso, Saio de cena, oro e pauso, ... Deixando a minha gratidão. VII Ah! Astros da missão divina, Antes que feche a cortina Nesse palco da vida real, Saibam que os anjos celestes Vestem as suas mesmas vestes, E estão na equipe do hospital!

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ANTOLOGIA Era uma Vez um Anjo lançamento no Salão du Livre de Genèvedo 28/outubro ao 01/novembro 2020

Honra ao Mérito - prosa no 4° Concurso Cultive de Literatura Afago Na Dor

ELOAH WESTPHALEN NASCHENWENG - Professora graduada, curso superior em Tecnologia em Au- tomação de Serviços Executivos. funcionária pública aposentada. É membro do Grupo de Poetas Livres/ Florianópolis; membro fundador do Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Portugal, embaixadora da Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture, membro da ALB seccional Suiça, da LITERARTE; diretora Institucional da Academia de Letras de Palhoça/SC, Diretora Cultural da Academia de Letras de São José/SC e tesoureira da Academia Desterrense de Literatura. Vários livros publicados.

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Na intranquila solidão que rege o tempo, no entremeio do drama que fez da vida, espera... aprisionada a soluçar, a alma vazia chora. Sente o afago da dor que chega a toda hora e vai crescendo perdida, desprotegida e desesperançada. O mundo doente se curva diante do invisível e as vozes humanas, sem sentido, se perdem. Vidas suspensas, cidades no caos, ruas desertas; sem homens, sem mulheres, sem crianças, nem bolas e nem flores. A tristeza navega à deriva, numa tela nua, pincelada com um mar de fúria em noite de tempestade. Disfarçados, os pensamentos voam soltos entre lágrimas, saudades, ânsia e angústia profunda e densa. As casas são abrigos, as janelas olhos para o mundo; O mundo parece parar, mas não para! O relógio continua a marcar implacável às horas. A humanidade marginalizada se enfurece, mas o coração não embrutece. Existem pessoas que são Anjos! reflexo da bondade que permeia o coração solidário. Estendem suas mãos, acolhem, apoiam, ajudam, transformam e doam esperança. Como um milagre esperado, Claro lume, apazigua o coração de quem precisa. Deus sempre estará presente na alma e na força de um Anjo! Creia!


ANTOLOGIA Era uma Vez um Anjo lançamento no Salão du Livre de Genèvedo 28/outubro ao 01/novembro 2020

Honra ao Mérito prosa no 4° Concurso Cultive de Literatura Anjos Em Nós

Quando pensamos no amor As estrelas desse Universo imenso Iluminam nossos corações Com a luz infinita Do amor Do perdão E da caridade Caminhando assim... Nossos anjos Nos protegem Nos intuem Entramos em sintonia Com o Divino em nós Nossos anjos são Nosso elo de evolução Nossa segurança Nossa paz! Se conseguirmos ser amor IRISLENE MORATO CASTELO BRANCO, CirurConseguiremos ser Anjos! giã-Dentista Especialista e Mestre em Odontologia pe- las PUC e UFMG. Escritora e poeta, Membro efetivo de diversas academias nacionais e internacionais. Participou de mais de quarenta antologias. Quatro livros solos, dois infantis bilingues português / inglês, 2019/2020. Presidente Coordenadora da AJEB - MG, Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, Coordenadoria Minas Gerais, 2018/2020. Organizadora da Coletânea da AJEB-MG, “O Nu da Palavra - Prosa e Verso”, O Feminino através do Tempo, 2020. Membro Internacional Cultive.

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MEYRE APARECIDA PINTO BARBOSA, nascida em Mandaguari - PR Brasil, 51 anos, mãe, divorciada, iniciou sua carreira como professora de Língua Portuguesa, Literatura e Redação há 27 anos, pós-graduada em Didática do Ensino Superior. Sua primeira obra como escritora, “Ela em 3 gêneros”, foi publicada, em novembro de 2019, pela FLIM – Feira Literária Internacional de Maringá. Hoje, revisora de material didático de graduação e pós-graduação – EAD da Unicesumar, realiza atividade freelance de revisão textual de livros, jornais, revistas e trabalhos acadêmicos. Ama livros, ama a literatura, ler e escrever.

3 ° lugar - poesia no 4° Concurso Cultive de Literatura Sempre Uma Vez Um Anjo Dos mistérios que a vida apresenta, ruflando asas, em pensamento, fico a divagar: Que sentido tem a palavra Anjo, se tantas são as manifestações? De algumas delas você também já ouviu falar. No Cristianismo, são mensageiros; No Judaísmo, são o elo transmissor entre o homem e o Criador; No Budismo, são seres brilhantes; No Islamismo, são bons e são maus; No Espiritismo, são seres perfeitos e mensageiros; Na Teosofia, reino da criação Divina; Na hierarquia celestial, são Serafins, Querubins e Tronos; Na tatuagem, são representações de fé, pureza e proteção; Na descrição de criança, são sinônimos de calmaria, serenidade; Na oração, o guardador que rege, governa e ilumina; Na literatura, são as Marias, as Valquírias a nos fazer brilhar; Na novela, manifestação do mal. Entre os homens: Anjos da noite Anjo sem asas Anjos do bem Anjos do lar Anjos do mal Anjo da guarda Anjos de luz Anjos do asfalto Anjo de mulher Anjos resgate Sempre uma vez um anjo! 110

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Elieder Corrêa da Silva Anjo Protetor

Honra ao Mérito prosa no 4° Concurso Cultive de Literatura ELIEDER CORREA DA SILVA é brasileira, residente em Curitiba, PR; graduada em Letras Anglo Portuguesa, com cursos em Oficina da Palavra, Oficina da Poesia, História da Arte, Gravuras, Artes Plásticas; tem dois livros publicados de poesias e dois com contos infantis e, participação em várias antologias. Está associada ao Centro Paranaense Feminino de Cultura, ao Coletivo Marianas e ao Centro de Letras do Paraná, neste atua como secretaria.

ELIEDER CORREA DA SILVA é brasileira, residente em Curitiba, PR; graduada em Letras Anglo Portuguesa, com cursos em Oficina da Palavra, Oficina da Poesia, História da Arte, Gravuras, Artes Plásticas; tem dois livros publicados de poesias e dois com contos infantis e, participação em várias antologias. Está associada ao Centro Paranaense Feminino de Cultura, ao Coletivo Marianas e ao Centro de Letras do Paraná, neste atua como secretaria. Damabiah, Damabiah! Ei-lo; noite e dia à porta. Não fala, não pede, não manda; apenas sorri. O sorriso? Ah, o sorriso! O sorriso ilumina, esparge aroma do Paraíso. Intrigada, perguntei-lhe. _ Que fazes aqui? Foi então que vi o jardim florir, ouvi os pássaros cantarem, vi outros migrarem... Vi meus filhos brincando, crescendo e se construindo. Damabiah esteve ali noite e dia... Sentiu angústias e dores, viveu comigo a felicidade cotidiana, alegrou-se com as alegrias. Hoje ele falou ao me estender a mão. - Venha, cumprimos nossa missão.

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Estante Cultive

Angeli Rose (Delégué RJ)

É escritora, pesquisadora, carioca, geminiana, é cultivadora, delegué RJ, Ph.D. em Educação (UFRJ), Educadora para a Paz, terapeuta holística (UNIPAZ e CIT-RJ);recentemente foi agraciada com o título de Embaixadora da Paz pela OMDDH; é membro de diversas associações e academia; idealizadora e coordenadora do “Coletivo Mulheres Artistas”; colunista do Jornal Clarín Brasil (digital),entre diversas outras atividades que exerce, sempre no campo cultural. Autora, entre outros, de Biografia Não autorizada de uma Mulher pancada. angeliroseescritora@gmail.com

ESTANTE CULTIVE “A linguagem nomeia o mundo e é parte construtora da realidade. É por meio da linguagem que se constroem imagens de terras e povos” Nesta coluna trimestral, voltamos este mês com a resenha crítica do livro de uma de nossas cultivadoras do Rio de Janeiro (Br), Prof.Dra. Luciana Marino Nascimento, que atua na pesquisa e na docência universitária na Faculdade de Letras da centenária Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mês passado, estreia da coluna, nos dedicamos a comentar um livro de poemas, mas este mês apostamos num livro que transita entre o ensaístico e o didático e muito será útil para aqueles e aquelas que desejam atualizar-se na historiografia literária brasileira. Principalmente, para brasileiros e brasilianistas que vivem no exterior será de grande valia investir numa leitura atenta de Vozes Consonantes da Cultura Literária Brasileira. A Origem. O volume lançado em 2020, o primeiro de uma série, conforme noticiou a coautora em entrevista (2021), foi escrito em parceria com o Prof. João Carlos de Souza Ribeiro, docente da Universidade Federal do Acre e conta com 148 páginas apenas. Embora seja um compêndio de tamanho reduzido em número de páginas, se considerarmos o assunto vasto de que trata a iniciação, ora didática, ora ensaística, das reflexões propostas e a condensação das complexidades envolvidas a cada capítulo,pode-se dizer que o livro cumpre muito bem um de seus propósitos: apresentar um panorama sob olhar crítico de pesquisadores e professores sobre a historiografia e a cultura literárias. 112

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Os autores estruturaram o trabalho em duas grandes unidades que tematizam e desenvolvem dois eixos fundamentais nos estudos de Literatura e Cultura Brasileiras, também disciplinas fundadoras dos estudos no campo das Letras. São eles: a terra recém-descoberta que foi interpretada à luz do tema do Éden, o Novo Eldorado, a “Terra Brasilis”; e o tema da Identidade Nacional que carrega junto a especulação sobre uma cultura local. Vários autores elaboraram estudos sobre a “visão do paraíso”, tanto reafirmando tal percepção, como desconstruindo essa representação para o Brasil e a cultura brasileira. Então, por que valeria insistir numa leitura sobre uma questão tão discutida? Primeiro pela inesgotabilidade dos estudos sobre as representações atribuídas ao Brasil, à cultura brasileira e mais especificamente à literatura brasileira. Segundo, porque uma boa formação consistente nos estudos introdutórios sobre Cultura Brasileira e a historiografia literária exigem olhares diversos e atualizações. Os dois professores e pesquisadores fazem muito bem tal empreitada ao incluírem no volume a cada tópico tratado a seção “Atividade”. Assim, o leitor ,ou a leitora, encontrarão em cada “unidade” uma apresentação crítica do tema em questão, alguns textos de


fonte documental e de referência sobre o assunto ,fragmentos de textos teóricos de outros autores e especialistas estudiosos do tema e por fim a atividade relativa ao assunto. As seções trazem diagramação diferenciada, o que confere certo dinamismo à experiência de leitura, alimentada pelo rigor com que tratam a proposta do livro.

histórico, literário e jornalístico, sem com isso perderem o rigor necessário para a empresa do livro. A “Unidade I” dedica pouco mais da metade de “Vozes Consonantes” às questões relacionadas ao “Deslumbramento na Terra Brasilis, ao “Mundo Novo”, aos “Primeiros Cronistas-viajantes estrangeiros” e oferece ao leitor(e à leitora) trechos de comentários do jornalista Eduardo Bueno, por exemplo, o que para alguns historiadores poderia ser motivo para se torcer o nariz. Entretanto, o vigor do discurso de Bueno renova o olhar sobre esse material documental e histórico em certa medida. Os autores de “Vozes Consonantes” souberam compreender a pegada desse hoje pesquisador, ensaísta e escritor, como é Eduardo Bueno; do mesmo modo que compreenderam a importância de Alfredo Bosi na organização da cultura literária. Aqueles que acham estarem em pontos opostos, tais referências, podem ter a grata surpresa ao perceberem o quanto a erudição pode estar acessível sem tornar-se a dama opressora dos estudos da historiografia literária. E como conclusão, a leitura desta unidade brinda a subjetividade leitora com um poema de Oswald de Andrade sobre o bicho Preguiça na “Festa da raça” e com trecho da narrativa de Jean Lery. E quem foi tal personalidade? Ah! Certamente o leitor lembrará da expedição do Almirante Villegagnon de 1557,ponto obrigatório de estudos em algum momento da Educação Básica. Então, a referência utilizada pelos autores de “Vozes Consonantes” é um dos componentes dessa expedição que acompanhou a lidernça.

Nesse sentido, a epígrafe que escolhemos para esta resenha e para traduzir e condensar o espírito que move o desenvolvimento dos aspectos abordados no livro dá a ver o quanto o conhecimento da Linguística Crítica perpassa as análises apresentadas. Além do que se pode nomear como “clássicos” desse tipo de estudo, por exemplo, as cartas de viajantes estrangeiros, precedidas pela carta fundadora de Pero Vaz de Caminha e excertos de Sérgio Buarque de Hollanda,autor de “Visões do Paraíso”, o trabalho apresenta, tanto pela seleção compendiada, como pelos textos de abertura dos tópicos, uma percepção crítica apoiada em autores hoje fundamentais nos estudos literários e historiográficos. A atualização das abordagens inclui Michael Bakhtin, Tzvetan Todorov, Walter Benjamin, entre outros, tendo na Linguística e na Filosofia da linguagem um aparato relevante que constitui a consistência dada às discussões. Nesse sentido, noções caras a alguns desses autores citados, como “dialogismo”, “origem”, “relato”, estão forjando um subsolo dos textos autorais que mostram o labor dos professores-pesquisadores e escritores que como intelectuais têm uma visão bastante singular dos vetores e fatores que têm convergido para a construção da cultura brasileira e para a organização da historiografia literária. Todavia, o leitor, ou a leitora, podem estranhar que o aparato das imagens na função ilustrativa,principalVale comentar que para o não especialista, o livro tam- mente, no livro não corresponda em qualidade ao texto bém é objeto de interesse, tanto pela linguagem utiliza- apresentado. De fato, as reproduções em preto e branco da, escorreita, porém, sem afetações, como também pela deixam um pouco a desejar em relação às referências orileveza com que as cartas e as apresentações de textos ginais, como também em relação à nitidez, mas o volume jornalísticos de época carregam as informações rigoro- de fato não investe nesse aspecto, porque, acredito que a samente selecionadas, de maneira que o tom conversa- carestia do livro no Brasil ainda seja um impedimento cional, por vezes, pode tomar conta do leitor, ao se depa- para termos edições mais harmonizadas entre imagem rar em pensamento com interrogações do tipo: - Como e texto. E a finalidade do livro também fica clara que é não havia posto tal olhar sobre isso? Ou: - Acho que não predominantemente discorrer com criticidade sobre os li José de Alencar ou Machado de Assis com tais ele- diálogos até então estabelecidos sobre a cultura literária. mentos... Perguntas assim não surgem somente na sala Contudo, não é nada que desmereça a leitura do livro. de aula das universidades em formações iniciais, mas também em debates densos que as pós-graduações são Há muitos méritos no volume, mas, dentre eles, vale cicapazes de provocar, estando muito distantes da “balbúr- tar que “Vozes Consonantes” procura valorizar o diálogo dia” que alguns desavisados possam imaginar. A cultura entre vozes, ora consonantes, ora dissonantes da cultura literária dos autores, professores João Carlos (UFAC) e literária que foi sendo forjada no transcurso da história Luciana Nascimento (UFRJ), vai se evidenciando à me- do Brasil. Se é possível se deparar com Pero Vaz de Cadida que discorrem sobre esse objeto de estudos ,a cultu- minha, Oswald de Andrade, Murilo Mendes, por exemra literária, num cruzamento de discursos filosófico, plo, tematizando a história e elementos constituidores da Revue Cultive - Genève

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nossa história em seus textos, o que seria consonante até certo ponto; é possível também encontrar a dissonância com que tais vozes líricas ou não abordam os mesmos elementos ao serem transformados em objeto de suas poéticas. Na “Unidade II”, sem ter esgotado a primeira, podemos explorar o vigor do livro ao apresentar um Brasil Imperial, através de imagens traçadas nas obras de José de Alencar e de Machado de Assis. Sem quererem dar conta de todas as obras desses autores de referência, os professores-pesquisadores, João Carlos e Luciana Nascimento, levam-nos pelas novas “trilhas” sugeridas no Império que vislumbram transformações e mudanças que posteriormente desembocarão na cidade do Rio de Janeiro como ponto capital de mudanças e planos para certo mimetismo instalado a fim de fazer a capital do Império uma réplica de Paris, Londres, por exemplo. No entanto, nessa “Unidade” é interessante destacar que Roland Barthes surge como um pressuposto teórico que empreende força e potência ao trabalho apresentado no livro. A certa altura, ao tratar da ficção de José Alencar e em Alencar, dos autores lê-se: “O contrato da ficcionalidade, estabelecido como um momento de um mundo possível, aceito em relação à construção da obra não exige uma ruptura com a realidade extratextual e acaba por remeter ao mundo real.”(pp 112). Deste modo, não só estudantes ou curiosos serão beneficiados com “Vozes consonantes da Cultura Literária Brasileira. A Origem”, mas também escritores que precisam se aprimorar e se atualizar para além de ler literatura, claro! E as questões discursivas propostas em cada “atividade” ao final dos tópicos podem passar a constar como reflexões que personagens certamente fariam sobre este ou aquele episódio de nossa história, ou de nossa literatura. E tal dica não vem desacompanhada, há no livro a preocupação de encaminhar o leitor a outros textos que estão redimensionando a cultura literária, através de releituras de episódios históricos e de personalidades brasileiras nos diversos vínculos estabelecidos. A historiadora Lilian Schwarcz é uma das indicações de leitura que podem dar sustância ao leitor que se inicia. E não param por aí, saber que o rigor estabelecido como linha mestra de construção do livro inclui Eric Hobsbawm, Roberto da Matta, Marilena Chauí, Alcmeno Bastos, além dos periódicos como documentos de época, é apostar numa leitura necessária para compreender não só a cultura literária constituída até aqui, mas é preparar-se para melhor compreender o Brasil de agora e sua literatura, que aliás, vai muito bem obrigada!

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ESTANTE CULTIVE fica por aqui desejando boas leituras e a indicação de “Vozes Consonantes da Cultura Literária Brasileira. A Origem”, editora Telha, disponível para compra no site da editora e na Amazon.com, entre outras livrarias. A doutora em Teoria e História Literária pela UNICAMP Luciana Nascimento, também autora de literatura (Manual da Mulher Pós-Moderna),,cultivadora do Rio de Janeiro, honra a afiliação a que se propôs na Associação Cultive ao tomar parte como coautora dessa aventura narrativa e didática que é mais este livro em sua biografia, com a parceria luxuosa do crítico literário, ensaísta e também professor doutor em Ciência da Literatura e PhD em Poética (UFRJ), João Carlos de Souza Ribeiro. Angeli Rose é professora, pesquisadora, escritora e ativista cultural e feminista. Cultivadora, delegué do Rio de Janeiro, também coordena o Coletivo Mulheres Artistas(CMA) que idealizou e hoje promove em sistema de cogestão, além de ser articuladora do coletivo cultural Mulherio das Letras Portugal no Brasil,como também é colunista do Jornal Clarín Brasil e pertencer a várias agremiações de Letras, Artes e Ciências, pelas quais tem obtido reconhecimento com títulos honoríficos e premiações,como o de Embaixadora da Paz (OMDDH). É autora de Biografia não autorizada de uma mulher pancada, entre outros. E possui coautoria em diversas antologias nacionais e internacionais,principalmente, do cenário lusófono. Há alguns anos pauta suas ações em prol do direito à literatura e à arte e para além do direito. @angeliroseescritora


intercâmbio salutar para praticar a literatura. O interessante disso tudo é que a gente percebe, às vezes e em alguns lugares, uma certa rivalidade entre os poetas e os prosadores. Frise-se, aqui, que poetas e prosadores são escritores, todos. Independente do gênero que praticam. Só que, não raro, um escritor pode enveredar por vários gêneros. Pode produzir poesia e pode produzir, também, algum outro gênero literário dentro da prosa, como conto, crônica ou romance. E então pode acontecer de um grupo de escritores que só pratica a poesia, não admitir em seu rol algum escritor que pratica só a prosa. Ou vice-versa, um grupo de praticantes de gêneros de prosa achar que não devem admitir um adepto da poesia.

POETA É ESCRITOR! Por Luiz Carlos Amorim Escritor, jornalista, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completou 41 anos em 2021. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Já fomos testemunha desse tipo de situação e achamos singular, para não dizer lamentável. Já ouvimos até coisas do tipo: “você não é poeta, você é escritor”. E o contrário também: “Você não é escritor, você é poeta”.

Chamamos mais uma vez a atenção para um detalhe importante: independentemente do gênero praticado, todos são escritores. Seja o gênero escolhido crônica, poesia, conto, romance, ensaio, etc., quem os escreve é escritor. Quem escreve é escritor. Como já dissemos, há muitos gêneros dentro da literatura. Ser escritor é pratiProdutor de prosa e produtor de poesia: por que chama- car um desses gêneros, inclusive a poesia. mos quem escreve prosa de escritor e quem escreve poesia de poeta, como se poeta não fosse escritor? É bom re- Então não há como fazer diferença, querer separar quem fletirmos sobre o assunto, pois há um tanto de equívoco, escreve poesia e quem escreve prosa. Temos, sim, é que para alguns, quanto ao assunto, infelizmente. Primeiro, nos apoiar. Somos nós, os escritores, que mais falamos de é bom lembrar que quem escreve conto é contista, quem literatura. Então, é importante que nos unamos a nossos escreve crónica e cronista, quem escrever romance é ro- pares, pois eles poderão divulgar a nossa obra e cada um mancista, quem escreve arquivos é articulista, quem es- de nós poderá fazer o mesmo em relação aos colegas. creve ensaios e ensaísta, quem escreve poesia é poeta, e por aí afora. Mas todos são escritores. Não importa de que gênero seja a nossa lavra. Se escrevemos, somos escritores e temos que divulgar a literatura Considera-se que escritor é aquele que escreveu pelo me- como um todo, para promover o incentivo pela leitura e nos uma obra de qualquer gênero, desde a literária até a valorizar as letras brasileiras. científica. Há quem diga que é preciso que a obra precisa estar publicada. Até pouco tempo atrás, dir-se-ia publicada em livro, mas hoje há outras mídias, há a internet, o e-book, então,,, há muitas maneiras de escoar o que produzimos. Escrever é um ato solitário. Mas é natural, para alguns, o escritor tentar se aproximar de outros escritores. Além das academias literárias e dos grupos e associações literários, existe a amizade entre alguns escritores, que aproveitam a proximidade para trocar impressões sobre a obra de um e de outro, trocar conselhos, sugestões, um Revue Cultive - Genève

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a cultura brasileira, do modo como fez nos Ciclos de Debates do Teatro Casa Grande. Não bastasse, o autor campinense era também empresário de teatro no Rio de Janeiro, onde chegou pela primeira vez para participar de um encontro sobre cultura popular e educação na véspera da tomada do poder pelos militares. Esse fato fortuito foi, talvez, decisivo na carreira profissional do então jovem homem de teatro e radialista, que já fazia um programa de sucesso na Rádio Tabajara da Paraíba, Rodízio. Surpreendido pelas mudanças na política brasileira, foi ficando no Rio e dessa maneira tornando permanente aquilo que era apenas transitório. Juntou-se ao grupo remanescente do antigo Centro Popular de Cultura, o CPC,e daí, ao lado de Oduvaldo Viana Filho, o Vianinha, do poeta maranhense Ferreira Gullar, de João das Neves, de Armando Costa e de tantos outros, fundou o grupo Opinião, que fez a sua estreia em dezembro de 1964 com o show do mesmo nome. E já esse primeiro trabalho proPaulo Vieira fissional no Rio de Janeiro foi marcante para a música brasileira por diversos motivos, entre eles por reunir artistas de caráter e formação tão diversas quanto Zé Kéti (a voz do morro), João do Vale (migrante maranhense) e Nara Leão (musa da Bossa Nova zona sul do Rio); além disso, o show Opinião inovou na técnica de apresentação de espetáculos musicais, atribuindo certa teatralidade aos cantores que agiam como atores, representando papéis, falando textos, afirmando uma opinião, coisa tão PAULO PONTES necessária para aquele momento, e ainda mais necessária UM HOMEM DE MUITAS PALAVRAS (e perigosa, politicamente falando) se tornaria nos anos subsequentes. Depois, em janeiro de 1965, Nara Leão foi por: Paulo Vieira substituída por uma moça desconhecida, trazida espeAtor, Dramaturgo com diversos textos escritos e pre- cialmente de Salvador, por sua vez já migrando de Santo miados, Diretor de Teatro, Doutor em Teatro pela Uni- Amaro da Purificação, na Bahia, e que faria retumbante versidade de São Paulo, escreveu e publicou o livro Paulo sucesso cantando Carcará, Maria Bethânia. Pontes: A arte das coisas sabidas, que foi a sua dissertaSomente em 1968 Paulo Pontes voltou à Paraíba. E aí ção de mestrado. escreveu, produziu e dirigiu o espetáculo Paraí-bê-a-bá, Durante a década de setenta, em plena vigência dos go- por sua vez enorme sucesso de público e de crítica, esvernos militares, Paulo Pontes foi um dos homens mais trelado pelos saudosos atores Ednaldo do Egypto e Lucy importantes do país, e isto não apenas em relação ao Camelo. Não demorou muito essa volta para casa, logo teatro, mas, sobretudo, em relação à cultura brasileira. logo ele partia outra vez retornando ao Rio, agora para O autor de Doutor Fausto da Silva era aquilo que hoje se trabalhar na equipe de criação da TV Tupi, para onde poderia chamar um multimídia: homem de televisão, de levou o amigo Vianinha, selando dessa forma uma parrádio, de educação (foi militante do movimento de edu- ceria que depois se estenderia à Rede Globo de Televisão, cação da Ceplar, inspirado nas ideias de Paulo Freire), e onde eles criariam no início da década de setenta um também um homem de teatro. Paulo Pontes era não ape- programa de enorme sucesso, A grande família. Mas foi nas um talento único, mas era também um líder nato, ca- na TV Tupi que Paulo Pontes conheceu a atriz Bibi Ferpaz de reunir a inteligência brasileira, de Chico Buarque reira, com quem se casou, quando ele produzia o prograa Antônio Calado, em torno de um projeto para discutir ma Bibi, série especial. 116

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Paulo Pontes A ARTE DAS COISAS SABIDAS

Em todos os seus trabalhos, fosse no rádio, na televisão ou no teatro, Paulo Pontes tinha como preocupação basilar buscar o público, escrever para um numeroso público, encontrar no cotidiano das pessoas comuns os temas e as matérias para a sua criação estética. Esta sua busca culminou com o enorme sucesso do seu último trabalho, Gota D’Água, em 1975, a partir de uma ideia desenvolvida inicialmente por Vianinha num caso especial, Medeia, apresentado pela Rede Globo de Televisão, com Fernanda Montenegro no papel-título.

Nos anos setenta o teatro brasileiro, atormentado pela censura política que proibia frequentemente os artistas de apresentarem os seus espetáculos, tendeu, uma parte, para o desespero, a desesperança, e, com isso, para a agressão ao público. Uma outra parte, a que tinha Paulo Pontes entre os seus líderes, chamava a atenção para o contrário: o público não era o inimigo, não podia e não devia ser agredido; devia, antes isso, ser conquistado, ser um aliado do teatro, do artista brasileiro, do autor que Paulo Vieira Paulo Pontes queria tanto ver sempre no palco, lá onde é o seu lugar. E foi aí que a enorme liderança do autor paraibano se fez sentir, quando juntou artistas e intelectuais, quando propôs a razão contra o furor do que agrediam a própria plateia, quando lutou pela liberdade de criação, contra a censura, qualquer que fosse, contra o amesquinhamento das relações que separam as pessoas, Todavia, foi no ano de 1971 que Paulo Pontes deu início os amantes, os amigos, juntando forças para gritar em verdadeiramente a sua vertiginosa e estonteantemente uníssono pela liberdade que tardava chegar, liberta e aí curta carreira de autor teatral, quando escreveu o texto serás também, do modo como dizia o trocadilho com o Um edifício chamado 200, como o qual ganhou no ano lema da bandeira mineira. seguinte, em São Paulo, o prêmio de Autor Revelação. Daí em diante sua carreira de dramaturgo só conheceu Em dezembro de 1976, no dia 27, Paulo Pontes morsucesso. Em 1972 viriam os textos Check-up, no qual reu vítima de câncer no Hospital Samaritano, no Rio investiga a condição de um paciente hospitalar, ele que de Janeiro. Tinha apego à vida, não queria morrer, tindesde muito já conhecia a rotina de hospitais. Doutor ha planos ainda por realizar, queria comunicar tudo o Fausto da Silva, em que o autor se volta para o temerário que queria, e talvez por isso não tenha parado de falar sucesso de um apresentador de televisão, quando dar a um instante enquanto agonizava as suas últimas horas. conhecer esse Fausto brasileiro e contemporâneo, capaz Morreu deixando como herança para o teatro brasileiro de realizar os atos mais amorais do mundo para manter uma de suas mais preciosas joias dramatúrgicas. A Gota o Ibope. d’Água. E qualquer desatenção, faça não.

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da poesia concreta, em alemão, divulgou o concretismo em 1950. Os pais do concretismo no Brasil foram os irmãos Haroldo e Augusto Campos, Décio Pignatari e José Lino Grunewald, em 1958. O brasileiro Öyvind Fahiström (1928-1976) foi o autor do Manifesto para a poesia concreta em 1953 é considerado um dos fundadores e foi o divulgador na Suécia. Outros autores considerados foram os portugueses E.M. de Melo e Castro, Salette Tavares e os brasileiros Arnaldo Antunes e Paulo Leminski (1944-1989). O concretismo valoriza fundamentalmente dos aspectos geométricos à arte, recorre às disponibilidades gráficas que as palavras possuem sem se preocupar com começo, meio e fim, o que o torna conhecido como poema-objeto. O lançamento oficial do Concretismo brasileiro ocorreu em 1956 na Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Os eventos vanguardistas das artes visuais e da poesia concreta apreAnely Guimarães Santos sentaram as obras de Décio Pignatari, Cesar Oiticica, os irmãos Haroldo e Augusto Campos e Ferreira Gullar que (Kalil Guimarães) inovou escrevendo seu poema em placas de madeira. GULLAR CARACTERÍSTICAS DO CONCRETISMO As principais características eram: -Experimentação formal ou estrutural E NEOCONCRETISMO -Quebra radical do lirismo -Defesa do poema objeto José de Ribamar Ferreira, nasceu em São Luís, em -Ressignificação do espaço em branco da página 10.09.1930. A partir dos 13 anos começou a escrever -Disposição não linear dos vocábulos poesias. Aos 18 anos passou a assinar como Ferreira Gu-Autonomia estética llar e publicou seu primeiro livro de poesias “Um Pouco -Exploração da metalinguagem Acima do Chão”. Envolveu-se com a arte concreta que precedeu o movimento concretista na literatura que despontou no início do século XX, no ano de 1930, quando o holandês Theo van Dousburg (1883-1931) publicou o Manifesto da Arte Concreta tendo com características linguagem autônoma, geometrismo, simplicidade, interregionalismo, metalinguagem (obra referente a si própria), defesa da especificidade de cada movimento artístico, entre outros. O concretismo foi um movimento que surgiu na Europa em 1950 ocorrendo nas artes plásticas, na música e na poesia. Os precursores foram: na poesia Vladimir Maiakovski, nas artes plásticas Max Bill, na música Pierre Scheffer.

O movimento extinguiu dos versos a sintaxe do discurso e enfatizou a organização visual do texto criando uma linguagem, excluindo forma e conteúdo. Tendo como características a eliminação de verso, o aproveitamento do espaço em branco da página à disposição das palavras, exploração dos aspectos sonoros, visuais e semânticos e uso do neologismo e estrangeirismos. A comunicação era realizada através do visual sendo a forma de expressão de todas as poesias concretas.

Em 1959, Gullar se afastou do grupo paulista e com Ligia Clark e Hélio Oiticica criaram o neoconcretismo, valorizando a expressão da subjetividade, opondo-se ao concretismo ortodoxo. Alguns artistas publicaram o A poesia concreta nasceu no Brasil, na Suíça e na Suécia, Manifesto Neoconcreto, rompendo com o concretismo. entretanto as características básicas foram fundamenta- Entre eles o poeta maranhense Ferreira Gullar, cuja nova das no Brasil. Eugen Groningen considerado o fundador estética era: 118

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Arte interativa participativa Poema não objeto: só se realiza ao ser lido Expressionismo: em oposição a objetividade Poesia temporal: contraria à universalidade do concreto A diferença entre o Concretismo e o Neoconcreto é a interação entre a obra e o receptor, associada a expressão do artista. Por exemplo os livros de Ferreira Gullar em que o sentido da obra vai se construindo à medida que o leitor passa as páginas.

Seu grito definitivo de liberdade estética deu-se com o poema “Poética”. “Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário com livro de ponto [expediente protocolo e manifestações de apreço Ao senhor diretor] Filiou-se ao modernismo, mas produziu poemas concretistas como; dever de ver tudoverde tudonegro verdenegro muito verde -------------------------------------------muito negro

Em 1960, Gullar se afastou do grupo passou a produzir uma poesia engajada, envolvendo-se com Centros Populares de Cultura. Na mesma época se envolveu com outros poetas e músicos do movimento juntamente com Paulo Leminski voltaram-se para temas sociais surgindo várias tendencias das quais adveio o neoconcretismo que trouxe uma norma de escrever, conforme determinada Há de se ressaltar que a poesia concreta nasceu sob o na obra de Ferreira Gullar e Reynaldo Jardim. signo da ruptura e da negação vanguardista, estando, Para os neoconcretistas, a arte é o objeto na sua sensibi- pois, predisposta às críticas e aos embates com alguns lidade, expressividade e subjetividade. Acreditam que a setores da sociedade especialmente dos adeptos da criaarte não é só a criatividade do artista ela, também, en- ção poética dominante, à época. Diga-se, pois, que os poetas concretistas estavam conscientes de que produvolve o observador. zir poesia de vanguarda expunha-os a envolverem-se O grande líder do neoconcretismo foi Ferreira Gullar inapelavelmente nas questões do contexto nacional e do que por intermédio da sua poesia renovou os meios internacional. Destaque-se, também, a articulação que a artísticos tradicionais como pintura, escultura e gravu- poesia concreta estabelece em âmbito internacional, na ra, combinados com a poesia, arquitetura, teatro, dança, dimensão da linguagem “transnacional”, dizendo-se que confecção de livros e promovendo interdisciplinaridade a transnacionalidade da linguagem poética não requer, da poesia no campo da arte. Ferreira Gullar é na verdade necessariamente, tradução linguística formal, mas a ino vanguardista do neoconcretismo. terdependência da linguagem, do autor, do receptor, da estética e da mensagem. Primeira fase de Gullar; girafa farol gira sol faro girassol Poemas Neoconcreto mar azul mar azul marco azul mar azul marco azul barco azul arco azul mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul Convém destacar que no Brasil, Manoel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1886-1968), brasileiro, pernambucano, poeta, professor, tradutor, crítico literário e de arte. Pertenceu a 2ª geração (1930-1945), passando pela 3ª geração ou pós-modernismo (1945-1978). Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1940, na qual recebeu menção especial com “Poesias Completas”. Revue Cultive - Genève

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Ao participar desta mesa redonda, escolhi um tema dedicado ao meu patrono José Ribamar Reis, o mentor da Maranhensidade que mais tarde iremos falar. No dia 14 de dezembro de 2018 tive a honra de ser eleito para ocupar a cadeira de número 40, patroneada por José Ribamar Sousa dos Reis, maranhense, nascido em 22 de março de 1947, filho de Antonio Sebastião dos Reis e de Rosy Sousa dos Reis. José Ribamar Sousa dos Reis começou seus estudos em Codó, fazendo seu curso primário no Colégio João Ribeiro, pois seus pais residiam naquela cidade. Em São Primeiramente quero agradecer a confreira Diler- Luís, estudou nos colégios Maristas e Liceu Maranhense cy pelo convite para participar, e ao mesmo tempo e formou-se em Ciências Econômicas na Universidade parabenizar e agradecer ao comitê de organização Federal do Maranhão em 1973. Na época, a profissão de nas pessoas de Eluciana Iris, Gabriela Lopes, Hupo- economista era incipiente no Maranhão, sendo o setor mone Vilanova, Leci Queiroz, Maria Inês Botelho, público o natural campo de trabalho, seu primeiro cargo Paulo Bretas, Valquiria Imperiano. foi como presidente no Ipei órgão integrante da Secretaria Estadual de Planejamento. Sou Roberto Franklin, tenho 66 anos, me descobri para a literatura há uns 6 anos atrás, incentivado por Mais tarde, Reis voltou seu interesse às pesquisas sobre meu irmão mais velho Tomaz. Iniciei minha estrada li- nosso folclore, constituindo-se em seu maior incentivaterária pela poesia, passei minha vida estudando matéria dor e pesquisador. sempre da área médica, assim ao me descobri, senti a necessidade de enveredar por caminhos ainda tão distante. Morou em Recife e, como Coordenador regional da Com o decorrer dos tempos arrisquei a prosa, escreven- Fundação Joaquim Nabuco do Ministério da Educação do crônicas na maioria das vezes memorialistas, e contos e cultura, adquiriu uma infinidade de recursos literários com uma alta dose de lirismo e muito sentimento. Sou para produzir suas importantes obras no ramo socioecopoeta, cronista e contista além de cirurgião-dentista, ou nômico, em particular a respeito da cultura maranhense. vice-versa – porque a poesia, feliz ou infelizmente, anda quase sempre montada nessa dupla jornada do pão diário Observando nossas peculiaridades, ensejando apontar –, temos o direito de usufruí-la e de criá-la, de fazê-la saberes e fazeres próprios de nossa identidade, e mosvoar através das janelas que se vão abrindo no possível. trando-se preocupado com o nosso engrandecimento, Desta forma não poderia jamais de agradecer o incentivo José Ribamar Sousa dos Reis, idealizou a tão aclamada de duas pessoas muito importantes e queridas, primei- "MARANHENSIDADE", a qual consistia em caracteriramente, meus eternos agradecimentos (in memoriam) zar um modo de ser, de viver e de fazer que constitui a você, meu irmão, que muito me incentivou com suas a cultura dos maranhenses, e que, segundo ele, seria palavras, estou falando do meu amado irmão Tomaz de sempre a defesa das nossas coisas e nossa gente. Aquino Falcão Braga, de quem sinto muito a falta. “Entendemos que MARANHENSIDADE é uma simOutro ilustre maranhense, poeta a quem jamais poderia bologia, característica intrínseca, um dever de todo o deixar de agradecer, o poeta Fernando Braga (primo do cidadão natural do Estado do Maranhão deve ter, ou meu irmão), por todos os incentivos e falas, corrigin- seja, é acima de tudo a valorização, preservação, divuldo-me, acrescentando-me sobre o que deveria escrever gação das coisas e da gente maranhense. É um louvor ou não escrever... Obrigado, meu primo por afinidade. a nossa cultura de raiz! Não deixa de ser um fortíssimo Tenho a formação na área médica e, neste sentido, devo desdobramento da brasilidade para o Brasil-Maranhão reconhecer certas dificuldades em relação às questões e dentre os demais 'brasis'”, dizia ele: Diga-se, de passagem, valores literários, mas a vida é um eterno aprendizado que esse termo, MARANHENSIDADE, chegou a ser utie neste sentido além de muitas informações dirigidas lizado como bandeira da própria Secretaria de Estado da passei a estudar e tentar conhecer os segredos da escrita, Cultura do Maranhão, anos depois. hoje arisco-me na poesia, contos e crônicas. 120

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Em meados de 1999, ele escreveu uma coluna no Jornal de nossa amada São Luís intitulada, A TRINCHEIRA DA MARANHENSIDADE, através da qual ele promoveu nosso folclore, festas e a nossa tão rica culinária. Reis sempre foi um amante da nossa cultura, pouco escreveu ‘a respeito de nossa história. Em 2001, escreveu "São José de Ribamar: a cidade, o santo e sua gente", um livro sobre a história de São José de Ribamar, a cidade seu povo e o Santo padroeiro do Maranhão. Nesse livro ele tenta afirmar que a cidade é o santo e o Santo é a cidade, por conseguinte, a cidade não viveria sem o Santo e o Santo não viveria sem a cidade Reis falava que a Maranhensidade seria sempre a defesa das nossas coisas e nossa gente´´.

ro do maracá de ouro do Mestre Luís Danavo. - Praia Grande, Cenários: históricos, turísticos e sentimentais. Neste, Reis descreve a beleza da Praia Grande como sendo o maior museu a céu aberto das Américas. Descreve suas ruas, praças, becos, casarios, o aspecto da azulejaria, assim como seus atrativos na culináriae no artesanato maranhense.

- ZBM: O reino encantado da boêmia, no qual José de Ribamar Sousa dos Reis fala da ascensão e queda de um bairro símbolo da diversão de uma geração; fala de suas casas e boates, das meninas que vinham para São Luis e naquele bairro, encontravam a maneira de viver. Fala de seus ilustres frequentadores e das donas dos cabarés ali Dentre as inúmeras crônicas escritas na coluna Trinchei- existentes. ra da Maranhensidade, podemos destacar a coluna publicada em 13 de outubro de 2009, na qual Reis destaca - São João em São Luís, o maior atrativo turístico-cultural o Título recebido por São Luis como CAPITAL BRA- do Maranhão: faz um passeio pela maior manifestação SILEIRA DA CULTURA. popular do nosso folclore, disserta a respeito dos nossos santos no mês de junho, de nossa culinária, nossas brinConforme já anunciei, José de Ribamar Sousa dos Reis cadeiras, nossos principais arraiais e, principalmente, faz ocupou diversos cargos públicos, de relevância para a um passeio a respeito do nosso amado bumba-meu-boi gestão pública e para a cultura do estado, sendo os prin- e nossas quadrilhas. cipais: - Coordenador Geral e Diretor-Presidente do Instituto Todos estes livros foram publicados e tiveram a tiragem de Pesquisas Econômicas e Sociais do Maranhão – IPES; esgotada. Além deles existem outros concluídos e ainda - Representante no Maranhão e Coordenador Regional não publicados, a exemplo de outro, tais como: do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais do - Da Casa das Tulhas à Feira da Praia Grande, Recife; - A Verdadeira História de Catarina Mina, - Secretário Executivo Adjunto da Fundação Cultural do - Madre Deus; São Pantaleão, e outros. Maranhão; Membro do Instituto Histórico e geográfico do MaPor outro lado, esse distinguido patrono foi historiador, ranhão, ocupou a cadeira de número 56, patroneada por pesquisador, escritor, jornalista, descendente de nomes Jerônimo José Viveiros. ilustres das letras maranhenses como Sotero dos Reis, Trajano e Maria Firmina, a primeira romancista ma- José Ribamar Sousa dos Reis deixou também uma vasta ranhense e patrona da nossa Academia. obra na poesia e na prosa. Na poesia, destacamos o livro Marcas, Verdade e Esperança, Lance de Rumo, Recital Reis deixou uma vasta obra na literatura e economia. Es- Poético e Flor Mulher, obra principal no seguimento creveu várias obras em exaltação à cidade na qual pas- da poesia. Neste livro, “Flor Mulher”, encontramos uma sou sua infância. Escreveu a novela inédita: Terreiro do dedicatória que resume todo o amor que o autor sentia, Riacho “Água Fria”, e a obra Sertão de Minha Terra – a quando dizia: “Às poucas e grandes mulheres da minha saga das quebradeiras de coco de Codó, além de obras vida (as minhas Marias); revelar seus nomes seria trair como Newton Pavão, mestre das artes. Sempre preocu- os segredos do amor; cada uma que sinta no coração as pado com o que poderia acontecer com nossa cultura, suas próprias e verdadeiras rimas”. Destacamos também escreveu a série Memória da Cidade, na qual podemos o poema FLOR MULHER que dá o título ao livro. destacaras seguintes obras: Em sua poesia, o poeta nos traz um mundo refinado, - João Chiador, meio século de cantoria –este livro foi como digno representante do nosso modernismo, mas elaborado a pedido do João Chiador por ocasião dos de feição humana, sensível aos problemas do homem. seus cinquenta anos de carreira –, João Chiador, herdeiRevue Cultive - Genève

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Como jornalista, tem centenas de artigos e crônicas publicadas nos jornais do Maranhão. No Jornal Pequeno, assinava uma coluna no Caderno JP – Turismo, como já falamos, intitulada Trincheira da MARANHENSIDADE. Foi também colaborador diário no Jornal O Estado do Maranhão, falando de economia por um ano. Reis participou também de inúmeras palestras, debates, seminários e simpósios no Maranhão em outros estados e até em outros países. José Ribamar Sousa dos Reis escrevia também a respeito de economia, mas o amor pelo seu Maranhão, o amor pelas tradições folclóricas era tanto que deixou uma vasta obra neste tema. O folclore era para ele uma necessidade, escreveu em 1984 o livro Folclore Maranhense – Informes, no qual manifestava sua preocupação com as mudanças que ocorreram no Maranhão principalmente na sua amada São Luís. Esse livro, de caráter exclusivamente informativo, descreve o nosso tão rico folclore aos que visitam São Luís, assim também para futuras gerações de maranhenses. Quer o autor que este livro a respeito da cultura popular maranhense seja ponto de partida para debates e pesquisas para outros, pois assim vem suprir uma carência de informações a respeito desse assunto. Encoraja-nos, já naquela época, que nós ma-

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ranhense façamos uma corrente de união para preservar nosso folclore tão rico e tão esquecido. E como defensor da Maranhensidade, esta simbologia maior de autoestima dos Maranhenses, deixou um legado para a cultura popular do Maranhão, e defendendo implacavelmente a cultura da nossa amada São Luis. Em 08 de Dezembro de 2010, às 16 horas, São Luis, sua literatura, sua arte e seu folclore perdiam um dos seus maiores incentivadores, perdiam um verdadeiro tutor. José Ribamar Sousa dos Reis confidenciava aos seus filhos que, se algum dia quisessem lembrar dele, que o fizessem ouvindo a música “Meu Velho”, de Altemar Dutra, por achar que seria lembrado logo no início através do verso “É um bom tipo meu velho”. Afirmo que, ao pesquisar a obra e a vida de José Ribamar Sousa dos Reis, surgiu uma grande afinidade entre mim e o meu patrono, ao perceber também esse amor deixado por Reis, por São Luis e sua gente, pela cidade e seu folclore, suas ruas, casarões e sobrados, sentimentos que são iguais aos que sempre senti, e pelos quais sempre lutei nesta vida.


Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1945: Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas as outras com espírito de fraternidade. A Lei 9.459, de 1997, considera crime a prática de crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou precedência nacional e se for discriminação religiosa este crime é inafiançável, isto é, o acusado não pode pagar fiança para responder em liberdade e é imprescritível, o que significa, que o acusado pode ser punido a qualquer tempo.

Matilde Carone Slaibi Conti

Nasceu em Visconde do Rio Branco, Minas Gerais. Doutora em Ciências Jurídicas e Sociais pela UMSA, Buenos Aires, Pós Doutora pela mesma Universidade. Professora Titular de Direito Processual Civil, da Universidade Salgado de Oliveira, Universo. Professora conferencista da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e da Escola de Magistratura Federal. Psicanalista pela Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil e Especialista em Psicossomática pela Universidade Federal Fluminense.

Imigração. Intolerância. Xenofobia.

A ideia que temos acerca do brasileiro é que ele antes de tudo, um homem cordial mas isto está contradizendo com a realidade que vivemos. Estudos feitos têm demonstrado que o Brasil e os brasileiros mudaram muito. Aquele ideal de um país que acolhe bem seus imigrantes não parece mais tão claro. Hoje, se não for europeu ou norte-americano, o imigrante, sofre um grande preconceito. Chegam até nós, testemunhas de comentários racistas, cheios de ódio, intolerância e preconceito em relação aos imigrantes latino-americanos, asiáticos e, principalmente, africanos. Aqui, temos assistido a muitas manifestações de xenofobia, ódio, e preconceito. Nós sabemos que quando a imigração chega a um ponto de, digamos, 8% ou 9% da população, em todos os países do mundo, começam a surgir reações por parte de certa faixa da população.

O tema que nos propomos a desenvolver neste estudo é vasto, delicado, mas se vislumbra bastante interessante. A nossa proposta tem na realidade uma visão transdisciplinar, mas sem nenhuma intenção de criar uma nova Há um pessoal que começa a se sentir ameaçado e passa a corrente de pensamento. questionar se o imigrante não vai trazer doença, ou se vai aumentar o desemprego, a violência e a criminalidade. É urgente a necessidade neste momento de forte histori- Isso é lamentável e incompreensível, pois, historicacidade, onde campeia o individualismo exacerbado, que, mente, como todos sabemos, o Brasil deve muito a força as instituições desempenhem seu papel de formadora de de trabalho dos seus imigrantes. profissionais com responsabilidade e moral elevada, lançando sobre o outro, um olhar individuado, lembrando Os imigrantes devem ser acolhidos, dar o asilo nos casos sempre, que o outro é um ser social ativo, histórico, ple- necessários e para os que fogem da miséria ou de muno de cidadania e sujeito de direitos e deveres. danças climáticas, mais do que nunca, é necessário acolhê-los. É uma questão moral, ética, justa e humanitária. Esperamos que este estudo possa trazer outros conhe- Pior ainda, quando esta imigração é feita à força, no caso cimentos sobre a matéria e principalmente para aque- da escravidão, ou por causa da guerra. les que são os educadores responsáveis pela construção de uma sociedade digna e orgulhosa de seus valores, O sucesso de um imigrante, em seu destino, depende de baseados na ética, na solidariedade, na compreensão e sua emigrabilidade. Assim a adaptabilidade a ambientes sempre em busca da paz e da dignidade humana. e situações estranhas à sua experiência prévia, exige uma Revue Cultive - Genève

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força interna superior às pressões externas que permi- Não deviam ser assim. tam, através do aumento da resiliência, transformar-se em direção a uma saudável integração que viabilize a sua Parece que Belfast e Beiruth são mesmo aqui, pois além da perseguição implacável a praticantes dos credos, de aculturação a uma nova sociedade. matriz africana, por fieis e pastores de igrejas neopenteObservou-se que os imigrantes, que foram mais rapi- costais, a violência também espreita e fere quem professa damente bem sucedidos em encontrar no seu destino, a fé muçulmana, em especial as mulheres. o seu lar, usaram alguns suportes simbólicos relevantes. Eles possuíam uma vitrine de recordações; uma sala de Esses são crimes às vezes diferentes na contundência, história para reforçar as origens; um livro ou a Bíblia, mas são irmãos na crueldade. com registros dos principais acontecimentos da vida, reuniões e rituais de testemunho. Precisa-se refletir sobre tudo o que está acontecendo. Os refugiados da Síria e da Venezuela estão chegando. Esses imigrantes estruturados e psicologicamente po- Deve-se criar uma Justiça Restaurativa, com o fim de restentes, ou mesmo empoderados ou em grupos, tiveram taurar as emoções entre as partes, a exemplo do que fez papel importante na defesa dos direitos humanos e na Desmond Tuttu, no fim do apartheid, na África do Sul. direção à construção de uma sociedade mais aberta e Devemos lembrar que a cara do Brasil não é monomais justa, livre de preconceitos e discriminação. cromática, não é branca. A cara do Brasil é a diversidade. O fundamentalismo doentio de alguns, alimentando Mas também não podemos esquecer que perseguições, uma xenofobia exacerbada visa barrar na marra a marprisões e até mortes de adeptos das religiões de matriz cha civilizatória e o direito universal à liberdade. africana ou outros, eram frequentes no Brasil do século XIX. Vale a pena recordar aqui o artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos do Homem: “Toda a pessoa sujeita a Tudo um absurdo! perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países”. Mas suas perseguições eram escoradas na letra do artigo 157, do primeiro Código Penal republicano, de 1890, Respeitar as diversidades e as diferenças deve ser nossa que proibia “praticar o espiritismo, a magia e seus sor- obrigação, e denunciar os abusos, nossa responsabilitilégios, usar de talismãs e cartomancias para despertar dade! sentimentos de ódio e amor, inculcar a cura de moléstias curáveis e incuráveis, enfim para fascinar e subjugar a O Brasil tem de dar uma resposta condizente com seus credulidade pública”. valores fundados em humanismo, na solidariedade, e no respeito ao ser humano. Mais de 130 anos se foram desde então. Hoje, a Lei 9.459, de 1997, protege fieis de todas as crenças, prevendo anos de cadeia, para quem comete crimes de intolerância religiosa. Mas, há de se notar, que há indivíduos, de certos ramos da sociedade, que parecem ainda viver na escuridão, com uma mentalidade arcaica e medieval.

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Mulheres, homens, participem!

ANTOLOGIA AS VALKYRIES VISITAM O BRASIL Tema: Mulher(es) lutadora(s) O Institut Cultive Suisse Brésil (ICSB) lança a IX Antologia intitulada “AS VALKYRIES VISITAM O BRASIL” uma produção que colocará em evidência as mulheres que fazem ou fizeram a diferença na história da sociedade e da cultura.  Vamos eternizar e reviver as mulheres, que vivem no anonimato, homenageando-as nesta brilhante antologia dedicada à mulher. Participe e compartilhe com outras mulheres e homens para que tenham a oportunidade de soprar o perfume, que vem das linhas do seu pensamento, nas páginas desse livro.

Organização e Edição: Cultive Editions Site: http://institute-cultive.com/eventos/projetos Informações e Inscrição somente pelo e-mail: ediçãocultive@gmail.com Prazo: 30/9/2021 REGULAMENTO: Participação: • Homens e Mulheres de todas as nacionalidades a partir de 12 anos • Cada inscrição ocupará 2 páginas do livro • Língua portuguesa • Gênero: poesia ou prosa • Título diferente do tema • Formatação: Word/doc A4; Arial 12 • Enviar: Texto + foto preta e branca + biografia de até 5 linhas Pré-lançamento: Congresso Cultive Internacional Cultural da Mulher - 26 a 28 Novembro.2021 - Youtube - Canal Cultive * IMPORTANTE: Ao participar dessa Antologia você estará colaborando com a Rede Feminina de Combate ao Câncer

INSCRIÇÕES ABERTAS

www.institut-cultive.com edicaocultive@gmail.com Revue Cultive - Genève

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ponta da língua; No mundo da Lua; Par; Sol Ridente; Não quero ser o último homem; Riqueza e Tim-tim. Foi maravilhoso interagir com o público que prestigiou a transmissão ao vivo realizada no canal institucional da Cultive. A poesia sempre há de servir como veículo para edificantes, profundas e duradouras conexões. Confiram o lançamento neste linque: h t t p s : / / w w w. y o u t u b e . c o m / watch?v=lUzZmUYiMKA&feature=youtu.be A propósito, quero deixar meus efusivos cumprimentos à Presidente Valquíria Imperiano, pelo denodado esforço em alçar a Cultive - instituição organizadora do sobredito evento - a um patamar de excelência na difusão e valorização das artes. Parabéns, igualmente, à comissão organizadora, Paulo Bretas, Gabreila lopes, Hupomone Vilanova, Leni Queiroz, Eluciana Iris e aos (às) participantes do Salão do Livro. A programação do renomado festival pode ser acompanhada por este linque: https://www.youtube.com/c/canalcultive LUA A PINO tem o apoio cultural também da Academia Cruzeirense de Letras - ACL, do LUA A PINO Congresso Universal de Escritores (Lima - Peru) e da FEBACLA - Federação Brasileira dos Acadêmicos das AUTOR: PIETRO COSTA Ciências, Letras e Artes. EDIÇÕES & PUBLICAÇÕES (E & P), 2021. Quem tiver SALÃO INTERNACIONAL DO LIVRO E DA interesse em adquirir o livro, só entrar em contato nas CULTURA DE GENEBRA CULTIVE minhas redes sociais. R$ 25,00, sem cobrança de frete, INSTITUT CULTIVE SUISSE E BRÉSIL enviados via correios a todo o país, com dedicatória personalizada, redigida com muito carinho e brindes-surQue honra!! Que emoção!! presa!! No dia 15 de maio, sábado, às 12h15, horário de Brasília, aconteceu o lançamento de minha 5ª obra literária. No deslumbrante e charmoso Salão Internacional do Livro e da Cultura de Genebra Cultive(Suíça), um momento ímpar em minha jornada como escritor!! Pude compartilhar a alegria inenarrável de estar publicando, em breve, o meu novo livro, LUA A PINO, sob o selo da Edições e Publicações (E & P) Publicações - administrada pela incrível Ana Angélica Ferrazi, com ilustrações da magnífica Symone Elias. Na abertura do lançamento, postei o book-trailer de LUA A PINO, e na sequência, recitei os seguintes poemas: Na 126

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Por fim, para que conheçam um pouco mais de meu novo livro autoral, disponibilizo, nos linques abaixo, o prefácio e a resenha, que foram escritos, respectivamente, pela multiartista Flora Benittez e pelo produtor cultural e fundador da Academia Cruzeirense de Letras, Mauro Rocha: https://pietrolemoscosta.blogspot.com/2021/05/lua-pino-de-pietro-costa-prefacio-por.html https://pietrolemoscosta.blogspot.com/2021/05/lua-pino-de-pietro-costa-resenha-por.html Poesia sempre!!!


filho, ocupante da cadeira número 30. Abordarei o tema: Odylo Costa, filho: O imortal que deu uma pausa para explicar o texto da vida. Na minha fala vou pontuar alguns aspectos importantes para conhecermos um pouco desse ilustre escritor maranhense começando pelos seus dados biográficos: 1)

CLORES HOLANDA ODILO COSTA, FILHO

Em primeiro lugar o meu cordial boa tarde à Mesa! Em nome da Valquiria Imperiano eu cumprimento todos os meus confrades confreiras pedindo a Deus que abençoe este evento. E, quero dizer-lhes que eu sinto-me honrada em participar do I Salão do Livro e Cultura de Genebra, organizado pelo Instituto Cultive Brasil e Suíça, principalmente porque nesse evento entre os homenageados nós temos a nossa ilustre maranhense, a escritora Maria Firmina dos Reis, a nossa patrona, a patrona da Academia Ludovicense de Letras, da qual sou um dos 25 membros fundadores. Então, este evento é de suma importância porque ele está reunindo autores, artistas e músicos dos países lusófonos, realizado em língua portuguesa, com o fim de promover a troca de cultura entre os participantes e o público organizado com muita dedicação e competência pela sua Presidente, Walquíria. E quero também aqui fazer um elogio a Dilercy que foi a nossa representante aqui em São Luís que realmente não mediu esforços para que a gente conseguisse está aqui representando nossa Instituição.

Dados biográficos:

Odylo Costa, filho nasceu em 14 de dezembro de 1914, em São Luís, Capital do Estado do Maranhão. Se vivo fosse hoje estaria com 107 anos. Teve como Pais: Odylo de Moura Costa e Maria Aurora Alves Costa. Ainda criança foi morar no Piauí. Lá ele cursou o primário e o secundário. Aos 16 anos fixou residência no Rio de Janeiro com seus pais bacharelando-se em Direito pela Universidade do Brasil em dezembro de 1933. Foi Casado com Maria de Nazaré Pereira da Silva Costa (piauiense de Campo Maior) em 1942. Seus padrinhos de casamento foram Manuel Bandeira, Ribeiro Couto e Carlos Drummond de Andrade. Teve 9 filhos formando uma grandiosa família. 2) Vocação Jornalística/Atividade Intelectual Desde os 15 anos Odylo revelava a vocação para o jornalismo iniciado em Teresina, Capital do Estado do Piauí, no Semanário Cidade Verde, fundado em 1929. Em janeiro de 1931, a convite de Félix Pacheco iniciou na redação do Jornal do Comércio, permanecendo até 1943. No jornalismo ocupou boa parte de sua vida intelectual. Foi sua dedicação mais intensa, esse cargo ele exerceu com notável espírito de renovação e modernidade se dedicando a literatura. Em 1934 publicou o livro Graça Aranha e outros ensaios, obtendo o Prêmio Ramos Paz da Academia Brasileira de Letras. Em 1936, em colaboração com Henrique Carstens, publicou o Livro de poemas de 1935. Em 1944, 9 anos depois publicou o livro Distrito da Confusão, coletânea de artigos de jornais em que, nas possíveis entrelinhas, fazia a crítica do regime ditatorial instaurado no país em 1937. Jornais em que trabalhou:

Odylo Costa, filho como tinha uma grande paixão pelo jornalismo, trabalhou em vários jornais exercendo vários cargos: Fundador e diretor do Semanário Política e LeEntão para mim participar da Mesa da Academia Ludo- tras (de Virgílio de Melo Franco, de quem foi dedicado vicense de Letras: Casa de Maria Firmina dos Reis é de colaborador na criação e nas lutas da União Democrática muita felicidade porque tenho a oportunidade de poder Nacional; Redator do Diário de Notícias; Diretor de A falar um pouco sobre o meu patrono, Odylo Costa, noite; Diretor da Rádio Nacional; Chefe de Redação do Revue Cultive - Genève

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Jornal do Brasil; Diretor da Tribuna da Imprensa; Diretor da Revista Senhor; Secretário do Cruzeiro Internacional; e, novamente Redator do Jornal do Brasil (função que deixou em 1965, ao viajar para Portugal como Adido Cultural à Embaixada do Brasil. Durante sua atividade jornalística nem sempre foi apenas o jornalista de bastidores, o técnico invisível. Entre os anos de 1952 e 1953 – exerceu a crítica literária no Diário de Notícias. Durante prolongado período, publicou uma crônica diária na Tribuna da Imprensa.

corrência de uma parada cardíaca. Dessa vez uma pausa no texto da vida, uma pausa no coração. Enquanto viveu Odylo Costa, filho tinha muitas qualidades. Era um homem bom que via o lado bom das pessoas. Amava receber os amigos e escritores em sua casa, que era muito grande no Rio de Janeiro onde ele dizia: “A minha maior realização é a minha casa, a minha família, é a minha gente. São os meus amigos. Eu sou a soma dos meus amigos. E a minha casa é uma casa assim. É uma casa sentimental, pacífica. É aberta ao público”.

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5) A obra Odyliana: Podemos dizer que a obra odyliana está composta pelos poemas de 35. São poemas de um poeta já feito, de um jovem. Por outro lado dos poemas de depois. Sem dúvida de um poeta homem que tinha passado naquele momento por uma vida e tinha sido redespertado para a poesia por uma tragédia; poesia essa retomada tanto tempo depois com uma qualidade de testemunho, de desabafo, de grito, e de sofrimento que é a carne da poesia. Odylo Costa, filho publicou vários livros; sendo que um deles, A Faca e o Rio foi transformado em filme. Boca da Noite foi o seu último livro publicado; embora tenha deixado obras inéditas. Sua obra é vasta; mas devido aos limites de tempo que dispomos deixaremos de apresentá-las. Enfim, a sua grande paixão era o Jornalismo embora ele como poeta foi muito bem na crítica literária. Aqui em São Luís Odylo Costa, filho foi homenageado com o Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, local de promoção de eventos que envolvem a comunidade com espetáculos e difusão das técnicas do fazer artístico. No Rio de Janeiro foi homenageado com o Teatro Odylo Costa, filho entre outras homenagens. Enfim, muito obrigada e aproveito a oportunidade para parabenizar a todos os envolvidos para a consolidação do I Salão do Livro e Cultura de Genebra; principalmente nesse momento difícil que o mundo está passando com a pandemia. Tivemos que nos adaptar ao novo normal e ainda com muitas dificuldades para realizarmos nossos eventos de forma remota.

Vida pública:

Quanto a sua vida pública ele exerceu vários cargos, destacando: Secretário de Imprensa do Presidente Café Filho; Diretor da Rádio Nacional; Superintendente das Empresas Incorporadas ao Patrimônio da União, entre outros cargos. 4) A “imortalidade” Como se deu a sua imortalidade? Estreou como poeta em 1935 e só voltou à poesia muitos anos depois. Se comprometeu muito com a atividade jornalística devido aos compromissos financeiros para sustentar uma grande família. Isso fez silenciar o poeta durante anos. E só voltou à poesia na época em que foi Adido Cultural em Lisboa, em 1965. Em 1967 voltou para o Brasil. Quando retornou ao Brasil sofreu várias tragédias pessoais (morte de seu filho Odylino em um assalto e da filha Aurora que sofria de demência). Essas tragédias transformaram a vida desse intelectual e influenciaram as letras do poeta, trazendo-o de volta ao mundo literário com força total. Esse reconhecimento vem em 1970 quando tomou posse na Academia Brasileira de Letras. Mesmo diante dessas tragédias ou saída das redações foram capazes de apagar a alegria de Odylo Costa, filho. Alegria visível até os últimos momentos de sua vida. Faleceu no Rio de Janeiro em 19 de agosto de 1979, em de-

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SEMEANDO Lavra na terra o sulco da vida lavra ideias lava a “culpa” e o “pecado do mundo” limpa com ideias revolve o sumo do inominável com tuas ideias! (Dilercy Adler)

Dilercy Aragão Adler

é uma poeta contemporânea das mais combativa e empática, no que toca a busca do empoderamento do ser humano, através do conhecimento profícuo em Educação, em Psicologia , em Literatura e nas Artes, de um modo geral. A poeta, escritora e conferencista nasceu em São Vicente Férrer, Maranhão, em 1950. É Psicóloga. Doutora em Ciências Pedagógicas - Cuba (revalidação na UnB-Brasilia); Mestre em Educação pela Universidade Federal do Maranhão-UFMA; Especialização em Metodologia da Pesquisa em Psicologia e Especialização em Sociologia pela Universidade Federal do Maranhão-UFMA. É aposentada pela Universidade Federal do Maranhão-UFMA. É membro do Banco de Avaliadores do Sinaes - BASIS/INEP/MEC. Dilercy tomou posse como Membro Internacional Cultive no Maranhão.

Em primeiro lugar quero enfatizar a importância das instituições culturais para o desenvolvimento individual e coletivo. Essa é uma premissa inquestionável. Faz-se mister, no entanto, esclarecer que, ao nascer, o recém-chegado já encontra uma sociedade estruturada, com os modelos de conduta, valores predominantes, embora estes não se firmem como absolutos, inquestionáveis e imutáveis. Essa é a mais perfeita e decisiva possibilidade, pois, por meio da capacidade reflexiva, de ascender à práxis (teoria e prática), o sujeito pode interferir na construção da sua própria história e na história da sua sociedade. Dessa premissa pode ser depreendido que a sociedade, concomitante e ambivalentemente, é a condição da alienação e da liberdade; nela o homem tanto pode se aniquilar como se realizar. Por outo lado, a condição de estranhamento vai desencadear outras formas de interpretação e ações humanas correspondentes que se manifestarão criativamente por meio de instrumentos diversificados, a exemplo de: […] quando paramos para refletir na vida diária, quando o filósofo se admira com o que parece óbvio, quando o artista lança um olhar novo sobre a sensibilidade embaçada pelo costume, quando um cientista descobre uma nova hipótese. O “sair de si” é remédio para o preconceito, o dogmatismo, as convicções inabaláveis e, portanto, paralisantes. É a condição para que, ao retornar de sua “viagem” o homem se torne melhor. (ARANHA; MARTINS, 1993, p.7).

Convém ainda considerar que esse “sair de si”, para a desconstrução do que já está introjetado pelo costume, pela inculcação ideológica dominante na sociedade, não A CONTRIBUIÇÃO DAS INSTITUIÇÕES é tão acessível como pode parecer à primeira vista, mas CULTURAIS PARA O DESENVOLVIMENTO é possível, e alguns sujeitos mais atentos, reflexivos e inconformados com a submissão às normas arbitrárias HUMANO conseguem. Revue Cultive - Genève

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Ademais, cada indivíduo se constitui como ator social, com papéis pré-determinados, em perfeita consonância com o sistema social mais amplo, no qual tem sua origem e ao qual, em maior ou menor intensidade, serve. Nesse contexto a educação se materializa como instrumento de reprodução das condições de existência dessa mesma sociedade, tanto na sua forma sistemática, própria do trabalho escolar, como na sua forma assistemática experienciada nas várias instituições sociais: família, escola, trabalho, religião, entre outras, e culturais: academias de letras, museus, teatros, bibliotecas Ou seja, nas sociedades ocidentais modernas, as instituições sociais e as instituições culturais são ao mesmo tempo formadoras e facilitadoras culturais, fazendo com que a relação entre as pessoas e os hábitos e costumes se apresentem como naturais. Para tornar esta análise mais palpável, selecionei alguns exemplos concretos de algumas situações específicas. A primeira diz respeito a um interessante diálogo que aconteceu no século XVI, no Brasil, entre um velho índio Tupinambá e o francês Jean de Léry (1980, pp. 36-37). Tal diálogo trata de questões que demonstram diferença basilar entre as duas civilizações, e as ideias correspondentes:

- Mas esse homem tão rico de que me falas não morre? - Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: - E quando morrem, para quem fica o que deixam? - Para seus filhos, se os têm, respondi, na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. - Na verdade, continuou o velho que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maíres sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois de nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados..." Um exemplo mais próximo na contramão da igualdade entre os gêneros diz respeito à inserção de escritoras nas Academias de Letras, neste caso tomamos como exemplo a Academia Brasileira de Letras-ABL.

Os nossos Tupinambás muito se admiram dos franceses A Academia Brasileira de Letras-ABL foi fundada no e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o estado do Rio de Janeiro, em 20 de julho de 1897, por seu arabutã. Uma vez um velho perguntou-me: iniciativa de Machado de Assis, seu primeiro presidente, com o objetivo de preservar a língua e a literatura nacio- Por que vinde vós outros, maíres (franceses) e perôs nais. (portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra? E, no seu artigo 2º, preconizava: Respondi que tínhamos muitas, mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraímos tinta para tingir, tal qual o faziam com os seus cordões de algodão e suas plumas. Retrucou o velho imediatamente: - E porventura precisais de muito? - Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados.

Art. 2º - Só podem ser membros efetivos da Academia os brasileiros que tenham, em qualquer dos gêneros de literatura, publicado obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro de valor literário. As mesmas condições, menos a de nacionalidade, exigem-se para os membros correspondentes. A primeira candidatura feminina, Amélia Beviláqua, em 1930, foi rejeitada, sob a justificativa de que o vocábulo “brasileiros” restringia suas vagas apenas ao sexo masculino; ficou claro que a Academia relacionava valor literário a gênero.

Assim, no início dos anos 50, o Regimento Interno da - Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, ABL ratificou a impossibilidade de elegibilidade feminiacrescentando depois de bem compreender o que eu lhe na e alterou o artigo acrescentando: os membros efetivos dissera: serão eleitos, dentre os brasileiros, do sexo masculino, 130

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deixando mais claro ainda a prerrogativa excludente do ainda expressiva essa presença. gênero feminino. Ainda no específico à Literatura, alguns nomes que no Considerando as investidas femininas para integrarem o século XIX, por meio da produção literária denunciavam quadro de membros desse sodalício, que resultavam em as barbáries, retratadas no cativeiro africano, podecalorosas e inflexíveis discussões entre os seus membros, mos citar as obras abolicionistas do século XIX, como por haver alguns partidários da inclusão de mulheres no o romance Úrsula, da escritora maranhense, primeira rol dos acadêmicos, finalmente, em 1977, a instituição romancista brasileira, Maria Firmina dos Reis (1822voltou a discutir a admissão da mulher na Academia, 1917), autora também do Hino à libertação dos escravos: dando nessa ocasião parecer favorável à Rachel de Quei- “Salve Pátria do Progresso! /Salve! Salve Deus a Igualroz, que foi eleita para a ABL em 4 de agosto de 1977 dade! /Salve! Salve o Sol que raiou hoje, /Difundindo (Cadeira nº 05). a Liberdade! /Quebrou-se enfim a cadeia/Da nefanda Escravidão! /Aqueles que antes oprimias, /Hoje terás Para melhor entendimento da situação dessa questão como irmão!” (MORAIS FILHO, 1975, p.177); Também da ABL quanto à admissão de candidaturas femininas e Os Tambores de São Luís, de Josué Montello, e ainda, dos valores vigentes (machistas) da época, recomendo a Fantina, de Francisco Badaró; a Rainha do Ignoto, de leitura completa do Discurso de Recepção da escritora Emília Freitas, entre tantos outros, ajudam-nos a entenDinah Silveira de Queiroz, por Raimundo Magalhães der como a Literatura foi importante nas denúncias das Júnior, na ABL, em 07/04/1981, no qual o imortal faz incivilidades da escravidão, com vistas à libertação dos uma retrospectiva lúcida sobre o impedimento da ele- escravos. gibilidade feminina naquele sodalício, mas transcrevo a seguir os dois últimos parágrafos do discurso em apreço: No tocante a poemas com a temática da escravidão, poPara terminar, diremos apenas uma palavra a mais, em demos citar o poeta do maranhense Trajano Galvão de honra do nosso Fundador. Se o homem não se desfaz por Carvalho (1830-1864). Segundo Meireles (1949, p. 68 inteiro no pó das sepulturas, o espírito de Lúcio de Men- apud SANTOS 2001, p. 1), “a ele cabe a glória de ter sido donça deve rejubilar-se conosco, nesta noite festiva. As precursor da poesia social do escravo”. O poema “O Caltristezas que ele manifestou pela exclusão das três Júlias hambola” é um, dentre tantos outros, do referido autor: começaram a ser vingadas pelo ingresso nesta Casa das Nasci livre, fizeram-me escravo;/Fui escravo, mas livre duas Queiroz: a romancista de “O Quinze” e a ficcionista me fiz./Negro, sim; mas o pulso do bravo/Não se amolda de “A Muralha”. às algemas servis!/Negra a pele, mas o sangue no peito,/ Como o mar em tormentas defeito,/Ferve, estua, referPrincipalmente por vós. Mais uma Queiroz viria muito ve em cachões!/Negro, sim; mas é forte o meu braço,/ a propósito para desmanchar aquela antiga amargura. Se Negros pés, mas que vencem o espaço,/Assolando, quais olharmos bem ao nosso redor, veremos uma nova estrela negros tufões./(CARVALHO, 1898, pp. 17-17). literária em fulgurante ascensão com esse nome. Não nos cabe, porém, insinuar candidaturas. O nosso dever ime- Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), tamdiato é apenas o de dizer que, se a nossa justiça foi tardia, bém chamado de “o poeta dos escravos”, mostrou-se nem por isso é menor o nosso júbilo ao receber a nossa sensível aos graves problemas sociais do seu tempo, exsegunda acadêmica. Sede bem-vinda à Casa de Lúcio de pressou sua indignação contra as tiranias e denunciou Mendonça e de Machado de Assis, Sra. Dinah Silveira de a opressão dos escravos. A seguir um dos seus poemas Queiroz Castro Alves! com a temática da escravidão africana, “A canção do africano”, Castro Alves (1972): Nesse discurso podemos perceber um movimento no sentido oposto, que vem tomando forma e consistên- Lá na úmida senzala,/Sentado na estreita sala, /Junto cia, de modo que nas Academias de Letras mais novas, ao braseiro, no chão,/Entoa o escravo o seu canto,/E ao já fundadas neste novo milênio, se observa um número cantar correm-lhe em pranto/Saudades do seu torrão .../ crescente de Patronas em Instituições Culturais, a exem- De um lado, uma negra escrava/Os olhos no filho crava,/ plo, de Maria Firmina, que no Maranhão é Patrona da Que tem no colo a embalar... E à meia voz lá responde/ Academia Ludovicense de Letras; do Instituto Histórico e Ao canto, e o filhinho esconde,/Talvez pra não o escuGeográfico de Guimarães e da Academia João-lisboense tar!/"Minha terra é lá bem longe,/Das bandas de onde o de Letras, bem como Patronas de Cadeiras e igualmente sol vem;/Esta terra é mais bonita,/Mas à outra eu queocupantes de Cadeira do sexo feminino, embora não seja ro bem!/"0 sol faz lá tudo em fogo,/Faz em brasa toda Revue Cultive - Genève

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a areia;/Ninguém sabe como é belo/Ver de tarde a papa-ceia!/"Aquelas terras tão grandes,/Tão compridas como o mar,/Com suas poucas palmeiras/Dão vontade de pensar .../"Lá todos vivem felizes,/Todos dançam no terreiro;/A gente lá não se vende/Como aqui, só por dinheiro"./O escravo calou a fala,/Porque na úmida sala/O fogo estava a apagar;/E a escrava acabou seu canto,/Pra não acordar com o pranto/O seu filhinho a sonhar!/......................./O escravo então foi deitar-se,/Pois tinha de levantar-se/Bem antes do sol nascer,/E se tardasse, coitado,/Teria de ser surrado,/Pois bastava escravo ser./E a cativa desgraçada/Deita seu filho, calada,/E põe-se triste a beijá-lo,/Talvez temendo que o dono/Não viesse, em meio do sono,/De seus braços arrancá-lo! Dentre os filmes e documentários sobre a escravidão africana ao redor do mundo, muitos cineastas se dedicaram a colocar em pauta a escravidão, suas consequências e a forma como ela impactou a vida de inúmeras pessoas, a exemplo de: Ganga Zumba (1963); Quilombo (1984); A Cor Púrpura (1985); Mississípi em Chamas (1988); Invictus, um tributo a Mandela (1995); Amistad (1997); Manderlay (2005); Quanto Vale ou É Por Quilo? (2005); Diamante de Sangue (2006); Besouro (2009); Cores do Paraíso (2011); 12 anos de escravidão (2013); O Mordomo da Casa Branca (2013). Nessas produções artísticas com os seus cenários da execrável escravidão, incrustados no quadro do Império do Brasil, percebemos claramente as relações de poder que se davam dentro do sistema escravista, as articulações em torno do controle do poder social, os mecanismos de controle sobre os escravos e os efeitos que essa política de crua rudeza causava na vida e nas relações dos escravos. No que se refere a poemas com a temática indianista, Gonçalves Dias louvou os indígenas com poemas. A seguir um breve trecho do I-JUCA-PIRAMA, Dias (1851, pp. 12-35.):“Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi:/Sou filho das selvas,/Nas selvas cresci;/Guerreiros, descendo/ Da tribo tupi./Da tribo pujante,/Que agora anda errante/ Por fado inconstante,/Guerreiros, nasci:/Sou bravo, sou forte,/Sou filho do Norte;/Meu canto de morte,/Guerreiros, ouvi [...]”. Outro exemplo vemos em Maria Firmina dos Reis, em “O canto do Tupi”: Sou filho das selvas – não temo o combate,/Não temo o guerreiro-guerreiro nasci;/Sou bravo-eu invoco do bravo o valor,/Sou filho dum bravo, valente tupi/[…] Eu vivo nas selvas- nas selvas imensas,/Que vastas se estendem nas terras do norte;/Se corro à peleja, bem sei 132

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que a vitória/Pertence ao meu braço, que é grande, que é forte./[…] Eu vivo nas selvas-nas selvas do norte/Sou índio valente, valente tupi./Temido na guerra – do bravo temido,/Possante guerreiro, nas selvas nasci./[…] (Eco da Juventude 1865 apud MORAIS FILHO, 1975, p. 64). O poema “Na Missão” tem um acentuado tom de denúncia: No aldeamento/quem mandava não era mais o chefe indígena. /Quem mandava era o missionário./Era o missionário que mandava plantar a roça./Era o missionário que mandava assistir à missa./Era o missionário que mandava construir as casas./O missionário mandava na vida do índio./Na missão os índios trabalhavam para os padres./Tinham que trabalhar três dias por semana para os padres./Tinham que trabalhar com hora marcada./ Não podiam mais caçar na hora que queriam./Não podiam mais pescar na hora que queriam./Não eram mais eles que dividiam a caça./Não eram mais eles que dividiam todas as coisas da roça./O aldeamento da missão quase acabou com os índios./Os índios morreram de doença./Morreram de fome./Morreram de tristeza./(Autor desconhecido, 1975 apud ADLER, 2014, p.16). Assim, a contradição permeia todas as instituições do tecido social, ao mesmo tempo que exerce o papel de integração ao projeto dos valores dominantes, de desigualdade, concomitante e ambivalentemente exerce o papel possível de negação e resistência. Vou finalizar a minha fala reafirmando o que enunciei no início: “quero enfatizar a importância das instituições culturais para o desenvolvimento individual e coletivo”. Essa é uma premissa inquestionável, no entanto temos que ter claro o caminho que traçamos nas nossas instituições, e desejo que as interferências predominantes, hoje, sejam na direção de uma sociedade que reconheça o quanto é urgente que a dignidade e os direitos iguais e inalienáveis como fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo prevaleçam de modo a podermos aprender a conviver como irmãos, como já propugnava Maria Firmina dos Reis. ~ REFERÊNCIAS ADLER, Dilercy Aragão. Seme..ando dez anos. São Luís: Gráfica Bellas Artes Ediceuma, 2001. ADLER Dilercy Aragão (org.). Enfoques Teóricos em Sociologia da Educação. Caderno de Educação. São Luís: FICEUMA. V. 1 Nº 1, 1998. ADLER, Dilercy Aragão. BRASIL-PORTUGAL, NAÇÕES-IRMÃS: ORIGENS, INTERCRUZAMENTO E SEPARAÇÃO. REVISTA IHGM. São Luís: IHGM N. 28, 119-145, 2008. ALVES, Antônio Frederico de Castro. OS ESCRAVOS. São Paulo: Martins Editora, 1972. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1993. CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO. REVISTA CIMI, Port Alberi/Canadá,1975. LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, São Paulo: Edusp, 1980. MORAIS FILHO, José Nascimento(Cadeira 5).. MARIA FIRMINA FRAGMENTOS DE UMA VIDA. São Luiz: COCSN, 1975. SANTOS, Maria Rita. TRAJANO GALVÃO E A NEGRITUDE. Revista do GELNE Rio Grande do Norte: UFRN. Vol. 3, No. 1, 2001.


Também é contado que havia, nos antigos desertos de Alexandria no Egito e nos afluentes do Mar Vermelho, uma planta muito curiosa e que também é chamada “rosa”: é a Rosa-de-Jericó.

MARIA FIRMINA DOS REIS ENTRE AS ROSAS-DE-JERICÓ E OS PÁSSAROS SANKOFAS por Dilercy Adler Quero iniciar esta minha fala contando uma lenda: Contam as “Lendas do Céu e da Terra:” A Rosa-de-Jericó, também denominada flor-da-ressurreição, por apresentar a propriedade singular de murchar para, depois, tornar a florescer, tem sua origem na história do Cristianismo por uma interessante lenda citada por vários autores:

Totalmente diferenciada da rosa que conhecemos, essa planta tem uma propriedade muito curiosa. Durante longos períodos de tempo, essa planta, que vive em regiões desertas, cresce e se reproduz até o ambiente ficar desfavorável a ela. Então, as flores e folhas secas caem, as raízes se soltam e os galhos secos se encolhem, formando uma “bola” e permitindo que o vento a leve para onde quiser. As Rosas-de-Jericó podem ser transportadas quilômetros e quilômetros pelos ventos, vivendo secas, sem uma única gota de água, durante muito tempo, até encontrarem um lugar úmido. Achando umidade, elas fincam as raízes na terra e se abrem, voltando a verdejar! A Rosa-de-Jericó é encontrada no Oriente Médio e na América Central. É possível comprar uma “bola seca” e depois, ajeitando-a num recipiente com um pouco de água, vê-la florescer na sua casa.( https://pt.aleteia. org/2016/02/17/cultura-crista-voce-conhece-a-exoticarosa-de-jerico-e-sua-lenda/). Essa é a primeira analogia que constitui esta minha fala. No livro “Maria Firmina dos Reis: uma missão de amor” (ADLER, 1917, pp. 65-66), registro:

O ano de 1975, foi o ano de verdejar para Maria Firmina, o marco que eu gostaria de intitular de “o seu ano Rosa de Jericó”. Essa rosa é também chamada de flor-da-ressurreição por sua impressionante capacidade de “voltar Ao fugir de Belém com o Menino Jesus, a fim de livrá-lo à vida.” As Rosas-de-Jericó podem ser transportadas por da hedionda matança ordenada pelo rei Herodes, a Sa- muitos quilômetros pelos ventos, vivendo secas, sem grada Família atravessou as planícies de Jericó. Quando água, mesmo durante muito tempo, e ao encontrarem a Virgem desceu descuidada do burrinho que montava, um lugar úmido, elas afundam raízes na terra e se abrem, surgiu, a seus pés, uma florzinha mimosa e delicada. voltando a verdejar! Maria sorriu para a pequenina flor, pois compreendeu que ela brotava, radiante, do seio da terra para saudar o Vejo muita semelhança entre Maria Firmina e a Rosa de Menino Jesus. Jericó, senão vejamos: a Rosa de Jericó, tem aparência frágil, mas, concomitantemente demonstra consistente defesa diante da situação adversa, neste caso, ausência total de chuvas. Nesse período as suas folhas caem e seus ramos se contraem, e se curvam para o centro, adquirindo uma forma esférica, capaz de abrigar as sementes e protegê-las da aridez dos desertos. Mesmo frágil e ressequida, ela continua como “peregrina”, devido à quase Três dias depois, reza a mesma lenda, quando Cristo res- inexistência das suas raízes, o que facilita o seu deslocasuscitou, as Rosas-de-Jericó voltaram a florescer e a irra- mento e como “viajante incansável”, deixa-se levar pelo diar suave perfume. vento do deserto, que tem a força de arrancá-la do solo Durante a permanência de Cristo na terra, as Rosa-de-Jericó continuaram a florir e a embelezar os campos, mas quando o Salvador foi supliciado e morto, -o termo mais adequado é assassinado na cruz-, todas elas secaram e morreram.

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e arrastá-la por áreas distantes. Nesse período ela permanece seca e fechada, aparentando estar totalmente sem vida por alguns meses. No entanto, basta algum contato com a umidade para a Rosa de Jericó estender suas folhas, espalhar suas sementes e retornar à vida, mostrando sua beleza.

cutou, na sua pregação em favor de Maria Firmina dos Reis.

Há quase dois anos, ao encontrar-me com ele na calçada do velho prédio da Faculdade de Direito, na Capital maranhense, vi-o às voltas com originais da escritora. Andava a recompor-lhe o destino recatado, revolvendo No tocante ao retorno de Maria Firmina ao cenário li- manuscritos, consultando jornais antigos, esmiuçando terário mostrando a sua beleza, Arlete Nogueira da Cruz, almanaques e catálogos como a querer imitar Ulisses, no seu livro Sal e Sol (2006) apud ADLER (2014), funda- que reanimava as sombras com uma gota de sangue. mentando-se no trabalho intelectual de Janilto Andrade, E a verdade é que, no dia de hoje Maria Firmina dos Reis “A Nação das Dobras da Ficção”, explicita: de pretexto a estudos e discursos, e conquista, seu peque[...] Não fosse José Nascimento Morais Filho, o nosso Zé no espaço na história do romance brasileiro – com um Morais, este contumaz andarilho de trilhas nunca antes nome, uma obra, e a glória de ter sido pioneira. (MONpercorridas, Maria Firmina dos Reis não teria vindo à TELLO apud ADLER 2017, p. 68). luz. E quando ele a trouxe (no momento em que também a trazia o escritor paraibano Horácio Almeida), lembro Adler (2017, p. 68) se refere a Nascimento de Morais bem, foram alvo de zombarias em São Luís: Zé Morais, Filho: “[…] como um Sankofa, pássaro africano […] deMaria Firmina e o seu livro Úrsula; muitos considerando dicou-se, incansavelmente, para dar novo significado à que era de pouca serventia aquele achado e exagerada a Maria Firmina dos Reis como mulher, professora e como relevância que Zé Morais dava à sua descoberta. Pelos escritora, dando a ela o lugar que lhe é devido na literadaqui, Maria Firmina dos Reis deveria permanecer onde tura maranhense e brasileira”. se achava: no limbo. E a sua obra sob o tapete. (CRUZ, Sankofa é um dos ideogramas utilizados pelo sistema de 2006, p.265). escrita Adinkra, que compunha as várias formas de exNo limbo... Sob o tapete... Expressões que retratam não pressão escrita existentes na antiga África. Adinkra é o apenas rejeição, mas desprezo, o que não deixa de retra- nome de um conjunto de símbolos ideográficos dos potar a alienação e falta de humanidade no trato com as vos Akan ou Acã, grupo linguístico da África Ocidental, pessoas e suas obras por aqueles que se julgam donos do que povoa a região que hoje abrange parte de Gana e da saber e da verdade. (ADLER 2014, p.6). Costa do Marfim. Sankofa, um adinkra dentre os mais conhecidos, significa a sabedoria de aprender com o pasMas, antagonisticamente, outros maranhenses, a exem- sado para construir o presente e o futuro. plo de Josué Montello, reconhecem a importância de Maria Firmina e este escreveu um artigo intitulado “A O conceito de Sankofa (Sanko = voltar; fa = buscar, primeira Romancista Brasileira” e o publicou no Jornal trazer) origina-se de um provérbio tradicional entre os do Brasil, Rio de Janeiro, em 11 de novembro de 1975, povos de língua Akan ou Acã da África Ocidental, em e na Revista de Cultura Brasileña. Madrid, Embajada de Gana, Togo e Costa do Marfim. Ele representa os conceiBrasil, 1976, junho. Nesse texto se refere a outro maran- tos de autoidentidade e redefinição. hense, Antônio de Oliveira, e enfatiza o trabalho de Nascimento Morais Filho: Como um símbolo Adinkra, Sankofa pode ser representado como um pássaro mítico que voa para frente, tendo [...] o primeiro falando em voz baixa como é do seu gosto a cabeça voltada para trás e carregando no seu bico um e feitio e o segundo, falando alto ruidosamente, com uma ovo, o futuro. Também se apresenta como um desenho garganta privilegiada, graças à qual, sem esforço, pode similar ao coração ocidental. fazer-se ouvir no Largo do Carmo, em São Luís, à hora em que se cruzam os automóveis, misturando a estridên- Assim, Nascimento de Morais Filho é um Sankofa, um cia das suas buzinas e de seus canos de descarga ao sus- Sankofa maranhense, quando retornou ao passado para surro do vento nas árvores da praça. ressignificar o presente e construir o futuro sobre o real significado de Maria Firmina dos Reis como mulher, Desta vez, ao que parece, Nascimento Morais Filho er- como professora e como escritora, dando a ela o lugar gueu tão alto a voz retumbante que o país inteiro o es- que lhe é devido na literatura maranhense e brasileira, 134

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como já referido.

é preciso ver o passado com os teus olhos sem o espelho que inverte a imagem Estas analogias trazem à baila ocorrências arbitrárias de só o exato do real que se esconde cancelamento, mas, antagonistamente, a possibilidade por trás do espelho com suas nobres vestes de validação ou (re)validação, conforme o caso, tanto na -nobres vestes que serão despidashistória, de um modo geral, como na historiografia li- nos vários tons que nelas se entrecruzam terária maranhense e brasileira. ver por fim a inteira tradução do mundo Apesar do silenciamento da expressão, principalmente em verdades nuas! o da fala feminina, muitas mulheres conseguiram burlar em verdades cruas!... essa tentativa de invisibilidade, e, mesmo tendo sido excluídas do cânone literário, deixaram marcas inapagáveis com alma aberta e olhos pro passado que nas últimas décadas, como já referido, progressiva- será possível o enxergar inteiro mente, vêm sendo recuperadas. sem o escuso escudo - então despido! Desse modo, torna-se premente a existência de muitos poder por fim pássaros sankofas para que mais rosas-de-jericó possam ressignificá-lo!... verdejar, a exemplo de Nascimento Morais Filho (pássaro Sankofa) e Firmina (Rosa-de jericó). com um presente com perspectivas de futuro que diga a palavra sem sentença equivocada É inegável que desde as últimas décadas do século passa- que puna o erro e eleve a verdade do, quantitativo razoável de pesquisadores agregou-se à além de interesses e mediocridades missão de consolidar a ressignificação de Maria Firmina por fim assim prevaleça o bendito na historiografia maranhense e brasileira, levada a termo o verdadeiro fato por Nascimento Morais Filho, o Pássaro Sankofa Maa veracidade ranhense. nesta nossa frágil e gloriosa humanidade!! Desde 2013, ano da fundação da Academia Ludovicense de Letras, em São Luís do Maranhão, e igualmente do Instituto Geográfico de Guimarães, em Guimarães/Maranhão, ambos Casa de Maria Firmina dos Reis, essa missão tem sido incorporada às finalidades das Casas. A ALL busca ocupar todos os espaços culturais locais, nacionais e internacionais, objetivando desenvolver e difundir a cultura e a literatura ludovicense, a defesa das tradições do Maranhão e, particularmente, de São Luís, também levando o nome de Maria Firmina dos Reis como missão precípua.

ó pássaro africano venha a nós!... CANTOS À BEIRA-MAR À Maria Firmina dos Reis

Teus Cantos à beira-mar afogam com veemência as dores os dissabores que maculam toda a existência daqueles que apenas sonham Minha homenagem a Nascimento Morais Filho e aos com a igualdade e coerência “Cantos à beira-mar” de Maruia Firmina dos Reis, que em um mundo de fato melhor!... completa este ano, de 2021, cento e cinquenta anos de publicação. ah! os teus Cantos à beira-mar levam todo e qualquer anseio SANKOFA que a brisa vinda do mar A Nascimento Morais Filho litoraneamente embala e acalenta em seu seio... Ó pássaro bendito! nos ensina a enxergar além do visível que aparece e os teus poemas me dizem: ensina ainda à nossa alma pecadora cuida! curvar o corpo e postar as mãos em prece! entoa hinos em banzeiros que a vida lenta a passar Revue Cultive - Genève

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se apressa como um agouro bem-vindo de augúrio sem par que existe quando se pensa que nada mais vale a pena... a pena de festejar!...

além de a Academia ser a “Casa de Maria Firmina dos Reis”, eu tenho a honra de ocupar a Cadeira de nº 08, patroneada por ela. E como esta é a Academia da cidade de São Luís, vou iniciar o meu tema falando um pouco de São Luís.

resiste!... afoga as tuas mágoas nas crivas e cavas mais altas das longínquas vagas do mar!... e se ainda puderes sonha poemas e louva comigo mistérios e amores contidos e canta-os todos à beira-mar!…

A cidade de São Luís, capital do estado do Maranhão foi fundada no dia 08 de setembro de 1612. É considerada a única cidade brasileira fundada por franceses, posteriormente invadida por holandeses, mas finalmente colonizada pelos portugueses. Localiza-se na Ilha de Upaon-Açu, no Atlântico Sul, entre as baías de São Marcos e São José de Ribamar, no Golfão Maranhense. O nome Upaon-Açu foi dado pelos Tupinambás e significa "Ilha Grande".

REFERÊNCIAS ADLER, Dilercy Aragão. ELOGIO À PATRONA MARIA FIRMINA DOS REIS: Ontem, uma maranhense: hoje, uma missão de amor. São Luís: Academia Ludovicense de Letras, 2014. ADLER, Dilercy Aragão. MARIA FIRMINA DOS REIS: uma missão de amor. São Luís: Academia Ludovicense de Letras, 2017. CRUZ, Arlete Nogueira da. Sal e Sol. Rio de Janeiro: Imago, 2006. MORAIS FILHO, José Nascimento. MARIA FIRMINA FRAGMENTOS DE UMA VIDA. São Luiz: COCSN, 1975. https://pt.aleteia.org/2016/02/17/cultura-crista-voce-conhece-aexotica-rosa-de-jerico-e-sua-lenda/

Em 1621 o Brasil foi dividido em duas unidades administrativas: Estado do Maranhão e Estado do Brasil, e São Luís foi a capital da primeira unidade administrativa. O Maranhão teve assim um surgimento glorioso no cenário econômico da Colônia no século XVII, em plena vigência do Mercantilismo, porque encontrava-se inserido no mercado internacional desde a expulsão dos franceses em 1615.

A economia maranhense estava em seu apogeu, com a vinda da família real para o Brasil em 1808 e com a abertura dos portos. O comércio exterior da Capitania girava em torno de um milhão de libras por ano e moMARIA FIRMINA DOS REIS NA ACADEMIA LU- vimentava mais de 100 navios. Segundo Arruda (1980), DOVICENSE DE LETRAS-ALL nesse período a economia do Maranhão superava a de Pernambuco, inferior apenas à da Bahia. Ainda por volta Dilercy Adler de 1774, o Maranhão liderava o PIB per capita do Brasil com 112 dólares. Inicialmente quero dizer da minha imensa alegria por estar nesta tarde, mesmo que virtualmente, no “I Salão Em 1895, o Maranhão ocupou o segundo lugar entre os Internacional do Livro e da Cultura de Genebra Cultive” estados industriais à frente da Capital Federal, do Rio de e, ao mesmo tempo, agradecer o amável convite dos pro- Janeiro, Bahia e São Paulo; o primeiro era o de Minas motores deste importante evento, na pessoa de Valquíria Gerais. Mas, uma série de fatores foi determinante para Imperiano. Igualmente agradecer a honra de ter Maria que o Maranhão não se firmasse como estado industrial Firmina dos Reis, a Patrona da Academia Ludovicense a partir do início do século XX. de Letras, como uma das homenageadas (in memoriam), em nome de quem louvo a todos os demais homena- Adler (2017) se refere à belle époque, que repercutia na geados, e também saudar os meus ilustres companheiros instância cultural do Maranhão, o qual, nesse contexto de mesa, confreiras e confrades: Roberto Franklin, que histórico ganhou notoriedade em intensidade e expresestá de parabéns pelo netinho Lucas que chegou hoje sividade. Era comum os filhos das famílias abastadas (14 de maio de 2021), Kalil Guimarães, Jucey Santana, estudarem na Europa, principalmente em Portugal. A liClores Holanda e Raimundo Nonato Campos Filho, bem teratura, colocada em foco, e grandes intelectuais e escricomo a todos que nos acompanham nesta tarde. tores se sobressaíram no cenário nacional. Nomes, como os de Gonçalves Dias, João Lisboa, Cândido Mendes, No tocante à minha fala, “Maria Firmina dos Reis na Odorico Mendes, Sousândrade, Humberto de Campos e Academia Ludovicense de Letras-ALL”, esclareço que, outros, chegaram a constituir as condições que fizeram 136

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do Maranhão o grande cenário da poesia, da prosa e da produção jornalística no século XIX, o que resultou em que a cidade de São Luís fosse agraciada com o título de “ Athenas Brasileira”. Em tempos mais recentes, em 1974, o Centro Histórico de São Luís foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN O conjunto do perímetro do tombamento federal possui imóveis de grande valor histórico e arquitetônico, a maioria civil, construídos no período colonial e imperial, com características arquitetônicas peculiares e com cerca de mil edificações.

“Mil Poemas a Pablo Neruda”, o primeiro dessa modalidade. Assim, a inspiração nasceu do trabalho do Chileno Alfred Asís, que sugeriu, inclusive, que fosse elaborado um projeto similar no Brasil, que homenageasse um poeta nacional. O nome de Gonçalves Dias tomou “corpo definitivo” depois de algumas análises conjuntas da autora do Projeto com a Profa. Maria Cícera Nogueira, e a concepção se firmou. No Maranhão/Brasil, a ideia foi ampliada e, além das poesias, integrou o Projeto uma segunda Antologia intitulada “ Sobre Gonçalves Dias”, constituída de artigos e pesquisas sobre a vida de Gonçalves Dias. Ambas envolvendo autores de todas as partes do mundo, de todas as idades e todos os graus de escolaridade, desde poetas imortais até crianças do Ensino Fundamental que já se aventurassem a embarcar no mundo das letras, no mundo da criação. Ressalto que Valquíria Imperiano, a Presidente do Institut Cultive Brésil Suisse, integrou a Antologia de Poemas em homenagem a Gonçalves Dias

Além disso, foi reconhecido como Patrimônio Cultural Mundial pela Unesco, em 1997, por apresentar uma tradição cultural rica e diversificada, além de se constituir um excepcional exemplo de cidade colonial portuguesa, com traçado preservado e conjunto arquitetônico representativo. São Luís se expandiu, preservando a rede urbana e o seu conjunto arquitetônico original do século XVII. Esse rico acervo abrange quatro mil imóveis tombados: solares, sobrados, casas térreas e edificações com até quatro pavimentos. A concretização do Projeto previa muitas atividades culturais, além do lançamento das duas Antologias. Foi Essas são algumas características da cidade de São Luís, pensado um grande movimento cultural, até porque, berço pátrio de Maria Firmina dos Reis, a primeira ro- além de São Luís, foram convidadas mais duas cidades mancista brasileira. para nele se engajarem, pela importância que têm na história de vida de Gonçalves Dias: Caxias (onde o poeSabe-se que muitos intelectuais desejaram concretizar ta nasceu, em 10 de agosto de 1823, no sítio Boa Visesse feito, alguns até tentaram, mas, por alguma razão, ta, em terras de Jatobá, a 14 léguas da Vila de Caxias) e não conseguiram levá-lo a termo, de modo que a Aca- Guimarães, aonde veio a falecer, ou se encantar, como demia Ludovicense de Letras-ALL só foi fundada no dia dizem os vimarenses, em 03 de novembro de 1864, no 10 de agosto de 2013, data de aniversário de Gonçalves naufrágio do navio Ville de Boulogne, próximo à região Dias. do Baixio de Atins, na Baía de Cumã. Esse dia não foi escolhido por acaso. Convém relatar um pouco da história dessa criação que nasceu no bojo de um Projeto proposto pela ocupante da Cadeira nº 1 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão-IHGM, Dilercy Aragão Adler, intitulado “Mil Poemas para Gonçalves Dias”. O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão na sua Assembleia Geral Ordinária, de setembro de 2011, aprovou a inclusão do Projeto dentro da Programação do “Ciclo de Estudos/debates sobre a Formação do Maranhão e Fundação de São Luís”, em comemoração aos 400 anos de “Fundação da Cidade.

Foram feitas viagens às cidades envolvidas no Projeto, de modo a confirmar as suas adesões. Cada cidade faria a sua Programação, de forma que caravanas de escritores fossem às cidades, por meios e vias variadas de transportes entre automóveis, ônibus e ferry boat. Na primeira viagem que fizemos, eu e Clores Holanda, à Guimarães, cidade onde Maria Firmina viveu a maior parte de sua vida e produziu toda a sua obra, a apresentação do Projeto integrou a programação da “V Semana Literária Maria Firmina dos Reis”, promovida pelo Centro de Ensino Médio Nossa Senhora da Assunção, no período de 26 a 30 de novembro de 2012.

Essa ideia da elaboração do Projeto veio do Chile, quan- Nas articulações da apresentação do Projeto, sugeri ao do a autora no Maranhão/Brasil participou do Projeto Diretor da Escola e Vereador da cidade à época, hoje Revue Cultive - Genève

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Prefeito da cidade, Osvaldo Gomes, que fosse celebrada Patrona da Academia Ludovicense de Letras, Casa de uma missa em memória de Gonçalves Dias, em Araoca/ Maria Firmina dos Reis. Atins/Guimarães. O Capítulo I do Estatuto da Academia Ludovicense de Costumo me referir à “V Semana Literária Maria Firmina Letras-ALL no seu art. 1°: Da Denominação, Da Sede e dos Reis” expressando: Nessa ocasião, nesse bem-aven- Dos Fins, expressa: turado evento vi, ouvi e vivi Maria Firmina na voz e interpretação teatral dos alunos da escola e me encantei!... Art. 1° A Academia Ludovicense de Letras – ALL, coVoltei a São Luís determinada a buscar mais informações gnominada Casa de Maria Firmina dos Reis, fundada sobre ela e iniciei as minhas pesquisas sobre sua vida. em 10 de agosto de 2013, aos 190 (cento e noventa) anos E o encanto se fortaleceu e me embeveci com a história de nascimento do poeta Gonçalves Dias, como parte da de Maria Firmina. Encantei-me com sua inteligência e programação do evento "Mil poemas para Gonçalves seu conhecimento que extrapolavam os da maioria do Dias", promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico seu coletivo e com sua capacidade de expressá-los oral e do Maranhão – IHGM, pela Federação das Academias graficamente, burlando as barreiras machistas, por meio de Letras do Maranhão – FALMA e pela Sociedade de de pseudônimos, entre outros. Assim não deixaria mor- Cultura Latina do Estado do Maranhão e do Brasil – rer as suas ideias e o eco das mensagens de igualdade, SCLMA/SCLB, em celebração final do aniversário dos de liberdade, do verdadeiro sentido de humanidade se 400 (quatrocentos) anos da fundação da cidade de São firmariam! Luís, é uma pessoa jurídica de direito privado, associação de prazo de duração indeterminado e fins não econômiCostumo me fazer a seguinte interrogação: Por que a cos, com sede e foro na cidade de São Luís, capital do ALL foi fundada 401 anos após a fundação da cidade de Estado do Maranhão, submetendo-se às normas do preSão Luís, considerando o grande contingente de intelec- sente Estatuto, de seu Regimento Interno e da legislação tuais que o Maranhão concedeu e concede para o cenário vigente no país, no que for pertinente. literário brasileiro? Não seria por falta de nomes ilustres para ocupar as suas 40 cadeiras. Se a ALL tivesse sido Art. 2° A Academia tem por finalidade o desenvolvimenfundada algum tempo atrás, seria Maria Firmina a Pa- to e a difusão da cultura e da literatura ludovicense, a trona? Acredito que dificilmente. Então quero crer que defesa das tradições literárias do Maranhão e, particufoi uma trama do tempo e do destino, esperando o mo- larmente, de São Luís, a perpétua renovação e revitalimento em que a mulher tivesse vez e voz no cânone li- zação do legado da Atenas Brasileira, o culto às origens terário; que o pássaro Sankofa Maranhense, Nascimento da cidade e à sua formação pelas letras, a valorização do Morais Filho, tivesse desfeito o apagamento de Firmina; vernáculo e o intercâmbio com os centros de atividades que Guimarães promovesse as Semanas Literárias Maria culturais do Maranhão, do Brasil e do exterior. Firmina dos Reis”; que eu fosse ao Chile ao lançamento da primeira Antologia dos “Mil Poemas”, que neste caso Destarte, a ALL busca ocupar todos os espaços culturais foi a dedicada a Pablo Neruda; que Alfred Asís tivesse me locais, nacionais e internacionais, objetivando desenvol“provocado” a fazer uma Antologia similar em homena- ver e difundir a cultura e a literatura ludovicense, a defegem a um poeta brasileiro; que Gonçalves Dias me le- sa das tradições do Maranhão e, particularmente, as de vasse até Guimarães e lá fizesse nascer em mim a ideia de São Luís, também levando o nome de Maria Firmina dos trazer Maria Firmina de volta a São Luís, de forma hon- Reis como missão precípua. rosa, para ocupar um nobre lugar na sua cidade natal, um lugar digno de primeira romancista brasileira, qual REFERÊNCIAS seja, o de Patrona da Academia de Letras de São Luís; ADLER, Dilercy Aragão. MARIA FIRMINA DOS REIS: uma missão de amor. São Luís: Academia Ludovicense de Letras, 2017. que os confrades e confreiras da Academia, em estado de ARRUDA, J.J.A. O BRASIL NO COMÉRCIO COLONIAL. São Paucriação, aprovassem o nome de Maria Firmina dos Reis lo: Ática, 1980. como a Patrona da Casa. MORAIS FILHO, José Nascimento. MARIA FIRMINA FRAGSeguindo as normas estatutárias que rezam que dois membros façam a indicação do nome do(a) Patrono(a) da Casa, eu e a confreira Ana Luiza Almeida Ferro, encaminhamos a proposta, que foi aprovada por unanimidade. Assim é que Maria Firmina dos Reis tornou-se a 138

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MENTOS DE UMA VIDA. São Luiz: COCSN, 1975. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PERFIS ACADÊMICOS: fundadores da Academia Ludovicense de Letras. São Luís: Academia Ludovicense de Letras, 2014.


VALERIA BORGES DA SILVEIRA

Escritora, Poetisa, Administradora. Formação: Administração. Especializações: Direito e Gestão Empresarial; Gestão, Orientação e Supervisão Escolar; Gestão Cultural; Gestão de Eventos; Credenciamento em Jornalismo. Presidente Associação Literária Lapeana. Diretora Empresa Santa Barbara Produções. Foi Diretora Faculdades do Paraná, Diretora Turismo, Secretária Cultura e Turismo e Diretora do Hospital Regional da Lapa-Pr. Autora 3 livros de poesias. Org./Participação várias coletâneas. Autora Livros: “Lapa Tropas/ Tropeiros” e de Crônicas “Penso Assim...” –

Momentos Inesquecíveis Por Amor e Com Amor – autoria: Valeria Borges da Silveira Vivenciamos uma crise humanitária, sem precedentes, que em poucos meses assumiu dimensões grandiosas em todo o mundo. Com a necessidade de nos protegermos, experimentamos novas formas de trabalhar e de nos relacionar. As ruas das cidades vazias, pessoas isoladas em suas casas – sozinhas e/ou com suas famílias. Em contrapartida, os contratempos e dificuldades acarretaram mais criatividades, surgindo novas idéias, pessoas compartilhando suas vivências, seus talentos, seus sentimentos... Pessoas mais solidárias, amorosas, realmente voltadas ao bem comum, à preservação da vida e do amor. É claro que alguns negócios foram interrompidos e embora algumas poucas empresas tiveram um ganho extra, Revue Cultive - Genève

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outras perderam dinheiro. Mas é impossível culpar al- de eu persistir, de eu ter perseverança, de eu saber e senguém pela perda. tir que o amor tudo vence, que o amor tudo supera, minha amada e linda filha... Agora até as atividades comuns se tornaram extraordinárias. Mesmo em momentos ruins, mesmo diante de dificuldades, sempre consigo enxergar além do horizonte, E nesse momento sentimos falta de um simples abraço, além do arco-iris por ter essa pessoa linda em minha de um beijo, de dizer palavras que retratam o verdadeiro vida... sentimento... Deus concedeu essa dádiva de ter esse anjo que ilumina Quando tudo isso passar... que passe a noite, que chegue meus passos, que alegra meu ser, que me ensina a viver. o dia, o sol nasça e traga alegria e paremos de ficar “fecha- Meu anjo de luz, companheira de todas as horas, minha dos em nós” dia-a-dia... filha, meu tudo, razão do meu sorriso e dos meus sonÉ importantíssimo não apenas passarmos pela vida, mas hos, o maior significado da minha existência! vivermos! Virou meu mundo com esse lindo sorriso! Hoje não Então mais do que nunca - agora é tempo de reconstruir, existe mais eu, só nós... de agradecer pelo que temos. Sempre agradeço pelos anjos em minha vida, por exisÉ tempo de amar, dizer uma palavra gentil, fazer um tirem, pelo apoio, pela amizade, pelo amor, pela comgesto carinhoso! panhia... Não olhemos para trás, Olhemos para frente! Ainda há Pessoas maravilhosas que oferecem paz e amor, nos motempo para apreciar as flores, a natureza... Ainda é tem- mentos felizes e tristes. po de voltar-se para dentro e agradecer pela vida! E às vezes nos perguntamos porque existem momentos E todo amor e relacionamentos só são possíveis porque tristes... Devemos agradecer a Deus por todos os momentos felizes e tristes... existe um Deus que é amor. A graça não depende da existência do sofrimento, mas O que seria de nossos momentos felizes se não existissem onde há sofrimento você encontrará a graça de inúmeras os tristes? Seriam como sol sem chuva, dia sem noite, camaneiras. lor sem frio... “Ontem, Hoje e Amanhã, somos todos um só no rio do Agradeço a Deus por tantos anjos de minha vida e por tempo. Aqui e ali, é tudo a mesma terra, porque todos os me fazerem tão feliz! lugares coexistem na mente única”. (Morris West). Agradeço a Deus pela vida, pela família, pelos amigos, Tenho o privilégio e sorte de ter amigos preciosos, flores pela saúde e por ter esperança e poder acreditar em dias do meu jardim. melhores. Sempre a minha vida foi e é marcada por pessoas especiais, desde família até maravilhosos amigos, quer em momentos festivos, comemorativos, quer em momentos apreensivos, turbulentos. E desde sempre em minha vida estão dois anjos, que são meu norte, meu tudo, meus pais! Agradeço por tudo! Agradeço pelo apoio incondicional, pela palavra sábia, pelo sorriso amigo, pelo abraço carinhoso... E desde 2003 na minha vida existe um anjo que é a razão 140

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Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil. O prêmio Jabuti se refere à Coleção A Arte de Olhar, publicada pela Editora Scipione, com quatro livros sobre o ensino da arte visual para crianças. Em 2016, surgiu a oportunidade de imigrar para os Estados Unidos pois minhas filhas já estavam estudando nesse país e, novamente, resolvi enfrentar o desafio de conquistar o espaço de escritora brasileira nos Estados Unidos. O prêmio Jabuti que recebi, sendo um reconhecimento importante para a carreira do escritor, contribuiu decisivamente para ser aprovada como residente nos Estados Unidos. Minha proposta foi dar continuidade à carreira de escritora e ir além, ao me tornar editora, fato que ampliou os meus horizontes, e passei a incentivar a literatura brasileira no exterior. Em 2019 abri a Underline Publishing, uma editora norte americana, que tem como objetivo publicar textos de escritores brasileiros e lusófonos no exterior em ingles, português e espanhol e me tornei colunista do JornalBB brasileiros e brasileiras, sediado em Orlando, Florida, que atende a comunidade brasileira onde escrevo sobre arte e cultura brasileiras.

NEREIDE SANTA ROSA escritora, editora e produtora.

Minha trajetória como escritora está relacionada `a minha formação como professora e pedagoga. Inicialmente, tive o incentivo de minha família, em especial minha mãe, que me proporcionou uma educação exemplar e a oportunidade de ler livros desde a infância. Já adulta, durante a universidade, trabalhava como professora de Educação Artística para o curso de formação de professores onde desenvolvi um projeto que se transformou em meu primeiro livro pela Editora Ática: O ensino da Matemática através da música, visto que a minha primeira faculdade foi Matemática e Física e já era formada em Piano e Educação Musical. Juntar os dois temas foi muito interessante e me despertou para as editoras e palestras pelo Brasil. E como sou uma pessoa que adora desafios, a partir daí, minha vontade de escrever só aumentou. Já casada e com duas filhas, meu marido Francisco me apoiou desde o início, publiquei minha primeira obra de sucesso, Villa-Lobos pela Coleção Crianças Famosas na Callis Editora. Não parei mais de escrever e publicar em múltiplas editoras no Brasil, atingindo 90 livros publicados e pleno desenvolvimento profissional com mais de meio milhão de livros vendidos no país, e detentora do Prêmio Jabuti e outros como a

Nesse mesmo ano, recebi o convite de Carlos Borges, CEO do Focus Brasil Foundation, para coordenar o Focus Brasil NY com o tema Literatura Brasileira, e atualmente sou a Diretora do Focus Brasil NY. O objetivo da Focus Brasil Foundation é promover a imagem positiva do Brasil e dos brasileiros através da Arte, Cultura, Educação, Empreendedorismo e Responsabilidade Social. No caso do Focus Brasil NY, a nossa proposta é promover a literatura brasileira divulgando escritores brasileiros e suas obras. O Encontro de Escritores Brasileiros realizado em 2019 aconteceu no Consulado Brasileiro de New York durante dois dias, com o apoio da Globo Internacional e foi um sucesso. Sendo o primeiro coordenado por mim, a proposta era permitir a inscrição apenas de escritores brasileiros residentes nos Estados Unidos ou que tivessem lançado o livro por aqui. O resultado foi uma excelente surpresa, com a presença de 74 escritores que participaram de palestras, painéis, feira de livros, homenagens, destacando a presença do dramaturgo e novelista Silvio de Abreu. Foi uma celebração literária onde os escritores se confraternizaram entre si e divulgaram seus livros. Em 2020, em versão online, ampliamos para todos os escritores brasileiros inclusive do Brasil, lançamos o Catálogo Internacional de Escritores Brasileiros – Focus Brasil NY e entregamos o prêmio AWARDS Destaques Literários. No início de 2021, ampliando ainda mais nosso espectro de ações voltadas para a Literatura Brasileira no exterior, instalamos a Academia Internacional de Literatura Brasileira cadastrando escritores brasileiros de Revue Cultive - Genève

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diferentes gêneros literários, com o objetivo de dar visibilidade e reconhecimento. Como Coordenadora da AILB, tenho orgulho em dizer que estamos com cerca de 600 membros inscritos participando das múltiplas atividades que desenvolvemos dentro do Focus Brasil NY. A mais recente é o programa LIVRO ABERTO apresentado ao vivo quinzenalmente, cuja execução é da Focus Brasil Foundation, produzido e apresentado por mim quinzenalmente trazendo convidados especiais das áreas editorial e literária brasileiras com a participação dos membros da AILB. Todos os programas estão disponíveis na plataforma digital Focus Brasil. E, finalmente, teremos o nosso maior evento, o 3. Encontro Mundial de Literatura Brasileira que acontecerá entre 16 e 22 de setembro de 2021 online ao vivo, com a participação de cento e sessenta escritores de quinze países em dez painéis, sessenta e quatro depoimentos, entrega de dez prêmios AWARDS Destaques Literários 2021, com destaque para o “Outstanding Achievement Award” ao escritor Laurentino Gomes, além do lançamento do 2. Catálogo Internacional de Escritores Brasileiros.

escritora, este foi um passo importante por ampliar o alcance de minha fala e de meu texto. Mesmo morando nos Estados Unidos, continuo publicando no Brasil e meu recente lançamento é o livro “Panorama da Arte – do Paleolítico ao Contemporâneo” pela Editora do Brasil. De escritora a editora, foi um passo que aconteceu pela experiencia que obtive com tantos profissionais maravilhosos que editaram meus livros, e como promotora, decorreu pela vontade de contribuir com a literatura brasileira no exterior. Não me vejo em outro patamar e considero que todas as pessoas devem seguir seus sonhos e conquistá-los seja em qualquer campo de atuação.

Aos leitores, desejo que estejam bem e acompanhem todos os eventos do Focus Brasil NY na plataforma digital do Focus Brasil. Aproveito também para convidá-los a conhecer a Underline Publishing a qual desde 2019 já está se destacando internacionalmente e conta um catálogo com quarenta títulos publicados em português, ingles e bilingues e muito mais em breve. Todas essas conquistas pessoais foram acontecendo de Se você é escritor, converse comigo, amplie seus horiforma natural por estarem relacionadas. De pedagoga a zontes. Muito obrigada pela oportunidade.

https://editioncultive.com/ 142

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moderadora de Alkimia do ser

ORGANIZADORA

moderadora da Biblioterapia

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Para não prolongar, são 29 etnias enriquecendo a literatura, música, dança e gastronomia. Na cultura étnica local, temos o fandango do litoral, as Cavalhadas de Guarapuava e a Congada da Lapa. Na Gastronomia, temos o barreado típico do Paraná herança dos tropeiros, e uma diversidade invejável, trazida de todas as nações. Temos o MUSEO DO MATE, pelo chimarrão, temos o pinhão, quentão, as massas italianas, o café colonial alemão, pierogue da Polônia, e todas as outras que é do conhecimento de todos. Anualmente temos por uma semana no grande Teatro Guaíra, FESTIVAL FOLCLÓRICO DE ETNIAS DO PARANÁ, Festival Internacional de música em Londrina e festival de teatro em Curitiba. NOS Orgulhamos deste estado que tem como símbolo, a maravilhosa árvore ARAUCÁRIA, com seus braços voltados para o céu, compartilhando espaço com o radiante IPÊ AMARELO. O PARANÁ É UMA VERDADEIRA CELEBRAÇÃO À DIVERSIDADE CULTURAL POR Kazuco Akamine Em 1808, Dom João VI promulgou a lei que permitia tomar posse das terras do sul do BRASIL. Aqui no planalto, habitavam predominantemente os índios TINGUIS. Veio a emigração de gaúchos- catarinenses -paulistasnordestinos emineiros. Em 1850, iniciaram os fluxos migratórios, quando o estado do Paraná conquistou a independência, desligando-se do estado São Paulo. O PARANÁ com um território equivalente à 2,34% do país, é um estado admiravelmente pujante em sua economia. É o segundo estado que mais emprega estrangeiros e nós brasileiros somos considerados o povo mais miscigenado do mundo. O PARANÁ é um estado, onde todos convivem em absoluta harmonia e com espírito extremamente laborioso, compartilhando sua cultura étnica como nenhum outro estado. Graças à imigração de povos como portuguesesalemães -poloneses- italianos - japoneses- ucranianos - árabes- coreanos - chineses- africanos -austríacos-holandeses -húngaros- eslavos -sírios - libaneses - suíços argentinos -neerlandeses. 144

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Delégue Maria Inês Botelho Paraná - Brasil

PROJETO: CAMINHANDO COM LEITURA PARQUE DA PEDREIRA

Objetivo: Apresentação A população de Mandaguari (PR-BR) está estimada em 34.000 habitantes. Apresenta quase toda sua maioria na baixa renda. Destaca-se que o sistema de saúde público - SUS é muito utilizado, o que leva à necessidade de otimização de recursos e estratégias alternativas não só para à conscientização da utilização dos mesmos, mas também na diminuição de sua utilização. Um problema nacional não poderia deixar de ter seus efeitos na cidade de Mandaguari: a população também sofre com doenças crônicas. Além da atividade física, o projeto proporcionará aos participantes a conscientização de que educando o corpo e a mente ter-se-á uma vida mais saudável.

Proporcionar aos participantes um modelo de caminhada orientada pelo Parque da Pedreira. Justificativa As pessoas, hoje, cada vez mais, sofrem com o isolamento e, consequentemente, com as DCNT’s,, tendo como fatores a obesidade; a alimentação inadequada e o sedentarismo mórbido. É um conjunto de fatores que se somam à falta de convívio social. As atividades realizadas serão de suma importância no tratamento de pacientes e de indivíduos que dependem ou não da rede pública, mas que, com as atividades físicas, encontrarão esclarecimentos, educação apropriada e, principalmente, sociabilização e cultura (fator principal no tratamento de doenças como o stress). Revue Cultive - Genève

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Local Parque da Pedreira Público Alvo Alunos de escolas municipais e seus pais.

ao envolvimento social que se estabelecerá, mais fortemente, entre a escola, os pais, instituições privadas e públicas.. Cronograma As atividades previstas para este projeto serão realizadas mensalmente.

Desenvolvimento Sensibilização e divulgação do projeto em escolas municipais através de atividades a serem realizadas e de Anderson Brito material educativo. A avaliação de dados terá aferição e Professor de Educação Física controle de pressão arterial dos participantes do grupo Gil Tavares Selma de Fátima F. Bertolini Atividades de campo: CAMINHADA, REUNIÕES E Secretário de Cultura, Esporte e Lazer Secretária de Educação PALESTRAS INTINERANTES Recursos Necessários

Maria Inês Botelho Presidente da Comissão de Projetos Humanitários Presidente do Elos Clube de Mandaguari Metas Ronaldo Côrrea Santana Reduzir 30% o uso de medicamento. Reduzir 30% a obe- Presidente do Rotary Club de Mandaguari-Família sidade, sedentarismo, hipertensão e diabetes. Incentivar e conscientizar a prática da atividade física em pais de Rotary International alunos, para se ter população praticando atividade física. Distrito 4630 Rotary Club de Mandaguari-Família Elos Clube de Mandaguari Aproveitamento promocional Institute Brésil – Cultive/Genebra - Suiça Os pais muito se beneficiarão com este projeto devido Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer Secretaria Municipal de Educação Rádio Agora FM

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CONGRÉS CULTIVE INTERNATIONAL CULTUREL DE LA FEMME «Esse é o universo feminino, mas todos podem vir reverenciá-lo»

E-mail: congresso@institut-cultive.con Revue Cultive - Genève

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VALDIVIA VANIA SIQUEIRA BEAUCHAMP é uma brasileira nascida em Recife no Nordeste do Brasil. MA em Ciências e Letras (Literatura Portuguesa e Hispânica), 1990-1992, New York University. Pós-graduação em Ciências e Letras (Literatura Medieval Espanhola), 1980-1982, Purdue University. West Lafayette, IN. Sorority SIGMA DELTA PI, (Capítulo Espanha), desde 1980, Purdue University. West Lafayette, IN. BA em Comunicação (Jornalismo), 19751978. Centro Universitario de Brasilia (UniCEUB), Brasília. Profa. Assistente (português e espanhol) Purdue University, 1980-1982, New York University, 1990-1992. Profa. Assistente (Teoria da Comunicação) 1978-1980 no UniCEUB. Jornalista (apresentadora internacional), para a Rede TUPI de Televisão (1976-1980) e para a Televisão Manchete e Radiobrás Brasília (1985-1989) cobrindo o Congresso Nacional e Embaixadas. Criou programa político “PRIMEIRO PLANO” entrevistando personalidades como Pres. Jimmy Carter USA (1977), Pres. Valéry Giscard d’Estaing – França (1978), Chanceler Helmut Kohl - Alemanha (1979), além de membros dos três poderes de Brasília. Foi Coordenadora Cultural da Embaixada Americana para (Casa Thomas Jefferson), Brasília. Autora de: “Stigma, saga por um novo mundo” (português e Inglês- MELHOR LIVRO DE FICCAO: Trofeu CORA CORALINA 2018). Melhor livro de ficção - TROFÉU CORA CORALINA, 2018, pela ZL Books Editora, RJ- “em sua 4a. Edição. O Livro “STIGMA Saga por um Novo Mundo”, saiu em Inglês em 2004, e foi um sucesso no lançamento. Conta sobre os primeiros 23 judeus que vieram para New Amsterdam - hoje NY, em 1654. Saíram de Recife depois que os portugueses retomaram o Brasil dos Holandeses. Foi adotado pelo Manhattan College. Escreveu “A culpa a Napoleao “em Português, Frances e Inglês; “KHATUN…” só em Francês; “My Me148

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sopotamia Notes…”, so Ingles “Because of Napoleon” (português, francês e inglês); “Khatun - Gertrude Bell mentor de Lawrence d’Arabie” (francês); “My Mesopotamia notes of Gertrude Bell” (inglês); e “PARNAMIRIM, Base norte-americana nos trópicos. 1939-1945 - Uma história inclusiva” (português, alemão, francês e inglês). Participou de várias antologias. Participou de congressos e seminários na Europa, Brasil e EUA. PREMIOS E MEDALHAS MEDALHA DE OURO e título: EMBAIXADORA DA CULTURA BRASILEIRA. Patrocinada pela Divine Academie Francaise des Arts Lettres et Culture - (2019) Paris. TROFEU - CATEGORIA LITERARIA - Imprensa Sem Fronteira -2015-2016 - Blumenau. MEDALHA DE PRATA: Patrocinada pela: Academie de Arts, Science et Lettres - Societe Academic D’Educationet et D’Encoragement – 2012 - Paris. MEDALHA DE BRONZE - Trabalho apresentado e publicado: Congresso Internacional sobre o CISTER, 2009 - Braga. Fundadora e Presidente da EURO-AMERICAN WOMEN WRITERS, INC, NYC.

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LITERATURA FEMININA COPYRIGHT: Valdivia Beauchamp Se a mulher e o feminino, expressam-se na literatura como o “outro”, quando ela traz para o centro das representações literárias, suas verdades, será que pode eximir-se de elaborá-los numa tradição literária que é patriarcal? A literatura feminina já há anos divorciada da feminista, que está sendo muito focalizado dentro de uma ALTERIDADE em seu contexto histórico-social, sem conotações políticas ou sociais, sem qualquer rótulo, que é a nossa proposta primeira. Já a literatura feminista, que em geral é associada a “lutas”, de uma maneira ou de outra, respeitando os pontos de vista , vemos o sujeito de emancipacao consciente de seu papel social, que eh o EGO da autora lutadora. (Luiza Lobo) . O canone foi demarcado pelo homem branco de clase media ocidental e a mulher insere-se nesta cena com a literatura feminina, a partir de uma ruptura e o anúncio de uma alteridade ou diferença para com essa visão. A alteridade na literatura de autora feminina tournou-se a base de abordagem literária. E e aqui que discuto a Literatura feita pela autora Kate Chopin.. Gostaria de refletir em poucas linhas sobre o fator ALTERIDADE em um de seus trabalhos, selecionado, com a intensão de que seja observada a evolução da literatura feminina. Introduzindo a autora KATE CHOPIN, ( Nascida Katherine O’Flaherty, St. Louis, Missouri, USA -1850-1904), logo nos deparamos com suas muitas estorias. Numa coletânea fantástica “Complete Novel & estories” (by Louisiana State Press, 1969), Chopin nos mostra que mesmo no século XIX, abordava seus personagens mulheres, inconformadas com suas vidas. A autora em suas muitas estorias, apresenta a condição marginalizada, oprimida, esteriotipada, condenadas ao sofrimento, cuja culpa foi de Eva. Chopin viveu numa época onde o movimento feminino havia começado. As sufragistas, como Susan B. Anthony, Elizabeth Cady Stanton, Gertrude Lothian Bell, (Inglaterra) realmente haviam iniciado suas carreiras de ativistas e de mulheres abolicionistas. Dando continuidade introduziram o sexismo no movimento abolucionista, o que as levou a uma representação que consumou no Movimento Sufragista. Nos Estados Unidos durante o periodo de 1848 -1920, excluidas do movimento feminista e das organizações anti-escravocrata, lideradas por mulheres brancas e homens negros - outra decepção - foram tambem marginalizadas, porém não deixando passar em branco este périodo de lutas. Fundaram o Colored Female Anti-Slavery Society.

Nas décadas de 1960-1970, mais uma vez o movimento feminista sofreu grande desilusão, desta vez a luta era formar uma infra-estrutura para além do sistema de votos, representação da mulher mais tarde a partir da década de 1990 até o presente, registramos em grande aspecto, respeito para com a mulher. A Prof. Anita Hill se defendeu em corte Federal em Washington DC, acusando o Juiz Clarence Thomas, chairperson do EEOC, por harsselamento. Esse ato ficou na história como uma grande vitória, ela conseguiu se posicionar, no que se diz respeito a mulher. Prof. Hill tem vários livros publicados. Este fato no leva ao pensamento de E. Levinas : “Constituir a ética como filosofia primeira sobre a relação absoluta da alteridade, contestando um que outro ponto de pensar ...disse mais: “A relação ao outro consiste certamente em querer compreendê-lo, mas a relação da alteridade, excede esta compreensão.” Chopin, uma autora progressista, de mente aberta, teve seus trabalhos engavetados por muitos anos depois de sua morte. Só foram descobertos entre as energias dos movimentos feministas em 1960. Ela manipulava um certo humor em suas escritas o que pode ser visto por diversas perspectivas. Por exemplo dentro de um estudo psicológico ou um conto moderno e ou até se tratando de estorias de rejeição onde algumas vezes nos deparamos com o desenvolvimentno de uma alma despertando para a possibilidade de outra vida, ou emancipação de uma criatura e seu completo ser, ou mesmo praticando o abandono do convencionalismo. Um de seus contos mais famosos, “The Awakening”, aqui abordado, trás uma estoria triste de uma senhora do sul que pretende fazer as coisas que trazem grandes consequências, tornou-se o conto que recebeu maior criticismo. Por que? Porque Chopin tinha como lema: “Tudo que lhe é prazeroso por direito, você não tem deveres.” E foi com esse tipo de retórica que Chopin escreveu livremente. Creio que inconscientemente a autora ao colocar seus personagens em certas circunstâcias e condições anômalas ou mesmo em característica que se desenvolvem por relações de diferençaa de contrastes, ela praticava Alteridade, no que toca a circunstancia, condicao ou caracteristica que se desenvolve por relações de diferençaa de contrastes. Ainda dentro deste contexto, a professora Luiza Lobo, anos depois de Chopin, discute sobre a teoria do feminismo enquanto “genero sexual”, que deve ser compreendido como um dado de “construção cultural”. Levando-se em consideração a época em que Chopin escrevia, não encontramos tantos parâmetros para este tipo de debate, todavia podemos ressaltar o que Helene Cixous e Toril Moi, nos alerta sobre a descontrução de oposições binarias tipo: macho versus fêmea, forte versus fraco, o que constituem Revue Cultive - Genève

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o quadro epistemológico de conhecimento do mundo no Ocidente: espírito versus corpo, cultura versus natureza, considerando um sistema centrado no logo centrismo e falocentrismo. Que queremos dizer com isso? Que todas essas ideias são construções culturais quando sabemos que as mulheres e os negros são minorias e portanto excluídos das posições sociais mais elevadas dos estudos acadêmicos, dos canones literários e assim não surgem como formadores de opinião, afirma Luiza Lobo. Partindo deste principio, analizemos o trabalho de KATE CHOPIN focalizando o conto: “The dream of an hour”. Este conto tem a extensão de duas páginas e meia, onde a autora descreve um momento intenso em período curtíssimo que se passa com a personagem Mrs. Mallard ao receber a notícia da morte de seu marido, o ferroviário Brently Mallard. Com o choque ela se retira para seus aposentos no primeiro andar de sua residência, sozinha, fechando a porta atrás. Dela, senta-se numa cadeira confortável e imóvel fica a contemplar as árvores que vê em seu quintal e absorva a paz que sente neste processo. Em suas elucubrações lembra-se que no dia anterior achava que sua vida era muito longa...mas naquele momento, vivendo aquela temporalidade em que o seu ser se imbuia conscientemente de uma grande paz interior, ela mentalmente repetia que estava livre, livre, livre. Enquanto isso ocorria com a protagonista, sua irmã forçava a porta para entrar, já com receio que algo pudera ter-lhe acontecido. Finalmente, Mrs. Mallard se levanta, abre a porta e com um ar vitorioso e triunfante, segura no braço de sua irmã, desce as escadas e aí, falece. A causa mortis: “ataque cardiaco causado por enorme alegria”. Chopin, fora muito feliz em nos apresentar o conceito de alteridade feminina na capacidade de nos apresentar a personagem no lugar de seu próprio ser, agora livre, em sua relação interpessoal. O plano da manipulação do autor, os pensamentos de Mrs. Mallards lidos pelo leitor, mostram que a mulher exibe uma crítica de vida diferente da dos homens, porque sua leitura e ao mesmo tempo diferente e produzida pela consciência de uma leitura da diferença, como um paradigma crucial da construção cultural, binaria, Mrs. Mallard, só conseguia ver seu OUTRO, livre...

Brasileira, nascida em São Paulo, mas aos 12 anos, mudou-se para a cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba, Brasil. Faz parte da Academia Internacional de Literatura Brasileira-AILB. Faz parte do grupo Coletivo Mulheres Artistas onde não só é colaboradora como cuida das redes sociais. Publicou seu primeiro livro Sunset &Poetry (em inglês) uma produção independente pela pela Amazon em Dezembro de 2020 e fez seu lançamento oficial virtualmente no 1 Salon International Du Livre Et De La Cuture De Geneve Cultive em Maio de 2021 e o lançamento do Ebook pela editora Cultive. Fará sua primeira participação com os 2 livros na 91 Feira do Livro de Lisboa 2021. É membro fundadora da NAISLA (Nucleo Accademico Italiano Di Scienze, Lettere E Arti) que tomará posse em Novembro de 2021. Está participando de antologias nacionais que serão publicadas brevemente e uma antologia Internacional. Atualmente está localizada com o marido em seu barco na cidade de St George's, Grenada no Caribe.

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É um grande desafio falar de Zilda Arns, uma mulher culta, empoderada, muito à frente do seu tempo. Descendente de alemães, nasceu em 25 de agosto de 1934 em Forquilhinha, sul do estado Santa Catarina, (faleceu com 76 anos de idade). Teve uma vida regrada pela fé e dedicação ao próximo. Foi uma Médica Missionária, Pediatra, Sanitarista, Fundadora Nacional e Internacional da Pastoral da Criança e Fundadora da Pastoral da Pessoa Idosa. Nasceu em uma numerosa família de 12 irmãos, muitos se dedicaram à vida religiosa, inclusive Dom Paulo Evaristo Arns, Cardeal Arcebispo Emérito de São Paulo, era seu irmão.

APRESENTAÇÃO DO LIVRO “TRIBUTO A ZILDA ARNS NEUMANN”

Desde a infância, Zilda acompanhava a mãe Helena no atendimento às crianças e nos conselhos que ela dava às mães da comunidade. Estes serviram de grande incentivo para a formação profissional de médica e para a criação da Pastoral da Criança.

Formou-se na Universidade Federal do Paraná no ano de Neusa Bernado Coelho, sou Farmacêutica, Poeti- 1959, especializou-se em Pediatria e Saúde Pública. sa e Historiadora, desenvolvo trabalhos sociais e culturais no meu município, onde recebi Comendas e O início da Pastoral da Criança Homenagens na Câmara Municipal de Palhoça/SC. Par- Tudo começou em 1982, numa reunião sobre a Paz, em ticipo de várias Academias e Associações Nacionais e Genebra, promovida pela ONU. Dom Evaristo Arns, irmão de Zilda, presente no encontro, foi indagado para Internacionais. que a igreja fizesse algo em prol de milhares de vidas de Iniciei na área literária em 2015 ao vencer o Concurso crianças que morriam de diarreia e desnutrição no Brade Poesias on-line instituído pela Academia de Letras sil, doenças facilmente tratáveis e preveníveis com soro de Palhoça. Sou membro efetivo dessa arcádia, exerço a caseiro, aleitamento materno, alimentação e higiene. função de secretária, ocupo a Cadeira n.24, tenho como Dom Evaristo, conhecedor da capacidade de Zilda Arns, Patrona é Zilda Arns Neumann. prontamente fez-lhe o convite para que desenvolvesse Sou coautora em mais de 60 Antologias e Coletâneas, e um projeto de forma ecumênica e atendesse as crianças e publicação autoral de textos de História na Revista Su- gestantes em vulnerabilidade social.

plemento Literário A Ilha, Mágico de Oz, Jornal Cultural Rol no site Portal On-line cidade de Palhoça: https://por- Na época, o índice de mortalidade infantil no Brasil era muito alto, segundo o IBGE, nos primeiros 5 anos, mortalpalhoca.com.br/ riam 50 crianças para cada mil nascidas vivas. Publiquei em 2015 dois livros de poemas, duas obras estão no prelo a serem publicados em 2021. No 1º Salão Internacional do Livro de Genebra – Cultive apresento o livro intitulado “Tributo a Zilda Arns”, resultado de um trabalho acadêmico publicado em 2019. O título revela a grande musa inspiradora da minha vivência desde 1999, quando implantei a Pastoral da Criança na Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré em Palhoça/SC, minha cidade. Zilda Arns Neumann 152

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Com muita fé e experiência, Dra. Zilda iniciou o plano para salvar vidas. Viúva, chegou em casa e falou aos filhos sobre o desafio que recebera. “A mãe hoje vai fazer um café bem forte para não ter sono, preciso elaborar um plano que possa salvar milhões de crianças no mundo todo” Assim nasceu a Pastoral da Criança, em 1983, na cidade de Florestópolis no Paraná/Brasil. Após um ano o proje-


to já era considerado um grande sucesso, a mortalidade infantil baixou de 127 óbitos para 28, a cada mil crianças nascidas vivas. Nas outras comunidades onde foi implantada a Pastoral da Criança, o índice de mortalidade permanece a metade da média nacional.

A expansão se deu partir de ações de caráter preventivo, disseminando conhecimentos, especialmente nas periferias das grandes cidades e nos bolsões de pobreza e miséria dos pequenos e médios municípios brasileiros, tanto no meio urbano e rural, quanto nas áreas indígenas. Mais de 200mil líderes acompanham aproximadamente dois milhões de crianças de 0-6 anos de idade em todos os estados da federação. A Pastoral da Criança é considerada a maior organização não governamental em todo o mundo a trabalhar com crianças de zero aos seis anos e gestantes, inclusive nos continentes da África, Ásia e América Latina.

As cartilhas educativas No início as cartilhas de orientação foram elaboradas manualmente por Dra. Zilda, utilizando o conhecimento da cultura popular, aliado ao seu conhecimento científico. Depois o UNICEF encaminhou uma secretária para ajudá-la na missão. Hoje, todo material educativo é informatizado, com ajuda de um aplicativo onde as líderes preenchem os dados ao fazer as visitas domiciliares e a Celebração da Vida. As histórias vividas por Zilda Arns Dra. Zilda, carinhosamente chamada, viveu inúmeras A expansão da Pastoral da Criança surpresas agradáveis, dedicadas com amor, por onde Revue Cultive - Genève

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pobres e ricos, analfabetos e doutores na busca de vida plena para todos. A perseverança do trabalho de Zilda Arns Neumann continua nas comunidades, arraigados no amor, conforme a frase: “Há muito o que se fazer, porque a desigualdade social é grande. Os esforços que estão sendo feitos precisam ser valorizados para que geOutra vez, passando de canoa nas aldeias ribeirinhas rem outros ainda maiores”. do Alto Solimões no Amazonas, Dra. Zilda encontrava faixas com dizeres “Bem-Vinda Dra. Zilda, nós te ama- O livro Tributo a Zilda Arns mos”. Muitas outras belíssimas histórias estão redigidas “Tributo a Zilda Arns” É um livro colorido com riquísno livro apresentado simo material educativo, e orientações para as famílias. Explica, de forma didática, todas as etapas do projeto da Títulos e Premiações Pastoral da Criança no Brasil e no mundo. Essa obra esRecebeu muitos Títulos, Honrarias e Homenagens, to- pecialíssima você encontra no site da Editora Juca Palha dos expostos aos visitantes no Museu da Vida, localizado www.editorajucapalha.com/ no Paraná. A Pastoral da Criança e a Dra. Zilda foram indicadas 3 Agradecimentos vezes pelo governo brasileiro ao Prêmio Nobel da Paz Quero parabenizar a Presidente Valquíria por seu trabalpelos relevantes serviços prestados à sociedade. ho em prol da cultura, difundindo a Língua Lusófona no 1º Salão Internacional do Livro e da Cultura através do A morte e o processo de beatificação Instituto Cultive. Agradeço a oportunidade de apresenDra. Zilda deu a vida por amor ao próximo, a notícia de tar meu livro, para mim é grande honra participar desse sua morte no dia 12 de janeiro de 2010 causou grande magnífico evento internacional. comoção no Brasil e no exterior. Faleceu em missão, aos 77 anos, no fatídico terremoto em Porto Príncipe, no Haiti, um dos países mais pobres da América Latina e com alta taxa de mortalidade infantil. Morreu ao palestrar sobre a Pastoral da Criança, no lugar que mais gostava de estar, dentro de uma igreja e no meio do povo. O processo de beatificação de Zilda Arns começou em 2015, cinco anos após sua morte, quando milhares de fiéis se manifestaram em uma moção com mais de 250 mil assinaturas O grande objetivo do povo brasileiro é celebrar a santidade dessa mulher que salvou tantas vidas. passava. Certa vez em Coroadinho, Maranhão, foi visitar uma comunidade, quando chegou lá não havia pessoas lhe esperando, o que lhe causou surpresa, mas quando adentrou à igreja estavam todos alegres e jogando uma chuva de pétalas de rosas vermelhas sobre ela.

Fragmentos do Último Discurso em Haiti No discurso, no Haiti, Zilda Arns enalteceu o cuidado que devemos ter com as crianças. Na última frase ela dizia: “Como pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe dos perigos e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los” Fonte: https://www.pastoraldacrianca.org.br Resultado do trabalho Temos como resultado desse trabalho a extinção da subnutrição no Brasil, a diarreia e a pneumonia que não matam mais crianças. Temos a valorização do papel da mulher na transformação social, a mobilização de todos, 154

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Le monde des animaux Editions Cultive

Estará nas livrarias 2021

Maria José Esmeraldo Rolim nasceu em Floriano – Piauí, Estado do Nordeste do Brasil. Maria José Esmeraldo Rolim fez mestrado e doutorado em Educação no Uruguai. Sua escrita focaliza o tema das suas pesquisas : a violência simbólica e o bullying que finalizou em uma edição traduzida para o espanhol e teve uma ampla aceitação dos educadores e em seguida publicou A violência dos laços familiares aos bancos escolares, livro destacado pela crítica, como relevante para a Educação; Possui 23 publicações conjuntas e 3 solos. Maria se lança na litartura juvenil com o livro «O mundo dos animais», O reconhecimento de seu trabalho foi feito pela Assembleia Legislativa de Fortaleza, da qual recebeu votos de louvor pela pesquisa efetuada. Prêmios: Madre Teresa de Calcutá- Itabira, MG. Evita Perón – Buenos Aires, Academia de Letras y Artes- EMBAJADOR DE LA PAZ - Argentina. ABL - Conab-Conselho Nacional das Academias de Letras do Brasil - Filósofa Imortal. Brasília. Prêmio Cidade de Literatura. Prefeitura Municipal de São Pedro da Aldeia-RJ.

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Foco Saúde

PROJETOS DE ACOLHIDA LEVAM ESPERANÇA E ALEGRIA AOS PACIENTES DA ENFERMARIA COVID DO HOB

to felizes também. Afinal, fazer aniversário em tempos de Covid-19 é um sinal de vida e motivo para alegrar-se”, celebra. Outra forma de expressar esse cuidado se deu a partir da iniciativa chamada “Qual o seu prato especial?”, em que o paciente pode escolher uma refeição preparada especialmente para ele, mesmo que não esteja prevista no cardápio do hospital. Já foram atendidos pedidos de macarronada, salada de rúcula, suco gelado, batata souté, entre outros. “É notável o sentimento de valorização, alegria e satisfação no rosto deles, que ficam muito gratos com esse gesto. O apoio da nossa gerência foi muito

A necessidade de isolamento e a impossibilidade de receber visitas de amigos e familiares deixam os pacientes em tratamento para Covid-19 particularmente fragilizados emocionalmente, ampliando seus sentimentos de solidão, angústia e desamparo. Foi observando essas necessidades de acolhida que a Gerência de Nutrição e Dietética (GND) e a equipe multiprofissional da Enfermaria Covid-19 do Hospital Metropolitano Odilon Behrens (HOB) desenvolveu ações de humanização para atenuar a ansiedade e proporcionar um pouco mais de conforto, alegria e esperança aos significativo para tornar esse desejo uma realidade”, sapacientes internados. lienta Almeida. Eluciana Almeida, nutricionista clínica da enfermaria Covid, responsabilizou-se por engajar a equipe na comemoração dos aniversários dos pacientes, no projeto “Parabéns para você!” com a oferta de um bolo, preparado com carinho e capricho pelos funcionários da cozinha, e um cartão de aniversário. Ela relata que esse é um dia muito significativo para os pacientes, que se sentem mais sensíveis pela ausência das pessoas com quem estão familiarizados a celebrar o novo ano de vida. “Com essa iniciativa, dedicamos um momento em que todos os profissionais se reúnem para esse fim, o paciente se sente acolhido e nós ficamos mui156

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Rosângela Araújo, 60, também conhecida pelo nome artístico de Rose Emília, é cantora profissional, artista e modeladora de roupas femininas e uma das pacientes que receberam as homenagens. No dia do seu aniversário ela estava muito debilitada, sem poder ingerir alimentos sólidos. Por isso, a comemoração aconteceu dias depois e em dose dupla, junto com a alta médica. Ela conta que a experiência de ter tido a doença mudou a sua perspectiva em relação à vida. “Com quase 60 anos, eu nunca vivi uma situação tão dolorosa, porque a gente se sente frágil e as coisas passam a ter outra expressão. Mas eu vivi uma situação ímpar e única de dar valor.


Quem quiser me ver, vai precisar olhar por uma ótica diferente a partir de agora”, reflete.

As iniciativas trouxeram alegrias para os pacientes e também para a equipe. Médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, fonoaudiólogos, secretários, fisioteO cuidado e carinho da equipe multiprofissional da en- rapeutas e nutricionistas fazem questão de estar junto fermaria marcaram a sua passagem pelo hospital, e a nos atos simbólicos, cientes de que o bem-estar do pacantora garante que será uma lembrança que levará para ciente favorece seu quadro geral de saúde e pode levar a vida toda. “Eu conheci aqui pessoas excepcionais que uma recuperação mais rápida, sendo ainda um momento tem realmente interesse que você fique bem. A essência desse povo vai toda colada na minha pele. É como se eu

de renovação de energias ao se despedirem de pacientes recuperados. tivesse feito uma tatuagem no corpo todo, com cada pe- Mais um projeto no forno dacinho deles em mim”, diz emocionada. Muitos são os planos dos profissionais da enfermaria A vontade de despedir-se de uma forma mais afetuosa para trazer, cada vez mais, esperança e felicidade aos e simbólica dos pacientes, fez com que a nutricionista pacientes. Pensando nisso, Eluciana está planejando também planejasse a produção de um certificado intitu- concretizar mais um projeto, de nome “Poesia Terapia”, lado “Eu venci a Covid-19”, como um ato de celebração nascido da observação da nutricionista do potencial da pela recuperação de cada paciente. “É nesse momento arte para trazer tranquilidade e bem-estar aos pacientes. que eles se sentem profundamente valorizados, fazem A ideia no novo projeto é incentivar a equipe a produzir poesias e contos tendo como temática palavras que inspirem positivamente os pacientes, como amor, fé e esperança. Ao fim da seleção, a intenção é premiar os profissionais participantes e produzir um livro em formato impresso e digital. Toda segunda-feira, cada profissional irá escolher uma poesia com a qual se identifique e, assim, fará a leitura para os pacientes, na expectativa de gerar um momento de acolhimento e de expressão de bons sentimentos. discursos emocionados e agradecem pelo nosso trabalho”, relata com orgulho. *Matéria enviada pela comunicação do Hospital Odilon Bherens Revue Cultive - Genève

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Foco Cultive

FEIRA DE SANTANA NA FRENTE DAS ATIVIDADES CULTURAIS

O Núcleo Cultive de Feira de Santana dirigido pela Delegué Internacional Maria José Negrão e seus pares os membros Internacionais João Martins, Zezé Negrão, Neuza Brito Carneiro Irlana Menas, Débora Leal, Josman Lima, Jaide Siqueira, Angelo Pinto, Liacélia Leal , Neide Cruz, Raymundo Santos, Graça Cordeiro, Carmen Pires, Raymundo Luiz Lopes, sempre está organizando em atividades e uma delas aconteceu no dia 30 de julho de 2021 às 15h30 no espaço do casarão de Cultura Olhos D’Água na cidade de Feira de Santana -Bahia.

Academia de Letras e Artes de Feira de Santana ALAFS na pessoa da profa. Lélia Vitor Fernandes ( convidada especial) e o Instituto Histórico e Geográfico IHGFS na pessoa de sua presidente a profa. Liacélia Leal. Tivemos como convidados(as) para a reunião Ilmo. Sr. Eliezer Ferreira Santos, Ilm° Srta. Celiah Zaiim, Dr. Maroel Bispo, profa. Maria Bêtania Knoedt Andrade- representando a AAPC.

O Ilmo Sr. Eliezer Ferreira Santos, convidado especial, recebeu os agradecimentos da membresia pelo apoio ao A delegué Maria José Negrão inciou as atividades com Núcleo no quesito filantropia. um vídeo chamada para a presidente do Institut Cultive sediada em Genebra Ilma. Sra. Valquíria Imperiano a Na oportunidade o MIC João Martins proferiu uma qual passou uma mensagem abordando o empenho caloroso de cada membro ali presente. Em seguida a reuninao foi aberta com o hino brasileiro executado pela cantora Celiah Zaim. Após o hino do Brasil foi execuitado o da Suíça. Houve agradecimentos ao nosso Criador pelo momento através da cultivadora Dra. Jaide Siqueira. O espaço do evento foi autorizado pelo Ilm° Sr. Antônio Carlos Coelho Presidente da Fundação Egberto Costa com apoio da 158

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maravilhosa palestra tendo como referencial a Madre Tereza de Calcutá e distribuiu os folhetos abordando o assunto em pauta.

ção filantrópica na comunidade Feirense. A Ilma. Profa Maria Betânia recebeu caixas de óleo em nome da AAPC doadas pelo Núcleo Cutlive de Feira de Santana. Sempre o Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana BA se fez presente apoiando com o pavilhão das bandeiras e doando suas revistas que saem anualmente para sorteio entre os presentes. A MIC Profa. Neuza Brito juntamente a Dra.Irlana fizeram os sorteios de seus livros doados naquele momento.

Houve o recital de poesias da membresia do Núcleo juntamente com os convidados. Os convidados Profa Lélia Vitor, Dra. Suzana Merces , Celia Zaiim, prof. Fernando Teixeira a Roquelina Araújo receberam seus certificados de participação referente à cerimônia da posse dos membros Cultive em abril de 2021. Esses Certificados Cultive representa um agradecimento pelas suas apre- O Cultivador Josman Lima é o designer dos Certificados sentações musicais e presenças durante à cerimônia de entregues aos Convidados do Núcleo Cultive Feira de posse dos membros. Santana. Já ia me esquecendo desse detalhe. O buffet e a ornamentação da reunião foram oferecidos pelo MIC João Martins, grande colaborador da Cultive. João Martins também adquiriu uma caixa de Revistas Art Plus para distribuir entre os confrades e conhecidos. Ele que é sempre generoso nas causas socioculturais! Merece nossos aplausos e gratidão. Parabéns membresia do Núcleo Cultive Feira de Santana BA!

O Núcleo de Feira de Santana também exerce uma funRevue Cultive - Genève

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ao reconhecimento de atitudes e comportamentos humanos benfazejos. Nestas páginas, florescem ideias, de espetacular diversidade, abrangendo desde o enfoque do anjo mensageiro divino ao sentido figurado, popular, do cotidiano, encontrado em pessoas aparentemente comuns, mas que, dotadas de virtudes especiais, revelam a capacidade de proteger, apoiar ou beneficiar alguém. Cabe aos autores o grande desafio de expressar o incorpóreo por palavras, valorizando as manifestações espirituais. O instigante tema estimula o exercício da criatividade, característica marcante desta maravilhosa obra. Ney Fernando Perracini de Azevedo Presidente do Centro de Letras do Paraná

Anjos inspiradores

UMA ANTOLOGIA ESCRITA POR ANJOS DAS PALAVRAS Antologia Era uma vez um Anjo

Por que falar de anjos? Somos autores e não devemos baixar a cabeça is uma antologia inspirada por anjos. diante da situação atual. Levantemos nosso lápis Cada autor encontra seu anjo inspirador, que lhe fornece um mote e as ferramentas para concep- e escrevamos! Nada pode ofuscar nossa criação!

E

ção e desenvolvimento de obra criativa. Sugerindo espiritualidade, o tema propicia reflexões sobre a essência da vida – transcendendo o lado físico, material – e, por extensão, leva ao reconhecimento de atitudes e comportamentos humanos benfazejos. Nestas páginas, florescem ideias, de espetacular diversidade, abrangendo desde o enfoque do anjo mensageiro divino ao sentido figurado, popular, do cotidiano, encontrado em pessoas aparentemente comuns, mas que, dotadas de virtudes especiais, revelam a capacidade de proteger, apoiar ou beneficiar alguém. Cabe aos autores o grande desafio de expressar o incorpóreo por palavras, valorizando as manifestações espirituais. O instigante tema estimula o exercício da criatividade, característica marcante desta maravilhosa obra. Eis uma antologia inspirada por anjos. Cada autor encontra seu anjo inspirador, que lhe fornece um mote e as ferramentas para concepção e desenvolvimento de obra criativa. Sugerindo espiritualidade, o tema propicia reflexões sobre a essência da vida – transcendendo o lado físico, material – e, por extensão, leva

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Nesse livro você descobre anjos amigos, anjos médicos, anjos entregadores de pão, anjos que mantem a cidade limpa, que mantém o alimento, anjos nos bastidores, anjos que telefonam, anjos que curam, anjos que se preocupam com o próximo, anjos que fazem campanha para ajudar o próximo, nos auxiliam nos nossos afazeres, a melhorar nossa saúde, anjos que cura, que nos ajudam a levantar o moral, anjos que oram, que cantam, que pintam, que encantam, que recitam, que tocam, que se arriscam, anjos poetas, até anjos animais, anjos, anjos, anjos.... Anjos por toda parte e em todo o tempo ou qualquer lugar sempre presentes. Para esses anjos com asas ou sem asas as homenagens escritas em forma de carta, de poema, de conto, de mensagem de amor nesse momento de reflexões. Adquira o seu. edicaocultive@gmail.com


grupo 1

CERIMONIAL DE POSSE CULTIVE

Estiveram presentes na cerimônia os convidados :

Dia 02/08/2021 Valquiria Imperiano deu posse aos novos membros internacionais do Institut Cultive Suisse Brésil, dos núcleos Cultive de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Paraíba, Vitória Da Conquista, Rio Grande Do Sul e Alemanha que apesar de ser no modo remoto, foi muito significativo para todos os cultivadores. A ceri- António Alexandre, mônia foi iníciada com a execução do hino nacional do diretor do Instituto Brasil e da Suíça. Superior Politécnico Nelson Mandela – Valquiria Imperiano Angola e

Maria Teresa Marins Freire – Presidente da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil – seccional Paraná.

Membros Cultive estiveram presentes na cerimônia para dar as boas vindas aos novos cultivadores.

Maria Inês Botelho conduziu a cerimônia.

Animadores musicais da solenidade

Hupomone Vilanova

Chris Herrmann

Maria José Esmeraldo Rolim

Irlana Jane Menas da Silva,

Maria José Pery Negrão

Lúcia Sousa

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Neuza brito,

MEMBROS CULTIVE EMPOSSAD OS Angeli Rose - Rio de Janeiro é Ph.D em Educação (UFRJ), Dra. em Letras, pesquisadora do grupo "Cidades e as Letras" da Faculdade de Letras da centenária UFRJ, a partir do qual realiza o 2o. Pós-doutorado em Letras. É professora há mais de 25 anos; membro da AJEB-RJ e de outras academias de Letras, Ciências e Artes, nacionais e internacionais. É autora do livro infanto- juvenil biografia não autorizada de uma mulher pancada, agora também em braille. É autora de 2 e-books técnico-científicos: reflexões sobre experiências de leitura e algumas contribuições do mito de don juan; e do jornalismo cultural: um exercicio de valor, editora Atena, além de artigos para periódicos acadêmicos. Escreve para a coluna bimestral "Estante Cultive" da Revista Cultive; para o Jornal Clarín Brasil(JCB Digital) e tem coautoria em diversas antologias nacionais e internacionais. E atualmente, também se dedica a coordenar o coletivo mulheres artistas(cma), coletivo cultural que idealizou e criou, entre outros projetos. Tem recebido diversos prêmios e títulos honoríficos em reconhecimento de seu ativismo cultural, principalmente, como potencializadora de talentos, gestora e produtora cultural. É carioca e mãe do historiador Thiago Krause, professor-pesquisador da UNIRIO.

na Europa); membro da Academia Internacional de Literatura Brasileira em Nova Iorque (honorária-premiada); da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (EUA) e do Instituto Cultive Suíça Brasil, em Genebra, onde atua como responsável pela programação visual, fazendo parte do Comitê de Organização de eventos culturais internacionais. Cláudia Eça Maciel - Vitoria Da Conquista – Maria José Negrão - Descendente do grande Escritor Eça de Queiroz. Artista plástica, Escritora, poeta, Cronista, Redatora e Editora do jornal ponto de vista Cláudia escreve para várias revistas e jornais. Especialista em licores e membro acadêmica de diversas Academias no Brasil e outros países. Ganhadora de diversos troféus e medalhas, tem Título Honorífico de Embaixadora da paz pela Organização Mundial dos defensores dos direitos humanos OMDDH. Título de Benfeitora das Ciências, Letras e Artes pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos recebida das mãos do Príncipe Alexandre Da Silva Dom Alexandre Camêlo Rurikovich Carvalho. Comenda e medalha sete Maravilhas do Mundo Moderno pela Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes. Comenda Maria Quitéria Heroína da Pátria e medalha pela FEBACLA Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e artes. Moção de Honra ao Mérito e Medalha pela federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, e Letras e artes. Destaque cultural Prêmio Orgulho Acadêmico Personalidade 2017- 2018- 2019. Núcleo Acadêmico de Letras e artes de Portugal N.A.L.A.P

Chris Herrmann é escritora, editora, musicoterapeuta, tradutora e webdesigner, residente na Alemanha há 25 anos. Estudou Letras na UFRJ, Teoria Musical e Piano Francisco Roberto Dinz no CBM, fez Pós-Graduação Musikgeragogik na UniverAraújo- Paraíba – Pos-doctosidade de Münster, Alemanha, entre outros cursos. Orrado en Psicología con Orienganizou e participou de diversas coletâneas de poesia e tación en Metodología de la prosa no Brasil. Tem onze livros publicados nos gêneros Investigación de Revisión e Poesia, Romance, Contos e Literatura Infantil. Recebeu Pós-Doutorado em Educação diversos prêmios como editora e autora. É editora-chefe Especial. Doutoramento em da revista eletrônica e selo editorial Ser MulherArte; articuladora de 3 grupos do Mulherio das Letras (sendo 2 Humanidades e Artes com ênfase em Educação. Mestre em Ciências da Educação, Especialista em Orientação 162

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Educacional e Supervisão, Especialista em Direitos Humanos. Do quadro de consultor ad hoc e Parecerista da Revista De Políticas Públicas da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. Militante dos direitos humanos, principalmente relativo aos diretos da criança, adolescente, pessoas idosas, mulheres vítimas de violência, público LGBTT, população de rua, como também famílias e indivíduos que vivenciam violações de direitos por ocorrência de: Violência física; Violência Psicológica; Negligência; Violência Sexual: abuso e/ou exploração sexual; Afastamento do convívio familiar; Adolescente em cumprimento de medidas sócio educativas; Tráfico de pessoas; Situação de rua e mendicância; Abandono, entre outras situações. Numa perspectiva de potencializar a capacidade de proteção a esse público específico. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em inclusão e políticas públicas, direitos Humanos e afetividade. Escritor, Professor Universitário, coordenador pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de São Bento - PB,

Norma Bezerra De Brito- Brasilia - é brasileira, natural do Crato/ CE. Reside em Brasília desde 2011. Professora de Línguas Portuguesa e Inglesa, aposentada pela Universidade Regional do Cariri/ URCA, do Crato. É especialista em Língua Inglesa e Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade Federal de Pernambuco, Recife/PE. Norma é cronista e contista, com algumas incursões na poesia. Participou de cerca de 50 antologias no Brasil e no Exterior, como também colabora em periódicos. É membro de várias Academias literárias, a saber: ALMUB e ACL, de Brasilia; ALJUG, de Fortaleza, CE; AILC, de Taubaté/ SP; AILB, de Nova York; e da Cultive, Genebra, onde é delegada em Brasília. Publicou um livro de contos e crônicas A Vida não é Ensaio. Participou do Salão do Livro de Genebra em maio de 2019 e, em maio deste ano, do 1o Salão Internacional do Livro e da Cultura de Genebra Cultive, ocasião em que fez o pré-lançamento do seu Luciana Marino do Nas- livro, também de contos e crônicas, intitulado: Minhas cimento- Rio De Janeiro - Bonecas Tristes. - Professora de Literatura na UFRJ com atuação na Pietro Lemos Costa- Bragraduação e na pós-grasilia - Pietro Costa. Assesduação. Organizadora sor Jurídico de 2ª Instância e Autora de diversos li- MPU. Pós-Graduação vros, capítulos de livros e artigos na área dos Estudos “Lato Sensu” em GlobaliLiterários, como “A cidade de Papel” . Organizadora dos zação, Justiça e Segurança Humana, realizada pela livros “l” Literatura, cultura e identidade na Amazônia”; “ Nós da Amazônia”; “Traços e laços da Amazônia”; ESMPU em parceria com o Ruhr-Universitat de Bo“Tempo de Escrita 1, 2, 3, 4 e 5”, dentre outros. Auto- chum/Alemanha. Escritor. Poeta. Agente e Produtor ra de livros de ficção, tais como: “Rosealine”, “Minha tia Cultural. Presidente da Academia Cruzeirense de Letras. em mini cromos”, “Manual da mulher pós-moderna”, Membro de diversas Academias Literárias e Entidades “Sementes de vida”. Produziu os documentários “Seres Culturais no Brasil e no exterior. Embaixador da Paz da do Rio: o imaginário fantástico no Rio São Francisco” e OMDDH. Dr. Honoris Causa em Direitos Humanos pela “Mal de Luna: imaginário nas práticas de saúde de ex-se- OMDDH. Dr. Honoris Causa em Literatura pelo Centro ringueiros da Amazônia”. Medalha Jorge Luis Borges e Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos. Troféu Evita Perón - Embaixadora da paz - núcleo de Digital influencer. Autor de 5 obras literárias (Entre a Letras e Artes de Buenos Aires; Membro da Academia caneta e o papel: um convite à transcendência, Chiado de Letras, Artes e Música de Salvador, Prêmio 2020 Dia- Books, 2018; A Rosa dos Ventos, Art Letras, 2019; Juras monds of Arts; Membro Fundador do Núcleo Acadêmi- de Poesia Eterna, Art Letras, 2020; Urbanos, Editora Art co de Letras e Artes de Moçambique; Mérito Literário- Letras, 2020; Lua a Pino, Edições e Publicações, 2021). Diploma Ludwig Van Beethoven pelo Mundo Cultural Coautor de mais de 100 coletâneas. Coorganizador das World; Mérito cultural e social Ludwig Van Beethoven; Coletâneas Então é Natal (Versejar, 2020) e A Dor que Embaixadora da Paz pela World Organization of Human deveras sente - tributo a Fernando Pessoa (Versejar, Rights; Comenda Grã-Cruz Diplomata Ruy Barbosa “ O 2021). Colunista do Jornal ROL desde 16.11.2020. DeÁguia de Haia”; Palestrante Memorável sobre Cidades tentor de várias honrarias, prêmios e títulos. Em seus Criativas e Cidades Literárias. Bolsista de Produtividade textos, de escopo bem heterogêneo, procura dialogar em Pesquisa do CNPq - Conselho Nacional de Desenvol- com as várias vertentes do saber, sobretudo a filosofia, a vimento Científico e Tecnológico. psicologia e a literatura. Há ênfase no transcendente, nas Revue Cultive - Genève

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relações afetivas e nos paradoxos da era contemporânea de maximalismo digital e coisificação da vida. Oneida Di Domenico – Canoas - Rio Grande do Sul – natural de Campos Novos/Santa Catarina, bacharel em Direito, publicou três livros solos. Participou em diversas coletâneas/antologias. È membro correspondente da união brasileira de escritores – Rio de Janeiro/Rio Grande do Sul, da Associação Gaúcha de Escritores (AGES0, membro da Associação Cultural à Flor da Pele de Porto Alegre, Delegada Cultural Internacional/RS-BR da Union Membro Hispano mundial de Escritores - UEH, Delegada Cultural Nacional da VAEBRASIL. Tem participação em revistas Art Plus, de Genebra/Suiça, CAOSótica do Instituto Cultural Português. Participou em dois concursos de literatura com o poema “Prá Quê” obtendo a quinta colocação nacional, e com a crônica “Eu Quintanei” obteve a terceira colocação internacional. Tem medalhas e trofeús recebidos de Honra ao Mérito – Graciliano Ramos, ARLINDA LAMEGO nasceu em medalha Mérito Cultural Euclides da Cunha – ALB – Recife, PE, mora em São Paulo capital. É médica, seccional Suiça, Selo Excelência Cultural pelo poema “à casada com médico, tem dois filhos e uma neta. Esflor da pele”, Mérito Cultural Maria de Lourdes Figueroa pecialista em Endocrinologia e Medicina Estética. Balassiano pela Associação de Jornalistas e Escritoras do Fez pós-graduação em Saúde Pública, AdministraBrasil – Rio de Janeiro, Troféu Destaque Bernardo Gueção Hospitalar, Administração Pública, Sociolodes - literatura gia, Ciência Política, mestrados em Teologia e Ciência da Religião, fez curso de Folclore. Trabalhou também Sidney Cardoso Da França como sanitarista. Em 2000, publicou “VIVER EM UM - Praia Grande - São Pau- POEMA’. Tem mais três livros solo:” A POÉTICA DAS lo – Brasil residente em EMOÇÕES”, segundo livro de poesias, “PLENA RIQUEPraia Grande – São Paulo. ZA”, livro não ficção fruto de uma viagem missionária Engenheiro Civil; bacha- a uma colônia de pescadores e “A PRINCESA SOFIA E rel em Administração de OS CAVALEIROS NINA E NINO», livro infanto-juvenil Empresas, bacharel em Re- em português, inglês e italiano. Participou de inúmeras cursos Humanos; Pedagogo; extensão em administra- Antologia nacionais e internacionais. É membro corresção escolar e supervisão de ensino; pós graduação em pondente de várias academias no Brasil e no exterior é Engenharia de Controle de Poluição; pós graduação em titular da cadeira número 6 da Academia Brasileira de Psicopedagogia; diversos cursos nas áreas de formação Médicos Escritores, e é diretora social da AJEB Associae educação. Mantenedor e diretor de escola instituição ção de Jornalistas e Escritoras Brasileiras, SP, POESIAS Colégio França do Ensino Infantil ao Ensino Médio; au- SEM FRONTEIRAS, ACLASP , Academia de Ciências, tor de diversos projetos na formação de crianças e jo- Letras e Artes de São Paulo. Recebeu honrarias como vens para a vida, entendendo que o amanhã construímos Medalha Imperatriz Leopoldina pelo Instituto Cultuhoje, no presente com disciplina, informação, formação, ral de Fraternidade Universal, no grau de Dama Coonde os educadores são “agentes de transformação para a mendadora. Medalha Ulysses Guimarães pela Ordem vida”. Presidente internacional da Federação Internacio- de Parlamentares do Brasil, Medalha de Reconnaisnal Elos da Comunidade Lusíada, clube que desde crian- sance Franc-Americaine, classe spécial, Conseil Natioça participa, foi integrante do elos mirim e do elos jovem, nald’Institut Humaniste por Le Président de la Séction acompanhando seus pais. Elos Internacional preza pela des E.U.A. Observateur Permanent près O.N.U. Obteve cultura, educação, tradições lusíadas e preservação da menção honrosa em poesia pela ACIMA e em um conto língua portuguesa. “Cada elista é a fração de um todo”. pela REBRA. 164

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HUPOMONE VILANOVA MIC VITÓRIA DE SANTO ANTÃO - PERNAMBUCO.

EUGÊNIA MARIA LUCENA DE MELO –MIC RECIFE

CERIMONIAL DE POSSE DOS MEMBROS CULTIVE grupo 2 Dia 15/08/2021 Valquiria Imperiano deu posse aos novos Membros Internacionais do Institut Cultive Suisse MARIA INÊS BOTELHO – Brésil, dos núcleos Cultive de Recife, Caruarú, Maran- DELEGUÉ NO PARANÁ hão, Mato Grosso, a que apesar de ser no modo remoto, foi muito significativo para todos os cultivadores. A cerimônia foi iníciada com a execução do hino nacional do Brasil e da Suíça.

MARIA JOSÉ ESMERALDO ROLIM – DELEGUÉ EM FORTALEZA

Valquiria Imperiano

NORMA BRITO – DELEGUÉ NO DISTRITO FEDERAL

PADRE HERNANE

ELISA FARINA – PRESIDENTE DA ALTO

ANAMÉLIA CABRAL DE MELO REPRESENTANTE DA UBE/PE

MEDIADORA LUCIA SOUSA DELEGUÉ EM RECIFE

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HUPOMONE VILANOVA Jones Pinheiro Costa dos Santos - Nascido em Vitória de Santo Antão - Pernambuco. Formado em Licenciatura em Letras pela FAINTVISA – Vitória de Santo Antão – Pernambuco. Cursou Música pela Universidade de Federal de Pernambuco – UFPE. Compositor e Músico flautista. Ativista Cultural. Cursou de Licenciatura em História pela Universidade Federal de Sergipe - Aracaju Sergipe. Membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória de Santo Antão – Pernambuco. Membro do Instituto Histórico de Jaboatão dos Guararapes – Pernambuco. Membro da Academia Vitoriense de Letras Artes e Ciência. Vitória de Santo Antão – Pernambuco. Membro do Institut Cultive Brésil Suisse. Fez parte do Comitê do I Salão Internacional do Livro e da Cultura Cultive Genebra Suíça. 2021. Membro da Academia de Letras da Zona Oeste do Rio de Janeiro RJ . Mentor do Projeto Chá da Vida Brasil. Autor do livro Sozinho, mas não só - Reflexões Chá da Vida. EVANDRO DE PAIVA BARBOSA - Natural de Timbaúba - Pernambuco. Cursou Direito na Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP. Pós graduação em Direito Civil pela ESMAP – Escola da Magistratura de PE. Advogada na área cívil, atuante no Estado de PE e assessoria jurídica do Nordeste. Escritor - Membro da União Brasileira de Escritores. Prêmio Internacional e de Referência Pernambucana; Prêmio Internacional e Livro Biográfico Destaque Nordeste DILERCY ADLER - Natural de São Vicente Férrer/Maranhão/ Brasil Nasceu em 07/07/1950. Psicóloga, Doutora em Ciências Pedagógicas, Mestre em Educação, Especialização em Metodologia da Pesquisa em Psicologia e Especialização em Sociologia. Tem publicados: 12 livros de poesia, 3 acadêmicos, 2 biográficos e 1 de história infantil. Organizou 12 antologias e integra mais de cem antologias entre nacionais e internacionais. Membro Fundador e Presidente (biênio 2016 -2017) da Academia Ludovicense de Letras -ALL, Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Brasil, Membro Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Delegada no Maranhão do Liceo Poético de Benidorm/Espanha, 2ª Diretora Cultural da Associação de Jornalistas e Escritoras do 166

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Brasil-Coordenadoria Maranhão, Membro da Academia Norteamericana de Literatura Moderna- Capítulo Brasil, Membro Instituto Cultural D. Isabel I, Membro Efetivo do Pen Clube do Brasil, dentre outras Instituições Culturais. Tem participação em mais de cem antologias nacionais e internacionais. Já recebeu vários prêmios, troféus e menções honrosas por trabalhos poéticos e culturais. ROSALVA SANTOS nasceu em Caruaru – PE, professora, Licenciada em História e Pedagogia (FAFICA), Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru. Especialista no Ensino de Geografia e Psicopedagogia Clínica e Institucional, Doutoranda em Ciências da Educação (Universidad Nacional de Rosário- Argentina), Liderança em Coach e Gestão de Pessoas, Pós – Graduada em Psicologia Clínica – Análise Bioenergética pela Faculdade Escritor Osman Da Costa Lins – (FACOL), centro de pesquisa e pós-graduação. Título Doutora Honoris Causa em Educação – Centro Samarthiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos – Niterói - Rio de Janeiro. Diploma de Mérito Cultural e Social – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes – FEBACLA- Niterói - Rio de Janeiro. Título de Paladino da Cultura Nordestina – Mérito Cultural - Centro Samarthiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos – Niterói - Rio de Janeiro.Participa da Associação Portuguesa de Poetas – APP, Lisboa Portugal, Associação dos Horizontes da Poesia, Lisboa- Portugal. Do Grupo Amantes da Poesia em Caruaru. Da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil -1970 Coordenadoria – PE. Da UBE União de Escritores do Brasil. Idealizou e realiza os projetos online: Exercícios da Bioenergética e Quem Somos? Como Contribuir?. LENI ZILIOTO -É gaúcha residindo atualmente em mato Grosso, com o título de «Cidadã Mato-grossense», recebido da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, pela contribuição das suas obras à leitura, à literatura e à cultura. Possui 19 obras publicadas e mais de 40 participações em coletâneas e antologias. É curadora para exposições e coordenadora de projetos de audiovisual. É membro de agremiações e federações literárias e seus livros já receberam prêmios e troféus. A escrita de Leni é leve, uma literatura particular e inovadora que traz representatividade tanto para as crianças e os jovens quanto para os adultos.


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DeIstacando-se

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Manoel Osdemi

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Maria Nazaré Cavalcanti

Nasceu Recife – PE, mas reside na Europa desde a década de 70, após o casamento com um português. Artplus - o que é fazer arte e como fazer arte ? A arte é vida, é algo visceral e pulsante, é como o ar que se respira. A arte criou um universo paralelo onde os sonhos se tornam alcançáveis. São momentos ricos em sentimentos de paz e plenitude.

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A aceitação de um artista dentro de um conceito universal é dinâmica, com variáveis desde os limites da liberdade de expressão e a pouca valorização até o acesso ao entretenimento e à cultura. Os meus interesses na arte, foram sofrendo mutações ao longo do tempo e de forma intuitiva.


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Maria Nazaré Cavalcanti

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Maria Nazaré Cavalcanti

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Karmem Pires Artiste peintre Acrylique sur toile Dedicando-se às Artes Plásticas e Poesias. Membro das Academias de Letras e Artes de Feira de Santana, Academia de Cultura da Bahia, Academia Internacional de Letras Artes e Ciências da Argentina com sede em Buenos Aires, Academia Superior Di Crescita Personale Italia.Arte Terapeuta /nome artístico “KARMEN PIRES”

Karmen Pires Jesus Acrílica Sobre Tela 1.30 X 1.20

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Christiane Couve de Murville

O Pequeno Príncipe visita São Paulo

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Exposition Avani é bacherel em direito e professora de língua espanhola brasileira, mas é na arte e na poesia que ela libera suas emoções e a sua sensibilidade. Avani é membro Internacional Cultive. Pintura acrílica.

Avani Peixe

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ROSALVA SANTOS

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IZABEL PECORONE Artiste peintre Peinture acrylique

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IZABEL PECORONE


Zezé Negrão

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ZEZÉ NEGRÃO

IMAGEM MARIA QUITERIA RECORTADA Revue Cultive - Genève

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LUCIANA IMPERIANO

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Gravuras em Nanquim de Hupomone Vilanova ( Jones Pinheiro) – Mentor do Projeto Chá da Vida Brasil.

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Artista Plástico Fernando Nascimento

- Curadora da Exposição, Curador da Exposição, Orana Wanderley

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Clayton Paulo – Jesus Misericordioso

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Catálogo Literário

Comprando um livro você apoia os autores brasileiros. Seja um apoiador da nossa literatura!

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ALEXANDRE SANTOS, ex presidente da União Brasileira de Escritores (UBE) e coordenador nacional da Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural, é o curador geral da FLIPO, editor do semanário ‘A voz do Escritor’ e apresentado do programa ‘Arte Agora’.

BALTIMORE O romance fala sobre um golpe de Estado articulado na cidade norte-americana de Baltimore para interferir na política interna do Brasil. língua: Português versão papel

ÁRCHIAS Romance que trata da possibilidade de redenção da humanidade e eventual transformação do mundo dos homens na terra de Deus. língua: Português versão papel

O LIVRO DOS LIVROS Romance que trata da velha luta do bem contra o mal. Se desenrola no entorno da tentativa de controle da humanidade a partir da criação de uma nova religião. língua: Português versão papel

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com o autor pelo email e veja a disponibilidade do livro. E-mail: alexandresantos@br.inter.net Revue Cultive - Genève

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AMAURI HOLANDA DE SOUZA

Amauri Holanda de Souza. Bacharel em Direito. Psicopedagogo Clínico e Institucional. Neuropsicopedagogo. Pós graduado em Direito Processual Penal. Teólogo. Missionário. Capelão Internacional. Escritor. Atuou como Conselheiro Titular do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente do Estado do Ceará Nasceu em Quixadá/Ce - Escreve com o coração. Fala de coisas da vida e de sua visão de mundo. Quando se trata de escrever sempre vem coisas que tocam os sentimentos das pessoas.

DISPONÍVEL: 2 EXEMPLARES DE CADA TÍTULOVERSÃO PAPEL

ESQUEÇA-ME: O livro traz o talento de muitos dos autores brasileiros, na modalidade poema. É uma Antologia que traz muitos temas interessantes.

ÂMAGO POÉTICO: Antologia envolvendo autores brasileiros, com ênfase poético e conteúdos diversificados

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade: email: amauri.holanda.souza@gmail.com

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Educação Anapuena Havena é empresária e escritora

cearense. Autora dos romances de época Encantos do Café e Descobrindo a Nobreza do Amor, e do livro infantil O príncipe que não sabia Brincar. É a idealizadora do Café Patriota; espaço cultural de incentivo à leitura, propagação do conhecimento e valorização da História e Cultura brasileira.

DISPONÍVEL: 20 EXEMPLARES- VERSÃO PAPEL ENCANTOS DO CAFÉ é um romance de época composto por fortes elementos da história do Brasil, contextualizado no importante período denominado Ciclo do café.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade: E-mail: anapuena@hotmail.com

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CELSO CORRÊA DE FREITAS

Criador da estrutura poética denominada OVERTRIP Participações em Feiras de livros e Festivais e eventos Literários no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Dois Córregos, São Paulo e Praia Grande-SP. Premiações literárias no Rio de Janeiro, São Paulo, Praia Grande-SP e Porto Alegre. Representações como Delegado cultural de Praia Grande-SP em São Paulo e Brasília

DISPONÍVEL: 40 EXEMPLARES - VERSÃO PAPEL VERTRIP - O livro conta a história do nascimento do Overtrip em 2011, e tem os Poemas, meus, criador dessa estrutura e dos demais Poetas brasileiros que ao longo deste tempo de 2011 até hoje, foram aderindo ao Overtrip por verem nele uma nova estrutura poética com conteúdo.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade: email: celso.correadefreitas@gmail.com

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CHRISTIANE COUVE DE MURVILLE - Autora da trilogia A CAVERNA CRISTALINA, da série ATÉ QUANDO e do A VIDA COMO ELA É. Faz as ilustrações de seus livros e é doutora em Psicologia Clínica pela USP.

DISPONÍVEL 10 EXEMPLARES -VERSÃO PAPEL O PEQUENO PRÍNCIPE VISITA SÃO PAULO - Coletânea de ilustrações que mostra o Pequeno Príncipe passeando por locais bem conhecidos da capital paulista. Encontramos um Pequeno Príncipe universal; loiro, moreno, ruivo, cadeirante, cego, criança, adulto... Uma frase explicativa acompanha cada imagem.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: ccmurville@gmail.com Revue Cultive - Genève

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CHRIS HERRMANN

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. www.christinaherrmann.com/p/books.html 202

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Débora Leal Feira de Santana

Sou Pós Doutora em Docência Universitária pelo IUNIR-AR; Doutora em Educação pela - UNINTER- PY; Doutora Honoris Causa em Ciências Humanas pela EBWU- Universidade acreditada pela ANVISA, UNESCO e EBWU - Estados Unidos. Pesquisadora Emérita da Université Libre des Sciences de L’Homme de Paris.

Todas as obras de Debora são em língua portuguesa e publicados em papel CADA TíTULO TEM 2 LIVROS DISPONÍVEIS - VERSÃO PAPEL FORMAÇÃO DOCENTE UM CAMINHO PARA A INCLUSÃO é de natureza qualitativa e objetiva compreender a importância da formação docente no contexto de escolarização de educandos com deficiência. Demonstra o descortinar da educação especial no cenário educacional brasileiro.

VIVÊNCIAS PERMEIAM A HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL - A FAMILIA COMO FONTE INESGITÁVEL tem como foco destacar a importância de compreender como os familiares podem reagir em uma unidade hospitalar e como é o acolhimento das crianças internadas.

PENSANDO A EDUCAÇÃO SEXUAL DE DISCENTES CADEIRANTES demonstra a importância do uso das tecnologias da informação e da comunicação no ensino de História como forma de expansão e conexão entre passado, presente e futuro.

DESENHO ENTRE LUZES BECOS traz como objeto de pesquisa e análise os desenhos produzidos pelos internos de uma comunidade socioeducativa de Feira de Santana, o mesmo é fruto de experiências acadêmicas.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: debora@uefs.br 203

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CADA TíTULO TEM 2 LIVROS DISPONÍVEIS - VERSÃO PAPEL

AS MARCAS DA LIBERDADE discorre sobre a Irmandade da Boa Morte, trazendo como foco a relação desta no Ensino local da Cidade de Cachoeira-BA.

NAVEGAR É PRECISO - destaca os principais traços da Herança Cultural Africana, que permanecem vivos no cenário cultural baiano.

A ARTE DE AVALIAR NOVOS POSSIVEIS A AVALIAÇÃO MEDIADORA EM FOCO busca refletir sobre a Avaliação da aprendizagem no cenário educacional a qual se constitui um dos grandes motivos das discussões para o desvelamento das ideias do processo de ensino e aprendizagem.

ENTRE O REAL E O VIRTUAL REFLEXOS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA livro tem como objetivo entender os motivos pelos quais a modalidade de Ensino à Distância é vista de maneira desafiadora nas instituições brasileiras

A HISTÓRIA A UM CLIQUE demonstra a importância do uso das tecnologias da informação e da comunicação no ensino de História como forma de expansão e conexão entre passado, presente e futuro.

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ELISA AUGUSTA DE ANDRADE FARINA

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Editora Cultive divulgando os autores brasileiros na Europa

Publicações Traduções Diagramação Revisão Divulgação Isbn suíço Registro bilioteca Nacional Suíça Romance Contos Poesias Livros de Arte Livros Infantis Albuns personalizados Publicações comemorativas Revue Artplus Orientação aos novos escritores Revue Cultive Orçamentos sem compromisso contato: edicaocultive@gmail.com

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JOSMAN LIMA -

Psicólogo, Artista Plástico e Fotógrafo por hobby. Autor dos livros: Pintando a Vida, Cúmplices do Amor - Romance e As Aventuras de Bolota e Quinzinho, Literatura Infantil. Membro da Academia de Letras e Artes de Feira de Santana, da Academia de Cultura da Bahia, da Academia de Ciências, Letras e Artes da Argentina.

20 LIVROS DISPONÍVEIS -VERSÃO PAPEL PINTANDO A VIDA conta a história de Arthur; um jovem de classe média que depois de um acidente de carro ficou paraplégico. Trata-se de um drama vivido por milhões de cidadãos do mundo todo e nos ensina a repensar sobre o deficiente físico e a acessibilidade em todos os contextos.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com o autor pelo email e veja a disponibilidade do livro. E-mail: josmanlima@live.com Revue Cultive - Genève

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HUPOMONE VILANOVA

Nascido em Vitória de Santo Antão - Pernambuco Formado em Licenciatura em Letras pela FAINTVISA – Vitória de Santo Antão – Pernambuco. Cursou Música pela Universidade de Federal de Pernambuco – UFPE. Músico flautista Cursou de Licenciatura em História pela Universidade Federal de Sergipe - Aracaju Sergipe. Membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória de Santo Antão – Pernambuco. Membro do Instituto Histórico de Jaboatão dos Guararapes – Pernambuco. Membro da Academia Vitoriense de Letras Artes e Ciência. Vitória de Santo Antão Pernambuco.

10 LIVROS DISPONÍVEIS -VERSÃO PAPEL REFLEXÕES HUPOMÔNICAS CHÁ DA VIDA. Hupomone Vilanova. Reflexões que nos fazem compreender as situações da vida, nossas atitudes, nossos relacionamentos nossos desafios e medos e como podemos vencer tudo isso.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: chadavidahupomone@gmail.com 208

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IVANILDE MORAIS DE GUSMÃO

Ivanilde Morais de Gusmão professora, advogada, ensaísta, contista e poeta. Estudiosa de Karl Marx e da Literatura. Membro de várias Academias. Livros de ensaios e de poesias em português/francês/inglês; Participação em várias coletâneas; Recebeu Prêmio Literário de poesia, e de ensaios.

50 exemplares disponíveis PAI Forma poética do livro. Na escuridão, o amanhã do escritor Rogério Pereira, a autora Ivanilde Morais de Gusmão expõe o conflito na relação Pai & Filho buscando na palavra o sentimento que atormenta o protagonista.

M

TO N E

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ÇA N A

150 exemplares disponível TEMPO PARTIDO 2020 - RESGATANDO SENTIMENTOS DE HUMANIDADE Coletânea sobre o sentimento da dor num período de reclusão em tempo de pandemia. Registro histórico para às futuras gerações. Um livro atual com 121 participantes. Esse livro é um documento histórico. Os depoimento dos parentes que receberam o exemplar a que tinha direito é algo fantástico!!! 50 exemplares disponível

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade: E-mail: morais.ivanilde@gmail.com Revue Cultive - Genève

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10 exemplares disponíveis UM CAMINHO PARA MARX: reflexão sobre a obra deste grande filósofo e sua importância na compreensão e Transformação do Mundo Humano.

10 exemplares disponíveis COMPREENDER O MÉTODO DIALÉTICO: reflexão sobre processo de investigação e exposição dos estudos marxianos da realidade social.

50 exemplares disponíveis SER SOCIAL Trabalho e Mercadoria: Estudo sobre o processo de humanização do homem produzindo seu mundo com o trabalho e sua transformação em mercadoria.

50 exemplares disponível SÚPLICA AO SOL ... ERA OUTONO Antologia em Prosa e Verso sobre o homem e sua humanização numa Sociedade em crise.

50 exemplares disponíveis MARXIANO & DESVELANDO a autora, a partir da concepção materialista da História, expõe o enigma da Sociedade, Política e Estado mostrarndo como funciona essas Instituições

TOQUE Livro de categorias marxianas em forma de Aldravia para compreender o processo histórico do homem.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade: E-mail: morais.ivanilde@gmail.com 210

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LECI QUEIROZ

Funcionaria pública aposentada do Detran como nutricionista. Professora na área de nutrição na Universidade Vale do Acaraú. Trabalhou na implantação de projeto de nutrição no Nordeste e na Guiné-Bissau África. É presidente da Associação Mãos que Compartilham ligado ao desenvolvimento social em Cacine na Guiné-Bissau.

Esse livro narra histórias de memórias de VIVÊNCIAS À MESA, onde cheiros e sabores trazem à tona histórias da vida. Tem as receitas dos alimentos aqui narrados!!

O LIVRO A MESA ESTÁ POSTA discorre sobre escolhas e vínculos construídos a partir da Mesa. A nossa primeira mesa é o útero ou Vida!!!

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: maria-leci@uol.com.br 211

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LILIA SOUZA

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LÚCIA SOUSA Coorganizadora da obra é membro Inten-

cional, Délégue e Jornalista correspondente em Recife-PE, da Cultive - Genebra -Suíça. Membro da diretoria da União Brasileira de Escritores-UBE-Tesoureira Geral. Integra a diretoria da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil-AJEB/PE, Secretária.

ANTOLOGIA CARRERO COM 70 Trata-se de uma homenagem escrita em prosa, verso e crônica por vários escritores brasileiros, muitos consagrados pela crítica literária. São ex-alunos e amigos do escritor pernambucano Raimundo Carrero, que possui mais de vinte obras publicadas traduzidas em vários idiomas. Raimundo Carrero é membro ilustre da Academia Pernambucana de Letras-APL.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: lucia.1001@hotmail.com

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Luciana Marino

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: 214

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MARIA JOSÉ ESMERALDO ROLIM

Maria José Esmeraldo Rolim nasceu em Floriano – Piauí, Estado do Nordeste do Brasil. Maria José Esmeraldo Rolim fez mestrado e doutorado em Educação no Uruguai. Sua escrita focaliza o tema das suas pesquisas : a violência simbólica e o bullying que finalizou em uma edição traduzida para o espanhol e teve uma ampla aceitação dos educadores e em seguida publicou A violência dos laços familiares aos bancos escolares, livro destacado pela crítica, como relevante para a Educação; Possui 23 publicações conjuntas e 3 solos. Maria se lança na litartura juvenil com o livro «O mundo dos animais», O reconhecimento de seu trabalho foi feito pela Assembleia Legislativa de Fortaleza, da qual recebeu votos de louvor pela pesquisa efetuada.

O MUNDO DOS ANIMAIS No mundo dos bichos, os animais têm um rei que os explora, tem o vírus que isola todo mundo. Mas tudo acaba bem com a descoberta de uma vacina. Um livro para ciranças e adultos. Editado pela Cultive Língua: Português Francês

Lançamento

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a editora para adquirir seu exemplar. E-mail: edicaocultive@gmail.com R$ 70,00 a unidade INCLUIDO A POSTAGEM NO BRASIL Revue Cultive - Genève

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Maria Inês Botelho é membro de diversas acade-

mias localizadas no Brasil, em Portugal e na Suíça. Tem livro, coletâneas e antologias publicados.

6 LIVROS DISPONÍVEIS - VERSÃO PAPEL A coletânea EXCLUSIVOStem participação de escritores de vários estados brasileiros escolhidos pela coordenadora Pérola Bensabath. Faço parte e sinto-me muito honrada. Realça desde o tema "Amor" à vivências em diversas ocorrências

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora e veja a disponibilidade. E-mail: mariainesbotelho2@hotmail.com

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Neusa Bernado Coelho, poetisa, historiadora. Natural de Palhoça SC. Membro de várias Academias; Embaixadora Imortal da Paz; Autora e coautora de obras literárias nacionais e internacionais.

20 EXEMPLARES DISPONÍVEL-VERSÃO

PAPEL ZILDA ARNS, médica pediatra e sanitarista. Fundadora da Pastoral da Criança nacional e internacional. Morreu em missão no terremoto do Haiti, 2010. Em processo de beatificação.

20 EXEMPLARES DISPONÍVEL-VERSÃO

PAPEL A FADINHA MARICELA foi a primeira publicação das gêmeas Elisa e Sofia. É um conto em defesa da preservação da natureza e reflete a importância da água. Publicaram o primeiro livro aos 9 anos de idade.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade: E-mail:farmaciadobetinho@yahoo.com.br

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Nereida SANTA ROSA

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NORMA BEZERRA DE BRITO

é professora universitária de Português e Inglês aposentada. É contista, cronista e poeta. Cearense, residente em Brasília, participou de mais de 30 antologias, é membro de quatro Academias Literárias e é deleguée da Cultive em Brasília.

10 LIVROS DISPONÍVEIS -VERSÃO PAPEL

A VIDA NÃO É ENSAIO -

livro de contos e crônicas apresenta escutas e olhares em direção a situações do dia-a-dia, criativamente ampliadas pela imaginação do autor configuradas em uma escrita versátil.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: normabbrito@yahoo.com.br 220

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PAULO ROBERTO PAIXÃO BRETAS

Mineiro de Belo Horizonte, 62 anos. Professor associado da Fundação Dom Cabral e de História Econômica, Economia Brasileira Contemporânea e Desenvolvimento Socioeconômico do Centro Universitário UMA, em Belo Horizonte. Se dedica à literatura tendo três livros de poesias haicai publicados.

LANÇAMENTO Meditções: Uma brisa soprou e mudou a minha vida O LIVRO SERÁ LANÇADO EM ABRIl/2020 - FAÇA A SUA RESERVA

to n e m ça n La

DISPONÍVEL: 20 EXEMPLARES -VERSÃO PAPEL O DOCE LIVRO DOS BEIJOS POÉTICOS - trata do cotidiano e dos pensamentos do autor ao interpretá-lo por meio de haikais que nos levam à reflexão sobre a vida e a sociedade. Língua: Português versão papel

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Um belíssimo livro ilustrado contendo 100 haikais bilíngue: português/francês versão papel

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com o autor pelo email e veja a disponibilidade do livro. E-mail: paulo.roberto.bretas@gmail.com Revue Cultive - Genève

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PIETRO COSTA:

Nascido em Brasília-DF. Autor de 4 livros. Co-autor de mais de 30 coletâneas. Membro de Academias Literárias no Brasil e exterior. Detentor de diversos títulos, comendas e honrarias.

DISPONÍVEL:10 EXEMPLARES DE CADA TÍTULO -VERSÃO PAPEL

JURAS DE POESIA ETERNA

COMO COMPRAR

língua: Português versão papel

Para adquirir o livro entre em contato com o autor pelo email e veja a disponibilidade do livro. E-mail: pietro_costa22@hotmail.com

O amor em suas múltiplas nuances, declarado e exaltado, na beleza sutil da poesia.

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Institut Cultive Suisse BrésilArt-Littérature et Solidarité Genebra

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RITA QUEIROZ

GRIMALDA: A LAGARTIXA EMPODERADA Neste livro, a autora Rita Queiroz usa a metáfora da lagartixa para falar sobre empoderamento feminino para o público infantojuvenil. Grimalda é uma personagem que mostra as diversas faces do ser feminino: espevitada, vaidosa, altruísta, estudiosa, feminista, empoderada, sem abrir mão das atividades que exerce, sejam estas as domésticas, como cozinhar e lavar, bem como aquelas relacionadas com o mundo profissional e as dedicadas ao labor social. Escrito em português, inglês e espanhol, também é uma ferramenta que pode auxiliar professores de línguas estrangeiras que atuam com as séries iniciais. Conheça a Grimalda e se encante por essa lagartixa empoderada! Uma publicação da Editora Historinhas pra Contar.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo ritaqueirozpoesiando.loja2.com.br 224

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ROSANGELA MATOS

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VALQUIRIA IMPERIANO

Escritora, Artista plastica presidente da Cultive Publicação: Espelho meu Espelho - poesia, Navegando em Ondas - poesia, Le livre des petits Mots – poesias e pensamentos, Cofre aberto – poesia, O rosa e o Azul- contos e crônicas, Southend on the sea - livro de arte, O jardim da consciência. Redatora da Revue Cultive e Artplus.

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SOURIR E LEOLEÃO Valquiria Imperiano Livro infantil a partir de 1 ano língua: português/francês versão papel

ERA UMA VEZ UM ANJO Antologia Cultive reúne autores e poetas escrevendo sobre anjos língua: português versão papel

Lançamento

Lançamento

SUPERAÇÃO E SOBREVIVÊNCIA Antologia Cultive reúne textos em prosa e poesia de 23 autores. Nesse livro os autores conta histórias de superação.

A EFEMERIDADE DA VIDA Escritos de 53 autores em torno da efemeridade da vida: amor, felicidade, esperança, morte, alegria tristeza, fé, milagre, perdas e ganhos, saudade. Belos poemas, contos e crônicas.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: edicaocultive@gmail.com Revue Cultive - Genève

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Zezé Negrão - Diplomada em Magistério pelo Colégio Estadual de Itaberaba BA, Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Nacional/MG, Doutoranda em Psicanalise junto a SPOCB em Feira de Santana BA, Terapeuta Holística junto a Associação Integrativa Bio Psíquica da Bahia com extensão a Universidade Estadual da Bahia (UNEB). Bancária aposentada, Escritora, Artista Plástica e Pesquisadora

DISPONÍVEL: 20 EXEMPLARES - VERSÃO PAPEL

É um livro infantojuvenil bilíngue portugues e inglês ganhador de 4 prêmios a nível internacional. Houve vários lançamentos no Brasil e Europa. A menina que falava com o beija-flor é um conto que enobre a vivência da criança junto aos mais idoso da família e o envolvimento com a natureza, especialmente com o pássaro beija-flor.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade: E-mail: zeze_maria10@yahoo.com.br

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VEM Aí ART PLUS N° 3 2022 inscrevam-se edicaocultive@gmail.com

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Maria Inês Botelho


Articles inside

MARIA NAZARÉ CAVALCANTI

1min
pages 180-183

POSSE DOS MEMBROS CULTIVE GRUPO 1

7min
pages 161-163

POSSE DOS MEMBROS CULTIVE GRUPO 2

4min
pages 165-169

ARLINDA LAMEGO

2min
page 164

FEIRA DE SANTANA

5min
pages 158-160

ELUCIANA IRIS

4min
pages 156-157

NEUSA BERNADO COELHO

7min
pages 152-155

KAZUCO AKAMINE

1min
page 144

VALDIVIA VANIA SIQUEIRA BEAU CHAMP

6min
pages 148-149

RENATA CLARK-GRAY

2min
pages 150-151

DILERCY ARAGÃO ADLER

33min
pages 129-138

NEREIDE SANTA ROSA

5min
pages 141-143

VALERIA BORGES DA SILVEIRA

3min
pages 139-140

CLORES HOLANDA

6min
pages 127-128

PIETRO COSTA

1min
page 126

MATILDE CARONE SLAIBI CONTI

6min
pages 123-125

ANELY GUIMARÃES SANTOS

4min
pages 118-119

ANGELI ROSE

9min
pages 112-114

LUIZ CARLOS AMORIM

2min
page 115

PAULO VIEIRA

5min
pages 116-117

ROBERTO FRANKLIN

8min
pages 120-122

ELIEDER CORREA DA SILVA

1min
page 111

MEYRE APARECIDA PINTO BARBOSA

1min
page 110

IRISLENE MORATO CASTELO BRANCO

1min
page 109

ELOAH WESTPHALEN NASCHENWENG

1min
page 108

EDENICE FRAGA

1min
page 107

MARIA JOSÉ NEGRÃO

4min
pages 104-105

CLÁUDIA LEOCÁDIO

5min
pages 102-103

JACQUELINE ASSUNÇÃO

1min
page 106

MANOEL OSDEMI DA SILVA

6min
pages 98-99

ALEXANDRE SANTOS

11min
pages 93-95

IVANILDE MORAIS DE GUSMÃO

5min
pages 96-97

BENJAMIN JOÃO

1min
page 91

ANABELA B. GASPAR

1min
page 90

LINO LOURENÇO EUSTÁQUIO

1min
page 88

NEIDE VICENTE MALEVO

1min
page 86

HELENA N. ABRAHAMSSON

1min
page 84

ÁLVARO S. F. ANTONIO

1min
page 85

ROSÁRIO QUISSAÇA AGOSTINHO

1min
page 77

JOÃO MANUEL MUANZA ANDRÉ

1min
page 80

ALBERTINA GABRIEL

1min
page 83

SAMUEL ADILSON GOMES FERREIRA

1min
page 76

KIESSE NZAU

1min
page 75

VERA LÚCIA DE OLIVEIRA

8min
pages 70-72

AUGUSTO SARVAM

4min
pages 68-69

LUCIANA NASCIMENTO

5min
pages 66-67

CHRIS HERRMANN

6min
pages 54-57

NORMA BRITO

4min
pages 62-63

PAULO BRETAS

10min
pages 58-61

LILIA SOUZA

8min
pages 36-39

VLADIMIR QUEIROZ

2min
pages 52-53

TEREZINHA MALAQUIAS

3min
pages 50-51

MARIA BELA DOS SANTOS

1min
pages 48-49

RITA QUEIROZ

4min
pages 46-47

RAILDA MASSON

3min
pages 44-45

MABEL CAVALCANTI

3min
pages 42-43

ELISA AUGUSTA DE ANDRADE FARINA

5min
pages 40-41

MARIA JOSÉ NEGRÃO

3min
pages 33-35

RITA GUEDES

2min
pages 31-32

FABIANA MACHADO

3min
page 18

VALQUÍRIA IMPERIANO

9min
pages 22-25

CARLOS CARDOSO’

1min
pages 26-27

NAGÉSIA DINIZ BARBOSA

1min
pages 29-30

GRAÇA BRITO

1min
page 17

MARIA DA PAZ AZEVÊDO SILVA

2min
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HÉLIA ALICE DOS SANTOS

3min
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ADRIANA SUGINO

3min
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