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Os novos desafios da Saúde Mental

O Instituto das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus está presente há cerca de 130 anos em Portugal, com 12 unidades de saúde, e tem por missão prestar cuidados diferenciados e humanizados na área da saúde, especialmente na área da saúde mental e psiquiatria, de acordo com as melhores práticas clínicas, com qualidade e eficiência, respeitando sempre a dignidade, individualidade e sensibilidade, numa visão humanista e integral da pessoa. É sobre saúde mental que se fala, de seguida, com o diretor clínico das Irmãs Hospitaleiras de Condeixa-a-Nova, Alexandre Mendes.

Em Portugal, um estudo recente da farmacêutica Lundbeck indica que cerca de um terço das pessoas inquiridas no estudo já foram diagnosticadas com depressão. Estes dados enquadram-se na realidade vivenciada pelas Irmãs Hospitaleiras?

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Os quadros depressivos, juntamente com as perturbações de ansiedade são, por larga maioria, aqueles com maior prevalência na população geral e é por isso uma das áreas na qual damos resposta a todos os que nos procuram, criando programas terapêuticos inovadores, baseados nas evidências científicas, criados e adaptados de forma individualizada. Para além desta área, temos respostas especializadas a muitos outros problemas de saúde mental como sejam a esquizofrenia, doença afetiva bipolar, patologia aditiva (dependência de álcool e de outras substâncias psicoativas, quadros de dependência ao jogo, à internet, ao telemóvel), perturbações de personalidade, alterações neuropsiquiátricas associadas às demências, burnout ou alterações graves do comportamento associadas às perturbações dedesenvolvimento intelectual.

Que impacto teve a questão pandémica e o respetivo confinamento no agravamento de situações de depressão, inclusivamente entre a população mais jovem?

A pandemia afetou a saúde mental da população de modo muito significativo. Para além do seu impacto negativo nas pessoas com doença mental já diagnosticada, nos últimos anos tem sido notório o surgimento de quadros de doença mental em pessoas sem antecedentes psiquiátricos. Para isto contribuíram os confinamentos, as quarentenas, o afastamento físico entre as pessoas, as alterações das rotinas e das regras sociais, o medo, a culpa, a insegurança, o isolamento social, as mortes, entre outros. Esta é uma realidade transversal a todas as faixas etárias e a toda a população, mas há grupos de maior vulnerabilidade, nomeadamente os adolescentes/jovens e os idosos. Percebendo este impacto, as nossas equipas multidisciplinares iniciaram de imediato a intervenção nestas populações mais vulneráveis, através de projetos adaptados a cada faixa etária.

As Irmãs Hospitaleiras de Condeixa-a-Nova inauguraram, o ano passado, uma unidade de apartamentos terapêuticos que visa ajudar pessoas que necessitam de ser acompanhadas de perto por uma equipa multidisciplinar de profissionais de saúde. Queconceitoéestee a quem sedestina?

Os apartamentos terapêuticos constituem uma resposta específica destinada a pessoas com doença mental, deterioração cognitiva e/ou física, a carecer de programa de tratamento, reabilitação cognitiva, física e/ou funcional, que pretendam um espaço habitacional individualizado no que respeita quer ao conteúdo do apartamento, quer à possibilidade de ser habitado com algum familiar direto. Conta com uma equipa multidisciplinar especializada, disponível 24h/dia, de acordo com um plano de cuidados individualizado e adaptado às necessidades, potencialidades e expectativas das pessoas que nos procurem. Neste contexto, para além do acompanhamento médico, de enfermagem, psicoterapêutico e social, dispomos de um conjunto de espaços e serviços tal como piscina, sala de snoezelen®, psicomotricidade, jardins terapêuticos e sala de fisioterapia.

Como podem os especialistas em Saúde Mental, tal como as Irmãs Hospitaleiras, ajudarnestedesígnio?

Acreditamos que, para dar uma resposta com proximidade e equidade a todos os portugueses, é fundamental que todos consigamos unir esforços e trabalhar em conjunto. Trabalhamos em parceria com o SNS há vários anos e os nossos projetos são realizados em parceria com entidades estatais e com várias entidades presentes na comunidade, como Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, Agrupamentos de Escolas, Redes Sociais, empresas, entidades hospitalares, associativas e institucionais (IPSS). Os desafios são de todos e as soluções passam portodos.

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