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“Portugal - uma nação espacial”

A Agência Espacial Portuguesa foi criada em 2019 e é presidida pelo engenheiro Ricardo Conde. Ao longo destes quase cinco anos, foi possível criar condições para que o país consolidasse o seu ecossistema de empresas ligadas ao Espaço, mas 2023 desenha-se como um ano particularmente decisivo nesta jornada para fazer do Espaço uma atividade de valor acrescentado no país.

Portugal deu o primeiro passo no seu interesse espacial quando, em setembro de 1993, lançou o primeiro satélite português, o PoSAT-1. O engenheiro Ricardo Conde, que preside à Agência Espacial Portuguesa, estava presente na fase final deste acontecimento. Muito embora este tenha sido o primeiro momento alto da história do Espaço em Portugal, só com a adesão de Portugal à Agência Espacial Europeia, em 2000, é que o setor se começou a estruturar: “Só a partirdaí é que nos foi possível conseguir uma política pública de capacitação industrial, através de uma task force criada para ajudar a desenvolver um ecossistema de empresas ligadas ao Espaço. A função da task force era encontrar a mais pequena ideia ou produto que se pudesse aplicar ao Espaço e ajudar a desenvolvê-lo. De 2000 até hoje, o país capacitou-se e hoje temos mais de 70 entidades que desenvolvem atividades dentro do ecossistema do Espaço. Este desenvolvimento era, no entanto, um desenvolvimento de capacidades individuais das empresas, desagregadas de uma estratégia nacional comum”.

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Quando, em 2019, foi criada a Agência Espacial Portuguesa, o país já tinha um ecossistema com maturidade suficiente para que fossem estabelecidas linhas orientadoras: “Na altura pensámos que Portugal tinha de se desenvolver em vários eixos e de se estruturar em torno de uma estratégia nacional, passando assim do desenvolvimento de componentes para a implementação de um programa espacial nacional. Foi isso que foi definido pelo Governo na criação da Estratégia “Portugal-Space 2030”, uma estratégia de inovação e crescimento.

Aplicaro Espaço à Sustentabilidade e Segurança, criando impacto económico

Na capacitação da indústria espacial nacional, Portugal está a olhar para algumas dimensões que compreendem as grandes preocupações como a sustentabilidade e segurança, onde as soluções tecnológicas espaciais podem ser aplicadas. Em particular quando se fala de sustentabilidade, fala-se na gestão do território. Na sua vasta dimensão atlântica, e na dimensão dos problemas resultantes das alterações do clima, a dimensão terrestre torna-se cada vez mais uma área de intervenção crítica, em particular na gestão da floresta, na prevenção de fogos, na necessidade de uma gestão da água, na agricultura e também nas temáticas emergentes como o sequestro de carbono. Mas a dimensão da sustentabilidade passa também por assegurar a sustentabilidade do espaço exterior, dando relevância ao problema do lixo espacial. Portugal tem olhado para este problema não só atuando na capacitação das nossas empresas na criação de tecnologias com capacidades de monitorização utilizando inteligência artificial, mas também no desenvolvimento de capacidades para missões de remoção de lixo espacial.

Portugal pode seruma “nação fly”?

A resposta é sim: “A democratização do acesso ao Espaço permite hoje abordar este domínio numa perspetiva económica, a chamada “New Space Economy”. Construir e lançar um ou mais satélites para providenciar novos serviços tornou-se acessível à maior parte das empresas e vemos nascerem verdadeiras perspetivas com várias constelações. O objetivo da Agência é que, nesta década, o ecossistema nacional acompanhe esta perspetiva e que cresça em volume de negócios e em empregos especializados. Neste sentido, Portugal tem hoje a oportunidade de constituiruma Agenda Industrial para integradores de satélites, alavancada pela perspetiva de, através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), se construírem 27 satélites para providenciarem serviços em várias constelações, contribuindo assim para alavancar uma política de dados ao nível nacional para a observação da Terra. Queremos terminaresta década com um ecossistema totalmente diferente, mais robusto, com uma direção e pensamento estratégico, afirmando assim Portugal como uma nação espacial”.

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