Jornal Valor Local - Edição Junho 2019

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Valor Local

Junho 2019

Em Azambuja, no parque biológico a vegetação tem crescido descontroladamente e a Câmara prepara-se para novo ângulo de ataque com o Píton Verde

e a maior do concelho, o presidente daquela autarquia predominantemente rural não esconde que por ano deverá utilizar 200 litros de glifosato também da marca “Píton Verde”, tendo em conta que “apresenta uma fórmula mais diluída”, acredita. O autarca refere que em determinados locais “não se consegue travar a luta das canas e das ervas só com recurso aos meios mecânicos”, prova disso “é que até 31 de maio havia aquela obrigação de se fazer a limpeza dos terrenos, mas neste momento e com este estado do

tempo voltou tudo à estaca zero”. Para combater as ervas infestantes, o município do Cartaxo recorreu, nos últimos dois anos, à aplicação de 37 litros de um produto fitofarmacêutico cuja composição apresenta cerca de 250g/litro de glifosato (sal de isopropilamónio) e 40g/litro de diflufenicão. Assim, a quantidade de glifosato utilizado, nos dois anos, foi de cerca de nove litros. É desta forma que a autarquia apresenta as suas contas para os usos do glifosato. (Em 2016 o Cartaxo dava conta do consumo de 20 litros em 2015).

No caso deste município, é contratada uma empresa externa certificada para proceder às aplicações. De acordo com a autarquia, “continua a ser intenção do município eliminar a utilização destes produtos”, e para isso refere que no ano de 2018 e no corrente ano, foram efetuadas roças mecânicas e arranques manuais numa área de 90 mil m2, superior em cerca de 40 mil m2 do que a tratada com produtos fitofarmacêuticos. O município garante ainda que utiliza herbicidas sistémicos e residuais, que permitem reduzir “o número

de aplicações, com os resultantes benefícios em termos económicos, ambientais e de prevenção de incêndios.” No concelho de Salvaterra de Magos, é dito pelo município que nos últimos anos têm sido aplicados herbicidas como o sheik e o dessicash, sem glifosato. Contudo não nos é referido da sua efetividade em comparação com o glifosato. As aplicações são, em regra, realizadas pelos funcionários da Câmara Municipal, que estão certificados e com formação de aplicadores. Quanto a alternativas

Destaque 15 aos herbicidas, o município, às nossas questões, diz que é preciso permitir que “o conhecimento técnico-científico evolua e disponibilize no mercado, a preços adequados e com eficácia comprovada, soluções que possam garantir a substituição daqueles”. Em 2015, aquele município aplicava 440 litros de glifosato, mas a Câmara assegura que abandonou o seu uso. Em Vila Franca de Xira, é confirmado por Alberto Mesquita, presidente da Câmara, que nos últimos anos, se abandonou o uso do glifosato em espaços públicos. No levantamento de 2015, este concelho apresentava um consumo de 30 litros do produto em causa. Nesta altura, o município privilegia o recurso à monda mecânica, sendo que não vê na monda térmica uma solução pois “já se provou que não tem resultados efetivos no combate às infestantes”. Está em análise, por parte do município, o recurso a outros fitofármacos à base de ácido pelargónico, uma substância que se encontra validada pela Direção Geral de Agricultura e Veterinária. No município de Benavente, a Câmara foi fortemente criticada por ter recorrido a aplicação de produtos fitofarmacêuticos em espaço público de uma forma bastante proeminente, com o caso a ter grande amplitude nas redes sociais. Desde essa altura que o município, debaixo de fogo, tem procurado outros “meios alternativos”,

refere à nossa reportagem, Carlos Coutinho, presidente da autarquia. Sendo assim, o município começou a utilizar os meios mecânicos, mas como não há bela sem senão, e face às condições climatéricas mais recentes – chuva aliada às temperaturas da época – temse proporcionado uma propagação da vegetação nos meios urbanos. A contas com a opinião pública que criticou o que foi levado a cabo no passado recente, a autarquia refere que, nesta altura, e usando apenas os meios mecânicos não se consegue ter o mesmo nível de sucesso – “É que passado algum tempo, não mais de duas ou três semanas, dá-se o regresso em força da vegetação”. Carlos Coutinho desabafa – “Se por um lado não aplicamos os herbicidas como acontecia em anos anteriores e era assim que controlávamos a vegetação, nomeadamente, nos passeios e noutras zonas, e essa ação prolongava-se no tempo, sendo suficiente para cinco a seis meses, conseguindo controlar as infestantes, neste momento não estamos a conseguir essa resposta, nem mesmo as empresas têm meios suficientes para esse trabalho. Naturalmente a Câmara Municipal está a procurar encontrar as soluções, que não são fáceis.” Por tudo isto, e em face deste debate: “É algo que tem que estar na reflexão para o futuro próximo.” Em 2015, o município dava conta do consumo de 400 litros.


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