Antologia Poética IV - Valdeck Almeida de Jesus

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Todos os direitos desta edição reservados ao autor. Publicado por Giz Editorial e Livraria Ltda. R. 24 de Maio, 77 - 11º andar - Sala 1101 C Centro - São Paulo - SP - 01041-001 Website: www.gizeditorial.com.br E-mail: giz@gizeditorial.com.br Tel/Fax: (11) 3333-3059

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Organizado por

VALDECK ALMEIDA DE JESUS

2009

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© 2009 de Título original em Português:

Coordenação editorial: Ednei Procópio Supervisão editorial: Simone Mateus Editoração eletrônica e capa: Regiane Wagner Jorge Revisão: Valdeck Almeida de Jesus Impressão:

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índice para Catálogo Sistemático

É PROIBIDA A REPRODUÇÃO Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo transmitida por meios eletrônicos ou gravações, assim como traduzida, sem a permissão, por escrito, do autor. Os infratores serão punidos pela Lei nº 9.610/98 Impresso no Brasil / Printed in Brazil

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Pré/facies Certa vez recebi pela Internet, a pergunta de uma escritora: “Por que publicar em antologias?” Não sei se era uma indagação capciosa, exatamente qual a intenção. Talvez uma crítica implícita a mim, que participo de um bom número... Quando eu era jovenzinha, antologias seriam apenas para as textos em prosa ou versos de renomados autores. Coletâneas seriam feixes de escritos de pessoas comuns. No entanto, com o advento da Internet, esse conceito mudou. Pois se o poeta - o autor focal desta antologia - antes escrevia para si, ou submetia a jornais seus versos, e eram poucos os que se viam publicados, hodiernamente, há um boom a explodir belezas poéticas, dos lugares comuns dos apaixonados às singularidades de expressão... Se antes muitos morriam e somente então seus versos cometidos eram encontrados, hoje, poeta, famoso ou não, jamais morrerá, não enquanto lerem, declamarem, repassarem seus versos – o que é muito comum, por e-mails. Os velhos caderninhos são agora, arquivos, pastas. As pessoas postam web designs que ilustram seus escritos. Não raro, quem apenas ilustra, ou faz PPS, acaba tornando-se Poeta. Faz livros virtuais, participa de concursos, enfim, as portas e janelas abriram-se para a livre expansão da alma. O egocentrismo, cedeu à cordifraternidade: troca-se regulamentos, há sites, home pages e blogs especializados nessa divulgação. Outros não o são, mas mandam em PVT, ou incluem em seus espaços, hospedam. O motivo é claro: além de um autor ter de enviar algo próprio, escrito corretamente, em geral inédito (ou não, conforme as normas vigentes), de preferência original, singular, o texto esbarrará em um júri, em alguém que terá sua visão e preferências pessoais, com a tarefa de fazer a seleção, ser neutra, imparcial, despreconceituosa. Alguns lograrão classificar-se, outros apenas serão convidados a participar. Mas o prazer de folhear um livro e encontrar-se em companhia tão diversificada, mas todos pertencentes a essa “casta” a dos poetas, é imenso. Também já me perguntaram por que “ainda” concorro. Sempre respondo que é pelo “frisson” da expectativa. E porque no Brasil edições individuais são acima das possibilidades do autor, muitas vezes, de gastar: cônjuges reclamam, “usou parte do dinheiro das férias e publicou um livro”; “fez um empréstimo, mas não foi para consertar o telhado e sim para editar”, “fez o livro e depois da noite de autógrafos, não vendeu, agora distribui”... Quando há família em jogo, as acusações ou queixas são ainda mais veementes. O autor às vezes, tem de amargar uma culpa... Conheci alguém que fez uma dívida, e depois tentou suicídio porque não conseguia pagá-la, a sala cheia de pacotes de seu livro maravilhoso... Quando eu era adolescente, li “O Feijão e O Sonho”, de Orígenes Lessa

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e fiquei impressionada. É o protótipo das situações que relato. Em todas as épocas, o “ser Poeta” teve de conviver com outras profissões. Alguns puderam sobrepor-se ao comum dos mortais, com sua poesia Neruda, Vinicius... Mas, através da Internet, nesse novo Milênio em especial, as pessoas se organizam, fazem saraus, encontram-se em todo tipo de lugar, desde o barzinho, antes reduto único de uma classe considerada boêmia, aos palcos, escolas, praças... Poemas são colocados em ônibus e metrôs, vitrinas e varaus. Esse encontro tem um efeito dominó positivo. E abrem-se as neo-antologias, que significam reunião de autores, de tocas as idades, classes, formação, países, e profissões paralelas. Ou Poetas e pronto. Nesta, do Valdeck, desde adolescentes a septuagenários, eu li, fascinada, os que comentaram sobre o que “também” fazem. Além dos educadores e as pessoas graduadas em Letras esperadas pela própria formação, há matemáticos e engenheiros - dos civis aos químicos. Há físicos, advogados, artistas, livreiros, economistas, pesquisadores, artistas plásticos, atrizes e atores, estudantes de vários graus, delegado de polícia, técnico de metrologia, analista de sistema, arrecadador de pedágio (e fiquei a imaginar se ele teria algum micro-tempo entre um veículo e outro, para anotar versos ou rimas), um instrutor de kickboxing – que escreveu Poesia depois de perder a liberdade - e há quem o faça por estar livre... Analista legislativo, mestres, doutores e pós doutores, figurinista, diretor de empresa, socióloga, oficial de justiça, militares, jornalista, documentarista, roteirista, desenhista de moldes, cordelista, poliglota - professor de Línguas, pesquisador... Brasileiros de todos os cantos, portugueses, uma angolana. A Lusofonia canta agradecida! A latinidad também. Há argentinos. Encontro menções de outras antologias onde também me encontro, dou de cara com minha amiga Ângela Togeiro, que mora como eu em Belo Horizonte, também Embaixadora da Paz e membro do inBrasCi, de várias Academias, uma pessoa premiadíssima nacional e internacionalmente. Leio que Uma autora ocupa a Cadeira 11, de Lindolf Bell, da Catequese Poética, que se estivesse vivo, adoraria andar pelas novas antologias brasileiras. Ele é meu patrono na AVBL - uma academia virtual. E fiz um recital em 2008, no qual o homenageei. Já estão vendo para que serve uma antologia - o que a senhora fingia não saber. Gosto da palavra cordifraterno. É o que somos quando estamos num mesmo livro/espaço: unidos pelo cordis, “monsieur le coeur”, o coração, que bate ao compasso da comunhão, e em uníssono, e nos torna todos iguais, sem divisões de classe, raça, cor, opção sexual, grau de escolaridadade, poder aquisitivo... Quando concluí a leitura dos poemas e li avidamente as notas sobre os autores, fui reler a entrevista (*) que fiz com essa pessoa guerreira, resiliente, que

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é o Valdeck Almeida e adorei quando reli, essa resposta dele: Pretende organizar outras antologias? “Sempre tenho vários planos, mas por enquanto este projeto me toma o ano quase todo. Somente com a ajuda de uma equipe grande eu poderia me atrever a realizar mais coisas do que já realizo no cotidiano e na minha vida profissional. Eu trabalho de segunda a sexta-feira, estudo à noite fazendo jornalismo e ainda tenho que cuidar da casa, cuidar de mim, de um filho que mora em Jequié/BA. Eu moro em Salvador e vivo viajando sempre ao interior para rever meus amigos e familiares. Tudo isso toma tempo. Dizem que o tempo na Bahia não corre, que caminha a passos de tartaruga, mas tudo isso é folclore. O tempo aqui urge, as coisas por fazer roubam-nos o tempo...” Quando recebi o convite para escrever - o que chamo de pré-facies, porque não citarei versos dos poemas, mas falei de seus autores, com a brevidade da cigarra que anuncia a chuva fértil que terão pela frente - senti-me lisonjeada e presenteada - apenas de haver divulgado o concurso, repassado para mailings, postando, acabei perdendo o prazo e não entrando. Foi uma forma de estar com os autores e com o poeta organizador, que para participar de sua primeira, teve de vender um fogão. Tenho-lhe muita admiração, aplaudo seus esforços e almejo-lhe uma bela carreira editorial, paralela à sua de fazedor de versos, bardo, vate, poeta. E concluo com esse poemeto escrito na adolescência: O impossível É imprevisível Só até acontecer... Clevane Pessoa de Araújo Lopes, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil Psicóloga, Poeta Honoris Causa para oito países lusófonos, pelo CBLP; Embaixadora Universal da Paz, pelo Cercle de les Ambassadeurs Univ. de La Paix Genebra, Suíça; Diretora Regional do InBrasCi em BH/MG; Representante do Movimento Cultural aBrace (Brasil /Uruguai), Membro da ONE, Acadêmica da AFEMIL (Cadeira Cecília Meireles). pessoaclevane@gmail.com – http://clevanepessoaentrevistas.blogspot.com

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Gigante (Adalberto Caldas Marques) Uma única molécula Dentre milhares de um corpo, Eu... ali parado olhando, Estranho... Caminhos, vontades diferentes Como não se desintegra Tal corpo desconjuntado... Uns batem no couro, Outros batem na pele, Mas em todos Bate mais forte o peito... E o coração explode Do gigante que desperta Com uma simples bola na rede.

ADALBERTO CALDAS MARQUES nasceu em 7 de março de 1979. No subúrbio do Rio de Janeiro, descobriu o gosto por escrever ainda no início da juventude. Porém, acabou fazendo faculdade de Contabilidade e se afastando um pouco da literatura. Hoje, tenta recuperar o convívio com o mundo lírico e criou um blog com alguns de seus trabalhos.

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Um cobertor (Adenir B. G. L. de Souza) Quando excluída, pensativa, e a solidão se faz presente, ponho-me a argumentar e crer que só se ausentam aqueles que não percebem o querer. Reflito: os que vêm ao meu encontro não são os que borrasca espalham mas aqueles em que a saudade ocupa o coração e a ternura estabelece o simples elo do oi, olá ou tudo bem. E a agonia que antes assustava agora registra que amigo não é quem o diz, é aquele que assimila a necessidade do outro transmitindo no seu acalanto o aconchego de um cobertor.

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ADENIR B. G. L. DE SOUZA tem curso de Engenharia Química não concluído e atua na área de Educação. Possui poemas publicados pela Litteris e na Antologia do Centro de Literatura do Forte de Copacabana.

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Minoria maioria (Adriana Aparecida de Oliveira Pavani) Dizem que existem as minorias. Isso porque existe uma maioria. Mas quem é a maioria? E quem é a minoria? Chamam de minoria aquele cidadão que é diferente do outro cidadão Só porque ele escreve com outra mão, Ou anda no que se convencionou ser contramão. E, de fato, qual é a direção? Há tantos caminhos! E diversas são as mãos... Quem disse que a minoria está na contramão, Ou errou a direção? Será que a maioria também já não é a minoria? Pois já há tantas minorias, que elas já são a maioria! Ora! E maioria com maioria formam o todo! E o todo é o que forma o nosso globo! Que idéia de minoria é essa, meu povo? Se mesmo com um quê diferente, Somos parte do mesmo todo?

ADRIANA APARECIDA DE OLIVEIRA PAVANI nasceu em São Paulo, capital. Bacharel em Direito pela Instituição Toledo de Ensino, de Bauru, interior de São Paulo. Atualmente, mora em Barra Bonita-SP. Dedica-se à poesia desde 2005, e já participou de antologias organizadas pelo Clube Amigo das Letras, de Barra Bonita-SP e pelo movimento Virarte, de Santa Maria-RS, do qual faz parte. Também colabora para o Caderno Literário, periódico mensal, de circulação pela internet.

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Arruinada (Adriana E. Dellorefiche) Nunca teve esperanças excessivas Que a fizessem transgredir seus próprios genes Somente um espaço muito apertado Impedia-a de estender o seu triste corpo Saudades de uma criança acumuladas E esporádicos afetos sem verdade Resistindo como um náufrago perdido A defender-se de seu mistério, sem afundar Conheceu a importância do silêncio Como firme armadura, protegendo-a Mas múltiplas vozes, destruidoras, Confundiram seu mundo e sua agonia Cada intenção de emergir foi mal-sucedida Por traições que alteravam os sentidos Ignorava com confiança e inocência O que encerra a derrota como implacável

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Suicidando-se aos poucos, atormentada, E ainda sentindo temor, quis Ficar como um símbolo patético De uma história atroz, que não a incluiu.

ADRIANA E. DELLOREFICHE é licenciada em Artes Visuais, artista plástica, docente, escritora. Nascida em Rosario, reside atualmente em Villa Gdor. Gálvez – Provínvia de Santa Fe, Argentina. Obteve o 2º prêmio em Poesia no 8º Concurso do Millenium - Ciudad de La Plata, ano 2007; menção especial em Poesia, outorgada pela Sociedade Argentina de Letras, Artes e Ciências - Filial Santiago do Estero, em novembro de 2007; Prêmio Seleção Antológica Poética 2008, XVIII Certamen Internacional Poesía – Editorial Novo Ser.

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Sou terras sem donos (Aidner Mendez Neves) Sentimento sertânico e armorial permeia meus pensamentos E sou e estou transeunte, sussurro mansinho aquilo que é doce E trago na língua, plúmbeo projétil de verso Qual Deméter trago em meus braços, não mais papoulas, Agora ipomeias de flores azuis. Não faço pirraça nem busco luxúria Se não fora rebelde seria ortodoxo Mas trago muito mais em mim que apenas versos e cigarros Trago manhãs de sacra ode Trago o trinado das primeiras cordas e o bramir das últimas Represento a busca, como meus escritos, sou pegadas gravadas Indelével perfume de aurora sertaneja E meus olhos se perdem contemplando meus reinados Não sou dono de terras, mas sou terras sem dono E meus castelos são de muros cactáceos Meu brasão possui a insígnia dos cantadores, Pois sou bardo de meu povo e crente nas coisas mágicas As que posso ver, as que posso ouvir e as que posso sentir Eu sou um não ao avesso

AIDNER MENDEZ NEVES é poeta, cordelista, escritor, compositor e cantador. Seus versos e canções retratam o povo sertanejo, sobretudo Canudos, e o advento do Cangaço. Autor de cordéis como: “O Sebastianismo no Sertão”, “ABC da Boca do Rio”, “A Saga da Pedra do Bendegó”, “João Requizado, O Cangaceiro Solitário”, “Montalvânia, Uma Cidade Diferente”, entre muitos outros.

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Desilusão (Alana Marques da Silva) Eu, pois, acreditei no tudo belo, um dia. Revoltei-me, contudo, com a revolta do mundo, por surpreender-me seu outro lado: imundo. Espalhei-me, assim, em demasia. Pois o todo do tudo que me desnuda oferece-me dos homens às desgraças. E o frio do calor faz trapaças. É-me repugnante! Entrego-me à agonia surda. Esse meu jeito de sempre, ingenuidade, e que do nada espera maldade, divide-me em mil pedaços de decepção. E, até talvez, destituída de vaidade, eu possa, em mim mesma, encontrar perdão pela ausência da excelsa verdade.

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ALANA MARQUES DA SILVA nasceu em Paulo Afonso-BA, em 16/02/1989. Em 1994, mudou-se para Petrolina, onde vive atualmente. É cristã, solteira, mora com os pais e não trabalha. Cursa o 3º período do curso de Direito, na FACAPE. Faz poesias e contos sempre que se sente inspirada.

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Um hospital (Alex Costa) Nasce um hospital, muitas esperanças, sofridas vontades. Longos corredores, um vaivém na UTI quebra o silêncio. Paredes frias, mãos quentes que acolhem... Vultos brancos, uniformes impecáveis, óbices inesperados, óbitos inevitáveis. Gotas de sangue no piso inerte, Oncológicas fatalidades... Um paradoxo: vejo recém-nascidos pela janela do berçário, todos anjos do Senhor.

ALEXANDRE GUIMARÃES DA COSTA ALECRIM, 50, é natural do Rio de Janeiro/RJ, militar da Aeronáutica, nível superior. Já participou de vários concursos literários, de nível técnico e superior. A primeira experiência em concursos de poesia se deu ano de 1979, na Escola de Cadetes em Campinas/SP, obtendo o 2º lugar. Motivado e já na faculdade, em 1986, mesmo no Curso de Educação Física, arrebatou um 3º lugar em concurso realizado pelo Curso de Letras.

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Sexto motivo da rosa (Aléxis Góis) Percebo-te perdida no jardim das quimeras de outrora como pôde tu sustentar por séculos a aurora de um novo tempo se és tão frágil, e pétala a pétala, devoraram-te até o perfume? Aquilo que na boca dos homens e das mulheres era liberdade foi calado com cobre

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Mas mesmo assim insistes nobre em resplandecer E tudo no mundo que não é teu brilho é apenas vulto.

ALÉXIS CERQUEIRA GÓIS nasceu em Feira de Santana. Atualmente reside em Salvador, tendo morado em diversas cidades da Bahia e em São Paulo. Bancário, pelas voltas que a vida dá, também é jornalista, documentarista, escritor e, nas horas vagas, “escrevinha” alguns versos. Participa ativamente do movimento cultural, em específico na área de cinema, arte pela qual é apaixonado. Atualmente, é membro do cine-clube Roberto Pires (Salvador/BA).

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Valdick Pudick Sombreiro (Allan Pitz Ribeiro de Souza) Valdick Pudick Sombreiro, Um homem muito matreiro, Vivia na sombra a pensar. E viu-se cair na armadilha, Quando um cão da própria matilha Mordiscara seu calcanhar. E o engasgado Sombreiro, Arrebatado num Paio tropeiro, Apagou-se bem no almoçar! E juntando viu que não tinha Era a mala da vida Vazia, A Paz que no fim não vinha, E um pedaço de calcanhar.

ALLAN PITZ é escritor e diretor teatral. Carioca, nascido em 1983, é mais um apaixonado pelos livros. No ano de 2008, teve trabalhos publicados por nove vezes consecutivas em Antologias da CBJE (Câmara Brasileira de Jovens Escritores), além de uma sétima colocação no XV Concurso Internacional Literário da AG Edições, entre outros.

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Tradição (Altair Fonseca Ramos) Coisa boa Bate-papo Ao pé da porta Quem nasce Em bairro operário Não tem mesmo Essa sorte É preciso dormir cedo Para acordar Um pouco forte Atender às sirenes Que compram O intelecto E o porte.

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ALTAIR FONSECA RAMOS, nascido em 18/05/1966, mudou-se com a família para Salvador aos 18 anos. Hoje, com 42, casado, 2 filhos, reside em Itaberaba/BA e é Técnico em Segurança do Trabalho. Militou durante 10 anos no Movimento CETA, foi acampado e assentado no município de Ipirá/BA. Atualmente, publica seus textos em blog próprio e no site cultural “Overmundo”.

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Poesia (Álvaro Reis) Quem me vê? Quem sabe o que sou? Sombra que se desenha nas ruas Da cidade do fantasma que sou. Ando à noite por paredes ocas Sem me quedar em lugar de nenhum. Ziguezagueio entre todas as vidas Sem tocar em corpo algum. Subo descidas, levito subidas E salto em telhados de cristal. Sou o ar e o uivo de vento Que nasceu da fome do bem e do mal. Sou a lágrima que jorrou, Sou ruim sonho, vil pensamento. Sou tudo o que sei que não sou! Quem me vê? Quem sabe o que sou?

ÁLVARO REIS nasceu no coração de Lisboa, há 59 anos. Já foi major e, agora reformado, toma conta de uma loja de livros antigos. Curiosamente, não lê muito, contentando-se em contemplar e tatear a textura dos livros. Nunca foi maniqueísta, por não saber exatamente quando o bem ou o mal acontecia. Não vende livros a pessoas que só os queiram ler e não os escutem.

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Geração 2000 (Ana Cristina Afonso Cavazzana) Escolas são lares Pais sem ter o que fazer Perdem a paciência com seus filhos Que não pediram pra nascer Cachorros sem donos Casais desfeitos Filhos no abandono A mãe é o pão O pai é a pensão O amor um iceberg Os filhos da desunião A professora, o “jeitinho” O novo lar sozinho Pobre do filho Que se perdeu no caminho

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ANA CRISTINA AFONSO CAVAZZANA escreve desce criança. Aos 17 anos, ao ingressar no curso superior, destacou-se pelas produções literárias, vindo a ganhar concursos. Utiliza os pseudônimos de Eduarda Scudero e Samira Hazir. Inspiração: Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade e Lygia Fagundes Telles. Experiências inesquecíveis: conhecer Rachel de Queiroz, dançar no Teatro Municipal de São Paulo e conhecer Lucinha Araújo e seu trabalho na Sociedade Viva Cazuza.

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Adeus (Ana Nery Pereira da Silva) Você me olha como ninguém, sua boca me chama, em chamas, a cada instante. Eu paro na porta, em frente a você, e seus olhos brincam com a minha boca. Você hesita em tocar-me, mas sabe que precisa me sentir, então seus dedos procuram os meus cabelos, e ficam a se encantar com os cachos meus ...e quando louca, de olhos fechados, imagino a sua entrada em mim, eis que ouço um adeus e você vai embora. .. .... ....... .... ..

ANA NERY PEREIRA DA SILVA nasceu em Cubatão/SP, em 14 de maio de 1984. É graduada em Letras pela Universidade Católica de Santos e Pós-Graduada em Economia pela Universidade Santa Cecília.

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Amigos (Anair Weiricch) Amigos vêm e vão. Amigos são uma nação de corações leais. Amigos são demais! Amigos são trigos ao sol. São cama e lençol para deitar-se tranquilo. Amigos são aquilo de tudo o que contas. Amigos são contas de um colar de diamantes. São vogais e consoantes do alfabeto do amor. Amigos são abrigos da maldade e da dor. São a segurança das pontes e a água das fontes! Amigos são artigos de luxo. Amigos são bruxos da distância e do tempo. Amigos são o elemento que conta na hora H. Amigos são maná! São faróis no nevoeiro. São arco e arqueiro na precisão do alvo. Amigos estão a salvo das tempestades da vida. Amigos são guarida nas horas incautas. Amigos são flautas que anunciam companheirismo. Amigos são o muro seguro que nos protegem do abismo!

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ANAIR WEIRICCH nasceu em Chapecó/SC em 02/11/1951. Vive dos seus livros desde 1996, apresentando-se em Recitais de Poesias em escolas, feiras e eventos. Também visita livrarias e empresas em todo o sul do país. Tem mais de 12 livros editados e alguns prêmios que lhe renderam muitas alegrias. Melhor mesmo é consultar seu Site www.pages.adm.br/anair.

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Reinventando a morte (Andreev Veiga) enquanto o sulco derramava pela última vez deixando escorrer o enxofre pela casa o armário era esvaziado e desencontrava no vazio seu próprio semblante enquanto o leito confundia-se ao espírito e a oração inebriava a madrugada com seu luto mais um café era servido e sem a intenção de reinventar a vida – com tantos outros assuntos – a morte era esquecida

ANDREEV AUGUSTO PENA DA VEIGA é natural da cidade de Belém, estado do Pará. Como poeta, participa de concursos pelo país afora e, atualmente, trabalha às vésperas do lançamento de seu livro “Letrário”, primeira obra de poesia. É compositor e melodista num trabalho em parceria com o ator paraense Augusto Castro na tão sonhada “A Senhoria”.

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Dois = Um (André Sesti Diefenbach) Um misto de poema e teorema onde o exato se mistura ao abstrato, flores e espinhos em um só caminho, a caricatura e o retrato. Algo entre a loucura e a lucidez o sol e a chuva, a abelha e a uva, sem distinção entre o certo e o errado, só eu e você lado a lado. A vida e a morte, o azar e a sorte solidão e companhia, uma só fantasia, ilusão, realidade, a tristeza e a felicidade, complicação na simplicidade. O amor e o ódio, o açúcar e o sódio, os opostos reunidos, aventurados sofridos, o feio que é belo, um casebre, um castelo, cinzas com tons de amarelo.

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A água e o fogo, o céu e a terra, a paz onde sempre houve a guerra, a luz que se equilibra com a escuridão, razão e emoção, só uma equação.

ANDRÉ SESTI DIEFENBACH, nascido em Porto Alegre-RS, em 27 de novembro de 1972, graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela PUC, em 1994. Exerceu a profissão de advogado até 1999, quando ingressou na carreira de Delegado de Polícia, no Estado do Rio Grande do Sul, recebendo, no ano de 2008, o troféu Compositor Destaque da Rádio Butuí FM, de São Borja-RS, pela música “De tudo”.

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Subsistência (André Calazans) O homem do homem retira a subsistência, pedaços de outros homens em seu Eu fragmentado. Despojos subestimados, pertences forasteiros, fatos que se encaixam no jogo perfeito de cada homem. Em seu curto espaço de vida, em seu leito cativo de morte.

ANDRÉ CHAMUN CALAZANS escreve contos, poesias, músicas e outras coisas cheias de palavras. Tem colaborado com diversos sites e se destacado em antologias e concursos literários.

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Poeminha pra quem tem medo de amar (Andréa Muroni) “Quem tem medo de amar tem coração que nem coração de passarinho que se assusta fácil e sai voando fugido É menino triste que pensa que Amor é gaiola - Amor é gaiola não, menino, gaiola é medo Respira firme que Amor é ipê!”

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ANDRÉA MURONI é poetisa e escritora. Tem em seu currículo literário desde crônicas até um romance, passando pela literatura infantil. Na verdade, adora escrever bobagens, pelo puro prazer de esculhambar. Trabalha com livros e crianças, suas duas paixões depois de Marcelo e Juá, seus meninos de tamanho e coração.

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Dos prisioneiros (Angela Togeiro) No pleno e vazio de minhas mãos No cerrar e abrir Espremo palavras As letras rolam Desnudando meu pensar Deixando escapar Minhas contradições. Vergonha de estar de braços cruzados Prisioneira do conformismo Enquanto injustiças sociais Ceifam a bondade das almas. Presídios superlotados.

ANGELA TOGEIRO, natural de Volta Redonda-RJ, hoje reside em Belo Horizonte-MG. É formada em Administração de Empresas, com cursos de pós-graduação, além de poetisa e prosadora. Faz parte de diversas entidades culturais nacionais e internacionais. Possui prêmios e antologias nacionais e internacionais em prosa e verso, publicadas em português, espanhol, francês, italiano e inglês. Livros: em verso – Contato Urbano, Trem Mineiro, Na Luz dos Teus Olhos, Sou Mulheres (prêmio Piauí); em prosa – Pudim de Claras com Baba-de-moça e O compositor (prêmio Piauí) – romances: Cavalo Alado (contos) – teatro infanto-juvenil: O dente de leite apresenta: O Molar fugiu do sonho da menina (prêmio Cidade de Manaus).

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O poeta não morre (Anna Maria Avelino Ayres)

Homenagem a Mário Quintana Mário que é quintana Mário mago mago feiticeiro de eterno aprendiz encanta, cantando quintanares. Poemas pássaros que chegam que vão... Lirismo boêmio pessimista poeta. Coisas simples tece-as na folha branca. O mundo é adverso, poeta? Supera no traço de humor na ternura lírica dos teus anseios guardados nas emoções perdidas.

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Primavera, Mário! O ipê amarela o chão. O que vais escrever agora?

ANNA MARIA AVELINO AYRES é graduada em Letras pela UFMG. Tem poesias publicadas em 12 antologias e 4 em fase de publicação. Primeiro lugar no Concurso “Dar Voz à Poesia” – Portugal - e também no 4º “Concurso Jurandir Ferreira”- Poços de Caldas. Membro correspondente da Academia Cachoeirense de Letras.

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A obra do poeta (António dos Santos Boavida Pinheiro) Na obra do poeta existe sempre a sensação de estar incompleta, por mais que se esforce, faça ou tente, a vida é limitada, curta e incerta... Tocar os sentimentos, algo ingente, quão excessiva ambição é sua meta. Escrever em rima, ou não, o quanto sente, e se uma vez ao lê-lo em nós desperta o sentir de um momento, plasmado em algo especial e... tão diferente, daquilo que é vulgar e consumado... Algo inesquecível porque é arte. Se tal for alcançado simplesmente! Não lamente o poeta, quando parte...

ANTÓNIO DOS SANTOS BOAVIDA PINHEIRO é natural de Alverca do Ribatejo - Portugal; nascido a 7 de Novembro de 1934; Professor Universitário Jubilado; Mestrado em Sociologia, em Antropologia, Gestão de Empresas; Mestre em Educação Física; Licenciado em Administração e Contabilidade, Ciências Sociais e Políticas, Ciências Antropológicas e Etnológicas; Bacharel em Contabilidade; Pós-graduação em Administração e Contabilidade, pela E.S.I (Paris); Hobbies: voluntariado, ouvir música, ler e escrever poesia, viajar.

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Soneto hermético (Antônio Carlos Assis Alves)

Da minha janela gritava o vento Da minha emoção indigno pranto A primavera é somada ao canto E viva, é viva ao meu pensamento. Domingo assisto ao Cálice Bento, Assisto à missa orando ao Santo Em canto célebre, mistérios tanto Revelo meu íntimo sentimento. A carne é nova mesmo que triture O sonho infinito é de quem vive De fonte núbil, o canto de quem ama Brotado da melancolia que revive, Fonte aos lábios aflitos que te ama Oh música, machuca, quem por ti cura.

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ANTÔNIO CARLOS ASSIS ALVES é natural de Salvador/BA, nascido em abril de 1946. Formado em Economia, começou a escrever, em 1975, artigos sobre Ormitologia, para revistas especializadas; colaborador da revista Artepoesia e membro do GACBA - Grupo de Ação Cultural da Bahia. É contista, poeta e escritor.

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A raça humana (Antônio Cícero da Silva) A raça humana é privilegiada, pode agir e pensar e aos demais animais consegue domar. Segundo a Bíblia, o ser humano foi deito pelas próprias mãos de Deus, O Criador. A raça humana, é a mais valorosa e possui na terra, o máximo poder e consegue dominar as demais raças, com pulso firme e sabedoria...

ANTONIO CÍCERO DA SILVA nasceu da cidade de São José do BelmontePE em 02/12/1962 e reside atualmente em Carapicuíba-SP. É diretor de empresas. Tem textos publicados em jornais e revistas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Livros publicados: “Servir e Proteger com Lealdade” (Editora Komedi), “Nós Somos poesia”, “Onde Estais” e “Pedaços de mim” (CBJE), além de participação em várias Coletâneas e Antologias.

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Experiêncic(idade) (António Félix Flores Rodrigues) A linha da minha vida não está desenhada na palma da mão, está gravada no meu rosto. Na testa tenho esculpido os tormentos das guerras que não quis que experimentasses. Os meus olhos choraram os teus infortúnios, mais do que aqueles que me couberam. Cada cabelo de prata que ganhei vale tanto quanto a coleção de beijos que te dei. Não me vejas como um embaraço, mas sim como um refúgio. Vi a chuva cair e percebi Quanto te pode ser útil ou maltratar. Vi o sol brilhar e senti, Quanto nos pode sorrir ou açoitar. Conheço as efusões que te curam e aquelas que te põem a delirar. Conheci parte do mundo que estás disposto a trilhar. Não sou um sem abrigo, apenas te cedi o meu. Não sou um solitário, apenas não te incomodo. Não sou um eremita, afasto-me, para construíres a tua liberdade. Passei-te a minha vida, Pois é a forma que um pai velho tem De conjugar o verbo amar.

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ANTÓNIO FÉLIX FLORES RODRIGUES

nasceu na Ilha Terceira, Açores, Portugal, em 1962. Formou-se em Física pela Universidade de Lisboa, Doutorou-se em Poluição Atmosférica na Universidade dos Açores, onde leciona, sendo aí responsável pelo Curso de Mestrado em Engenharia do Ambiente. Preocupa-se com os problemas sociais e ambientais, e vê a poesia como uma estratégia para promoção da cidadania ativa.

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As cataratas (Antonio Jorge Abdalla) Entre o céu e a terra reconheci Algo maior que eu, As águas... Caia sobre mim uma chuva miúda e fria... Testemunhas? Só a lua cheia e estrelas. A eternidade passava, O mistério se manifestava: Forte Torrencial Absoluto Dois mundos incomunicáveis, O Relativo e o Absoluto Havia também murmúrio, de gente, Irrelevante. Instante sagrado, O resto, É vida sobre a Terra.

ANTONIO JORGE ABDALLA é professor, contista, poeta, ator e diretor de teatro amador. Pesquisador do Instituto de Pesquisas Avançadas – IEAv/CTA de São José dos Campos e Doutor pela UNESP – Guaratinguetá; pós-doutorado pelo ITA - São José dos Campos/SP.

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Os poetas contra-atacam (Bernardo Santos) Dizem que os poetas são loucos porque fingem fingir. Dizem que os poetas são sonhadores porque sonham em sonhar. Dizem que os poetas são fugitivos porque fogem da fuga. Dizem que os poetas são amorosos porque amam o amor. Dizem que os poetas são mentirosos; Isto é mentira. Dizem que os poetas são falsos; Isto é falso. Dizem que os poetas são vingativos; Isto é pura vingança dos insensíveis.

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BERNARDO SANTOS, 45 anos, natural de Cristais-MG, formado em Jornalismo pela Universidade São Judas-SP. Militante nas diversas fileiras da criatividade literária, com poesia, romance e teatro. Possui trabalhos premiados em concursos e menções honrosas em antologias. Colaborador de diversos jornais e revistas literárias. Encenou a peça teatral O Amor Liberta (1980) e publicou o romance “Depois das Onze” (1988).

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A menina (Camila Carillo Bahia) Cabecinha mais cheia De caraminholas que cachinhos... Batalhas surreais; Quase um diário do Cavaleiro. A porta de seu universo Tem mil chaves E até hoje Tenta achar a ideal. Diga “pare” e ela pula. Mas que parte Você não entendeu? Volta, volta a fita! Ela quer escrever Tão lindo quanto as borboletas Beijam a imaginação Dos cegos e surdos de amor. A menina quer ser o céu...

CAMILA CARILLO BAHIA é natural de Ilhéus (BA). A autora encanta-se, desde cedo, pelo mundo das palavras. Com os mais diversos tipos de livros disponíveis em casa e na biblioteca do colégio, sua paixão pela literatura foi crescendo ao longo do tempo. Seus primeiros versos foram escritos aos 13 anos; possui duas de suas poesias (Anjinho e Praia II) presentes em coletâneas. Atualmente, está graduando em Comunicação Social com habilitação em Rádio e TV pela Universidade Estadual de Santa Cruz.

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Esplendor secreto (Carla Ribeiro) Feita de bruma e em nada construída, Pairou, perdida em sombra e escuridão, Como um anjo que, entre a voz da razão, Buscasse o sentimento da sua vida. Oculta catedral de alma vencida, Esplendor secreto de eterna paixão, Brilhou na luz da imensa escuridão, Como ilusão de esperança indefinida. Feita de luz e às trevas condenada, Foi templo de amor, santuário de nada, Basílica de luz e de mistério. Memória de um mísero sentimento, Presa nas sombras de um pressentimento… Negra ruína do mais sinistro império!

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CARLA RIBEIRO, estudante de Medicina Veterinária, nasceu em Portugal no dia 20 de Julho de 1986. Foi premiada em vários concursos literários e tem textos publicados em diversas antologias. Publicou, além disso, pela Corpos Editora, os livros “Estrela sem Norte”, “Alma de Fogo”, “Canto de Eternidade”, “Herdeiros de Arasen, vol. I”, “Herdeiros de Arasen, vol. II” e “O Deus Maldito”, bem como “Alma Abandonada”, pela lulu.com.

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Os dias passados (Carlos Alberto Silva) Hão de parecer sempre melhores Os dias passados Onde a vida era a velha vida As alegrias eram as velhas alegrias E mesmo as dores eram as velhas dores E já não doem mais Os velhos inimigos São os velhos inimigos Velhos e conhecidos Como velhos amigos A velha vida é um livro lido e relido muitas vezes E suas velhas aventuras São histórias das quais se conhece o fim Hoje a realidade É a nova e desconhecida realidade Com novos e estranhos inimigos Novas e assustadoras histórias Com final desconhecido

CARLOS ALBERTO SILVA nasceu em São Gonçalo do Sapucaí-MG em 7 de julho de 1970. É economiário, trabalhou nos Correios e na Secretaria da Fazenda de Minas Gerais. Dedica-se à literatura escrevendo contos, crônicas e poesias, tendo se destacado em diversos concursos. Alguns de seus textos já foram publicados em antologias. Em 2007, participou do livro “Contos Unicamp - ano 40”, da Editora da Unicamp.

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Homofobia (Carmen Vervloet) Brasileiros, por que tanta discriminação Para essa minoria em ascensão? Pertencemos à mesma gleba, A vida traz, a morte leva... É insano privar o ser humano de ser feliz! Todos têm direito ao seu espaço, Neste ou naquele compasso... O respeito às diferenças é sensato E quem pode julgar qualquer ato? Quem é melhor, aquele que Vive em paz sua opção sexual Ou o furto “eventual” Da corja marginal? Paradoxo preconceitual... Somos feitos da mesma matéria, Temos alma e coração Por que então a divisão? O que rege a vida são os valores, Tingidos em múltiplas cores! E a nossa força é nossa união.

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CARMEN VERVLOET, nascida em Santa Teresa-ES e residente em Vitória-ES, exerceu o magistério. Possui um livro (mídia impressa) em andamento; vários poemas publicados nos principais jornais de Vitória (capital), desde 1957, dentre eles: A GAZETA (afiliado à REDE GLOBO), O DIÁRIO, JORNAL DA CIDADE, além de sites diversos na Internet. Participa de sessões literárias e de um CD em fase de finalização, com músicas de Jorge Saadi e poesias da autora publicadas em várias Antologias.

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Azeviche (Carlos Antônio Leite) Eu sou negro, mas negro também é gente Só não entendo por que tanto preconceito Se quando a gente morre exala o mesmo cheiro. Eu sou negro, mas também trabalho, estudo... E, como cidadão, exerço os meus direitos e deveres. Eu sou negro, e sobre minha pele irradia o mesmo sol, E cai a mesma chuva como em qualquer outro lugar, E sobre todos no planeta. Eu sou negro, mas o sangue que corre em nossas veias É único e é vermelho, se existe cores diferentes, desconheço; Só é essa que apenas vejo. Eu sou negro, honesto, e vivo decentemente Não preciso de dinheiro público para enriquecer indignamente Eu sou negro, mas nem por isso eu sou burro Toco instrumento de percussão, de sopro e de corda Muito se engana quem pensa que apenas toco berimbau de uma corda. Eu sou negro, e esta é minha cor Pérola negra, escondida no fundo da terra Antes de o homem descobrir quem ele era.

CARLOS ANTÔNIO LEITE é baiano-soteropolitano e estudante de Matemática, mas adora poesias e todo tipo de trabalho literário. A poesia para ele é um relento e encanto, algo que preenche seu mundo e o completa, que simplesmente o fascina e inspira a todo instante.

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Fotografia (Carlos Augusto Sousa Borges) Só restou a foto 3x4 Preto e branco Olhei a fotografia Tomei uma dose de vodca Tentei rasgar A fotografia dessa mulher Em seguida, tomei Um gole de vinho tinto Não rasguei A fotografia dessa mulher Que amo E que tenho Coragem pra dizer ”Eu sei que vou te amar...”

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CARLOS AUGUSTO SOUSA BORGES nasceu em 21 de dezembro de 1962. É produtor cultural, assistente administrativo, assessor de eventos culturais, consultor de eventos e assistente de direção de Fotografia.

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O relógio das almas vendidas (Carlos Augusto Souto de Alencar) Tique-taque Passa tempo, tempo passa, Que vidinha mais sem graça Não se beija, não se abraça Nem se olha a bela praça Ganhar grana? Só com raça! A saúde se despedaça Não reclame, apenas faça E nem pense em arruaça Ou qualquer forma de ameaça. Utilize uma mordaça Produzir é a tua taça Não és gente, és só massa Nem caçador, és só caça. Esse relógio te amassa Esse mundo te rechaça Não atura tua obra crassa Nessa tua vida palhaça. Tique-taque Passa vida, vida passa...

CARLOS AUGUSTO SOUTO DE ALENCAR nasceu em 16/08/1969 em Nova Iguaçu-RJ. Graduou-se em Geografia em 1992, pela Universidade Federal Fluminense. Venceu os concursos de crônicas do Centenário do C.R. Saldanha da Gama, dos Primeiros Jogos Florais de São Francisco do Itabapoana e do Encontro Poético Jahel Ramalho Pereira. É membro da Academia Pedralva Letras e Artes de Campos dos Goytacazes.

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Inverno (Carlos Bordignon) Nuvens de gelo subiam do horizonte Traziam velhas lembranças Vindas não sei de onde A surreal moça loira sem tranças Me fez fechar os olhos banhados Uma lágrima beijou o chão frio das minhas andanças Ao redor todos estavam calados Chega de lágrimas, gritavam as árvores Chega de lágrimas, imploravam os mares Gotas quentes secaram nos ares Naquele inverno de tantas saudades

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CARLOS CESAR BORDIGNON RIBEIRO tem 20 anos e cursa Licenciatura em Letras Língua Portuguesa/Inglesa no Centro Universitário Feevale de Novo Hamburgo. A educação básica foi adquirida em escolas públicas.

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Por vezes (Carlos Eduardo Marcos Bonfá) Por vezes Contra o dedo, Palavra. Por vezes Contra o dedo, O medo. O fino brilho negro, Vestígio do fogo das estrelas Que se consome Na sujeira do grafite. Carvão sem tento, Que tenta em vão Marcar o mundo, Mesmo aberto em não. Se a palavra chama, Atendo em paz. Paz de quem dorme Com arma em punho.

CARLOS EDUARDO MARCOS BONFÁ nasceu em Socorro-SP, em 1984. Mestrando em Estudos Literários (Letras) na Universidade Estadual Paulista (UNESP), graduou-se em Letras na mesma instituição. Lançou um livro – “Ossos e Ervas” – e recebeu menção honrosa no “XIII Prêmio Moutonnée de Poesia”, organizado pela Prefeitura da Estância Turística de Salto. Publicou na revista “A Cigarra”.

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O sonho do poeta (Carlos Eduardo Pereira Theobaldo) O poema nasce dessa incoerência Branco, puro, simples O poema, como uma flor, nasce O poema nasce assim, Sem traumas ou cantos Sem sorrisos ou prantos O poema vive O poema, vivo, manifesta-se dessa forma Fazendo do seu corpo só seu Nosso corpo em norma O poema é singular Único e sereno Surge da vontade louca de fazê-lo nascer E dessa ambiguidade Jorra pelos versos Branco, puro, simples Como a vida.

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CARLOS EDUARDO PEREIRA THEOBALDO

é professor de

Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Possui trabalhos publicados.

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Caminhos da amizade (Carlos Roberto Pina de Carvalho) Quando eu seguir nos caminhos da amizade Levarei vocês comigo Sentirei o carinho de sempre E minhas orações serão para o futuro Que virá para todos. E quando eu já for longe... Na minha memória estarão guardados Todos os momentos que juntos passamos. Amigos insubstituíveis, Amigos verdadeiros Que me ensinaram Lições de amor e solidariedade. Escreverei poemas de paz e amizade E quando no céu estrelas brilharem No meu coração tudo será saudade!

CARLOS ROBERTO PINA DE CARVALHO nasceu em 1962, em São Paulo, no bairro do Ipiranga. Começou a escrever com dez anos de idade. Participou de vários concursos, sendo primeiro colocado nos concursos “Ipiranga em prosa em verso”, em 2004, “Poesia é sábado” – do Centro Cultural São Paulo, em 1994, e no concurso da Biblioteca Pablo Neruda, em 2003. Participou, ainda, da Antologia 3 organizada pelo escritor e poeta Valdeck Almeida de Jesus, em 2007.

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Quase dormências (Carlos Vanilla) Nos tempos que eu te vi Eu sempre não entendi Que tudo já é normal Podes aparecer, isto é incrível. Podes me amar Tudo é possível. Aqui te esperando Eu sei que tudo é igual Tudo é meio formal E eu estou aguardando Podes aparecer, isto é visível Podes me calar Tudo é previsível A dúvida sobre mim Saber que estou contigo Pois hoje abrirei mão do meu amigo E hoje quero ver-te, Sempre linda Com esses olhos cheios de vida.

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CARLOS ALBERTO RIBEIRO começou a escrever desde os 13 anos. Inspirado nos filmes estrangeiros, começou a desenvolver roteiros de ficção científica. Nascido na cidade de Itapetininga-SP e filho de pais estrangeiros, começou a escrever poesias, contos e teses em 2004. Seus últimos trabalhos foram a participação no livro “São Paulo - Uma Metrópole de Palavra” e o livro “Um Soneto para Machado de Assis”.

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Coração pergunta (Carlos Alexandre da Silva) - Amor deveras que te amo, à sombra de uma árvore no verão, que nossos risos são palavras de perdão. Desculpa!, diz o vento arrependido, Por jogar os cabelos ao vento e causar tão forte atrito, em tão leve situação. Por que me amas?, pergunta meu coração, eu digo que o amo pois ignoro a solidão, a Senhora dos amargos. - Afasta-te de mim, que esta dança tem canção, e não vejo esperança no silêncio sem oração. Dentro de mim é tudo material, além de mim é muito para se entender. - Entende assim, ansioso coração. E pulsa, por favor, por Nós dois.

CARLOS ALEXANDRE DA SILVA nasceu em 28/04/1980, em Taubaté. Atualmente, cursa Letras na Faculdade Anhangüera Educacional (5º semestre), em TaubatéSP, e escreve sonetos, trovas e poesias livres. É vice-presidente da Academia de Letras da Faculdade Anhanguera, em Taubaté, e membro da União Brasileira dos Trovadores da cidade de Tremembé.

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Roteiro da morte (Cassiane Schmidt) No abismo de outros mundos almas calam-se inertes Corpos cobertos de flores cobrem campos santos Na vaga do mar lancei uma prece As ondas levaram memórias dos anos Janelas do futuro se fecham antes da hora A morte declama a despedida em tristes rimas Lembranças reféns da memória O destino o obituário assina Sinos e velas anunciam o cortejo Destino esparso em tom de melancolia Na sala a morte brinda o triste ensejo No sarau funéreo o choro é melodia Nas mãos frias repousa o rosário Maquiagem de tristeza encobre as faces Sobre o leito a incerteza do itinerário No céu uma estrela nasce

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As pás do destino preparam a cova Arquitetura dolente de desencanto À tarde triste e chuvosa chora Vida encoberta por negro manto A morte caminha pelas ruas do destino Os ponteiros do relógio ensaiam despedidas Pétalas de flores indicam o caminho Último suspiro, hora da partida!

CASSIANE SCHMIDT nasceu em 16 de março de 1982, na cidade de Trombudo Central-SC. Reside em Gaspar-SC, desde novembro de 2002. É formada em Pedagogia pela Uniasselvi - Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí e pós-graduada em Gestão Escolar pelo ICPG – Instituto Catarinense de Pós-Graduação. Atualmente, é acadêmica do curso de Letras da Uniasselvi. Participou da antologia “Projeto Palavras Azuis Coleção Prosa & Verso - 5º Vol.” - organização: Terezinha Manczak.

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Zumbis acordoados (Chrystiane Akegawa) Tudo é matéria-prima. O submundo escondido quer romper o portal. Precisam acordá-los, zumbis de outro sonho, ou fazê-los sonhar que estão acordados. Mas a Consciência plena, absoluta, soberana, reina silenciosa, à espera, à espreita, à frente, à volta, de dentro, de tudo, ou quase tudo, mas é tudo em si, e de tudo, sabe todos, e de todos, quer Um só.

CHRYSTIANE AKEGAWA, 28 anos, é mineira de Ituiutaba. Começou precocemente a captar estados de alma e transcrevê-los, desde a alfabetização. Aos cinco anos, escreveu sua primeira reflexão. No Ensino Fundamental e Médio, destacava-se em concursos escolares de redação. Durante a adolescência rebelde e reprimida, descobriu nos diários seu potencial expressivo, mais tarde aprimorado em arte, através de poesias, contos e crônicas.

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Sonha (Cinthia Kriemler) Sonha, enquanto a realidade te cair em cima, furiosa. Sonha, enquanto a verdade desse dia-a-dia te massacrar, impiedosa. Sonha, enquanto a crueldade do cotidiano te puser em risco. Sonha, enquanto a sinceridade toda deste mundo humano te fizer maldades. Então, quando não mais te importar ou te ferir a vida, para de sonhar e te torna um deles, mais um que finge não saber sonhar.

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CINTHIA KRIEMLER é carioca, mas vive em Brasília há 39 anos. É divorciada, tem 52 anos e tem uma filha. Formou-se e cursou também pós-graduação em Comunicação Social na Universidade de Brasília-UnB. É Analista Legislativo da Câmara dos Deputados, há 10 anos, e atua na Secretaria de Comunicação Social. Escreve poesias, contos e crônicas.

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O Outro Quinteto (Cláudia Faria Pereira) Recorda a promessa ao recordá-la na confusão da árvore naufragada; não sabes quem te esqueça nem das cidades a certeza. Cinco desejos, cinco medos para além do inocente que te leva e te sonha nas manhãs frias perdidas, submersas no voltar a que te obrigas. Mas se cessas a procura da miragem em que te derramas nas águas ruidosas e protegidas tropeças em passo de valsa. E se desceres sem desceres na ausência do teu corpo resignado eventualmente sofrerás as ruínas da tua casa de pedra em cheiro de tempo e de carruagens modernas. E se caíres em jeito de sonho desmedido ali os cinco desejos, cinco medos de um quinteto exíguo em espaço de teatro saberás as deixas inoportunas e as falas interpretadas por um mar terrivelmente sensível. Recorda a promessa do tudo e do nada; esquece o chilrear descarado no teu colo breve que se passeia em colinas musicais, imprecisas, esforçadas, encontradas numa pergunta melhor que não a cópia de um humor assoberbado, que se controla pelo poder de quem está e não volta.

CLÁUDIA FARIA PEREIRA nasceu no dia 13 de Maio de 1974, em Angola. Atualmente, reside em Portugal, na cidade do Porto. É professora de Educação Visual e tem dois livros de poesia editados, “Poema Tatuado” (2005) e “Noites Horas e Livros “(2007), pela Corpos Editora. No ano de 2007, participou na Antologia de Poesias Prémio Pde. João Batista Zecchin, da ASES (Associação de Escritores de Bragança Paulista), na qual ganhou a 1.ª menção honrosa.

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Ciúmes (Cláudia Gomes) Agora vou morrer de ciúmes aos poucos. De retida no meu ódio de víbora Vou virar uma velha mal-amada e rabugenta. Vou morrer de fazer macumba pros seus amores Vou morrer de vê-las com bexigas e perebas E gargalhar perante seus desesperos. Vou morrer ranzinza de ciúmes Que me acabará aos poucos. Vou morar numa casa velha e ensebada numa vila distante e pobre, Vou contar coisas Que as pessoas vão chamar de maluquice, Vou desenterrar ossos, Desgrenhar os cabelos E gritar o seu nome perto dos girassóis.

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CLAUDIA GOMES DA CUNHA é autora do livro Mariazinha em verso e prosa e ganhadora dos prêmios categoria medalha de prata no concurso nacional de poesia da ABEPL (Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias) e o concurso da prefeitura de Porto Alegre/RS “Historias do trabalho - 2006”.

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As incongruências da disputa (Coelho de Moraes)

Falar por último e castrar a fala do outro A amante / na nudez-mudez / será meu sonho Ser confessor / presidente / juiz Dar termo à disputa Nada há na cena que concorra para a verdade Tudo na cena se baseia em lance de dados - ganha quem retém o anel na mão perde quem não vê o lenço atrás de si Breve você se livrará de mim o meu gozo / do meu jorro de sêmen do que é expulso de mim no mesmo jorro das palavras Só a morte pode interromper a frase Recusar a última réplica é recusar a cena O herói sempre fala no fim

MARCO ANTONIO COELHO DE MORAES é musicista desde 1974 (regência, piano, teclado) e compositor desde 1980 (óperas, musicais, obras para câmara e música sinfônica e trilha sonora). Tornou-se produtor de vídeo em 1997, tendo produzido, até o momento, mais de 20 curtas e medias metragens, incluindo participação como ator, diretor e editor. É regente desde 1984 (coro e orquestra de câmara) e, ainda, Artista Plástico bissexto, tendo participado de exposições e conquistado alguns prêmios. Escreve textos para jornal, roteiros e peças. Tem livros prontos e devidamente engavetados. Co-editor, em 2008, do jornal temático VEREDAS. Lançou, em Março 2009, o FATECZINE de idéias menstruais.

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Inconstância (Crisália Souza Silva) Sou um ser inanimado Nem poeta, nem profeta. Somente um andarilho maltrapilho Que caminha fora do trilho. Sou esse pedaço de nada Um grão de areia Num imenso deserto Sou a eterna inconstância De um pronome indefinido. Sou passional, racional e obsessiva. Sou a nostalgia e o encanto Sou a ponte entre a vida e a eternidade Sou pura sensibilidade e sentimento.

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Sou a varanda, sou o jardim. Sou a rua, sou o mar, enfim. Sou o lugar onde minh’alma Encontra-se e se sente feliz. Não há certezas do que sou hoje Não há certezas do que serei amanhã Mas gostaria de encontrar Na ausência do que sou A presença do que nunca fui. Por isso, acredito nos sonhos. Despidos de ilusão Que a graça nos dão De nunca sermos como antes. Por isso, indago eternamente: - Que palavra define o que somos?

CRISÁLIA SOUZA SILVA nasceu em 23/08/1981 na cidade de Barra da Estiva, interior da Bahia. Viveu com seu pai e suas duas irmãs até os três anos de idade. Porém, devido à condição de vida precária em que viviam, seu pai decidiu entregá-la em adoção a uma família, com a qual ela vive até os dias de hoje. Formou-se em Magistério e atualmente é funcionária pública e poetisa.

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Logo (Cristiano de Souza) Logo minha vida se desfaz Logo tudo que tenho morre Logo tudo que fiz evapora Mas logo tudo que amo volta. Tudo que amo amena por não sentir algo de você em mim.

CRISTIANO DE SOUZA gosta de música e de poesias. Seu maior hobby é a leitura e, dentre os livros que marcaram sua vida, ele recomenda “Memorial do Inferno. A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, de Valdeck Almeida de Jesus.

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Banho de cachoeira (Darcy Ribeiro da Cruz) Há uma estreita intimidade do musgo com a pedra forjada por chuvas e sóis. O verde do musgo, transparência de aquário com paciência aguarda a escorregada da pegada. O sol cai quebrado no resfolegar da cachoeira. (Um arco-íris aguarda)

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DARCY RIBEIRO DA CRUZ tem 70 anos. Já foi premiado em vários concursos de contos e poesias. Concorre pela primeira vez neste Concurso.

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Mundo animal (Canção do Exílio Animal) (Denis Marangoni dos Santos) Ó sabiá da minha palmeira por onde voavas tão revolto, que de volta a ti paixão, pressentia as nuvens de monções a chegar! Baixava fugaz dos granizos, de palmeira em palmeira, todo enlameado embora posto que chafurdando atrás de uma suculenta minhoca, e perdia-se com a cuca por dentre a relva jamaicana lá nas pradarias do planalto meridional. E como se falasse, o bicho logo cantava: “Crê amor! Crê em mim...” Bela Dona! Achando mui peculiar o gorjear, mesmo em voltar aos afazeres do lar, ao atravessarem voando hábil a pinguela, tomaram na faia os primeiros respinguelos, pressentindo as nuvens de monções a chegar...

DENIS MARANGONI DOS SANTOS é recém-poeta versador e rimador. Embora venha da pesquisa científica, sempre gostou de poesia e literatura em geral. Já escreveu três livros de poesia e tem no prelo mais um. Também tem livro de contos e crônicas. Junto com o apelo de suas obras, propõe à Academia de Letras a mudança da era literária para o Racionalismo (ou Neorracionalismo).

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Falhas do meu fichário (Diamantino Ferreira) Por falhas no meu fichário, perdi tanto aniversário! E, não bastasse o calvário da vergonha por que passo, já nem sei mais o que eu faço para sair do embaraço... E, por isso, o teu voou... Meu Deus! Que tonto que eu sou! Uma idéia me passou: por não havê-lo anotado, fico triste, encabulado, mas sei que fui perdoado!

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DIAMANTINO FERREIRA é brasileiro, divorciado, nascido no Rio de Janeiro-RJ em 27 de julho de 1926. Advogado, contabilista, ex-escrivão do Poder Judiciário, promotor de Justiça aposentado.

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Refém da saudade (Diego Lopes) Procurei por ti no mundo virtual Para estar contigo no real Busquei lembranças Caprichos da tua natureza Bisbilhotei meu telefone Decorei tuas mensagens Reli teu artigo Revi aquele filme Nossas fotos proibidas Briguei com o relógio Com a inconveniência Até disquei sete números Mas perdi para o cinco Foi quando percebi Que nada mais adiantava A não ser a conformidade E me acabar em saudade

DIEGO LOPES DA SILVA ALVES é jornalista e relações públicas, especialista em Gestão de Processos Comunicativos. O piauiense, nascido na capital Teresina, escreve poesia desde criança e já teve algumas poesias publicadas na sua cidade natal, dentre elas “Descobertas & Revelações”, no Jornal Piauí - Suplemento Cultural do Diário oficial do Estado.

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Declare (Diler Sales) Declare seu amor ao seu amigo. Declare seu amor ao seu inimigo. Mas declare com palavras verdadeiras e que sejam capazes de transformar o mundo num lugar de paz. Declare seu amor ao seu irmão. Mas declare com palavras do coração. Declare seu amor a todos, sem distinção. Declare seu amor à Terra. Declare paz, nunca, jamais, declare guerra.

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DILERMANDO MOTA SALES, nome artístico Diler Sales, nasceu em Carutapera, Maranhão, em maio de 1963. Desde 1973, mora em Belém-PA, no bairro da Marambaia. Dele extrai cenas reais e imaginárias de sua gente, suas ruas, suas necessidades e sua natureza. Poeta e técnico em Informática, participa, com frequência, de concursos literários.

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Criança (Dorli Gromowski Bessega) Pureza, magia... Doçura, loucura... Ternura nos olhos, Amor no coração. Choram de emoção. Lábios de encanto, O futuro sabia, É tudo magia. Asas de anjos, Conto de fadas. Pés no chão, Mãos de sabão. Também sentem solidão. Cabelos ao vento, Brincando, correndo. Merecendo Carinho e atenção, E não viver Só de ilusão.

DORLI GROMOWSKI BESSEGA nasceu em Bento Gonçalves-RS em 14/05/1979. É casada e tem um casal de filhos. Esta uma gaúcha busca passar em suas poesias todo o sentimento e emoção, e tenta, com suas palavras, conscientizar as pessoas de que este pode ser um mundo melhor, que tudo depende da visão do coração.

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Eu e a solidão (Ed Carlos) Eu desejo e não tenho um amor, Eu chamo e ninguém me ouve, Eu aceno e ninguém me vê, E quando choro não me consolam, Eu espero enquanto ninguém vem Entristeço-me e não ouço palavras de conforto, Eu queria andar de mãos dadas, E só tenho a sombra por companhia E quantos abraços deixaram de ser dados, Por motivo solidão, beijos recolhidos à alma, Afetos que transbordam Na esperança de um dia que não se teve O amor! O que é o amor? Que, de tão ausente, sobrevivo na falta de compreensão Palavras doces de paixão O que são? Além de meras palavras que comovem, Eu te amo! Como soa bem aos ouvidos surdos pela tristeza imbuídos de desilusão Sim, eu te amo! Porém já o disse Falta-me ouvir.

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ED CARLOS ALVES DE SANTANA nasceu em Alagoinhas-BA no dia 15 de agosto de 1980. Este é seu décimo terceiro trabalho publicado em antologia. Concluiu o Curso de Artes Plásticas na Escola de Belas Artes da UFBA (2003/2007). Trabalha com pinturas e desenhos no estilo acadêmico realista. Já realizou e participou de várias exposições de artes, coletivas e individuais. Freqüenta o curso de Artes Visuais na Bahia, como aluno especial do Mestrado em Artes Visuais – Eba-Ufba.

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Pesares sertanejos (Ednei Freires dos Santos) Por onde escorre o fel do mandacaru A rotina bruxuleante dos carcarás A cadáveres devorar Num sol perdido entre o Ser e o Não Ser Ronda o espectro de Lampião A fazer troça da condição Das mortes e vidas Severinas Do pobre João Grilo de Chicó No céu de Ariano Vejo a Baleia de Graciliano Sinto o mel do engenho de José Lins do Rego Que cheira a bosta de borrego E tu Raquel de Queiroz Vem banhar teu espírito No açude de Orós Onde nasceu Raimundo Fagner E morreu um sertanejo gotejante Ouvindo uma ópera de Wagner

EDNEI FREIRES DOS SANTOS nasceu em 9 de abril de 1973 no Rio de janeiro. Escreve desde os 16 anos. Publicou seu primeiro conto, “Pelos caminhos do desespero”, em uma antologia organizada pela Câmara Brasileira do Jovem Escritor. Divulga seus trabalhos na internet: AVSPE, CBJE e Ecos da Poesia.

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Deslembrança (Edson Augusto Alves) Escoo-me, escorrego para o ralo, vazo por rachaduras no chão. Sou agora barro, escarro, sangue, pus, putrefação. Exalo odores, fétida fumaça de podridão, misturando-me a vapores, a perfumes de flores; sou carne em decomposição. Sou tragado, aspirado, expelido em difusão. Estou por todos os lados, ignorante ao asco da tua percepção. Evaporo-me, consciente da minha dissolução, carbônico, perdido, perguntando-me não ter eu sido fruto da minha própria imaginação.

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EDSON AUGUSTO ALVES sempre gostou de ler: de Machado de Assis a Carlos Drummond, de Luís Fernando Veríssimo a Augusto dos Anjos. Em 2006, foi classificado em primeiro lugar, com a poesia “A Espera”, no V Concurso Municipal de Poesias Tereza Maria Valques Carvalho de Faria, e finalista no ano seguinte. Em 2008, participou do livro “Horizonte Noturno” e “Antologia Online de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Vol. 43”.

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Minha aldeia, meu mundo (Edson José Lins Costa) Estranho mesmo este nosso mundo... O altruísmo se mistura com egoísmo A bondade ladeia a maldade A ira se confunde com o amor Flores que alegram a vida, por vezes, testemunham a dor. Estranho mesmo este nosso mundo... Sucesso dá lugar ao fracasso Tristeza sobrepõe-se à alegria De um lado a escuridão da noite, do outro o clarão do dia. Estranho mesmo este nosso mundo... É sonho, é pesadelo. É fome, é fartura. É errado, é modelo. É rameiro, é altura. Estranho mesmo este nosso mundo, mas nele insisto viver, hei de saber tudo dele: nascer, viver e morrer...

EDSON JOSÉ LINS COSTA é advogado e professor universitário, tem 53 anos de idade e é natural da cidade de São Paulo.

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Olhos azuis (Edson Teigi Hirae) Olhos azuis, Como o céu. Brilho próprio Que cintila como as estrelas, Entorpecendo o nosso olhar. Olhos que fitam, Que cativam, Que inebriam os nossos sentidos... Olhos que envolvem, Como élan. Olhos que dizem mais que a própria cor, Veem a essência! Veem, como um todo, parte do mundo. Um olhar de alma, de pureza, Que um dia verá refletido em um diamante... A etérea alma e seus próprios... olhos azuis.

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EDSON TEIGI HIRAE – Teigi, como é conhecido no mundo das artes plásticas e na literatura – também usa o codinome Ed Bass. Como escritor, participa de sites literários, tendo conquistado alguns prêmios. Participa, ainda, dos livros “Antológica Primazia” e “Outras Águas”. Colabora com artigos de algumas revistas e jornais.

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Palavra de Deus (Eduardo de Paula Nascimento) Criei-te tal a imagem de Mim mesmo Para reinares sobre toda a Terra E então usas-te de Meu nome a esmo Para matar o irmão em tuas guerras Soprei-te para que tivesses vida Doei somente a ti o dom do amor E tens coragem de negar comida A quem não é de tua mesma cor Meu Filho rogou que tivesses pena Dos pobres, fracos e desprotegidos Que ninguém deveria ser oprimido Que todos vivessem em graça plena Pediu que amassem aos que tem sofrido Pois cada um tem em si Madalena

EDUARDO DE PAULA NASCIMENTO nasceu em 04 de março de 1969 na cidade de Franca/SP, onde cursou o primeiro e segundo graus. Ingressou na Universidade Federal de Lavras em 1987, onde graduou-se em Engenharia Agronômica. Poeta, escritor e compositor desde 1982, publicou contos e crônicas em jornais de circulação regional e possui grande acervo de contos e poesias e sonetos inéditos.

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Se eu fosse um poeta... (Elaine de Cássia Bender) Se eu fosse um poeta eu não precisaria trabalhar não ficaria gastando energia com as coisas úteis para os homens, porém inúteis para a alma. Se eu fosse um poeta eu sentaria à beira do mar e ficaria observando as ondas, reconhecendo que não sou sábio, e que tenho muitos versos para aprender

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Eu me desligaria das futilidades mundanas e começaria a valorizar cada estrofe como se fosse a última que tivesse escrito. E certamente quando não houvesse tinta na minha caneta eu ainda me esforçaria, para despertar nas pessoas o gosto pela poesia, enfim, pela Literatura da vida.

ELAINE DE CÁSSIA BENDER nasceu em 19 de janeiro de 1988, filha de Antonio Carlos Bender e Terezinha Maria Fernandes Bender. Cursa Letras na Universidade do Vale do Sapucaí de Pouso Alegre e também faz curso de Inglês. Escreve poesias e se dedica aos estudos de línguas estrangeiras.

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Caminhos anestesiados (Eloísa Menezes Pereira) Livre das algemas É ter segurança É ir e vir do medo Socializar é cidadania Sentindo a presença do dever Gerando resultados Esquecendo da desigualdade Desafiando as expectativas Conferem os direitos Acelerando a História Determinam a vitória!

ELOÍSA MENEZES PEREIRA é professora estadual. Participou de várias coletâneas poéticas e teve textos publicados no Diário Gaúcho e no Zero Hora, além de comentários na revista Seleções.

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Minha cova é jardim (Elton Junior Martins Marques)

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As coisas não são tão simples assim... Vejam: Plantei flores, mas parecem, minhas flores, qualquer coisa, não parecem ser jardins. Ao chegar da primavera esperava flores belas; encontrei cavernas infestadas de morcegos! Qual surpresa ao descobrir que estava morto? Mas depois vieram flores e enfeitaram minha terra, mas depois vieram chuvas e molharam minha cova! Eu sozinho gritava alegremente: Vejam! Minha cova é jardim! Meus fantasmas querubins! Meus amigos são queridos! Há crianças! Há paraíso! A fonte da vida foi água fogo e bactéria, eu de novo, volto, me misturo a tantas terras... Quando vivo estava, mal sabia o que era vida; hoje morto, desconfio que era sonho; como já acordei, agora sei como é estar morto.

ELTON JUNIOR MARTINS MARQUES, 26 anos, é estudante de filosofia e autor de “Adágios e Pensamentos Particulares”. Sua literatura é fluente, seu ritmo é uma “quase” prosa entremeada por surpresas e digressões... Adepto do poema “piada” ou “pílula”, geralmente tem um desfecho rápido e consumado em seus poemas, mas não sem antes oferecer um clímax, assim, como se faz em um conto, por exemplo. Seus interesses, além da literatura, são a cultura, de um modo geral, no que se inclui a Arte, a Filosofia e as Ciências, como tentativas de entender o mundo.

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Homem na caixa (Emerson Antonio Miguel) Homem na caixa: Infinito limite, alma das pedras, homem-sem-cheiro, homem-sem-sangue. Homem na caixa: Geométrico flanco, vida concreta, visão perfeita, perfeição em forma: homem na caixa. O homem na caixa é fugaz. O homem na caixa evapora. Mas há sempre um homem na caixa. E há quem diga que o homem na caixa é livre mas o homem na caixa quer sair quer ser louco quer seguir a estrada que vai dar no Nada quer cuspir nos pais quer beber o mar quer ser órfão do Tempo quer esquecer o nome e não ser mais... homem na caixa.

EMERSON ANTONIO MIGUEL nasceu em Álvares Florence-SP em 20 de dezembro de 1979. Graduado em Letras pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) de São José do Rio Preto, em 2003. É professor de Língua Portuguesa e Literatura na rede estadual paulista desde 2004.

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Autorretrato (Eraldo Souza dos Santos) talvez ele pertença a si mesmo mas isso já não é culpa minha porque eu tenho mania de me culpar e é disso que eu tenho de me proteger porque a linguagem do meu desejo é o negativo porque a voz do meu desejo é o abismo porque a lembrança do meu desejo é o eco e é dessa voz reflexiva que eu tenho que me defender

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ERALDO SOUZA DOS SANTOS é estudante de Ensino Médio no Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo. Escreve para concursos literários, tendo vencido alguns deles, como o de crônicas, categoria juvenil, da Academia de Letras de S. J. da Boa Vista.

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Sem título (Erinaldo Silva) Tenho uma certeza Um pensamento pessimista por natureza Meu menor sonho possível É um sonho impossível Quando miro o futuro Passo além dele E sinto um algo duro: Tristeza. Por mim e por ele! Tudo que posso fazer É crer É crer que existe sentido Depois disso, dormir maravilhado Oh, que sentimento profundo! Ou profundo sentimento Sem verso, sem fundo Que me aflige num consentimento A noite chega E com ela um abismo escuro Cá o pensamento me pega E não durmo...

ERINALDO SILVA nasceu no norte de Minas Gerais, na área rural do município de Mato Verde, em 23 de dezembro de 1970. Na pobreza e esperança dos braços de sua mãe, foi levado para Janaúba, a fim de ter melhores oportunidades na vida. Cresceu, se formou e voltou à cidade de origem. Passou por Viçosa, morou no Acre, trabalhou em São Paulo, e hoje vive em Diamantina-MG. Casado, pai da linda Uaná, de 6 anos.

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Amizade (Eulália Cristina Costa e Costa) Amizade é uma palavra singela que traduz esperança bela, cria laços fraternos e companheirismo leal nem o tempo nem a distância a afastam do convívio real. Presente em nossas vidas, um irmão se torna amigo e o amigo se torna irmão. Ambos se confundem, pois refletem o real valor da amizade e da capacidade de amar. Irmãos, presentes de Deus. Amigos, presentes da vida. Amizade é um aprendizado constante (e fascinante) que dura muito mais que um instante.

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EULÁLIA CRISTINA COSTA E COSTA é bacharel em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e pós-graduanda em Saúde da Família e Funcionária pública. Escreve desde os 15 anos. Seu sonho é publicar um livro de poesias.

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Maria (Eurípedes da Silva) Maria dum sonho! Que eu suponho, E versos componho, Cantando o amor... Oh, minha flor! Não sabes a dor Que meu coração, Nesta solidão Chama-te em vão... Eu queria te amar... Poder te abraçar! E sorrindo olhar, Juntinho contigo, O caminho que sigo E no mesmo abrigo Acolher-te! Deixar de sofrer Voltar a viver e Morrer feliz Mas o destino diz: - Serás infeliz Por toda a tua vida... E lacrimejando, Eu digo chorando Adeus, musa querida.

EURÍPEDES DA SILVA nasceu em Colômbia-SP, em abril de 1950. Colou grau em 1979, formando-se em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Publicou os seguintes romances policiais: “AR-15 - A nova lei”, “Emboscada – A política a serviço do crime”, “Um enigma de onze letras”, “Violência saia da mira”, “Operação Avestruz”, “Noite Macabra”, “Giovanna – uma cobrinha muito esperta” e “Violência Urbana – Saia da Mira”, sob o pseudônimo de Delegado Euripedes III. Publica seus trabalhos no site www.delegaciadecontos.com.br.

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Quem inventou... (Evandro F. Cândido) Quem inventou a minha mão Inventou também aquela carícia Que não chegou ao teu rosto. Quem inventou a minha boca Inventou também aquele beijo Que se perdeu antes de chegar a ti. Quem inventou os meus olhos Inventou também a tua imagem Com todas as sutilezas e brilhantismos. Quem inventou a minha esperança Inventou também o teu descaso E ficamos distantes... E quem inventou a distância Inventou também a memória E não pude te esquecer!

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EVANDRO FIGUEIREDO CÂNDIDO nasceu em Elói Mendes, interior de Minas Gerais em 1985. Escreve desde os 16 anos. Licenciado em História pela Universidade Federal de Viçosa. Conquistou o troféu Mariângela Calil, em 2006, prêmio concedido ao vencedor do concurso literário ocorrido na cidade de Varginha-MG.

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Legião (Evelyne Santana da Silva) Meu suor, de tanta tortura, virou sangue que sai pelos poros, escorrendo por minha pele, e caindo na terra marcada pelo pecado; A cada lágrima que derramo, um trovão é solto pela tempestade, que as nuvens carregadas trazem para amenizar minhas feridas; Nos movimentos das minhas mãos, delicados e doloridos, sinto a presença de uma força maior, repleta de luz e serenidade; Mal consigo dormir, com receio de não acordar mais, ficando para sempre na eterna escuridão, alojada na minha própria sombra; Estou triste pela minha tristeza, a solidão é a sombra que aos poucos virou minha única companhia e minha infeliz amiga; Meu passado é obscuro, mas não me abato por essa causa, simplesmente grito pra afastar o mal que me rodeia sem piedade; Atrás de mim, a escuridão me induz para as trevas, mas à minha frente surge a mão que me ajuda a seguir sem medo; A legião de demônios que me atormenta está escondida, com medo da mão iluminada que me ajudou a encontrar minha fé; Mas as feridas ainda estão abertas, feridas que, mesmo curadas, deixarão cicatrizes, contra a minha vontade, ficarei marcada; A dor e o tormento estarão sempre comigo, pois minha primeira missão é aprender a lidar com o mal, para depois exterminá-lo.

EVELYNE SANTANA DA SILVA é uma jovem fascinada pela arte. Era envolvida com desenho e pintura. Após algumas mudanças em sua vida, interessou-se pela literatura, e então descobriu que tinha facilidade para expressar-se com as palavras. Hoje escreve poesias como forma de desabafo.

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Raio de lágrima (Everaldo Martins Gomes) Eu conseguia captar o diálogo entre a Esperança e as folhas novas do pomar. Galinhas catavam joaninhas no chão corado de sol e o vento quente ciscava meus cabelos, bem mais claros. Meu silêncio escalava jaqueiras e frutificava-se em confidentes imaginários. Sombras ninavam minha alma alienígena e luzes acendiam minhas madrugadas de inspiração. Só consigo captar o estertor de pneu queimado e folhas de papel em chamas. Moradores de rua catam papelão entre ilusões rasgadas, e a depressão assopra meus castelos de areia e sal. Animal racional vegetal. Mar Morto morto em voz. Aborto de fogo na foz. Cesariana de azia e ironia. Parto sem anestesia – parto.

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EVERALDO MARTINS GOMES nasceu em Rinópolis-SP e atualmente reside em Lins-SP. Com ”Destrinchar a Poesia”, representou a região de Presidente Prudente no Mapa Cultural Paulista 1998. Após diversas participações em antologias literárias, ganhou a publicação de seu primeiro livro solo de poemas “Foreveraldo”, em 2003, de uma editora de Uberlândia-MG. Em 2007, conquistou o 3º lugar num concurso literário de Capivari-SP e foi o vencedor de “Grandes Escritores do Interior de São Paulo”, evento promovido pela Casa do Novo Autor, da capital paulista.

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Verdade do amor (Éverton Germano Araújo Melo) Te amo, mas não do jeito romântico de se amar, que ama um leve caminhar, um jeito doce de se olhar, um lindo cabelo a se movimentar. Eu amo, mas amo o teu jeito autêntico de andar, a verdade que carregas no olhar, o teu lindo cabelo a, por vezes, se embaraçar. Eu amo, mas não do jeito romântico de se amar. Eu amo na verdade e não no sonhar.

ÉVERTON GERMANO ARAÚJO MELO tem 22 anos e mora em Uberlândia/MG, onde nasceu. Estudante do curso de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), na qual curso o segundo ano. Em 2008 teve duas poesias aprovadas e publicadas (Apenas o que sinto; O meu poema), através do 1˚ Concurso Literário da Universidade Federal de Uberlândia, com a temática “Experimentando a vida: cotidiano, esperanças e sensibilidades”.

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Soneto 053: soneto ao ser humano (Fabricio Martines Alves) Que bicho é o ser humano efêmero? É digestivo negligenciando Como um mosquito na merda pousando É sempre à esquerda o número zero Fez-se do barro e nasceu da lama E agora funde o seu megabyte Tudo destrói quando tem um insight Carnificina agora proclama

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Sua maldade é tão pueril Ao mesmo tempo é Deus e Satanás Que emana sempre um perigoso gás Coisa pior o povo nunca viu Chegou no auge da revolução E agora morre nesta podridão.

FABRICIO MARTINES ALVES escreveu contos e folhetins para o jornal da cidade de Cajamar-SP “Gente em Evidência”. Publicou, de forma independente, os livros: “O homem que queria magia” e “C.A.O.S – Contos Anárquicos, Orgásticos e Sugestivos”. Participou da “Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus – Ano 3”. Trabalha como arrecadador no pedágio. Membro fundador da A.L.I.F (Academia Literária Imaginária do Fá).

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Três tempos e uma manhã (Fátima Venutti) Há um tempo que se foi E eu me quis assim Apaixonada. Tempo de luzes e cores cítricas Em que plantei sóis e luas Ventos e aragens de paixão Por sobre a multidão esfacelada Há um tempo que me quis Devassa e temporária poesia Tempo de viagens e espaços percorridos Passadas apressadas ateadas nos ponteiros Girassóis amanhecidos no café da manhã Mãos dadas e abraços molhados pela chuva Há um tempo que se faz Distante e lúdico em alegorias Tempo de esperas e encontros E que agora me leva a ti, Primavera e verão se confundem Ainda te busco em meu espelho Registrando minhas tuas únicas manhãs

FÁTIMA VENUTTI é paulistana de Osasco (1965). Reside em Blumenau desde dezembro de 2002. Formada em Letras, escreve desde os 11 anos e possui textos premiados em diversos concursos literários e é coautora e organizadora de antologias da Sociedade Escritores de Blumenau-SEB (presidente em 2007). É membro da Academia Catarinense de Letras e Artes (ACLASC), ocupando a cadeira nº. 11, cujo patrono é o poeta Lindolf Bell. Publicou “Último Beijo” (poesias - Ed. THS Arantes, 2007) e “Terceiro Apito” (contos e crônicas - Ed. Nova Letra, 2008), ambas as obras bilíngue (português/espanhol). E-mail: venuttiana@hotmail.com.

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Sigamos o nosso sonho (Fernando de Sousa Pereira) Havendo duas estradas, há no mínimo uma saída Logo há uma esperança. Doces nas pastelarias há muitos, Que enganam olhos e desejos, Mostram que o ser nem sempre o é. Assim também são algumas situações: Parecem insolúveis mas não são São apenas no ângulo da nossa visão. A nossa vida pode parecer cinzenta Mas pode não ser, pode ser bastante azul, Azul deslumbrante e celestial que nos espera Para mandar um recado em cada nuvem que passa. As dificuldades podem parecer o fim do mundo Mas são apenas oportunidades para recomeçar um novo mundo. Sigamos o nosso sonho, Que é ele a razão de viver, mesmo que existam muros Que parecem intransponíveis Mas que, pouco a pouco, caem e realizamo-nos.

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FERNANDO DE SOUSA PEREIRA nasceu em 1978 e é natural de Vila Nova de Famalicão, Portugal. Licenciado e pós-graduado em Engenharia e Gestão Industrial na Universidade Lusíada. É colaborador de dois jornais, vencedor de concursos literários, e tem publicado quatro romances, além de fazer parte de algumas Antologias Literárias. Entrega-se diariamente ao prazer da escrita e da leitura.

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Geografia poética (Fernando Ernesto Baggio Di Sopra) O fogo come madeira quando sente fome, e bebe água antes de dormir. A cordilheira de flores que separa o inverno do verão é chamada de equinócio. As nuvens cantaram um imenso trovão e apagaram a Lua. Foi então que um relâmpago acendeu a noite e permitiu ver as plantas comendo perfume de nuvem e transpirando frutos. Do chão do rio, vejo peixes voando feito pássaros embebidos numa atmosfera molhada. Agarro-me às asas de um peixe, subo com ele até o céu do rio, e então mergulho na atmosfera seca onde os pássaros nadam. Encanta-me o canto da parede e um canteiro de pássaros. E assim por diante...

FERNANDO ERNESTO BAGGIO DI SOPRA é autor de “Delírios de um plagiador”, novela vencedora do Prêmio Coleção 2000 – Caixa - RS, de 2006, publicada pelo Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul. Foi um dos vencedores do Prêmio Teixeira e Souza de Literatura de 2007, realizado pela Universidade de Cabo Frio, na categoria “conto”. Participou das antologias “Histórias de Trabalho” e “Poemas no Ônibus”, ambas editadas pela Secretaria de Cultura de Porto Alegre. Recebeu menção honrosa no Prêmio Lima Barreto, em 2008. Teve textos publicados na revista Caros Amigos, na ECO 21 e nos jornais eletrônicos Varanda Cultural, Via Política, entre outros. É colunista do jornal Tribuna do Alto Jacuí. Teve um conto traduzido para o romeno, na revista Cuvântul. Seu 2º livro, chamado “Fragmentar e Reconstruir Contextos”, foi publicado no início de 2009 pela Corpos Editora, de Portugal.

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Retrato urbano (Fernando Paganatto) (como em uma antiga foto, que envelhece no viajar dos ventos) O espaço parou-se. Fica o movimento, ageográfico, de pistão pra pistão, de pistão pra pistão, dos motores a combustão. A árvore, como um funcionário público, estupefata com seu inindagante ofício de fotossintetizar os milissegundos de vida perdida. Conto (– Um.) (– Dois.) (– Três) carros. Enfileirados. Parados. Enquanto um senhor espicha o pescoço e faz careta e depois coça a barba e então cutuca a orelha, dá a ré, de materiais de construção, um caminhão. E uma ambulância, crítica, vilipendia a calmaria lírica. Revolucionária, ao seu modo, passa à frente da idosa ao portão (não é a vez dela). Hoje, ela só espera o carro do gás.

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FERNANDO PAGANATTO, paulistano, é graduando em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCHUSP). Poeta, com textos publicados em diversos sítios da internet e em algumas antologias. Colunista do portal nipo-brasileiro 40graus.com.

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Tua cor (Filipe Barcelos de Faria) Tua Cor. Cor-retrato. Beleza negra. Saturado. Tua cor. Minha infância. Volta a construir. Lembrança. Passa. Repassa. Ergue o Lábaro. Conquista minhas terras. Conquista. Minha Cor.

FILIPE BARCELOS DE FARIA – Segundo autodefinição do autor: “Confuso. Simples. Gostaria de ter todas as questões esclarecidas, mas percebi que não ia ter graça. Estudo Arquitetura e Urbanismo e trabalho com Re-urbanização de favelas. Aprendi a ter um olhar diferente sobre raças, cor, contexto, público e privado. Procuro fazer de meus trabalhos um espelho da realidade que há em mim. Deixo-me conquistar pelo cotidiano, pelas pessoas, pela paisagem, o urbano, o singular.”

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Desabrigado (Flávio Cardoso Reis) Coração sem dono, abandonado, embriagado por motivo de desilusão. desabrigado com frio e molhado procurando as chamas da paixão. Para ser aquecido, o até então esquecido pobre coração. Mendigando afeto almejando carinhos e afagos, para alimentar a fome e a sede de paixão! Querendo ser adotado por um sentimento aguçado, que não seja de irmão. Sonhando com um lar onde possa amar e sair dessa situação.

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FLÁVIO CARDOSO REIS nasceu na cidade de Santo Ângelo-RS em 3 de fevereiro de 1981 e reside, atualmente, em Luziânia-GO. Cursou até o 4º período da Faculdade de Ciências Biológicas. É escritor amador, amante das palavras, poemas e literatura.

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A verdade (Francisco Evandro de Oliveira) Mais verde que uma floresta densa Mais profunda que as regiões abissais dos oceanos. Mais belo que o sorriso de uma criança Mais forte que um aço É sempre a verdade quando surge. Embora possa ferir, sangrar, dilacerar corações, Ela sempre traz luz à escuridão. A verdade, quando se faz presente, Apazigua, ameniza e torna real o então falso e abstrato.

FRANCISCO EVANDRO DE OLIVEIRA é escritor, com nove obras publicadas. Oficial da Reserva do Exército e professor de Matemática e Física, com especializações em Planejamento Educacional e Medidas de Aceleração de Aprendizagem. Pósgraduado em Matemática pela Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ e em Psicopedagogia pela Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro-RJ.

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Paulo Freire (Francisco José Raposo Ferreira) Quem nasce do nada, Ao nada sabe dar valor, É muita batalha travada Por uma vida melhor. Tentar vencer na vida Sem esquecer as raízes Traz-nos vitória merecida Faz-nos sentir mais felizes. Mas a luta não terminou, Há que ajudar outros demais Como alguém nos ajudou. Cantemos o grande senhor Que não esqueceu seus iguais. Paulo Freire, grande Educador.

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FRANCISCO JOSÉ RAPOSO FERREIRA, 50 anos, é português, natural de Beja, porém radicado em Lisboa há muitos anos. Francis Ferreira, como é conhecido, é um apaixonado pela escrita. Tem vários livros escritos, mas ainda não publicados. No seu dia-a-dia, dedica-se a ensinar presidiários, faz isto há 20 anos. O seu maior sonho é poder fazer da escrita, principalmente da poesia, uma força capaz de mudar o mundo.

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Ignorante? Obrigado! (Franze Matos) Veja toda a fugaz beleza Mas sinta a genial leveza Da expressão como ideal Vemos o que não conhecemos E conhecendo o desconhecido Erramos sem ter entendido A verdade na concepção do real Formados por irônicas ideologias Corremos atrás das fantasias Que nos mascaram dia após dia Sem nem se perguntar por quê! E se não sabemos por que pensamos A toda hora erramos Na busca da compreensão sensorial E no não saber por que pensar E a toda hora deitar E maquinar insólitas abstrações Perdemo-nos nas confusões

FRANCISCO JOSÉ SOBREIRA DE MATOS é estudante de Filosofia na Universidade Federal de Pernambuco. Provindo do interior do Ceará, Juazeiro do Norte, sempre se interessou por todo tipo de manifestação artística e tem na poesia grande fonte para vazão de seus pensamentos e angústias. Compreende que o caráter inerente à sua poesia é trazer o leitor para o âmbito da discussão temática proposta no poema e almeja ver seu trabalho disseminado e criticado entre um número maior de pessoas.

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Humano (Genardo Chaves de Oliveira) Quando se vê semelhante, aproxima o que se é e o agora retumbante sopra, não sente a ausência de viver. Sozinho mesmo querendo estar, se aproxima de um grupo a separar ladeiras, encostas, esquinas e portas. Sozinho como poderia estar não se cala mais, e agora identificado, multiplica-se o que se quer achar. Impossível mesmo dizer em altas palavras em um lugar tão repleto e populoso.

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Constantes ciclos de correntes e um soneto para de se criar. Valorando seu sangue em vermelho se espalha, corre pelas sombras atrás do ganhar sobre a sua própria raça. Não quero saber mais quantos planos se mostra, e você que parece com o mastro que se verga, só verga em você e a bandeira é apenas uma. No entanto, ladra a estupefação ignorada e o espelho que nos reflete, não olha o enxergar. Quantas dúzias afinaram-se e o grito da cura que vem em sonhos. Eu peço que me levem embora e que não me deixem mais só nos sonhos. Gente gosta de gente, e o agora não se molda, o coletivo induzido repousa sempre por uma aurora. A busca de ser e encontrar uma segunda sombra, e o outro que procuram não encontram. Deixa um alívio cronometrando na singular mudança da companhia e os seres que percorrem o campo, e suas múltiplas facetas e máscaras que surgem por trás do horizonte. Ganhando o dia complacente e a razão da razão de ser um humano.

GENARDO CHAVES DE OLIVEIRA nasceu no dia 22 de Janeiro de 1976 no Rio de Janeiro-RJ, mas foi naturalizado paraense, onde reside desde os cinco anos, na cidade de Belém. Cursou o Ensino Médio na escola pública NPI (Núcleo Pedagógico Integrado). Ingressou na UFPA e concluiu o curso de bacharel em Ciências Econômicas, em 2002. Tornou-se especialista em Terceiro Setor no ano de 2004.

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Predadores a Terra (Generino Gabriel de Jesus) Meu Deus, onde vamos parar? Tanta violência... uma selva! Lembramos que rolávamos na relva E a vida nos permitia amar. Mas há tanta gente Cuja vida é só ambição... Seria fácil viver em comunhão Numa paz consequente. É impossível impor a guerra Querendo semear a paz... Cruéis predadores da Terra! Mas depende de cada um de nós A harmonia que tanto nos apraz Para que desatemos todos os nós!

GENERINO GABRIEL DE JESUS nasceu em Rodelas-BA em 29 de julho de 1969. É licenciado e pós-graduado em Letras pelo CESVASF – Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco. Publicou, em julho de 2000, o livro de poemas “Segredos da Solidão”. Atualmente, além de professor da rede estadual, exerce o cargo de vereador da Câmara Municipal de Rodelas.

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Soneto de amor às raças (Geraldo Ferreira da Silva) Pelo mundo os direitos de igualdade postulando A humanidade busca o seu amor pelo irmão Do índio nas florestas do passado, uma canção Que os mestiços nos continentes vão cantando A canção unificada pelo dom humilde de viver Em liberdade, qual a gaivota voa pelos mares... Na Ásia negra e branca, todos livres pelos ares Das divindades soberanas, beijo doce do prazer. Das opções de vida que o tempo sublime preparou Outro desejo, a cor da pele que de suor derrama Uma vontade louca de respeito que na voz ficou Na garganta das raças que hoje acende a chama Do amor que um certo homem na terra deixou À posteridade no coração vivo e justo de quem ama!

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GERALDO FERREIRA DA SILVA é escritor amador, nascido em Fortaleza-CE no dia 10 de junho de 1961. Concluiu o Ensino Médio pelo sistema supletivo. Tem vários poemas guardados e cultiva o sonho de publicar seu primeiro livro. Participou de pequenos concursos e da Semana de Poesia (Ceja - José Walter). Atualmente participa do site Recanto das Letras.

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Outros quetais (Geraldo Trombin) No passado, convívio com a família e os pais. Nos tempos da faculdade, muitos sonhos e ideais. Nos estágios não remunerados, eternos serviçais. Nas amizades, como as de outrora, nunca mais. No presente, a inocência de outros carnavais. Nos gestos desumanos, o “não me calo mais”. Na solidão, a alegria adentrando os umbrais. Na hipocrisia, atitudes sérias e bem radicais. Como já não somos senhores feudais, No futuro, realmente seria pedir demais, Intervir para melhorar cada vez mais Esse mundinho de egoístas e rivais? Amor ao próximo, à natureza e aos animais, E, em memória aos nossos ancestrais, Respeito, caráter e alguns outros quetais Trariam de volta a vida aos nossos quintais.

GERALDO TROMBIN é diretor de criação/redator em agência de publicidade e membro do “Espaço Literário Nelly Rocha Galassi”, de Americana-SP. Lançou, em 1981, o livro “Transparecer a Escuridão”, produção independente de poesias e crônicas. Com mais de 50 classificações conquistadas em inúmeros concursos realizados em várias partes do país, tem trabalhos publicados em mais de 25 antologias.

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Rebeldia (Gerci Oliveira Godói) Não quero medir meus versos prefiro musicá-los deixá-los livres quero que passeiem na linha como se bailassem quero que se abracem que se façam táteis que se amem que os leve o vento que os perfume o tempo Sem métrica.

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GERCI OLIVEIRA GODÓI, 70 anos, voltou a estudar após os 60, e desde então vem fazendo oficinas de literatura, o que lhe tem proporcionado classificação em vários concursos literários. Lê e escreve por paixão.

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Morte em vida! (Geyme Mannes) Não é o ciúme que mata e nem tampouco a desconfiança, Não morremos por amor mal correspondido e nem mesmo por um grande amor, Não morremos quando traídos, quando humilhados, quando ofendidos... Morremos! Pela mistura incessante de sentimentos, Pela cólera de pensamentos, pelo peso de arrependimentos, Definhamos vagarosamente pelo receio do que não sabemos, Pelo escuro que não vemos. Vivemos entre a cruz e a espada, entre o amor e o ódio; Entre o dizer que amamos e sentir que nada sentimos... Perdemos! O tempo passa e não vivemos! Morremos! Quando o ciúme é tão forte que sentimos o cheiro da morte! Quando cometemos um deslize rebelde, Quando impossível recuar no tempo, Quando não somos notados, Quando não conseguimos dividir o pertencido ou aquilo que jamais poderemos ter, Quando nos invade o sentimento de possessão. Matamos... embora não seja o desejo, Morremos... quando ainda nos resta tempo!

GEYME MANNES, 29 anos, é natural de Florianópolis-SC. Após cursar, por dois anos, Filosofia, na Universidade Pública da Argentina, adquiriu o gosto pela leitura de gênios como Nietzsche (pensador atualmente em voga) e Dostoievski, escritores que tornaram a poetisa, de certa forma, mais crítica e questionadora diante do cotidiano. Porém, sua paixão maior são os romances, os bons romances que envolvem, apaixonam e transformam personagens fictícios em pessoas reais.

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Olhos verdes (Geziel Ramos) Menina dos olhos verdes Venha, quero te dizer, Tu és verdadeiro modelo Da alegria e do prazer. Tens beleza da natura, Coisa linda de morrer. Nesta noite te desejo, Peço teu amor para mim, Aceite esta bela flor Que trouxe do meu jardim, É tão bela como tu É a linda flor do jasmim. Não quero saber de nada, Só de ti, minha menina. Tu és minha alegria Cada vez estás divina, Levar-te-ei pra um passeio, Para ver uma campina.

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GEZIEL RAMOS SILVA NASCEU EM BACABAL-MA. Ainda pequeno, mudou-se, com os pais, para Itajubá-MG. Casado, dois filhos, formou-se em Ciências, com habilitação em Biologia no ano de 2003 pelo Universitas, em Itajubá. Tem dois livros de poesias lançados: “Ficções e Romantismo” (Bacabal-MA, 1984) e “Tempo de Felicidade” (Itajubá-MG, 2007), e um terceiro: “Meus Lampejos”, no prelo, com previsão de lançamento para março/2009.

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Comunicamor (Gilberto Marassi de Loiola Leite) Não sou de fazer alarde, Mas soa dentro do peito. Sei que não há mais jeito, Mas a chama ainda arde. Se não fosse tão covarde, Diria mil frases de efeito Só para ganhar o direito De provar que não é tarde. Queria correr todo o risco E deixar de correr dele Feito um cavalo arisco. Queria riscar a sua pele Para mostrar pelo rabisco Este amor que me impele.

GILBERTO MARASSI DE LOIOLA LEITE

é formado em Propaganda e Marketing pela Universidade Mackenzie e em Filosofia pela Universidade São Judas, ambas em São Paulo, cidade onde nasceu e foi criado. Recebeu menção honrosa no XV Concurso de Poesia Prof. Fábio Teixeira, e, apesar de ter sido premiado em alguns concursos literários, em prosa, não possui nenhuma obra publicada até o momento.

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Derrame (Gilson Santos de Jesus) No deserto da ampulheta Travei forte batalha. Das chagas no imo enraizadas Ruminei amargo plasma Carcomidos os sonhos meus Repousaram em leito de negra cor E o suspiro derradeiro acobertou. N´arena, Entoou o seu hino de vitória Maestrando com alfanjes a Pálida face da morte. Golpe fatal. Inevitável derrota. Derrame cerebral.

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GILSON SANTOS DE JESUS, natural de Olindina-BA, é membro titular e acadêmico do Clube de Escritores de Piracicaba, editor do Alternativo “Correio Gilsanjes” e atua na área de Comunicação como locutor de rádio.

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Classificado do amor (Giomário Nunes Torres) Oferece-se como companheiro, Não possuo referências, Mas prometo ser verdadeiro. Não tenho riquezas materiais, Tenho amor e lealdade como ideais. Nos olhos, tenho a cor da felicidade, Na boca, palavras de sinceridade. A única riqueza que possuo é o amor, Por isso procuro alguém para dividir, Pessoas incompatíveis, favor não insistir. As que se adequarem a essa exigência, E possuírem interesse pelo sentimento, Favor procurar a minha residência, Assim marcaremos um momento.

GIOMÁRIO NUNES TORRES nasceu dia 8 de julho de 1986, na cidade de Paratinga-BA. Aos nove anos, mudou-se para Santa Bárbara d’Oeste-SP, e hoje reside em Americana-SP. É colaborador do Jornal Todo Dia e professor de Língua Portuguesa formado pela Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara d’Oeste-SP. Atuou como inspetor de alunos por quatro anos na Escola Estadual Maria Judita Savioli de Oliveira onde atualmente ministra aulas.

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Ode à cachaça (Giovani Iemini) Arde - doce fogo de cana na garganta que aguarda a coça danada a pancada marvada Arre - talho de faca no peito que arranha o sorriso e arrasa a razão Água ardente que pinga (eterna) o néctar em overdoses Gostosa cachaça que encanta e pirraça Bebida dos deuses

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GIOVANI IEMINI teve dezenas de profissões e um número ainda maior de fracassos. Escreve na InterNerd sob o pseudônimo de Mão Branca. Acha que a eternidade se faz com idéias.

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Pai – eterno herói (Heitor Silva) Vejo-te, meu pai, sempre ativo Forte, firme, e na coragem Corre, luta, é decisivo É vida de grande bagagem Vejo-te às vezes menino Correndo feito criança Com o filho, busca um destino Nos sonhos busca uma esperança E vejo um guerreiro forte Nas lutas do dia-a-dia Tu és mais que referência Firmeza, caráter e decência Bondade e sabedoria Ser Pai é ser caçador, incansável, lutador Busca, corre, caça os sonhos dos teus Um pai se veste de amor Iluminado sempre por Deus.

HEITOR TRINDADE DA SILVA nasceu em Minas Gerais em 1962. Mudou-se para São Paulo aos 7 anos, e lá viveu até 1999, quando partiu para Salvador, onde hoje reside e trabalha, na área de saúde. É casado e tem dois filhos. Possui dezenas de poemas e crônicas no prelo. Na década de 80, atuou evangelizando jovens carentes em comunidades da capital paulista.

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Para isso é o paraíso (Helô Bueno) Olhe, através da face, para dentro de mim E permita que meus olhos alcancem suas verdades Segure minha mão sem que ela o incomode Abrace-me em público sem que isso nos importe Ame o que sou, acima do que tenho. Ame-se por me amar assim, sem sofrimento E o céu fará de nós a sua casa A paz terá motivos para ser constante O sol a transbordar por nossas taças E a lua acariciando os arredores Todos seguirão assim, se alegrando: Encantamento e graça a preencher a vida. Nossos passos decididos a tecer caminhos Todos os destinos formando um paraíso único Feito de mim, de você, e de cada outro.

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HELOÍSA BUENO DE MORAES, natural de Itapira-SP, é educadora, amante das artes e autora dos livros “Pincelando” (poesia) e “Excesso e O Que Não Coube” (contos e crônicas). Organiza mensalmente o evento Varal de Poesias em sua cidade, já na sua 43ª edição.

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Diferentes humanos (Hênio Delfino Ferreira de Oliveira) Em todos os atos esses são únicos De todos os livros, cada leitura é única. A cada vida única vive um ser humano tão igual Porém tão diferente em seus detalhes. Seres que amam, adoram e clamam. Protegem, ajudam e reclamam. Guiam, buscam e chamam. E, no fim da tarde, olham para o mar. Mas existem os que poucos amam. Estes, perto ameaçam e diferem De cada um que não olha nos olhos. Mas que olhos? Se muitos estão no chão Procurando o que não têm. Atenção. Unidades formadoras de uma complexa Sociedade, tão perigosa quanto charmosa. Mas estes seres cruéis trazem sua natureza humana, Que os salvam de uma gana, natureza mundana.

HÊNIO DELFINO FERREIRA DE OLIVEIRA é estudante universitário do curso de Matemática. Escritor amador, tem mais de cem poemas, várias crônicas e contos. É um dos autores que participam do site “Recanto das Letras”, tem um blog de poemas e outro de matemática. Editor-chefe da “Revista Olga”, de sua faculdade, e do blog a ela vinculado. Tem um e-book publicado e outros três à espera de edição. É também artista plástico.

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Porta (Heric Steinle) E agora essa porta Ela não tem chave a ser procurada Não tem fechadura, não é pintada Nem sequer um trinco para ser arrombada Olhando ao nível do chão Essa porta não forma um vão Por onde pudesse uma claridade escapar Não tem altura adequada Largura planejada Muito menos dá para se deduzir sua espessura Ou se há algo que lhe empreste a textura Não é para o ouvido encostar Nem chamar atenção a uma batida de mão Não é saída Não é entrada Também não é para ser atravessada E do outro lado não tem gente Dobradiça ou batente Ela não espera alguém diante dela Parado Não é de correr Não pode emperrar Não oferece distância para poder ser derrubada Essa porta Provavelmente Não leva a nada

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HERIC STEINLE é paulistano, 32 anos, redator publicitário. Cursou Jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Atua na DMV Comunicações desde abril de 2008, tendo passado por agências como Ogilvy One, Touché, Le Pera e Agilità.

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O amor e a paixão (Isa Carolina) Amor é simples Paixão devora Amor acalanta Paixão descontrola Amor embala Paixão extrapola Amor é certo Paixão sai pra fora Amor é pra sempre Paixão vai embora Amor alimenta Paixão não se ignora Amar é necessidade Paixão é desejo Amar é o melhor verbo Paixão não demora...

ISA CAROLINA SOARES DE SOUZA é formada em Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) e pós-graduanda em História da Arte pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Teve sua primeira grande conquista literária com a publicação do poema “Tiros no tímpano” na III Antologia Poética de Valdeck Almeida de Jesus, o que lhe encorajou a continuar participando do presente concurso e de outros, uma vez que a poesia, assim como as artes plásticas, complementa sua vida e dialoga com seu íntimo.

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Nem um nem dois, os dois ao mesmo tempo (Isis Araújo Ferreira de Carvalho)

Sou símbolo que não se encaixa em orgia Sou dualidade em forma de energia Escuridão... raios de luz Raios de luz na escuridão Lado Marte, lado Plutão Sou equilíbrio em expansão Mesmo demonstrando uma divisão Missão sagrada abraçando sagrada missão Entrelace de dois corpos atraídos com devoção. No fervor do gelo no congelamento do fogo Estaremos unidos por um e por todos. Libertados pela agonia de sermos fracos e viver poesia Desmaiando em rituais... lamentando ser iguais Lado a lado, lado avesso Tudo aqui é mais perfeito Masculino e feminino elevados ao divino Em lugar algum, em todos os lugares Preto no branco, químicas naturais Emoções reais... Seres iluminados na sombra Escutando eternamente as sondas do universo paralelo dos momentos mais singelos de inocência dividida

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ISIS ARAÚJO FERREIRA DE CARVALHO, 21 anos, mora no interior da Bahia. É pintora, estudante de música e estudiosa de arte. Dona de uma personalidade sensível, extrovertida, adora ler e escrever. Foi classificada em dois concursos de poesias no ano de 2008.

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Cicatrizes (Ivaneti Nogueira) Em meu corpo ainda trago as cicatrizes do passado Naquele tempo a dor estava presente Um tronco, um preso e o pé acorrentado Chorava, gritava, gemia e a justiça era ausente! Na vida... Fome, sede e frio foi o que passei Por amor enlouqueci! Cheguei a pensar que ia morrer! Me apaixonei! Embriagado de desejo, me entreguei Vi meu mundo cair e minhas lágrimas correr Em meu destino não tenho esperança, vejo escravidão! Fui marcado a ferro! Escravo do amor e do preconceito! No coração fiquei sozinho, chorando junto à solidão! Ainda recordo, tristemente... A cada sol que nascia Meus dentes eram forçados a sorrir. Á noite, a lua me vestia! Hoje, ainda cansado, carrego nas mãos a carta de alforria!

IVANETI NOGUEIRA DE JESUS SILVEIRA, nascida em Nova Veneza-GO, é funcionária pública municipal. Começou a escrever aos 11 anos e acredita que a poesia é um dom divino. Já tem alguns poemas publicados em antologias, outros premiados em sites. A inspiração de Ivaneti se veste assim como um ator incorpora um personagem.

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Sentimento nu (Izilda de Camargo) A vida, essa cruel fabulista que a todo momento, cheia de audácia, rompe no coração um elo, cheia de esperança e falácia... Asseverando essa doce elegia lança uma trilha sonora piegas baixa os olhos com ar tão concludente que, desta vida, só resta fugir... incansavelmente. Mas se este elo se rompe na dor, da dor que se rompe, nasce semente como no parto a dor que se sente traz a semente do amor da gente. Se dói, bem melhor, pois o solo é fértil onde se abre o corte se planta e a semente da dor logo brota, já que onde se chora, deveras se canta...

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IZILDA DE CAMARGO nasceu na capital paulista. É filha de pais separados, solteira, com um filho de 12 anos. Amante de literatura desde a infância, período em que os livros foram seus fiéis e únicos companheiros, jamais participou de qualquer concurso literário.

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Alma da rua (Jackson Alessandro de Andrade Caetano) Alma da rua Que sofre com as dores do mundo Alma da rua De dias longos e noites frias Alma da rua Que com desprezo foge do mundo Alma da rua De pés descalços chora de fome Alma da rua Que na calada da noite dorme no mundo Alma da rua De desencanto e preconceito Alma da rua Que Deus lhe guie no mundo!

JACKSON ALESSANDRO DE ANDRADE CAETANO nasceu no dia 22 de setembro de 1986. Durante toda sua vida, morou na cidade satélite de Samambaia-DF. Já aos 16 anos, conseguiu seu primeiro emprego com carteira assinada. Aos 17, tornou-se assistente de Ministro do STF, contratado por empresa terceirizada, cargo que ocupa até os dias atuais. É estudante de Direito na Universidade Paulista, cursando o quinto semestre. Escritor amador, venceu o concurso “SUPREMO LITERÁRIO”, realizado pelo STF em 2007, com a poesia “Mãe”, dedicada à sua progenitora, que por muitos anos exerceu a digna profissão de gari.

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Uma luta vã (Jaélzia Denise Barreto Crespo Rangel ) É uma luta vã essa travada em agonia mal cai a noite ou rompe o dia é a luta de esquecer é a luta mais insana e assim quem ama vai fingindo acreditar que o tempo trará de volta o que o próprio tempo se encarregou de levar e o amor que nunca envelhece vai seguindo, marcado da dor que na alma tece E ao fim, ao fim de tudo quem ama descobre que assim é o amor quando não se vive por ele com ele se morre aos poucos por isso quisera quem ama não ter amado todos os seus amores porque bem sabe que todo amor tece dores.

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JAÉLZIA DENISE BARRETO CRESPO RANGEL é técnica em Informações Aeronáuticas, pós-graduada em Educação Matemática (atua no Ensino Médio e Fundamental). Apaixonada por poesia, é integrante da Academia Pedralva Letras e Artes, em Campos dos Goytacazes, e participa ativamente dos eventos culturais da cidade. Recebeu alguns prêmios em 2008 por classificação em concursos de vários estados.

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Retrato de mulher (Jania Souza) Catedral de fé e esperança (...) Mulher! Sois coração superior à razão Sois das batalhas estandarte da paz Semeeira do jardim da tolerância Sois andorinha serva do amor Águia esplendorosa em defesa do ninho Sois renda miçanga pão alecrim Mágico mister de ternura e paixão Cheiro de tarde, porta aberta aos sentidos Aurora na canção de ‘bom dia’. Eis frasco com preciosa fragrância Sábias mãos na ordenha do mundo Incenso ímpar de aromas mil Secretos noturnos paridos no amor Lábios em vestes de cetim e mel... Sois rio manso, córrego, alicerce Sois cria - criadouro; sois essência Peito farto em aconchego, sois Mulher!

JANIA MARIA SOUZA DA SILVA, potiguar, é poeta, artista plástica, ativista cultural, pacifista, economista e contadora. É filiada à Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte – SPVA-RN, onde atua como diretora de eventos, à APPERJ, ao Clube dos Escritores de Piracicaba-SP e ao Movimento Poetas del Mundo, por levantar a bandeira da PAZ. Voluntária, desde 1994, no projeto assistencial Fraldinha, de Nivaldo Calixto Torres, promotor da construção de uma consciência cidadã participativa para crianças e jovens. Participou da “Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus – Vol. 3”.

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F lor de anjo (Jean Carlo Silva) Júlia Gabriela, linda flor, menina bela, Com cabelos cor de mel, corre solta, lá vai ela... Vai descendo a ladeira da igreja de Santa Rita, Que envolta em rubras rosas, Seu olhar em Júlia fita. Na Vila da Boa Viagem, estado das Minas Gerais, Ri feliz na bicicleta e seu sorriso alegra os pais. Olhos meigos que enxergam um mundo feliz e seu, Como é belo o seu olhar! Quisera eu tê-lo por meu. Sobe e desce a passear na pacata ruazinha, Mas estuda, ajuda em casa e ama muito a mamãezinha. No lar ela é bem educada e na rua muito comportada, Quem conhece a pequena donzela, diz: Meu Deus, ela é encantada! Como pode ser tão doce, inteligente e ter tão bela voz? Quando diz que precisa pensar, pensa mais do que muitos de nós. Criativa e um pouco peralta, é esperta e gosta de sonhar, Sonhos lindos e todos possíveis, que quem quer pode um dia alcançar. Ao final das tardes de outono, quando o sol recolhe o seu véu, Imagina bichinhos de pano nas nuvens que pairam no céu. A princesa Flor de Anjo no futuro vive pensando, Cresce, sonha, brinca, estuda, e à família segue amando.

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JEAN CARLO SILVA é autor dos seguintes trabalhos: “A apaixonante miscelânea da Fé” (crônica) – 3ª colocada no Prêmio Jornalista José Carlos Chiarion, categoria Internacional; “Link, hipertexto e consciência, uma possível relação entre a mente e a internet” (artigo publicado em abril/08, na revista Off Line, circulação nacional, 100 mil exemplares/ mês); “Capoeira, o esporte do Brasil” (radiodocumentário exibido pela Rádio Cultura de São Paulo em 26/12/08). Estudante de jornalismo, 32.

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O galo e a fonte (Jean Rocha Teixeira Duarte) No ladrilho verde-esmeralda ainda molhado Da fissura hidral que vazava Aquela sombria espada prostrava Era um peixe vivo de lado Parecendo indicar-me um caminho Declinei da intenção de salvá-lo Devido à presença de um galo Na fonte d’água em burburinho Que vigiava imóvel a cisterna Senti uma fisgada na perna Causando-me uma onda de medo Um imperador em azul e vermelho Cuja água servia de espelho Congelara no orvalho já cedo?

JEAN ROCHA TEIXEIRA DUARTE, 30 anos, é poeta, roteirista e escritor de literatura infantil e infanto-juvenil. É natural de Brasília, onde mora.

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Fraternidade infernal (Jefferson Carvalhaes) Devoro cada ser em sua essência desnutrida Sou o pároco da noite sombria E enquanto existirem zumbis frenéticos Arrancarei meus corações para conceder-lhes a mutilação. Aguardo o sono dos saltimbancos ou a era de adoração. Basta! Que venham os burocratas e os amigos do inferno São todos tímidos por voluntariedade, São todos falsos profetas, Dê-me um sabor analítico e um paladar esbelto Logo arrancarei seus olhos extensos para sábios ecléticos Sou a noite divina e o aroma de Goethe ou Chatterton, Então encerro a jornada obscura Glorificando as entranhas cruas.

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JEFFERSON CARVALHAES DE OLIVEIRA SOUZA DA SILVA, 16 anos, escreve poemas desde criança, porém só se tornou satisfeito com seus trabalhos aos 10. Já ganhou alguns prêmios literários, o primeiro aos 10 anos, o segundo aos 12, além de ter seu poema “Tulipas Satânicas” publicado no livro “Antologia Poética - Ano III”.

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Lua vermelha (Jéferson dos Santos) Lua vermelha, Lua sangrenta. Demonstra tua tristeza! Insatisfeita, estás a chorar. Pela podridão do mundo que há! Lua vermelha, Lua sangrenta. Vejo-te, assim, pensativa! Pensas na frieza do homem, seu jeito sórdido, Capitalista e desumano. Lua vermelha, Lua sangrenta. Os fracos sofrem nas malhas da dureza da alma. Da infinita insensibilidade dos vorazes capitalistas. Lua vermelha, Lua sangrenta. O inevitável, o cronológico e, Infelizmente, Passional... Seguiremos: O tempo que nunca te fere, Mas maltrata teus pobres subjugados.

JÉFERSON DOS SANTOS, paulistano, 35 anos, formou-se em Letras/Português pela Universidade Estadual de Montes Claros-MG. Suas poesias transitam nos campos da exaltação ao amor eterno pela mulher perfeita e dominadora, como também pontuam o lado cômico do autor, lado este que utiliza criativamente em suas adaptações de contos infantis, além de servir de estímulo para cirandar com a imaginação.

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Alma de petróleo suicida (João Carlos Rodrigues Galvão)

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Que ódio enfurecido se debate na alma dos errantes, São raivas contidas de toda a dor dos amantes, Que fanáticos me diluem em águas negras e puras, São homens, são bombas, crenças prestes a rebentar Numa vida de ilusão que se averigua triste, No mundo de desilusão que observa e obceca uma deprimente alma, Um decadente corpo, ansiando pela maldita e tão bem-vinda morte. Sendo assim nada mais que um mero espectro da vida mundana. Que ódio enfurecido se debate dentro de mim, São raivas contidas de toda a dor de te amar, Que fanáticos me iludem em palavras negras e sujas, São homens, são bombas, prestes a se suicidar Numa vida de ilusão que se averigua… No mundo de desilusão petrolífica, Uma decadente sociedade, ansiando pelo maldito e tão bem-vindo apocalipse, Sendo assim nada mais que um mero espelho de toda a minha alma… Triste, Negra, Isolada.

JOÃO CARLOS RODRIGUES GALVÃO cursa o 2º ano do curso de Gestão Hoteleira na Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova (PT). Percurso Literário: publicação do livro de poesia “Olhares Meus”, pela Câmara Municipal da Covilhã (PT); menção honrosa no Concurso Internacional Marechal Alencar Castelo Branco.

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Lugares (João Pedro Seibel Wapler) na margem que decai da coxa quase batizada pelo ventre na lisura fissurada no côncavo almost bela na corporação livre do excesso perto do desfecho na fábrica que solta vidas pertinho do inferno na besta travestida na calçada do ladinho do depósito urbano na lambada petrificada no salão diante do dançarino na nascida garotinha defronte à época imprópria pintam surrealismos no nó do acaso

JOÃO PEDRO SEIBEL WAPLER é compositor, letrista, músico, ator e poeta; vocalista e guitarrista da banda Vilancetes. Mantém o blog www.poesiaimoral.zip. net; já participou de várias antologias poéticas e tem poemas publicados com frequência no jornal Zero Hora.

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Carta ao coração (Joice Souza Cerqueira) De que tens medo? Do doce sentido da vida que cobre o frio no luar? Da chama rara e sincera do coração, Que impõe a canção e faz amar? De que tens medo? Da chuva que lacrimeja teus olhos quando retorna ao passado E lembra dos amores e das dores do verão? Ou do que podes sentir ao deparar-te com uma nova paixão? Ah, coração! Não reclames, deixa a pureza e a chama te conduzir Nas palavras, caminha suavemente e percebe o outro No leve pensar deixa-te levar... Se há atitude deixa-a agir... Cresce, coração! Ama, conduz, enriquece os laços, E assim irás te transformar em um só A busca não se inicia no fim, Nem cresce com a precipitação do impulso que constantemente fere o coração A busca é diária, fervorosa e intensa, e me leva até você.

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JOICE SOUZA CERQUEIRA é estudante do curso de Administração de Empresas na Faculdade Vasco da Gama. Desde os 13 anos participa de rodas de poesia com os amigos, e aos 17 já contribuía para a coluna de literatura do jornal de sua escola. Aos 18 anos começou a publicar seus poemas no site www.notivaga.com.br, influenciada por amigos e professores. Seus ídolos são: Drummond, Lispector, Vinicius de Moraes, Cecília Meireles, Gregório de Matos e Luiz Vaz de Camões.

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Amor (Jorge Guilherme Tomaz de Alarcão Potier) Amor é mais que carinho é ficar feliz sozinho numa multidão de gente é ter um frescor na alma é ter sombra quando há calma um bem estar permanente Amor é ter uma luz que alumia e conduz farol em noite perdida. Ai de quem não se perdeu por amor! Nunca viveu não teve nada na vida Amor é rio sem leito que nos irrompe no peito sem o contermos nas margens. É como ver no deserto água que nem está perto é delirar, ter miragens.

JORGE GUILHERME TOMAZ DE ALARCÃO POTIER é natural de Coruche, distrito de Santarém, Portugal, onde nasceu, em 7 de Outubro de 1954. Terminou os seus estudos obtendo licenciatura em Direito, no ano de 1977, exercendo desde então a atividade profissional de advogado, com escritório em Lisboa. Apaixonado desde cedo por poesia, participou de algumas publicações e concursos literários, embora até hoje ainda não tenha publicado qualquer livro.

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Vestida de areia (José Alberto Lopes) Uma mulher assim, vestida de areia Trazendo nos braços o sal da candura Que no andar provoque, serpentes, sereias E traga nos lábios a fruta madura. De pele moura aos cuidados do sol De seios lambidos pela brisa leve De olhos que prendam como o anzol, Que torture no ato, como se deve! Saindo da praia sem pudor, sem nada Vestida de areia, “réplica de deusas” Que deite comigo em gozos tomada, Sem nome: Marias, Wandas ou Creusas... Que roce em meu corpo a sua pele nua Que eu sinta os espasmos de suas entranhas Que eu seja o seu sol e ela a minha lua Que se mostre menina, cheia de manhas.

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Que chore em meus ombros suas desventuras Que beba comigo o amargo do mundo Que aceite meus erros, minhas aventuras Que morra comigo num gozo profundo!

JOSÉ ALBERTO LOPES, natural de Cubatão-SP, é técnico em Metrologia e ama literatura. Nas Letras, é autodidata. Sua primeira manifestação literária foi aos dez anos de idade, mas só passou a produzir com intensidade nos últimos doze anos. Atualmente, escreve em dois sites literários.

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Todas estas outras vidas (José Carlos da Silva) Engana a vista o cinza, Engana a alma o dia. Passa a vontade e a fome. Vence o cansaço. E dessa tal esperança Só ouviste falar há muito, muito Tempo atrás... Descansa os olhos na paisagem. Um sem-fim de formas que seguem Para o céu. Arranha a dor, arranha a imaginação. Então, no meio de toda esta urbanidade, Por que não abres um livro e lê? Tornando tuas todas estas outras vidas...

JOSÉ CARLOS DA SILVA é natural de São Bernardo do Campo, cidade da qual adotou parte do nome para compor seu pseudônimo mais conhecido. Escreve há quase seis anos e deste breve período tem vinte e três participações em antologias distintas, de diferentes casas editoriais e pelo país a fora. Destaque para os contos “O preço” e “A desculpa”, que receberam menções honrosas em sua categoria e integram, respectivamente, as antologias do VII e VIII Prêmio Missões, e para o conto “Falcão Negro continua em perigo!”, selecionado com mérito no Concurso Internacional de Prosa, Arte e Poesia da Academia de Artes Il Convivio (Sicília, IT). E, ainda, para o poema “Tesouros de um pirata, no fundo de um quintal”, premiado em terceiro lugar na edição 2005 do célebre e disputado Prêmio Cataratas (Foz do Iguaçu-PR).

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Sublime (José Luiz Amorim) Leito breve território De corpos transitórios A vencer obstáculos Ausente em oráculos Cama, fofa e macia Onde o eterno principia Seguido de inúmeros ais A afinar cordas vocais Estado único, à tona Risos deitados extasiados Com leve ar de pernoitados Novamente olhos se tocam E corpos se encontram Além do que encontram.

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JOSÉ LUIZ AMORIM nasceu em Florianópolis - SC, em 23 de maio de 1985. A inspiração para poesia iniciou-se aos 19 anos. Participa do Grupo de Poetas Livres. Possui poesias publicadas na revista Nua e no jornal A hora de Santa Catarina. É um dos poetas do elenco nos saraus literários da UFSC (Sarau Boca de Cena). Classificação no concurso literário Celeiro dos Escritores 2007 e no III Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia 2007.

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Verão (Josélia Pena Castro) Alegria, calor, sorvete... No jardim, as borboletas Vocês verão.

JOSÉLIA PENA CASTRO é formada em Letras pela UEPG. Morou, durante quatro anos e meio, em Glendale, cidade da Califórnia, Estados Unidos. É bastante voltada para o lar, família e natureza. Acredita que a valorização destas entidades precisam, urgente, de resgate. Gosta de escrever poemas, em especial poetrix, assim como crônicas.

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Razão x Emoção (José Moreira da Silva) A razão me julga, e me afasta a emoção cega, e me aproxima a razão pergunta, e responde a emoção cala-se, e se entrega a razão tem medo, e calcula as conseqüências a emoção sonha, e se desmancha em poesias a razão é um senhor cauteloso , a emoção, uma criança pulando de alegria, a razão é o barco a emoção é o vento a razão é o leme a emoção é a força que leva a razão é o escritor, a emoção é a poesia ambas se confrontam mas não sabem viver só, e precisam da cara metade que preenche a vida de amor.

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JOSÉ MOREIRA DA SILVA é poeta desde os 16 anos. Escreve contos e poesias, que expressam o amor por sua terra. Já participou de uma coletânea internacional, A Forja da Liberdade, em São Paulo, com poetas de sete países, classificando-se em 5° lugar. Publica poesias em sites da Internet e tem uma página no portal MAR DE POESIAS. É pai de três filhas, Priscila, Carolina e Natália e tem dois netinhos, Erick e Emanuelly.

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Mal incurável (José Renato Valero) A boca seca Sem seus beijos Antes que me perca Encontro abrigo em seus seios Meu refúgio, meu abrigo Meu amigo, meu amor Minha luz, minha vida Meu medo, minha dor! Me consome com um câncer Me destrói como a uma flor Será esta minha sina? Viver ao lado de quem Não me tem amor...?

JOSÉ RENATO BARBOSA VALERO

nasceu em 24 de agosto de 1983 na cidade de Campo Grande-MS, filho de José Aparecido Lopes Valero e Mara Barbosa Valero. Teve uma grave doença para a época em que nasceu: alergia a lactose. Porém, devido aos desmedidos esforços de seus pais, hoje está entre nós para poder traduzir sentimentos em versos, prosas e poemas. Atualmente reside em Curitiba-PR.

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Quilo (Josete Maria Vichineski) Manhã atrapalhada, dona de casa estabanada. De feijão, azedou um quilo. De arroz, queimou meio quilo. De carne, não comprou nem ¼ de quilo. O marido perguntou: Por que não fez meu prato preferido? Não fi-lo porque não qui-lo! Ele, mesmo sentindo-se ferido, Resolveu ajudar, e foi cozinhar... Que comida estranha! O que é aquilo? Tudo cheio de banha. ENTÃO FORAM A UM RESTAURANTE A QUILO.

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JOSETE MARIA VICHINESKI é formada em Ciências Econômicas e Letras, com especialização em Língua Portuguesa, pela UEPG, e Especialização para Educadores de Jovens e Adultos, pela UFPR. Publicou as obras poéticas “Voo Livre”, dedicada ao público infanto-juvenil, e “Plenitude da Vida”. Participou de mais de trinta antologias, no Brasil, Portugal e Estados Unidos. Todas as antologias tiveram como ponto de encontro a internet, num exercício de cibercultura.

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Crias de Hiroxima (Juliana Bumbeer) Enquanto a mocinha brincava de florzinhas no quintal de seus sóis, as crias rancorosas das flores de Hiroxima plantavam-se nesse mesmo quintal; para que esses sóis não pudessem amanhecer num futuro próximo; se amanhecesse, viessem deformadas; para que a menina tivesse tamanho castigo e nunca mais pudesse sair para brincar no seu quintal.

JULIANA DE ARAÚJO BUMBEER é formada em Licenciatura em Artes Visuais pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e bacharel em Teologia pela FTBP; atualmente cursa Filosofia na UFPR. Desde 1997, vem tecendo no universo da poesia, de modo a produzir nesta criação um diálogo com o pensamento filosófico.

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Tão tua (Juliana Farias Pacheco) A brisa desta manhã depois de dormir ao seu lado me revelou a sintonia perfeita de sonhos que sempre falei, e ainda falo. São esses os momentos de perplexidade nem tão complexos de cima da cidade. Olha a paisagem, amor meu eu a desenhei pra você sem luvas nem mãos é somente a arte de dois corações. E agora eu vejo ainda daqui de cima o quanto esse beijo aprimorou minha rima.

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E eu canto o que você cantou ontem, depois das três e canto e canto e o pranto, ah, esse pranto nunca mais voltou. Até breve, amor meu até o próximo encontro no sonho, ainda de cima eu proponho que você chegue nua e me veja tua porque assim eu sou.

JULIANA FARIAS PACHECO é jornalista e redatora. Atualmente trabalha em uma agência de publicidade e segue com sua coluna diária no site Domínio Cultural. A escritora é uma das vencedoras do Prêmio Literário Canon de Poesia, além de escrever esporadicamente para alguns jornais de sua cidade. O lançamento de seu primeiro livro ainda não tem data, mas ele está em fase de produção.

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Poema triste (Jussára Custódia Godinho) Na rua o menino Tão pequenino Pedindo pão Meu Deus, que susto! Que mundo injusto Que gente tão grande E sem coração Que sofrimento Não tem cabimento Pobre criança ao desalento Sem ter solução Hoje criança nessa situação Amanhã um adulto De arma na mão!

JUSSÁRA CUSTÓDIA GODINHO

(Ju Virginiana) é gaúcha de Caxias do Sul. Formada em Letras (Português e Espanhol), adora ler, e sua eterna paixão é escrever. Tem mais de quatrocentos textos, entre poemas, trovas, acrósticos, frases e crônicas, quase tudo inédito. Participou dezenas de antologias e coletâneas e foi premiada em alguns concursos. Membro efetivo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores -AVSPE; do movimento Poetas del Mundo, da União Brasileira de Trovadores de Caxias do Sul (UBT) e da Associação Gaúcha de Escritores (AGEs).

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Amante (Juçara Valverde) Amante, amor, amiga? Fugir do marasmo permitido. Tarada? Beijo fantasia do desejo. Ser, ainda que por instantes, mulher, fêmea, maga. Na espera das sombras onde momentos felicitam o desejo. Permitir no hoje. Emoções desfrutando no agora. Esquecer as desistências do ontem. Entregar o corpo no descompasso taquicárdico. Emoções roubadas da vida à força. Ter, sendo apenas instante.

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JUÇARA REGINA VIEGAS VALVERDE - Artista plástica, professora, assistente de Cirurgia Geral na FCM da UERJ, assistente da Divisão Médica no HSE/ MS. Livros (poesia): “Espírito do tempo”, “Brechas da vida em linguagem cifrada”, “Ventos de liberdade”, Coletâneas I e II do Concurso de Poesia do CEA HSE/MS.

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Ao cair da máscara... (Julieta Santoni Suzano) Assombro-me por palavras desconexas, Que de sua boca exclamam em chamas... Como um dragão que solta labaredas. É assim que o vejo em sua nova vestimenta. Ilusões que se desfazem e demonstra-se. Reais como são ao tirar a venda... enxerga-se, Cai a máscara, mostra-se a verdadeira face. Presencio e a cada vez mais assusto-me... Quem é esse ser que se transforma e se esconde Atrás de palavras... cujo significado não sabe? Nem o coração humilde conhece e mesmo assim enaltece. Como tolo, acha que entende, mas nada aprendeu. Sem saber do uso correto das palavras, usa-as sem pensar. Usa-as para iludir, ofender, magoar e ainda diz-se experiente. Que ser é este? Que vagueia no nada e nada entende? Um ser desprovido de amor nada tem a ensinar... Não aflorou, não enraizou a beleza da verdade. Agora descoberto, sem máscara, nada mais expressa.

JULIETA SANTONI SUZANO, 43 anos, divorciada, nasceu em São PauloSP e reside no interior há 7 anos. Fez o curso técnico de Ciências Contábeis na escola Bernardino de Campos-SP em 1985 e exerce o hoje o cargo de supervisora de vendas. Amante das letras em versos desde os 25 anos, descobriu, com o tempo, a arte de fazer poesias, sonetos e várias composições literárias no papel, passando-as, posteriormente, do papel para sites de poesias.

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Declaração de mulher (Juventino José Galhardo Júnior) À Doutora Andrea Souza Chave ao mar, segredo e lágrimas, de um coração hoje feliz. Num encontro te descobri, lendo minhas poesias escritas na areia. No beijo carregado de sal, um pouco do oceano e de mim, que em ti se encontram, num convite ao amor, que pode acontecer.

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JUVENTINO JOSÉ GALHARDO JÚNIOR nasceu no bairro rural Rio das Flores, em 20 de outubro de 1969 (Dia do Poeta), município de São Luiz do Paraitinga-SP. Além de poeta, é artista plástico e argumentista.

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As curvas táteis do Oriente (Karen Raicher) Ventos de nozes Celebram todas São memórias descalças Rebentam a Canela E a pimenta Na ladeira em corrimão Arco de abóbora Voa feriando A sinopse do som, Migalhas de faisão É boa furando As estrelas de Damasco Ajeitando o vácuo fornido a hena nas mãos.

KAREN RAICHER nasceu em 1981. Graduada em História pela Universidad Complutense de Madrid em 2006, cursa o Doutorado de História da América. Recentemente, concluiu Magister em Edição de Livros pela Universidad Alcalá. Trabalhou como editora em Gadir.

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Amigo (Karoline de Souza Viana) Por entre as nuvens da alvorada Eu fiz questão de seguir O que não me esperava! Amigo Abrigo Antigo pedido Não me corte o coração Com a navalha da escuridão! Permita-me viver mais alguns instantes E afague-me o sono tranquilo Seja o anjo que caminha ao meu lado pelos arminhos! Amigo Não seja a flor que um dia atirou-me os espinhos! Sou a rosa que floresce na mais imprópria terra Sou a criança que caminha por entre as sombras Sou o Amor, a Esperança! Sou um sonho que não se cansa! Sou a menina Ainda criança!

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KAROLINE DE SOUZA VIANA tem 17 anos e cursa o 3° ano de Formação Geral do Ensino Médio. Pretende seguir a carreira literária, pela qual se declara apaixonada. Admiradora de todas as formas de arte que ajudam a acabar com o abismo que separa as pessoas, Karoline não aceita qualquer forma de preconceito ou discriminação.

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Infelizmente é assim! (Leandro de Assis) Quem escuta pouco Numa Casa Lotérica não entende O que por trás de um vidro Tem a dizer o atendente Quem é cadeirante Há muito tempo quer saber Quando na Estação da Lapa Acessibilidade irá ter O que dizer dos idosos Que pegam ônibus lotado E o seu lugar reservado Está sempre ocupado E a população ignorante Que se chateia quando passa Ônibus com espaço para cadeirante Infelizmente é assim!

LEANDRO CUNHA DE ASSIS é escritor, poeta, formado em História, e aluno soldado da Polícia Militar da Bahia. Autor do livro “Eu Sou Todo Poema”, publicado pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores, em julho de 2007, tem poemas publicados nas edições II e III do Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia e participação na edição 68 da revista eletrônica ProtestART.

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Amores impossíveis (Lenita dos Santos Ferreira) Amores impossíveis, irrealizáveis sonhos. Memórias tão plausíveis, tão passíveis de abandono. Triste fim dos meus desejos, meus ensejos tão risíveis. Utopias derramadas, derrubadas e vencíveis. Se não existe a quimera, a espera é sem sentido. Contido, o amor se enterra, se encerra no infinito Por que, entre todas as mentiras, você é a única verdade? Por que, de todos os meus sonhos, você é a única realidade?

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LENITA DOS SANTOS FERREIRA é professora do Ensino Fundamental da rede pública municipal do Rio de Janeiro. É formada em Normal Superior pelo Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro. Cursa Letras - Português/Francês na UERJ atualmente. Poeta desde menina, escreve vários gêneros, mas a poesia lhe fascina. Já participou de um concurso de poesia, do site Agiraldo, classificando-se em 6º lugar.

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Ainda tenho esperança (Léo Dragone) Esperança de um dia te tocar, sentir o coração acelerar ao me aproximar. Esperança de te fazer feliz e deixar pra trás a infeliz tristeza de viver longe de ti. Tenho esperança que venhas até mim e digas que, por todo esse tempo, sempre me quiseste. Esperança de te amar, te tocar, te despir e sentir teu ego respirar dentro de mim. Chamar-te de amor e esquecer a dor que senti quando não me notaste. Por muito tempo sofri, longe de ti, mas a esperança nunca perdi. Tentei te encontrar em faces parecidas com a tua, mas nunca encontrarei meu amor em faces apenas parecidas que vejo nas ruas. Ainda tenho esperança de um dia ter-te aqui; mesmo que não me sintas por perto, terei a ti sempre dentro de mim. Dizem que a esperança é a última que morre, mas a minha não. Ela se prolonga no tempo que corre, prolongando-se com o tempo de mandar uma carta, com uma única frase: “nunca percas a esperança”.

LÉO DRAGONE é o nome artístico de Alex Bruno Rodrigues de Jesus é soteropolitano, nascido a 5 de março de 1990, no subúrbio ferroviário de Paripe, na capital baiana. A veia artística e literária o acompanha desde criança, e se fortaleceu ainda mais depois que Léo, como é chamado em família, aprendeu a ler e escrever, aos sete anos de idade. A partir de então, passou a devorar livros, escrever poemas, contos e romances.

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Fio da vida (Leonardo Silveira da Silva) Feito água de açude Caminham no fio da vida E quando secam não lhe bebem Fazem-lhes gente sofrida. Existência partilhada Misto de esperança e sina Vagam por Brasil afora Fugitivos à restinga. Sois gente caçoada Da face larga vos cismam Distinta é vossa toada Cantada é vossa língua. Não importa de que Norte Ou Nordeste seja tua partida Pois à vista de povo míope Vossa identidade é Paraíba.

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LEONARDO SILVEIRA DA SILVA é graduado em Licenciatura em Educação Física (UFRJ) e pós-graduado em Educação Física Escolar pela Universidade Federal Fluminense. Professor de Educação Física da rede municipal nas cidades Rio de Janeiro e no município de Belford Roxo. Escritor amador e editor do blog www.suorepoesia.blogspot.com.

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In-sequência (Lorena Rodrigues) encantado de ecos de mil asas, nó apertado sorriso parafusado... eu raio, você fugaz linhas cortadas, céu azulado imensidão aprofundada admirado, de restos de sete faces, só memória eu janela, você quarto fechado luas náufragas, ponto de história céu negro e palidez de sonhador era só acordar, era só de andares volta de volante, era só falar era só beijo na testa, cor de adeus eu água, você árvore eu água, você barco

LORENA RODRIGUES DE SOUZA, 28 anos, é goiana e vive em Palmas-TO, há quase 5 anos. Escreve poemas desde o ano de 2004. Publica semanalmente seus escritos em dois blogs: www.agnesamarantine.wordpress.com e www.oavessodoencanto. wordpress.com. Tem poemas publicados na revista de bolso Klep, pautada na cena cultural de Palmas e no site www.gargantadaserpente.com.

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Soneto de amor eterno (Lourdes Neves Cúrcio) Por um instante pensei em tirar-te da minha vida Tentei em vão apagar as marcas do passado Foi impossível, pois tua ausência fez-me só e desiludida Minha sina é viver eternamente ao teu lado. Sem ti, não sei dar vazão aos meus anseios e intentos Tal qual criança, eu necessito sempre do teu afago, Pura ilusão querer tirar-te do meu pensamento Se na minha angústia, sozinha pelas noites eu vago... Longe dos teus olhos eu sinto a tristeza a me perseguir É em teu corpo que eu encontro paz e aconchego, É por tuas mãos que eu sempre me deixo conduzir.

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Somente contigo eu conheço a plena felicidade Os teus braços serão sempre o meu eterno refúgio... Sem ti por perto, apenas o que me resta é saudade!

LOURDES NEVES CÚRCIO, natural de São João Nepomuceno-MG, cidade da Zona da Mata mineira, é bacharel em Direito e funcionária pública em Volta Redonda-RJ. É autora de poesias, crônicas e contos, publicados em inúmeras Antologias Literárias.

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A mulher e a orquídea (Lucêmio Lopes da Anunciação) Não sei Por que É Tão bela Uma flor. Será Porque Parece Com A flor Do sexo? Ou a flor Do sexo É bela Porque Parece Uma Flor?

LUCÊMIO LOPES DA ANUNCIAÇÃO é natural de Recife-PE, escreve desde a infância. Mora no Rio Grande do Norte há quinze anos e trabalha na Petrobras. É casado, tem uma filha. Já publicou dois livros, “Paisagens da Vida” e “Paisagens da Vida II”, ambos contendo poesias, crônicas e frases. Em seu site, www.lucemio.com, divulga seus livros e alguns contos ainda não publicados.

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Enfim (Lúcia Helena) Sou negro do cabelo pixaim lábios carnudos, nariz achatado sim os dentes brancos em minha pele negra o contraste desafiador em mim as correntes, o cativeiro deixaram-me mazelas sim mas com lutas, guerras venci meu grito de liberdade não vou mais reprimir ressoou no espaço solto, livre a explodir a chuva veio forte e o corpo do negro lavou seu suor eram lágrimas que por todos os poros vazou e o negro cantou e o negro chorou e o negro gozou, enfim.

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LÚCIA HELENA DA SILVA, natural de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, nasceu em 14/11/1951. É escritora e tem um livro de poesias, intitulado “Volver”, publicado em 2004. Possui um romance em vias de publicação. Fez Letras e vários cursos na área da literatura. Hoje é estudante de Pedagogia.

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Confissão de mulher (Lúcia Regina Gomes de Lontra Costa) Confesso que sou angustiada e me encerro no meu mundo E me permito todas as fantasias, divagações, obsessões... todos os dias. Confesso que me viro em inventos, que me reparto e dou crias, Mal me resolvo e me aguento. Carrego pedras, enfrento ventanias... Confesso que raciocino pelo instinto e percorro superfícies escorregadias. Desorientada, fujo como ladra de galeria. Confesso que sou de subterfúgios, de versos subliminares De submundos e subterrâneos... e, até, de folias subreptícias... Confesso minhas crises, cismas, emoções. Confesso que sou das estradas e andanças, da vadiagem de gata da noite, Da música, da dança, do vinho... Confesso que sou de todas as misturas, de todas as formas e sintonias... Que enfrento apertos e pressões, normas, leis, imposições... E o silêncio da maioria... Confesso toda minha luta, que cedo e fraquejo mas não desisto, Que insisto a todo custo... Confesso, enfim, minha vida e minha estranha alquimia. Confesso até minha vã filosofia. Confesso um parto com dor... confesso esta poesia.

LÚCIA REGINA GOMES DE LONTRA COSTA é natural de Palmeira dos Índios-AL. É funcionária pública federal, casada, escritora e poeta diletante, sem nenhum trabalho ainda publicado. Obteve o primeiro lugar em concurso de poesia declamada da Casa de Cultura Manoel Mendonça, em São Paulo.

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Retirante (Luciane Maria Lopes Zanata) O meu corpo já deu filhos, deu de comer e de beber. Minha lua, vinda em trilhos, deu de queimar, de enlouquecer. Minha boca, sem tua língua, deu de fechar-se, entardecer. Minha fala, feita em sinas, deu de calar-se, emudecer. Minha mão, sem teu sorriso, deu de roer o anoitecer. O meu corpo sem teus trilhos, deu de queimar, de enlouquecer.

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LUCIANE MARIA LOPES ZANATA, publicitária, 37 anos, publica suas “crias poéticas” nos portais Recanto das Letras e Usina das Palavras. Tem paixão por poesias.

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Aquele homem (Luciano Henrique Pinto) E vai seguindo a vida Aquele homem... O mundo que vê é o que passa na TV, O comportamento que tem Copiou de um certo alguém, A esperança que tem no outro, e que o alenta, Retirou-lhe toda atitude, e nada tenta... E vai seguindo a vida Aquele homem... A queixar-se do mundo Sem saber o que fazer A procurar culpados pelos problemas Sem iniciativa para querer ou viver... E vai seguindo a vida Aquele homem... Que não sabe em que mundo vive Que não sabe o porquê de ser assim Não entende por que ninguém o ajuda (pobre de mim) Não tem idéia do que pode ele próprio Fazer por ele próprio (pobre de mim).

LUCIANO HENRIQUE PINTO é Farmacêutico especialista em Saúde da Família – Residência Médica na Universidade Federal de Santa Catarina. Especialista em Farmacologia.

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Monólogo da alma (Luciano Spagnol) Que venha toda a rima Encaixada na métrica Dos versos de amor Carregada de louvor Enaltecendo alegrias Trazendo melancolias Ou chorando tristezas Traduzidas nas clarezas De seus versos ufanistas Positivistas Ou niilistas... Não importa a filosofia Da prosaica poesia Se ela for porta-voz Desta mórbida ironia Nossas rasgadas dores Opondo aos amores Libertando as euforias Do minimalista coração Sempre de prontidão Escrevendo com maestria O monólogo da alma E a romântica poesia Em sua pura criação

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LUCIANO SPAGNOL é fisioterapeuta, pisciano, mineiro de Araguari, residente no Rio de Janeiro. Produtor e editor do site Poesia em Pauta. Incentivado pela eterna admiração que sente pela amiga, cronista e poetisa Verconda Espadarote Bulus, passou a escrever o monólogo de sua alma.

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Crazy for you (Luís Alberto Gusmão Rocha) Eu quero você em todo lugar Seja no bar da Esquina Em outro país Ou outro Planeta Não seja boba de duvidar Todo o mal do universo se resume a não saber amar Preste atenção no que lhe digo Meio infantil, possessivo Crazy for You Querendo seus carinhos pedindo bis aos seus beijinhos Tipo carente abandonado Pra sempre temperamental exagerado

LUÍS ALBERTO GUSMÃO ROCHA nasceu em Salvador no dia 24 de Março de 1983. Vinte e cinco anos alternando entre a linha tênue do bem e do mal. Espírita convicto, aprecia as coisas boas que a vida tem a oferecer. Formado em Relações Públicas pela Universidade do Estado da Bahia e Militar. Intuitivo, temperamental e crítico. Amável e odiável. Um eterno vulcão em erupção.

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O múltiplo voraz (Luís Carlos de Oliveira Barbosa) não planejado: surgido brotado expelido estado de espírito narciso sem espelho lava de um Etna sem onde nem quando porquês ou cânones vento pelos cabelos de um vulto inspirador relembrando coisa nenhuma(?) não confeccionado: caído inusitado libertado fruto semipodre semente fecunda germinação pelos ares metáfora metáforas

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LUÍS CARLOS DE OLIVEIRA BARBOSA

nasceu em FortalezaCE, em 17.04.1962. É poeta autodidata e tem artigos e poemas publicados em jornais locais. Participou da coletânea do Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2004, em Fortaleza, no gênero ‘poesia’, com “O gato sobre a cadeira”. Afirma que a literatura é uma das suas razões de viver nesses tempos cada vez mais conturbados e cheios de vácuo.

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Correntes partidas (Luiz Carlos Vieira) se a luta se lança, as mãos vão te amarrar se corres, cordas vão te envolver, se gritas, mordaças vão te calar... um grito de paixão, sufocarás! mas não calarás, não podem te mudar o eco, porém, restará... quando todos menos esperarem, um dia acontecerá, algemas arrebentarão cordas afrouxarão mordaças serão arrancadas um grito se libertará no peito a se formar... quando à garganta chegar, pelo céu, como trovão se espalhará, mas nem todos aceitarão escravidão acabou as correntes partiram, enfim! liberdade chegou...

LUIZ CARLOS VIEIRA é natural da cidade do Rio de Janeiro, nascido em 01.11.1960, em uma maternidade de Botafogo. Viveu toda a infância na Favela da Rocinha, e após os 10 anos foi morar na Baixada Fluminense, na cidade de Nova Iguaçu. Ali, completou o Ensino Médio, no Colégio Novo Horizonte. Aos 20 anos, iniciou sua vida de escritor, criando as primeiras poesias.

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A mulher negada em abundância (Luís de Aguiar) Era uma prostituta igual a tantas outras, desaparecia em chamas no vulto da infância, os seus passos rasgavam as ruas, em particular a que findava na mão. Seu corpo elementar, linguístico, era uma semente. A mulher negada em abundância, populosa. Não significava alegria, tristeza também não; talvez entornasse uma porta que a visse passar, prostituta albina sem pornografia, deitada no mundo para o mundo, sorria na negação do sorriso, era o silêncio. Não vendia o corpo, antes um indício de amor que a rasgava em todos os lugares de carne.

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LUÍS DE AGUIAR

nasceu em Oliveira de Azeméis, Portugal, em 1979. É praticante de Goju-Ryu Karate-Do. Até esta data, publicou 7 livros de poesia e está presente em revistas e antologias literárias, de âmbito nacional e internacional. Foi premiado em inúmeros concursos literários, onde se destacam: Menção Honrosa no Prêmio Literário Florbela Espanca (2008), Prêmio Literário São Domingos de Gusmão (2007), Prêmio Literário Afonso Lopes Vieira (2006), Menção Honrosa no Grande Prêmio Nacional de Poesia Natércia Freire (2005), Prêmio de Poesia do III Concurso do Montijo (2005), 1º Prêmio no Concorso Internazionale di Poesia Castello di Duino (Trieste, Itália 2005), 2º Prêmio do III Concurso Nacional de Poesia Agostinho Gomes (2002), 1º Prêmio no Concurso Nacional de Literatura Juvenil Ferreira de Castro (2000).

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Pontuação (Luís Fernando Amâncio Santos) ??? !!! ... Deitado na cama, ouço morcegos voando pela janela. Reflexos de uma Lua Cheia [que não vejo] estouram por todos os lados. Sob as estrelas, luzes vagantes por séculos no espaço, eu penso: “Valem a pena tantas exclamações, reticências e interrogações, enquanto esperamos nosso absoluto ponto final?” .

LUÍS FERNANDO AMÂNCIO SANTOS

nasceu em Três CoraçõesMG, no dia 13 de julho de 1986. Ali desenvolveu seu interesse por literatura, como leitor e escritor. Desde os dez anos, passou a participar de todas as edições do Concurso de Contos Godofredo Rangel, e foi premiado em todas as suas participações. Atualmente, mora em Belo Horizonte, onde cursa História, na Universidade Federal de Minas Gerais. Nas horas vagas, mantém o blog World Wide Suicide (www.wwsuicide.uniblog.com.br).

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A menina e as conchas (Luiz Alberto Conceição Farias) Volta a menina ao seu tempo de criança Nunca se esqueceu, sempre viveu para novamente viver; Está contente, e agora somente para de sofrer. Está mais velha, mas pouca pressa, para nada perder, e enfim lembrar de seu tempo de menina; De quando ao vento corria embaixo do sol o brilho de seus olhos reluzia e as conchas abaixo de seus pés barulho faziam quando as colhia. Colhia para a vida lembranças vivas e quadros que ela produzia, para enfeitar paredes, tapetes, ou para simplesmente escrever com elas o seu nome na areia.

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As conchas na mão da menina volume na sacola fazia, de variados tipos e tamanhos, e as brancas, em caracol, as lisas, que brilham ao sol, as que formam um imenso lençol em toda a extensão da praia; sorri a menina, e lembra que era tão pequenina, sem se preocupar em crescer. O mar leva e traz as conchas que ali ficam Quantos anos assim persistiram Gerações certamente as viram, e a menina viu seu tempo ali, concluiu o que nem os anos conseguiram acabar. A menina das conchas A menina do mar Que deixa na areia as marcas dos pés, sem deixar as ondas apagar.

LUIZ ALBERTO CONCEIÇÃO FARIAS nasceu em 21.10.1983. Residente em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, escreve desde os 12 anos. Sempre gostou de poesia, de vários gêneros, mas se identifica mais com a poesia lírica. Luta para publicar seus trabalhos, apesar dos obstáculos que enfrenta por ser morador de periferia. Mas pensa que isso não é desculpa.

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Imortalidade (Luiz Godim de Araújo Lins) Fora condenado à morte, sem apelação, sem explicação. Cortaram-lhe os braços, mas ainda caminhava; amputaram-lhe as pernas e, mesmo assim, sorria; decapitaram-no, o coração seguia pulsando. Aí, então, descobriram que o amor era imortal!

LUIZ GODIM DE ARAÚJO LINS já publicou quatro livros e recebeu 426 prêmios em concursos literários. É membro titular da União Brasileira de Escritores – UBE e de outras entidades do livro.

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Distante (Luzdalva Silva Magi) Desde que nasci Sou efemeridade. Sombra ao meio-dia ofuscada pela alegria. Alegria mórbida das pessoas. Alegria que soa como profunda tristeza. Sou efemeridade nas suas lembranças... Silhueta crepuscular nas suas fotografias. Nem sei se amiga Ou distante Mas pura efemeridade. Em resposta à tua pequena Homenagem Deixo meu desapego... Grito nas madrugadas insones por tua amizade. Tiro do rosto cansado a insalubridade dos dias Sem dividir contigo Sem encontrar tua dor Porque me tornei em ti Mero esquecimento.

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LUZDALVA SILVA MAGI é formada em Letras pelo Centro Universitário Fundação Santo André. Trabalha como professora da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo. Escreve por prazer.

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Soneto para um velho do mar (Maciel Neto) A tarde cai num purpúreo suntuoso, No ar salgado e sutil, eterna aragem. E as gaivotas, voo perfeito em homenagem Ao mar que lambe a areia, majestoso. Um velho embarca em sua jangada mui cioso, Gestual lento, na cabeça uma pelagem Encanecida e nas lembranças a miragem Dos tempos idos no semblante desgostoso. Fitando a areia que de tão alva doía O olhar perdido do velho que queria O fim mais doce quando a vida vai ao léu. Somente a morte ele velava com ternura, Nos vagalhões do mar a sepultura E nas fendas abissais seu mausoléu.

JOSÉ MACIEL NETO é publicitário e escritor, mora e trabalha em Salvador. Participou do Concurso Literário Bahia de Todas as Letras, patrocinado pela Universidade Estadual de Santa Cruz e Via Litterarum Editora, onde obteve o primeiro lugar com o conto “Safira”, publicado no livro “Antologia 2006/2007”.

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Exercício da severidade (Madson Hudson Rego Moraes) Declino à tarde severa, ignoro o tempo que tive de caminhar sobre a Terra. Confundi, entre saudades pastosas, os cheiros das uvas e cupuaçus. Habituei-me, com honras, àquele mundo Duvidoso. Ora sorvia céus azuis, ora perdia-me em labirinto borgeano. Entre os de alta prosopopeia, figurei diminuto: um tom e meio, ou até, quem sabe, [um semitom.

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Caos de palavras heterogêneas: julgo esquecer! O esquecimento, que finjo julgar, ou julgo fingir, são circunstâncias de minha evasão...

MADSON HUDSON REGO MORAES é natural de São Luís do Maranhão. Reside e estuda em São Paulo, onde cursa o 3.º ano de Jornalismo. O autor se autodefine, afirmando: “Dizem que sou tinhoso para esta tarefa, embora eu me considere apequenado e diminuto. Digo sempre que as palavras representam um certo tipo de redenção para o qual não estou preparado, e talvez nunca esteja. Talvez dessa afirmação resulte o belo ou o cômico, ou não.”

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Tecelagem (Marcel Franco) Os carretéis de ideias saem da cabeça E se transformam em palavras Que passam pela agulha da caneta E se entrelaçam ao longo do texto. As palavras — fibras fiadas E entrelaçadas com a mão — Constituem um tecido rústico E deixam fios de ideias Para outra tessitura Mas não basta enganchar o fio da meada Para obter uma nova textura É preciso atar as palavras-urdumes Na trama da coerência E, depois de muito ardume, Vislumbrar o texto — resultado dessa tecelagem.

MARCEL FRANCO DA SILVA nasceu em 19.07.1983, na cidade de BelémPA. É professor de Comunicação (Língua portuguesa, Literatura, Produção e Recepção de Textos), acadêmico de Letras da Universidade do Estado do Pará (UEPA), pesquisador, crítico literário e escritor paraense. Foi premiado em vários concursos de poesia. Publicou o poema “Poesia Crua” na Antologia do 2º Concurso de Poesias do CAL/UFPA, intitulado “Verbos Caninos” (setembro/2006). Participou da 9ª e 12ª Feira Pan-Amazônica do Livro.

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O povo e o herói (Marcela Cristiane da Silva) O povo geme gelado não há herói O povo chama clama inventa um herói O povo espera profetiza arrisca cadê o herói? O povo gera, escolhe, elege um verdadeiro herói O povo reclama, exclama quer milagres do herói

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O povo destitui descrê desfaz o herói

MARCELA CRISTIANE DA SILVA, mineira, 38 anos, casada, dois filhos, mora no Distrito Federal e é professora do Ensino Fundamental e Médio há 21 anos. Formada e pós-graduada em Língua Portuguesa pela Universidade de Brasília. Sempre gostou de fazer poemas e escrever histórias, mas nunca as guardou, talvez por naturalizar a escrita, ou até mesmo por descuido. No entanto, a maturidade traz outros sabores, outro tipo de comportamento: hoje ela escreve também pelo prazer em ser lida.

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Permanece intacto (Márcio de Jesus Souza) Impenetrável; sempre esteve assim. Vidas ceifadas, guerreiros sem vida. Tumulto de tentativas, hordas feridas. Destroçavam vermelhos sem fim. Agora a cor se apossa, possibilita harmonia e ardor. Sombras opacas em caminhos de lágrimas. Perverte-se assim, sem fim, quando acaba a dor. Range no escuro. Tumultua dias. Imutável não é, mas se quer mentiras... Quaisquer. Grotesca vida que se salva de lembranças. Desvencilha-se de amores e cobranças. Vermelho que veste outros mantos, em clarão alegra-se com cantos. Fulminam-se todas as possibilidades... Ver passar a frágil e mais tenra das idades.

MÁRCIO DE JESUS SOUZA nasceu no ano de 1979, em Brasília, onde reside. É um eterno estudante, que procura em versos e estrofes o prazer que a palavra em si não consegue trazer nas frases soltas do cotidiano. Divulga seus trabalhos apenas para amigos, e geralmente por meios eletrônicos. Atualmente, participa dos principais concursos literários no país e acredita que a nova geração de escritores tem muito a ganhar interagindo e participando desses concursos.

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O grito (Márcio Dison) Antevejo berro e tergiverso imerso em devaneios, vozes, sombras, ritmo faces, manobras, rito converso e conservo ambíguo e aflito. Flerto com o alarido e o espanto complexos, labirinto de sons espécie e espírito que perpassa o mito. Verte verso no anteverso da memória ver-te dá nexo ao reverso de uma história. Pressinto imagens o convexo do espelho. Recolho mensagens, exíguo lamento, e ei-lo: maldito, finito, da catarse o grito.

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MÁRCIO DISON, 44 anos, é jornalista e professor, nascido em Porto União-SC. Foi vencedor de concursos de poesia promovidos pela Universidade Federal de Santa Catarina e obteve menção honrosa no Prêmio Franklin Cascaes de Literatura. Participou, dentre outras coletâneas, da “Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus – volumes II e III”.

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Concessões (Márcio Fabiano Monteiro) O sol brilha para todos Mas nem todo mundo sai de casa Após longa noite, ele sempre volta a brilhar No entanto, muitos gostam de trancar-se em quartos escuros Há espaço suficiente para todos sob o sol Porém, tem gente que adora fazer sombra para os outros As águas do rio correm naturalmente para o mar Enquanto alguns insistem em remar contra a correnteza À frente um futuro todo à espera Contudo, há pessoas que teimam em olhar para trás A vida contém todas as respostas possíveis Entretanto, vários não fazem as perguntas corretas As noites de lua cheia oferecem um lindo espetáculo Todavia, certos olhos só enxergam a escuridão A chuva renova a vida e traz promessa de fartura Só que uns só destacam as inundações e enchentes A vida foi feita para se viver intensamente E tantos se contentam em apenas existir.

MÁRCIO FABIANO MONTEIRO tem 34 anos, é natural de Ribeirão Pires-SP. É graduado em Letras pela Universidade de Sorocaba, em 1997, e atua, há 13 anos, como professor de Ensino Médio e Fundamental. Leciona nas redes particular e pública de ensino na região de Ribeirão Preto, onde reside há 5 anos. Ministra oficinas para professores da rede municipal sobre Gramática e Projetos de Leitura.

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O mar (Maria Angela Manzi da Silva) Mar, doce mar! Ao teu lado venho me refugiar, Na areia úmida e fria, deitar, Meu amor perdido chorar... Mar, terno mar! Que viu este amor florescer, Crescer e desabrochar E agora, tristemente, fenecer... Mar, etéreo mar! Embalada pelo seu murmúrio Ouço ao longe alguém a me chamar, Mas, envolta em sono febril, Não percebo suas mãos a me alcançar.

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Mar, fúlgido mar! Que o sol da manhã vem dourar. Parece que ao céu se avizinha Acalma, enleva, fascina, E me dá a certeza De que jamais estive sozinha.

MARIA ANGELA MANZI DA SILVA nasceu no dia 2 de setembro de 1944 em Americana-SP, mas, desde 1969, reside em Campinas-SP. É funcionária pública estadual e revisora de vernáculo, sendo ferrenha defensora do nosso idioma. Sempre gostou de escrever e, aos poucos, tateando ainda, vai se aventurando pelo mundo literário.

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Favela (Maria A. S. Coquemala) Corre nas ruelas... Quase alcança a porta. Lá em cima, onde nem luz havia. A noite se enche de tiros, gritos e gemidos. O sangue não corre pela rua. A terra o absorve. O medo espia pelas frestas. Os corações disparam. A mãe tapa a boca do bebê que chora. Mãos rápidas se benzem. Gritos lancinantes morrem nas gargantas. De lábios trêmulos, nenhuma palavra escapa. Pega o terço, esquece o medo, vence os braços que a prendem, quase alcança o filho que agoniza. A noite se enche de tiros, gritos e gemidos... É lá em cima, onde justiça não havia.

MARIA APPARECIDA S. COQUEMALA é professora de Língua e Literatura Portuguesa, colunista de O Guarani, jornal de Itararé, SP. Autora de poemas, crônicas e contos premiados no Brasil e exterior.

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O circo (Maria de Fátima Delfina de Moraes) No circo muitas surpresas, palhaços e malabaristas, no alto do picadeiro, a bailarina equilibrista. Revoam igual borboletas, os incríveis trapezistas; no Globo da Morte exibem-se os hábeis motociclistas. Uma bandinha animada marca com precisão com rufares de tambores os momentos de emoção. A festa do circo é repleta de encantamento e magia um pacote de algodão-doce vem completar a alegria.

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MARIA DE FÁTIMA DE MORAES MARQUES HENRIQUES tem uma paixão pela poesia que vem desde os doze anos. Como poetisa, adotou o nome de Maria de Fátima Delfina de Moraes. Hoje, aos cinqüenta anos, escreve para os sites Recanto das Letras, Judô e Poesia (blog diário), Jornal de Poesia, Erositylove (Bologna, Itália) e Fersi. de (Alemanha). Mantém página no Geocities Yahoo, intitulada Deusa dos Ventos RJ, e integra o Grupo Belas Mensagens, do Yahoo.

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Coração (Maria Del Carmen Britto Mendez) Sedento de guerras ele reaparece Marcado de balas ele expõe Manchado de sangue ele geme Agarrado às grades ele bate Arranha suas façanhas Implora por ajuda Marcado de passos ainda vive Fechado como fera ele agride Cansado de esperar ele tomba Aponta sua arma e aperta o gatilho Fere... Mata... por vingança Por traição... Ainda cansado se apressa Pode morrer no caminho Pode encontrar no caminho... Faminto de amor ele chora Humilhado ele cede, E, fechado no peito permanece...

MARIA DEL CARMEN BRITTO MENDEZ é natural de SalvadorBA, nascida em 10.06.1961, instrumentadora cirúrgica. Apesar de sempre ter trabalhado nas áreas administrativas e comerciais, tem a poesia na alma, como uma fonte natural que deságua as suas impressões de vida. Cursa Licenciatura em Letras na Unicoc – Sartre, em Salvador-BA.

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Momentos complexos (Mariana da Silva Mourão) Amores relapsos Elipses Falsetas literais. Homens mortais Morrendo de medo. Metamórfico desprezo. Soluções inviáveis Viabilizadas, Novos Conceitos. Vida transformada Despedaçada Velhos amuletos. Amadurecimento Antropofagia Morte aparente Sensibilidade Palavras vazias Complexidade.

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MARIANA DA SILVA MOURÃO é brasiliense e tem 19 anos. Atualmente, freqüenta o curso pré-vestibular. Apaixonada por cinema, literatura e música, acredita nas mídias independentes como principal veículo para democratizar o acesso à informação. É entusiasta em relação à arte independente e acredita na filosofia do “Faça você mesmo” (DIY). No mais, em sua opinião, acha que escrever é uma excelente terapia.

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Meu momento (Mariana Sierra) Tenho tudo, mas não tenho nada Tenho o contrato, o papel, minha mente Mas não tenho fato nem nada para o tato Ouço a voz, as histórias e as promessas Ouvem todos meu soluçar escondido Procuro no mapa um tesouro que, há muito perdido, Dizem que vou achar numa noite dessas Quero continuar, que é o que se nota Mas já é com tamanha dor que mal atuo A saudade me esmaga porque já descuido E minha fé é o que, por fim, me esgota Começo a andar a passos lentos Atrás do que foi, não do que será Estou tentando encontrar no vento O cheiro do conforto que eu senti por lá Vou desfalecer sem querer lutar mais Abrir os olhos para olhar o que ficou para trás Tenho medo de morrer só? Não comento... Mas o que quero é só aproveitar o momento.

MARIANA SIERRA nasceu dia 6 de julho de 1984 em Sorocaba, cidade do interior paulista. Filha de um casal de bancários “certinhos”, mudou-se aos 8 anos para a capital, onde aprendeu a querer ser gente grande na cidade que não para. Criou-se em meio ao um milhão de amigos que fazia por todas as esquinas que passava, de pedintes a executivos. Escreveu diários desde o início dos tempos e tornou sua escrita pública com a descoberta dos blogs na internet.

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Devaneio (Marina Gomes de Souza Valente) Sentada no relvado da campina, contemplando, no céu, o azul sem fim, sonhava lindos sonhos de menina: beijos de amor nos lábios de carmim. Seu olhar, tão perdido e apaixonado, parecendo estar fitando outro olhar, nem percebe o poente alaranjado prenunciando que a noite vai chegar. A tarde cai. Desponta a lua, enfim. Já recende o perfume de jasmim. Tão frágil, temerosa, empalidece. A lua envolve-a com vultos bisonhos. Entre suspiros, recolhe os seus sonhos e, alheia a tudo, na relva adormece.

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MARINA GOMES DE SOUZA VALENTE é pedagoga, diretora de escola aposentada e membro da Associação de Escritores (ASES) e da União Brasileira de Trovadores (UBT), ambas de Bragança Paulista. Premiada em vários concursos literários. Obras Publicadas: “Nas Asas da Borboleta” (poesias) - 2005 e “Doçura do Mel” (infantil) - 2007.

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A queimada (Marineusa Santana) A queimada é um costume Que os nordestinos usaram Mas hoje ela é crime Pois matas acabaram Mesmo sendo capoeira No clima ela influía Hoje só se vê areia Como no deserto seria Insatisfeito com as perdas Do povo nordestino Continuam com as labaredas Nas matas sem destino Indiferente ao que vem à tona O governo não se liga E a região amazônica Cada dia se liquida Não podemos calar Diante da situação A mata está sendo queimada E o governo não liga, não.

MARINEUSA SANTANA é natural de Brejo Santo-CE. Professora desde os 15 anos de idade, atualmente aposentada, realiza um trabalho voluntário como educadora, evangelizadora e amante da cultura, através do resgate histórico de sua cidade natal.

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Rosa amarela (Marlene Amélia de Nazareth) A rosa amarela De pálida cor Tão meiga, tão bela Tímida, acanhada Ficou descorada Com males de amor Igual Cinderela Do reino encantado, Sofreu por amor: O adeus da amada Que dela cuidava Com extremo rigor A rosa amarela Acabou desfolhada Com a dor da saudade Apesar da amargura Que sofreu a flor, É ainda a mais bela Naquele jardim Onde mora o amor.

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A rosa amarela é um tributo à memória de Irondina Batista Vieira, Agente de Saúde, que muito trabalhou em prol da comunidade de Claudinápolis, Distrito de Nazário-GO. “Só quem foi amor deixa saudades.” (Pe. Marcelo Rossi)

MARLENE AMÉLIA DE NAZARETH é uma admirável alfabetizadora. Na regência, criou novas metodologias de ensino; organizou, com os alunos, passeios ecológicos e hortas adicionais à merenda escolar, além de criativas peças teatrais para formaturas. Hoje aposentada, é membro do Grupo do Apostolado da Oração da Igreja Católica de Claudinápolis-GO, onde vive, dedicando-se com amor ao cultivo de plantas e leituras agradáveis. Participou da Antologia 3 - Valdeck Almeida de Jesus de Poesias, lançada na Bienal-SP, em 2008. Sonha criar um recanto de arte e literatura em sua residência.

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Dois homens (Marlene Ferraz) Das entranhas desocupadas sem a máquina que lateja vem a denúncia ao beijador e àquele a quem beija. Os dedos afiados apontam, a boca amarga encarde a brancura dum amor simples. Pousam as pálpebras os amantes, as mãos soltas como asas arrancadas ao beija-flor. Ausentam-se. Pelos pés, andam sem vontade nem adiante. O coração bate depressa e devagar. Calam-no. Aguentam-no. No entretanto das ruas, a língua da gente cospe num azedo cego. Eles falam. Deus é doce criador. Saberá o mundo ouvi-lo, um dia. E o desejo acontece. Dois homens se abraçam e anunciam amor, lábios atados num único nó, sem defeito nem pudor.

MARLENE CORREIA FERRAZ é psicóloga clínica de ofício e amante de livros e papéis em branco, quando as horas permitem. E é numa cidade com rio e mar que gosta de escrever. Rebento de 1979, diz ter amadurecido com poemas nas mãos, chegados de tanto mundo. “Fossem todas as bocas de poesia, e o entendimento entre as gentes seria tão doce. Daqui, um punhado de esperança por um amor livre” – afirma.

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Descoberta (Marlon Couto Ribeiro) Descobri de fato o que é Amar Ao aprender que alguém Pôde por mim morrer, se Entregar Só quando se importaram comigo Dizendo-me que ninguém Poderia ser um melhor amigo Entendi de verdade o Amor Pela inocente morte Do que veio ser o meu Salvador Eu sei que quando as lágrimas rolam O fraco é feito forte Pois as sábias palavras me consolam Senti a plenitude da Paixão Ao lutar até o fim Servindo à causa de Coração Do mundo de outro tornar-me parte Esquecendo-me de mim Hoje se constitui sublime arte Escrevi assim esta poesia Pretendendo lhe dizer Que a maior humana maestria É com o próximo sempre agir Como devem lhe fazer E no mundo divino imergir.

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MARLON COUTO RIBEIRO

nasceu em Conceição do Araguaia-PA em 22.09.1986 e reside há 4 anos em Brasília, onde cursa o 8º semestre de Letras (tradução Inglês), na UnB. Estagia no COAF, órgão do Ministério da Fazenda, e trabalha como professor de Alemão, Japonês e Inglês na Escola de Idiomas Wizard.

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O tomo do futuro inalcançável (Matheus Bueno de Bueno Funfas) “Se o sol um dia deixar de nascer, espero não estar mais lá pra enxergar... Imagino que o escuro vai ser tão profundo... Que, só de imaginar que não enxergo o mundo, Mas o que ainda há, o que há de haver, Me perderia na catatonia De saber que em um belo dia, Havia todo um mundo pra vislumbrar...”

MATHEUS BUENO DE BUENO FUNFAS é estudante de Jornalismo e aspirante a escritor. Nasceu em Londrina, no Paraná, mas reside no norte do país há mais de 13 anos. Começou a escrever desde muito cedo e sempre adorou ler de tudo um pouco – de romances fantásticos a ficções, passando por histórias em quadrinhos e textos acadêmicos. Atualmente, com 21 anos, está terminando a faculdade e pretende construir sua carreira como escritor de algum grande veículo de comunicação.

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Opus seis (Mauro Cesar Bartolomeu)

Minipéia em 5 Cantos Monósticos O homem sem história ou grande feito Canta, Tersicore, com breve estilo. A Quem-Interressar-Possa. Quem vos fala é esse herói puro lírico. Sobre tão pouco, baste o pouco dito.

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MAURO CESAR BARTOLOMEU é professor de Língua Portuguesa, formado pela Unesp de Araraquara. Em 1997, lançou “Poemas em Preto e Branco” – 45 kilobytes de poesia (edição do autor). Tem livros no prelo, um deles intitulado “Nossa Senhora da Eutanásia ou a Arte é Longa, a Vida é Breve, o Barato é Louco, o Processo é Lento e o Buraco é mais Embaixo”.

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O fracasso do escritor (Maycon Cypriano Batestin) Querida, eu já esqueci histórias de amor Agora só conto fracassos e decepções Num canto onde exploro a dor E as feridas de outros corações Querida, não me peça fábulas e reflexões Estou desistindo dos sonhos Filosofias não aliviam as tensões Criadas dentro daquilo que somos Meu fracasso de escritor É a consagração de um poeta Abraçando enfastiada dor Em versos, rimas e idéias E a consagração do poeta É o adorado canto do compositor Que em mim faz pena por ser dela A razão do fracasso do escritor

MAYCON BATESTIN nasceu na consagrada cidade de Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, em 1985. Escreve desde os 12 anos e possui um acervo de mais de 1600 textos, no portal Recanto das Letras. Co-criador do movimento cultural Fanzinália.

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Quem sou eu (Michelle de Castro Pannunzio) Eu venho de uma morada distante Onde os limites atravessam os sonhos À procura do Bosque dos Amantes Eu venho de um tempo incontável Em busca do teu amor pra existir Eu sou a menina do sorriso dos teus olhos A eterna insegurança da primeira paixão A saudade que se traduz em mil sensações A lua que vê criar o momento de um beijo A chuva que te pega de surpresa e te deixa despir O segredo adolescente que ninguém conta O amor adulto que não se pode resistir O medo de só fazer o certo e não se divertir com o errado O vinho que te deixa simplesmente à vontade O arrepio louco de um beijo desejado e inesperado O sonho que te desperta no clímax do momento A vontade de ficar, e se abraçar, e se enlaçar A promessa que fizeste de não me esquecer O pecado do teu melhor sentimento

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MICHELLE PANNUNZIO, 27 anos, jornalista, é poetisa desde a adolescência. Encontra na literatura uma agradável forma de compartilhar suas emoções. Embora sem nenhuma obra publicada até o momento, coleciona centenas de poemas de sua própria autoria, como também participa de diversos concursos literários, a fim de obter um reconhecimento profissional.

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Vive (Mónica Susete Curado Godinho Cunha) Não vive quem foge do amor para não sofrer Não vive quem evita a emoção para escapar à dor Não vive quem procura a solidão por recear os outros Não vive quem desiste dos sonhos por não ter esperança Não vive quem tem medo de ser feliz. Vive quem elege o amor pelo turbilhão de sentimentos Vive quem desafia a paixão pelo prazer do desejo Vive quem partilha o pão por amor ao próximo Vive quem dá forma aos sonhos por acreditar ser possível Vive quem corre atrás da felicidade.

MÓNICA SUSETE CURADO GODINHO CUNHA, 36 anos, é casada e mãe. Licenciada em Relações Internacionais, nasceu em Cabo-Verde e vive em Portugal, desde os seus 2 anos. É sonhadora e costuma voar com a imaginação. Gosta muito de escrever o que lhe vai na alma. E também gosta de ler. Valoriza a criatividade e acredita na força do amor.

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Feliz aniversário (Mylla Ramos Garcia) E os dias passam. Feliz aniversário E a busca incessante Feliz aniversário E a perda constante. Em que esquina ficou perdida A minha identidade? Sei que não posso voltar Não tenho mais idade. É assim que me falam A alma amadureceu O canto livre adormeceu Espontaneidade se perdeu Feliz aniversário Pelo nada que recebe Da vida imberbe Só o amor traz paz Só o amor nos dá A dimensão da eternidade. Feliz aniversário.

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ELAINE MILENA RAMOS, nascida em São Caetano do Sul-SP, em 1975, é formada em Direito e cursa Letras. É membro da Sociedade de Poetas da Vila Prudente desde 1994 e atual coordenadora e organizadora dos Saraus. Foi premiada com o conto “Sinfonia de Amigos” em 1997 e teve três mini-contos pré-classificados no 1º Concurso de Mini-Contos e Haikais da Editora Guemanisse, RJ, em 2006. Escritora de contos curtos e poesias.

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Reencontro de almas (Neida Rocha) Nossos caminhos se cruzaram e surgiu a amizade sincera. A estrada solitária refletia as emoções sentidas. O destino nos afastou e seguimos adiante. Mesmo fatigados e cobertos de chagas, reflexo do sofrimento, visitávamo-nos em sonhos. Nossa distância era rompida pelos caminhos solitários da tristeza adormecida. Outro desatino abraçou-nos e entre lágrimas nos consolávamos. A distância desapareceu e a virtualidade aproximou-nos. Resgatamos a saudade e o sentimento adormecido despertou pulsante enquanto aceitávamos ressurgir das cores vibrantes, reflexo da certeza infantil na alegria madura.

NEIDA ROCHA é natural de Canoas-RS e formada em Letras. Premiada em vários concursos, inclusive com o Troféu Coruja 2002 - Clube Escritores de Piracicaba-SP. É membro da Academia de Letras de Blumenau e da Casa de Poeta Canoas, entre outras entidades.

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Para não perder (Nilceia Gazzola) A quem se interessar em escrever um verso, Basta apenas pensar no universo. Mas ao desejar uma prosa, Pense em algo, uma coisa gostosa. E ao imaginar algo audacioso, Lembre-se de um momento curioso. Há que desejaria conhecer, Cerre os olhos aos seus sonhos, vou lhe ver. Ao convencer-se de sua inteligência, Baseie-se no amor como um retrato da carência. E quando não bastar nada disso, Veja quais sonhos deixou sem compromisso. Para não perder mais esse tempo, Livre-se de todos os tormentos. Ao achar que nada disso está certo, Percorra a distância do deserto. Ao constatar tudo complicado, Urgente encontre Alguém para ficar ao seu lado.

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NILCEIA GAZZOLA é natural de Echaporã-SP. Já participou de diversos concursos literários, ganhou certificados, menções honrosas e títulos da Dama Literária, título honorifico da Academia de Letras do Rio Grande do Sul, e participou de diversas antologias.

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A resposta (Nildes Trigueiros Rodrigues) - Quem és tu, oprimido? - Sou aquele que luta por um lugar ao sol. - Sou aquele cujos avós foram chicoteados, colocados num tronco e comiam ração. - Sou aquele que ajudou a construir uma nação, não só com sua força braçal, mas com sua contribuição cultural, através da dança, música, literatura, iguarias. - Sou aquele que reivindica os seus direitos; direitos a ter acesso à universidade, a uma educação pública de qualidade. - Sou aquele que deseja se ver nos jornais, nas revistas, nos comerciais e programas de TV. - Sou aquele que deseja ser respeitado e não quer ser discriminado por causa da sua cor: Negra - Mulata - Achocolatada! - Eu... sou você!

NILDES TRIGUEIROS RODRIGUES nasceu na cidade de Salvador, é formada em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia. Cursou Inglês na ACBEU e participou do projeto Pró-Leitura, contando histórias e desenvolvendo trabalhos para o incentivo da leitura no Colégio Governador Roberto Santos. Fez adaptações das histórias “O Gato de Botas” e “Joãozinho e Maria”. Também escreveu alguns livros infantis, ainda não publicados.

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Queremos explicação (Nilmário Quintela) Explica, explica Explica essa grande injustiça Explica, explica Explica essa grande injustiça Meio salinho, meio salão Dinheiro lavado, corrupção O sangue – suga já sugou O dinheiro do trabalhador. As pessoas estão com medo O bandido está solto, o inocente está preso E quem manda no mundo É quem tem mais dinheiro.

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No Brasil o povo passa fome Quem manda nos presídios são os traficantes Lembra-se do disk pizza Celular funciona, não funciona a Justiça. Se o Brasil não vai crescer Deixe ao menos o povo viver O povo já sofreu demais Dê a eles um pouco de paz.

NILMÁRIO PEREIRA DOS SANTOS QUINTELA nasceu no dia 24 de agosto de 1986 em Salvador-BA, onde concluiu o Ensino Médio. Apaixonado pela arte literária, começou a escrever aos 9 anos de idade e hoje seu grande sonho é publicar um livro. Embora o mercado literário ainda não seja valorizado como deveria, Nilmário ainda sonha ter seu nome reconhecido e valorizado nesta área, a nível nacional e internacional.

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O preço (Nilo dos Anjos Gomes) Pobres árvores imóveis... Trocaram a liberdade Por uma vida longa. E o vento que corre o mundo E que as faz balançar, Despencando suas sementes, Ganhou a liberdade. Mas quem pode vê-lo ou tocá-lo? Pobre homem... Que não tem vida longa como as árvores E pensa que é livre como o vento Ganhou inteligência e sensibilidade E em troca Vive em sofrimento.

NILO DOS ANJOS GOMES é militar, casado, pai de duas filhas, estudante de Psicologia na Faculdade de Ciências Humanas de Olinda-PE. Escreve quando acha que tem alguma coisa a dizer, o que nem sempre é verdade.

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Espessor e epessura (Norberto Antonio) O comando é não se aceitar fugaz, infectar de vileza os dias que não merecem ser vividos, reconhecer o gosto pelas formas das frutas, separar espessor da espessura, e depois fazer uma desolação com três assobios, e depois não fazer nenhum esforço em se abster de cantar nos cemitérios junto dos não defuntos totalmente, e depois, e depois, queimar todo o escrito como se desviver fosse possível!

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NORBERTO ANTONIO nasceu em Rosário, Argentina, em 15 de outubro de 1951. É coordenador de encontros com escritores e de oficinas de poesia em penitenciárias argentinas. Publicou cinco livros de poesia e é colaborador do festival internacional de poesia de Rosario.

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Lucifera (Paula Cristina Fraga Alves) Lucifera vivia na minha rua chorava de madrugada sonhava pousar na lua Lucifera viveu na nossa infância cresceu na mesma estrada para deixar de ser criança Lucifera vivia na tua rua viveu uma desventura e numa falua partiu Lucifera pensou na alegria na ânsia, na folia de partir para ser adulta Lucifera viveu na nossa rua secou os olhos à sua ventura e ao fundo acenou ao passado e, sem pressa ou vagar, calma fechou os olhos e sorriu.

PAULA CRISTINA FRAGA ALVES

concluiu o Curso de Línguas e Literaturas Modernas - variante de Estudos Ingleses e Franceses – na Faculdade de Letras Universidade de Lisboa, em 2003. Possui poemas e textos publicados nas seguintes mídias: O Jornal de Vieira, Jornal Destak e Revista XIS. É revisora de texto e explicadora de Inglês, Francês e Português. Trabalha como operadora de arquivo na área de Gestão Financeira, empresa Payplan, desde 2005.

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Avó, velha andorinha - Hino à ancianidade (Paulo Assim) Por dentro da casa da minha avó voavam andorinhas. Toda ela, a casa, era um imenso céu vertical em silenciosas paredes brancas de cal. Toda ela, a casa, era uma seara com papoilas porque o ar que se respirava tinha o cheiro dos cereais acabados de debulhar nas eiras de pedra antiga. Toda ela, a casa, era um pomar de maçãs, de pero de agosto amadurecidos sob a cama de linho da minha avó. Por dentro da casa da minha avó voavam andorinhas. Rasavam velozes o soalho esfregado com sabão amarelo, bebiam sôfregas a água do poço nos cântaros da cantareira. O pão quente e o café do Brasil eram feitos pela minha avó. Pois era, a minha avó tinha já a sabedoria dos pássaros ancestrais, apesar do seu corpo mirrado albergar todo o peso da sabedoria. Leves eram as andorinhas de barro que no céu das paredes voavam paradas.

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PAULO ASSIM, natural da Batalha, Portugal, nasceu em 1965. É desenhista de moldes e finge ser poeta. Para começar um poema, apanha frases no ar, soltas, e aprisiona-as dentro de si. Outras vezes disseca-as e investiga palavra por palavra. Seja como for, qualquer um dos métodos é demasiado cruel, não só para a escrita como para o próprio poeta, fingidor ou não.

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O adeus (Paulo Vitor Barbosa dos Santos) Hora da despedida, olhos lacrimejantes, palavras de efeito Um medo enorme do futuro, o mundo à frente, desafio, inseguro. A sensação de perda do pouco que se tem. A ressurreição do íntimo tácito No frio sentencioso do adeus. E o que sobra do nosso mundo são lembranças doces, Que minha mente dificilmente apagará, Registros irrefutáveis de um tempo feliz em meio às hecatombes da vida. Não há desespero, tudo passa. E comigo não poderia ser diferente. A estrada está erguida, O combate está armado.

PAULO VITOR BARBOSA DOS SANTOS, nascido em 31.07.1988, natural da cidade de Palmeira dos Índios-AL, é acadêmico em História pela Universidade Federal de Alagoas. Já foi premiado em diversos concursos de poesia. Dedica-se atualmente, no campo literário, à produção de poemas e crônicas.

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Dom da poesia (Pedro Gade Rodrigues) É dádiva sublime o dom que tenho De cantar a vida em forma de rima, Pois desse modo de mim se aproxima A primorosa Arte e seu engenho. E que belos resultados que obtenho Na procura da perfeita obra-prima! Que me desafia e muito me anima, Mas que requer esforço e grande empenho. Vive dentro do meu coração mudo A inspiração que é por mim tão querida, Hei de entendê-la com paixão e tudo. E uma vez a obra-prima concebida, Como fruto de detalhado estudo, Terei ao certo glória merecida.

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PEDRO GADE RODRIGUES é natural de Goiânia, Goiás, onde atualmente mora com seus pais. É bolsista no Colégio Dinâmico, por obter, em 2007, as melhores notas da turma no Colégio Vitória Figueiredo. Já participou de alguns concursos literários na categoria ‘’poesia”, tendo sido classificado, com prêmio de destaque, no II Concurso Benjamim Silva de Sonetos e recebido menção honrosa no XXIV Concurso de Poesias da Biblioteca

Municipal João XXIII.

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O que são palavras? (Pedro Márcio) O que são palavras? São imagens escritas? Frases desenhadas? Textos artísticos? São sentimentos com cores e formas? O que são palavras? Versos Poemas Rimas Estrofes Cantos Não é o que se mostra, é o que se sente. Sentimento que se forma na mente de quem lê; Palavras são aquilo que a alma gostaria de ver e não vê!

PEDRO MÁRCIO ARANTES DI PIETRO é um brasiliense que vive no Tocantins desde os 3 anos de idade. Em suas idas e vindas, descobriu vários lugares do Brasil, muitas pessoas e diversas influências - literárias ou não. Cresceu e se tornou publicitário aos 22 anos. Hoje, aos 23 e com dois anos de experiência na área da comunicação, escreve poesias para relaxar e fugir da rotina, ou simplesmente para digitar algo que lhe vem à cabeça sem pedir licença. Gosta de poesia, design e, embora não assuma, acha que Fernando Pessoa é seu quase-alter-ego. Acredita em um mundo melhor no futuro e, sempre que pode, faz sua parte e clama para que seus direitos sejam respeitados.

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O mundo (Rafaela Beatriz Dias Ferreira) Hoje o tempo está devagar E as pessoas estão rápidas. As pessoas estão rápidas E suas atitudes estão muito Lentas. Os governos estão lentos E seus furtos rápidos. As decisões estão certas E os resultados são todos Errados. As perguntas estão erradas E as respostas indecisas. O mundo está errado E as pessoas estão mais Ainda. Os pensamentos estão perdidos E a memória embaralhada. As cartas estão na mesa E agora você decide, É tudo ou nada.

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RAFAELA BEATRIZ DIAS FERREIRA nasceu em 14.10.1992, dia em que começou a fazer sua própria historia. Desde pequena, se mostrou interessada por livros e todo tipo de escrita. Sempre adorou criar histórias, poemas, fazer cartas de amor, acalentando o sonho de um dia vir a se tornar uma escritora famosa. Aos 16 anos, ela já sabe o que quer e corre atrás de seus projetos. Acredita que o melhor da vida é escrever aquilo que só se pode sonhar.

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Os dois lados da moeda (Raimundo Filho) Quem melhor poderá compreender a dor, a não ser aqueles que já a sentiram na própria carne? Quem melhor poderá compreender o sofrimento, a não ser aqueles que já sofreram até a essência? Quem melhor poderá compreender a fome, a não ser aqueles que não tiveram sequer um pedaço de pão para saciar seu apetite e dignidade? Quem melhor poderá compreender a violência, a não ser aqueles que já foram violentados no corpo e na alma? Devemos viver para o prazer, ser feliz a cada amanhecer; Jamais passar necessidade e estarmos sempre em paz, Foi para isso que fomos criados: Para viver no gozo, na abundância e em segurança... Mas, jamais devemos ignorar a dor, o sofrer, a fome e a violência. Pois tais coisas, também fazem parte da vida: Dor e prazer, Sofrer e sorrir, Necessitado e saciado, Violentado e pacificado, Inferno e céu. Pois quem não conhece os dois lados da moeda, corre o risco de ser indiferente a quem vive nas trevas e de ignorar quem vive na luz.

RAIMUNDO TEIXEIRA SOUSA FILHO nasceu em 1968. Soteropolitano de coração, formou-se no curso secundário de Química. Nas horas vagas, dedica-se a várias atividades, tais como: escrever contos e poesia, carpintaria, pintura, entre outras. Gosta muito de ler romance, poesia, história, biografias e livros técnicos de Química e Física.

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O bêbado também ama (Raul Felipe Schmidt Machado) Do chão De pedras Ouço batidas De teus sapatos Sigo teus passos Sem ver-te Apenas gotas de vinho Que respingam da tua taça Não fujas! Encosto em teu ombro Tu fechas os olhos E me roubas um beijo

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E eu Que só queria roubar Um gole Acabo bêbado

RAUL FELIPE SCHMIDT MACHADO é estudante universitário. Cursa Ciências Sociais na UFSC. Natural de Joinville-SC, atualmente reside em Florianópolis-SC.

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Resposta divina (Regina Araújo) Agradeço a Deus por te encontrar E contigo aprender a amar. Sozinho, muitas vezes, Ponho-me a perguntar: Quem é esta mulher encantada Que veio a minha vida engalanar? Será uma deusa? Será uma fada? Será deste mundo? Ou de outro lugar? A resposta vem do alto Com reprimenda por indagar: Encontraste o que mereces, Saiba, portanto conservar. Na mesma proporção que estás amando Ela também há de te amar. Não foi por acaso que se encontraram, Estava escrito em algum lugar.

MÁRCIA REGINA DE ARAÚJO DUARTE é carioca, nascida em meio à Revolução de 1964 e tem traços de rebeldia revolucionária. Formou-se em Psicologia pela UFF/RJ, em 1988. Desde então, atua como psicoterapeuta, especializada em Terapia Cognitivo-Comportamental, Psicopedagogia, Terapia Floral e é Practtioner em PNL. Recentemente, terminou de escrever seu primeiro romance: “Desejo”.

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Água cristalina, onde estás? (Regina Prieto Romolo Guilherme Barbosa) Vinha Severina triste e cabisbaixa, Cabisbaixa e triste vinha Severina. Sua família, cansada e sedenta Sedenta e cansada, vinha em sua sina! Água cristalina? - bradaram - Onde estás que não te encontramos? Em que canto tu te escondes? Fonte de vida, que houve contigo? Contigo, comigo, conosco, o que fizemos? Fizemos o tantas vezes temido? E agora? Onde buscar-te? No céu, no mar, nos rios infindos? Infindos mananciais poluídos? Poluídos pela indiferença e insensatez Espalhadas por toda parte? Quem o há? Tristes infindos mananciais poluídos! Quem há de torná-los Novamente límpidos e lindos?

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REGINA PRIETO ROMOLO GUILHERME BARBOSA é casada, mãe de dois filhos, professora aposentada pelo Estado do Rio de Janeiro. Uma de suas funções, a de professora de Sala de Leitura, muito lhe satisfazia pela oportunidade de poder incentivar e desenvolver, com um trabalho mais específico, o salutar hábito e o gosto pela leitura. Atualmente, aposentada, voltou-se para a criação literária, tendo escrito contos, poesia e um livro que ainda não publicou, mas que pretende fazê-lo em breve.

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Só, neste mundo de Deus meu (Reginaldo Correia da Silva) Escrevo-te e não lês Falo-te e não ouves Procuro-te e não te acho Onde estás então? Longe dos olhos e do coração! Pois quando a noite finda E um novo dia vem Olho para o lado e não vejo mais nada E não vejo mais ninguém Pois tu não mais estás! E talvez nunca mais estarás. Mas, por que teimas Em negar-me tua presença? Será que te alegras Em me ver nesta tristeza imensa? Pois de mim tu nunca compadeceste, Antes, sim, de mim logo cansaste E em poucos dias de mim te esqueceste Agora eu, triste, sem alegria Caminho só, neste mundo de Deus meu.

REGINALDO CORREIA DA SILVA é natural de Recife. Escreve desde 1999. Participou do 13º Prêmio Nacional de Redação da Fundação Assis Chateaubriand 2005, categoria ‘Ensino Médio’, classificando-se entre os semifinalistas. Publicou alguns textos sobre música e um conto no site poppycorn.com.br. Atualmente cursa Radialismo na Faculdade Maurício de Nassau, na capital pernambucana.

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Um passarinho (Reginaldo Costa de Albuquerque) Todos dizem que estranho passarinho sempre às tardes, litúrgico e iterado, explora serra, rio, bosque, prado... E volta entristecido ao mesmo ninho. Por que nunca o encontrei em meu caminho, ele que também vive molestado pela memória de um amor finado, neste fado contrário e tão mesquinho? Abro a porta e olho para o azul distante... Porém, nem pipas vejo em leve encanto, nem o risco de um raio nesse instante... Então percebo quem adeja à toa, é o meu sofrido coração em pranto, que esse amor não esquece... teima... e voa...

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REGINALDO COSTA DE ALBUQUERQUE, 45 anos, é campograndense (MS) de coração. Na arte poética, tem se aplicado no exercício de escrever sonetos. Eventualmente contos. Foi laureado em vários concursos nacionais e participou de antologias de poesias e contos. Não tem obra publicada.

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Viagem de idéias (Régis Arantes de Freitas) Oh! Que viagem é o pensamento Nas estradas das ideias São muitos os caminhos. Oh, quantos são! E infinitos! Pena que conhecemos tão pouco. Oh! Viagem inconsciente Sinto cheiro e vejo luzes Grandes brilhos de imagens. Tenho falta do calor Nos caminhos do degelo Onde escorrem as ideias E apagam pensamentos. O percurso não se sabe Da distância e nem destino Grandes mundos e lugares... Estradas sem horizontes Ainda que um se estenda Abro os olhos e me encontro. Aqui estou em minha mente Nessa terra sem destino...

RÉGIS ARANTES DE FREITAS é escritor e poeta amador, não possui obras publicadas. Tem um livro de poemas pronto, à espera de recursos para edição. É estudante universitário e funcionário dos Correios. Sua grande paixão é a poesia, o poder de criar obras que carregam sentimentos, emoções, aflições.

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Escapulário (Renata Iacovino) Pela janela avisto uma paisagem... Cá dentro, vou tecendo meu sudário. As duas telas são como visagem, mas... eis que ambas retratam meu calvário. No lado externo, imune e falsa imagem cumpre, cética, tão triste fadário! Por dentro, o perfil mais do que selvagem segura as rédeas de um mundo precário. Intimamente, busco o escapulário – único bem que me salva da estiagem! Tudo mais, a mim, é, pois, refratário! Deste meu corpo ele é a cartilagem – meu protetor de séculos... lendário. Ele é você... amor de antiga viagem.

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RENATA IACOVINO é natural de Jundiaí-SP. Editou três livros de poesias: “Ilusões Amanhecidas”, “Poemas de Entressafra” e “Missivas”, este último em co-autoria com Valquíria Malagoli, com quem lançou também o livro infantil “uniVerso enCantado”. É articulista do Jornal de Jundiaí Regional, membro da Academia Jundiaiense de Letras, da Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí, da Academia Infantil de Letras e Artes (Jundiaí) e do Grêmio Cultural Prof. Pedro Fávaro.

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Catedral da Sé (Renata Paccola) Meio-dia. Toca doze vezes o sino da Catedral, chamando para o almoço os corpos fatigados, chamando ao paraíso as almas cansadas. Bate meio-dia o sino da Sé, chamando à poesia, alimento e céu em doze versos.

RENATA PACCOLA é advogada, formada pela Universidade Makenzie (SP). É autora dos livros de poemas “De Vulto a Volta” (Mirante Editorial, 1983), “Tempo” (Scortecci, 1998) e “Grilhões de Vidro” (Scortecci, 2003). Premiada em centenas de concursos literários, no Brasil e em Portugal, atualmente é presidente estadual da Sociedade de Cultura Latina do Brasil e primeira secretária da UBT-SP.

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Perdão (Renata Rimet) Discriminei, mas também fui discriminado Senti o quanto é difícil quando se está do outro lado Dói, como dói! Uma dor profunda. Não é pele, não é tamanho Não é classe ou opção sexual É exclusão, é restrição É sua vida, sem chão Nessa hora sofrida, levantei a cabeça Olhei para os lados e descobri, pasmo, Quantos irmãos ao meu lado. Antes, não percebia afinidades Não compreendia tais necessidades O sofrimento muda conceitos Transforma pensamentos Derruba pré - conceitos Constrói laços leais Entre reais e perdoáveis companheiros.

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RENATA RIMET nasceu em São Paulo-SP, no dia 21 de junho de 1970. É casada e reside em Salvador desde 1984. Como aluna da Fundação Bradesco, formou-se em Técnico Administrativo. Posteriormente, tornou-se bacharel em Administração de Empresas, com ênfase em Recursos Humanos, pela UNIRB. Atualmente, é educadora de jovens e adultos em organizações do Terceiro Setor.

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Bardo (Ritamar Invernizzi) Percorri todos os caminhos percorridos – com fúria e sagacidade! Sentei-me sobre cada pedra do caminho... Compus cantigas e lamúrias! Chorei com os cactos ao longo do deserto d’alma, vibrei com rosas amorfas de colibris apaixonados... Cochilei ao relento e no suntuoso palácio d’um ladrão de sonhos... Peguei atalhos entre a demência e a sanidade. Do silêncio, fiz nau para terras mais distantes. Da palavra, sonetos d’amor! Dei voltas ao redor do mundo – só vi luxo e rancor / miséria e dor... E a busca cessou! Fechei-me num manicômio de loucos pela vida em si – na plenitude! Aquietei o espírito – não mais esperei respostas! Descobri, na simplicidade de cada dia, o verdadeiro caminho de todos os vates E escravos dos versos; me transformei!

RITAMAR INVERNIZZI é natural de Bento Gonçalves-RS. É formada em Letras - Licenciatura Plena. Poetisa e contista. Possui dois livros publicados: “A Busca” e “O céu e o mar”. Participa de 17 antologias/coletâneas. Possui mais de vinte premiações a nível nacional, dentre elas o 1º lugar no III Concurso Nacional de Poesias Filogonio Barbosa, 2007 – Colatina-ES.

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Cortesã homossexual (Robson Gomes de Brito) Crepitando em gloss Escorrendo em Chanel n° 5 Eles aguçam os sentidos Flertam-me com os olhos Por cima dos óculos Ou a olhos nus Indecisos em meus olhares difusos Jogam-me sobre a mesa E no botequim me amam Em brancas fumaças Odores sabores licor Meu corpo em chocolate Derrete desejos Desperta anseio Eu como domadora cortesã Despejo todo o meu desdém A servos tão prontos Ao covil do leito Inepto da homossexualidade.

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ROBSON GOMES DE BRITO é escritor amador de poemas e contos. Concluiu a faculdade de Jornalismo, mas não atua na área. Faz parte de comunidades de poesias e contos via internet. Morador da Zona sul de São Paulo, escreve o cotidiano sob sua ótica, fugindo das formas acadêmicas e buscando colocar o sentimento através das palavras sem as formas pré-determinadas e já existentes.

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Poeta baiano (Robinson Silva Alves) Ah! Como quero Dormir na rede Matar minha sede Com água de coco Ser quase louco Um trovador Poeta de rua Que canta pra lua Trovas de amor Só quero vestir minha fantasia Trajar-me de alegria Pular atrás do trio Quero ser Menino vadio que anda descalço Banha-se no rio Quero ser verso, quero ser desafio Ser sagrado e profano Um poeta baiano Um sonhador.

ROBINSON SILVA ALVES é formado em Biologia pela UESC. Começou a descobrir suas primeiras letras na Casinha de Bambi. Foi agraciado nos seguintes certames: Concurso de Poesias de Coaraci (três edições - 3°, 2° e 4° lugares); antologias: Bahia de Todas as Letras 2007, CNEC 2007, Poética, Concurso Gioconda Labecca, Cataratas, Mogi, UFF e Jornal Le Ville.

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Lua dos sonhos eternos (Rodrigo Cézar Limeira) Lua, Que o teu brilho reflita a beleza Dos nobres corações dos apaixonados E dos já cansados na dor da incerteza. Lua, Das noites que busquei e tanto desejei Ter um amor só pra te observar, E um sonho eterno para em ti guardar. Lua, Luz que ilumina o mundo, E o pranto profundo, Dos que sonham com amores incertos, Dos que carregam tamanhas dores, Dos que trazem flores e não colhem amores.

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Lua, És um tesouro da natureza, E Deus, que fez a tua beleza, Deu-me a certeza de um amor alcançar, E assim realizar uma grande proeza.

RODRIGO CÉZAR LIMEIRA é escritor e participa de 17 sites de literatura. Tem poesias premiadas em 51 concursos literários e editadas em 40 antologias. Faz parte de várias academias de Letras, dentre elas a AVBL - Academia Virtual Brasileira de Letras e o Clube dos Escritores Piracicaba. Nasceu em Patos-PB e reside em Campina Grande. É também compositor e bacharel e mestre em Meteorologia pela UFCG.

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Eu vi (Rodrigo Rocha Pita) Uma criança de fome chorando Uma velhinha sozinha esmolando Um jovem rapaz No lixo se alimentando Eu vi a sociedade segregar-se em dois mundos Eu vi o noticiário Fazer piadas com políticos corruptos Eu vi a globalização dominar o mundo Eu vi cada vez mais distante os dois mundos Eu vi o pobre e o imundo Eu vi o rico e o luxo Eu vi o capitalismo substituindo o amor Até na fé pra curar a dor O capital tem que te acompanhar Eu vi as palavras perderem sentido Família, empresa Dinheiro, justiça Carro, carinho Esperança? Essa talvez não mude.

RODRIGO ROCHA PITA é poeta desde criança. Morador do bairro Calabar, remanescente de um quilombo em Salvador-BA, atua como mediador de leitura, coordenador da Biblioteca Comunitária e colaborador nas várias atividades culturais que acontecem na comunidade onde reside. Participou da Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus – vol. 3.

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Soterrado amor (Roque Aloisio Weschenfelder) Estrelas vagas no céu enleitado Pingam fagulhas de puro ardor. Mágicos pensamentos afagam O coração endoidado de amor. Conversa o poeta com a lua. Compartilham os dois seus medos. Enquanto ele perfila os versos, Ela revela dos céus os segredos. Os anjos perplexos sobrevoam Com asas de nuvens os morros. Na sua inocência não entendem Tanta inconsistência nos solos. As belezas e muitas vaidades Sucumbiram no soterrar. A terra desandou sem freios, Fluíram as esperanças até o mar.

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Apenas um sopro ainda resiste: É o vento da solidariedade. Quanto mais a tragédia persiste, Mais sobrevém uma triste saudade.

ROQUE ALOISIO WESCHENFELDER, 59 anos, professor de Línguas e Literatura, é premiado em dezenas de concursos literários e participante de outras tantas antologias. Escreve nas horas vagas. Publica textos em diversos sites da internet, especialmente no blog www.profroque.zip.net.

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A disputa (Rosana Banharoli) No auge de tempestuosa disputa entre o corpo e a alma, o baú, antes só visto através da imagem refletida no espelho, é finalmente aberto e a luz começa a entrar. A alma quer ser desvelada, e o corpo hesita.

ROSANA BANHAROLI, jornalista, aprendiz de poeta e contista. Nasceu em 06.01.1960, na cidade de Santo André-SP. É representante da sociedade civil, em Literatura, no Conselho Municipal de Cultura de Santo André. Obteve menção honrosa, com a poesia “Ninho”, no Mapa Cultural de São Paulo 2007/08. Vencedora do concurso literário Trapiches 2008, com a poesia “Amélia”.

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Poder (Rose Gonçalves) O poder é o vilão da alma humana, Parece uma doença que inflama. Sobretudo é desejado, perseguido, E quem o vê ao seu alcance é consumido. Consumido pela ânsia do ‘quero mais’, Consumido pelo ‘o que tenho não satisfaz’. Consumido pela cegueira do ‘eu posso tudo’, Consumido pela ganância de dominar o mundo. O poder em situações diferentes é um mal necessário, O ser humano sem comando é um peixe fora do aquário. Ele fica sem controle e perde a razão, E tudo vira confusão. O que é preciso é educar a alma, Ela refletirá no corpo sua calma. Caminhos diferentes iremos seguir, E consequentemente deixaremos de destruir.

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ROSE GONÇALVES nasceu na cidade de Lavras-MG, é viúva e tem dois filhos. Cantora e professora de canto, trabalhou no Conservatório Municipal Professora Galdina Corrêa da Costa Rodrigues, na cidade de Patos de Minas, e, como repórter, na NTV – emissora local. Como cantora, de 1999 a 2000, fez shows em Berlin (Alemanha). Após aposentar-se, lançou, em 2008, seu primeiro livro de poesias, “Viagens Profundas”, publicado pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores.

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Palavras do coração (Roseli Princhatti) Como foi bom você aparecer. Conhecê-lo foi um prazer. E agora estou aqui a lhe querer. Estava tão triste na solidão. E você chegou bem de mansinho. E envolveu-me com o seu carinho. E conquistou... o meu pobre coração! Que quando te viu... Sorriu... E você... Sempre tão gentil. Muito sincero, misterioso e discreto. Um perfeito cavalheiro. Simples, educado e de fino trato. Que me faz chorar de rir. Sempre a me conduzir. Para o seu mundo encantado. Com as suas belas músicas, imagens, poemas e lindas mensagens. Você me conquistou. Ao seu lado sou feliz. Você é tudo o que sempre quis.

ROSELI PRINCHATTI ARRUDA NUZZI é professora do Ensino Fundamental I e II, licenciada em Letras e Pedagogia pela Universidade Camilo Castelo Branco, São Paulo, pós-graduada em Supervisão Escolar e pós-graduando em Psicopedagogia Institucional pela Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro. Ama escrever poemas, contos, crônicas e os mais diversificados textos. Adora Literatura Mundial.

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Ser poeta (Sá de Freitas) Ser poeta é ser livre como o vento, É ser irmão da própria Natureza, É captar - da vida - o encantamento, É expulsar - de si - toda a tristeza. Ser poeta é sonhar intensamente, Sem deixar de viver a realidade, É descrever em versos livremente, A paz do amor e a dor de uma saudade. É - mentalmente - ir pelo Universo; É tentar relatar em cada verso Tudo o que sente e tudo o que vai vendo... Ser poeta é sorrir - mesmo chorando; E às vezes chorar - mesmo cantando; É sentir-se feliz - mesmo sofrendo.

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SAMUEL FREITAS DE OLIVEIRA é poeta, escritor e jornalista. Com quatro livros publicados, é membro das Academias: AVBL (Academia Virtual Brasileira de Letras), da AVPB (Academia Virtual Poética Brasileira), da AVESP (Academia Virtual Salas de Poetas e Escritores) e da Associação Poetas Del Mundo. Formado em Letras e militante em vários jornais da região.

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Lamentações (Sara Souza Gehlen) Puramente branca, além da cor, É a bondade desejada no papel. Tristemente, discutem-se maneiras De expressar uma lágrima tensa. No papel branco, bondades, Mas sombrias são estas Por serem aspirações impuras, Que só perturbam, só perturbam. E choro. Desfeito; Não há, Nunca, Pra ninguém, O perfeito. Rasuras estão até na bondade. Um coração no peito é amoroso. Um coração pulsante e medroso... Um coração no peito é inútil. Ama, pulsa e teme e lamenta: Por que nasci? Quero ser bom pra mim! Não quero a branca bondade no papel somente.

SARA SOUZA GEHLEN nasceu no dia 10 de agosto de 1988, na cidade de Sarandi, Rio Grande do Sul, onde reside. Filha de Adelar Gehlen, contador, e Neusa Souza, professora, Sara já cursou Biomedicina na Universidade Federal de Goiás, mas não concluiu. Tranqüila e pensadora - como se define -, sempre gostou de escrever poesias, mas dedicou-se a escrevê-las frequentemente, e com fascínio, aos 16 anos. Hoje, aos 20, já tem um livro de poesias, publicado em 2007, “Vem comigo, depois te explico”, juntamente com Pablo Mari e Guiomar Baccin.

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Pelourinho (Saulo Miranda Feitoza) Eu sou passado, presente e futuro Tenho beleza para esbanjar Eu sou a história dessa terra Sou homem, mulher e criança Eu sou o sangue desse povo Tenho as cores do país De norte a sul Todos me conhecem Na ladeira desce Para viver feliz Eu sou branco, negro e mestiço Tenho as cores da natureza Eu sou ar, sol e chuva Pois vim trazido pelo mar Sou África, Espanha e Portugal Navegando pelo mar

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Todo dia aqui estou Com gingado e afoxé Do reggae ao candomblé Do vatapá ao acarajé Eu sou Salvador Sou da Bahia Eu sou do nordeste Sou cabra da peste Eu sou do Brasil Sou do Pelô

SAULO MIRANDA FEITOZA é Gerente de Segurança do Trabalho e Educador da Universidade Corporativa Banco do Brasil - Salvador (BA). Nasceu em Campina Grande-PB. Graduado em Engenharia Mecânica, com pós-graduação em Gestão de Pessoas e em Engenharia de Segurança do Trabalho. Gosta de escrever poesias e tem como desejo editar um livro com seus poemas.

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Dilema de Mario Quintana (Semi Gidrão Filho) Corre nos olhos do menino que corre dentro de mim, os sonhos de uma pipa. Deslizam nos lábios dos beijos do rio que desliza dentro de mim os beijos do rio no corpo do menino nu embaixo da ponte. Pesca no cardume do peito do menino que sonha dentro de mim a vara do menino da barranca. Todo menino vara a lua, brincando ao sol, nas asas de um papagaio. Tantos meninos habitam em mim que meus sonhos se fingem vida. Escorrem em meus olhos os olhos dos meninos que correm dentro de mim. Melhor seria ser o menino da pipa, de ponte, de vara, dos sonhos, ser menino, de tantos mundos, a ser este menino: encarcerado no mundo pelas grades dos olhos desses adultos que teimam em morar em mim. Este terno, nada terno. Esta gravata, nada lúdica. Este silêncio, nada suportável. Fizeram-me adulto encarcerado no menino que mora dentro de mim. Um dia virou verdadeiramente passarinho...

SEMI GIDRÃO FILHO é jornalista, escritor, editor do Jornal O Portal Correio de Notícias e do Jornal Correio Goiano, nascido em Barretos-SP,egresso do curso de Comunicação da Universidade de Coimbra, Portugal. Reside hoje no interior de Goiás e estuda antropologicamente as origens da culinária brasileira. Publicou, entre outras obras: “Restarão Deuses” - poemas (Editora Venceremos), “Recortes de Policarpo” - contos (Editora O Portal) e “Caramujo Voador” – poemas (Editora Cristo Rei).

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Véspera de dezembro em Santa Catarina (Sergio Trochinski) De onde vem o desespero não são nuvens de algodão de onde era Desterro num conto de destruição De onde vem esse mau cheiro da morte e da podridão transformando em chiqueiro quando as nuvens vêm ao chão

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De onde vem toda essa lama pro meu sonho soterrar vem com árvore, vem com grama decidida a matar De onde vem a esperança do mesmo céu que castiga O pássaro que carrega mãe e criança Travando com o tempo a maior briga

SERGIO TROCHINSKI nasceu em União da Vitória-PR, no dia 13 de Fevereiro de 1974. Professor formado em Geografia pela FAVIUVI e em Educação Física pela FURB de Blumenau-SC, participou de duas antologias poéticas: “Palavras do coração” e “Enigmas do amor”. Atualmente, leciona na EEBM Nilo Peçanha, em Porto União-SC.

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Soneto da dor (Simone Alves Pedersen) O que é o vazio, O que é o silêncio, Senão um momento Tomado pela ausência? O eco da dor Que procura o amor Bate como ventania Volta como uma brisa O silêncio que ecoa Turva a vida E cala a alegria A sombra que fica Apaga as cores da alma E silencia a vida

SIMONE ALVES PEDERSEN é formada em Direito. Começou participar de concursos literários em 2008, tendo vários textos selecionados em antologias, na forma de crônicas e contos, como as da UFF, Astra, Conselheiro Lafayette, Valinhos, Vinhedo, Academia Dorense de Letras, além de publicação no Jornal de Vinhedo e apresentação de texto no Sarau Fraterno de Vinhedo, na AG Editoras, na ASES Bragança, e em Histórias do Trabalho de Porto Alegre.

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Amor cego (Simone Maria de Lima Lessa) Esse amor cego, ego, ego Que só sente o que não vê: vibração! Se o sentimento é sem sentido? Ido, ido! Ah, meu bem! É oriente, não razão! Mas se o que cala é o que consente, tente, tente! Pois se dizer fosse a intenção A palavra diria menos que a mente. E o poema deveria ser escrito pelo coração! Por favor, não mude este sentimento. Ora fosse permitido, ter dito, ter tido Você negaria o firmamento, sem lamento Ou remontaria meu peito partido? Sei que não há lugar para chegar Saiba que este não é o intuito E caso queira se calar Lembre que sinto, não minto, sinto muito!

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SIMONE MARIA DE LIMA LESSA gosta de escrever desde adolescente. É divorciada, advogada, tem dois livros de contos publicados: ‘”Outras Águas’” (Ed. AG-SP) e participação na “Antologia de Contos e Crônicas Arti-Manhas 2008” (Ed. ScortecciSP). Participa de sites literários com freqüência.

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De volta pra mim (Sônia Ferraz) O retrato amarelou, Há uma figura nele tão desbotada, Que não mais reconheço a minha saudade. Aquela que senti doer por tanto tempo. Os versos criados perderam o sentido, Um a um, em folhas soltas, voam pelo ar, São resíduos de um amor que não floresceu, Sem cultivo, sem carinho, definhou aos poucos, Perdeu o encanto, o perfume e o viço, Olhei-te, uma vez mais afastando-te apressado, Talvez, incerto ainda do caminho escolhido, Voei em asas abertas para o meu ninho, Sou ave, sou o sol que aquece, Sou mulher que ama com a força do coração, Sou o céu ao meu redor na mais pura emoção, Sou a luz da lua entre infinitas estrelas, Sou parte integrante da natureza Mas hoje sou também aquela que se respeita, E que, por amor, te esquece.

SÔNIA MARIA FERRAZ, 53 anos, natural de São Paulo-SP, é artista plástica e trabalha também como auditora. Escreve desde os 15 anos, influenciada por seu pai, que também escrevia, de forma amadorística. Divulga seus trabalhos na internet. Já teve alguns de seus poemas publicados em antologias.

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Meditação (Sonia Maria Lobo Moreira da Silva) Voe... Galgue as alturas... Entre no espaço, Siga os passarinhos no que mais gostam de fazer. Lá de cima, entre as nuvens, olhe embaixo E veja o que Deus fez pra você! Rios, montanhas, bosques e florestas, Flores e mais flores em profusão. O sol fazendo uma verdadeira festa! Brinde esse momento! Abra o coração! Continue voando, sinta a melodia, Toda a natureza, agora, está cantando! Desde as borboletas que bailam com alegria Até o riachinho que vai gorgolejando. Veja o colibri cantando para a flor, Enquanto o rouxinol modula um tom mais alto E, como o bem-te-vi, prefere ser tenor, Contudo, as cigarras, só cantam em contralto. E nessa integração de cores e poesia, Entre o céu e a terra, nesse festival, Você se sente livre e em plena sintonia, Esquece seus problemas e entra no coral.

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SONIA MARIA LOBO MOREIRA DA SILVA

escreve desde criança. Seu primeiro poema foi criado por pura necessidade: ao dar uma aula sobre poesia durante o estágio do curso Pedagógico, não encontrou nenhuma que satisfizesse os requisitos impostos pela mestra. Tem alguns poemas publicados em antologias, escolhidos por concurso. Admiradora de Castro Alves, pesquisou a vida do poeta e proferiu uma palestra sobre o escritor, no Rotary Clube de Cachoeira-São Félix.

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A consciência negra (Sonia Maria Nogueira) Foram filhos sem pais vendidos nas feiras Casais separados sem saber a fronteira Molambos nas peles de sacos as vestes Chitão estampado somente nas festas E as negras belas cobiças do senhor Usavam abusavam geravam bem mais Os filhos negados ser escravo era sina Sem saída a menina obedecia demais Nas feiras vendidas olhavam-se os dentes Garantia de saúde robustez dessa gente Já vinham da África muitas vezes vendidas Por tribos inimigas do país esquecido A mulher do senhor mandava arrancar A bela dentadura na brancura ao mostrar Que agradava ao senhor em sorriso belo Vingando o ciúme pela jovem vil prelo A luta foi imensa a liberdade chegou Nos Palmares a morte Zumbi encontrou Custaram a entender que na pigmentação Há o mesmo coração sentimento emoção.

SONIA MARIA NOGUEIRA é educadora, graduada em História - Estudos Sociais e pós-graduada (especialização) em Planejamento Educacional. Membro da ACE Associação Cearense de Escritores. Participou de três antologias. Em julho de 2008, lançou o livro “Eu Poesia, Contos e Crônicas” e “No reino do sininho”.

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Contemplando (Suzana Arruda Cordts)

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O comprometimento lança seu respaldar no singelo contentamento, sempre a persuadir o semblante que novamente ressurge diante de meu saber. A compenetração assemelha-se ao reavivamento dos rodopios intensos do corpo sob a custódia do mar enobrecido. Sorrisos acalentam o momento primoroso e maravilhado! Ah, pudera! A sutileza novamente mostrou sua audácia satisfatória para com o rancor humano... Finalmente! Pois o esquecimento já se encontrava prestes a suavizar suas palavras contra a verdade acorrentada. Deixo de acometer os passos andantes dos registros nebulosos da mente escarnecida durante muito tempo. Mistério ponderante se entrelaça sob a acomodação dos pensamentos. Estes a temer pela imensidão desestruturada. Concedo assim sorrisos aliviados pela coerente humanidade a me avistar. Desejo que o estontear da complexidade amadora persista nos sentimentos, meramente indescritíveis. Necessito dessa ressalva... Eternamente. Ajoelho-me sob a folhagem imersa nos reflexos dourados, conforme a utilização do silêncio diante da névoa que recobre os olhos acinzentados. As mãos apalpam a pele umedecida pela água límpida que escorre em meus braços, permitindo o seu alcance nos arrepios, envolvendo a rispidez do momentâneo reencontro. Burbúrios negam a humanidade em meus sentidos, conseguindo concretizar a palidez notável da claridade compulsiva pelos impulsos meramente contempladores.

SUZANA ARRUDA CORDTS é paulista, nascida em 29.01.1983. Formada em Biblioteconomia pela FESP-SP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação). É poetisa desde 1996, participou de diversos concursos, ganhando alguns deles. Tem diversos trabalhos publicados em revistas eletrônicas de literatura.

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Aquarela (Suzana Fagundes) A aquarela suga a tinta e o pincel. Suga a ideia e abrevia o resultado pensado. Dilui a palavra, a pincelada, e segue o seu curso: o elemento água. Espalha-se e escorre. Mancha, procura, foge. A aquarela impõe a sua vontade. Objetiva-se, adianta-se. Funde-se. Mescla-se e se expressa, solitária, no mais belo e profundo silêncio.

SUZANA DULCE CORRÊA FAGUNDES nasceu em Campo GrandeMS em 1942. Desde 1969, participa de salões oficiais de Arte Contemporânea, exposições individuais e coletivas, com as seguintes técnicas: pintura, desenho, objeto, tapeçaria e Arte Ambiental - esta última exposta na Bienal Internacional de São Paulo, em 1977 -, tendo obtido várias premiações. Atualmente, dedica-se também à Literatura, tendo participado da antologia “O Sonho”, da Editora Litteris (1996).

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Minha Bahia (Taiane Caroline Cruz) Minha Bahia, Bahia querida Que embala e balança ao som do timbau Com suas tramas, suas danças, suas gingas, Alegram a terra do Nosso Senhor Terra amada e querida, abençoada por Deus, É grande e tem o formato do nosso Brasil No farol e no mar, as cores da bandeira da Bahia: Vermelho, azul e branco. No mês de fevereiro é festa na avenida, Até parece uma festa sem fim. Sua beleza, seu clima, seus ritos e agitos Atraem milhares de turistas Essa é a minha e nossa terra, que brilha a cada dia e em cada olhar. Os seus frutos se espalham por todas as partes, fazendo suas tramas e Suas danças. Minha Bahia amada está abalando os corações Talvez de alegria ou talvez de emoções. No Pelourinho milhares de cores enfeitam as imensidões Das janelas dessa terra linda e abençoada, Cheia de contos e cantos, Cheia de dança, raça e cor.

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TAIANE CAROLINE CRUZ nasceu em Salvador-BA no dia 13 e julho de 1981. Concluiu o Ensino Fundamental em Simões Filho e o Ensino Médio em Salvador. Ingressou na faculdade de Engenharia de Alimentos, em Feira de Santana, onde cursou dois semestres.

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Ser humano (Talita Paula Machado Lobo) Oh! Ser humano Que sabe idolatrar a um E ao outro desprezar. Oh! Ser humano Que reclama da vida, Mas vive com medo de morrer. Oh! Ser humano Que exalta o que não vê E maltrata o que está sempre presente. Oh! Ser humano Que levanta o que está no auge E não enxerga o que está no chão. Oh! Ser humano Que a um dá a coroa de flores E ao outro oferece a de espinhos. Oh! Ser humano Quão difícil é entender E saber quem é você!

TALITA PAULA MACHADO LOBO nasceu no dia 6 de Outubro de 1984 em São Paulo (capital). Casou-se em dezembro de 2003 e, em abril de 2006, tornou-se mãe de uma menina. Sempre fascinada pela arte das palavras, concluiu a faculdade de Letras em 2006. Começou a escrever poemas aos 12 anos e, atualmente, escreve também romances históricos. Os temas mais abordados em suas obras são: vida, amor, desilusão e o Homem, entre outros.

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Sua poesia (Tássio Simões Cardoso) Teu olhar profundo me faz sentir a outra face da lua Nova, crescente, minguante... me faço poeta, essas rosas são tuas! Os teus olhos, como os de Helena de Tróia, afundaram navios Permaneço encantado com o teu jeito belo e gentil! Oh, minha amada! Nossa vida é como um diamante, Enriqueço-me com tuas palavras em noites aluminadas, Amo-te mais a cada instante! Oh, minha pérola amada! Em momentos de êxtase, tormento e dor, Faço-me palhaço, Quero-te em meus braços, Somos um no amor!

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Poeta não sou Mas sou a tua poesia Que te faz sentir o júbilo das coisas simples Em noites de pura nostalgia!!

TÁSSIO SIMÕES CARDOSO nasceu em Salvador, mas boa parte da infância foi vivida nas cidades de Teixeira de Freitas e Barreiras. Terminou o 2º Grau no Colégio Militar, em Salvador. Em 2008, formou-se em História pela Unijorge. Atua como professor no Colégio Cecília, em Simões Filho, por onde publicou seu primeiro livro de poesias, que foi distribuído gratuitamente aos estudantes daquela instituição.

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Antiépico (Tatiana Alves) As armas e os barões assinalados Já foram tão cantados na epopéia Que ao cruzar esses mares navegados Não me acorre nenhuma nova idéia Não possuo, ó ilustre e bom Camões, Tua Calíope a inspirar-te a bela pena Mea culpa, pôr a mão onde tu pões Desejando que a musa entre em cena Perdoa-me, ó poeta, a pretensão De trilhar-te os caminhos primorosos Já que vivo em um mundo em mutação Em que os feitos nada têm de gloriosos Não mais, poeta, não mais Já que a musa é há muito prostituta Naufragando, em oceanos de jamais, Eu resisto, e o poema vai à luta

TATIANA ALVES SOARES CALDAS é poeta, contista e ensaísta. Participou de diversos concursos literários, tendo obtido mais de cem prêmios. Publicou, em 2005, o livro “O Legado de Cronos” (contos); em 2006, “O segredo da caixa”, em colaboração com o grupo Encantadores de Histórias, em concurso promovido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, e, em 2008, o livro “D’Além-mar: estudos de Literatura Portuguesa” (crítica literária). É doutora em Letras e leciona Literatura em três universidades.

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“Spleen” e desejo (Theo Gonçalves Negreiro de Braga) Queimam meus lábios ao toque de recolher, Chega a insanidade ao despertar de um novo dia A cada sol que brilha Uma nova parte de meu corpo morre A cada lua nupcial que vejo, retratos do teu belo rosto Juntam-se ao meu redor A sombra de uma lágrima desce a madeira Que vai tecendo a obra que dedico a ti Um papel e um coração O corpo caído não luta O último desejo... Todo meu amor neste papel

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THEO BRAGA nasceu em 05.09.1992 e cursa o segundo ano do Ensino Médio. Desde os 13 anos, gosta de poesia e de literatura. Admira, em especial, os poetas românticos. Também gosta muito de música, preferencialmente rock.

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Ser supremo (Teresinha Gatelli) Ser supremo, ser infame Onde mora tua maestria? Será no coração amoroso Ou na razão doentia? Sou parte de teu universo Sou pecado original Fazendo verter lágrimas Em teus olhos angelicais De joelhos peço perdão Pelo nascimento complicado Me redimo e peço a Deus Que perdoe e me salve!

TERESINHA GATELLI é graduada pela Feevale em Letras - Português/Espanhol. Poeta, com participação em várias antologias.

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O grito (Thiago Paes de Barros De Luccia) Do entrecruzamento antropofágico ouve-se um grito Um grito de totalização do fragmentário Um grito sintético, porém dialético Ser mundano humano voraz O nó que se faz e se desfaz O nó de marinheiro De caminhoneiro O nó da rendeira do Ceará

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THIAGO PAES DE BARROS DE LUCCIA nasceu na cidade de São Paulo em 1978. É médico e bacharel em Filosofia, pela Universidade de São Paulo, e médico recém-formado, pela Universidade Metropolitana de Santos. Ainda não possui nenhuma publicação de seus poemas, porém, já tem alguns comentários publicados em jornais e revistas do Brasil. Atualmente, além de dedicar-se à área da saúde, dedica-se à literatura.

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Medo (Tiago Mebarak) Do letrista acabou o papel; A tinta e a caneta; Chorando triste pediu aos céus; Que visse ao menos um cometa; Do pintor acabou a cera e o giz; Consolado pela vida; O tempo passou e o fez feliz; Do cantor acabou a voz e a criação; Do mesmo jeito que começou cantando com o coração; De nossa vida, Deus a fez perfeita; Desde o Sol e a Lua; Dentre este e vários planetas; Mas da solidão nos fazemos sozinhos; Criados no meio de ideias, mas seguindo o mesmo caminho; E do sentimento, no qual não podemos tocar? Saímos feito cegos, sem querer acreditar? Talvez seja o coração fechado, sem receio; Mas na verdade temos que aprender a enfrentar; Que nesta fase estamos vivendo com medo.

TIAGO OLIVEIRA CARDOSO nasceu em São Paulo, Capital, em 1981. Trabalha, atualmente, como analista de projetos em tecnologias. Publicou anteriormente na Antologia de Poemas “Sentido Inverso”. Divulga suas obras no site www.recantodasletras.com.br.

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Se você leiloar o seu coração (Trajano Amaral) Se você leiloar o seu coração eu darei o primeiro lance; mas eu sou daqueles que não possuem muita coisa, passei a minha vida aprendendo a sonhar enquanto meus amigos aprendiam a ganhar dinheiro. Muitos constituíram famílias, Outros empresas; Eu escrevi poemas. Sou do tipo desempregado que senta na praça pra ver as pessoas passarem. Sou do tipo leal que aprendeu a cuidar de quem ama, pelo simples prazer de estar perto. Meus únicos bens são a minha pena e o meu pote de nanquim. E o meu bem mais precioso são os meus amigos, isso eu soube conquistar... Então, se você leiloar o seu coração eu darei o primeiro lance, mas a única coisa que tenho a ofertar é o meu eterno, sincero e apaixonado sorriso...

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TRAJANO AMARAL é poeta e roteirista há 16 anos. Trabalha com cinema e teatro, e é professor de Literatura. Autor de peças teatrais e de 6 roteiros de curta. Diretor da Hamartia Filmes.

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Vozes da África (Ubiracy Olimpio) Na melodia das marimbas O canto dos pássaros rompe O silêncio das florestas No ritmo da luz, no ritmo da cor... No ritmo do movimento... No ritmo das correntes sangrentas Na melodia das marimbas Meus pés descalços dançam O ritmo da cor... e entoam O hino de liberdade à abolição. Na melodia das marimbas Vejo a paisagem íntima De minha infância Sem luz, nem vida, Nas vozes da África...

UBIRACY OLIMPIO DA SILVA nasceu em Recife, numa manhã de outubro de 1960. Ainda criança, mudou-se para a cidade de Olinda, onde residiu até pouco tempo. Hoje vive em Jaboatão dos Guararapes. Logo cedo, abraçou o ofício de poeta; nos colégios que estudou, costumava reunir os amigos para declamar poesias de Carlos Drummond, Joaquim Cardoso, Augusto dos Anjos, Thiago de Melo e Pablo Neruda. Aos 14 anos, participou do seu primeiro concurso de poesia, no qual se classificou em segundo lugar. Daí em diante, participou de vários concursos, a nível nacional e internacional. Já participou de coletâneas e tem poesias publicadas em diversos jornais do Brasil.

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Indissolúvel (Uili Bergamin) Porque todos querem tudo sempre toda a gente sonha ter o total de aspectos da humanidade e nem podem escolher entre ser novo ser velho entre as amantes e o dever calmo do esposo a faceta do tudo num único homem não há uma só paixão dominante não dá para voltar mesmo que seguir em frente seja recuar o enigma não se resolve o problema se vivencia na hora anseio o que não tive se ainda não tiver ido embora.

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UILI BERGAMIN é coordenador da Sala de Cinema Ulysses Geremia, da Prefeitura Municipal de Caxias do Sul, e autor de três livros: “O Sino do Campanário”, “Cela de Papel” e “Do Útero do Mundo”. Vencedor de quase trinta prêmios literários, a nível nacional e internacional, foi escolhido, por três anos consecutivos, para fazer parte das Comissões de Avaliação e Seleção do Fundo Pró-cultura e da LIC Municipal de Caxias do Sul. Ministra oficinas de criação literária, coordena rodas de leitura e realiza palestras sobre Literatura e Escrita Criativa em feiras de Livro e escolas de toda a região. É um dos poucos escritores da Serra selecionados para fazer parte do Projeto “Autor Presente”, do Instituto Estadual do Livro de Porto Alegre. Em 2007, foi Patrono da 3ª Feira do Livro da cidade de Cotiporã.

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Destino (ValesKA Berardo) Unindo Crepúsculo Soluços Teu prazer, meu prazer Teu ser insano meu amo Amor desnudo Pudor e medo Castigo amigo Ser tua menina por tuas mãos mulher Me sinta Minha saliva deriva do mar da tua boca.

MARIA VALESKA BERARDO PESSOA DE SOUZA

é natural de Recife-PE. Formada em Medicina e em Jornalismo, trabalha há cinco anos no Programa de Saúde da Família. Faz estudos na Oficina do Escritor Raimundo Carrero, onde cria prosas e versos.

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Fogo (Valquíria Gesqui Malagoli) Se eu não escrever sobre o que eu me inquiro: “quem sou?”, “que hei de ser?”... creia, eu não respiro! Isto é já clausura da qual não reclamo. Faço, sim, mesura à sentença que amo, pois, se ora é um exílio, cumpro a minha pena, qual poema – filho da inspirada pena. Cobre-me o papel: elmo, arma e bandeira! A catarse é o céu numa estrofe inteira!

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Meu verso é uma língua de fogo, que eu olho arder, sem que à míngua se extinga seu óleo...

VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI

é membro das Academias: Jundiaiense de Letras, Feminina de Letras e Artes de Jundiaí, Infantil de Letras e Artes de Jundiaí; Grêmio Cultural Prof. Pedro Fávaro e Grupo Arte em Ação. Articulista do Jornal de Jundiaí Regional. Autora de “Versos versus Versos” (2005) e “Testamento” (2008). Com Renata Iacovino, lançou “Missivas” (2006) e o livro/CD infantil “uniVerso enCantado” (2007).

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Tríade amorosa (Valter Rodrigues Mota) O tempo é relativo À nossa existência O amor é relativo À nossa consciência O sexo é relativo Ao amor, ao tempo Amamos porque existimos Fazemos sexo porque temos tempo Sem tempo não há sexo Sem sexo não há amor Amar é: Fazer sexo o máximo possível, Com o mínimo de tempo disponível Amar é: Estar com você Expressando o meu amor Sem me preocupar com o tempo O meu amor é seu O seu sexo é meu O tempo é nosso!

VALTER RODRIGUES MOTA é instrutor de kickboxing. Nascido em 1960, na cidade de Salesópolis-SP (nascente do Rio Tietê), é pai de dois filhos e concluiu o Ensino Médio. A poesia só veio a fazer parte de sua vida depois que se viu privado da liberdade. Na prisão, tomou gosto pela literatura e começou a estudar e escrever poemas. Desde 2003, faz poesias e, a partir de 2005, começou a participar de concursos literários, como uma forma de expressar e divulgar sua arte, visando cada vez mais aprimorar-se .

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Esquina (Vanessa Ratton) A menina se pintou de moça. Foi ser estrela na esquina. Caiu do salto e, num tropeço, beijou o asfalto pelo avesso. Vendeu seu corpo por pedaços. Quem dá mais? Vem que eu dou um abraço! Paga bem que eu vou além... Ela queria ser bailarina. Ter tudo que a moça da TV tem. Terminou num ponto de esquina. Que pena meu bem!

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VANESSA CAMPOS RATTON FERREIRA é jornalista, atriz, poetisa, professora universitária e mestre em Comunicação e Semiótica.

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Salvador (Varenka de Fátima) Pedro Álvares Cabral, o grande navegador Que tamanha empreitada se ofereceu Para descobrir terras, passaram por vários céus A quem a fortuna oferecia ao Reino de Portugal Em alto-mar avista uma nova terra Bela! Feita pela natureza Ficaram extasiados com tanta riqueza Salvador, dividida em duas pela montanha Quem está em cima da montanha vê a cidade baixa Toda linda por todos os cantos Risos sutis de um povo alegre e vibrante Com a chegada da família real Grandes feitos! A cidade prosperou Os nativos rebeldes foram catequizados Uns portugueses trouxeram os africanos Para trabalhar, trabalhar e trabalhar Na mistura das raças Surge uma nova cor encantadora! Quem vem para Salvador fica enamorado! Com sua beleza e seu povo acolhedor.

VARENKA DE FÁTIMA é formada em Direção Teatral pela UFBA (Universidade Federal da Bahia). É figurinista da Escola de Dança de UFBA e artista plástica, tendo feito várias exposições individuais e coletivas de quadros. Dedica-se, no momento, a escrever poesias, participando de concursos literários.

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Tempestade (Vera Maria Puget Blanco Bao) De repente, palavras violentas açoitaram a calma claridade, toldando a paz aparentemente duradoura. Sinal que na verdade o que existia era paz provisória, armistício frágil e mentiroso, mascarando o fervilhar dos sentimentos. E, ao mais leve toque das palavras, desmanchou-se a falsa calmaria, mostrando a face fria e entristecida do Desamor.

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VERA MARIA PUGET BLANCO BAO é carioca, professora de Ensino Médio, licenciada em História e Geografia pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Dedica-se, no momento, a escrever poesias, contos e crônicas, participando de concursos literários. Tem obtido bons resultados, inclusive algumas premiações. Possui um bom número de trabalhos publicados em coletâneas, jornais e revistas literários. Pretende lançar um livro de poesias, independente, cujo título será “Introspectiva”.

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HomemDigo (Verônica Miranda) O tempo... o ócio Está passando... sando... ando. Ando! O mendigo também anda! De um lado para o outro, da metade do caminho para o começo e depois para o final e depois... tudo igual. Ele tem tempo, ele tem pó. Qual números! Qual datas! Qual nada! Nada é novo. Tudo é! O mendigo. Homem, digo, pessoa humana! Passos errantes, ora firmes, ora vacilantes mas fielmente ociosos. O que ele É? É brasileiro, poderia ser de qualquer outra nacionalidade. Não importa se ele nada diz, se ele se contradiz... ele tem direitos civis. Ele está por toda a parte e vive na cidade, e vive do que dão ele não paga impostos, mas é cidadão.

VERÔNICA MIRANDA, advogada, casada, tem conhecimentos de Inglês, Alemão, Espanhol, e fez cursos de Dança, Teatro e Desenho. Há alguns anos atrás, participou de recital em praça pública. organizado pela Fundação Gregório de Mattos.

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O tempo (Vinícius Lima dos Reis) O tempo é um limite. Portanto, só existe Para quem insiste em ser pequeno. Segui-lo é ser medido a cada dia por um giro, Ser mais velho a cada ano daquela estrelinha lá no céu. Então, é tudo que aquilo assiste o intervalo, a alma triste; É o remédio não enviado, o carrasco do desesperado. O tempo não existe! O relógio é uma convenção dos mortais, Mapeia as fraquezas do corpo a perecer. Com ele, o homem medir-se é capaz; Na frieza cadenciada, a cada segundo anunciada, do morrer. Quantas décadas perdidas, séculos como inimigos; Os anos passaram e os meses amigos se foram; Nenhum minuto foi assíduo nos segundos da vida! Semanas malditas nos dias e noites sem sono.

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Ser eterno é estar do lado de quem ama, Estar perto dos seus. Viver para sempre é abandonar o tempo E viver pela eternidade; É dar uma volta, estar na órbita de Deus.

VINÍCIUS LIMA DOS REIS é natural de Feira de Santana-BA, nascido em 14 de junho de 1977. Fez sua primeira poesia, “Fora de Mim”, em 1998, no intuito de descrever um sonho e, neste expediente, criou mais duas. Em 2006, porém, começou a escrever como gostaria. Possui, até o momento, aproximadamente 150 textos registrados. Foi selecionado pelo Banco de Talentos da Febraban (edição 2007), o único evento cultural do qual participou até então.

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Amar… (Virgínia Marília Candeias Santos Mareco) É água que mata a sede. É conforto, uma parede que nos protege do frio, liberdade de um vadio, ter no peito o infinito, do langor o arrebito. Também pode ter paixão e não ter os pés no chão, pairar em bela abstração. É querer de alguém o bem e jamais o seu desdém. Dá prazer e faz calor, mas também pode ser dor. É meus olhos que te falam quando meus braços te embalam. É, com um beijo, prender tua alma até morrer, o mais belo sentimento, duma vida é o fermento.

VIRGÍNIA MARÍLIA CANDEIAS SANTOS MARECO é médica interna do Ano Comum, em Portugal. Obteve o 2.º prêmio (poesia) na V Edição dos Jogos Florais do Concelho de Alvito e 2.º prêmio (conto) nos VI Jogos Florais da Alma Alentejana, além de ter dois poemas selecionados no Concurso de Poesia FESB/Scortecci - 2007 e Menção Especial no XVIII Concurso Nacional de Poesia da ALAP - 2007.

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Ruas paralelas (Vladmir Silva) Somos ruas paralelas, Como as portas e janelas, Como a água e o azeite, O trabalho e o deleite. Como a vida e a morte, Como o azar e a sorte, Como o réu e o autor, Como o mar e o pescador. O mocinho e o vilão, Como o giz e o carvão, Como o côncavo e o convexo, Como o amor e o sexo. Vão dizer que não te amo... Vão dizer que não te quero... Vão dizer que eu sou samba, Enquanto tu és bolero. Vão dizer que eu sou da noite, Enquanto tu és do dia. Que eu prefiro a casa cheia, Tu a preferes vazia.

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Ouviremos tudo isso, Mas provaremos a quem for Que apesar de diferentes, Entre nós existe A M O R.

VLAD SILVA é carioca e tem 34 anos. Com formação em Letras e Direito, exerce o cargo de Oficial de Justiça no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Além de escritor é também compositor, ator e professor do Centro Cultural Moacir Calsa.

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“O mistério de Deus” (Wagner Paiva Fernandes) I. II. III. IV. V. VI. VII. VIII. IX. X. XI. XII. XIII. XIV. XV. XVI.

Dizer seu nome é pecado. E é pecado pensar na forma como pune aquele que peca... Deus é o supremo ‘não’, é o infinito mistério, Sua fúria é um supremo não existir que nos torna órfãos supremos... Onipresente é a ausência de nosso Criador, que não está em lugar algum, em todo o tempo... Onipotente é o seu não agir, que nada faz a respeito de tudo... E onisciente é a sua indiferença, que não se importa com nada em momento algum...

WAGNER PAIVA FERNANDES nasceu em 10.08.1981, na cidade de Guarulhos-SP. Escreve contos, poesias e ficção, tendo predileção por temas escuros, e que evoquem humor e horror. Seus trabalhos mais conhecidos: o premiado livro de humor filosófico “Já estava assim quando eu cheguei” e o conto de horror e humor “Mão Vermelha”.

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Aos fartos (Weder Silva) A alma farta pisa o favo; Eis um crime com agravo. Com quem diz: Mero centavo! Mesmo um néscio fica bravo. Não percebes tu, na vida, Que de Deus ordem garrida É que aos de paupérrima ida, Quem tem muito que divida? Tesouros do Deus afável Guardas como se teu fosse? Eis que não é isso razoável! Olha ao pobre miserável, A quem todo amargo é doce... Não serás jamais amável?

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WEDER ALVES BARBOSA DA SILVA, 27 anos, reside em Itaquaquecetuba-SP. Casado com Sandra Silva, é pai de três filhos, dois dos quais são adotivos, Alícia e Marcos, e uma natural, Hadassa. Como graduado em Letras, segue a sina escrevendo contos, poemas e crônicas, bem como estudos críticos literários, que normalmente versam um conteúdo não só agradável, mas principalmente útil.

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Solução (Wilson Kleber Falcão de Alencar) Amar-te em Marte Seria a arte De dar-te o mar, A tarde, o ar. Aqui na Terra Tudo se enterra Ou se reparte Em qualquer parte!...

WILSON KLEBER FALCÃO DE ALENCAR, pernambucano, radicado em Maceió-AL, é advogado. Dedica-se à literatura desde a infância. Tem poesias publicadas na “Antologia poética - Ano 3” e no livro “Travessias” (antologia). Entre suas obras, ainda inéditas, há um grande acervo de poesias, romances, contos, crônicas e músicas.

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Minotauro (Ygor Moretti Fiorante) Lâminas afiadas ao vento, o peso do ar torna-se num triscar imaginário sangue. Armaduras de escamas banhadas a ouro, eis que o corpo se prova alma. A matéria carnal se dissolve em silfo. Rosa, manto de espinhos. Osmose de pontiagudas tentações. Bufos escondendo gritos, lágrimas retorcidas em baba, gosma. Os olhos só veem sangue, possuem células e pigmentação de sangue. Os olhos empalhados, as palmas das mãos, Minotauro, égua, mulher. Possuem a vértebra em espada e espetos. Assim os olhos que são metais e gotejam sangue, veem a eterna imagem de seu matador espanhol...

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YGOR MORETTI FIORANTE nasceu em São Paulo em 1980. Trabalha como designer gráfico. Formou-se em Letras pela FAAC. Foi editor e fundador do fanzine “O Sobrevivente” durante três anos, e do “Letras News” enquanto esteve na faculdade. Editor do “Guia de Artes Plásticas” do Portal Sobre Sites durante três anos. Publicou dois contos na antologia Brainstorm (Andross).

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É o que a rosa me ensina (Yolanda Soares de Souza) Numa bela manhã Fui à janela que dá para o meu jardim E vi! A rosa que outrora era botão Agora desabrochada Mostra-se esguia e bela Sua cor mais viva Que o viver de um beija-flor Mais viva que uma aquarela em tela E mais ainda que o brilhar do pirilampo Seu perfume inundou todo o ar E me envolveu a ponto de ali ficar Sem nada mais fazer do que sentir o prazer Daquele instante em transe Envolvida, fascinada, embriagada, Como desde menina! É o que a rosa me ensina Desabrochar, virar mulher.

YOLANDA SOARES DE SOUZA, 51 anos, casada, vive para os três filhos. Parou de estudar aos 14 anos, para trabalhar. Recentemente, retomou os estudos e está concluindo o Ensino Fundamental. Este ano vai fazer o ensino médio. Há sete anos, faz poesias que fluem naturalmente de sua alma. Participa com 50 poemas de livro lançado em fevereiro de 2008, uma antologia organizada por sua professora de Português e Literatura.

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Capoeira (Zara Patricia Mora Vázquez) Desce do céu o ímpeto perplexo, E baixa ao inferno tua condição de mártir, Vida ascende-me aos céus, Move-me deste maldito inferno, Dança e luta por este amor desenfreado, O vento é nosso amigo e balança os encontros. Com a luta da vida, Que te ama e não descuida, Que te cuida e vaticina , Que desta vez seja minha a corona de loureiro, Que hoje por último ganharei. E que estremecerei ao mundo com minha astúcia e singeleza, Trança a capoeira da vida, Meus problemas fortalezas e meus amores, E encontro-me mais uma vez em frente ao fogo, Saltando como feroz suscitada, Une tua luta com a minha, e despe-te ante minha alma perplexa, Unida por horizontes idílicos, Por luas tão completas, E por sentimentos de heróis, que vivem em homens, E jovens nas suas pracinhas, Quer-me ao ritmo da capoeira, Antes que durma a noite E amanheça o sol cedo.

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ZARA PATRICIA MORA VÁZQUEZ escreve por paixão que lhe dá prêmios por devoção e apreço à leitura. O mundo hispânico lhe abriu as portas galantemente: há mais de seis anos, colabora em edições da Argentina e do Uruguai. Há pouco, publicou seus dois primeiros livros na Editorial Espanhola Bubok. Espera da literatura o que ela lhe tem dado: uma história para começar.

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IV Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia

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REGULAMENTO - Edição 2008 1 – O Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus visa estimular novas produções literárias na modalidade Poesia e é dirigido a candidatos de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil ou no exterior, desde que seus trabalhos sejam escritos em língua portuguesa. 2 - Inscrição: 2.1 - As inscrições estão abertas até 31 de dezembro de cada ano, através dos correios, no seguinte endereço:

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus Rua Sargento Camargo, 95-A, São Caetano CEP 40391-152, Salvador/BA (acompanhada de CD ou disquete com o material inscrito); ou via e-mail para: valdeck@hotmail.com. OBS: Inscrições via Correios que não vierem com todos os arquivos (poesia, minibiografia, endereço) em CD ou em disquete serão automaticamente desclassificadas. 3 – A inscrição se dá com o envio de 01 (um) poema, inédito ou não, com até 20 (vinte) linhas, versando sobre qualquer tema, e mais 5 (cinco) linhas de biografia, em fonte Times New Roman, tamanho 12, alinhada pela esquerda. No mesmo arquivo o autor deve enviar seu nome completo (não há necessidade de pseudônimo), endereço completo com CEP e fones de contato. O autor pode enviar mais de uma poesia, mas apenas uma poderá ser selecionada. Cada autor responderá perante a lei por plágio, cópia indevida ou outro crime relacionado ao direito autoral. Não será selecionada nenhuma poesia que faça apologia ao uso de drogas, com conteúdo racista, preconceituoso, faça propaganda política ou contenha intolerância religiosa ou de culto. 3.1 – O simples ato de se inscrever implica na concordância do autor/escritor em ceder os direitos autorais de seu poema, apenas para a primeira edição do livro. O autor que desejar adquirir exemplares do livro deverá fazê-lo diretamente com a editora ou com o organizador do prêmio. A critério da organização do evento, os autores selecionados poderão receber um exemplar do livro.

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3.2 – A comprovação da data de postagem validará a inscrição. Seleção: 4 – Os poemas selecionados serão publicados na antologia. Premiação: 5 – A premiação é a publicação do poema selecionado. 6 - Os casos omissos serão decididos soberanamente pela equipe promotora. Mais informações: Valdeck: valdeck2007@gmail.com ou pelo fone (71) 8805 4708 PROJETO PUBLICADO NO SITE DO PNLL DO MINISTÉRIO DA CULTURA

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DEZ PRIMEIROS CLASSIFICADOS NO CONCURSO DE 2008 RETRATO URBANO

Nota: 9,8

(Fernando Paganatto)

DESLEMBRANÇA

Nota: 9,7

(Edson Augusto Alves)

DOIS = UM

Nota: 9,6

(André Sesti Diefenbach)

HOMEM NA CAIXA

Nota: 9,5

(Emerson Antonio Miguel)

PORTA

Nota: 9,4

(Heric Steinle)

PONTUAÇÃO

Nota: 9,3

(Luís Fernando Amâncio Santos)

ANTIÉPICO

Nota: 9,2

(Tatiana Alves)

ESQUINA

Nota: 9,1

(Vanessa Ratton)

SONETO PARA UM VELHO DO MAR

Nota: 9,0

(José Maciel Neto)

CORTESÃ HOMOSSEXUAL

Nota: 8,2

(Robson Gomes de Brito)

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Índice Adalberto Caldas Marques 11 Adenir B. G. L. de Souza 12 Adriana Aparecida de Oliveira Pavani 13 Adriana E. Dellorefiche 14 Aidner Mendez Neves 15 Alana Marques da Silva 16 Alex Costa 17 Aléxis Góis 18 Allan Pitz Ribeiro de Souza 19 Altair Fonseca Ramos 20 Álvaro Reis 21 Ana Cristina Afonso Cavazzana 22 Ana Nery Pereira da Silva 23 Anair Weiricch 24 Andreev Veiga 25 André Sesti Diefenbach 26 André Calazans 27 Angela Togeiro 29 Anna Maria Avelino Ayres 30 António dos Santos Boavida Pinheiro 31 Antônio Carlos Assis Alves 32 Antônio Cícero da Silva 33 António Félix Flores Rodrigues 34 Antonio Jorge Abdalla 35 Bernardo Santos 36 Camila Carillo Bahia 37 Carla Ribeiro 38 Carlos Alberto Silva 39 Carmen Vervloet 40 Carlos Antônio Leite 41 Carlos Augusto Sousa Borges 42 Carlos Augusto Souto de Alencar 43 Carlos Bordignon 44 Carlos Eduardo Marcos Bonfá 45 Carlos Eduardo Pereira Theobaldo 46 Carlos Roberto Pina de Carvalho 47 Carlos Vanilla 48 Carlos Alexandre da Silva 49 Cassiane Schmidt 50 Chrystiane Akegawa 51 Cinthia Kriemler 52 Cláudia Faria Pereira 53 Cláudia Gomes 54 Coelho de Moraes 55 Crisália Souza Silva 56 Cristiano de Souza 57

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Darcy Ribeiro da Cruz 58 Denis Marangoni dos Santos 59 Diamantino Ferreira 60 Diego Lopes 61 Diler Sales 62 Dorli Gromowski Bessega 63 Ed Carlos 64 Ednei Freires dos Santos 65 Edson Augusto Alves 66 Edson José Lins Costa 67 Edson Teigi Hirae 68 Eduardo de Paula Nascimento 69 Elaine de Cássia Bender 70 Eloísa Menezes Pereira 71 Elton Junior Martins Marques 72 Emerson Antonio Miguel 73 Eraldo Souza dos Santos 74 Erinaldo Silva 75 Eulália Cristina Costa e Costa 76 Eurípedes da Silva 77 Evandro F. Cândido 78 Evelyne Santana da Silva 79 Everaldo Martins Gomes 80 Éverton Germano Araújo Melo 81 Fabricio Martines Alves 82 Fátima Venutti 83 Fernando de Sousa Pereira 84 Fernando Ernesto Baggio Di Sopra 85 Fernando Paganatto 86 Filipe Barcelos de Faria 87 Flávio Cardoso Reis 88 Francisco Evandro de Oliveira 89 Francisco José Raposo Ferreira 90 Franze Matos 91 Genardo Chaves de Oliveira 92 Generino Gabriel de Jesus 93 Geraldo Ferreira da Silva 94 Geraldo Trombin 95 Gerci Oliveira Godói 96 Geyme Mannes 97 Geziel Ramos 98 Gilberto Marassi de Loiola Leite 99 Gilson Santos de Jesus 100 Giomário Nunes Torres 101 Giovani Iemini 102 Heitor Silva 103 Helô Bueno 104

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Hênio Delfino Ferreira de Oliveira 105 Heric Steinle 106 Isa Carolina 107 Isis Araújo Ferreira de Carvalho 108 Ivaneti Nogueira 109 Izilda de Camargo 110 Jackson Alessandro de Andrade Caetano 111 Jaélzia Denise Barreto Crespo Rangel 112 Jania Souza 113 Jean Carlo Silva 114 Jean Rocha Teixeira Duarte 115 Jefferson Carvalhaes 116 Jéferson dos Santos 117 João Carlos Rodrigues Galvão 118 João Pedro Seibel Wapler 119 Joice Souza Cerqueira 120 Jorge Guilherme Tomaz de Alarcão Potier 121 José Alberto Lopes 122 José Carlos da Silva 123 José Luiz Amorim 124 Josélia Pena Castro 125 José Moreira da Silva 126 José Renato Valero 127 Josete Maria Vichineski 128 Juliana Bumbeer 129 Juliana Farias Pacheco 130 Jussára Custódia Godinho 131 Juçara Valverde 132 Julieta Santoni Suzano 133 Juventino José Galhardo Júnior 134 Karen Raicher 135 Karoline de Souza Viana 136 Leandro de Assis 137 Lenita dos Santos Ferreira 138 Léo Dragone 139 Leonardo Silveira da Silva 140 Lorena Rodrigues 141 Lourdes Neves Cúrcio 142 Lucêmio Lopes da Anunciação 143 Lúcia Helena 144 Lúcia Regina Gomes de Lontra Costa 145 Luciane Maria Lopes Zanata 146 Luciano Henrique Pinto 147 Luciano Spagnol 148 (Luís Alberto Gusmão Rocha 149

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Luís Carlos de Oliveira Barbosa 150 Luiz Carlos Vieira 151 Luís de Aguiar 152 Luís Fernando Amâncio Santos 153 Luiz Alberto Conceição Farias 154 Luiz Godim de Araújo Lins 155 Luzdalva Silva Magi 156 Maciel Neto 157 Madson Hudson Rego Moraes 158 Marcel Franco 159 Marcela Cristiane da Silva 160 Márcio de Jesus Souza 161 Márcio Dison 162 Márcio Fabiano Monteiro 163 Maria Angela Manzi da Silva 164 Maria A. S. Coquemala 165 Maria de Fátima Delfina de Moraes 166 Maria Del Carmen Britto Mendez 167 Mariana da Silva Mourão 168 Mariana Sierra 169 Marina Gomes de Souza Valente 170 Marineusa Santana 171 Marlene Amélia de Nazareth 172 Marlene Ferraz 173 Marlon Couto Ribeiro 174 Matheus Bueno de Bueno Funfas 175 Mauro Cesar Bartolomeu 176 Maycon Cypriano Batestin 177 Michelle de Castro Pannunzio 178 Mónica Susete Curado Godinho Cunha 179 Mylla Ramos Garcia 180 Neida Rocha 181 Nilceia Gazzola 182 Nildes Trigueiros Rodrigues 183 Nilmário Quintela 184 Nilo dos Anjos Gomes 185 Norberto Antonio 186 Paula Cristina Fraga Alves 187 Paulo Assim 188 Paulo Vitor Barbosa dos Santos 189 Pedro Gade Rodrigues 190 Pedro Márcio 191 Rafaela Beatriz Dias Ferreira 192 Raimundo Filho 193 Raul Felipe Schmidt Machado 194 Regina Araújo 195 Regina Prieto Romolo Guilherme Barbosa 196

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Reginaldo Correia da Silva 197 Reginaldo Costa de Albuquerque 198 Régis Arantes de Freitas 199 Renata Iacovino 200 Renata Paccola 201 Renata Rimet 202 Ritamar Invernizzi 203 Robson Gomes de Brito 204 Robinson Silva Alves 205 Rodrigo Cézar Limeira 206 Rodrigo Rocha Pita 207 Roque Aloisio Weschenfelder 208 Rosana Banharoli 209 Rose Gonçalves 210 Roseli Princhatti 211 Sá de Freitas 212 Sara Souza Gehlen 213 Saulo Miranda Feitoza 214 Semi Gidrão Filho 215 Sergio Trochinski 216 Simone Alves Pedersen 217 Simone Maria de Lima Lessa 218 Sônia Ferraz 219 Sonia Maria Lobo Moreira da Silva 220 Sonia Maria Nogueira 221 Suzana Arruda Cordts 222 Suzana Fagundes 223 Taiane Caroline Cruz 224

Talita Paula Machado Lobo 225 Tássio Simões Cardoso 226 Tatiana Alves 227 Theo Gonçalves Negreiro de Braga 228 Teresinha Gatelli 229 Thiago Paes de Barros De Luccia 230 Tiago Mebarak 231 Trajano Amaral 232 Ubiracy Olimpio 233 Uili Bergamin 234 Valeska Berardo 235 Valquíria Gesqui Malagoli 236 Valter Rodrigues Mota 237 Vanessa Ratton 238 Varenka de Fátima 239 Vera Maria Puget Blanco Bao 240 Verônica Miranda 241 Vinícius Lima dos Reis 242 Virgínia Marília Candeias Santos Mareco 243 Vladmir Silva 244 Wagner Paiva Fernandes 245 Weder Silva 246 Wilson Kleber Falcão de Alencar 247 Ygor Moretti Fiorante 248 Yolanda Soares de Souza 249 Zara Patricia Mora Vázquez 250

IV Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia - Regulamento

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Esta obra foi composta em fonte Adobe Garamond Pro 11,5 / 14,4 e impressa em Cartão Supremo 250g/m2 [capa] e em papel Polén Soft 80g/m2 [miolo].

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