“No mesmo dia, fui da palafita ao navio de luxo”

Page 1

“No mesmo dia, fui da palafita ao navio de luxo” Jornalista e advogada, Audrey chefia hoje um departamento na Secretaria de Educação de Santos Rê Sarmento

Vagner Lima A santista de 38 anos Audrey Kleys (quem não a conhece arrisca menos de 30) é tão graciosa quanto a atriz Audrey Hepburn, que deu vida a Holly Golightly, na versão para o cinema da obra de Trumam Capote. Com gestos contidos e firmes, sorridente e simpática, recebeu a reportagem do Primeira Impressão em sua sala de trabalho na Secretaria de Educação de Santos (Seduc). Agora ela é chefe do Departamento de Planejamento Educacional da Seduc, mas, durante mais de uma década, entrava quase diariamente nas casas dos telespectadores da Baixada Santista como repórter dos telejornais da TV Tribuna, afiliada da Rede Globo na região. Audrey entrou na faculdade logo depois da morte do pai, vítima de um câncer de laringe e faringe. “Fumou dos 14 aos 47 anos. Todos lá em casa o recriminavam por fumar e até hoje eu odeio cigarro”, diz. Audrey tem uma ligação muito forte com o pai e, durante meia hora de conversa para esta reportagem, deixou escapar lágrimas duas vezes ao lembrá-lo. “Ele sempre dizia: nesta vida podem te levar tudo, minha filha, menos

Na TV, Audrey se especializou na cobertura de matérias da área de Educação

a educação. E tenho isso muito forte na minha cabeça”. O pai de Audrey devia estar certo e sua família acredita que, onde estiver, deve estar contente pelos rumos que a filha tomou. Com muito esforço e dedicação, a jornalista construiu uma sólida carreira. “Já tive vontade de ir para São Paulo, mas sou muito ligada à minha família. Agradeço a Deus por ter tido oportunidade de construir carreira na minha cidade”. Antes de entrar no curso, ser médica estava nos planos de Audrey. Mas a mãe a incentivou a ser jornalista, para que a filha não tivesse que se mudar de Santos. Como diz o

ditado, mãe sempre tem razão. E a prova da credibilidade que Audrey conquistou é que telespectadores desatentos ainda pedem foto e autógrafo ou a param no supermercado. Audrey se formou na turma de Jornalismo de 1998 da Universidade Santa Cecília e credita parte de seu sucesso profissional ao curso. “A UNISANTA era um pool: tinha jornal na web, impresso, TV e rádio. Fiz estágio durante todo o curso, e todos dentro da universidade. Lá era minha segunda casa, entrava de manhã e saía à noite”. Ter feito estágio na TV Santa Cecília lhe abriu as portas da empresa onde trabalharia nos

anos seguintes. “O professor André Rittes me apresentou na TV Tribuna. Todos os professores me ajudaram muito. Os alunos que souberam aproveitar a lição, com certeza, estão bem colocados no mercado de trabalho”, diz. Neste momento, as lágrimas surgem nos olhos de Audrey outra vez. De certa forma, a faculdade serviu como válvula de escape para a perda do pai. Na TV Tribuna, só fez amigos. Começou na produção, passando pela apuração, apresentou a previsão do tempo e foi para a reportagem de rua, que era seu sonho. Apresentou também o Câmera Educação, o Amigos da Escola e todas as reportagens relacionadas à educação que eram exibidas nos telejornais da emissora. Nesse tempo, cursou Direito e fez uma especialização em Educação, o que lhe possibilitou dar aula em universidades, abrindo portas para o novo desafio assumido há pouco. “Meu objetivo é ajudar o governo a estruturar a Educação no município. As pessoas que viam a Audrey como jornalista não absorveram de forma fácil a novidade, porque elas se acostumam com o que têm à mão. Entendo elas terem estranhado. Algumas diziam: você é louca, vai sair da TV?,

mas críticas construtivas são sempre positivas”, explica, sobre a polêmica gerada quando foi anunciada como contratada da nova gestão municipal. Dos bancos escolares, fica a saudade. “As melhores lembranças são os amigos que tenho até hoje. Éramos uma turma muito unida e trabalhávamos bem em grupo. A diferença entre o curso da UNISANTA e o de outras faculdades é o amor que os professores têm pelo que fazem e por cada um dos alunos”, diz. Audrey é enfática sobre o que o jornalismo trouxe de bom para sua vida: “Tudo. Conhecer realidades que pareciam muito distantes de mim. Ir da palafita a um navio de luxo no mesmo dia. Valorizo e agradeço a Deus tudo que ele me deu e pela minha saúde. Pude entrar em um hospital e ver que a imprensa pode desfazer uma fila imensa de doentes agonizando em questão de minutos. Essa vivência não tem dinheiro que pague e não pode ser expressa em palavras”. Para quem está entrando ou saindo da faculdade, ela dá um conselho. “Procure um estágio já no primeiro ano do curso. A faculdade ajuda, mas só os quatro anos dentro das paredes da sala de aula não são suficientes. O jornalismo

Paixão pelo jornalismo vem desde cedo V inícius M orales O

jornalismo na vida de Nara Assunção não é coisa recente. Desde cedo, a repórter do Jornal Boqnews, um dos veículos mais conhecidos da Baixada Santista, já tinha a certeza de que seu futuro profissional estaria envolvido com a arte de escrever artigos e notícias para o público. Ela conta que, na época da escola, já tinha certeza que era isso o que queria fazer. “Percebi nesta época que tinha jeito para escrever”. Depois que participou de um projeto social, então, a vontade ficou maior ainda.

“Fizemos reportagens de cidadania em Santos, que acabaram sendo publicadas em um livro”. Formada desde 2007, Nara assume que passou a ver o mundo de uma maneira diferente depois de entrar na faculdade. Segundo ela, a escola foi fundamental para ampliar horizontes e mostrar todas as áreas que poderia atuar dentro da profissão. “E ampliou em muito minha visão sobre o que era jornalismo e meu papel na sociedade”. Quando perguntada se conseguiria imaginar-se em outra profissão, ela não titubeia e diz o que qualquer

Cris Challoub

um que conheça seu amor pela profissão espera ouvir: “Não”. E para quem estiver pensando em se tornar jornalista, Nara deixa um recado: “Experimente todas as áreas ainda durante o curso, aproveitando principalmente o que a universidade oferece, como o Espaço Unisanta, em TV, estágios na Assessoria de Comunicação da Universidade, e todos os demais projetos, como o de Cobertura dos Jogos”. Palavras de quem vive a profissão e defende-a com todas as forças.

Nara Assunção: projetos sociais estimularam ingresso na atividade jornalística

Carreira meteórica e que já traz reconhecimento Beatriz Lopes

Vinícius Morales

Mariana já trabalhou em emissoras de TV e hoje está no Santa Portal

12

Pouco foi o tempo necessário para que a jovem Mariana Rio conseguisse se destacar na profissão. Com apenas 23 anos e recém-formada em Jornalismo, a atual repórter do Santaportal, site de notícias da Santa Cecília TV, passou pelo Espaço Unisanta, em 2009, como estagiária; em 2010, como produtora; e em 2011, como apresentadora. No ano seguinte, a jovem trabalhou no programa apenas como colaboradora. Mas o sucesso não fica restrito apenas aos programas

Edição e diagramação: Laércio Mendes PRIMEIRA IMPRESSÃO • Março de 2013

da Santa Cecília. Mariana também já trabalhou em uma revista de moda durante alguns meses, quando, no ano passado, voltou às tevês, dessa vez como apresentadora do programa Copa CNA, na TV Band Litoral. “Foi uma oportunidade que surgiu graças à visibilidade que tive com a minha atuação no programa Espaço Unisanta. Graças a ele, fui chamada para fazer o teste e passei”, conta. À frente do programa, Mariana passou três meses de muito aprendizado e que, segundo ela, “deu mais

respaldo para evoluir e crescer profissionalmente”. Enquanto aluna, a jovem adquiriu uma enorme admiração pelos professores que teve no curso, em especial por quem, mais à frente, se tornaria companheira de trabalho. Com muito respeito, Mariana não hesita em dizer que tudo o que tem acontecido com a sua carreira tem sido único, e que, além de amiga e ex-chefe, a professora Alessandra Pereira é “responsável por tudo o que tem acontecido até agora”.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
“No mesmo dia, fui da palafita ao navio de luxo” by Vagner Lima - Issuu