Urbhano Belvedere nº 14

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16 a 30 . setembro de 2013 . ANO I . Número 14 . Distribuição gratuita

URBHANO

On-line: www.urbhano.com.br

BELVEDERE

Foto: Arquivo pessoal / Força do Bem

tudo que inteRessa no seu bairro está aqui

a força do bem

Moradores do Belvedere se unem para espalhar alegria, visitando creches, asilos e hospitais vestidos com fantasias divertidas, além de arrecadar donativos para quem precisa.

local

Foto: Lucas Alexandre Souza

No último dia 22 de Agosto ocorreram dois focos de incêndio nas matas que cercam o Belvedere, assustando os moradores pág. 3

jovem

cultura

O cyberbullying vem ocorrendo com mais frequência nas redes sociais, afetando a autoestima e confiança dos adolescentes pág. 4

O bicentenário do compositor italiano Giuseppe Verdi será celebrado no evento verdi 200 belo horizonte no Sesi minas pág. 13

entrevista

roberto vascon fala da infância pobre e DE como se tornou o designER de bolsas famoso nos Estados Unidos Pág. 10

esporte Jovens paratletas superam adversidades e demonstram que não há limites nem barreiras para alcançar objetivos pág. 14


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URBHANO BELVEDERE Belo Horizonte, 16 a 30 de setembro de 2013

opinião frasesURBHANAS

Foto: Divulgação

Foto: Lucas Alexandre Souza

É a história da minha vida, quando perco as pessoas ficam chocadas de me verem jogar assim, se eu ganho é ótimo. Estou tentando muito fazer dar certo, às vezes simplesmente não dá. Roger Federer sobre derrota no US Open

thiago alves (*)

A nova inteligência da internet

A cada dia que passa surge um grande número de novas iniciativas na internet. São novos sites, programas, aplicativos, dos quais sempre se pode observar a inteligência – ou não – de seus criadores. Tratando especificamente das iniciativas inteligentes, me recordo de uma interessante reação de um amigo, quando lhe contei sobre um novo serviço prestado na internet, à época inovador. A pessoa criou um conceito de site que unificava os serviços de home delivery de diversos restaurantes. Ao contar para esse amigo, sua reação foi autêntica e imediata: “Puxa vida, como ninguém pensou nisso antes?!” Como ninguém pensou nisso antes?! Na próxima década, muito ainda vamos falar e escutar essa indagação/exclamação. Fato é que a internet, enquanto serviço de inteligência, ainda engatinha no Brasil, se comparada com os serviços que hoje existem nos países com IDH e padrões educacionais mais elevados. Até nossa presidenta é espiada por programas básicos de informação norte-americanos. São muitas as oportunidades, assim, que se apresentam no Brasil. Sobretudo para quem quiser apostar em um novo tipo de serviço de inteligência, voltado para o fomento das iniciativas de cidadania por meio da internet. O Brasil é um país muito carente em termos de cidadania. Aliás, o próprio conceito de cidadania ainda engatinha por aqui também. Mas acredito que a internet e a cidadania, engatinhando juntas agora e caminhando em conjunto por mais uma década, irão revolucionar a visão de mundo que hoje se apresenta e que é insatisfatória. A aquisição de serviços de cidadania é um processo irreprimível, sendo que a internet potencializa e multiplica seus efeitos. Faço parte de uma geração que viveu a década perdida dos anos 80 enquanto ainda criança. Nossa adolescência viu nascer o Plano Real e o início de nossa vida profissional se defronta com um Brasil preso em seu próprio gargalo econômico, vítima de investimentos equivocados e que pressionam a juventude a um desfiladeiro não muito atrativo do ponto de vista ético. O Brasil assiste, com alguma irresignação da juventude, a uma explosão da corrupção nos serviços públicos, pulverizada dos maiores aos menores escalões dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Em termos de cidadania, essa é a hora da mudança, valendo a internet como uma fronteira ainda quase inexplorada para o seu exercício. Essa é, enfim, a nova inteligência da internet: a rede da cidadania. Quem apostar nela, com sites, programas, aplicativos e boas ideias, colherá excelentes frutos nos anos vindouros. E você leitor, quer ser o próximo a causar a exclamação “Puxa vida, como ninguém pensou nisso antes!?” Thiago Naves Bacharel em Direito pela UFMG, advogado militante e gestor de empreendimentos inovadores na internet (*)

Vocês são lindos. Até a próxima. Deus abençoe vocês. Beyoncé se empolga com o público em seu show no Mineirão

Nós não podemos resolver a guerra civil alheia pela força. Barack Obama em pronunciamento sobre a situação na Síria

Um homem deste tamanho filmando a minha calcinha. Apague esta imagem. É tão feio um homem da sua idade filmando essas coisas, parece criança... tenha santa paciência. Ivete Sangalo tirou o celular de um homem que estava na plateia de seu show quando percebeu que ele filmava sua calcinha

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URBHANO BELVEDERE é uma publicação da Editora URBHANA Ltda. CNPJ 17.403.672/0001-40 Insc. Municipal 474573/001-1 Impressão: Bigráfica Tiragem: 15.000 exemplares Distribuição gratuita - quinzenal

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Fotos | Lucas Alexandre Souza e Cinthya Pernes Revisão | Pi Laboratório Editorial Estagiárias | Daniela Greco e Renata Diniz


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local

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Fogo no Belvedere Foto: Julia Arcuri

Atenção | Queimadas na região voltam a incomodar e preocupar moradores

Moradora do Belvedere registra queimada na região

Com o tempo seco e as chuvas escassas, a vegetação fica suscetível às queimadas. Os casos de incêndios costumam ser frequentes na região do Belvedere por causa da vegetação ao redor do bairro. O último caso registrado foi no dia 22 de agosto, quando houve duas ocorrências em horários diferentes. Um dado divulgado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente aponta que 95% dos incêndios em vegetação são provocados pela ação humana, que podem trazer grandes prejuízos para o homem e para o meio ambiente. A denúncia veio da moradora Júlia Arcuri, 25, analista de mídias sociais e consultora de marketing. “O

incêndio estava perto da rua Patagônia e da Haiti, o primeiro foi às 17h e depois voltou às 22h”, lembra Júlia, que viu o incêndio de sua casa. A moradora ligou para os bombeiros, mas se queixou da demora do atendimento: “Eles atenderam às duas chamadas, demoraram a controlar o fogo e a chegar”, comenta a analista, que acrescenta que os incidentes acontecem todos os anos. “É triste ver essas queimadas acabarem com a natureza, deixa o ar da região péssimo, além de afetar a segurança porque o fogo estava quase na calçada”. Segundo a assessoria do Corpo de Bombeiros o incêndio na BR 356 foi atendido pelo 1º Batalhão de Bombeiros, que trabalhou com uma equipe de quatro bombeiros e o apoio de um caminhão autobomba. O combate durou cerca de três horas e o fogo queimou cerca de um hectare de vegetação.

Dicas do Corpo de Bombeiros Ao trafegar pelas estradas e rodovias, não lance pontas de cigarro pela janela do veículo, pois com a baixa umidade desse período, a vegetação seca se incendeia com muita facilidade. Ao realizar acampamentos, seja bastante cuidadoso na hora de acender fogueiras, velas e lampiões. Só acen-

da fogueiras após limpar bem o local, retirando completamente a vegetação em volta e procure um local aberto, como, por exemplo, uma clareira ou a beira do rio. Ao apagar a fogueira, certifique-se de que as brasas estão resfriadas. Enterre as sobras de material (carvão, brasas e cinza). Não jogue restos da fogueira no rio. Não jogue lixo por aí. As latas de metal, os cacos e garrafas de vidro podem se aquecer ao sol e acabar dando origem às queimadas. Quando for realizar alguma queimada controlada, procure antecipadamente o Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais de Minas Gerais (Previncêndio), que é formado pelo Corpo de Bombeiros Militar, Instituto Estadual de Florestas, Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Polícia Militar, Polícia Civil, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, Prefeitura Municipal e parceiros privados. O Corpo de Bombeiros alerta ainda que os donos de lotes vagos devem evitar colocar fogo para fazer a limpeza do local, porque uma simples fagulha levada pelo vento pode se transformar em um grande incêndio. n

Em caso de princípio de incêndio, ligue imediatamente para o Corpo de Bombeiros, pelo telefone 193.


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jovem

Diga não ao Cyberbullying O cyberbullying é um fenômeno sem rosto

rindo de mim, pessoas da minha cidade, pessoas que conheço, aqui na internet, estou chorando o dia inteiro por causa de vocês”, escreveu Júlia em seu Twitter. A jornalista Viviane Rocha, 29, passou por uma situação desta por expressar sua opinião em uma rede social. “A agressão aconteceu em abril passado e começou com um comentário que fiz na fan page sobre o figurino da cantora Beyoncé em sua nova turnê. Diante do meu comentário negativo em relação às roupas da cantora, veio uma garota do Rio de Janeiro e disse a seguinte frase: “Vindo de uma pessoa com a cara e o cabelo como o seu, só podia ser mesmo. Duvido que tenha dinheiro para ficar feia como ela. Porque se tivesse, não estaria com esse cabelo duro”, conta a jornalista, que ficou indignada com o comentário racista. Viviane chegou a fazer a denúncia por acreditar que as pessoas necessitam ter mais respeito uma com as outras, mesmo que no ambiente virtual. “Fiz a denúncia pelo Disque 100 por um motivo simples, respeito é fundamental. Na internet, todo mundo fica mais corajoso para o bem ou para o mal. No caso dessa garota e de muitas outras pessoas, a rede é um espaço livre, onde se pode falar qualquer coisa sem consequências e muita gente acaba revelando seu lado mais agressivo”, comenta a jornalista que chegou a ir a uma delegacia para registrar um Boletim de Ocorrência. “Quando fui até a delegacia de crimes cibernéticos no Carlos Prates, quase não fui atendida. Um inspetor simplesmente me disse: “Seu caso não vai pra frente, mas, se você quiser tentar... A justificativa foi que, na opinião dele, o fato não caracterizaria racismo e que o delegado seguiria a mesma linha. No final das contas, diante do pouco caso até mesmo pra atender quem chegasse lá, desisti do B.O”, explica Viviane. A psicóloga Roberta explica como os pais podem ajudar os filhos a terem maturidade para lidar com o mundo virtual. “As crianças têm acesso cada vez mais cedo à internet e por volta dos 10 anos já pedem para ter contas em redes sociais. O acesso às redes deve ser monitorado de perto. Em uma conversa franca e respeitosa devem ser estabelecidas, de maneira clara, regras sobre tempo de uso, preservação da privacidade e segurança da família, sobre o risco de pessoas mal-intencionadas, sobre cyberbullying”, reforça Roberta. n terstock Foto: Shut

Qualquer pessoa já sofreu algum tipo de brincadeira de mau gosto por parte dos colegas da escola. Claro, sempre tinha um colega ou outro de quem a “galera” pegava mais no pé. Há um tempo a prática de zombar os colegas foi nomeada de bullying. Pais, professores e psicólogos tentam acabar com essas brincadeiras em sala de aula, já que muitas humilhações têm causado transtornos em quem as sofre. Porém, as brincadeiras da época do colégio estavam restritas àqueles círculos sociais, fora os colegas da própria turma, ninguém mais sabia o que se passava. O que mudou muito esse contexto foi a internet, pois as velhas chacotas pularam também para o espaço cibernético. Na rede os xingamentos são mais ofensivos e se multiplicam em alta velocidade, pois podem ser disseminados anonimamente além de, no espaço virtual, os praticantes raramente serem punidos. A professora de Psicologia da UNA, Roberta Sant´André, explica o que acontece com os jovens que sofrem insultos e xingamentos. “Pessoas que sofrem bullying quando crianças são mais propensas a terem depressão e baixa autoestima quando adultos. Quanto mais jovem for a criança, maior será o risco de apresentar problemas associados a comportamentos antissociais e à perda de oportunidades, como a instabilidade no trabalho e relacionamentos afetivos pouco duradouros”, explica a psicóloga. Roberta comenta sobre esse fenômeno na era digital: “As consequências do cyberbullying são amplificadas, uma vez que as agressões podem difundir-se facilmente e com enorme rapidez, e manter-se infinitamente presentes no espaço virtual. O anonimato possível e facilitado nas comunicações e interações através da internet acarreta novos aspectos e novos problemas. O espaço virtual cria a possibilidade de os agentes agressores nem sequer virem a tomar consciência das consequências dos seus atos sobre as vítimas, o cyberbullying é um fenômeno sem rosto”, comenta. Um dos casos de cyberbullying mais comentados nos últimos tempos na internet é o da menina Júlia Gabrielle de apenas 11 anos, que mora em Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Júlia tinha um perfil normal no Facebook, onde interagia com seus amigos e postava suas fotos. Porém uma das suas imagens foi roubada de seu perfil e virou capa de uma página de humor na rede. Milhares de pessoas curtiram e zombaram de Júlia devido aos seus pelos faciais. A foto chegou a ter mais de 5 mil compartilhamentos com diversos comentários maldosos. “Todas as pessoas estão

Foto: Eugenio Tiago Chagas

Violência | Insultos, humilhação e xingamentos se multiplicam na era da internet


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cidade

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Pedágio e rodízio de carros Trânsito | Com o 3º pior transito do país, BH agora tem novo plano de mobilidade de metrô, ampliação do metrô e ampliação do BRT- MOVE, que ainda está em fase de criação e com prazo de conclusão 2014. Quanto à cobrança de pedágio na cidade e ao rodízio de carros, a BHTrans informou que, por enquanto, não há planos de adoção dessas políticas. O texto oficializa, ainda, a criação do Observatório da Mobilidade, espaço formal para análise de políticas, projetos e resultados da mobilidade urbana em Belo Horizonte, compartilhando compromissos com a sociedade civil. Em nota, a BHTrans alega que o PlanMob-BH será revisado pelo órgão uma vez a cada quatro anos. Publicada na segunda quinzena de agosto, a pesquisa feita pelo Observatório Urbano das Metrópoles, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (Inct), documenta os gargalos no tränsito da capital. Nela, pesquisadores constataram que Belo Horizonte é a terceira pior metrópole do país em mobilidade urbana. As condições de trânsito e deslocamento na região só não perdem para o caos do trânsito no Rio de Janeiro e em São Paulo. No

total, doze metrópoles foram avaliadas. Além das três primeiras colocadas, estão na lista: Brasília, Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre. A pesquisa é resultado de um levantamento feito há quase três anos utilizando dados sobre o trajeto de pessoas até o trabalho e análises dos dados do Censo 2010. Outro estudo recente, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Econômico (IPEA) mostra que em todas as principais regiões metropolitanas brasileiras, entre 1992 e 2009, aumentou o tempo médio de deslocamento de casa para o trabalho. Em geral, aproximadamente 24,2 milhões de pessoas se deslocam diariamente nas quinze metrópoles brasileiras. Destas, 6,8% levam até cinco minutos no trajeto de casa para o trabalho e 39% gastam entre seis minutos e meia hora no mesmo trajeto. Ainda deste total de pessoas, outros 33% gastam entre meia hora e uma hora e, aproximadamente, 21% leva mais de uma hora no trajeto entre sua residência e seu local de trabalho. n

Prioridades do PlanoMob-BH: Deslocamento de pedestres, veículos não motorizados, transporte coletivo. Medidas sugeridas / Plano MOB-BH: Decreto prevê a cobrança de pedágio, rodízio de carros, ampliação do BRT-MOVE, criação de estacionamentos nas estações de metrô, ampliação do metrô. Foto: Lucas Alexandre Souza

A prefeitura de Belo Horizonte agora pode implantar o rodízio de carros, assim como São Paulo, e cobrar pedágio em determinados pontos da capital. Essas e outras medidas foram publicadas no último dia 3, terça-feira, no Diário Oficial do Município. As atividades representam o decreto do Plano Diretor de Mobilidade Urbana, o PlanoMob-BH. O pacote propõe a realização de diversas medidas a fim de melhorar o trânsito na capital até 2030. Com congestionamentos cada vez maiores, Belo Horizonte apresenta uma situação crítica. Nos últimos dez anos a frota da cidade dobrou e em julho deste ano já contabiliza 1,56 milhão de veículos. O decreto 15.317 prioriza alguns pontos a serem abordados no plano. Entre eles, o deslocamento de pedestres, transportes coletivos e veículos não motorizados. Outras alternativas são apontadas no texto como possíveis candidatas a resolver o problema, a longo prazo , dos grandes congestionamentos na capital, tais como a criação de estacionamentos nas estações


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gastronomia

Do tradicional ao expresso A estudante, Maíra Oliveira, aprecia desde o tradicional cafezinho até diferentes variações da bebida

crescente de cafeterias e restaurantes oferecendo cafés de melhor qualidade, é possível prever, para este ano, o aumento contínuo do consumo de café fora dos domicílios. Ainda segundo dados da ABIC, desde 2004 o consumo fora do lar já cresceu mais de 350%. De acordo com a ABCB o Brasil possui cerca de três mil cafeterias. A estudante Maíra Oliveira, 20, afirma não ter o hábito de ir à cafeterias, mas conta que onde vai sempre busca uma xícara de café. A estudante afirma ter sido habituada ao consumo do café tradicional, café coado num filtro de pano ou papel, mas há alguns meses passou a migrar para diferentes formas de preparação da bebida, inserindo aos poucos em seu cotidiano a cafeteira italiana e o expresso. “Faz um tempo que comecei a usar a cafeteira italiana, eu tive um pouco de dificuldade no início pra me adaptar. Acho que às vezes a cafeteira italiana não é muito prática, então não faço sempre, mas eu prefiro o sabor dela ao café tradicional”, explica a estudante. Maíra não aderiu apenas à cafetira italiana. “Eu sou adepta do café, então eu gosto de qualquer café, mas eu prefiro mesmo o expresso, que eu sempre tomo durante meu estágio”, acrescenta. n

tipos de café O barista Robson Bernardo, da cafeteria Santo Grão, explica as diferenças entre os principais cafés consumidos. Com grandes inovações e novas tecnologias, o mercado do café no Brasil mantém o passo rumo à franca ascensão. De acordo com dados da Associação Brasileira de Café e Barista (ABCB), cada brasileiro consome, em média, seis quilos de café por ano, o equivalente a 83 litros. O número de adeptos da bebida continua crescendo, e, com ele, suas variedades e inovações. Muitas empresas já perceberam o grande potencial desse público e oferecem diversos produtos para suprir esse mercado ávido por novidades, apresentando aos mais diferentes paladares possibilidades para se deliciar com a bebida. Um dos itens que está cada vez mais presente no cotidiano são as cafeteiras italianas (Moka), além do equipamento, o número de domicílios com máquinas de café expresso, também está em alta. As variedades do café se estendem aos refis dessas cafeteiras, que são encontrados em sachês e cápsulas. Os primeiros apresentam opções que vão desde o café tradicional, passando pelo descafeinado, até chegar aos aromatizados, com sabores como avelã, chocolate, damasco, cereja, menta, amêndoa, canela, entre outros. As cápsulas, por sua vez, são produtos oferecidos pela Nespresso, que se adéquam apenas às cafeteiras da marca, e oferecem 16 opções de café puro, com distinções nos grãos, como picantes, amadeiradas e frutadas. Essa migração do tradicional cafezinho para os cafés expresso representa uma tendência, é o que aponta Helga Batista, diretora da Associação Brasileira de Café e Barista (ABCB). “A preferência crescente pelo café expresso pode ser atribuída à praticidade do seu preparo, que é realizado individualmente e de forma rápida. Além disso, por ser um método que exige maquinários robustos e um profissional capacitado para seu preparo, o Barista, o café expresso é comumente associado com sofisticação e qualidade”, explica a diretora. O presidente da Associação Brasileira da Indústria

do Café (ABIC), Takamitsu Sato, ainda aponta outro fator preponderante para a disseminação dessas novas formas de preparar o café. Segundo Takamitsu é perceptível um aumento na demanda por formas de preparação em monodoses, isto é, cafés preparados para uma única xícara. Como, por exemplo, os expressos, cafés em sachês e cápsulas, e os serviços de preparação em coadores e filtros, que rendem uma única xícara. O presidente destaca que essa é uma tendência importada dos EUA e que se dissemina rapidamente no Brasil. Dessa forma, justifica-se o aumento gradual, mas lento, dos cafés gourmet e o uso crescente de máquinas de café domésticas. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC) a estimativa é de que atualmente sejam 850.000 unidades de cafeteiras elétricas nos lares brasileiros. O estudante Luís Eterovick, 25, um grande adepto da bebida, afirma que também participa desse processo migratório. Sendo um aficionado por café expresso, bebe, atualmente, de 3 a 5 vezes por dia. “Tenho mais costume de tomar o café expresso puro, mas também gosto de todas as bebidas que podem ser feitas com ele, como os cappuccinos, que adicionam leite cremoso. Geralmente bebo um lungo pela manhã, um expresso bem forte após o almoço e um descafeinado à noite”, conta Luís. O estudante afirma não abrir mão do expresso preparado através de cápsulas, e já tem seu favorito. “Gosto de quase todos, mas o meu preferido é o Indriya, um café indiano bem forte”, diz Luíz. Para ele o café proporciona um prazer que vai além do sabor. “Gosto de usar xícaras transparentes, para ver a camada de espuma, quando expresso, ou as várias camadas do cappuccino. Não adoço o café, apenas o cappuccino”, elucida o apaixonado pela bebida. O presidente da ABIC afirma que com um número

Ristretto Servido na xícara de 50 ml. Considerado o néctar do café. É extremamente encorpado se bem extraído. Expresso Servido na xícara de 50 ml. Encorpado. As características do café (sabor e aroma) ficam em evidëncia. Café Carioca Servido na xícara. 15 ml de café diluído em 15 ml de água quente. Café Americano Servido em xícara grande (180 ml). Um espresso (35 ml de café) diluído em 150 ml de água quente. Cafés com Leite Mocha ou Moccacino Servido no copo ou taca acima de 220 ml. Um drink doce e cremoso. Macchiato Servido em xícara de 50 ml. A crema do leite suaviza o sabor do espresso. Latte ou Média Servido na xícara de 150 a 180 ml. Um pouco menos cremoso que o cappucino e mais sabor de leite do que o café Cappucino. Mistura de 1/3 de café, 1/3 de leite e 1/3 de crema de leite. Possui espuma mais densa e cremosa. No Brasil, há o hábito de acrescentar canela ou chocolate.

Foto: Shutterstock

Foto: Lucas Alexandre Souza

Comportamento | As pessoas estão consumindo cada vez mais os cafés gourmets


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turismo | cristina ho

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Bela e incomparável Foto: Arquivo pessoal / Cristina Ho

Escócia | primeira parte de uma série de 3 matérias sobre este país misterioso e encantador

Cristina Ho é natural de Taiwan, aos oito anos de idade veio para Brasil com sua família. Já viajou para mais de 25 países e coleciona experiências memoráveis de cada lugar por onde passou. Conhecer lugares diferentes, experimentar novas culinárias e interagir com outras culturas: são os melhores presentes da vida para ela! Amplie seu horizonte e embarque nessa viagem conosco.

Situada no Reino Unido, a Escócia é linda de norte a sul. A começar pela delicada capital Edimburgo, que ostenta o belíssimo castelo do mesmo nome. As imponentes montanhas dão muito charme à paisagem das Terras Altas (as Highlands), onde está o Inverness, com seu lindo castelo do século XIX. A Escócia é um destino fascinante. Acompanhe-me nessa jornada! A capital Edimburgo é uma das mais belas cidades do norte da Europa. Sua história e tradição são tão bem preservadas que temos a sensação de voltar no tempo. A arquitetura medieval enche os olhos, o famoso uísque escocês desperta o paladar e a gaita de fole completa este cenário encantador. O monumento que chama atenção do turista logo que se chega à cidade é o castelo de Edimburgo. Localizado no alto de uma colina é impossível passar despercebido. Essa antiga fortaleza domina a silhueta da capital, mas somente uma parte dela é aberta à visitação. Vale a pena entrar e conhecer o castelo, mas antes aprecie a vista da cidade do alto da colina. Que tal conhecer as antigas histórias de Edimburgo? Então percorra as closes da Royal Mile, que são passagens estreitas que unem ruas paralelas afastadas pelos quarteirões megalômanos, que bordejam a Royal Mile. Elas são a alma de Edimburgo de outrora. A mais famosa é a Mary King’s Close, que se encontra

turisticamente muito bem aproveitada. É possível fazer uma visita guiada pela cidade subterrânea de outros tempos e ouvir as histórias contadas pelos guias vestidos com trajes de época. Outro ponto interessante é o Palácio de Holyrood. Fundado em 1128 por David I da Escócia, foi inicialmente um mosteiro. Desde o século XV serve como principal residência dos Reis e Rainhas da Escócia. Sua majestade, a Rainha Elizabeth II, usa regularmente o palácio como sua residência oficial. O nome vem do termo escocês “Haly Ruid” que quer dizer Cruz Sagrada. Após conhecer seu interior, vá para as ruínas da Abadia de Holyrood que é uma construção do século XI. Se ainda sobrar um tempinho, não deixe de visitar e apreciar os jardins do palácio. Uma vez na Escócia, fiz questão de conhecer a gastronomia típica que atende pelo nome de Haggis. O prato tradicional escocês é, na verdade, miúdos de carneiro condimentados e farinha de aveia. Confesso, é um pouco pesado para meu gosto, mas por ser uma viajante bastante curiosa, inclusive e especialmente no quesito culinária local, estou sempre aberta às novidades! n Na próxima edição continuaremos pelo interior da Escócia, prepare seu fôlego para subir as montanhas. Não perca!

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matéria de capa

Eles têm a força Fotos: Arquivo pessoal / Força do Bem

Solidariedade | O projeto filantrópico fundado e desenvolvido no Belvedere comemora 5 anos

A voluntária Stephanie Robbe ajuda o Força do Bem a descontrair crianças atendidas no Núcleo Assistencial Caminhos Para Jesus

Uma carreata com a presença de palhaços, princesas, super-heróis e personagens da literatura infantil. Em clima de descontração essas e outras figuras inusitadas partem da casa da esteticista e moradora do Belvedere, Cristina Pedras, 37, rumo a hospitais, creches e instituições de apoio social. Centenas de crianças, adolescentes e idosos recebem o conforto dos voluntários através de brincadeiras e atividades recreativas. Além da descontração proporcionada pelo grupo, durante as visitas são realizadas doações de bens essenciais, como material escolar, agasalhos, artigos de higiene e alimentos. “Todo mundo sai fantasiado para as visitas. Tem mágico, tem tudo. Eu sou a Emília. Sempre que vamos, nós saímos brincando com as crianças no meio da rua. É uma experiência realmente maravilhosa”, conta Cristina, uma das fundadoras do Força do Bem. A trupe possui um número variável de voluntários, cerca de 70 deles se revezam nas visitas. No final, de forma direta ou indireta, o grupo recebe a colaboração de cerca de 500 pessoas. A iniciativa desenvolve projetos que se constituem nas visitas e arrecadações, em diferentes datas comemorativas, como Natal, Páscoa e dia das crianças. Outros são motivados, ainda, por demandas excepcionais. Como foi o caso da campanha de doação de medula “5 ml de esperança” promovida pelo projeto em 2009. “O pessoal do Belvedere participou muito. No fim da campanha, os moradores realizaram uma doação que contou com 1.032 doadores”, relembra Cristina. A campanha “5 ml de esperança” foi desenvolvida

a partir do desejo dos pais do garotinho Arthur, com 2 anos na época, de encontrar um doador para a criança diagnosticada com leucemia. A iniciativa foi apoiada pelo Força do Bem, que se mobilizou através de ações nas ruas e na internet. Mas apesar dos esforços do grupo e da contribuição dos voluntários, infelizmente o garoto veio a falecer em 2011, aos 5 anos. A fundadora lamenta a morte da criança, mas ressalta que apesar da vida de Arthur não ter sido salva, os esforços realizados não foram em vão. “Aqui, nós falamos que ele é um anjo. Porque muitas pessoas conseguiram a transfusão através da campanha que fizemos para ele. Nós não temos nem noção de quantas pessoas foram ajudadas. Só sabemos que foram realmente muitos os que receberam essas doações”. O apoio dos moradores do Belvedere tem se mostrado essencial para a divulgação e realização das ações do grupo. “É uma coisa bem do bairro mesmo. Alguns lojistas deixam a gente colocar folhetos nas portas das lojas. Desse jeito, nós chamamos o pessoal para ajudar nas doações que estamos realizando, como campanhas do agasalho e de livros.” A variação da quantidade de voluntários, entre uma iniciativa e outra, impossibilita determinar o número de participantes do grupo. No entanto, ela avalia que grande parte desses voluntários são moradores do bairro. “Dentre os voluntários, muitos do Belvedere participam do projeto, mas não quer dizer que todos sejam de lá. O Força do Bem é muito conhecido no bairro, por isso

muitas pessoas daqui ajudam, sejam com doações financeiras ou como voluntários.” O projeto foi fundado em 2008, após uma visita realizada pela amiga de Cristina, Carol Basile, e um grupo de amigos aos pacientes Hospital da Baleia. A turma então realizou uma mobilização através da internet e desde então o Força do Bem vem angariando novas pessoas para auxiliar no programa. Carol Basile reitera que todos podem ajudar. “Todo mundo pode doar algo, alguns doam brinquedos, outros doam roupas e nós doamos também nosso tempo”. Os trabalhos são realizados na capital e também no interior. Aos 37 anos, o advogado e morador do Belvedere, Gustavo Monção, conta que visita, através do projeto, as instituições carentes fantasiado de palhaço. Segundo ele a sua opção pelos trajes de palhaço começou há pouco mais de um ano, quando aceitou o convite de um amigo, membro do projeto, para participar das visitações. Ele conta que a melhor parte do projeto é poder proporcionar alegria e descontração às pessoas, principalmente àquelas que passam por situações delicadas. “Esse voluntariado é uma graça, faz muito bem à gente”. Para Gustavo, o prazer de ajudar o próximo gera, no entanto, mais encargos do que pode parecer. “O trabalho não se resume à visita. Temos de fazer arrecadações durante todo o ano. Levantar fundos, adquirir cestas básicas, contribuir em campanhas de alimentação. A visita é a parte fácil, o difícil é ficar nos bastidores”, pondera o advogado. Além desses


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compromissos, o grupo ainda tem de alcançar fundos para cobrir os gastos da obtenção de materiais doados às instituições, bem como a própria maquiagem e fantasias do grupo. Também são necessários os materiais utilizados pelos voluntários para divertir as crianças. Para Gustavo cada visita tem uma história, além dos problemas físicos ou psiquiátricos de alguns dos pacientes assistidos, alguns sofrem por problemas de descaso social. “São sempre casos comoventes. Em algumas unidades vemos crianças com 12, 13 anos, com arcada dentária completamente comprometida. Crianças cegas. Tudo isso mexe muito com a gente. A vontade que dá é de embalar, colocar no colo, levar pra casa e tomar conta”. Apesar do apelo social muito grande e da necessidade de apoio ao projeto, o Força do bem não recruta mais voluntários para visitas. Segundo a publicitária e voluntária, Isabella Novais, 27, motivo é a falta de uma sede para o grupo, o que inviabiliza o crescimento efetivo do projeto. No entanto, ela afirma que a ajuda de parceiros poderia alavancar o programa, e auxiliaria o grupo a atingir o patamar de ONG. Ela lembra que os voluntariados, presenciais ou financeiros, não se restringem aos atos de realizar as visitas às instituições beneficentes, podendo ser estendidos à participação em campanhas, como doação de sangue para o Hemominas.

matéria de capa

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Cris Pedras, de Emília e Bruna Braccini, de Minnie também levam a alegria da Força do Bem aos asilos

Uma oportunidade de ajudar No dia 12 de outubro, dia das crianças, o Força do Bem comemora cinco anos de projeto. Nesse aniversário, o grupo está organizando uma feijoada para arrecadar dinheiro para as instituições filantrópicas. Os ingressos serão vendidos pelos voluntários. O grupo ainda realiza, na data, a Campanha de Arrecadação de Livros Infantis e Juvenis (novos ou usados), que serão arrecadados até o dia 10 de outubro. A meta da instituição é arrecadar dois mil livros. Seguindo a expectativa da Campanha de arrecadação de ovos de páscoa, quando o time de voluntários conseguiu arrecadar três mil ovos de chocolate para crianças em creches e hospitais. A voluntária Isabella Novais ressalta que a campanha abrange também os adultos. “O objetivo é arrecadar livros infantis e juvenis, mas estamos recebendo livros adultos também”. n

Luiza Guimarães, de fada, e Cris Pedras, fantasiada da personagem Emília, visitam crianças no Núcleo Assistencial Caminhos Para Jesus

Postos de Arrecadação de livros para doação Academia Alta Energia (São Bento), Academia Corpo Brasil (Belvedere), Loja Jabuti Kids (Sion), Academia Circuito Vida (Caiçara), Academia Club Fitness (Cidade Nova e Pampulha), Rede de restaurantes Bem Natural (Barro Preto, Afonso Pena e Savassi), Floresta Grill (em frente ao Colégio Batista).

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entrevista

Nos extremos da vida Fotos: Lucas Alexandre Souza

Design | Roberto Vascon conta sua história de vida retratada em biografia

Eli Roberto Vasconcelos Matos, o Roberto Vascon, nasceu em Raposos, a 35 km de Belo Horizonte. O filho do meio, entre os cinco de Terezinha Vasconcelos Matos e Edson Matos. Teve uma infância muito pobre, começou a trabalhar aos CINCO anos para ajudar a família. Devido à morte do pai, aos DOZE anos mudou-se com a família para Belo Horizonte, onde foi convidado pelo Palácio das Artes a dançar balé. AOS DEZESSETE anos foi para o Rio de Janeiro para seguir o seu grande sonho de ser ator. Depois de CINCO anos lutando, desistiu de tudo e foi tentar a vida em Nova Iorque. Sem dinheiro, a alternativa foi dormir num banco do Central Park. Catando latinhas para sobreviver, já não aguentava mais aquela vida e pediu a Deus que lhe desse uma luz ou que lhe tirasse da festa. Teve um sonho lindo em que pássaros se transformavam em bolsas. Em uma semana se tornou o designer mais falado dos Estados Unidos. Uma pessoa espirituosa e de muita fé, soube ser humilde nos dois extremos da vida, na riqueza e na pobreza. “Nos momentos mais difíceis eu começo a rir, pois eu sei que Deus está me testando. Porque a tempestade é sinal de bonança”, conta Roberto Vascon, o famoso designer de bolsas que lança o seu primeiro livro, escrito pelo biógrafo Elias Awad. Como foi a sua infância? Minha infância foi bárbara, nasci em Raposos, que fica a 35 km de Belo Horizonte. Nasci em um barracão de um cômodo, onde moravam sete pessoas: meus irmãos, meu pai e minha mãe. Com cinco anos eu comecei a trabalhar, tinha que ajudar meus pais, a gente era pobre mesmo, pobre de marré de si. Comecei a vender colorau, eu mesmo fazia e eu mesmo vendia, e com aquilo conseguia comprar alguma coisa e levar um dinheirinho para casa. Fiz isso até os sete anos, com essa idade comecei a comprar ferro velho na rua, tinha um carrinho onde eu levava o ferro velho. Então com doze anos o meu pai morreu, e eu me mudei para Belo Horizonte. A vida foi dificílima para minha mãe e para a gente. Aos treze anos saí para procurar emprego, mas a única coisa que consegui foi ser convidado pelo Carlos Leis, fui dançar balé com treze

anos. Completamente fora do meu know-how, afinal eu comprava ferro velho, né? Fiquei dançando lá um tempo, mas não era fichado lá nem nada, era convidado mesmo. Eu era o único homem com menos de dezoito anos que dançava balé, dancei até os dezessete anos, quando o exército me chamou para servir. Fiquei um ano e três meses no quartel, sai de lá e achei ótima a experiência. Mas eu não queria mais dançar. Eu queria ser ator, então me mudei para o Rio de Janeiro, morei por lá uns cinco anos. Um dia eu vi que o Rio não iria dar nada, não estava conseguindo nada na área de televisão e de teatro. Foi quando eu resolvi ir embora do Brasil. Juntei as minhas coisas e vazei. Fui embora, e fui cair em Nova Iorque. Como foi viver em Nova Iorque? Nova Iorque foi bárbaro, mas não tinha lugar para

eu viver. Fui morar no Central Park, no banquinho, eu chegava lá e deitava, fiquei assim quatro meses, até o dia que eu tive um sonho. Foi um dia que eu estava muito cansado da vida, e falei com Deus para me dar uma luz ou me tirar da festa. Quando eu acordei me lembrei do sonho que tive: chegavam milhares de passarinhos na árvore, eu balançava o tronco e voavam bolsas. Fiquei louco com aquilo. Então juntei 80 dólares, das latinhas que eu catava, fui a uma loja e comprei uma pele de couro, linha, tesoura e agulha. Fiz doze bolsas e coloquei para vender. Minha primeira cliente foi a editora de moda da New York Times, ela passou, olhou e gostou. Isso foi numa terça-feira, na sexta ela me chamou para conversar e no domingo saiu a matéria. Eu nunca tinha feito uma bolsa, nada, absolutamente nada, eu queria ser ator. No domingo saiu a matéria e eles me chamaram de “Mágico do


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entrevista

Couro”, porque eu fazia maravilha com o couro. Eu nunca fui à escola, e as pessoas perguntavam onde eu aprendi a fazer. Aprendi desta forma, voltando no meu sonho, imaginando as bolsas e fazendo. E como foi sua vida depois dessa matéria? Bom, num dia eu estava dormindo no central Park e no outro dia eu estava dormindo em um hotel bacana. Um mês depois eu já tinha a minha primeira loja em Nova Iorque. Eu sou muito determinado e tenho muita fé, e vi que era um caminho que eu gostava. Um mês depois, com a loja aberta, tinha mais de 1.500 matérias sobre o meu trabalho. Eu fui o designer mais falado dos Estados Unidos naquela época. Toda revista que você fosse comprar na banca tinha meu nome, foi aí que a televisão começou a se interessar, fiz muito programa de televisão. O negócio foi dando certo e eu abri sete lojas. Eu fechei as minhas lojas em 1993, depois de muito sucesso e muita grana, porque eu tinha o sonho de fazer uma viagem de volta ao mundo. Com o dinheiro eu iria ajudar as pessoas que não tiveram a mesma sorte que eu tive. O meu sonho era ter cultura e por isso visitei 128 países. Em cada país que eu fui, contratei um professor de História, para poder me dar aula sobre o país dele e a cultura daquele lugar. Geralmente eles me indicavam alguém que queria estudar e eu ajudava a pagar. Ajudei muita gente a melhorar de casa e sair da favela, ter uma oportunidade. Fui fazendo isso até o dinheiro acabar cinco anos depois. Aí eu voltei para Nova Iorque e fui dormir na rua de novo. Mas com uma bagagem gigantesca de cultura e era isso que eu queria. Ninguém tinha mais do que eu, eu estava feliz da vida. Dinheiro não é tudo na vida. Só que aí alguém me viu dormindo lá no banquinho e me reconheceu, e era uma jornalista do New York Times, aí fizeram uma página comigo e eu voltei. Assim eu voltei para a mídia, na época tinha mais televisão que revista e comecei a fazer televisão. Fui à NBC, à BBC, à CNN internacional e assim a minha vida mudou de novo, virei celebridade de televisão nos Estados Unidos. Contando a minha vida, que era o que todo mundo queria saber, sobre essa vida louca de nunca ter ido à escola, de ficar rico e devolver tudo para Deus, de dormir na rua de novo e me descobrirem outra vez. E nisso tudo eu fui muito convidado para fazer palestras em empresas, para os funcionários, para levantar o astral deles. E hoje é com isso que eu também ganho dinheiro, fazendo as minhas palestras Brasil afora.

uns eram muito pobres, outros eram muito ricos, uns eram mais ou menos, outros eram divididos. Então de todo lugar que eu fui eu extraí alguma coisa que levo hoje na minha vida.

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já ponho para vender. Eu não tenho esse negócio de desenhar no papelzinho, tenho horror a isso. Eu acho que quando fala a palavra “criar” é criar mesmo, não é copiar. Meu trabalho é muito em cima do “agora eu vou fazer e vai ficar bonito”, e eu vou embora e as mulheres adoram. Não tem hora, nem dia nem nada, normalmente é á noite, porque de dia eu sou muito ocupado. E o barulho da fábrica é gigantesco. Que tipo de mulher usa suas bolsas? Hoje é engraçado, tem garotas de quinze anos que vêm aqui comprar bolsa e tem mulheres de oitenta. Então estou meio que agradando essa leva de gente aí. Porque cada um gosta de um jeito, cada um quer de uma forma, e eu não repito as bolsas. Então a meninada de hoje está querendo essas bolsinhas para ir para a balada, para sair. A maioria das minhas clientes tem entre trinta e cinquenta, mas eu atendo todas as idades.

As bolsas de Roberto Vascon são feitas a mão, e os modelos são quase todos exclusivos.

Roberto brinca com o banner de lançamento da sua biografia “Nas asas de um sonho”

E como foi viajar o mundo? Faria tudo de novo, colecionei um monte de “Muito obrigada”, de “Vai com Deus”, de “Nunca mais vou te esquecer”, muitos sorrisos e muitas lágrimas. E isso que foi o mais bacana de tudo. Qual lugar você mais gostou de conhecer? Eu amei a Índia, mas foi um país que me deixou muitas saudades. Saudades das pessoas que encontrei, da cortesia do ser humano, das crenças deles, que são maravilhosas. Foi maravilhoso, foi deslumbrante. Viajei mundo afora, passei por muitos lugares. Eu não posso falar que um lugar é melhor que o outro, porque eu acho que Deus fez uma festa que chama mundo, então em todo lugar eu sentia a presença de Deus. Cada lugar tinha as suas belezas,

E como é o seu processo criativo? Eu não tenho isso, porque eu não sei desenhar, né? Eu não sei desenhar nada. Eu sei começar do zero, pego uma pele de couro, corto uma coisa da minha cabeça, vou cortando e costuro. Se deu um erradinho, eu já sei onde eu vou corrigir, na próxima eu já vou embora e

Qual é o sentimento de ver famosas como a Madonna usando suas bolsas? Não tenho sentimento nenhum, não tenho tesão com gente famosa. É porque elas vão me usar, vão usar outros estilistas da mesma forma, elas descartam a gente como se fôssemos nada. Elas não são fiéis à marca, elas não me enlouquecem não. O que me enlouquece é o que aconteceu outro dia quando eu estava no Belvedere, no shopping, eu estava andando e uma mulher me viu e me reconheceu. E ela me parou e perguntou: Você é o Roberto Vascon? Eu disse “sou” e aí ela me mostrou a bolsa que estava usando, que era minha. Ela disse “Vou te contar uma coisa, não sei o que é que você tem, que energia louca é essa, mas eu não consigo mais largar a sua bolsa. Eu fiquei sabendo da sua história de vida, e é assim, eu não largo sua bolsa mesmo”. Então são essas as famosas que eu gosto, as que voltam e compram outra bolsa. E eu acho isso muito mais legal que uma celebridade que pega tira fotos e some da sua vida. E essas clientes ficam, elas querem a próxima coleção e a próxima e a próxima. São essas que eu vanglorio muito.

Como surgiu a ideia do livro? Eu já fui a todos os grandes programas do Brasil, eu tenho 14 mil mídias catalogadas. No ano passado foi a vez da Record que veio fazer uma matéria sobre um assalto que eu sofri, uma coisa horrorosa, e no meio disso tudo contaram minha história de vida. Eu estava me reerguendo de novo no Brasil. Alguém em São Paulo escutou, era um editor, dono de uma editora chamada Novo Século, lá de São Paulo. Ligou-me e explicou que ele queria contratar um biógrafo para morar comigo por cinco meses, é um biógrafo super famoso chamado Elias Awad. Ele só escreve biografia de gente top. E esse cara apareceu aqui um dia, me pagaram por minha história. Ele ficou aqui cinco meses captando histórias, foi para Raposos e entrevistou mais de 50 pessoas na rua perguntando sobre a minha infância. Foi embora para São Paulo tem sete meses, e o livro acabou de chegar. Eu li morrendo de medo de ler, sempre que eu leio eu choro muito porque me faz voltar ao meu passado. Durante esse ano todo eu tenho revivido muito a minha história e muito violentamente, porque eu tive que contá-la exata para ele. É muito pirante ter um livro, eu não sabia que seria tão difícil. n


moda |

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Isadora vargas

Mini me Fotos: Divulgação

Tendência | Quanto menor o tamanho, mais bonita e cheia de estilo é a bolsa

Que a tendência “maxi” no mundo fashion teve seus dias de glória, ninguém pode questionar. A ditadura das maxibags, aquelas bolsas que cabem de tudo dentro e mais um pouco e foram, por muito tempo, motivo de desejo das mulheres mais antenadas. O que não se esperava era que as desejadas bolsas fossem passar por uma “conversão” de tamanho tão brusca. Nessa temporada, elas estão mais “magras” e aparecem arrasando pelas ruas e passarelas num “shape” total “skinny”. As grifes que ditam moda a cada mudança de estação têm dado grandes sinais de que as minibags vieram pra ficar. Chanel, Prada, Louis Vuitton, Hermés, Balenciaga dentre outras marcas de luxo têm apostado tanto em novos modelos de it minibags quanto reproduzido alguns de seus modelos mais famosos e cobiçados em miniatura. Tal novidade tem chamado a atenção de toda a indústria da moda que, diga-se de passagem, já está investindo e apostando na tendência.

isadora.vargas@urbhano.com.br

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As minibags, além de fofas e descoladas, acrescentam um charme peculiar em qualquer look. Desenhadas e “projetadas” para serem usadas durante o dia, se engana quem acredita que bolsa pequena é sinônimo de balada, jantares e ocasiões noturnas. Muitas delas são a tiracolo, mas por influência das it girls, a preferência das seguidoras da moda é usar a bolsinha na lateral, dando um caimento bastante jovem e despojado. Com o final da temporada de desfiles internacionais é possível afirmar que, em matéria de acessório, as minibags vão sacudir a poeira e fazer muito barulho. A vantagem é que as melhores marcas possuem opções diversificadas que vão de passeios a baladas, adequando-se a qualquer estilo. A queridinha é perfeita pra quem morre de preguiça de carregar aquelas bolsas enormes e pesadas. Dentro dela vai só o essencial, o que acaba sendo um ótimo exercício para se definir o que é realmente necessário, já que, as mulheres, em geral, tendem à carregar o mundo na bolsa. Portanto, adquirir uma dessas fofuras é essencial e vale lembrar que, por serem pequenas, o preço é convidativo, bem mais em conta. n


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cultura

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Giuseppe Verdi em BH Foto: Divulgação

Clássico | Concerto homenageará um dos maiores compositores de óperas do mundo

Dias 02 e 03 de outubro (quarta e quinta), às 20h30, no Teatro Sesi Minas. Ingressos a 60 reais (inteira) e 30 reais (meia), à venda na bilheteria do teatro Sesi Minas (R. Padre Marinho, 60 - Santa Efigênia), Lojas Kelch Bijouterias (R. Juvenal de Melo Senra, 385, Belvedere e Av. Bandeirantes,1299, loja 18, Sion) e na Paróquia Nossa Senhora Rainha – Rua Modesto Carvalho Araújo 227 – Belvedere.

O bicentenário do compositor italiano Giuseppe Verdi será celebrado em evento na capital mineira. No concerto “Verdi 200 Belo Horizonte”, com duas apresentações, Matheus Pompeu sobe ao palco do Teatro Sesi Minas, junto às premiadas sopranos Fabíola Protzner (MG) e Laila Oazem (RJ), e à pianista convidada da Filarmônica mineira, Thelma Lander (SP), para interpretar obras consagradas do compositor. O evento promete agradar os estudiosos e amantes da música clássica, e também pessoas que nunca ouviram falar sobre o compositor antes. Verdi ultrapassa os limites do gênero, e suas músicas já estão enraizadas na cultura popular, muitas pessoas se surpreenderão ao reconhecer alguns de seus temas no palco. Este é o caso de “La donna è mobile”, de Rigoletto, “Va Pensiero”, do Nabucco , “Libiamo ne’ lieti calici” (Valsa do Brinde), de La Traviata e a Marcha Triunfal, de Aida. De acordo com o tenor Matheus Pompeu, idealizador do evento, além da homenagem a Verdi, um dos grandes objetivos do concerto é promover o canto lírico e a música clássica. “Mesmo os leigos, sem conhecimento técnico ou histórico deste gênero musical, podem se emocionar e viver momentos únicos a partir da música erudita. Mas para isto é preciso ter a oportunidade de conhecê-la. É isto que eu busco com esse concerto em Belo Horizonte”, comenta.

Matheus Pompeu Matheus Pompeu foi aluno de Mauro Chantal, professor da escola de música da UFMG, e recebeu orientação do Maestro Luís Aguiar, do teatro Palácio das Artes (MG). Atualmente trabalha com Ricardo Ballestero, formado pela Academia de música Juilliard, de Nova Iorque, e diretor de canto da Faculdade de Música da USP. Já participou de masterclass com professores de renome internacional, entre eles Neyde Thomas e o maestro Vincenzo Manno, em Milão (ITA). Em setembro de 2010, Matheus Pompeu foi solista convidado do I Congresso Internacional de Arte Sacra, no Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro, sob a direção musical do Padre Luís Henrique Eloy, solista das liturgias papais da Basílica de São Pedro, no Vaticano. No ano de 2011 Matheus foi semifinalista do 9° Concurso Internacional de Canto Lírico Bidu Sayão. No mesmo ano foi selecionado por Luca Targetti para participar dos exames de admissão à Academia Lírica do Scala de Milão. Em 2013 o jovem tenor iniciou uma série de recitais pelo interior de Minas Gerais junto à soprano Fabíola Protzner e à pianista Thelma Lander, com o objetivo de promover o canto lírico e a música clássica. n

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esporte

Sem barreiras Fotos: Harumi Ykama

Superação | Apesar da falta de patrocínio, paratletas esbanjam talento em vários esportes

A tetraplegia não foi impedimento para os jogadores da equipe Minas Quad Rugby de conquistarem o 3º lugar no campeonato brasileiro em 2012

Campeonato Brasileiro. Eu topei de imediato. A criação dessa categoria trará benefícios para toda a comunidade escaladora e também servirá de incentivo para que novos paratletas surjam por aqui”, comemora o competidor. Raphael tem viajado por todo país para conhecer novos lugares para escalar e por meio de um blog (http://escalango.com) o paratleta registra as suas aventuras e incentiva pessoas com deficiência física no esporte. Ele declara a paixão pela escalada, mas se diz preocupado com a falta de incentivo para o esporte paraolímpico. “A principal dificuldade é a falta de patrocínio, poucos paratletas conseguem se dedicar exclusivamente ao esporte! Eu não tenho patrocínio e sim alguns apoios de empresas ligadas ao esporte outdoor e à escalada”, desabafa. Fotos: Divulgação

Substituir o conceito de atleta com deficiência por atleta de alto rendimento. É dessa forma que Rafael Shinamura, 31, e muitos outros atletas paraolímpicos acabam com o estigma em torno da prática de esportes por pessoas com mobilidade reduzida. Nem o trabalho numa grande empresa de T.I. (Tecnologia da Informação), nem a limitação física, foram capazes de afastar Raphael de fazer escalada. O jovem tem a locomoção dos quatro membros comprometida pela distonia muscular, um grupo de doenças caracterizadas por espasmos musculares involuntários que geram movimentos e posturas anormais de determinada parte ou de todo o corpo, dificultando muito a sua locomoção. Em alguns casos a doença chega a impedir o paciente de andar. Raphael pratica escalada desde 2007, além de outras modalidades, como a escalada de competição, e boulder (escalada sem equipamentos). Hoje ele é vice-campeão mundial de Paraclimbing, tendo conquistado a medalha de prata na França no ano passado. Também em 2012, foi eleito o atleta do ano pela revista brasileira Go Outside. Além da prática do esporte, ele também ministra palestras motivacionais e produz um blog. Raphael afirma que seu esforço para arrecadar fundos para concorrer na final foi a fase mais estressante de sua carreira. Para atingir seu objetivo Rafael vendeu rifas, camisetas e adesivos, tudo isso somado à necessidade de conciliar o trabalho e treinos, mas ele afirma que no fim tudo valeu a pena. “Essa conquista foi algo que me marcou muito, saber que eu fui o primeiro brasileiro a chegar às finais e ainda trazer uma medalha do Campeonato Mundial me traz muito orgulho. Sinceramente, apesar de sempre treinar para ganhar, eu não tinha nenhuma pretensão de conseguir um resultado tão expressivo em meu primeiro Mundial”, lembra. Em 2011 Raphael fundou o Projeto Paraclimbing Brasil, uma iniciativa inédita no país, que divulga a escalada e promove a inclusão de pessoas com deficiência física no esporte. “No meu primeiro campeonato em 2011 não existia o Paraclimbing no Brasil. Em 2012 a organização entrou em contato comigo para a criação da categoria e para saber se eu participaria do

Com comprometimento nos quatro membros, o paratleta Raphael Nishimura se tornou vice-campeão mundial em paraclimbing em 2012

Quad-rugby Após viver desafios similares ao de Raphael, o tetraplégico Marcel Souza decidiu se dedicar ao Quad-rugby, uma adaptação do Rugby para pessoas com alto grau de deficiência. Nessa modalidade, cada jogador recebe uma pontuação de acordo com o grau de deficiência, variando de 0.5 (maior deficiência) a 3.5 pontos (menor deficiência). As equipes são formadas

por quatro atletas e não devem ter a soma dos jogadores maior do que oito pontos. Utiliza-se quadras de tamanho oficial de basquete e bolas semelhantes às de vôlei. Os jogadores podem usar qualquer tipo de proteção para as mãos; sem nenhum tipo de material que possa ser perigoso para os outros jogadores, tais como materiais duros ou ásperos. Marcel decidiu estender os benefícios de sua experiência a outras pessoas e fundou, em abril de 2011, a Associação Esportiva de Minas Gerais de Quad-rugby. O esportista, que possui locomoção dos quatro membros comprometidos, é hoje presidente da associação e conta que a instituição enfrentas muitos desafios para se manter ativa. Isso devido ao alto custo dos materiais e da ausência de incentivos por parte da iniciativa privada. “Tem gente que está chegando pra praticar, mas não tem material. Além disso, não temos nenhum financiamento para realizarmos as viagens para os jogos. E a gente precisa de apoio pra que possamos continuar o projeto”, elucida o presidente. O projeto iniciado por Marcel alcança, hoje, vinte pessoas, todos tetraplégicos. A atividade física estimula os praticantes a seguirem em frente com suas vidas, pois, apesar da limitação, o jogador é incentivado a superar os seus limites e buscar o constante aperfeiçoamento. Portanto, o projeto não se limita à prática esportiva, mas vai além, desempenhando verdadeira função social. Em virtude disso, a Associação passou a integrar o Projeto Superar, iniciativa do município de Belo Horizonte. O Minas Quad Rugby é a única equipe da modalidade no estado de Minas Gerais, e em 2011 disputou três campeonatos. No ano passado o time alcançou a inédita terceira colocação no Campeonato Brasileiro de Quad-rugby. Apesar do grande empenho do time, e do auxílio obtido através do projeto Superar, o grupo vem enfrentando dificuldades para participar dos campeonatos, pois necessita de recursos para transporte, hospedagem e rouparia. n Quem deseja apoiar o time pode ligar no número 9305-5067 ou contatar Marcel Souza através do e-mail: marcelcfsouza@gmail.com


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crônica

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Passou ao lado do mendigo e, sem olhar, tirou a nota de dois reais da carteira e jogou displicentemente na vasilha de plástico que jazia à frente do senhor sujo e de cabelos brancos. Vinte passos à frente, entrou na cafeteria e, ao abrir a carteira, deu falta da nota de cem que havia sacado mais cedo.

Foto: arquivo pessoal

Esmola sua grana. Que descuido! Não que o dinheiro fosse fazer falta, ele andava bem de vida com o novo salário, mas dava raiva demais um ato tão bobo custar tanto.

- Entreguei pro mendigo por engano. Imediatamente, quase por reflexo, olhou em volta. O maltrapilho havia sumido e levado

A raiva começava a subir junto com o café que ele bebia amargamente. Quem mandou ser bonzinho? Quem mandou querer ajudar e dar esmolas pra um vagabundo qualquer? Um grande otário de coração mole, era isso que ele era. Sentia o rosto queimando de vergonha e frustração e já não olhava para os outros. Abriu o jornal que trazia com ele e fingiu ler alguma coisa para evitar que percebessem, por alguma arte mágica, como ele havia sido burro. De repente, uma voz grave ecoou pela cafeteria. - Ô, menina, vê aí um outro café pro dotô e pode colocar um pão de queijo também, viu? Virou-se e deu de cara com o mendigo sorrindo seu sorriso pobre em dentes, um gigantesco buquê de rosas vermelhas na mão. - O lanche hoje é por minha conta, dotô, pode aproveitar.

Maurilo Andreas é mineiro de Ipatinga, publicitário de formação e escritor por paixão. Casado com Fernanda e pai de Sophia, é autor de seis livros infantis e foi um dos homenageados na I Feira Literária de Passos. Seu texto “Sebastião e Danilo” foi escolhido pela revista Nova Escola para uma edição especial e vários outros fazem parte de livros didáticos e paradidáticos de diversas editoras.

E antes que pudesse esboçar qualquer reação, sentindo-se observado pelo planeta inteiro, ouviu o outro dizer ainda, cheio de simpatia genuína. - E as flores são pra patroa. Fala que eu mandei um beijo pra ela. O nome é Francisco, viu? n

gente O último domingo do Chalezinho foi embalado pelas duplas Fred & Geraldinho e Clayton & Romário que animaram mais uma edição do “Clube Sertanejo”.

Fotos: Bruno Soares

clube sertanejo no chalezinho

Daniel Guimarães e Ana Aroeira

Daniela Duarte, Leo Rachid e Carolina Sartini

Giovana Muratori e Marcelle Knupp

Jaqueline Barcelos e Laura Antonini

Melissa Siqueira

Morhana Nogueira



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