UPorto Alumni #17

Page 37

Um dos objetivos estratégicos da U.Porto é tornar-se uma instituição eminentemente vocacionada para a ciência. Considera este objetivo exequível? O objetivo é exequível. Os levantamentos feitos pela Reitoria mostram que a capacidade científica da U.Porto é muito significativa. Mas é preciso que a investigação seja, de facto, uma prioridade da Universidade. E, para isso, tem de ser prioridade, não em termos estatísticos, mas de políticas da Reitoria e das faculdades. Se a estratégia é fazer investigação, então as faculdades deviam apoiar e desenvolver as suas relações com os Laboratórios Associados. Por outro lado, a própria Reitoria devia liderar um processo em que as Unidades de Investigação e os Laboratórios Associados fizessem parte dos órgãos de decisão, para terem influência nas decisões que se vão tomar. Acho que se começa a fazer esse caminho. I3S arranca em 2015

Em 2008 foi criado o Health Cluster Portugal. O nosso país tem, de facto, potencialidades no setor da saúde? É óbvio que Portugal tem muito potencial. Há muita capacidade instalada, desde logo porque o Sistema Nacional de Saúde é dos melhores do mundo. Portanto, tendo esse sistema já montado, criou-se à sua volta áreas de competência em termos de investigação em saúde que, em alguns casos, são excelentes. Mas é preciso apostar na área da saúde com mais força. O que há a fazer, agora, é reforçar a ligação das Unidades de Investigação e dos Laboratórios Associados aos hospitais e às faculdades de Medicina.

“Há muita capacidade instalada, desde logo porque o Sistema Nacional de Saúde é dos melhores do mundo.”

Não há o risco de dispersão por várias áreas científicas, impedindo uma especialização competitiva? Neste momento, os investigadores dos três institutos estão já a definir os grandes programas de investigação. Estamos a falar de quatro ou cinco grandes programas, no máximo. Portanto, a ideia é completamente diferente. Vamo-nos focar em quatro áreas principais: imunidade e infeção; doenças do foro oncológico; doenças degenerativas; regeneração e células estaminais. Queremos, agora, identificar grupos de investigação da U.Porto que façam sentido integrar no instituto. É um projeto inclusivo e abrangente. Mas que tem de ter linhas de ação muito focadas, nas quais os diferentes saberes contribuam para soluções inovadoras.

“É óbvio que Portugal tem muito potencial [no cluster da saúde].”

Quando é que o I3S arranca? O financiamento está assegurado, o concurso de construção foi concluído e as obras devem arrancar em janeiro. O prazo de execução é de dois anos.

35

Acha que isso não acontece? Gostaria de senti-lo mais. Gostaria de ter constantemente, na minha mesa, candidaturas de docentes da U.Porto para trabalharem aqui. Tenho tido poucas. Os órgãos de gestão da Universidade olham para estas instituições [Laboratórios Associados] e, obviamente, ficam felizes por estarem cá [sediados]. Mas outra coisa é os docentes que desenvolvem investigação sentirem como normal serem avaliados [pelo IBMC] e, se as suas candidaturas forem interessantes, serem convidados a montar laboratório cá. O IBMC, o INEB ou o IPATIMUP deviam ser sítios de mobilidade interna.

Neste contexto, que contributo pode dar o I3S para a expansão do cluster da saúde? O I3S encaixa nesta estratégia. A intenção é criar um instituto de dimensão internacional, que congregue um grande número de investigadores trabalhando todos para um mesmo fim: as ciências da vida e da saúde. O I3S vai desde a biologia mais básica até ao doente, com linhas de ação a atravessarem esses caminhos e a integrarem a [investigação de] translação, as empresas, os hospitais, entre outros agentes. A ideia é produzir conhecimento numa lógica inclusiva, para que os melhores nestas áreas [da saúde] venham sediar-se no instituto. Espera-se que [o I3S] tenha uma área de serviços à comunidade, que venha fomentar o trabalho em consórcio e com empresas. Queremos, portanto, criar um polo de atração de inovação e tecnologia na área da saúde.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.