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Saúde do Homem

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Saúde da Mulher

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Câncer de próstata

Quebrando sobre o exame

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De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata, no Brasil, é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Nesta entrevista, o urologista, Dr. Samuel Doné de Queiroz, (CRM 48656) (RQE: 32509), fala um pouco sobre o câncer de próstata, seu diagnóstico, tratamento e os tabus que os homens têm sobre o exame. O homem, culturalmente, não tem o hábito de cuidar da saúde de forma preventiva e não realiza consultas médicas regulares. Tem dificuldades de conversar sobre seus problemas de saúde, principalmente quando relacionados à saúde sexual. “Além disso, há o medo, na verdade desconhecimento, do exame de

toque retal, que na verdade é apenas parte da

consulta urológica e que nem sempre é necessário”, ressalta o Dr. Samuel. Muitos homens têm preconceito e medo de fazer o exame de toque retal, e por falta de conhecimento sobre o processo, deixam de visitar o médico. O urologista ressalta que, durante a consulta, conversa muito com os pacientes, “procuramos entender os seus problemas e particularidades. Além disso, é um exame extremamente simples, rápido e indolor. Precisamos mudar essa mentalidade. Nenhuma mulher gosta de fazer exame ginecológico e mesmo assim elas o fazem regularmente, porque entendem que é importante”. O Dr. Samuel enfatiza que a prevenção é a chave para uma saúde melhor e que precisamos, principalmente, de um processo de educação e conscientização para mudar essa cultura, pois toda doença diagnosticada precocemente tem maior chance de controle e até mesmo de cura.

As campanhas de conscientização, voltadas para a saúde masculina, atingem um grande público e são de extrema importância, pois elas ênfase na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata. De acordo com o Dr. Samuel, estima-se que 1 a cada 8 homens terá o diagnóstico de câncer de próstata durante a vida.

É fundamental que o homem busque infor-

mações e ajuda para quebrar os tabus. O especialista orienta que uma boa conversa com o médico é fundamental e sugere também que os pacientes pesquisem no site da Sociedade Brasileira de Urologia, www.sbu.org.br, pois ele possui diversas informações.

“é um exame extremamente simples, rápido e indolor”

Diagnóstico

O câncer de próstata não dá sintomas no período inicial. Se o diagnóstico for feito precocemente, o índice de cura pode chegar a 90%, por isso a importância da consulta médica. Nela pode ser necessário fazer o rastreamento do câncer de próstata, que é realizado através do exame de toque retal e o exame de sangue chamado PSA (Antígeno Prostático Específico). De acordo com o Dr. Samuel, a próstata é um órgão que faz parte do sistema reprodutor masculino e é responsável por produzir a maior parte dos componentes do sêmen. O aumento da próstata é denominado hiperplasia benigna da próstata e praticamente todos os homens terão algum grau de alteração durante o envelhecimento, não tendo este, necessariamente, uima relação com o câncer de próstata. Os sintomas da hiperplasia prostática benigna são relacionados a hábitos urinários, como dor ao urinar, jato urinário fraco, aumento da frequência urinária, tanto diurna quando noturna e dificuldade de segurar a urina. Os principais fatores de risco são a idade, a partir de 50 anos, e a história familiar da doença, principalmente em parentes de primeiro grau (pai e irmãos). Segundo o urologista, estudos internacionais mostram um ligeiro aumento da incidência do câncer de próstata em pacientes da raça negra, mas no Brasil, como temos uma população miscigenada, é difícil fazer essa afirmação.

Tratamento

O Dr. Samuel explica que o tratamento vai depender de vários fatores e será mais eficaz quando o diagnóstico se faz precocemente. “O tratamento vai desde um acompanhamento para tumores menos agressivos, até a radioterapia e tratamento cirúrgico - que pode ser realizado de forma convencional ou de forma minimamente invasiva, por cirurgia robótica”, afirma. Muitos homens ficam com medo da disfunção erétil. O urologista reforça que, como o câncer de próstata é uma doença relacionada à idade, é muito comum o paciente apresentar algum grau de disfunção erétil no momento do diagnóstico, mas isso se deve à idade e não ao câncer. Mas o tratamento, tanto cirúrgico quanto radioterapia, pode levar a algum grau de disfunção erétil “e quanto mais precoce é o

diagnóstico, menor a incidência de impotên-

cia após o tratamento”, ressalta.

Tratamento

O urologista destaca que ainda não foi identificado algum hábito específico que aumente a incidência da doença. Mas enfatiza que manter bons hábitos como “uma alimentação saudável, a prática de atividade física e o cuidado com a saúde mental são muito importantes para a saúde em geral”.

ALIMENTAÇÃO X SONO

Você sabia que a alimentação e o sono influenciam no processo metabólico do nosso corpo? A nutricionista, Ticiana Vazzoler Ambrosim explica como esse processo influencia no processo metálico do corpo.

Sono e hormônios

O sono é um período em que vários hormônios do corpo são produzidos e liberados na corrente sanguínea, inclusive, o hormônio do crescimento, que é muito importante até a idade adulta. Na regulação da alimentação, existem hormônios que são produzidos durante esse período, como a grelina, leptina, insulina e cortisol. Ticiane explica que o sono é regulado por um hormônio chamado melatonina. Entre os precursores desse hormônio, ou seja, nutrientes necessários para que ele seja produzido, está o triptofano. O triptofano é um aminoácido essencial que não vivemos sem ele. Alguns alimentos contêm esse aminoácido, entre eles o abacate, banana, ervilha, peixes, ovos, frango, leite, queijo, amendoim e castanhas de caju, por exemplo. Por outro lado, hábitos como ingerir cafeína (café, chá preto, chá verde, chá mate) e bebidas alcóolicas antes de dormir, podem prejudicar a noite de sono. No início da vida, quando bebês, dormimos mais e, à medida que envelhecemos, essa necessidade diminui. De acordo com a nutricionista, a quantidade de horas diárias de sono ou o horário para dormir depende de cada pessoa, pois as necessidades individuais de cada um são estabelecidas por fatores genéticos, ambientais, de aprendizado, de saúde, atividades físicas e questões biológicas próprias. Dormir menos que o habitual aumenta o apetite. “Durante o sono, vários hormônios que regulam o apetite são liberados na corrente sanguínea. A redução do tempo de sono, aumenta os níveis do hormônio grelina que é considerado o “hormônio da fome” e reduz os níveis do hormônio leptina que é o “hormônio da saciedade”, gerando aumento de apetite e maior risco de obesidade. Esse aumento de apetite geralmente é direcionado para alimentos mais calóricos, ricos em carboidratos, especialmente ricos em açúcar que junto a outros fatores expõe o indivíduo ao aumento de peso. Existem também estudos que mostram que a redução do tempo de sono ideal de um indivíduo está relacionada a problemas no metabolismo da glicose, podendo aumentar o risco de resistência à insulina e diabetes”, esclarece a especialista.

Sono e apetite

A má alimentação é capaz de provocar insônia

Os alimentos que ingerimos durante o dia afetam diretamente a qualidade do sono. Conforme Ticiane, quanto maior a quanti-

dade de alimentos ingeridos e quanto mais processados forem, menor qualidade de sono

a pessoa terá. Isso fará com que o indivíduo acabe dormindo menos horas do que deve, dormindo mal, levantando durante a noite e tendo um sono não reparador. “Alimentos com gorduras, sal e açúcar em excesso, como frituras, doces, refrigerantes, carnes processadas, salgadinhos e outras bebidas industrializadas repletas de açúcares atrapalham a nutrição adequada do corpo e a absorção de nutrientes pelo organismo. Durante um período de estresse, o organismo produz a adrenalina e cortisol, que são sinalizadores de perigo e alerta, aumentando batimentos cardíacos, aumentando a pressão arterial, irritabilidade, provocando a insônia”, explica a nutricionista. De acordo com a especialista, a má alimentação também infl uencia no ronco, pois têm vários fatores de risco envolvidos. Entre eles estão doenças como a apneia obstrutiva do sono e a obesidade. “A alimentação tem importante infl uência, já que no excesso de peso a gordura em quantidade elevada no corpo pode ocasionar o estreitamento da garganta, difi cultando a passagem de ar. É importante lembrar que o excesso de peso é consequência não apenas de uma alimentação desequilibrada, mas também diversos outros motivos, como também um estilo de vida sedentário e fatores genéticos”, ressalta.

Bebida alcoólica

Muitas pessoas ingerem bebida alcoólica antes de dormir com a intenção de relaxar, mas a nutricionista alerta que esse hábito, na verdade, irá atrapalhar a qualidade do sono. Ela explica que “o álcool induz ao sono muito depressa, pulando fases importantes do sono profundo. Além disso, o álcool induz a desidratação do corpo, fazendo com que a pessoa acorde para urinar ou beber água, atrapalhando a continuidade e a qualidade do sono”.

Saúde bucal

A falta de sono ou a má qualidade dele e o excesso de peso podem estar presente em doenças como a apneia obstrutiva do sono, que segundo a nutricionista “é um distúrbio que leva a obstruções repetitivas da garganta, causando paradas respiratórias que podem ocorrer diversas vezes ao longo da noite, provocando roncos, falta de ar, boca seca e dor de cabeça”. Ticiane enfatiza que um problema pode levar a outros que muitas vezes não imaginamos, por exemplo, a boca sem produção adequada de saliva pode levar a cáries e sensibilidade nos dentes. A especialista destaca que a prática de exercícios físicos é de extrema importância para a qualidade do sono. “Quando praticamos um exercício físico, produzimos hormônios e substâncias que provocam bem-estar e relaxamento, como a dopamina e endorfina que são grandes aliados contra a insônia”. Ela orienta que caso uma pessoa sofra de insônia, ou algum sintoma relacionado, deve procurar um médico para avaliar a possibilidade de doenças associadas e tratamentos adequados. Caso a falta de qualidade do sono tenha relação com a alimentação, a pessoa deve sempre procurar um profissional nutricionista que tenha o conhecimento e habilidade para junto ao paciente, desenvolver estratégias para reeducação alimentar e, a longo prazo, melhorar não só as noites de sono, mas também a qualidade de vida em geral.

Mudar hábitos

Alimentos que devem ser evitados antes de dormir

Alguns alimentos, além de não serem de fácil digestão, podem causar incômodos, refluxo e atrapalhar a noite de sono:

• Os carboidratos refinados, alimentos ricos em açúcar (estimulante). • Bebidas alcóolicas, que apesar de induzir ao sono, são responsáveis por desregulação dos ciclos, provocando um sono superficial e não reparador. • As carnes vermelhas, assim como alimentos mais gordurosos, têm uma digestão mais demorada.

Alimentos são indicados para um boa noite de sono

Alimentos que induzem a produção de serotonina e melatonina podem ser aliados de uma boa noite de sono:

• Leite, mel, feijões, iogurte, banana, grãos integrais, nozes, castanhas, aveia, grão de bico, folhas verdes, consumidos em equilíbrio durante o dia. • Chás de camomila, valeriana, erva doce e cidreira tem função calmante.

EU NA

Unimed

Sou Décio Tavares Soares, graduado pela Faculdade de Medicina da UFMG em 1968, fiz residência em Cirurgia Geral pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais em 1969 -1970, fui Assistente da Clínica Cirúrgica II da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte 1971 e 1972, fiz Especialização em Medicina do Trabalho pela UFMG em 1973 e fui médico voluntário do Pronto Socorro de Belo Horizonte de 1969 a 1972. Escolhi a medicina por influência familiar, pois o meu avô e o meu pai eram “curandeiros da tribo” nos tempos de outrora, tratando verminoses, “encanando” antebraços, fazendo partos e outros, sem nunca ultrapassar os limites do bom senso. Já lá pelos 10 anos de idade, meu irmão mais velho, Emmanuel Rezende já estudava medicina e teve um papel muito importante na minha formação profissional. Outro aspecto não menos importante é o fato de que sempre gostei mais de ciências biológicas do que exatas e finalmente o que sempre me deu mais alegria foi ser socialmente útil no meio em que convivo. Em tempos de acadêmico, eu já trabalhava na Santa Casa de Belo Horizonte, em serviço de cirurgia geral, mas sem a preocupação de definir precocemente a especialização, pois o principal era completar a minha formação como médico. Depois, como no belo poema de Carlos Drummond de Andrade “E agora José! A festa acabou ...”, vieram as especialidades no bojo deste ambiente em que fui criado. Sou cooperado da Unimed Inconfidentes desde a sua fundação, há 35 anos. Atualmente estou atendendo clínica médica em meu consultório e na Clínica Equilibrium, ainda em passos lentos devido à pandemia que está mexendo com toda a humanidade, especialmente com os mais idosos, entre os quais eu me incluo cronologicamente! Na minha trajetória na cooperativa, atendi na área de cirurgia geral e um pouco na medicina do trabalho. Por algumas vezes, fiz parte de um dos Conselhos da cooperativa, e acho, como os outros cooperados, que a credibilida-

de da mesma é atingida na medida em que fazemos um atendimento humanitário, cordial, atencioso e principalmente com a qualidade que o cliente merece. Desde os meus primeiros conhecimentos do cooperativismo e trabalho em equipe, tenho consciência que esta é sem dúvida, a melhor forma de agrupar pessoas em atividades distintas para a prestação de serviços com uma qualidade melhor, e, sendo o cooperado o dono do empreendimento, ele terá muito mais compromisso do que trabalhando isoladamente. Desde o início, sou juntamente com todos os meus familiares, também usuário dos bons serviços profi ssionais prestados pelos meus bons amigos e colegas cooperados. Tenho muito a agradecer e pedir a Deus que abençoe a todos! Meus passatempos já foram esportes, especialmente futebol, natação e peteca, e como não poderia deixar de ser, um bom bate-papo com os familiares e amigos. Todo mineiro gosta de café com prosa! Sempre gostei também das plantas do meu quintal e de todos os lugares em que elas existem.

Capa do livro “Casos de um Moleque da Roça” que o Dr. Décio Tavares Soares lançou em junho de 2021.

Vida de es�r�tor

Minha motivação para colocar no papel algumas lembranças dos meus tempos de criança na roça, veio principalmente dos meus bate papos com familiares nos diversos encontros que já tivemos, especialmente em Paraíba do Sul. Os casos acabaram fi cando repetitivos e alguns protestavam, mas a maioria queria ouvir outra vez. Puxa-saquismo puro! Meus netos também tiveram infl uência importante, pois vivendo no mundo atual, sempre tiveram curiosidade de saber como era a vida de criança há várias décadas . Finalmente, como dizia Cora Coralina: “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada.”

O dia do lombrigueiro

Todo ano, não me recordo a época, tínhamos um dia de suplicio que era o dia do lombrigueiro. O remédio era preparado por meu pai, que usava um vidro de aproximadamente 10 ou 15 mililitros de óleo de rícino ao qual adicionava algumas gotas de óleo de Santa Maria, de acordo com o nosso peso calculado, pois não tínhamos balança em casa. Na véspera, éramos informados que seriamos acordados de madrugada para ingerir a saborosa mistura e, lá pelas tantas, minha mãe chegava de mansinho dizendo que tinha chegado a hora. Tristeza total! Tínhamos que engolir todo o conteúdo do vidro, o que era muito difícil, pois provocava vômitos, de tão repugnante que era o sabor. Tentávamos continuar dormindo até lá pelas 7 horas, mas era impossível, pois o piriri recheado de lombrigas começava a brotar logo depois e ai, havia grande disputa pelos pinicos, pois de madrugada não era possível ir até a “casinha” (latrina) que fi cava do lado de fora da casa. Certo ano, chegou a haver briga, pois, como eu estava muito muito apertado e a Vera estava demorando muito, virei-me para ela e disse: - Sai logo daí, senão eu puxo o seu cabelo! E ela, muito calma falou: - Espere um pouco, pois ainda está saindo lombriga! Foi preciso a intervenção da minha mãe que, prontamente, trouxe outro pinico, para acalmar a situação, colocou-o no chão e falou: - Senta aí, Décio, e pare de brigar! A casa fi cava empesteada! Começava a melhorar na hora do almoço, pois minha mãe fazia uma saborosa canja de galinha que tirava um pouco o cheiro e o sabor do purgante, mas a casa cheirava durante todo o dia aquele perfume repugnante do piriri coletivo que só iria desaparecer dois dias depois! Depois de certo tempo, o remédio foi trocado por cápsulas gelatinosas de tetracloroetileno, tomadas em jejum, e era difícil saber qual era pior, pois eram 10 de uma só vez. Só sei que os vermes levavam a pior! Passavam pelo sacrifício eu e mais quatro ir mãos. Os mais novos, pelo que me lembro, não sentiram o prazer e a alegria de fazer uso daquele excelente medicamento de última geração que eliminava, além das temerosas lombrigas, os saltões e também acabava com o amarelão e as coceiras noturnas, cujos agentes costumavam acompanhar aquela exuberante fauna intestinal. Contando o caso na casa do tio Carlinhos, ele, como sempre muito conspícuo e circunspecto, ouviu tudo com muita atenção e, depois que todos comentaram e colocaram a sua posição a respeito, levantou o dedo, o que causou um silêncio de assustar até fantasma. Ele disse apenas duas palavras: - Muito certo! E nada mais foi dito. Até hoje meus irmãos mais novos fi cam pesarosos por não terem tido também a oportunidade de se benefi ciar daquele santo remédio. O bom era que fi cávamos livres das dores de barriga por um bom tempo

Piriri e lombriga aos borbotões!

Trecho retirado do livro “Casos de um Moleque da Roça” - Dr. Décio Tavares Soares.

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