2º Edição PesquISEE - Unifei

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Pesqu

ISEE Pesqu Sobre nós

A PesquISEE nasceu com o propósito de ser um veículo de disseminação do conhecimento produzido pelo ISEE (Instituto de Sistemas Elétricos e Energia) da Universidade Federal de Itajubá - Unifei.

Concebida como um elo entre docentes, discentes e egressos, esta revista também se propõe a atuar como um canal de comunicação com a sociedade, promovendo a transparência e a prestação de contas dos recursos investidos. Por meio deste espaço, buscamos evidenciar o compromisso do instituto com a formação acadêmica de excelência e a realização de pesquisas de alta qualidade, refletidas em publicações em periódicos de destaque no cenário científico.

Então, damos as boas vindas a mais uma edição desse incrível projeto. Ótima leitura!

SUMÁRIO

Dezembro 2024

Nota Editorial

Nesta Edição

Cláudia Eliane da Matta 10 5 14

Rodnei Dias dos Anjos - CEMIG 6 4

Uma Entrevista com o Profº Airton Violin.

A importância da iniciação científica para os estudantes de graduação

Desenvolvimento Técnico em Planejamento

Elétrico e Proteção de SEP.

20 Ação de extensão: “Educação para Sustentabilidade Energética”

Pedro Paulo Balestrassi 37

Eliane Valença Nascimento De Lorenci 30 47 49 Noticias ISEE

Entre a Teoria e a Prática: O Valor da Boa Experimentação

Como a evolução tecnológica pode extrair o verdadeiro valor do lixo. Referências

Daniel Toloza Ramirez | Daniel Cesar Gomes | Davi Reis Vasconcelos | João Pedro Prado Abitante |
C Zambroni de Souza | Eliane Valença Nascimento De Lorenci

Editorial - 2º Edição

Em um mundo em transformação, como lidar com a gestão do conhecimento, ou preparar um engenheiro para cenários desafiadores a ponto de requererem uma formação continuada. Certamente que o profissional formado hoje tem perfil, desafios e formação bastante diferentes daquele profissional formado há poucas décadas.

Também o papel da Universidade nesse contexto tem se tornado cada vez mais importante, desde a formação básica do profissional até suas atividades de extensão, o que inclui o envolvimento da Universidade na solução de problemas complexos.

Apresentamos, portanto, a segunda edição da revista PesquISEE, organizada pelo Instituto de Sistemas Elétricos e Energia (ISEE), da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), que trata dos temas abordados acima. Desta vez, o Grupo de Pesquisa Greens (Group of Renewable and Efficient Energy Networks and Sustainability) é responsável pela edição. Assim, a importância do processo de Iniciação Científica é discutida, mostrando a inserção de alguns alunos de graduação em um ambiente de discussão científica Desta forma, alguns deles, sob a liderança da Professora Claudia Eliane da Matta, já participam de congressos de Iniciação Científica, onde mostram suas pesquisas e trocam informações.

Para uma melhor compreensão, a revista será composta por algumas seções específicas, como:

Editorial noticiando e comentando algum acontecimento ou evento importante dentro de nossa comunidade

Uma seção de artigos produzidos por ex-alunos descrevendo experiências profissionais ou comentando assuntos ou acontecimentos marcantes da área técnica Da mesma forma, poderão ser anexados links ou citadas referências para permitir acesso à documentação mais completa sobre o assunto

Uma seção contendo artigos produzidos por docentes ou discentes dos cursos de graduação e de pós-graduação, descrevendo trabalhos acadêmicos e pesquisas em desenvolvimento ou já finalizados Sempre que necessário e possível serão anexados links ou citadas referências para permitir acesso à documentação mais completa sobre o assunto Para tornar a leitura mais fluida e consistente, cada número estará sob a responsabilidade de um Grupo de Pesquisa

Outras seções que permitam noticiar assuntos relevantes do meio acadêmico ou profissional.

Nesta segunda edição, abordaremos assuntos sobre os desafios no meio energéticos que podemos enfrentar diante futuras mudanças.

Fundamentos são também explorados em artigo do Professor Pedro Paulo Balestrassi, que apresenta de forma didática (e mesmo divertida) conceitos básicos de estatística Tema complexo, mas de grande aplicação prática, deve ser estudado e entendido pelos engenheiros em formação, especialmente em épocas de incertezas climáticas, que afetam duramente a questão energética

Alunos do Grupo de Pesquisa também estão envolvidos em dois outros temas dessa revista:

Primeiro, ao tratar da questão energética do lixo Esse tema, preocupante sob o ponto de vista ambiental, é tratado aqui como uma oportunidade energética Desta forma, algumas formas de conversão do lixo em energia elétrica são brevemente discutidas, dando ao leitor uma visão mínima das possibilidades existentes

O outro tema refere-se ao importante papel da Universidade no seu entorno. Assim, uma atividade de extensão desenvolvida ao longo do segundo semestre de 2024 em uma Escola Estadual de Itajubá é detalhada. Visando dar aos alunos alguns fundamentos de geração de energia renovável, e sobretudo, incentivando-os a pensar na Unifei como um lugar de sua formação, o projeto coordenado pela Professora Eliane Valença Nascimento De Lorenci intercalou aulas na Escola e no laboratório do Grupo na Unifei, com resultados bastante positivos.

Por fim, o Engenheiro Rodnei Dias dos Anjos (Gerente de Planejamento Elétrico, da Cemig Geração e Transmissão) aponta em seu artigo algumas ações da Cemig, ao mesmo tempo que, através desta descrição, apresenta a necessidade do Engenheiro moderno estar sujeito a uma formação continuada, dado que algumas das soluções dos problemas emergentes dependem de fundamentos não vistos durante a graduação

Portanto, isso acaba por desafiar a Universidade a se reinventar e buscar seu papel inovador nesse cenário em transformação, o que é discutido em entrevista com o Professor Airton Violin. Com larga experiência na indústria, o Professor Airton consegue mesclar seu conhecimento teórico com sua experiência prática, tendo ajudado o ISEE com propostas inovadoras que contemplem o papel das energias renováveis em um sistema elétrico em transformação.

Esperamos que essa edição ajude a mostrar para a sociedade como um todo, parte do grande esforço desenvolvido por professores do ISEE nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, enfatizando a importância da universidade pública para a sociedade brasileira.

Esse editorial é assinado por:

Antonio Carlos Zambroni de Souza, Estácio Tavares

Wanderley Neto e Jocélio Souza de Sá

Desafios entre décadas!

Uma Entrevista com o Profº Airton Violin.

Nesta edição nosso entrevistado é o Professor Airton Violin, que nasceu em Dracena, SP.

Durante o ensino médio decidiu cursar engenharia. No ano de 1977, após o vestibular, mudou-se para Itajubá/MG pra se tornar aluno da EFEI (atualmente Unifei). Após prestar vestibular para Engenharia Mecânica, mudou de área durante a graduação, após ter contato com a disciplina de circuitos elétricos, e se formou em Engenharia Elétrica em 1982

Com mais de 40 anos de experiência no setor elétrico e acadêmico, o Professor Airton, ao longo de sua carreira, vivenciou importantes mudanças na indústria e sempre defendeu a importância da educação continuada, especialmente diante das constantes transformações tecnológicas e dos novos desafios que surgem no mercado de trabalho

Nas questões apresentadas ao Prof Airton, ele compartilhou suas experiências opiniões sobre temas relevantes como a evolução da Unifei, o mercado de trabalho para engenheiros no Brasil, e a importância da capacitação contínua

A entrevista também abordou seus primeiros desafios profissionais e as lições aprendidas ao longo de sua trajetória, oferecendo valiosos conselhos para os novos engenheiros e para os ingressantes no curso de Engenharia Elétrica.

A universidade precisa se reinventar e buscar seu papel inovador neste cenário em transformação...

Como você descobriu a EFEI na época do vestibular?

Inicialmente, obrigado pelo convite!

Sou natural de Dracena/SP e, durante o colegial (atual ensino médio) resolvi que queria cursar engenharia Fiz o que muitos faziam: cursinho prévestibular em São Paulo No ano que fiz vestibular (1977) as faculdades públicas do estado (USP, Unicamp e Unesp) fizeram o primeiro vestibular Fuvest A EFEI participava do Mapofei (Mauá, Poli e Fei), o vestibular das engenharias de São Paulo até 1976 Era época em que a comunicação não era instantânea como é hoje, vale lembrar que foi em tempos pré-internet Na época, vi um cartaz da propaganda do vestibular da EFEI na secretaria do cursinho, que seria exclusivo já que o Mapofei tinha acabado Perguntei onde ficava Itajubá e reponderam que era em Minas Gerais, mas logo ali depois de São José dos Campos Fiz inscrição como um plano B, já que minha meta era a Fuvest Como seria o primeiro ano da Fuvest, havia uma apreensão, pois ninguém sabia direito como seria, já que tinha uma tal de “primeira fase”, uma novidade Na semana da Fuvest (primeira fase), os professores nos aconselharam: “façam a prova devagar”, pois seriam muitas questões e não daria tempo para fazer todas Eu levei o conselho muito a sério e fiz devagar demais

Resultado: fiquei fora da Fuvest por muito pouco Fiz o vestibular da EFEI em Guaratinguetá, achei bem difícil matemática e física, mas deu certo. Na época prestei prova para engenharia mecânica. Já na graduação, quando surgiram as disciplinas de circuitos elétricos, cheguei à conclusão que queria mesmo era elétrica. Registro que tivemos professores com excelente didática, fato que ajudou na minha decisão. Fiz vestibular novamente e a partir do sexto período estava cursando elétrica.

Na época, vi um cartaz da propaganda do vestibular da EFEI na secretaria do cursinho, que seria exclusivo...

Como foi a experiência em conseguir o primeiro emprego? 2

Começo dizendo que foi bem difícil Mas, com uma grande lição: não desista!

Até 1980, os recém-formados da EFEI arrumavam emprego fácil Em 1981 ficou mais difícil e em 1982 (ano de minha graduação) ficou bem mais complicado Épocas difíceis para o Brasil e os brasileiros Na década de 70 o país tinha feito empréstimos vultosos por conta de grandes obras de infraestrutura e a conta chegou O país buscou socorro no FMI, que prescreveu um regime econômico amargo. Resultado: quem não tinha contatos no setor elétrico, restava gastar a sola do sapato e tentar alguns poucos concursos

Na época dei dois chutes na trave: fiquei como candidato excedente no concurso da Petrobras e, como ninguém desistiu da vaga, eu dancei Também havia passado no concurso de seleção para a operação de Itaipu, na primeira fase Postergaram o concurso sem data à frente Restou procurar os dirigentes das ADEFEI das regiões, enviando currículo, fazendo contato telefônico e visitas pessoalmente Todos foram acolhedores, pois o momento era de dificuldades

Para resumir, nas minhas tentativas, me convidei para fazer uma visita ao ex-aluno Ricardo Pinto Pinheiro em Brasília/DF Ele era, na época, gerente do Departamento de Planejamento Elétrico da Eletronorte Preciso registrar que ele foi muito atencioso, se empenhou de fato, verificou as possibilidades e, enfim, consegui o meu primeiro emprego Finalmente fiz o gol! Fiquei por lá dez anos, fiz muitos amigos, trabalhei com profissionais altamente capacitados que, de certo modo, ajudaram a moldar a minha formação e a minha visão de engenharia de sistemas elétricos de potência

Como

Do ponto de vista macro, pensando nos últimos quarenta anos, a instituição foi de uma escola de engenharia tradicional e conceituada, com mil alunos e dois cursos de engenharia para uma universidade com dois Campi, com sete mil alunos. Hoje são catorze cursos de engenharia no Campus de Itajubá e nove cursos no Campus de Itabira, além dos demais cursos na área de TI, das licenciaturas, dentre outros. Junto com esta evolução, houve progressos em laboratórios, infraestrutura física, novos convênios para pesquisas, etc. De fato, um grande salto!

No entanto, nos últimos anos as carreiras das engenharias deixaram de figurar entre as mais procuradas no nosso país. Em países como França, Coréia do Sul, China e Índia as engenharias estão entre as três carreiras mais procuradas. No Brasil, houve redução de procura por cursos de engenharia em um período em que houve forte expansão na oferta de vagas nas universidades públicas e privadas. De 2014 a 2023 houve redução de 23% no número de matrículas nas engenharias. As causas podem ser várias, arrisco a apontar duas: um ensino médio fraco e um mercado de trabalho hostil. Ao longo do tempo, a realidade mudou.

Por exemplo, a relação de candidatos/vagas do SISU na Unifei, em 2024, foi de 3,7 candidatos por vaga no curso de engenharia elétrica no Campus de Itajubá e de 1,9 no Campus de Itabira. Há casos piores. Acho que a instituição deveria (arrisco um palpite) ter um posicionamento estratégico/preventivo para os próximos anos que incluísse: (i) ter o foco em melhorar a qualidade dos cursos, (ii) não permitir aumento de oferta de vagas na graduação, independentemente do curso e (iii) atuar para assegurar as vagas existentes, talvez convertendo parte das vagas ociosas para vagas em cursos técnicos/tecnólogos de qualidade. Nos anos vindouros não prevejo tempos melhores.

Como o senhor vê o mercado de trabalho para o engenheiro no Brasil?

Sabemos que engenharia não é um curso fácil Pressupõe uma boa base em matemática e física, principalmente O ensino básico/médio público patina faz décadas Este fato já desestimula a carreira, pois alunos fracos em matemática como vão fazer engenharia? Há outra questão também relevante que é o mercado de trabalho A carreira precisa ser atrativa sobre vários aspectos, incluindo principalmente a remuneração Para atrair mais talentos para a profissão é necessário que a perspectiva profissional/remuneratória seja melhor O que se faz hoje, em boa parte das vezes, é contratar os recémformados em engenharia como auxiliar de engenharia ou como analista com baixos salários Considero a situação vergonhosa, um desrespeito

A carreira de TI tem alta procura, a carreira de medicina continua em alta, com cursos de medicina pipocando país a fora e a carreira de engenharia declina Há questões também que não podem ser ignoradas O custo indireto do trabalho é alto no Brasil Se incluirmos todos os indiretos e mais alguns benefícios como plano de saúde, por exemplo, beira a 100% Contrata-se por X e custa 2X para o empregador

Outro fato é a de que o salário mínimo profissional do engenheiro virou letra morta, pois continua indexado ao salário mínimo nacional Continua sendo regido pela lei N0 4 950-A de 22/04/1966 A lei não foi atualizada Significa que hoje o salário mínimo do engenheiro deveria ser de R$12 900,00 (8,5 SM) É improvável que algum empregador pague este valor aos recém-formados Há necessidade de um trabalho para a repactuação do salário mínimo para as carreiras das engenharias, fazendo a sua desindexação e a definição de um valor mínimo, que seja respeitado e fiscalizado, para que o recémformado possa se sentir valorizado, se mantenha na profissão e seja contratado como engenheiro Este deveria ser o interesse de todos, das empresas e do Estado brasileiro, sob o ponto de vista estratégico, pois são gastos muitos milhões nas universidades públicas para a sua formação

A valorização da carreira de engenheiro poderia ser uma bandeira a ser empunhada pela associação de ex-alunos e lideranças políticas e empresariais da Unifei A universidade tem história e tradição para tal

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Que sugestões/conselho você daria ao ingressante

do curso de Engenharia Elétrica?

Embora a média salarial esteja aquém do que seria justo e desejável em termos de país e uma parte desiste da profissão ou se muda para outro país, há nichos no mercado que pagam salários melhores. Neste sentido, qualidade na formação é essencial. Assim, as sugestões são: manter uma rotina regular de estudos, manter o empenho para a obtenção de boas notas e bom rendimento acadêmico, desenvolver habilidade para fluência em línguas, especialmente o inglês, aprimorar a habilidade em ferramentas computacionais e aproveitar as oportunidades que a instituição oferece, como por exemplo, um intercâmbio internacional.

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Que

sugestões/conselhos

o senhor daria ao Engenheiro Eletricista recém-formado?

A condição ideal, nem sempre possível, em que há mais de uma opção de emprego e pensando a longo prazo, o melhor seria optar por uma atividade que dê maiores perspectivas profissionais Não necessariamente será o de maior salário, mas aquele que poderá produzir um diferencial, uma habilidade extra, e que certamente dará maiores ganhos no futuro Ou seja, não ser imediatista e sim pensar a longo prazo, se possível É sempre uma decisão difícil, e o recém-formado poderá também se aconselhar com professores ou outros engenheiros já atuando no mercado de trabalho O importante é ter em mente que o primeiro emprego pode moldar o futuro profissional

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O senhor se formou na Unifei (EFEI na época), e trabalhou na indústria, voltando à Unifei como professor. Qual sua visão a respeito da capacitação continuada do Engenheiro Eletricista?

Creio que hoje, tanto para as carreiras médicas, do direito, quanto para as engenharias dentre outras, a educação continuada é uma absoluta necessidade Muita coisa muda ao longo do tempo Pensando nos últimos quarenta anos, o progresso no campo da computação e da eletrônica de potência agregou muita tecnologia aos sistemas elétricos Ainda, na virada do século, a desregulamentação do setor elétrico trouxe novos desafios com novos seguimentos empresariais atuando no mercado da energia elétrica Nos últimos vinte anos, as energias renováveis e as grandes interligações elétricas também trouxeram grandes desafios. Nos anos que correm e na próxima década será a vez das redes inteligentes, de maior aplicação de inteligência artificial, da transição energética, do mercado de hidrogênio verde, do mercado de carbono e por ai vai. Portanto, novos olhares sempre serão necessários, renovar sempre é a chave do progresso!

A importância da iniciação científica para os estudantes de graduação

AIniciação Científica é fundamental para despertar o interesse pela pesquisa e formar novos talentos acadêmicos. Ao envolver estudantes de graduação em projetos de iniciação científica, promovemos o desenvolvimento do pensamento crítico, da criatividade e da autonomia na investigação. Além disso, contribuímos para a formação de futuros pesquisadores, preparando-os para a pós-graduação e para enfrentar desafios complexos em diversas áreas do conhecimento.

Os professores e professoras do grupo GREENS tem tido esta preocupação e, por isso, orientam estudantes de graduação do curso de Engenharia Elétrica sobre temas de interesse do grupo. No último quadriênio foram orientados vários estudantes de graduação, bolsistas de iniciação científica. Além disso o grupo realiza seminários semanais para que os estudantes de graduação e pósgraduação possam interagir e dialogar sobre suas pesquisas.

Como resultado deste esforço foram apresentados trabalhos em eventos de iniciação científica e publicados artigos em revistas com alto fator do impacto A Figura 1 mostra os alunos apresentando seus trabalhos

Profª Cláudia Eliane da Matta
Figura 1 - Da esquerda para a direita (alunos com crachá): Tales Renato de Lima Antônio, Fernando Gonçalves Penna Neto, Aisla Carole de Souza Cavalcante e Giovana de Paula Sanfelice.

Os alunos Tales, Giovana e Fernando Gonçalves Penna Neto, juntamente com sua orientadora Profa. Cláudia Eliane da Matta, tiveram seus artigos aceitos na Revista Brasileira de Educação Científica, a RBIC que no último quadriênio foi classificada como uma A4.

Em sua pesquisa, Tales realizou o mapeamento das energias renováveis no Brasil utilizando software livre QGIS e publicou o artigo “Energias renováveis: investigação sobre contribuições para o suprimento energético brasileiro” no ano de 2024.

Giovana publicou artigo “Promoção da segurança das mulheres nas áreas públicas em cidades inteligentes” no início de 2025

Este artigo realizou um estudo sobre opções de segurança que promovem a proteção das mulheres em áreas públicas de cidades inteligentes. As propostas envolvem o uso de software, o design urbano inteligente voltado para a segurança das mulheres e a aplicação de sistemas inteligentes. A análise das propostas evidenciou que a combinação de projetos urbanos inclusivos com tecnologias de segurança, como aplicativos móveis e sistemas de vigilância integrados, pode não apenas aprimorar a segurança pública, mas também fortalecer a percepção de segurança entre as mulheres esso

Assim, os benefícios esperados no processo ensino-aprendizagem dos estudantes vinculados ao grupo de pesquisa são o surgimento de novos talentos em atividades de pesquisa; o desenvolvimento da escrita acadêmica-científica; a articulação entre graduandos e pós-graduandos por meio da participação no seminário e eventos de pesquisa; a aprendizagem de técnicas e métodos de pesquisa; e a ampliação ao acesso à cultura científica.

Fernando realizou um estudo dos impactos da descarbonização, digitalização e descentralização (3D) nos sistemas elétricos e a partir disso elaborou o artigo intitulado “A transição do setor energético para energias renováveis: uma revisão sistemática sobre os impactos 3D na geração e transmissão elétrica” O artigo encontra-se em processo de publicação, ou como dizemos na academia “no prelo”

A Figura 2 ao lado resume as camadas deste processo.

Figura 2 – Benefícios do Programa de Iniciação Científica

Iniciação Científica como elemento de formação.

A

experiência anterior mostra que alunos expostos a ambientes desafiadores, respondem de acordo com o conhecimento adquirido e a orientação recebida. No entanto, fora da academia, ainda é comum a visão de que Iniciação Científica é algo que forma apenas cientistas, ignorando o papel transformador do Engenheiro com visão acadêmica. Desta forma, os seguintes pontos podem ser benéficos para os alunos que buscam essa oportunidade:

Complexidade teórica

Este campo permite ao aluno desenvolver suas habilidades em uma área específica do conhecimento que requer um bom embasamento teórico. Desta forma, seu bom desempenho em algumas disciplinas básicas qualifica este estudante a se aprofundar em algum tema de interesse. Bem orientado, os frutos do trabalho podem ser factíveis de publicação em conferência (como descrito acima), ou mesmo revistas científicas No entanto, o ganho maior reside no desenvolvimento da capacidade criativa e de aprendizado do estudante, que levará esta característica para novos desafios.

Aplicação prática

Na área de Engenharia Elétrica, diversas aplicações práticas do desenvolvimento teórico obtido são factíveis. Assim, o estudante se expõe a uma série de soluções práticas que podem ser bastante úteis para concessionárias e empresas em geral. Note que, nesta área, soluções associadas aos problemas de geração de base renovável são muito importantes Por exemplo, alguns alunos projetaram uma usina (fictícia) reversível no campus da Unifei, discutindo questões energéticas importantes e avaliando os aspectos técnicos e econômicos desta ação. Outros alunos já fazem uso do laboratório vivo do Grupo, onde medidas em tempo real da Unifei estão disponíveis, permitindo uma série de experimentos.

Novas possibilidades se abrirão após a finalização do carport (estacionamento com placas fotovoltaicas) com sistema de baterias, que também permitirá uma série de estudos de efeitos práticos.

Extensão social

Este tema tem merecido atenção crescente na academia, e a ideia de buscar soluções técnicas inovadoras aos problemas da comunidade no entorno da universidade tem se mostrado muito interessante. Neste caso, o aluno é levado a discutir com os moradores alguns dos problemas que sua pesquisa pode resolver Neste campo, alguns alunos têm discutido, por exemplo, a questão energética do lixo (o que implica em estudar a questão de catadores de recicláveis e as características deletérias da poluição) e discutidos soluções a partir de dados reais. Também o uso de equações diferenciais para modelar comportamentos sociais tem sido explorado, permitindo a modelagem da pobreza energética e os impactos de algumas propostas de soluções

Benefícios do setor produtivo Benefícios da academia

O estudante com experiência em Iniciação

Científica desenvolve sua capacidade analítica de uma forma crítica, e dependendo de sua orientação, pode ter uma visão holística dos problemas a serem analisados Desta forma, empresas do setor produtivo em geral devem se interessar por este perfil de aluno, já que diversos aspectos de Engenharia de Sistemas passam a ser incorporados ao processo de solução. Este processo combina, entre outras coisas, soluções tecnicamente complexas que consideram as necessidades e anseios do usuário.

A Universidade também se beneficia deste tipo de Programa, uma vez que se oxigena com a entrada de estudantes de bom nível no sistema de geração de conhecimento. Isso acaba por criar um ciclo positivo, uma vez que novas ferramentas e soluções são incorporadas a disciplinas da parte profissionalizante do curso, e gerando novas áreas de pesquisa para os Professores envolvidos

Benefícios ao profissional

Embora já discutido anteriormente, e resumido na Figura 2, são diversas as camadas do processo de Iniciação Científica. Deve-se ressaltar um fato bastante relevante deste processo, que reside na capacidade de leitura crítica e, sobretudo, de fluência na escrita. Estes dois itens são inerentes ao processo de Iniciação Científica, e beneficia o estudante envolvido em diversas áreas. A busca de trabalhos científicos na área de estudo acaba por desenvolver as habilidades do estudante em língua estrangeira, sobretudo a inglesa, trazendo um benefício perene na busca de conhecimento.

Como funciona o Programa

O Programa de Iniciação Científica ocorre para alunos de graduação, e é financiado pelos Órgão públicos de fomento, CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais). Também a Unifei tem cotas de seu orçamento, dada a importância do Programa. A escolha dos alunos é feita por Edital, e o desempenho escolar do estudante candidato é levado em conta. Algumas empresas permitem o pagamento de bolsistas de Iniciação Científica, mas estes estão vinculados a projetos específicos, sem um Programa formal de concessão de bolsas.

Desenvolvimento Técnico em Planejamento Elétrico e Proteção de SEP

Gestão de conhecimento e desenvolvimento de equipes técnicas de Planejamento Elétrico e Engenharia de Proteção de SEP.

Rodnei Dias dos Anjos - CEMIG

Temas importantes e cotidianos em uma área de engenharia são a gestão de conhecimento e o desenvolvimento de equipes de alto desempenho. Os desafios na gestão do conhecimento envolvem identificar, capturar, organizar, compartilhar e utilizar o conhecimento para melhorar a eficiência e produtividade. Adicionalmente, oportunidades de inovação fazem parte do processo

Perguntando a uma IA sobre desenvolvimento de equipes temos que “envolve a coordenação e administração de um grupo de pessoas para alcançar objetivos comuns Isso inclui inspirar e motivar a equipe, definir uma visão clara e orientar os membros para alcançarem seus objetivos

Também abrange garantir que a informação flua de maneira eficaz entre todos os membros, promovendo um ambiente de transparência e colaboração”.

No setor elétrico, um fator crítico adicional é o aumento da complexidade do sistema com o incremento das fontes de energia intermitentes, solar e eólica, e dos componentes de eletrônica de potência dessas fontes e dos novos elos de corrente contínua do sistema. A comprovação das dificuldades encontradas ocorreu no desligamento em cascata ocorrido em 15/08/2023 em todo o Brasil. Naquela ocasião, a falha simples de uma linha de transmissão de 500 kV, considerada nos estudos elétricos sem grande relevância, provocou um evento de grande porte que afetou 25 estados e o DF, com perda de carga de 22 500 MW, representando 31% de todo requisito do país no momento da ocorrência Posteriormente, constatou-se que os estudos de transitórios não capturaram este risco devido a modelagem matemática fornecida estar divergente do real desempenho das respostas das fontes de reativo da região, principalmente dos inversores das usinas fotovoltaicas e eólicas. Fatos como este demonstram como é crucial investir em formação profissional e alocação de pessoal especializado para garantir a segurança das pessoas, instalações e do sistema elétrico.

No campo das instalações elétricas, a aplicação de novas tecnologias, como projetos utilizando protocolos de comunicação baseados na norma IEC 61850, proporciona di-

versos benefícios, como a interoperabilidade entre equipamentos de diferentes fabricantes, a redução de cabeamento, a flexibilidade e escalabilidade das subestações, o monitoramento avançado com diagnósticos em tempo real e a redução do tempo e custo de implantação. No entanto, agrega complexidade em toda a cadeia, abrangendo desde o projeto, implantação, comissionamento, operação e manutenção.

Para uma visão da atuação de uma empresa do setor de energia no contexto citado acima, apresentamos a seguir a atuação de uma área de planejamento elétrico com suas principais características, atuações e desafios

As áreas de estudos elétricos nas empresas dos setores de geração e transmissão possuem diversas configurações para realização das suas atribuições. A gerência de estudos elétricos da CEMIG Geração e Transmissão abrange especialidades como análises de transitórios eletromagnéticos e eletromecânicos, fluxo de potência, curto-circuito, coordenação de proteção e análises de ocorrências. De maneira geral, essas análises cobrem intervalos de tempo que vão de microssegundos, no caso dos transitórios, a anos, nas avaliações do plano de obras no horizonte de cinco anos, passando por todas as constantes de tempo intermediárias.

Algumas das aplicações incluem a avaliação de sobretensões causadas por descargas atmosféricas, manobras de chaveamento e curtocircuito para garantir a proteção dos equipamentos, além da simulação de fenômenos transitórios para aprimorar o planejamento e operação do sistema elétrico; análise de fluxo de potência para otimizar a transmissão de energia e garantir a segurança, bem como avaliação dos impacto das obras para atendimento às futuras demandas e cenários de geração; a determinação de correntes de curto-circuito para dimensionar corretamente os equipamentos de proteção e disjuntores, e a avaliação da capacidade do sistema de suportar e isolar falhas sem comprometera estabilidade; a escolha de ajustes de relés para garantir a coordenação adequada e a seletividade na proteção do sistema, e a redução do impacto de falhas, garantindo que apenas a área afetada diretamente seja isolada; a investigação de eventos de falhas para identificar causas e implantar medidas corretivas, e o uso das análises para melhorar continuamente a confiabilidade e resiliência do sistema elétrico.

Essas análises são essenciais para garantir a segurança, eficiência e confiabilidade dos sistemas de geração e transmissão de energia elétrica

As ferramentas comerciais mais importantes usadas são os softwares Anarede – Análise de sistemas elétricos de potência em regime permanente (CEPEL), Anafas – Cálculo de curtocircuito (CEPEL), ASPEN Oneliner -Cálculo de curto-circuito e coordenação de relés; Softwares dos diversos relés de proteção usados pela empresa, onde podemos destacar GE, Siemens, ABB e NR – Nari etc, Anatem – Análise de transitórios eletromecânicos (CEPEL), Organon –Sistema para análise estática, dinâmica e avaliação de segurança, ATP – transitório eletromagnético (com ATPDraw), HARMZs –Comportamento harmônico e análise modal (tensões e correntes harmônicas - qualidade de energia), Sinape – Sistema de análise de perturbações (CEPEL)

Fig 1 - Ferramentas utilizadas para os estudos elétricos

Por se tratar de áreas do conhecimento que exigem um aprofundamento além dos conhecimentos básicos adquiridos na maioria dos cursos de graduação em engenharia elétrica, o período necessário para treinamento dos profissionais é longo e intensivo, abrangendo diversas especialidades. O treinamento deve ser constante e com uma mentalidade assertiva, focada na evolução e a aprendizado, também com os erros.

As empresas do setor elétrico brasileiro têm passado por grande renovação de pessoal, com a dificuldade de menor número de formandos com especialização em Sistemas de Potência, possivelmente, devido ao grande leque de alternativas curriculares.

O desempenho do corpo técnico é avaliado principalmente por meio dos KPIs específicos da área, onde contemplam os desdobramentos das estratégias empresariais (planejamento estratégico). Além disso, para verificar o nível de atualização tecnológica e a adoção de melhores práticas, é incentivada a publicação de artigos em seminários. Isso permite comparar o trabalho desenvolvido com o de outras referências nas áreas de conhecimento. Seminário como STPC, Workspot, ERIAC e SNPTEE são boas referências nesta área de atuação

1- Gêmeos digitais

Outro aspecto relevante para a adequada atuação de equipes nestas áreas é manter a proximidade com grandes fabricantes para trocas de experiências. No caso dos IEDs de proteção, por exemplo, temos tido sucesso, em especial, com GE, Schweitzer (SEL) e Siemens, onde as trocas de informações são frequentes.

Alguns destaques de aplicações que estão sendo desenvolvidas são: Gêmeos digitais, ondas viajáveis, acesso remoto aos IEDs de proteção e sincronizadores, e Desenvolvimento de aplicativos para ganho de produtividade.

Por definição, o termo gêmeo digital refere-se a uma representação virtual precisa de um objeto físico ou sistema. Ele pode ser criado a partir de dados coletados por sensores instalados no objeto, que monitoram aspectos vitais de seu funcionamento, ou por meio da modelagem direta de componentes, como os eletrônicos. A função de gêmeos digitais é possibilitar a simulação offline de diferentes condições e cenários, analisando o desempenho do sistema. Os benefícios incluem aumento da eficiência operacional, redução de custos e melhor suporte à tomada de decisão.

2. Ondas

Viajáveis

Os IEDs com tecnologia de ondas viajantes são uma escolha eficiente para a proteção e monitoramento de sistemas elétricos de potência.

Eles oferecem diversos benefícios, como maior confiabilidade do sistema, redução de custos operacionais e precisão na localização de faltas em linhas de transmissão. Isso é especialmente vantajoso em situações de faltas de alta impedância, onde os algoritmos vetoriais tradicionais tentem a apresentar erros elevados.

Dentre as possibilidades adicionais que os dispositivos com ondas viajantes oferecem estão a implantação da localização de faltas por dois terminais com alta precisão e monitoramento preditivo de linhas de transmissão de forma sincronizada com o disparo de oscilografias para eventos de baixa intensidade. Esses eventos podem ser usados para antecipar possíveis faltas devido à aproximação de vegetação ou degradação gradual de isolamento.

Além disso, é possível aplicar o bloqueio seletivo de religamento automático para faltas em trechos considerados de risco, como travessias de rodovias Hoje temos poucos equipamentos instalados, mas à medida que seja necessária a substituição de IEDs obsoletos, deve ser ampliada sua participação na malha

3. Acesso remoto aos IEDs de proteção e sincronizadores

Tecnologia já aplicada por alguns agentes do SIN, iniciamos de forma consistente em sua implantação O maior desafio, propor uma solução que atenda ao justo receio pela integridade de sistema importante e imprescindível para o adequado desempenho da segurança do sistema elétrico, os sistemas de proteção de SEs e UGs

A obtenção das oscilografias dos relés de proteção, logs de eventos e ajustes atuais implantados de forma remota acrescenta grande riqueza de detalhes para os estudos de coordenação de proteção, mas principalmente para as análises de ocorrências, onde a premência de tempo é grande. Adicionalmente, o monitoramento do desempenho das manobras controladas de reatores e bancos de capacitores torna-se mais ágil e pratica, aumentando a segurança dos equipamentos.

Uma oportunidade observada na implantação deste projeto foi a de agregar segurança nos diversos níveis desde a rede externa até os IEDs, em situação em que ainda se convivia com alternativas pouco aderentes às melhores práticas de segurança cibernética.

Fig 4 -Formula de Ondas Viajáveis
Fig 3 - Esquematização de Ondas viajáveis
4. Desenvolvimento de aplicativos para ganho de produtividade.

O ganho de produtividade é uma demanda que tem várias vertentes. Empresarial, maximizando recursos, e regulatório, devido às metodologias usadas pela Agência Reguladora para o estabelecimento das receitas nos negócios de transmissão e distribuição e pela concorrência direta na geração com a comercialização de energia

Uma importante ferramenta usada para o aumento da produtividade é a digitalização de processos, com redução de tempo com atividades repetitivas e automatizáveis

As ferramentas para isso são diversas, desde a programação de aplicativos em linguagens como Piton e o uso de plataformas de desenvolvimento de alto nível como Smax O uso do PI System como sistema de gerenciamento de dados para coletar, armazenar e analisar informações, principalmente no nosso caso, oriundos do SAGE (CEPEL), também tem agregado muito no processo de operação.

O resultado do desenvolvimento dos aplicativos é ganho de agilidade e agregação de informações de qualidade para suporte à tomada de decisões técnicas e gerenciais

Os desafios são conhecimento das linguagens, disponibilidade de homem-hora, atendimento aos padrões e requisitos técnicos de gestão da TI e a garantia de perpetuidade da função, com atendimento das atualizações necessárias ao longo da vida útil da aplicação.

Concluímos que a gestão eficaz do conhecimento e das equipes de planejamento elétrico é fundamental para garantir a resiliência, a eficiência e a evolução contínua do sistema elétrico. Ao fomentar uma cultura de colaboração e comunicação aberta, além de proporcionar contínua capacitação dos profissionais, conseguimos enfrentar todos os desafios do setor Assim, não apenas superamos obstáculos imediatos, mas também preparamos o caminho para o futuro

Fig 5 - Equipamentos específicos utilizados

Como a evolução tecnológica pode extrair o verdadeiro valor do lixo

Daniel Toloza Ramirez | Daniel Cesar Gomes | Davi Reis Vasconcelos | João Pedro Prado Abitante | A C Zambroni de Souza | Eliane Valença Nascimento De Lorenci

Desde os tempos mais remotos, o que usamos e descartamos tem moldado nosso ambiente e desafiando nossa capacidade de gestão do lixo. Na pré-história, restos de materiais orgânicos eram enterrados ou queimados, uma prática rudimentar e não planejada que surgiu por necessidade de afastar o mau cheiro, evitando os predadores. Na Idade Média, a situação era caótica: sem sistemas de saneamento adequados, as ruas das cidades europeias se tornaram verdadeiros depósitos de resíduos, o que contribuiu para surtos de doenças.

No Brasil Imperial, a gestão do lixo era ainda bastante precária. Os excrementos humanos eram despejados em áreas afastadas, transportados por escravos que, durante o trajeto, tinham a pele manchada pelo líquido escorrido – uma cena tão comum que rendeu a esses trabalhadores o apelido de "tigres" Foi apenas no fim do século XIX, com o avanço do conhecimento sobre a transmissão de doenças, que começaram a surgir soluções mais estruturadas No Rio de Janeiro, por exemplo, um complexo de incineração foi instalado para reduzir os lixões a céu aberto e minimizar os riscos à saúde pública.

Contudo, nenhuma das soluções empregadas conseguiu conter o crescimento exponencial da geração de lixo. A globalização, impulsionada por avanços tecnológicos e pela expansão das telecomunicações, dissolveu barreiras geográficas e aproximou mercados, permitindo que produtos e tendências circulassem pelo mundo com uma facilidade sem precedentes. Essa integração transformou profundamente a forma como vivemos, tornando o consumo um dos principais pilares da sociedade contemporânea.

Se, por um lado, essa abundância trouxe conforto e diversidade, por outro, gerou um efeito colateral inegável: a crescente produção de resíduos. Nunca, na história da humanidade, se descartou tanto. A lógica do consumo rápido e descartável alimenta um ciclo constante de produção e descarte, ampliando os desafios enfrentados.

A geração de resíduos sólidos é uma realidade inerente às atividades humanas, abrangendo desde os resíduos domésticos até os provenientes da indústria, do comércio e da construção civil Quando não gerenciados adequadamente, esses resíduos podem causar impactos ambientais e sociais significativos O descarte irregular favorece a proliferação de vetores de doenças, compromete a qualidade do solo e da água e contribui para a poluição do ar.

Em 2023, o Brasil gerou aproximadamente 81 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU), o equivalente a mais de 221 mil toneladas por dia ou cerca de 382 kg por habitante ao longo do ano [1]. A maior parte desse volume é proveniente da região Sudeste, que concentra 49,3% da geração nacional, seguida pelo Nordeste, com 24,7%. As regiões Sul, Centro-Oeste e Norte contribuem com 10,8%, 7,7% e 7,5%, respectivamente [1] A Figura 1

resume esse cenário

Fig 1 - Geração de RSU no Brasil Fonte: [1]

A gestão eficaz de resíduos sólidos urbanos (RSU) surge como uma necessidade urgente para enfrentar os desafios ambientais contemporâneos Essa gestão requer uma abordagem holística, multidisciplinar e colaborativa, com um olhar integrado que envolva tecnologia, planejamento urbano, políticas públicas e, principalmente, a conscientização da sociedade Além disso, é fundamental investir em infraestrutura para a coleta e tratamento de resíduos, incentivar práticas de reaproveitamento e reciclagem, e desenvolver soluções inovadoras que reduzam a quantidade de lixo destinado aos aterros.

Embora a tecnologia tenha trazido novos desafios ambientais, também é por meio dela que novas soluções podem surgir. Reconhecendo esse contexto, a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), através de alunos de graduação do Instituto de Sistemas Elétricos e Energia (ISEE) – Daniel Toloza Ramirez, Daniel Cesar Gomes, Davi Reis Vasconcelos e João Pedro Prado Abitante – está desenvolvendo trabalhos com base nessa temática, abordando aspectos tecnológicos no sistema de coleta urbano e na recuperação energética dos RSU. Alguns desses trabalhos são apresentados de forma resumida a seguir.

Um aspecto importante que foi observado durante os estudos realizados diz respeito ao fato de que os dados nacionais apresentados sobre o lixo não podem ser generalizados para todos os municípios do país Cidades com perfis diferentes, geram resíduos de formas distintas Em Itajubá, por exemplo, embora a área urbana predomine (219,75 Km²), também há uma região rural (70,70 Km²) Portanto, os resíduos são obtidos de diversas formas e fontes Por outro lado, municípios turísticos, como Campos do Jordão, possuem uma geração de resíduos inconstante ao longo do ano; muitas vezes elevada nos momentos de alta temporada

Tecnologias nos sistemas de coleta

A modernização dos sistemas de coleta e descarte de resíduos sólidos urbanos é fundamental para garantir a eficiência operacional e a redução do impacto ambiental. A coleta convencional, amplamente utilizada, envolve a remoção de resíduos misturados, enquanto a coleta seletiva promove a separação de materiais recicláveis desde a origem, facilitando seu reaproveitamento.

Esses processos devem estar alinhados ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) [4], que incentiva a reciclagem e a inclusão de catadores, conforme ilustrado na Figura 2.

Os avanços tecnológicos têm transformado a gestão de resíduos, por meio de sensores inteligentes, monitoramento remoto e contentores subterrâneos que otimizam a coleta e reduzem custos operacionais. A eletrificação do transporte urbano também impõe desafios logísticos, exigindo um planejamento detalhado para garantir a eficiência das coletas. A contribuição das universidades e investimentos privados são essenciais para desenvolver soluções inovadoras e viabilizar a adoção de novas tecnologias. Após a coleta, os resíduos podem ser destinados a aterros sanitários, usinas de reciclagem ou unidades de tratamento energético. A reciclagem é um pilar da economia circular, permitindo o reaproveitamento de materiais e reduzindo a extração de recursos naturais. Já a conversão de resíduos não recicláveis em eletricidade ou calor representa uma alternativa sustentável para a destinação final do lixo

Contudo, é essencial considerar as questões sociais envolvidas na modernização da gestão de resíduos O avanço tecnológico pode reduzir a disponibilidade de materiais recicláveis e impactar negativamente os catadores de lixo, que dependem dessa atividade como principal fonte de renda. A automatização e a eliminação progressiva de lixões podem marginalizar esses trabalhadores se não forem implementadas políticas inclusivas que garantam sua transição para novas funções no setor. Algumas empresas [3] já utilizam o biogás proveniente de aterros sanitários e resíduos agrícolas para gerar energia, evitando a emissão de mais de 490 toneladas de carbono ao ano e reduzindo significativamente o impacto ambiental do descarte inadequado

Por outro lado, a tecnologia pode gerar oportunidades ao incorporar os catadores em cadeias formais de reciclagem, oferecendo treinamento e melhores condições de trabalho. Políticas públicas podem viabilizar sua atuação em etapas como triagem, coleta seletiva e logística para fornecimento de resíduos a plantas de tratamento. Novos postos de trabalho também podem surgir na operação e manutenção de usinas, promovendo requalificação profissional e inclusão social. Para que a modernização dos sistemas de coleta e descarte de resíduos beneficie toda a sociedade, é imprescindível adotar medidas que garantam a integração dos trabalhadores na cadeia de valor dos resíduos Dessa forma, é possível transformar desafios em oportunidades, consolidando um modelo de economia circular e sustentabilidade que seja eficiente, justo e inclusivo.

Tecnologias de recuperação energética

A recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos (RSU) tem se consolidado como uma alternativa eficaz para mitigar os impactos ambientais e diversificar a matriz energética no Brasil No âmbito desse movimento, o Programa Lixão Zero, inserido na Agenda Nacional de Qualidade Ambiental Urbana do Ministério do Meio Ambiente (MMA), tem se destacado ao incentivar a geração de energia a partir dos resíduos Seu objetivo é fomentar um ambiente regulatório propício para impulsionar novos projetos, promovendo a recuperação energética desses materiais e contribuindo para a sustentabilidade no país. Diversas tecnologias estão sendo empregadas para aproveitar o potencial energético dos RSU, oferecendo uma solução inovadora para a redução da emissão de gases de efeito estufa e a ampliação da vida útil dos aterros sanitários. Entre essas alternativas, destacam-se a geração de calor, eletricidade e combustíveis alternativos a partir dos resíduos, conforme mostrado a seguir.

Biometano a partir de Aterros Sanitários

Embora os aterros sanitários sejam tradicionalmente vistos como locais de descarte, bem projetados, eles desempenham um papel muito mais significativo

Com a engenharia adequada, esses espaços não apenas garantem a segurança ambiental, prevenindo a contaminação do solo e da água, mas também têm a capacidade de gerar energia renovável a partir do biogás. Esse gás é produzido pela decomposição da matéria orgânica nos resíduos, em um processo anaeróbico realizado por microrganismos, que libera principalmente metano (CH₄) e dióxido de carbono (CO₂).

A produção de biogás nos aterros sanitários se inicia logo após o descarte dos resíduos, com a emissão de metano (CH₄) começando em até três meses e podendo continuar por décadas. Se não capturado e tratado adequadamente, o metano liberado contribui de forma significativa para o aquecimento global, pois é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa. A fim de mitigar esse impacto ambiental e ao mesmo tempo aproveitar o potencial energético do biogás, os aterros sanitários adotam um processo estruturado, com várias etapas:

Captura: Sistemas avançados são instalados para coletar e direcionar os gases gerados pela decomposição dos resíduos.

Tratamento e Purificação: O biogás coletado passa por processos de filtragem para remover impurezas, garantindo um combustível de melhor qualidade.

Geração de Energia: O biogás purificado pode ser utilizado para gerar eletricidade por meio de motores ou turbinas, com a energia sendo consumida localmente ou integrada à rede elétrica.

Aplicações Versáteis: Além da eletricidade, o biogás pode ser utilizado como combustível para veículos, fonte de calor para comunidades vizinhas ou como insumo em processos industriais.

O aproveitamento do biogás oferece uma série de benefícios, como a redução das emissões de gases de efeito estufa, além de contribuir para a diversificação da matriz energética e promover uma gestão de resíduos mais eficiente e sustentável. Por meio da purificação do biogás, é possível produzir o Biometano, composto principalmente por metano (acima de 90%). O biometano é um combustível versátil que pode ser comercializado de diversas formas, como gás natural comprimido (GNC) ou gás natural liquefeito (GNL), com aplicações no setor doméstico, industrial e veicular. A comercialização do biometano é regulamentada e pode ser realizada por concessionárias de gás natural ou distribuidores autorizados. A Figura 3 ilustra esse processo.

Segundo dados da CIBiogás [4], em 2023, o Brasil possuía 1.365 plantas de biogás, das quais , 86% destinam a maior parte do gás produzido para a geração de eletricidade Cerca de 10% dessas plantas utilizam resíduos de saneamento, incluindo os provenientes de aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto, evidenciando o grande potencial de expansão do uso de RSU na geração de energia renovável no país

Estudos da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA) [1] estimaram que, em 2023, o Brasil tinha o potencial de produzir 2,86 milhões de Nm³/dia de biometano a partir de RSU, com base nas quantidades de resíduos gerados em municípios que ultrapassam 320 toneladas diárias Esse volume poderia suprir aproximadamente 5% da demanda nacional por gás natural nos próximos anos O Sudeste se destacava como a região com maior potencial, com 1,45 milhão de Nm³/dia, repre-

sentando 50,7% do total nacional, seguido pelo Nordeste, com 781 mil Nm³/dia (27,3%).

Além disso, com base no estudo da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (SEMIL), encomendado pela FIESP em 2024, a exploração desse potencial de biometano a partir dos resíduos sólidos urbanos poderia gerar cerca de 15 mil novos postos de trabalho em todo o Brasil [1], impulsionando tanto a economia quanto a sustentabilidade no país.

Geração de Hidrogênio em Biodigestores

O processo de gaseificação é uma solução sustentável e inovadora para transformar resíduos sólidos urbanos em fontes de energia limpa, como eletricidade e hidrogênio. Nesse processo, os resíduos são aquecidos a temperaturas elevadas em reatores específicos, onde ocorrem reações químicas que convertem o material sólido em um gás de síntese, composto principalmente por gás hidrogênio (H₂) e metano (CH₄). Esses gases possuem alto valor energético e podem ser utilizados como combustíveis para diversas aplicações, incluindo a geração de eletricidade e a produção de hidrogênio, um combustível limpo com grande potencial para a transição energética sustentável.

Antes de ocorrer a gaseificação, é essencial classificar o lixo, separando-o em categorias como plástico, papel, resíduo orgânico e outros materiais. Essa separação permite um controle mais preciso do processo, pois cada tipo de resíduo possui diferentes proporções de carbono, hidrogênio e outros elementos essenciais para a reação. O estudo da composição química dos resíduos garante que os reatores sejam ajustados corretamente, otimizando a conversão do material sólido em gás de síntese e reduzindo impurezas como cinzas e enxofre, que podem comprometer a eficiência da gaseificação Além disso, a triagem adequada possibilita o melhor aproveitamento de materiais recicláveis, evitando desperdícios e direcionando para o processo apenas os resíduos que realmente não podem ser reutilizados de outras formas.

Após a produção do gás de síntese, ele pode ser

convertido em hidrogênio por meio da reforma a vapor, onde o metano (CH₄) reage com vapor d'água a temperaturas superiores a 700 °C, gerando hidrogênio e dióxido de carbono (CO₂). O hidrogênio obtido pode ser utilizado para abastecer veículos movidos a células de combustível, como ônibus e caminhões, além de ser empregado na geração de eletricidade em turbinas e motores de combustão interna. No entanto, um dos grandes desafios desse processo está no armazenamento e transporte do hidrogênio, que exige tecnologias avançadas para garantir segurança e eficiência Outra barreira para a implementação em larga escala é o custo elevado da infraestrutura necessária para a produção e distribuição do hidrogênio, além da necessidade de aprimoramento dos sistemas de captura e utilização do CO₂ gerado durante o processo.

Já a gaseificação enfrenta desafios não apenas na conversão de resíduos em gás de síntese, mas também na otimização do processo para torná-lo economicamente viável A eficiência depende de variáveis como temperatura, pressão e fluxo mássico, que precisam ser ajustadas corretamente para maximizar a produção de hidrogênio e minimizar a formação de subprodutos indesejados. Além disso, a adoção de trocadores de calor, separadores e sistemas de desidratação pode melhorar a pureza do gás gerado e aumentar o rendimento do processo.

Sabe-se que o hidrogênio é considerado um dos principais candidatos para substituir combustíveis fósseis, pois não gera emissões de carbono quando utilizado como fonte de energia. Seu alto poder energético permite diversas aplicações, desde o abastecimento de veículos até a geração de eletricidade e calor em indústrias. Além disso, tecnologias como o hidrogênio verde, produzido a partir de fontes renováveis como a eletrólise da água utilizando energia solar ou eólica, representam um avanço significativo para a transição energética global. Nesse contexto, o Centro de Hidrogênio Verde da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) tem um papel fundamental na pesquisa e desenvolvimento dessa tecnologia no Brasil, sendo o primeiro centro dedicado ao tema no país Ele impulsiona estudos e soluções inovadoras para a produção e utilização do hidrogênio como uma alternativa viável e sustentável

Além dos avanços técnicos, a gaseificação e a produção de hidrogênio também apresentam impactos sociais positivos. A implementação desse processo pode gerar novas oportunidades de trabalho, desde a triagem e separação dos resíduos até a operação dos reatores e manutenção dos sistemas. No entanto, é essencial garantir a inclusão dos catadores de materiais recicláveis nesse novo cenário, proporcionando capacitação e alternativas para que possam atuar em funções que agreguem valor ao processo. Isso poderia reduzir a informalidade e melhorar as condições de trabalho dessas pessoas, que atualmente dependem da coleta de resíduos para sua subsistência. Dessa forma, a gaseificação não apenas contribui para a redução de lixo e geração de energia limpa, mas também pode ser uma ferramenta para promover inclusão social e desenvolvimento sustentável.

Energia proveniente de Sistemas Gravitacionais

UAssim como as outras tecnologias discutidas ao longo do artigo, essa alternativa busca reduzir o impacto ambiental dos resíduos, ao mesmo tempo em que contribui para a geração de energia de forma eficiente e ecológica

Com base em uma tecnologia ainda pouco explorada, o armazenamento de energia por meio da gravidade é uma solução promissora. O princípio é simples: ao elevar uma massa a uma certa altura, ela adquire energia potencial gravitacional. A energia potencial gravitacional é diretamente proporcional à massa e à altura do objeto. Quando essa massa é liberada, a energia armazenada é convertida em movimento, o qual, ao ser transmitido por fios robustos, pode acionar o eixo de um gerador elétrico.

A eficiência dessa tecnologia de armazenamento de energia depende essencialmente da massa do objeto que é elevado; quanto maior a massa, maior a energia armazenada. Atualmente, grandes toneladas de concreto são utilizadas nesse processo, mas substituí-las por lixo selecionado ou por concreto feito de resíduos sólidos (concreto reciclado), que tem se mostrado uma alternativa eficaz para o descarte de resíduos, pode tornar essa tecnologia ainda mais sustentável. O uso do lixo nesse processo não só proporciona uma forma eficiente de armazenar energia, como também contribui significativamente para a redução do impacto ambiental, reduzindo o volume de resíduos em aterros e lixões a céu aberto. Estudos indicam que o uso de concreto reciclado pode reduzir em até 20% as emissões de CO₂ em comparação com o concreto convencional, em termos da produção, além de gerar uma redução de 10% a 20% nos custos de produção.

Um dos desafios logísticos dos sistemas de armazenamento gravitacional está relacionado ma outra solução de grande relevância para o descarte sustentável do lixo é o armazenamento de energia por baterias gravitacionais fabricadas a partir de resíduos sólidos

à necessidade de estruturas suficientemente altas ou escavadas (construídas no subsolo) e robustas para elevar ou descer a massa, o que pode demandar grandes investimentos financeiros, especialmente na construção e manutenção dessas instalações. No entanto, apesar dessas dificuldades, a bateria gravitacional oferece uma alternativa viável e sustentável para o armazenamento de energia em larga escala, principalmente em momentos de baixa demanda elétrica, ou seja, durante o dia, já que esses sistemas geralmente operam em conjunto com fontes renováveis, como solar e eólica Dessa forma, o excedente de energia pode ser usado para acionar o equipamento que eleva a massa até uma certa altura.

O uso do lixo em sistemas de armazenamento gravitacional não só proporciona uma forma eficiente de armazenar energia durante períodos de baixa demanda, como também contribui significativamente para a redução do impacto ambiental, promovendo uma economia mais verde e circular. A Figura 4 ilustra o funcionamento dessa tecnologia.

A gestão do lixo se apresenta como um dos maiores desafios da sociedade contemporânea, envolvendo não apenas questões ambientais, mas também impactos sociais e econômicos significativos. A crescente produção de resíduos exige soluções inovadoras que promovam uma destinação mais eficiente e sustentável, minimizando danos ao meio ambiente e garantindo melhores condições de vida para aqueles que dependem do lixo para sua subsistência.

A sustentabilidade socioambiental é essencial para a continuidade do sistema produtivo na sociedade globalizada, exigindo uma visão abrangente que considere todas as dimensões desse problema As inovações tecnológicas, como a recuperação energética, a reciclagem avançada e a substituição dos caminhões a combustão por elétricos, oferecem caminhos promissores para reduzir o impacto dos resíduos e tornar o setor mais eficiente. No entanto, apesar de seu grande potencial, essas tecnologias precisam ser implementadas de maneira socialmente responsável, garantindo a inclusão dos trabalhadores que atuam na cadeia de resíduos, especialmente os catadores, que desempenham um papel fundamental na

na economia circular.

A modernização dos sistemas de coleta e tratamento de lixo não pode ocorrer à custa da exclusão social Pelo contrário, é necessário que políticas públicas assegurem a capacitação e a inserção desses trabalhadores nos novos modelos produtivos, proporcionando alternativas de emprego e melhores condições de trabalho. Investimentos privados e o envolvimento das universidades são fundamentais para o desenvolvimento de soluções inovadoras que equilibrem eficiência econômica, preservação ambiental e inclusão social.

Portanto, a questão do lixo não pode ser vista como um problema isolado ou secundário Tratase de um desafio complexo que demanda esforços coordenados entre governos, empresas, instituições de pesquisa e a sociedade como um todo A implementação de novas tecnologias, aliada a uma abordagem inclusiva e sustentável, pode transformar os resíduos em um recurso valioso, contribuindo para a construção de cidades mais limpas, justas e ambientalmente equilibradas. Somente assim será possível avançar para um futuro onde o lixo deixe de ser um problema e se torne parte da solução para um planeta mais sustentável.

Fig 4 - Ilustração de um armazenador gravitacional Fonte: [5]

Ação de extensão: “Educação para Sustentabilidade Energética”

De acordo com o projeto pedagógico do curso (PPC) de Engenharia Elétrica da UNIFEI, devem ser integralizadas no histórico do aluno no mínimo 400 horas de atividades de extensão. Segundo a Pró-Reitoria de Extensão, a ação é considerada de extensão quando envolve diretamente a comunidade externa, sendo desenvolvida por servidores da UNIFEI, juntamente com estudantes de graduação e/ou pós-graduação da instituição. É importante lembrar que não estão previstas disciplinas extensionistas no PPC do Curso de Engenharia Elétrica

O número elevado de horas atribuídas às atividades de extensão exige que a oferta de atividades deste tipo seja ampliada. Nesse sentido, os grupos de pesquisa do ISEE podem contribuir propondo projetos de extensão rela-

cionados às suas áreas de atuação.

O GREENS (Group of Renewable and Efficient Energy Networks and Sustainability) executou, ao longo de 11 semanas do segundo semestre de 2024, o projeto de extensão “Educação para Sustentabilidade Energética”. O projeto teve como objetivo promover a interação entre a universidade e os alunos do ensino médio público, com foco na divulgação e popularização da ciência por meio da promoção das energias renováveis na sociedade Através de palestras e atividades práticas centradas em energias renováveis, foram apresentados conceitos e tecnologias relacionados à geração distribuída e renovável, gestão inteligente de energia e sustentabilidade energética, junto com seus impactos ambientais e socioeconômicos.

A educação para a sustentabilidade energética não está incluída no currículo do ensino médio Portanto, ações de extensão universitária com esse enfoque são contribuições importantes para uma sociedade que deve estar ativamente engajada no processo de transição energética global. Vale destacar que o GREENS já desenvolveu dois projetos de extensão anteriores neste contexto: “Energias Renováveis, Educação Aberta para uma Vida Sustentável e Inteligente I” (de abril de 2022 a dezembro de 2022) e “Energias Renováveis, Educação Aberta para uma Vida Sustentável e Inteligente II” (de abril de 2023 a dezembro de 2023). Na versão I, com base em kits didáticos para em energia renovável, os alunos da UNIFEI criaram guias de experimentos conceituais, que foram filmados e disponibilizados em um canal no YouTube, com licença aberta, para acesso amplo e inclusivo. Na versão II, os alunos visitaram escolas da cidade para apresentar os experimentos conceituais e discutir oportunidades de ações de eficiência energética com a comunidade escolar.

Eliane Valença Nascimento De Lorenci

A proposta

No projeto de extensão “Educação para Sustentabilidade Energética”, alunos da UNIFEI ministraram um minicurso sobre “Sustentabilidade Energética” para alunos do ensino médio As atividades foram desenvolvidas no laboratório de redes inteligentes da UNIFEI e na escola pública parceira do projeto O projeto foi direcionado aos alunos da UNIFEI que tivessem concluído as disciplinas dos dois primeiros anos do curso de engenharia. A escola parceira foi a Escola Estadual Major João Pereira. Participaram das atividades duas turmas do segundo ano do ensino médio, com uma média de 20 alunos por turma.

O minicurso foi estruturado em módulos, sendo alguns teóricos e outros práticos. Os módulos teóricos foram ministrados na escola estadual, enquanto os práticos ocorreram nos laboratórios do GREENS. Os módulos práticos consistiram em atividades de laboratório que utilizaram componentes de circuito (fontes, LEDs e resistores), kits didáticos em energia renovável e softwares especializados. Mais detalhes sobre cada módulo podem ser encontrados na seção que descreve as atividades realizadas no projeto O desenvolvimento e aplicação dos módulos teve a supervisão dos professores do GREENS

Atividades do projeto

Atividades realizadas pelos alunos da UNIFEI participantes do projeto

Integraram a equipe do projeto sete alunos da UNIFEI, sendo dois de doutorado e cinco da graduação: André Alexandre Fukuda (8º período), Alan Mendes Rodrigues (10º período), Gabriel de Moura Cortez (6º período), Kleverson Lucas da Silva Teixeira (6º período), Thiago Vicente Teixeira Castro (10º período), Luísa Pereira Pinheiro (doutorado) e Uchenna Onu (doutorado) O trabalho destes alunos se desenvolveu ao longo de onze semanas, de acordo com o cronograma e o detalhamento das atividades a seguir

Observações:

Atividade C, dia 28/10: Turmas 1 e 2 em horários diferentes para a aplicação do módulo

Atividade C, dia 4/11: Turmas 1 e 2 juntas para a aplicação do módulo

Atividade C, dia 11/11: Turmas 1 e 2 juntas para a aplicação do módulo

Atividade D, dia 18/11: Turmas 1 e 2 em horários diferentes para a aplicação do módulo Outras atividades no dia incluíram a apresentação sobre geração distribuída no campus, feita pelos professores do GREENS e a visita ao LEPCH, acompanhados pelo Prof José Carlos Grilo

Atividade D, dia 25/11: somente para Turma 1

Atividade D, dia 2/12: somente para Turma 2

Fig 1 - Cronograma da ação de extensão “Educação para Sustentabilidade Energética”

Descrição das atividades

A. Encontro semanal para discussões sobre o desenvolvimento dos módulos do minicurso "Sustentabilidade Energética"

Os alunos se reuniam com os professores do GREENS semanalmente, para discussões sobre o desenvolvimento dos módulos.

B. Desenvolvimento dos módulos do minicurso "Sustentabilidade Energética"

Os alunos, sob a orientação dos professores do GREENS, desenvolveram um minicurso sobre a temática de sustentabilidade energética, composto por três módulos teóricos e quatro módulos práticos. De modo geral, cada módulo tinha dois alunos responsáveis, enquanto os demais membros da equipe auxiliavam no processo de revisão. Assim, o número de horas dedicadas por cada aluno ao desenvolvimento dos módulos variava.

Módulos teóricos:

Para cada módulo teórico, foi elaborado um texto que serviu de base para a criação dos slides de aula. Além dos slides, foram criadas atividades, como questionários, caça-palavras e palavrascruzadas, que eram aplicadas ao final de cada aula.

1. Sustentabilidade e Usinas Hidrelétricas;

2. Geração fotovoltaica e eólica;

3. Armazenamento de energia e Hidrogênio verde.

Módulos práticos:

Para cada módulo prático, foi desenvolvido um roteiro para o experimento associado.

4. Experimentos sobre tensão, corrente e potência, utilizando fontes de tensão, protoboards, resistores, LEDs e multímetros. Os experimentos tinham como objetivo introduzir os conceitos dessas grandezas elétricas

5. Experimentos de geração fotovoltaica e eólica com o uso de kits didáticos em energia renovável.

6. Experimento com Software Homer (Hybrid Optimization Multiple Energy Resource), utilizado para avaliação energética com base em condições econômicas e ambientais. Os alunos simularam o planejamento de um sistema de geração baseado em fontes renováveis e baterias para tornar a escola energeticamente auto-suficiente.

7. Experimento com o Sistema Supervisório do GREENS. Foram analisadas algumas medidas coletadas e armazenadas pelo sistema supervisório: demanda de potência ativa do campus e potência de saída de alguns inversores solares. Foram verificadas as condições climáticas associadas aos dias de coleta das medidas e a relação com a demanda do campus e geração de energia solar.

C. Aplicação dos módulos teóricos do minicurso "Sustentabilidade Energética"

Os módulos teóricos do minicurso "Sustentabilidade Energética" foram aplicados na Estadual Major João Pereira, durante o período vespertino. Os alunos da UNIFEI apresentavam o conteúdo com o auxílio de slides e, ao final, aplicavam a atividade associada (questionários, caça-palavras ou palavras-cruzadas). Além da exposição do conteúdo, buscava-se também fomentar debates sobre o tema abordado.

D. Aplicação dos módulos práticos do minicurso "Sustentabilidade Energética"

Os módulos práticos do minicurso "Sustentabilidade Energética" foram aplicados na UNIFEI, durante o período vespertino, nos laboratórios do GREENS. Os alunos do ensino médio participaram ativamente dos experimentos planejados, seguindo os roteiros elaborados Eles foram acompanhados pelos alunos da UNIFEI, que, além de orientar a execução, conduziam a discussão dos resultados

Além das atividades realizadas pelos alunos, conforme listado no cronograma, os professores do GREENS também desempenharam outras atividades de suporte, a saber: Atividades de suporte

E. Orientação na elaboração do minicurso "Sustentabilidade Energética"

Os professores do GREENS acompanhavam os desenvolvimentos dos módulos e revisavam o material produzido

F. Acompanhamento dos alunos da UNIFEI na aplicação do minicurso "Sustentabilidade Energética" na escola Estadual Major João Pereira e na UNIFEI

Os professores do GREENS, assim como a professora responsável na escola estadual, acompanharam todas as aulas teóricas e práticas ministradas pelos alunos da UNIFEI, realizando intervenções para fomentar discussões.

G. Trabalhos de coordenação

A atividade incluiu as seguintes ações:

1 Prospecção de alunos interessados em participar do projeto

2 Preparação de material para apresentação do projeto para os alunos UNIFEI participantes

3. Preparação de material para apresentação do projeto para os responsáveis da escola pública de ensino médio.

4. Reunião com os alunos UNIFEI para a apresentação da proposta e organização da agenda de encontros.

5. Reuniões com professores responsáveis na escola pública de ensino médio para a apresentação da proposta.

6. Suporte à estruturação e aplicação de todas as atividades desenvolvidas ao longo do projeto

Dificuldades encontradas durante o desenvolvimento do projeto

Atração de alunos

As atividades do projeto, associadas à aplicação dos módulos do minicurso tanto as aulas práticas quanto teóricas foram desenvolvidas durante as semanas didáticas do segundo semestre de 2024, no horário regular das aulas dos alunos da rede pública, o que coincidiu, naturalmente, com o horário das aulas na universidade A dificuldade dos alunos da UNIFEI em adequar sua grade horária à agenda de aplicação do minicurso para os alunos da escola pública foi um fator que dificultou a atração de alunos para o projeto, bem como tornou bastante difícil a organização da agenda com os alunos participantes.

O processo de organização da agenda para a aplicação dos módulos teóricos e práticos foi impactado por fatores relacionados à UNIFEI como a baixa disponibilidade dos alunos para participar das atividades durante o horário de aulas e à escola pública parceira, que também depende da disponibilidade de horários

Para mitigar essas dificuldades, uma estratégia, no contexto da UNIFEI, seria vincular esse tipo de projeto de extensão a uma disciplina de caráter extensionista. Com relação à instituição parceira, seria fundamental o estabelecimento de uma parceria formal entre o instituto associado da UNIFEI e a escola. Além disso, devem ser realizadas tratativas para a definição conjunta (UNIFEI-escola) de horários para a aplicação dos módulos, com antecedência suficiente ao início do semestre escolar em que o projeto será desenvolvido, de modo que a universidade e a escola possam adequar suas grades de horários

Ambiente de sala na escola pública

A aplicação dos módulos teóricos ocorreu na Escola Estadual Major João Pereira O ambiente da sala de aula não era adequado devido ao alto nível de poluição sonora e ao calor A maioria das salas de aula da escola, incluindo a utilizada para o minicurso, está localizada em frente à rodovia, o que resulta em ruído constante proveniente de automóveis, caminhões, buzinas e carros de som. Além disso, o equipamento audiovisual da escola não era de boa qualidade, prejudicando a apresentação dos slides preparados pelos alunos da UNIFEI. Tal condição prejudicou o desenvolvimento da atividade. A aplicação dos módulos teóricos na universidade garantiria um ambiente mais propício ao ensino e aprendizagem.

Cabe ressaltar que a adversidade no ambiente da escola expõe os alunos a uma dificuldade constante de aprendizado, impedindo o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas Assim, além de comprometer o andamento do projeto, as condições insalubres de estudo impõem um desafio permanente à interação entre professores e alunos

Deslocamento dos alunos da escola para a participação das atividades na Unifei

Os módulos práticos do minicurso foram aplicados nos laboratórios do grupo GREENS, na UNIFEI. É importante registrar que a escola não providenciou transporte oficial para os alunos participantes até a universidade, o que, em termos de segurança, seria o mais adequado. Uma parceria formal entre o instituto e a escola poderia estabelecer a responsabilidade da escola em fornecer esse transporte como contrapartida.

Conclusão

O projeto foi bem-sucedido e pode-se afirmar que alcançou os resultados esperados, com destaque para os seguintes

Resultados Acadêmicos e Educacionais Resultados Sociais e Comunitários

Os alunos da UNIFEI desenvolveram habilidades em comunicação científica e implementaram um minicurso sobre sustentabilidade energética direcionado aos alunos do ensino médio. Estes participaram ativamente das atividades, tanto teóricas quanto práticas, e tiveram a oportunidade de exercitar os conceitos em experimentos no laboratório de redes inteligentes da UNIFEI.

O projeto aumentou a conscientização sobre energias renováveis e práticas sustentáveis entre os alunos do ensino médio, estimulando o interesse por educação superior, especialmente nas áreas de engenharia e tecnologia. Também ofereceu acesso a conhecimentos e experiências não disponíveis nas escolas públicas.

Resultados Institucionais

O projeto contribuiu para o fortalecimento da relação entre a UNIFEI e as escolas públicas, demonstrando o compromisso da universidade com a educação e o desenvolvimento regional, além de promover sua visibilidade como uma instituição voltada para a sustentabilidade e educação pública de qualidade.

Finalmente, para mitigar os problemas enfrentados durante a execução do projeto, sugerem-se algumas estratégias No contexto da UNIFEI, poderia-se vincular o projeto de extensão a uma disciplina de caráter extensionista, o que garantiria maior disponibilidade de alunos e facilitaria a organização da agenda Além disso, uma parceria formal entre o instituto e a escola pública parceira deveria ser estabelecida, incluindo a definição conjunta de horários com antecedência suficiente, permitindo que ambas as instituições ajustassem suas grades. No que se refere ao ambiente da sala de aula, a aplicação dos módulos teóricos na universidade seria mais adequada, pois as condições de infraestrutura e acústica são melhores, em comparação ao ambiente da escola, que tem problemas de ruído e calor excessivo. Por fim, a escola deveria assumir a responsabilidade pelo fornecimento de transporte oficial para os alunos, garantindo a segurança e o acesso ao local das atividades, através de uma parceria formal entre o instituto e a escola.

Entre a Teoria e a Prática:

OValordaBoaExperimentação

"Não importa o quão bela a sua teoria é Não importa o quão inteligente você é Se a sua teoria não concorda com os experimentos, ela está errada (R P Feynman)"

"Consultar um estatístico após o término de uma investigação experimental é como solicitar de um médico uma autópsia. (R. A. Fisher)"

Pedro Paulo Balestrassi - IEPG

O Ratinho Experimental

Conduzir corretamente um processo experimental é algo que engenheiros, gerentes, administradores, técnicos de diferentes áreas e pessoas dotadas de bom senso frequentemente acreditam saber fazer

Entretanto, na maioria das vezes, isso não ocorre de forma adequada. Vejamos um caso típico:

Um pesquisador da área biomédica deseja investigar o efeito de diversos fatores que podem aumentar a atividade elétrica cerebral em ratos. Sensores são colocados no escalpo dos animais, e um aparelho de eletroencefalografia registra a tensão elétrica de seus cérebros. Inicialmente, o pesquisador observa a atividade elétrica em condições normais, sem alterações nos fatores. Posteriormente, ele varia um dos fatores por exemplo, introduzindo estímulos visuais e analisa a nova resposta elétrica

O processo continua com a alteração de novos fatores, como a injeção de uma droga estimulante, que pode inclusive ser letal para o animal (ensaio destrutivo). A cada variação, a resposta é registrada. Esse procedimento se repete até que uma conclusão experimental seja obtida. Estatísticas, principalmente por meio de métodos gráficos, são então apresentadas. O pesquisador pode, por exemplo, chegar à seguinte conclusão: estímulos luminosos provocam um aumento na atividade elétrica em ratos.

Tal descoberta poderia ter grandes implicações caso fosse ampliada para seres humanos, contribuindo para o desenvolvimento de novas drogas antiepilépticas ou soluções para melhorar a qualidade de vida. Como consequência, algumas pessoas poderiam ser proibidas de frequentar discotecas com luzes estroboscópicas ou de dirigir à noite devido aos faróis de outros veículos, que poderiam provocar efeitos indesejáveis.

GENIUS RAT AVERAGE RAT IDIOT RAT

Por outro lado, empresas farmacêuticas poderiam lucrar com a venda de novos medicamentos para aliviar efeitos epilépticos. O experimento com ratos, portanto, se tornaria uma importante conquista científica

Apesar desses resultados promissores, algumas dúvidas poderiam permanecer na mente do pesquisador:

Outros fatores não considerados no experimento poderiam igualmente aumentar a atividade elétrica?

E o efeito combinado de múltiplos fatores?

O número de ratos foi suficiente para conclusões confiáveis?

A generalização dos resultados para seres humanos foi feita corretamente?

O equipamento de eletroencefalografia estava funcionando adequadamente, considerando alguns resultados inesperados?

Dúvidas como essas são comuns em experimentos científicos e revelam a complexidade das relações de causa e efeito. No campo médico, certas "verdades absolutas" são frequentemente difundidas e acabam impactando a sociedade. Por exemplo, o café, outrora considerado um grande inimigo da saúde, foi reabilitado por estudos publicados na área de neurociências, que o associam à diminuição de doenças degenerativas como Parkinson e Alzheimer.

Agora, recomenda-se consumir café sem açúcar e após 15 minutos da fervura.

Fig 1 – Os três Ratos de experimentação

O caso do cigarro também é emblemático: por muito tempo demonizado, estudos mais recentes revelaram que o problema não era necessariamente o tabaco, mas os pesticidas usados na produção. Na França, onde o tabaco não entra em contato com pesticidas, a correlação com o câncer não foi verificada. A gordura, vilã de muitas dietas, também ganhou nova perspectiva com regimes como o do Dr. Atkins e a dieta South Beach, que defendem a redução de carboidratos em vez da eliminação de gorduras. Curiosamente, isso impactou até a exportação de laranjas brasileiras para o mercado norte-americano.

Não se trata aqui de fazer apologia ao café, ao tabaco ou à gordura, mas sim de destacar a complexidade da investigação de relações de causa e efeito, mesmo para as mentes mais brilhantes Nosso bom senso tende a simplificar essas relações como "um para um" Exemplos populares incluem: "Manga com leite faz mal" ou "Se não for à missa todo domingo, vai para o inferno."

Dentro das empresas, essa simplificação também ocorre. Busca-se uma causa empírica direta para problemas. Exemplos típicos incluem:

"O aumento no número de notas fiscais emitidas prejudica a qualidade junto ao cliente."

"A falta de treinamento impacta a produção "

"Os afastamentos são sempre causados por lesões por esforço repetitivo "

"O culpado pelo atraso é o estagiário "

Compreender e investigar corretamente as relações de causa e efeito, tanto na ciência quanto no ambiente empresarial, é uma tarefa desafiadora que exige rigor, reflexão e um olhar atento às variáveis envolvidas.

Melhoria Usando Delineamento de Experimentos (DOE)

Estudos observacionais e experimentais são os dois métodos básicos para a pesquisa científica. Nos estudos observacionais, o pesquisador atua como um observador passivo, compilando basicamente dois tipos de variáveis de interesse:

Variáveis independentes, explanatórias ou fatores; 1. Variáveis dependentes ou de resposta. 2.

Nos estudos experimentais, o pesquisador manipula os fatores e avalia seus efeitos sobre a variável de resposta

Exemplos de estudos observacionais

Um grupo de fumantes e outro de não fumantes são acompanhados por 10 anos. As doenças adquiridas pelos indivíduos dos dois grupos são compiladas e comparadas. Esse tipo de estudo é denominado prospectivo, pois avalia uma resposta futura.

Dados históricos de dois distritos escolares são analisados em termos do desempenho de seus alunos em um teste padronizado. Esse estudo é retrospectivo, pois se baseia em dados passados.

Fig 2 – Tipos de Idealizações

Exemplos de estudos experimentais

1. Um psicólogo mede o tempo de resposta de vinte pessoas (dez homens e dez mulheres) submetidas a dois estímulos. Cada pessoa é observada em ambos os estímulos em ordem aleatória.

Dois algoritmos computacionais são comparados em termos do tempo de CPU necessário para processar dez tarefas idênticas.

2. Embora ambos os tipos de estudo utilizem métodos semelhantes de análise, há uma diferença fundamental:

Estudos observacionais mostram apenas associações; Estudos experimentais possibilitam estabelecer relações de causa e efeito.

Por essa razão, estudos experimentais são geralmente mais conclusivos. Estudos observacionais, por outro lado, são mais simples de conduzir, mas estão sujeitos a críticas devido à presença de variáveis ocultas não consideradas no estudo. Por exemplo, se um estudo observacional indica uma associação entre hipertensão e obesidade, alguém poderia questionar os resultados ao introduzir uma terceira variável, como herança genética. há o risco de inversão causal: a obesidade causa hipertensão ou seria a hipertensão a causa da obesidade?

Estudos experimentais e a ciência moderna

Estudos experimentais são mais aptos a estabelecer relações de causa e efeito porque permitem ao pesquisador controlar fatores usando diversas estratégias. Essa ideia, embora simples, revolucionou a ciência do século XX, como destaca David Salsburg

O Projeto de Experimentos (Design of Experiments DOE) é uma técnica desenvolvida a partir da década de 1920 por importantes pesquisadores em estatística, como Fisher, Yates, Box, Hunter e Taguchi.

Desenvolvendo pesquisas no Rothamsted Agricultural Experiment Station, em Londres, Sir Ronald A. Fisher inovou ao utilizar métodos estatísticos e desenvolver a análise de variância, além de criar os primeiros métodos de estatística para DOE. Em 1933, Fisher levou seu trabalho para a Universidade de Londres, onde o DOE foi aplicado na agricultura e na ciência biológica com grande sucesso. Fisher é amplamente considerado o maior estatístico e biólogo do século XX. A primeira aplicação prática do DOE ocorreu em 1930, na British Textile.

Após a Segunda Guerra Mundial, o DOE foi introduzido na indústria química e em processos industriais nos Estados Unidos e na Europa, marcando o início de uma nova era na engenharia de processos e no controle de qualidade.

Fig 3 – Ronald Fisher (1890 - 1962)

Aleatorização, Replicação e Blocagem

Os conceitos de aleatorização, replicação e blocagem podem ser atribuídos a Sir Ronald Fisher. Tais ideias levaram tempo para serem amplamente aceitas. O renomado estatístico Gosset (criador da distribuição t-Student), por exemplo, acreditava que, se os pesquisadores realmente soubessem o que estavam fazendo, aleatorizar não seria necessário. Atualmente, porém, esses princípios são bem estabelecidos e considerados essenciais para um bom planejamento experimental.

A seguir, apresentamos esses conceitos de maneira informal por meio de exemplos práticos

Exemplo: Aleatorização de alunos de matemática

O professor PP ensina matemática no ensino médio e recebeu um número excessivo de alunos inscritos em seu curso Para lidar com isso, decidiu dividir os alunos em duas turmas Como já conhecia os resultados obtidos com seu método de ensino tradicional, resolveu testar uma abordagem nova, baseada em um artigo do professor Malavé Surgiu então a primeira dúvida: como dividir os alunos em duas turmas?

Um amigo sugeriu separar por gênero, mas PP logo percebeu que isso poderia introduzir viés e reforçar estereótipos de que "meninos são melhores em matemática", o que poderia distorcer os resultados.

Outro amigo sugeriu ordenar os alunos alfabeticamente. Mas PP ouviu (ainda que como folclore) que nomes iniciados por letras do começo do alfabeto estariam associados a pessoas mais inteligentes (coitado do Zózimo!). Melhor não arriscar.

A solução foi a aleatorização: PP escreveu os nomes dos alunos em papeizinhos e sorteou os grupos. Ao perceber que uma turma havia ficado com muito mais meninos, refez o sorteio, desta vez mantendo a proporção de gêneros em cada turma, mas ainda aleatoriamente. Fez o mesmo com os nomes. Se tivesse mais um critério, talvez desistisse do novo método!

Exemplo: Replicação de um estudo científico

Um médico, ao ler artigos científicos, encontra um analgésico promissor para ser usado em suas cirurgias. Ele se pergunta se os resultados do estudo original se aplicam à sua clínica. Para isso, decide replicar o estudo ou seja, repetir o experimento original, utilizando os mesmos métodos, mas em um contexto experimental diferente, avaliando se os resultados são generalizáveis.

Exemplo: O estagiário da padaria

Uma padaria funciona 10 horas por dia, produzindo pães por bateladas. O padeiro quer verificar se o processo está sob controle, e pede ao estagiário que meça o peso dos pães de acordo com o critério que achar melhor. As opções são:

1.

Pesar o mesmo pão 10 vezes – Parece brincadeira, mas pode verificar se o sistema de medição está funcionando corretamente.

1.

Pesar 10 pães de uma mesma fornada – Representa a variabilidade dentro de uma batelada, útil como repetição, mas sem dizer muito sobre o processo ao longo do dia.

1.

Pesar 1 pão a cada hora, ao longo das 10 horas – Permite avaliar a variabilidade entre bateladas, com replicações ao longo do tempo

1

Pesar 5 pães em duas fornadas aleatórias – Cinco repetições por batelada e duas replicações.

1.

Pesar 2 pães em 5 fornadas diferentes – Boa cobertura do processo ao longo do dia, com mais ênfase na variabilidade entre fornadas.

Qual a melhor? Depende do tamanho do efeito (effect size) que se deseja detectar e da estratégia de amostragem. Como regra geral: use replicações e repetições sempre que possível.

Exemplo: Café e açúcar para atenção

Um estudo investigou o impacto do café da manhã no desempenho de estudantes em tarefas que exigem atenção, avaliando os fatores: ingestão de cafeína e ingestão de açúcar. Os estudantes foram divididos por nível de escolaridade (ensino médio ou universitário), mas esse fator não era o foco principal do estudo. Para evitar que ele confundisse os resultados, a escolaridade foi usada como um bloco ou seja, os testes foram realizados separadamente com universitários e estudantes do ensino médio, controlando essa variável de forma estruturada

Exemplo: Blocos para um tenista

O tenista Gustavo Kurto estava com dificuldades para acertar o saque Três fatores foram identificados: técnica de saque, tipo de raquete e força do saque A variável de resposta era a distância entre a bola e o alvo (quanto menor, melhor)

Como Gustavo joga tanto de dia quanto à noite, e não é possível controlar isso, a condição de iluminação (dia/noite) foi considerada um bloco com dois níveis Os experimentos com os três fatores foram aleatorizados dentro de cada bloco.

Exemplo: Um DOE com bicicleta

A Tabela 1 (não exibida aqui) representa um planejamento experimental para medir o tempo (em segundos) necessário para percorrer uma distância com bicicleta. Foram considerados dois fatores:

Posição do selim (Alto ou Baixo)

Uso de marcha (Com ou Sem)

Havia também uma variável de difícil controle: o tipo de pneu (fino ou grosso), que exigia muito esforço para trocar Por isso, essa variável foi tratada como um bloco Duas pessoas com características físicas semelhantes participaram, e experimentos anteriores mostraram que tinham desempenho equivalente

Foram realizados 12 experimentos, com:

4 combinações de fatores (2 x 2),

3 réplicas (12 experimentos ÷ 4 combinações),

2 repetições (relativas aos dois corredores, ou colunas de resposta).

A aleatorização foi aplicada dentro de cada bloco.

Fig 4 – Tabela Experimental

As seguintes considerações sobre os três princípios fundamentais do planejamento de experimentos estão bem consolidadas na literatura especializada:

A aleatorização insere diversas fontes de variação sistemática no termo de erro do modelo, contribuindo para a validade estatística dos resultados.

Quando a aleatorização não é realizada, muitos tipos de objeções podem ser levantados contra o estudo, como a alegação de tendenciosidade ou limitação metodológica.

A aleatorização tende a aumentar o termo de erro, pois incorpora múltiplos erros sistemáticos. O uso de blocos é uma forma eficaz de reduzir esse erro.

Como afirmam Box, Hunter & Hunter (2005):

“Faça a blocagem do que se pode e aleatorize o que não se pode.”

Esses princípios são geralmente válidos para experimentos em geral. No entanto, em experimentos computacionais, onde uma mesma entrada gera sempre a mesma resposta, esses princípios muitas vezes não se aplicam.

Uma ordem conveniente de execução não é aleatória. Ela pode introduzir viés sistemático nos resultados. A aleatorização minimiza esse risco.

Para que a blocagem seja efetiva, a variabilidade dentro dos níveis dos blocos deve ser menor do que a variabilidade entre os blocos.

É essencial diferenciar replicação de repetição (ou múltiplas medidas). A repetição envolve medições múltiplas nas mesmas condições; já a replicação reproduz o planejamento completo sob condições similares.

Estudos observacionais são os tipos mais comuns de estudos não aleatórios.

Qualquer fator cuja variabilidade esteja correlacionada com a variável de resposta é um candidato à blocagem.

Se uma variável precisa ser incluída no experimento, mas não é o foco principal do estudo, ela é uma boa candidata à blocagem.

Exemplo: turnos de funcionamento de uma empresa (dia/noite).

Variáveis que possuem níveis difíceis de serem modificados também devem ser consideradas para blocagem.

Variáveis de ruído (fatores não controláveis diretamente) são igualmente candidatas à blocagem.

A replicação em um planejamento experimental consiste em reproduzir todas as combinações do planejamento original.

Exemplo: para dois fatores com dois níveis cada (X₁ [0,1], X₂ [0,1]), existem quatro experimentos ((0,0), (0,1), (1,0), (1,1)). Com duas replicações, o total será de oito experimentos.

Na nomenclatura do DOE, uma replicação equivale à execução completa do planejamento original.

Existem dois métodos principais para gerar números aleatórios:

1.Métodos físicos baseiam-se em fenômenos naturalmente aleatórios, como lançamento de moedas, dados, roletas ou processos quânticos.

2.Métodos computacionais mais práticos, utilizam algoritmos determinísticos baseados em uma semente aleatória. Esses números são chamados de pseudoaleatórios e são os mais utilizados atualmente em DOE.

O uso de software estatístico tornou-se praticamente indispensável para planejar e analisar experimentos com eficiência e precisão.

Exemplos de DOE

A abrangência do Design of Experiments (DOE) pode ser ilustrada por um estimulante trabalho de William Hunter, publicado na internet, no qual ele apresenta 101 aplicações de DOE desenvolvidas por seus alunos muitas delas envolvendo problemas curiosos, criativos e até hilários. A lista a seguir apresenta, como motivação, algumas dessas aplicações. É importante notar que, em muitos casos, as respostas podem ser codificadas usando escalas de Likert, facilitando a análise quantitativa de fenômenos subjetivos

Fig 5 – Tabela de Tipos de exemplo de DOE

Existe uma vasta literatura sobre DOE e métodos estatísticos relacionados à experimentação eficiente No entanto, destaco aqui dois livros verdadeiramente excepcionais, tanto pela profundidade quanto pela acessibilidade, ideais para quem deseja se aprofundar no tema com uma abordagem prática e inspiradora.

1.David Salsburg The Lady Tasting Tea: How Statistics Revolutionized Science in the Twentieth Century

The Lady Tasting Tea (A Senhora que Provava Chá) é uma leitura envolvente que combina narrativa histórica com os fundamentos da estatística moderna. A obra gira em torno de uma anedota clássica envolvendo Ronald A. Fisher, um dos pais da estatística experimental, e um experimento real realizado na década de 1920:

Uma senhora afirmava ser capaz de distinguir, apenas pelo sabor, se o leite havia sido adicionado ao chá antes ou depois.

Fisher, intrigado, projetou um experimento controlado e aleatorizado para testar essa alegação.

Ela recebeu oito xícaras quatro com leite adicionado primeiro e quatro com chá adicionado primeiro dispostas de forma aleatória.

O desafio era classificar corretamente todas as xícaras

A senhora acertou todas, e o resultado foi estatisticamente significativo, comprovando sua habilidade. A partir dessa situação, Fisher formalizou o conceito de teste de hipóteses, um dos pilares da estatística moderna. O livro, ao explorar casos como esse, demonstra como a estatística revolucionou a ciência no século XX.

2. George E. P. Box, William G. Hunter e J. Stuart Hunter Statistics for Experimenters

Statistics for Experimenters é considerado um clássico definitivo no campo do planejamento de experimentos e aplicação da estatística à pesquisa científica e à engenharia. Escrito por grandes nomes da estatística aplicada, como Box e os irmãos Hunter, o livro é especialmente voltado para:

Engenheiros, cientistas e profissionais da indústria;

Usuários práticos de estatística que desejam melhorar processos, tomar decisões informadas e extrair conclusões confiáveis a partir de dados.

A obra aborda:

Fundamentos do DOE; Técnicas estatísticas aplicadas a contextos reais; Estratégias para otimizar produtos e processos;

Um estilo pedagógico baseado em aprendizado iterativo, com experimentos bem planejados

A primeira edição, lançada em 1978, foi pioneira ao combinar teoria estatística com aplicações práticas. A segunda edição (2005) ampliou e atualizou o conteúdo, incorporando novos desenvolvimentos e tecnologias, mantendo-se atual e relevante.

NoticiasISEE

DESTAQUE

A professora Claudia da Matta publicou dois artigos nível A4 com alunos de Iniciação Científica. É uma conquista importante, que mostra o alto nível da pesquisa desenvolvida e o nível de maturidade dos alunos, que puderam desenvolver um trabalho de grande reconhecimento. Os dados estão a seguir:

·SANFELICE, G P ; MATTA, CLÁUDIA ELIANE DA Promoção da segurança das mulheres nas áreas públicas em cidades inteligentes REVISTA BRASILEIRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, v 12, p 1, 2025

·ANTONIO, T R L ; MATTA, CLÁUDIA ELIANE DA Energias renováveis: investigação sobre contribuições para o suprimento energético brasileiro REVISTA BRASILEIRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, v 11, p 1-28, 2024

DESTAQUE

Em maio deste ano se encerrarão as obras do Carport (estacionamento com placas fotovoltaicas) ao lado do prédio do ISEE Com 135 módulos de 550Wp (total de 74,25kWp) distribuídos num estacionamento solar com 18 vagas, e sistema de baterias de 150kW / 215kWh, o sistema trará benefícios econômicos à Unifei e será um laboratório vivo para os alunos

DESTAQUE

Os alunos Uchenna Godswill Onu e Alan Mendes Rodrigues, juntos com o Professor Antonio Carlos Zambroni de Souza, participaram do 2024 Inerge International Conference on Electric Energy, em Juiz de Fora. Nessa ocasião, os dois alunos apresentaram seus trabalhos e foram arguidos por colegas pesquisadores. O Inerge (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Energia Elétrica) é um dos financiadores de diversos laboratórios de seus entes afiliados, inclusive a Unifei.

DESTAQUE

Os Professores Benedito Donizeti Bonatto e Pedro Paulo Balestrassi seguem seus períodos sabáticos, na Universidade Estadual de Campinas, e na University of Trento (Itália), respectivamente Esta atividade oxigena as pesquisas e traz benefícios aos alunos de graduação e pós-graduação, além de ganhos para o Programa de pós-graduação em Engenharia Elétrica

Quanto ao Professor Pedro, o objetivo principal da pesquisa consiste em “Desenvolver Modelos de Aprendizado de Máquina para o Controle e Otimização de Processos Não Lineares” Diversos processos não lineares, explorados em pesquisas recentes pelo proponente, serão inicialmente investigados, à luz da metodologia de Aprendizado de Máquina. Busca-se assim: Melhorar Algoritmos de Controle, Otimizar Parâmetros de Processos, Analisar Desempenho em Cenários Reais, Investigar Interpretação e Explicabilidade, Desenvolver Ferramentas e Frameworks, Estudar Impactos Econômicos e Ambientais, Propor Novas Metodologias, Explorar Aplicações Multidisciplinares, Contribuir para o Conhecimento Científico por meio de publicações.

Em relação ao Professor Bonatto, o projeto de pesquisa "Grid edge renewable technologies frameworks enabling sustainable cities”, vinculado ao CPTEn - Centro Paulista de Estudos da Transição Energética (Processo FAPESP: 2021/11380-5), na UNICAMP/FEEC, em realização pelo Prof. Benedito Donizeti Bonatto tem por objetivo desenvolver modelos estruturados de tecnologias renováveis Grid Edge habilitando cidades inteligentes. A partir de "big data analytics" bem como informações das faturas de energia elétrica dos prédios públicos de um município paulista, selecionado para o projeto-piloto, planeja-se avaliar na prática as possíveis soluções de sustentabilidade energética deste município, resultando em metodologias e processos para expansão das análises aos demais municípios do estado de São Paulo e do país.

NoticiasISEE

Sistema Supervisório do GREENS

O sistema supervisório do GREENS integra medidores inteligentes e inversores de geração fotovoltaica, criando um laboratório vivo onde dados elétricos são coletados e disponibilizados para visualização em tempo real e análise histórica. O sistema está em constante evolução e é fruto do trabalho contínuo de alunos de pós-graduação e graduação. Os gráficos a seguir são disponibilizados pelo sistema de tratamento de dados desenvolvido pelo aluno Alan Mendes como trabalho de TFG em 2024. São mostrados, para os meses de Junho e Outubro, a injeção de potência ativa líquida no ponto de conexão com a concessionária local, bem como o nível de tensão nas três fases. Observe, na Figura 2 (relativa a dias úteis), a linha azul clara bem abaixo das demais no horário de expediente didático; trata-se do dia 28 de outubro, um feriado. A partir dos gráficos das Figuras 5 e 6, verifica-se que a fase A encontra-se frequentemente acima do limite operativo. Nas Figuras 3 e 4 verifica-se o fluxo reverso de potência que ocorre nos finais de semana, quando a geração é maior que a demanda no campus.

Fig 1 - Potência ativa líquida no PAC, dias úteis, junho de 2024
Fig 2 - Potência ativa líquida no PAC, dias úteis, outubro de 2024
Fig 3 - Potência ativa líquida no PAC, fins de semana, junho de 2024
Fig. 4 - Potência ativa líquida no PAC, fins de semana, outubro de 2024

Referências

Como a evolução tecnológica pode extrair o verdadeiro valor do lixo [[1]https://static poder360 com br/2024/12/panorama-dos-residuos-solidos-no-brasil-2024 pdf [2]https://sinir gov br/informacoes/plano-nacional-de-residuos-solidos/

[3] Lixo Urbano: Transformação em Energia Limpa Disponível em: https://www raizen com br/blog/lixo-urbano [4]https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms%2Ffiles%2F54738%2F1716811508PANORAMA DO BIOGS 2023.pdf

[5] Short-term energy storage with “Gravitricity” – iron versus ion | Energy Matters

[6] https://www funverde org br/blog/um-dos-principais-problemas-atuais-destinacao-de-lixo-tera-novas-regras/

[7] Prefeitura de Itajubá: http://177 200 96 134/cidade/localizacao php, acesso em 10/03/2025

Desvendando a capa da edição.

Nesta segunda edição da Revista Digital PesquISEE, o tema central está voltado à pesquisa, educação e sustentabilidade, destacando como o conhecimento científico pode impulsionar transformações sociais e ambientais positivas.

A capa foi cuidadosamente construída com base em elementos que representam os principais motores do desenvolvimento sustentável e da inovação. As engrenagens em destaque fazem alusão direta à UNIFEI

Dentro dessas engrenagens, os ícones ilustram temáticas como energia limpa, reciclagem, preservação ambiental, crescimento sustentável e criatividade – aspectos fundamentais para pensar um futuro mais justo e equilibrado. Cada símbolo remete ao papel transformador da pesquisa científica e da educação consciente

O fundo escuro foi escolhido para dar contraste e evidência aos elementos visuais, criando uma atmosfera moderna, tecnológica e reflexiva. As cores vibrantes e os elementos gráficos reforçam a ideia de movimento e transformação contínua, características essenciais da ciência e do ensino superior de qualidade.

A arte foi inteiramente desenvolvida com técnicas de design gráfico digital, utilizando softwares específicos de criação visual O processo de composição priorizou clareza, impacto visual e coerência temática com o conteúdo desta edição, buscando traduzir graficamente a missão do projeto: integrar pesquisa, educação e compromisso com o futuro.

Pesqu

PESQUISAEEDUCAÇÃO

Realização

Coordenadores responsáveis Revista PesquISEE

Antonio Carlos Zambroni de Souza

Estácio Tavares Wanderley Neto

Jocélio Souza de Sá

A importância da iniciação científica para os estudantes de graduação

Cláudia Eliane da Matta

Gestão de conhecimento e desenvolvimento de equipes técnicas de Planejamento Elétrico e Engenharia de Proteção de SEP.

Rodnei Dias dos Anjos

Como a evolução tecnológica pode extrair o verdadeiro valor do lixo.

Daniel Toloza Ramirez

Daniel Cesar Gomes

Davi Reis Vasconcelos

João Pedro Prado Abitante

A C Zambroni de Souza

Eliane Valença Nascimento De Lorenci

ISEE

InstitutodeSistemasElétricoseEnergia

Diagramação e Design

Davi H. Garcia

Ação de extensão “Educação para Sustentabilidade Energética “

Eliane Valença Nascimento De Lorenci

Eficiente Experimentação

Pedro Paulo Balestrassi

UniversidadeFederaldeItajubá Av BPS,1303-Pinheirinho, Itajubá-MG,37500-903

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